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SOCORROS
PROFª ENFª ELISA S. ETGES
2023
FUNDAMENTOS DO TRAUMA
■ Esse é o primeiro aspecto a ser analisado pela equipe do serviço de saúde de emergência
quando chega ao local do acidente, juntamente com o isolamento da área e solicitação
de recurso adicional.
■ Importante enfatizar que a aparência geral do local do incidente cria uma impressão que
influencia os profissionais em toda sua avaliação no atendimento do traumatizado
multissistêmico, sendo fundamental avaliar a cena adequadamente, coletando
informações, ou simplesmente olhando, ouvindo e catalogando o máximo de dados
possível do ambiente.
■ A cena pode fornecer informações a respeito dos mecanismos do trauma, da situação
pré-incidente e do grau geral de segurança.
Prioridades na cena do acidente
■ Definido como tempo crucial para tratamento definitivo de uma vítima de trauma.
Baseado em diversos estudos, Dr. Adams Cowley, na década de 60, fundamentou e
descreveu a Hora de Ouro como tempo ideal de inicio para o tratamento definitivo de
uma vítima de trauma. Levando em consideração alguns tipos de trauma, essa hora ouro
pode transformar-se em minutos de ouro, como por exemplo, no caso de lesões
cardíacas.
■ Considerando que essa Hora de Ouro não é um tempo de intervalo restrito e que as
lesões são variáveis de paciente para paciente, esse tempo pode ser considerado como
“Período de Ouro”, pois, em alguns casos, pode ser reduzido ou aumentado.
■ Segundo o Colégio Americano de Cirurgiões, o atendimento pré-hospitalar deve ser
baseado nos seguintes princípios:
■ Segurança no local do atendimento para a equipe e paciente;
■ Determinar necessidade de outros recursos no local do atendimento;
■ Relacionar a cinemática do trauma às lesões;
■ Na avaliação primária, identificar lesões que possam levar à morte;
■ Suporte ventilatório e oxigênio de forma a manter a saturação de oxigênio em 95%;
■ Controlar hemorragias externas;
■ Imobilização adequada (colar cervical, maca rígida, imobilização manual da cabeça, entre outros), e controle da
hipotermia;
■ Traumas graves, transporte imediato ao hospital mais adequado, se possível dentro de 10 minutos após a chegada ao
local;
■ Obter histórico do paciente assim que possível: doenças prévias, medicações em uso, última alimentação, alergias;
■ Não causar mais danos ao paciente.
■ Os principais fatores ligados diretamente à taxa de mortalidade são as ações pré-
existentes que caracterizam as condições nas quais se verifica o trauma, o tempo
decorrido entre o trauma e o primeiro atendimento, além da qualidade e preparo da
equipe multiprofissional que prestará os cuidados.
■ A abordagem inicial do traumatizado multissistêmico ocorre por meio de uma rápida
avaliação das potenciais lesões e aplicação de medidas terapêuticas imediatas. Porém, o
sistema de atendimento a urgências e emergências deverá se preocupar com as diversas
fases do atendimento como, por exemplo, a prevenção, APH, atendimento hospitalar e
reabilitação.
■ A Portaria nº2048/GM estabelece os recursos técnicos e financeiros referentes à
instalação e manutenção do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) nos
municípios, destinando uma ambulância de suporte básico para cada 100 a 150 mil
habitantes e outra, de suporte avançado (USA) funcionam como unidade de terapia
intensiva móvel por estarem equipadas com materiais e medicamentos necessários para
intervenções imediatas e restabelecimento das funções orgânicas. As ambulâncias de
suporte básico de vida (USB) são equipadas com materiais básicos para atender vítimas
de menor complexidade, sem risco de morte.
■ O termo traumatizado multissistêmico refere-se a um doente que apresenta diversas
lesões das cavidades do corpo, considerando vítima grave com risco iminente de morte.
Para tanto, o atendimento sistematizado, coordenado e disciplinado de diversas equipes
de trauma é condição essencial para o aumento das taxas de sobrevida nesses pacientes.
Estudos evidenciam que 20% das pessoas que morreram em acidentes de trânsito
apresentavam lesões que poderiam ser revertidas se tratadas adequadamente e em tempo
hábil.
