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PRIMEIROS

SOCORROS
PROFª ENFª ELISA S. ETGES
2023
FUNDAMENTOS DO TRAUMA

■ DEFINIÇÕES SEGUNDO O MINISTÉRIO DA SAÚDE:


■ Causas externas: conjunto de agravos à saúde que provocam algum tipo de lesão, seja
física, mental ou psicológica, podendo ou não levar ao óbito.
■ Acidente: evento não intencional e evitável, causador de lesões físicas e emocionais, no
âmbito doméstico ou social como trabalho, escola, esporte e lazer.
■ Violência: uso da força contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha
qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de
desenvolvimento ou privação.
Avaliação da cena do acidente

■ Esse é o primeiro aspecto a ser analisado pela equipe do serviço de saúde de emergência
quando chega ao local do acidente, juntamente com o isolamento da área e solicitação
de recurso adicional.
■ Importante enfatizar que a aparência geral do local do incidente cria uma impressão que
influencia os profissionais em toda sua avaliação no atendimento do traumatizado
multissistêmico, sendo fundamental avaliar a cena adequadamente, coletando
informações, ou simplesmente olhando, ouvindo e catalogando o máximo de dados
possível do ambiente.
■ A cena pode fornecer informações a respeito dos mecanismos do trauma, da situação
pré-incidente e do grau geral de segurança.
Prioridades na cena do acidente

■ Segurança: o primeiro aspecto a ser avaliado em um incidente é a segurança do local do


trauma. O profissional de APH deve certificar-se de que aquele local não oferece
nenhum risco para si e para a equipe. Caso exista, não deve aproximar-se, pois pode
tornar-se mais uma vítima.
■ Cena: depois que o local do trauma estiver seguro e não oferecer mais riscos para a
equipe de APH, o profissional deve identificar o mecanismo do trauma envolvido e
observar todos os detalhes da cinemática para que o diagnóstico das lesões da vítima
possa ser bem feito, assegurando um atendimento de qualidade.
■ Situação: outras informações importantes devem ser coletadas para auxiliar no
diagnóstico das lesões das vítimas.
ATENDIMENTO PRÉ – HOSPITALAR
(APH)
■ Segundo o Ministério da Saúde, o atendimento pré-hospitalar pode ser definido como a
assistência prestada em um primeiro nível de atenção as portadores de quadros agudos,
de natureza clínica traumática ou psiquiátrica, quando ocorrem fora do ambiente
hospitalar, podendo gerar sequelas ou até mesmo a morte.

■ O sistema de APH tem a finalidade de atender vítimas em situação de urgência e


emergência, antes da sua chegada ao hospital.
■ Considera-se como nível pré-hospitalar móvel na área de urgência o atendimento que
procura chegar precocemente à vítima, após ter ocorrido um agravo à sua saúde, que
possa levar ao sofrimento, sequelas ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto,
prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado para um serviço de saúde.
■ A melhor maneira de reduzir taxas de mortalidade ou invalidez é a prevenção. Contudo,
muitas vezes é possível minimizar as consequências de lesões graves, incluindo a
morbidade ou mortalidade, fornecendo um atendimento pré-hospitalar adequado. As
mortes podem ocorrer em:
■ Fase 01: imediatamente após a lesão (segundos e minutos até 01 hora); 50% das mortes
ocorrem no momento do acidente e são causadas por traumas cranioencefálicos
importantes e lesões de tronco cerebral, medula espinhal, secção de grandes vasos,
coração e aorta.
■ Fase 02: algumas horas após o evento; ocorre nos primeiros momentos até 4 horas do
acidente, correspondendo aproximadamente a 30% dos casos. Geralmente são mortes
causadas por problemas ventilatórios, lesões de vísceras com sangramentos maciços,
fraturas de bacia e lesões múltiplas, com sangramentos significativos.
■ Fase 03: em torno de 20%; muitas vezes ocorrem dias após o evento e geralmente estão
relacionadas a quadros infecciosos ou lesões multissistêmicas.
“GOLDEN HOUR” – “Hora de Ouro”

■ Definido como tempo crucial para tratamento definitivo de uma vítima de trauma.
Baseado em diversos estudos, Dr. Adams Cowley, na década de 60, fundamentou e
descreveu a Hora de Ouro como tempo ideal de inicio para o tratamento definitivo de
uma vítima de trauma. Levando em consideração alguns tipos de trauma, essa hora ouro
pode transformar-se em minutos de ouro, como por exemplo, no caso de lesões
cardíacas.
■ Considerando que essa Hora de Ouro não é um tempo de intervalo restrito e que as
lesões são variáveis de paciente para paciente, esse tempo pode ser considerado como
“Período de Ouro”, pois, em alguns casos, pode ser reduzido ou aumentado.
■ Segundo o Colégio Americano de Cirurgiões, o atendimento pré-hospitalar deve ser
baseado nos seguintes princípios:
■ Segurança no local do atendimento para a equipe e paciente;
■ Determinar necessidade de outros recursos no local do atendimento;
■ Relacionar a cinemática do trauma às lesões;
■ Na avaliação primária, identificar lesões que possam levar à morte;
■ Suporte ventilatório e oxigênio de forma a manter a saturação de oxigênio em 95%;
■ Controlar hemorragias externas;
■ Imobilização adequada (colar cervical, maca rígida, imobilização manual da cabeça, entre outros), e controle da
hipotermia;
■ Traumas graves, transporte imediato ao hospital mais adequado, se possível dentro de 10 minutos após a chegada ao
local;
■ Obter histórico do paciente assim que possível: doenças prévias, medicações em uso, última alimentação, alergias;
■ Não causar mais danos ao paciente.
■ Os principais fatores ligados diretamente à taxa de mortalidade são as ações pré-
existentes que caracterizam as condições nas quais se verifica o trauma, o tempo
decorrido entre o trauma e o primeiro atendimento, além da qualidade e preparo da
equipe multiprofissional que prestará os cuidados.
■ A abordagem inicial do traumatizado multissistêmico ocorre por meio de uma rápida
avaliação das potenciais lesões e aplicação de medidas terapêuticas imediatas. Porém, o
sistema de atendimento a urgências e emergências deverá se preocupar com as diversas
fases do atendimento como, por exemplo, a prevenção, APH, atendimento hospitalar e
reabilitação.
■ A Portaria nº2048/GM estabelece os recursos técnicos e financeiros referentes à
instalação e manutenção do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) nos
municípios, destinando uma ambulância de suporte básico para cada 100 a 150 mil
habitantes e outra, de suporte avançado (USA) funcionam como unidade de terapia
intensiva móvel por estarem equipadas com materiais e medicamentos necessários para
intervenções imediatas e restabelecimento das funções orgânicas. As ambulâncias de
suporte básico de vida (USB) são equipadas com materiais básicos para atender vítimas
de menor complexidade, sem risco de morte.
■ O termo traumatizado multissistêmico refere-se a um doente que apresenta diversas
lesões das cavidades do corpo, considerando vítima grave com risco iminente de morte.
Para tanto, o atendimento sistematizado, coordenado e disciplinado de diversas equipes
de trauma é condição essencial para o aumento das taxas de sobrevida nesses pacientes.
Estudos evidenciam que 20% das pessoas que morreram em acidentes de trânsito
apresentavam lesões que poderiam ser revertidas se tratadas adequadamente e em tempo
hábil.
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA

