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Enfermagem em

UTI e Trauma
Autora
Flávia Cristina Lacerda Ferreira
Introdução
Querido aluno enfermeiro,

É com muito prazer que estamos iniciando nossa aula de Enfermagem em UTI e Trauma. Imagino
que vocês estejam curiosos para saber mais sobre os temas que serão abordados no decorrer
deste material, certo?

Falaremos sobre como o trauma vem sendo, há anos, um problema de saúde pública e, em razão
disso, a atenção que esse assunto merece dentro da área de saúde. Vamos entender os tipos de
traumas que podem vir a acometer os pacientes, as complicações fisiológicas que essas lesões
podem ocasionar e os cuidados que enfermeiros intensivistas devem ter para auxiliar o processo
de recuperação, reabilitação e alta desses pacientes.

O propósito deste material é contribuir com conhecimento técnico, científico e humanístico para
que você, enfermeiro, possa dar um atendimento de qualidade à vítima de trauma. E tudo isso vai
depender do seu empenho durante o curso, tanto em relação à leitura completa do material,
quanto à realização dos exercícios. Não existe melhor forma para fixar um conteúdo do que
fazendo exercícios sobre ele. Conteúdo + exercício = APRENDIZADO.

Devemos lembrar que, nós enfermeiros, somos parte fundamental do cuidado e, com o processo
de enfermagem, conseguimos contribuir significativamente para a melhora do paciente. Então,
espero que este material seja bastante proveitoso.

Agora, vamos começar!

Ótimo curso a todos!

Equipe do NEAD- Núcleo de Educação a Distância


UNIDADE 1

Abordagem inicial ao
paciente traumatizado
Objetivos:
Esta unidade abordará o trauma, problema de saúde pública.
Assim, falaremos sobre a habilidade necessária para que o
primeiro atendimento seja feito de forma a minimizar os danos,
mostrando o papel do enfermeiro durante essa etapa e as etapas
subsequentes.

Videoaula - Abordagem inicial ao paciente traumatizado

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1 Abordagem inicial ao paciente traumatizado

1.1 Introdução

O trauma representa, atualmente, a principal causa de incapacidade e de morte em indivíduos


jovens, principalmente do sexo masculino, em todo o mundo, sendo seus principais fatores
etiológicos os acidentes de trabalho e de trânsito, as tentativas de autoextermínio e a violência
interpessoal (MIRANDA et al., 2018).

Como Santos et al. (2018) explicam, precisamos entender que o trauma também é uma doença,
como diversas outras doenças, e que possui: um agente (energia), um vetor (veículo automotor,
arma de fogo) e um hospedeiro (o paciente).

A verdade é que, ao falarmos sobre os maiores problemas existentes dentro da área social, o
trauma vem a ser um dos mais importantes, sendo visto como a grande epidemia do século XXI
(SOARES et al., 2015).

Para que possamos compreender melhor essa temática, vejam que, enquanto dados mostram
que mortes relacionadas ao câncer ou à problemas cardiológicos têm o potencial de diminuir em
média 10 a 15 anos da vida de um indivíduo, as que são decorrentes de eventos traumáticos
chegam a tirar de 30 a 40 anos de uma vida, lembrando que esse tipo de evento acomete
pessoas jovens, logo, acidentes traumáticos interferem em vidas altamente produtivas. (DUARTE,
2013).

Figura 1 – Acidente de trânsito

Fonte: Ian Valerio/Unsplash.com

Atualmente, o Brasil é o quinto colocado em número de ocorrências de acidentes de trânsito,


estando atrás apenas da Índia, China, EUA e Rússia. É um dado alarmante quando paramos para
pensar em números absolutos em relação à população de cada um desses lugares. Diariamente,
morrem aproximadamente 16 mil pessoas por lesões traumáticas, ainda assim, para cada vítima
que morre, muitas outras sobrevivem, todavia com sequelas para toda a vida (SANTOS et al.,
2018).