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA
■ CÂNULA OROFARÍNGEA
■ Um dispositivo simples para ser utilizado é a cânula orofaríngea. Existem de vários
tamanhos, desde para crianças até adultos.
■ Em adultos, essa cânula pode ser inserida tanto de forma direta como invertida. O mais
recomendado é inseri-la de forma invertida e, depois, posicioná-la de maneira correta.
■ Em crianças menores de um ano, esse dispositivo deve ser posicionado de forma direta
e, se necessário, auxiliado por uma espátula.
Colocação da Cânula
■ CÂNULA NASOFARÍNGEA
■ Outro dispositivo simples, com o mesmo objetivo da cânula orotraqueal, porém com
uma vantagem, pois é melhor tolerada pelos pacientes conscientes e aqueles com
alteração do nível de consciência. Por ser inserida na narina do paciente, é
contraindicada em suspeita de fratura de base de crânio, pois pode ocorrer falso trajeto.
Cânula Nasofaríngea
■ VENTILAÇÃO
■ OXIMETRIA DE PULSO
■ Dispositivo utilizado para avaliação da qualidade da oxigenação do paciente. Tem sido
considerado o “quarto sinal vital” no atendimento à emergência. A utilização correta
permite ao socorrista detectar precocemente problemas pulmonares e/ou
cardiovasculares.
■ Oxímetros de pulso fornecem medidas pontuais da saturação da oxihemoglobina arterial
(saO2) e da frequência cardíaca. A sa02 normal está entre 93% e 95%. Quando a saO2
inferior a 90%, na maioria das vezes há um comprometimento da oxigenação tecidual.
■ O tempo de avaliação das vias aéreas e ventilação não deve ultrapassar 10 a 15
segundos. O paciente que consegue falar com facilidade demonstra que a via aérea está
desobstruída, porém não demonstra que sua ventilação esteja adequada, normal ou
ideal. Todos os pacientes devem receber um suplemento de oxigênio por uma máscara
com reservatório em alta concentração. Na presença de apnéia, a utilização de um
dispositivo bolsa-válvula-máscara para efetuar as ventilações deve ser instituída até
haver possibilidade de obtenção de uma via aérea definitiva e segura.
Dispositivos para ventilação
■ REGULARIDADE DO PULSO
■ A presença de pulso periférico mostrará se o doente apresenta taquicardia, bradicardia
ou ritmo irregular. No exame primário, não é necessária a determinação exata da
frequência de pulso. Uma estimativa aproximada é rapidamente obtida e o exame
prossegue com outras avaliações preliminares.
■ PERFUSÃO PERIFÉRICA
■ A pele torna-se pálida quando o sangue é desviado de alguma área. Coloração azulada
indica oxigenação incompleta, decorrente da falta de sangue ou de oxigênio naquela
região do corpo.
■ TEMPERATURA
■ É influenciada pelas condições ambientais. Porém, pele fria indica perfusão diminuída,
independentemente de sua causa. O socorrista deve avaliar a temperatura da pele
tocando com o dorso da mão.
■ ENCHIMENTO CAPILAR
■ Uma rápida verificação do tempo do enchimento capilar é realizado pressionando-se o
leito ungueal. A taxa de retorno do sangue aos leitos capilares é uma ferramenta útil para
estimar o fluxo sanguíneo através dessa parte mais distal da circulação.
■ UMIDADE
■ Pacientes com a pele seca indicam boa perfusão. Quando apresentam a pele úmida, isso
pode estar associado a choque e perfusão diminuída.
HEMORRAGIAS
■ HEMORRAGIA CLASSE I:
■ É geralmente de forma leve, apresenta poucas manifestações, como pequena alteração da
frequência cardíaca, leves alterações da frequência respiratória e pulso, sendo que grande partes
dos traumatizados, quando cessada a perda sanguínea, não necessariamente merecem reposição
volêmica.