■ Na abordagem inicial a qualquer traumatizado multissistêmico deve-se atentar para o


nível de consciência, observando se a pessoa abre os olhos, se ela está se comunicando
adequadamente e se não apresenta dificuldade para falar, tendo assim uma rápida
avaliação da existência de algum comprometimento respiratório e adequada ventilação.
■ Na cena do evento, alguns sinais podem servir, via de regra como, alterações das vias
respiratórias, por exemplo: agitação, podendo sugerir quadros de hipóxia devido à má
perfusão cerebral, vítimas que apresentam sonolência devido a hipercapnia (aumento
das concentrações de CO2 no organismo), cianose central ou periférica, podendo indicar
hipóxia, além de alguns sons anormais como roncos, gargarejos, os quais podem estar
associados à obstrução da faringe ou disfonia, sugerindo obstrução na laringe.
■ No traumatizado multissistêmico, o tempo é um fator crítico. Os estudos atuais
apresentam controvérsias sobre remover a vítima rapidamente da cena do trauma para o
hospital ou instituir cuidados imediatos na cena do acidente, atrasando a chegada ao
centro de referência em trauma para o tratamento definitivo.
■ Durante a avaliação inicial da vítima, deve-se estar atento ao comprometimento de
trocas gasosas. Nesses casos, é necessário verificar a frequência respiratória da vítima e,
se estiver entre 12 e 20 incursões por minuto, o que é considerado normal, o socorrista
apenas observa possível alteração durante o transporte.
■ Se a frequência respiratória for superior a 20 incursões por minuto (taquipnéia), deve-se
primeiro descartar as emoções envolvidas na cena do trauma e outras etiologias emocionais e
lesões aparentes e/ou dolorosas. Porém, há motivo para suspeita de alterações no padrão
ventilatório quando a vítima apresentar comprometimento hemodinâmico, hemorragias, fraturas
de arcos costais, hemotórax ou pneumotórax.
■ Deve-se observar e mensurar a frequência ventilatória: frequência acima de 30 respirações por
minuto indica necessidade de ventilação assistida; entre 20 a 30 incursões por minuto, é
limítrofe, indicando necessidade de suplementação de oxigênio por máscara de 02.
■ Caso a vítima apresente movimentos respiratórios em frequência inferior a 12 movimentos por
minuto, possivelmente pode haver alguma lesão de origem neurológica.
■ Na fase pré-hospitalar, o atendimento deve priorizar a manutenção de uma via aérea
livre de obstruções, controle de hemorragias externas, início da infusão de soluções
cristaloides para controle do choque, imobilização completa do paciente e iniciar o
processo de transferência para o centro de atendimento médico apropriado mais
próximo da cena do trauma, priorizando um centro de atendimento de trauma
reconhecido.
■ As principais preocupações para avaliação e atendimento do doente traumatizado são:
■ Oxigenação;
■ Vias aéreas;
■ Ventilação;
■ Perfusão;
■ Oferta de glóbulos vermelhos às células do tecido;
■ Controle de hemorragias: - temporário no local do trauma; - permanente na sala de operações;
■ Transporte rápido;
■ Equipe de trauma imediatamente disponível.
■ O atendimento inicial se dá pelo acesso às vias aéreas. No início do atendimento, as
prioridades são de acordo com o mecanismo do trauma e os sinais vitais do paciente. A
reanimação tem o objetivo de manter a perfusão dos órgãos e tecidos. A identificação e
o tratamento de condições que possam levar à morte do paciente devem ser realizados
simultaneamente. Para sistematização no atendimento e garantia de uma assistência
adequada, utiliza-se o método denominado A B D C D E do trauma.
“A – B – C – D – E” DO TRAUMA

■ A: Abordagem das vias aéreas e controle da coluna cervical;


■ B: Respiração (ventilação);
■ C: Circulação e perfusão;
■ D: Avaliação da capacidade neurológica;
■ E: Exposição;
CONTROLE DAS VIAS AÉREAS E
MANUTENÇÃO DA COLUNA
CERVICAL
■ A abertura das vias aéreas pela utilização de manobras simples, devem ser empenhadas
na intenção de ventilar o paciente. As manobras de elevação do mento e da mandíbula
estão indicadas para promover a oxigenação do paciente. Tanto uma como a outra
podem promover um movimento indesejado na coluna cervical, o que será prejudicial
em caso de lesão medular. O cuidado com esses movimentos deve ser tomado com
objetivo de manter a coluna em posição neutra.
■ Sangue, secreções e restos alimentares podem causar obstrução importante de vias
aéreas em pacientes inconscientes. A aspiração da cavidade oral é uma etapa importante
na permeabilidade das vias aéreas. Quando as aspiração não é suficiente para obter uma
via aérea pérvia, a colocação do paciente de lado, mantendo a estabilização da coluna
(movimento em bloco), pode ajudar a limpar a cavidade oral pela saída de sangue e
secreções por gravidade.
■ Todo indivíduo vítima de trauma deve receber uma avaliação sistematizada das vias
aéreas, certificando quanto à sua permeabilidade e possíveis obstruções;
■ O sistema respiratório é composto pelas vias aéreas superiores, vias aéreas inferiores e
os pulmões. Cada parte desempenha um papel importante para garantir as trocas gasosas
– processo por meio do qual o oxigênio entra na corrente sanguínea e o dióxido de
carbono é dela removido.
■ O trauma pode comprometera capacidade do sistema respiratório em fornecer oxigênio
e eliminar dióxido de carbono de sete formas:
■ 1. A hipoventilação pode decorrer da falta de estímulo do centro respiratório, por
alteração neurológica;
■ 2. A hipoventilação pode resultar de obstrução de vias aéreas superiores ou inferiores;
■ 3. A hipoventilação pode ser decorrente de limitação da expansão pulmonar;
■ 4. A hipóxia pode ser decorrente da diminuição da difusão de oxigênio, através da
membrana alvéolo-capilar;
■ 5. A hipóxia pode decorrer da diminuição do fluxo sanguíneo para os alvéolos;
■ 6. A hipóxia pode ser devida à impossibilidade do a chegar aos alvéolos, geralmente por
estarem repletos de líquido ou debris;
■ 7. A hipóxia pode ocorrer, em nível celular, por hipofluxo sanguíneo para os tecidos.
SINAIS E SINTOMAS DA
HIPOXEMIA
■ Respiratórios: taquipnéia, respiração laboriosa (retração intercostal, batimentos de asa
de nariz) e cianose progressiva;
■ Cardiovascular: taquicardia (precoce), bradicardia, hipotensão e parada cardiovascular;
■ Neurológicos: inquietação, confusão mental, prostração, convulsão e coma;
■ Outros, como palidez cutânea.