Logo, podemos compreender que eventos traumáticos são responsáveis por diversas
hospitalizações no Brasil e no mundo, sendo que muitas vezes as vítimas, dependendo da
gravidade, necessitam de internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), já que esses
pacientes são submetidos a procedimentos invasivos, cirurgias, podendo precisar de ventilação
mecânica, entre outras coisas. Tudo isso faz que a internação do paciente traumatizado
represente um impacto ainda mais significativo sobre os recursos públicos de saúde. (MIRANDA
et al., 2018).

Esse é um tema que deve ser abordado, primeiramente, por meio de estratégias de prevenção,
tendo como alvo a redução da morbimortalidade relacionada. Em outro momento, quando
necessário, deve ser abordada a melhor e mais eficaz forma para o tratamento, reabilitação e
prevenções de complicações, constituindo uma questão de saúde pública relevante.

1.2 Importância do primeiro atendimento e cuidados iniciais

Provavelmente vocês já ouviram falar sobre o Advanced Trauma Life Support (ATLS), acertei?
Quem nunca ouviu, não se preocupe, vai saber agora do que se trata e vai entender a relação com
o tema da aula.

ATLS nada mais é do que o Suporte Avançado de Vida no Trauma. Vamos entender um
pouquinho sobre sua história. Antes de 1980, o atendimento aos pacientes traumatizados era
considerado superficial, não existindo um programa padronizado para assistência ao
traumatizado e nem um treinamento para os profissionais de saúde (MIRANDA et al., 2018).

Já conseguem imaginar o motivo da criação do ATLS? O curso de ATLS veio para dar esse
ordenamento que estava faltando, enfocando que o trauma mata de acordo com uma cronologia
previsível, conforme a distribuição trimodal da morte decorrente do trauma (RIOS, 2018). Essa
distribuição é dividida em três picos, sendo que cada um tem sua respectiva importância.

No primeiro pico, ocorrem as mortes precoces, aquelas que são imediatas, acontecendo entre o
momento em que o trauma foi gerado e a primeira hora seguinte. Esse tipo de morte é decorrente
de lesões extensas de órgãos vitais e são consideradas não evitáveis, em sua maioria. No
segundo pico, que ocorre entre a primeira hora e a quarta hora, estão as mortes consideradas
evitáveis, mortes precoces que abrangem cerca de 30% das mortes por eventos traumáticos.
Esse tipo de morte ocorre, em geral, em virtude de complicações que o trauma ocasiona, como
hemorragia, lesões em órgãos abdominais, lesões no sistema nervoso central, lesões no
aparelho respiratório, dentre outras.

O ponto chave desse segundo pico é o diagnóstico e tratamento adequados, pois, como vimos,
os óbitos são decorrentes de lesões tratáveis. A primeira hora que engloba o início do trauma até
o diagnóstico e o tratamento adequado recebe o nome de Golden hour, hora de ouro, pois a
rapidez e eficiência serão primordiais para a recuperação do paciente.

Por último, ocorre o terceiro pico. Como já podemos perceber, essas divisões têm base em uma
sequência cronológica, logo, neste último pico estão as mortes tardias, que ocorrem em
decorrência de causas infecciosas, falência de múltiplos órgãos, ou ambos. Esse tipo de óbito
costuma ocorrer depois de dias ou até semanas após o evento do trauma (RIOS, 2018).

Percebemos, então, a importância de um diagnóstico que seja preciso e precoce; um tratamento


que seja rápido, eficaz e efetivo; e uma assistência integral individual e direcionada. Com esse
olhar holístico, a taxa de mortalidade e as sequelas ocasionadas pelo trauma tendem a diminuir,
contemplando o bem do paciente.