■ A retirada de roupas, expondo o paciente, é passo fundamental para uma avaliação mais
detalhada de forma a possibilitar a busca por lesões que possam estar ocultas. Uma
estimativa da quantidade de sangue concentrada pode auxiliar no diagnóstico do
paciente. Perfurações na roupa, provocadas por projéteis de arma de fogo ou arma
branca, auxiliam na detecção de ferimentos no paciente. Nesse momento de exposição e
inspeção podemos encontrar os ferimentos e fraturas. Logo que a avaliação terminar, o
paciente deve ser coberto e protegido contra hipotermia, assim com sua privacidade
preservada.
■ EXPOSIÇÃO E PREVENÇÃO DE HIPOTERMIA EM CRIANÇAS
■ Presença de equimoses demonstra a quantidade de energia dissipada, aumentando o
interesse pela investigação de lesões graves. Na prevenção da hipotermia na criança,
utilizar estratégias que contemplem o aquecimento do corpo e da cabeça.
■ EXPOSIÇÃO E PROTEÇÃO DA HIPOTERMIA NO IDOSO
■ O envelhecimento promove alterações significativas nos mecanismos fisiológicos de
controle e regulação da temperatura, predispondo o idoso à hipotermia, a qual pode
piorar quando associada a perdas volêmicas expressivas ou ainda lesões cerebrais que
comprometam o funcionamento do hipotálamo.
TRAUMA RAQUIMEDULAR
■ VER
■ Olhar toda a pele do paciente, região por região, atentando para:
■ Deformidades;
■ Equimoses;
■ Sangramentos;
■ Edema;
■ Ferimentos. (sempre comparar extremidades)
■ OUVIR
■ O paciente emite sons comuns, rouquidão para falar? Utilizar um estetoscópio para
fazer ausculta pulmonar. Em ambiente pré-hospitalar, essa fase do atendimento requer
muito treinamento, pois ruídos externos podem confundir o socorrista durante a
ausculta.
■ SENTIR
■ Palpação de cada osso e parte do corpo. Na palpação dos ossos, procurar por crepitação,
deformidades e dor. Ao palpar o abdome, pesquisar por dores, rigidez ou flacidez.
Histórico A M P L A
■ TÓRAX
■ Avaliar a expansibilidade, além de palpar cuidadosamente todos os arcos costais, a
clavícula e o esterno. Realizar ausculta cardíaca e torácica atenciosa, comparando com o
lado contralateral.
■ Outros sinais que os socorristas devem ficar especialmente atentos são posições de
defesa contra dor, excursão torácica bilateral desigual e saliência ou retração intercostal,
supraesternal ou supraclavicular.
■ A contusão sobre o esterno, por exemplo, pode ser o único indicativo de uma contusão
miocárdica. Um ferimento perfurante próximo ao esterno pode ser o sinal inicial de
tamponamento cardíaco.
■ ABDÔME
■ O exame abdominal inicialmente normal não exclui a presença de lesão. Além disso, a
lesão de órgãos retroperineais, particularmente o pâncreas, pode demorar algumas horas
para causar sintomatologia dolorosa.
■ O exame do abdome também inclui palpação de cada quadrante para verificar se há dor,
posição de defesa do músculo abdominal ou massas.
■ PELVE
■ A pelve é avaliada pela observação e palpação. O socorrista deve procurar abrasões,
contusões, lacerações, fraturas expostas e sinais de distensão. Fraturas pélvicas podem
provocar hemorragia interna maciça, resultando em deterioração rápida da condição do
doente.
■ A pelve deve ser avaliada uma vez só, fazendo-se pressão suave medial e lateralmente
nas cristas ilíacas, à procura de instabilidade, durante o exame secundário.
■ EXTREMIDADES
■ Durante a avaliação das extremidades, procuramos por:
■ Abrasões, contusões e lacerações;
■ Fraturas fechadas e abertas;
■ Pulsos periféricos e perfusão.
■ Qualquer suspeita de fratura, deve-se fazer imobilização até que seja possível a
confirmação radiográfica de sua presença ou ausência.
■ EXAME NEUROLÓGICO
■ Essa avaliação é mais detalhada e podemos utilizar a Escala de Coma de Glasgow, a
qual pode auxiliar na avaliação da condição neurológica, sensitiva e motora do paciente.
■ Resposta pupilar
■ Verifica-se a igualdade da resposta e o tamanho das pupilas. Em condições iguais as
pupilas devem reagir à luz da mesma forma.