■ Dividimos em 3 categorias as maneiras de desobstrução das vias aéreas: Mecânicas,


Manuais e Transtraqueais.
TÉCNICAS MANUAIS

■ ELEVAÇÃO DA MANDÍBULA NO TRAUMA


■ Para se desobstruir a via aérea manualmente, utilizamos a técnica de mover a mandíbula
pra frente. Existem duas maneiras de fazer essa movimentação: uma é a tração da
mandíbula e a outra, a elevação de mento.

■ TRAÇÃO DA MANDÍBULA NO TRAUMA


■ Se há suspeita de trauma cervical, a coluna cervical deve ser mantida alinhada, em
posição neutra. Traciona-se a mandíbula para frente, colocando-se os polegares no
zigoma, os indicadores e os dedos médios no ângulo da mandíbula, da cada lado do
roso, empurrando o mesmo ângulo para a frente.
■ ELEVAÇÃO DO MENTO NO TRAUMA
■ Manobra também utilizada em paciente com suspeita de lesão em coluna cervical.
Utilizada para aliviar uma variedade de situações de obstrução anatômica das vias
aéreas em pacientes que estão respirando espontaneamente. A mandíbula é puxada para
frente, segurando-se o queixo e os incisivos inferiores e realizando a propulsão do eixo
mandibular. O socorrista deve tomar o cuidado de proteger os polegares da
contaminação com secreções.
■ Tanto em uma manobra quanto em outra são utilizadas com objetivo de afastar a língua
da faringe posterior.
Manobra de elevação de mento

Manobra de Tração de Mandíbula


TÉCNICAS MECÂNICAS

■ Após a utilização de manobras manuais, equipamentos podem auxiliar a manter a via


aérea desobstruída. Alguns dispositivos simples, porém muito eficazes devem estar a
mão do socorrista no momento da avaliação inicial.

■ CÂNULA OROFARÍNGEA
■ Um dispositivo simples para ser utilizado é a cânula orofaríngea. Existem de vários
tamanhos, desde para crianças até adultos.
■ Em adultos, essa cânula pode ser inserida tanto de forma direta como invertida. O mais
recomendado é inseri-la de forma invertida e, depois, posicioná-la de maneira correta.
■ Em crianças menores de um ano, esse dispositivo deve ser posicionado de forma direta
e, se necessário, auxiliado por uma espátula.

■ O objetivo de sua colocação é que proporcione um afastamento da base da língua da


parte posterior da faringe, além de manter a cavidade oral aberta.
Cânulas Orofaríngeas
■ Frequentemente, a colocação desse dispositivo estimula a orofaringe, ativando o reflexo
de vômito no paciente consciente. Embora a cânula orofaríngea seja bem tolerada em
pacientes inconscientes, seu uso em pacientes conscientes pode causar náuseas, vômitos
e laringoespasmos.
■ Há riscos na utilização desse dispositivo:
■ Uma cânula longa pode pressionar a epligote contra a entrada da laringe, produzindo
obstrução completa das vias aéreas;
■ Quando não posicionada corretamente pode empurrar a língua posteriormente,
agravando a obstrução das vias aéreas;
■ Para prevenir trauma, deve-se ter certeza de que os lábios e a língua não estejam entre
os dentes e a cânula;
■ Deve ser usada apenas em pacientes inconscientes ou semiconscientes sem reflexo de
tosse ou náusea, pois pode estimular o vômito e o laringoespasmo em pacientes
conscientes ou semiconscientes.

■ Como regra, a distância entre fissura labial e o lóbulo da orelha ou o ângulo da


mandíbula fornece uma boa estimativa do tamanho ideal da cânula a ser utilizada.
Medição da Cânula Orofaríngea

Colocação da Cânula
■ CÂNULA NASOFARÍNGEA
■ Outro dispositivo simples, com o mesmo objetivo da cânula orotraqueal, porém com
uma vantagem, pois é melhor tolerada pelos pacientes conscientes e aqueles com
alteração do nível de consciência. Por ser inserida na narina do paciente, é
contraindicada em suspeita de fratura de base de crânio, pois pode ocorrer falso trajeto.
Cânula Nasofaríngea

A cânula nasofaríngea é inserida através


de uma das narinas e ao longo da
curvatura da parede posterior da
nasofaringe e orofaringe.
Particularidades no atendimento à criança
e ao idoso
■ AVALIAÇÃO DAS VIAS AÉREAS E CONTROLE DA COLUNA CERVICAL DA
CRIANÇA:
■ Existem algumas características anatômicas diferentes do adulto. A língua relativamente
grande, a posição anterior das vias aéreas e a flexão passiva da coluna cervical
provocada pela desproporção do crânio e da face, favorecem a obstrução das vias
aéreas.
■ Em lactentes, a colocação de um coxim sob a região das escápulas ajuda para que a
coluna fique em posição neutra. A colocação da cânula orotraqueal deve ser auxiliada
por um abaixador de língua e a cânula com a curvatura voltada para baixo.
■ AVALIAÇÃO DAS VIAS AÉREAS E CONTROLE DA COLUNA CERVICAL NO
IDOSO
■ Durante a avaliação da cavidade oral, há grande probabilidade de se encontrar próteses
dentárias, parciais ou completas. A retirada das próteses durante a avaliação somente
deve ser feita se ela estiver solta, com probabilidade de obstruir a via aérea.
OXIGENAÇÃO E VENTILAÇÃO

■ VENTILAÇÃO

■ É um fenômeno extracorpóreo, correspondente ao ar que entra e sai do pulmão.