Figura 2 – Tratamento rápido, eficaz e efetivo

Fonte: aebopleidingen/Pixabay.com

Vimos, portanto, como é importante e imprescindível os cuidados iniciais com o paciente


politraumatizado. A autora ainda explica que o tempo é essencial, e, por isso, deseja-se uma
abordagem sistematizada, que possa ser facilmente revista e aplicada. Esse processo é
denominado “avaliação inicial” e inclui atividades que devem ocorrer em paralelo ou
simultaneamente. como: preparação, triagem, exame primário (ABCDE), exame secundário (da
cabeça aos pés) e história, reavaliação e monitorização contínua após os primeiros cuidados,
cuidados definitivos, registros e considerações legais.
Os exames primários e secundários devem ser repetidos com determinada frequência, visando
detectar qualquer deterioração do estado do doente e identificar as medidas terapêuticas a
serem adotadas tão logo ocorra alguma mudança.

O Quadro 1 mostra, de forma detalhada, como é feita a avaliação primária do paciente vítima de
trauma, ainda no ambiente pré-hospitalar.

Quadro 1 – Avaliação primária do paciente com suspeita de trauma


1. Garantir a segurança do local

2. Avaliar a responsividade (chamar o paciente) e executar simultaneamente a estabilização manual da


coluna cervical e iniciar verificação da respiração.

3. Avaliar as vias manter as vias aéreas pérvias por meio de manobras de abertura das vias
aéreas: aéreas para o trauma, retirar secreções e corpo(s) estranhos(s) da cavidade
oral;
considerar o uso de cânola oro ou nasofaríngea;
oximetria e O2 por máscara facial, dez a 12 l/min, se SatO2 < 94%;
estabilizar manualmente a cabeça com alinhamento neutro da coluna
cervical;
colocar o colar cervical assim que possível;
avaliar as indicações de via aérea definitiva.

4. Avaliar a avaliar o posicionamento da traqueia e presença ou não da turgência


presença de boa jugular;
respiração e expor o tórax e avaliar a ventilação;
oxigenação: avaliar a simetria da expansão torácica;
observar a presença de sinais de esforço respiratório ou uso de
musculatura acessória;
avaliar a presença de lesões abertas e/ou fechadas no tórax;
no paciente com ventilação anormal, realizar a palpação de todo o tórax;
realizar ausculta torácica;
Considerar a necessidade de ventilação assistida por meio de BVM com
reservatório, caso a frequência respiratória seja inferior a 8 mrm, ou não
mantenha ventilação ou oxigenação adequadas.

5. Avaliar a controlar sangramentos externos com compressão direta da lesão e/ou


circulação: torniquete (conforme indicado);
avaliar o estado circulatório;
avaliar o reenchimento capilar (normal até 2 segundos);
avaliar características de pele (temperatura, umidade e coloração);
avaliar pulso central e radial;
se possível, aferir pressão arterial precocemente.

6. Avaliar o estado AVDI (alerta, voz, dor e inconsciência) ou a Escala de Coma de Glasgow;
neurológico: pupilas.
7. Expor com cortar as vestes do paciente sem movimentação excessiva e somente das
prevenção e partes necessárias;
controle de proteger o paciente de hipotermia com auxílio de manta aluminizada;
hipotermia: utilizar outras medidas para prevenir a hipotermia (ex: desligar o ar
condicionado da ambulância).

8. Realizar contato com a regulação médica para definição do encaminhamento e/ou unidade de saúde.

Fonte: Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo – Diretriz Clínica do Trauma.

Depois de conseguir realizar a avaliação primária e estabilizar o paciente, é necessário realizar a


avaliação complementar, como consta no Quadro 2. Essa avaliação deve ocorrer no ambiente
intra-hospitalar, logo na admissão, mas também pode ser realizada no ambiente extra-
hospitalar.

Quadro 2 – Avaliação complementar do paciente vítima de trauma


1. Avaliação complementar:

oximetria de pulso, se disponível;


glicemia capilar, se disponível.

2. Exame da cabeça aos pés, frente e dorso:

Cabeça e face:

inspecionar e palpar o couro cabeludo, orelhas, ossos da face, olhos, pupilas (verificar diâmetro,
reação à luz e simetria pupilar), nariz e boca;
observar alterações na coloração e temperatura da pele.

Pescoço:

avaliar região anterior e posterior;


avaliar em especial se há distensão das veias e /ou desvio de traqueia.