■ Avaliação da dor
■ Um grande desafio na avaliação do paciente em situações de emergência é a
mensuração da dor. Sendo subjetiva, varia de indivíduo para indivíduo. O termo
ILIADI auxilia no processo de avaliação da dor do paciente:
■ I. início, quando iniciou, se foi repentina, se já sentiu antes;
■ L. Localização, local exato;
■ I. Irradiação, avaliar irradiação para outros locais;
■ A. aspecto, avaliar o tipo de dor (pressão, pontada, latejante..)
■ D. Duração, avaliar se a dor é contínua ou intermitente;
■ I. Intensidade, a avaliação da intensidade é mais difícil, pois depende de cada paciente.
Lesões no Sistema Musculoesquelético
■ Tipos de lesão:
■ Fraturas: quando há perda da continuidade óssea. O mecanismo do trauma foi suficiente
para provocar uma quebra do osso, total ou parcial. Caracterizada por dor no local,
deformidade, edema, mobilidade e força prejudicada na extremidade afetada.
■ Fechadas – quando não há contado das partes ósseas e musculares com o meio externo.
A pele encontra-se íntegra.
■ Abertas – quando há contato das partes ósseas e/ou musculares com o meio externo. A
pele encontra-se lesionada.
Fratura fechada.
■ Distensão:
■ Lesão causada pelo estiramento muscular ao redor de uma articulação. Não é
relacionada com ligamento; pode ou não haver edema.
■ Luxação:
■ Lesão causada pelo deslocamento ósseo de sua posição normal na articulação. É a perda
da continuidade articular. Pode ou não estar associada a fratura. A luxação pode lesionar
vasos sanguíneos, nervos, músculos e ligamentos tendíneos.
■ No ambiente pré-hospitalar não é importante diferenciar o tipo exato de lesão do paciente.
Durante a avaliação, o objetivo é detectar o problema e imobilizar, da maneira correta, a
extremidade afetada, diminuindo a dor do paciente e evitando lesões posteriores, assim
como sequelas.
■ Embolia pulmonar:
■ A embolia pulmonar é causada por deslocamento de coágulo de sangue formado na rede
vascular venosa profunda. A embolia pulmonar pode ocorrer em pacientes com fraturas
musculoesqueléticas devido à própria lesão e a falta de mobilidade. Não ocorre na
situação emergencial.
■ Embolia gordurosa:
■ São êmbolos de gordura decorrentes de fraturas de ossos longos, os quais podem
deslocar-se na corrente sanguínea, alojando-se nos pulmões, cérebro, olhos. Embora
ocorram tardiamente (72 horas), o tratamento inicial em ambiente pré-hospitalar, com a
imobilização adequada, tem por finalidade diminuir o risco dessa complicação.
Imobilização
■ Abrasão: geralmente lesão superficial. A pele é lesada por atrito contra uma superfície.
■ Laceração: geralmente ocasionada por impacto de um objeto pontiagudo e ou cortante
contra a pele. Sua gravidade depende da extensão, profundidade e local da lesão.
■ Perfuração: geralmente causada por objetos pontudos. O sangramento depende da força,
profundidade, extensão e local da lesão.
■ Avulsão: ocorre quando um pedaço da pele ou tecido de partes moles sofre
esgarçamento parcial ou é completamente arrancado.
■ Amputação: separação total de uma parte do corpo. As mais comuns são as amputações
dos membros.
■ Contusão: a pele permanece intacta, porém há lesões de vasos sanguíneos, o que ocasiona dor,
edema e alteração da coloração da epiderme. Há extravasamento sanguíneo internamente.
■ Hematoma: são provocados por grandes lesões em vasos sanguíneos, abaixo da pele.
■ Lesões de tórax: precisa de atenção especial, pois além dos ferimentos em pele e tecidos, pode
haver o comprometimento da função respiratória do paciente. (pneumotórax / hemotórax)
■ Eviscerações: ocorre quando o ferimento é profundo e há exposição de órgãos internos. Pode
haver ou não grande perda sanguínea.
■ Objetos encravados: somente é retirado por profissional capacitado e habilitado e em
ambiente hospitalar.