Portanto, é o ar que preenche os canais que o levam do exterior até o alvéolo e o fazem
retornar ao exterior, proporcionando condições para, no alvéolo, haver troca de O2 por
CO2. Dessa maneira, o CO2 produzido no organismo é eliminado para esse “ar
corrente” (ventilação), o qual entra até o alvéolo e sai pra o meio ambiente. Ventilação
pulmonar não indica o estado de oxigenação do paciente.
■ OXIGENAÇÃO
■ É o processo fisiológico dividido em 3 fases: respiração externa, transporte sanguíneo
do oxigênio e respiração interna.
■ Respiração externa: transferência das moléculas de oxigênio da atmosfera para o
sangue.
■ Transporte sanguíneo do oxigênio é o resultado da transferência do oxigênio do ar para
as hemácias durante a ventilação e do transporte das hemácias para os tecidos pelo
sistema vascular.
■ Respiração interna: movimento ou difusão do oxigênio entre as hemácias e os tecidos.
■ A oxigenação adequada depende da respiração externa, do transporte sanguíneo do
oxigênio e da respiração interna.
■ De acordo com a situação em que o paciente se encontra, o socorrista decidirá qual o
melhor método e dispositivo a serem utilizados.

■ OXIMETRIA DE PULSO
■ Dispositivo utilizado para avaliação da qualidade da oxigenação do paciente. Tem sido
considerado o “quarto sinal vital” no atendimento à emergência. A utilização correta
permite ao socorrista detectar precocemente problemas pulmonares e/ou
cardiovasculares.
■ Oxímetros de pulso fornecem medidas pontuais da saturação da oxihemoglobina arterial
(saO2) e da frequência cardíaca. A sa02 normal está entre 93% e 95%. Quando a saO2
inferior a 90%, na maioria das vezes há um comprometimento da oxigenação tecidual.
■ O tempo de avaliação das vias aéreas e ventilação não deve ultrapassar 10 a 15
segundos. O paciente que consegue falar com facilidade demonstra que a via aérea está
desobstruída, porém não demonstra que sua ventilação esteja adequada, normal ou
ideal. Todos os pacientes devem receber um suplemento de oxigênio por uma máscara
com reservatório em alta concentração. Na presença de apnéia, a utilização de um
dispositivo bolsa-válvula-máscara para efetuar as ventilações deve ser instituída até
haver possibilidade de obtenção de uma via aérea definitiva e segura.
Dispositivos para ventilação

■ BOLSA – VÁLVULA – MÁSCARA


■ O dispositivo bolsa-válvula-máscara é composto por um compartimento autoinflável e
um dispositivo de fluxo unidirecional; pode ser usado associado a dispositivos artificiais
de suporte da via aérea tanto básicos quanto avançados.
■ A maioria destes equipamentos tem um volume de 1600ml e proporciona uma
concentração de oxigênio em torno de 90-100%.
■ ASPIRAÇÃO
■ Uma maneira de eliminar vômitos, restos alimentares e sangue das vias aéreas é através
da aspiração.
■ A complicação mais importante que pode ocorrer neste procedimento é a aspiração
prolongada sem oxigenação, o que pode acarretar hipoxemia. Além disso, a aspiração
prolongada pode acarretar arritmias provocadas pela hipóxia arterial ou estimulação
vagal secundária à irritação traqueal, o que pode levar o paciente a ter bradicardia e
hipotensão.
■ RESIRAÇÃO E SUPORTE DE OXIGÊNIO
■ Ventilação é definida por movimento respiratório, respiração e o processo fisiológico de trocas
gasosas. Inadequadas ventilações podem provocar disfunção respiratória. Todo paciente
politraumatizado deve receber suporte de oxigênio.
■ Divisão da FR:
■ Frequência <12 rpm, muito baixa;
■ Frequência 12 a 20 rpm, normal para um doente adulto;
■ Frequência 20 a 30, intermediária – rápida;
■ Frequência >30 rpm, anormalmente rápida, podendo indicar hipóxia, acidose ou hipoperfusão
(ou todas as 3).
HEMODINÂMICA

■ SINAIS DE DETERIORIZAÇÃO E INSTABILIDADE HEMODINÂMICA


■ Pressão Arterial: traumatizados que apresentam hipotensão severa na cena do acidente,
geralmente necessitam de intervenções rápidas para correção da instabilidade
hemodinâmica.
■ É importante que o profissional saiba que existem 2 componentes que podem alterar a
pressão arterial: a pressão sistólica, a qual depende do débito cardíaco (DC) e a
diastólica, que depende da resistência periférica total (RPT), podendo ocorrer elevação
de ambas no choque compensado em razão da liberação inicial das cetocolaminas que
leva a uma grande vasoconstrição, e consequentemente, ao aumento do DC. Outra
situação é a queda súbita de ambas, nas grandes hemorragias e traumatismos, quando os
fatores de compensação já não são mais eficazes.
■ Os profissionais do APH devem estar atentos ao perceberem um paciente com
hipotensão severa, o qual, provavelmente, já perdeu uma quantidade significativa de
sangue até que prove o contrário.

■ REGULARIDADE DO PULSO
■ A presença de pulso periférico mostrará se o doente apresenta taquicardia, bradicardia
ou ritmo irregular. No exame primário, não é necessária a determinação exata da
frequência de pulso. Uma estimativa aproximada é rapidamente obtida e o exame
prossegue com outras avaliações preliminares.
■ PERFUSÃO PERIFÉRICA
■ A pele torna-se pálida quando o sangue é desviado de alguma área. Coloração azulada
indica oxigenação incompleta, decorrente da falta de sangue ou de oxigênio naquela
região do corpo.

■ TEMPERATURA
■ É influenciada pelas condições ambientais. Porém, pele fria indica perfusão diminuída,
independentemente de sua causa. O socorrista deve avaliar a temperatura da pele
tocando com o dorso da mão.
■ ENCHIMENTO CAPILAR
■ Uma rápida verificação do tempo do enchimento capilar é realizado pressionando-se o
leito ungueal. A taxa de retorno do sangue aos leitos capilares é uma ferramenta útil para
estimar o fluxo sanguíneo através dessa parte mais distal da circulação.

■ UMIDADE
■ Pacientes com a pele seca indicam boa perfusão. Quando apresentam a pele úmida, isso
pode estar associado a choque e perfusão diminuída.
HEMORRAGIAS

■ HEMORRAGIA CLASSE I:
■ É geralmente de forma leve, apresenta poucas manifestações, como pequena alteração da
frequência cardíaca, leves alterações da frequência respiratória e pulso, sendo que grande partes
dos traumatizados, quando cessada a perda sanguínea, não necessariamente merecem reposição
volêmica.