Tórax:

observar em especial se há uso de musculatura acessória, tiragem intercostal, movimentos


assimétricos, afundamentos, ferimentos incluindo o sinal do cinto de segurança etc.;
observar contusões ou lesões abertas, distensão abdominal, dor à palpação e ao rechaço, abdome
em tábua e sinal do cinto de segurança.

Pelve:

observar sangramentos, contusões ou lesões abertas, realizar palpação das cristas ilíacas na
busca de dor e/ou instabilidade, realizando compressão látero-medial e ântero-posterior.
Membros:

observar em especial a palpação de pulsos distais e perfusão dos membros (reenchimento


capilar);
avaliar a força motora, solicitando que o paciente movimente os pés e/ou eleve uma perna de cada
vez, aperte a mão do profissional e/ou eleve um braço de cada vez, se não houver suspeita de lesão;
avaliar a sensibilidade;
sempre realizar a avaliação comparando um membro com o outro.

Dorso (se possível):

inspecionar a presença de deformidades, contusões, hematomas, ferimentos;


palpar processos espinhosos durante o posicionamento na prancha longa em busca de dor.

Fonte: Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo – Diretriz Clínica do Trauma.

A equipe de enfermagem tem um papel muito importante na obtenção ou manutenção da


qualidade de vida do paciente que se encontra internado, e, por causa disso, deve atuar de forma
individual, eficiente e veloz, para que ocorra uma redução das complicações que são decorrentes
de eventos traumáticos, consequentemente, diminuindo as taxas de mortalidade.

Figura 3 – Cuidados intensivos

Fonte: Parentingupstream/Pixabay.com

Sabe-se que existem pacientes no setor da emergência, porta de entrada, que já conseguem
resolver sua situação e não precisam de internação para dar continuidade ao processo do
cuidado, porém, existem outros, considerados mais graves, que necessitam de internação em
UTI, por precisarem de cuidados intensivos.

Unidade de Terapia Intensiva (UTI): papel decisivo na chance de


1.3 sobrevida de pacientes críticos
Vimos que a vítima de trauma, em algumas situações, precisará de um suporte de cuidado
intensivo, e é por isso que precisamos falar sobre a UTI. Werneck (2013) retrata muito bem como
se deu início a essa preocupação de ter um ambiente específico para tratar pacientes mais
graves:

As UTIs foram criadas a partir da necessidade de atendimento do paciente cujo estado crítico
exigia assistência e observação contínua de médicos e enfermeiros. Esta preocupação iniciou-se
com Florence Nightingale, fundadora da enfermagem moderna, durante a guerra da Crimeia no
século XIX, que procurou selecionar indivíduos mais graves, acomodando-os de forma a
favorecer o cuidado imediato (WERNECK, 2013).

Com essa tática, de observação constante, pode-se detectar uma diminuição do número de
óbitos, provando a importância de um atendimento centrado no paciente.

Você sabia que no dia 12 de maio é comemorado o dia do enfermeiro? A data foi estipulada por
ser o nascimento de Florence Nightingale, considerada a pioneira da enfermagem moderna.

Sabemos que, atualmente, há uma melhora significativa na condição de vida dos cidadãos,
mesmo em países não tão desenvolvidos. Isso ocasiona um aumento da longevidade da
população, fato que muitas vezes não é acompanhando de mudanças de hábitos, o que pode
acarretar um aumento das comorbidades, das doenças crônicas e de acidentes traumáticos,
aumentando a chance de internação em UTI. Por isso, este setor tem um papel importantíssimo
e decisivo na chance de sobrevida desses pacientes (COLETTO et al., 1999).

Segundo Coletto e outros autores (1999), os pacientes que dão entrada no setor de tratamento
intensivo, independentemente do motivo, devem ser submetidos a uma série de avaliações por
parte de cada membro da equipe, para que tenham um tratamento adequado e uma agilidade na
recuperação.  Tem-se como grande objetivo a segurança dos pacientes, proporcionada pela
vigilância contínua e rigorosa da enfermagem, havendo maior relação enfermeiro/paciente em
comparação às demais unidades hospitalares, em virtude do maior grau de dependência desses
pacientes.

1.4 Transporte do paciente traumatizado


Figura 4 – Transporte do paciente traumatizado

Fonte: Detmold/Pixabay.com

Por ter um papel fundamental, a UTI hospitalar deve ter uma equipe específica com uma
qualificação adequada, oferecer cuidados especializados e possuir a tecnologia necessária para
atender de forma individual todos os pacientes, como os politraumatizados. Entretanto, apesar
da UTI dispor de equipamentos avançados para o cuidado do paciente, muitas vezes este
necessita de exames de imagem, testes diagnósticos, intervenções cirúrgicas e terapêuticas, e
outros procedimentos que não são realizados na unidade.

Para que essa movimentação seja feita, é necessário, antes, fazer uma análise de prós e contras,
pois os riscos são inerentes à transferência de um paciente crítico (VIANA; TORRE, 2017).
Para Viana e Torre (2017), a transferência de um paciente crítico requer equipamento adequado,
equipe treinada, coordenação e comunicação efetivas, ou seja, um planejamento antecipado.

Conseguem entender a importância da sincronia para que o transporte do paciente seja feito de
forma eficaz e segura? Temos um ótimo ponto a nosso favor que contribui para esse desfecho: a
tecnologia atual disponível permite a replicação do ambiente de cuidado crítico, com
monitorização e terapêutica instaladas como se estivesse na UTI, para uma transferência segura.
Por esse motivo, a transferência oferece a segurança que o paciente precisa durante todo o
trajeto, sendo possível que seja realizada a qualquer hora do dia.

As autoras ainda falam que a indicação de transferência deve ser tomada após a análise das
vantagens e desvantagens de tal procedimento. Isso é decidido pelo médico responsável pela
assistência ao paciente.

Depois da tomada de decisão, caso seja favorável à saída do paciente, deve-se ter em mente
quatro aspectos importantes:

1. Comunicação e coordenação pré-transporte;


2. A equipe acompanhante;
3. O equipamento necessário;
4. A monitoração durante o transporte.

1.4.1 Transporte intra-hospitalar

Viana e Torre (2017) definem o transporte intra-hospitalar como o transporte realizado dentro do
ambiente hospitalar, incluindo o transporte do paciente até a unidade crítica (entrada) e o
transporte da UTI a outro serviço para algum exame especial, ao centro cirúrgico ou à sala de
internação.

Você se lembra dos quatro pontos mais importantes a serem levados em consideração para que
ocorra um transporte adequado e seguro? Falaremos sobre eles agora:

Comunicação e coordenação pré-transporte


Comunicação é um dos tópicos mais importantes dentro do ambiente hospitalar, tanto que
consta como segunda meta internacional de segurança do paciente em virtude de sua
importância.

Existem seis metas de segurança do paciente que o Ministério da Saúde (MS) implementou.
Lembrem-se dessas etapas por que, vez ou outra, elas costumam aparecer:

1. identificar corretamente o paciente;


2. melhorar a comunicação entre profissionais de saúde;
3. melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos;
4. assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e paciente corretos;
5. higienizar as mãos para evitar infecções;
6. reduzir o risco de quedas e úlceras por pressão.

Em relação à comunicação, deve-se explicar o tipo de procedimento que será realizado para a
família do paciente, os riscos que implica e a justificativa da necessidade de realizá-lo. Em
seguida, obtém-se o consentimento informado. É necessário ainda que seja feita uma
coordenação entre a equipe que realizará o exame e a equipe que fará o transporte, para que o
tempo de transporte seja o menor possível, mas efetivo (VIANA; TORRE, 2017).

Equipe de transferência
Deve ser composta de, no mínimo, duas pessoas: médico e enfermeiro capacitados em manejo
de via aérea, reanimação cardíaca avançada e cuidados críticos. O fisioterapeuta e o técnico de
enfermagem também podem compor essa equipe. A Figura 5 mostra a realização do transporte
intra-hospitalar feito pela equipe multidisciplinar (VIANA; TORRE, 2017).