■ HEMORRAGIA CLASSE II:


■ O indivíduo apresenta perda de sangue em torno de 15% a 30% do volume sanguíneo circulante,
em média 750 a 1500ml, sendo que esses indivíduos iniciam quadros e manifestações como
aumento da frequência ventilatória, diminuição da pressão arterial, ansiedade e débito urinário
muito baixo. Alguns necessitam de reposição sanguínea ou cristaloides apenas).
■ HEMORRAGIA CLASSE III:
■ Ocorre uma perda sanguínea importante, com cerca de 30 a 40% do volume sanguíneo.
Estes pacientes não conseguem recompensar essa perda, o que reflete em hipotensão
severa. Apresentam sinais clássicos de choque. ( reposição sanguínea + intervenção
cirúrgica).

■ HEMORRAGIA CLASSE IV:


■ O indivíduo tem uma perda sanguínea de mais de 40% do seu volume sanguíneo,
considerando mais de 2000ml. A sobrevida desse paciente depende da rápida
abordagem, intervenções cirúrgicas, controle das hemorragias e transfusões de sangue.
■ SANGRAMENTO
■ Para estancamento de hemorragias externas, a aplicação de pressão direta é a primeira
indicação, conseguindo controlar a maioria ou mesmo todas as grandes hemorragias até
o que o paciente seja removido para tratamento definitivo. O controle rápido da perda
de sangue é um dos objetivos mais importantes no tratamento do paciente traumatizado.
■ Há 3 tipos de sangramentos: os provenientes de vasos capilares, de vasos venosos e os
arteriais.
■ SANGRAMENTOS CAPILARES:
■ São mais simples e menos graves, pois atingem vasos menores, localizados entre artérias e
veias.
■ SANGRAMENTOS VENOSOS:
■ São provenientes de veias, têm coloração vermelha escura, pois o sangue é pobre em
oxigênio e geralmente não tem jatos de sangramento.
■ SANGRAMENTO ARTERIAL:
■ São provenientes da rede arterial, e por estarem sob pressão, são mais difíceis de serem
tratados. Dependendo do ferimento, pode conduzir o paciente ao choque hemorrágico e a
PCR, se não tratado imediatamente.
Fontes de sangramento e
suas características.
Tipos de sangramentos
■ OBJETIVOS NO ATENDIMENTO INICIAL
■ Mesmo apresentando um grande sangramento, esse somente deverá ser abordado após
se assegurar que o paciente esteja com as vias aéreas livres e com boa ventilação.
Quando há mais de um socorrista disponível, enquanto o primeiro aborda o paciente
realizando a avaliação A,B,C,D, o segundo pode iniciar procedimentos para estancar os
sangramentos externos.
■ CUIDADOS COM O FERIMENTO
■ O objetivo no cuidado com ferimentos, é, primeiramente, o controle da hemorragia por
meio do curativo compressivo, e, posteriormente, a proteção da lesão contra risco de
infecção.
■ COMPRESSÃO DIRETA
■ O controle da hemorragia deve ocorrer como prioridade à compressão direta sobre o
local de sangramento, porém, a capacidade de controlar o sangramento vai depender do
tipo de laceração do vaso. Quando se faz uma pressão direta sobre o vaso lesionado,
automaticamente se reduz o tamanho da abertura, reduzindo ainda mais o fluxo
sanguíneo.

■ Indicada a utilização de material estéril para conter as hemorragias. Gazes ou


compressas estéreis são utilizadas juntamente com bandagens nos curativos de lesões
com sangramento.
■ PRINCÍPIOS DO CURATIVO
■ Expor a ferida;
■ Cobrir a ferida com gaze ou compressa estéril;
■ Fazer uma compressão local para controlar o sangramento;
■ Utilizar as bandagens para fixar o curativo;
■ Avaliar a perfusão da extremidade lesionada após a fixação do curativo; caso a perfusão
esteja diminuída, considere afrouxar o curativo;
■ Caso o curativo fique encharcado com sangue, coloque outros por cima; não remover o
debaixo, pois pode aumentar o sangramento.
■ TORNIQUETE
■ Descrito como uma técnica de último recurso na intenção de estancar uma grande
hemorragia. Somente deve ser utilizado caso a pressão direta ou curativo de pressão não
consigam controlar a hemorragia de uma extremidade.
■ Uma vez aplicado o torniquete, não deve ser coberto para que possa ser monitorado
continuamente. Quando há novas recorrências de hemorragias, deve-se apertá-lo
suficientemente para bloquear o fluxo sanguíneo arterial, sendo que pode ser usado por
até minutos na sala de cirurgia sem lesões de vasos ou músculos.
Aplicação de torniquete
■ CIRCULAÇÃO COM CONTROLE DE HEMORRAGIA NA CRIANÇA
■ Inicialmente, os sinais de instabilidade hemodinâmica são sutis. A monitoração da
frequência cardíaca, da pressão arterial sistólica e do nível de consciência, poderão
melhor definir o tratamento. Considerar que, em bebês, a verificação de pulso central é
realizada em pulso braquial.
■ CIRCULAÇÃO E CONTROLE DE HEMORRAGIA EM IDOSO
■ No idoso, ocorrem diminuição do volume sanguíneo, estenose das artérias coronárias e
diminuição da resposta taquicárdica devido ao envelhecimento do sistema
cardiocirculatório. Essas alterações, predispõem ao aumento da pressão arterial. As
fraturas de ossos longos e da bacia são comuns.
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE
NEUROLÓGICA
■ O nível de consciência de um paciente pode ser avaliado com exatidão, aplicando-se um
estímulo ao doente. Esses estímulo pode ser doloroso ou emitido apenas por som,
chamando-o. Podemos utilizar o acrônimo AVDN para essa avaliação rápida: A= Alerta;
V= Responde ao estímulo verbal; D= responde ao estímulo de dor; N= não responde.
■ Pacientes com diminuição do nível de consciência podem estar com:
■ Oxigenação cerebral diminuída (devido a hipóxia e/ou hipoperfusão);
■ Lesão do Sistema Nervoso Central (SNC);
■ Intoxicação por drogas ou álcool;
■ Distúrbio metabólico (diabetes, convulsão, parada cardíaca).
Escala de coma Glasgow
■ AVALIAÇÃO DE PUPILA E REFLEXO TRONCO-CEREBRAL
■ A avaliação das pupilas é parte do exame físico que determina alterações no Sistema
Nervoso Central a partir do seu tamanho e formato, mediante estímulo de luz, podendo
revelar importantes alterações. A pupila assimétrica está associada à lesão expansiva,
necessitando de descompressão cirúrgica em mais de 30% dos casos.
■ São consideradas normais pupilas com diâmetro de 3 a 7mm; assim em toda vítima que
apresentar pupilas maiores de 7mm, denominamos pupilas midriáticas, podendo ocorrer
por diversas causas, entre a mais comum TCE. Já tamanho inferiores a 3mm
consideramos pupilas mióticas, podendo ocorrer por lesão de ponte, uso de sedativos
para procedimentos como via aérea definitiva.
Alterações pupilares por TCE
■ AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA NA CRIANÇA
■ A avaliação neurológica na criança segue as mesmas observações do paciente adulto, com
exceção da resposta verbal, a qual é modificada para crianças abaixo de 4 anos de idade.
■ ESTADO NEUROLÓGICO DO IDOSO
■ Decorrente do envelhecimento, o cérebro atrofia, aumentando o espaço entre ele e os
ossos do crânio. Nos mecanismos do trauma envolvendo aceleração/desaceleração, o
cérebro se desloca com maior facilidade dentro desse compartimento, provocando o
rompimento de vasos e posterior sangramento.
■ O idoso permanecerá assintomático por dias e/ou semanas, até que o acúmulo de sangue
seja suficiente para provocar sinais de compressão.
EXPOSIÇÃO