Figura 5 – Transporte intra-hospitalar

Fonte: VIANA; TORRE, 2017.


Material e equipamentos necessários
Figura 6 – Materiais e equipamentos necessários

Fonte: VIANA; TORRE, 2017.

A Figura 6 mostra os principais materiais e equipamentos obrigatórios para a realização do


transporte intra-hospitalar do paciente crítico. Pode-se observar, no canto superior direito, o
BVM, dispositivo bolsa-válvula-máscara; ao lado, o ventilador de transporte; no canto inferior
direito, o oxímetro de pulso; e, ao lado deste, o monitor multiparamétrico.

Monitoração do paciente durante o transporte


É muito importante acompanhar, continuamente, os sinais vitais do paciente, fazendo a
monitoração eletrocardiográfica contínua, oximetria de pulso e medição periódica da pressão
arterial, do pulso e da frequência respiratória. Deve-se fazer a verificação constante da posição
correta dos dispositivos invasivos e a verificação do bom funcionamento dos equipamentos. O
Quadro 3 apresenta os principais pontos que devem ser observados no paciente quando este
estiver em transporte.

Quadro 3 – Monitorização do paciente crítico


Variável Características

Circulação Avaliar a frequência cardíaca, a pressão arterial e a perfusão periférica.

Respiração Avaliar o trabalho respiratório, se o paciente se encontra em suporte ventilatório;


avaliar também a sincronia ventilatória, seus efeitos no estado de oxigenação e ventilação
e suas alterações subsequentes no pH.

Oxigenação Avaliar principalmente a oximetria de pulso. Determinar suas alterações instantâneas em


relação ao transporte.

Ventilação Avaliar as alterações na PaCO2 após a manipulação do paciente e do ventilador durante o


transporte. Esse controle pode ser realizado de maneira contínua com um capnógrafo.
Variável Características

Nível de O nível de consciência deve ser avaliado de maneira regular durante o transporte,
consciência identificando oportunamente variações associadas à alteração neurológica.

Dor Os efeitos do movimento durante a transferência podem gerar dor no paciente em razão
das feridas ocasionadas pelos dispositivos inseridos (tudo endotraqueal, venóclise, sondas
e drenos).

Conforto A presença de ruídos, vibrações e o próprio movimento do transporte, independentemente


do tipo de veículo, geram ansiedade no paciente consciente; portanto, é necessário levar
em consideração os diferentes mecanismos e estratégias para a diminuição desses efeitos
negativos, assim como favorecer o ambiente de proteção.

Fonte: VIANA; TORRE, 2017

1.5 O papel do enfermeiro na UTI

Vocês já conseguem ter uma boa dimensão do que caracteriza um paciente politraumatizado; o
motivo de, muitas vezes, ele precisar ser encaminhado para um serviço especializado que
forneça cuidados intensivos e, dentro desse serviço, a necessidade da realização de exames ou
procedimentos que exijam o seu deslocamento. Precisamos ter todo esse entendimento para
que saibamos atuar nessas situações. Mas, afinal, qual o papel do enfermeiro na UTI?

Figura 7 – O papel do enfermeiro

Fonte: voltamax/Pixabay.com

Bem, sabemos que a enfermagem vem acumulando no decorrer de sua história, juntamente com
conhecimento empírico e teórico, o conhecimento científico. Com o passar dos anos, o aumento
da complexidade, principalmente nas unidades de tratamento intensivo, das intervenções
terapêuticas e os avanços da tecnologia trouxeram a necessidade de uma formação mais
científica, além da execução rotineira de tarefas (VIANA; TORRE, 2017).
Santos et al. (2018) explicam que o alto grau de morbimortalidade e sequelas apresentadas
pelos pacientes, juntamente com a complexidade e abrangência que envolve o cuidado a esse
tipo de paciente, exigem da enfermagem ações articuladas, integradas e contínuas para atender
as vítimas.