■ A retirada de roupas, expondo o paciente, é passo fundamental para uma avaliação mais
detalhada de forma a possibilitar a busca por lesões que possam estar ocultas. Uma
estimativa da quantidade de sangue concentrada pode auxiliar no diagnóstico do
paciente. Perfurações na roupa, provocadas por projéteis de arma de fogo ou arma
branca, auxiliam na detecção de ferimentos no paciente. Nesse momento de exposição e
inspeção podemos encontrar os ferimentos e fraturas. Logo que a avaliação terminar, o
paciente deve ser coberto e protegido contra hipotermia, assim com sua privacidade
preservada.
■ EXPOSIÇÃO E PREVENÇÃO DE HIPOTERMIA EM CRIANÇAS
■ Presença de equimoses demonstra a quantidade de energia dissipada, aumentando o
interesse pela investigação de lesões graves. Na prevenção da hipotermia na criança,
utilizar estratégias que contemplem o aquecimento do corpo e da cabeça.
■ EXPOSIÇÃO E PROTEÇÃO DA HIPOTERMIA NO IDOSO
■ O envelhecimento promove alterações significativas nos mecanismos fisiológicos de
controle e regulação da temperatura, predispondo o idoso à hipotermia, a qual pode
piorar quando associada a perdas volêmicas expressivas ou ainda lesões cerebrais que
comprometam o funcionamento do hipotálamo.
TRAUMA RAQUIMEDULAR

■ O trauma raquimedular pode ocorrer em qualquer idade, porém é mais frequente em


indivíduos entre16 e 35 anos, uma vez que esse grupo etário se envolve em atividades
mais violentas e de alto risco.
■ As causas mais comuns de TRM são acidentes automobilísticos, quedas, ferimentos
penetrantes, lesões por esportes, entre outras.
■ O atendimento inicial, sem um correto conhecimento da gravidade do trauma e a
mobilização da vítima, pode resultar em lesão irreparável como paraplegias e
tetraplegias, uma vez que alguns pacientes podem apresentar lesão de coluna na cena do
acidente e outros, após uma leve movimentação da coluna.
Técnicas de imobilização

■ Há grande quantidade de dispositivos para realizar imobilização de pacientes vítimas de


trauma. O principio da imobilização segue uma padronização, independentemente do
material utilizado:
■ IMOBILIZAÇÃO DA COLUNA
■ Manter alinhada, em posição neutra;
■ IMOBILIZAÇÃO DE EXTREMIDADES
■ Manter imobilizadas de maneira que foram encontradas, sem alinhar as fraturas,
deixando que isso seja realizado por um profissional capacitado.
■ A imobilização da coluna cervical é realizada manualmente, ao mesmo tempo em que
avalia a permeabilidade da via aérea.
■ A colocação do colar cervical é realizada sempre por dois socorristas; um estabiliza e
mantém o pescoço manualmente em posição neutra, sem qualquer tração, enquanto o
outro seleciona o colar cervical adequado ao tamanho da vítima e posiciona
corretamente.
■ O colar cervical não imobiliza a coluna se utilizado isoladamente. Para se obter uma
imobilização total do pescoço, esse dispositivo deve ser acompanhado de outros
métodos e equipamentos.
■ UTILIZAÇÃO DO COLAR CERVICAL
■ Não deve impedir abertura da boca do doente, nem atrapalhar o socorrista para abri-la
se ocorrer vômito;
■ Não deve, de forma alguma, obstruir ou impedir a ventilação;
■ Não imobilizam por si só;
■ Devem ser do tamanho apropriado para cada pessoa.
NUNCA FAÇAM ISSO!!!!!!
■ MACA RÍGIDA TIPO PRANCHA LONGA
■ Dispositivo rígido utilizado para imobilização e transporte dos pacientes vítimas de
trauma. É confeccionado geralmente me madeira, mas existem outros matérias que
podem substituir.
■ O método de colocação do paciente em prancha longa, segue o princípio de sempre
manter a coluna alinhada em posição anatômica e neutra.
■ Os três erros de imobilização mais frequentemente observados são os seguintes:
■ Imobilização inadequada: o dispositivo pode mover-se muito para cima ou para baixo
no tronco ou na cabeça ainda se move excessivamente.
■ Imobilização com cabeça hiperextendida: a causa mais comum é a falta de
acolchoamento apropriado atrás da cabeça;
■ Reajuste dos tirantes do tronco após fixar a cabeça, causando movimento do dispositivo
no tronco, o que resulta em movimento da cabeça e da coluna cervical.
Colocação do colar cervical

■ Uma vez abordado o paciente vítima de trauma, o socorrista deve:


■ 1. mover a cabeça para uma posição alinhada. Manter a sustentação manual e a
imobilização alinhada;
■ 2. examinar o pescoço, medir e colocar o colar cervical corretamente ajustado. Dois
socorristas devem participar. Enquanto um mantém a estabilização da coluna, o outro
posiciona o colar.
Retirada de capacete

■ A técnica exige dois socorristas:


■ A primeira atitude do socorrista após colocar o paciente em decúbito dorsal é abrir a
viseira do capacete e soltar o cinto que prende no pescoço.
■ Um socorrista segura o capacete em suas laterais, fazendo força para abri-lo enquanto o
segundo socorrista segura o pescoço com uma mão em região posterior e outra mão em
região anterior, tomando-se cuidado para não obstruir as vias aéreas nem apertar demais
o pescoço.
■ O socorrista que está segurando no capacete realiza movimentos de “vai e vem”,
literalmente arrastando o capacete no chão e retirando. Não retire de uma só vez. Com
este procedimento no capacete, o pescoço sofre pouca movimentação.
■ Após a retirada total do capacete, o segundo socorrista deve tomar muito cuidado pois o
peso da cabeça estará em suas mãos e ele não deve deixar que ela bata no chão. Haverá
um espaço entre a cabeça e o chão.
■ O socorrista que estava retirando o capacete assumirá a estabilização do pescoço e o
segundo socorrista colocará o colar cervical, assim desta maneira em movimento sutil
pode-se repousar a cabeça no chão, sem nunca deixar de se manter a estabilização do
pescoço manualmente até sua fixação em maca rígida.
Retirada rápida com imobilização manual
da coluna
■ Os imobilizadores de coluna, para serem aplicados corretamente, necessitam de
treinamento e tempo destinado ao seu posicionamento no paciente. Em algumas situações,
o socorrista não tem esse tempo disponível, pois o paciente pode estar em risco iminente.
■ Existem 3 situações que o paciente deve ser retirado, sem utilização de imobilizados de
coluna:
■ 1. Há risco iminente do paciente e dos procedimentos não poderem ser realizados no local
onde se encontram;
■ 2. A cena não é segura para o socorrista ou para o paciente;
■ 3. O paciente deve ser removido rapidamente, pois está bloqueando o acesso a outro que
está em situação mais grave para definir ser quadro clínico.
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA – exame
físico detalhado
■ O exame físico detalhado, incluindo uma avaliação da cabeça aos pés, tem por objetivo
identificar lesões e problemas não encontrados na avaliação primária. A avaliação
primária tem por objetivo encontrar e tratar os problemas que causam risco de morte
iminente (vias aéreas por exemplo). Na avaliação secundária, são tratados os problemas
considerados menos graves. São lesões que podem levar à morte, porém aquelas
localizadas em vias aéreas são as que ocasionam mais danos ao paciente.
■ Completam o exame secundário os históricos do paciente e do ocorrido. O exame
secundário deve ser iniciado assim que as vestes tiverem sido removidas, não podendo se
perder muito tempo, de forma a preservar a privacidade do paciente e protegê-lo contra
hipotermia.

■ VER
■ Olhar toda a pele do paciente, região por região, atentando para:
■ Deformidades;
■ Equimoses;
■ Sangramentos;
■ Edema;
■ Ferimentos. (sempre comparar extremidades)
■ OUVIR
■ O paciente emite sons comuns, rouquidão para falar? Utilizar um estetoscópio para
fazer ausculta pulmonar. Em ambiente pré-hospitalar, essa fase do atendimento requer
muito treinamento, pois ruídos externos podem confundir o socorrista durante a
ausculta.

■ SENTIR
■ Palpação de cada osso e parte do corpo. Na palpação dos ossos, procurar por crepitação,
deformidades e dor. Ao palpar o abdome, pesquisar por dores, rigidez ou flacidez.
Histórico A M P L A

■ O histórico AMPLA constitui um método de perguntas e levantamentos, cujo objetivo


principal é documentar informações sobre o doente traumatizado para serem repassadas à
equipe médica e de enfermagem do intra-hospitalar. Devem ser realizados os seguintes
questionamentos:
■ Alergias, principalmente a medicamentos;
■ Medicações. Drogas prescritas ou não, utilizadas regularmente pelo paciente;
■ Histórico médico e antecedente cirúrgico. Problemas médicos importantes para os quais o
paciente recebe tratamento. Inclui cirurgias prévias.
■ Líquidos e alimentos necessários ingeridos.
■ Ambiente e eventos que levam ao trauma.
■ CABEÇA
■ O exame visual da cabeça e face revelará contusões, abrasões, lacerações. Pesquisar a
acuidade visual, o tamanho e a reação das pupilas, alterações funcionais do globo
ocular, hemorragia conjuntival, lesões oculares e palpebrais e lesões de pavilhão
auricular.
■ O socorrista deve palpar todo couro cabeludo na busca por qualquer lesão de partes
moles;
■ Checar pupilas para reatividade a luz, tamanho, igualdade ou formato irregular;
■ Palpar cuidadosamente os ossos da face e crânio para identificar crepitação, desvios,
depressão ou mobilidade anormal.
■ AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA
■ Deve ser feita de maneira mais aprofundada que no exame primário, incluindo o cálculo
do escore da escala de coma de Glasgow, a avaliação da função motora e sensitiva e a
observação da resposta pupilar.
■ O exame preliminar da capacidade e resposta sensitiva determina a presença ou
ausência da fraqueza ou perda da sensação nas extremidades e identifica áreas que
necessitam de exame mais detalhado.
■ PESCOÇO
■ O exame visual do pescoço para identificar contusões, abrasões, lacerações e
deformidades alertará o socorrista para a possibilidade de lesões subjacentes.

■ TÓRAX
■ Avaliar a expansibilidade, além de palpar cuidadosamente todos os arcos costais, a
clavícula e o esterno. Realizar ausculta cardíaca e torácica atenciosa, comparando com o
lado contralateral.
■ Outros sinais que os socorristas devem ficar especialmente atentos são posições de
defesa contra dor, excursão torácica bilateral desigual e saliência ou retração intercostal,
supraesternal ou supraclavicular.

■ A contusão sobre o esterno, por exemplo, pode ser o único indicativo de uma contusão
miocárdica. Um ferimento perfurante próximo ao esterno pode ser o sinal inicial de
tamponamento cardíaco.
■ ABDÔME
■ O exame abdominal inicialmente normal não exclui a presença de lesão. Além disso, a
lesão de órgãos retroperineais, particularmente o pâncreas, pode demorar algumas horas
para causar sintomatologia dolorosa.

■ O abdome possui 3 compartimentos anatômicos distintos, entre eles estão:


■ Cavidade peritoneal – que consiste no (1) abdome superior através da cavidade
recoberta pelo gradeado costal, contendo o diafragma, o fígado, o baço, o estômago e o
colo transverso. E o (2) abdome inferior que contém o intestino delgado e a porção
restante do colo intra-abdominal.
■ Retroperitôneo – contém a artéria aorta, veia cava, pâncreas, rins, ureteres e parte do
colo e duodeno. Há dificuldades para o reconhecimento de lesões em órgãos dessa
cavidade por serem pouco acessíveis ao exame físico.