Wehbe e Galvão (2001, p. 88) elucidam bem o papel do enfermeiro na UTI:

O papel do enfermeiro na unidade de tratamento intensivo consiste em obter a história do paciente,

fazer exame físico, executar tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e

orientando os pacientes para uma continuidade do tratamento. Os enfermeiros devem, ainda, aliar à

fundamentação teórica (imprescindível), a capacidade de liderança, o trabalho, o discernimento, a

habilidade de ensino, a maturidade e a estabilidade emocional.

Figura 8 – Assistência ao paciente

Fonte: freepik/Freepik.com

Podemos imaginar a aplicação da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) no


ambiente da UTI, não é mesmo? Não tem como falar do papel do enfermeiro e não mencionar a
SAE, um depende do outro. Em todos os ambientes hospitalares, inclusive na UTI, a SAE deve ser
iniciada no momento de admissão do paciente, contemplando a realização do exame físico e da
anamnese, utilizando como facilitador um formulário que norteie essas etapas.

Além do que já foi dito, deve-se lembrar que o enfermeiro possui papel fundamental na
assistência ao paciente crítico como coordenador da equipe de enfermagem, devendo programar
e priorizar a assistência a ser prestada, considerando as diferenças que se apresentam nesses
pacientes e estabelecer medidas preventivas e reparadoras, visando à assistência integral e
humanizada que atenda necessidades humanas básicas (BORGES; BRASILEIRO, 2018).
Sim, nós enfermeiros atuamos em diversas áreas, por isso devemos ter um olhar holístico. É
fundamental que tenhamos um bom conhecimento teórico para que, na prática, consigamos
conduzir da melhor forma a continuidade do cuidado visando sempre ao bem do paciente.
Exercícios de fixação
Na avaliação inicial do paciente vítima de trauma, o exame primário é feito para detectar qualquer
deterioração do estado do paciente e para identificar as medidas terapêuticas a serem tomadas.
Com base no exposto, julgue o item a seguir em Verdadeiro ou Falso.

Na avaliação inicial, também chamada de exame primário, realizado nos pacientes vítimas de
trauma, a ordem correta da avaliação é C-A-B. Primeiro avaliam-se a Circulação e a presença de
hemorragias, depois avaliam-se as vias Aéreas e, por último, avaliam-se a respiração e a
frequência respiratória (boa ventilação).

Verdadeiro Falso

Paciente vítima de trauma, que se encontra internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI),
muitas vezes precisa ser submetido a exames ou procedimentos fora do ambiente da UTI, sendo
necessário o transporte intra-hospitalar. Sobre o assunto, julgue o item a seguir em Verdadeiro
ou Falso.

Para que ocorra um transporte intra-hospitalar de forma segura, deve-se ter em mente quatro
aspectos importantes: comunicação e coordenação pré-transporte, equipe de transferência
treinada, material e equipamentos necessários e monitoração contínua do paciente.

Verdadeiro Falso
UNIDADE 1

Abordagem inicial ao
paciente traumatizado
Conclusão:
O trauma, problema de saúde pública, deve ser visto como uma
doença que acomete pacientes críticos que precisam de cuidados
intensivos, tendo o enfermeiro um papel fundamental no cuidado
a esse paciente.
UNIDADE 2

Tipos de trauma e suas


implicações na enfermagem<
Objetivos:
Nesta unidade, abordaremos os quatro principais tipos de trauma
e quais são as condutas de enfermagem a serem adotadas.

Videoaula - Tipos de trauma e suas implicações (parte I)

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2 Traumatismo cranioencefálico

2.1 Fisiopatologia

Iremos abordar nesta unidade, primeiramente, o traumatismo crânioencefálico (TCE). Afinal, o


que é e como se ocasiona essa lesão? O Ministério da Saúde traz a seguinte definição:

O TCE é qualquer lesão decorrente de um trauma externo, que tenha como consequência alterações

anatômicas do crânio, como fratura ou laceração do couro cabeludo, bem como o comprometimento

funcional das meninges, encéfalo ou seus vasos, resultando em alterações cerebrais, momentâneas

ou permanentes, de natureza cognitiva ou funcional (BRASIL, 2015).