■ O exame do abdome também inclui palpação de cada quadrante para verificar se há dor,
posição de defesa do músculo abdominal ou massas.
■ PELVE
■ A pelve é avaliada pela observação e palpação. O socorrista deve procurar abrasões,
contusões, lacerações, fraturas expostas e sinais de distensão. Fraturas pélvicas podem
provocar hemorragia interna maciça, resultando em deterioração rápida da condição do
doente.
■ A pelve deve ser avaliada uma vez só, fazendo-se pressão suave medial e lateralmente
nas cristas ilíacas, à procura de instabilidade, durante o exame secundário.
■ EXTREMIDADES
■ Durante a avaliação das extremidades, procuramos por:
■ Abrasões, contusões e lacerações;
■ Fraturas fechadas e abertas;
■ Pulsos periféricos e perfusão.

■ Qualquer suspeita de fratura, deve-se fazer imobilização até que seja possível a
confirmação radiográfica de sua presença ou ausência.
■ EXAME NEUROLÓGICO
■ Essa avaliação é mais detalhada e podemos utilizar a Escala de Coma de Glasgow, a
qual pode auxiliar na avaliação da condição neurológica, sensitiva e motora do paciente.

■ Resposta pupilar
■ Verifica-se a igualdade da resposta e o tamanho das pupilas. Em condições iguais as
pupilas devem reagir à luz da mesma forma.
■ Avaliação da dor
■ Um grande desafio na avaliação do paciente em situações de emergência é a
mensuração da dor. Sendo subjetiva, varia de indivíduo para indivíduo. O termo
ILIADI auxilia no processo de avaliação da dor do paciente:
■ I. início, quando iniciou, se foi repentina, se já sentiu antes;
■ L. Localização, local exato;
■ I. Irradiação, avaliar irradiação para outros locais;
■ A. aspecto, avaliar o tipo de dor (pressão, pontada, latejante..)
■ D. Duração, avaliar se a dor é contínua ou intermitente;
■ I. Intensidade, a avaliação da intensidade é mais difícil, pois depende de cada paciente.
Lesões no Sistema Musculoesquelético

■ Tipos de lesão:
■ Fraturas: quando há perda da continuidade óssea. O mecanismo do trauma foi suficiente
para provocar uma quebra do osso, total ou parcial. Caracterizada por dor no local,
deformidade, edema, mobilidade e força prejudicada na extremidade afetada.
■ Fechadas – quando não há contado das partes ósseas e musculares com o meio externo.
A pele encontra-se íntegra.
■ Abertas – quando há contato das partes ósseas e/ou musculares com o meio externo. A
pele encontra-se lesionada.
Fratura fechada.

Fratura aberta (exposta).


■ Entorse:
■ Lesão na qual estão envolvidos os ligamentos tendíneos ou musculares que sofreram
distensão ou ruptura. Há dor, edema, deformidade, mobilidade e força prejudicada na
extremidade afetada.

■ Distensão:
■ Lesão causada pelo estiramento muscular ao redor de uma articulação. Não é
relacionada com ligamento; pode ou não haver edema.
■ Luxação:
■ Lesão causada pelo deslocamento ósseo de sua posição normal na articulação. É a perda
da continuidade articular. Pode ou não estar associada a fratura. A luxação pode lesionar
vasos sanguíneos, nervos, músculos e ligamentos tendíneos.
■ No ambiente pré-hospitalar não é importante diferenciar o tipo exato de lesão do paciente.
Durante a avaliação, o objetivo é detectar o problema e imobilizar, da maneira correta, a
extremidade afetada, diminuindo a dor do paciente e evitando lesões posteriores, assim
como sequelas.

■ Sinais e sintomas de lesão musculoesquelética:


■ Edema; deformidade do membro lesionado; encurtamento do membro; o paciente segura a
extremidade; alteração na cor da pele no local da lesão; presença de ferida aberta; exposição
óssea; crepitação presente no osso percebida pela palpação; dor à movimentação; perda da
sensibilidade ou alteração da perfusão na região distal ao local lesionado.
Lesões que podem levar ao risco de
morte
■ Fraturas de fêmur:
■ O fêmur é um grande osso, circundado por grandes grupos musculares, com
vascularização extensa. Uma fratura de fêmur, mesmo que fechada, pode implicar em
uma perda significativa de sangue.

■ Embolia pulmonar:
■ A embolia pulmonar é causada por deslocamento de coágulo de sangue formado na rede
vascular venosa profunda. A embolia pulmonar pode ocorrer em pacientes com fraturas
musculoesqueléticas devido à própria lesão e a falta de mobilidade. Não ocorre na
situação emergencial.
■ Embolia gordurosa:
■ São êmbolos de gordura decorrentes de fraturas de ossos longos, os quais podem
deslocar-se na corrente sanguínea, alojando-se nos pulmões, cérebro, olhos. Embora
ocorram tardiamente (72 horas), o tratamento inicial em ambiente pré-hospitalar, com a
imobilização adequada, tem por finalidade diminuir o risco dessa complicação.
Imobilização

■ Com o objetivo de diminuir a dor do paciente, protegendo contra lesões secundárias e


sequelas, iniciamos a imobilização com a estabilização manual, uma articulação acima e
outra abaixo da lesão, de forma manual e cuidadosa.
■ Tala rígida: feita de material firme, não deformável. Pode ser de madeira, plástico ou
qualquer outro material que não deforme;
■ Tala flexível: feita de material que pode deformar-se e se moldar a lesão. É flexível,
podendo imobilizar fraturas desalinhadas e anguladas, sem correr o risco de movimentar
a fratura.
Tipos de lesões

■ Abrasão: geralmente lesão superficial. A pele é lesada por atrito contra uma superfície.
■ Laceração: geralmente ocasionada por impacto de um objeto pontiagudo e ou cortante
contra a pele. Sua gravidade depende da extensão, profundidade e local da lesão.
■ Perfuração: geralmente causada por objetos pontudos. O sangramento depende da força,
profundidade, extensão e local da lesão.
■ Avulsão: ocorre quando um pedaço da pele ou tecido de partes moles sofre
esgarçamento parcial ou é completamente arrancado.
■ Amputação: separação total de uma parte do corpo. As mais comuns são as amputações
dos membros.
■ Contusão: a pele permanece intacta, porém há lesões de vasos sanguíneos, o que ocasiona dor,
edema e alteração da coloração da epiderme. Há extravasamento sanguíneo internamente.
■ Hematoma: são provocados por grandes lesões em vasos sanguíneos, abaixo da pele.
■ Lesões de tórax: precisa de atenção especial, pois além dos ferimentos em pele e tecidos, pode
haver o comprometimento da função respiratória do paciente. (pneumotórax / hemotórax)
■ Eviscerações: ocorre quando o ferimento é profundo e há exposição de órgãos internos. Pode
haver ou não grande perda sanguínea.
■ Objetos encravados: somente é retirado por profissional capacitado e habilitado e em
ambiente hospitalar.

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