Entre as causas mais frequentes de TCE, estão os acidentes com veículo automotor, quedas,
esportes, armas brancas e de fogo e agressões físicas (RIOS, 2018).

Figura 9 – Causas de TCE

Fonte: SeppH/Pixabay.com

Magalhães et al. (2017, p. 15) discorrem sobre o impacto do TCE no Brasil e afirmam que:

O TCE é considerado a maior causa de morte e incapacidade em todo mundo, principalmente entre

adultos jovens. No Brasil, estima-se que mais de um milhão de pessoas vivam com sequelas

neurológicas decorrentes desse tipo de trauma.

É recomendada internação em unidade de terapia intensiva nos primeiros dias ou até a


documentação da estabilidade das lesões intracranianas, a depender do tipo de lesão e do
paciente para que ocorra um suporte mais direcionado e individual para esse indivíduo.
Lesões traumáticas cerebrais ocasionam alguns mecanismos fisiopatológicos que podem iniciar
abruptamente, em segundos, e se prolongar por dias ou até mesmo semanas. Viana e Torre
(2017) comentam que esses mecanismos resultam de impacto direto ou de extrema aceleração e
desaceleração, além de forças rotacionais; do ponto de vista didático, são classificadas em duas
fases: primária e secundária.

2.2 Lesões primárias e secundárias

Viana e Torre (2017) explicam que as lesões primárias, como o próprio nome sugere, são aquelas
que surgem imediatamente com o trauma: feridas do couro cabeludo, fraturas, concussão,
contusão e laceração cerebral.

Figura 10 – Lesão

Fonte: freepik/Freepik.com

As autoras afirmam ainda que nessas lesões, ocorre a despolarização maciça dos componentes
celulares do cérebro, resultando em uma maior liberação de neurotransmissores inflamatórios,
entre eles os monócitos e os macrófagos que medeiam a fagocitose e a citólise (VIANA; TORRE,
2017).

No momento em que ocorre o trauma, a barreira hematoencefálica (BHE) pode sofrer danos,
podendo ocasionar hemorragia cerebral. Esta, por sua vez, gera um edema, pois o
extravasamento de sangue não é algo esperado, podendo ocasionar um aumento da pressão
intracraniana (PIC), conduzindo, assim, a um quadro de isquemia cerebral (VIANA; TORRE, 2017).

A lesão primária pode ocorrer de duas maneiras: a primeira delas é quando acontece a
penetração no crânio, entrando em contato com o conteúdo intracraniano, seja por arma de fogo
ou arma branca, ditas como traumatismo aberto; a segunda são os traumatismos fechados, que
podem ser ocasionados pela movimentação cerebral associada à energia cinética do acidente,
ou a um impacto (ANDRADE et al., 2009).

As lesões secundárias são aquelas posteriores às lesões causadas pelo impacto inicial ou que
surgem em outros locais do encéfalo, como mostra a Figura 11, casos de hematomas (extradural
ou epidural, subdural ou intracerebral), edemas, inchaços cerebrais, hipertensão intracraniana,
hérnias cerebrais, convulsões etc.

Figura 11 – Hematomas encefálicos

Fonte: <doctor2008.files.wordpress.com [https://doctor2008.files.wordpress.com/2009/03/brain-


hematoma1.jpg] >.

Esse tipo de lesão pode durar dias e ocasionar, como Viana e Torre (2017) disseram, influxo
intracelular de cálcio, geração de radicais livres com perioxidação lipídica e disfunção
mitocondrial, que conduzem à apoptose e à necrose das células neuronais.

Entre os diagnósticos de enfermagem relacionados ao TCE, Viana e Torre (2017) citam os que
mais se destacam: capacidade adaptativa intracraniana diminuída, risco de perfusão tissular
ineficaz cerebral, risco de padrão respiratório ineficaz, risco de aspiração e dor aguda. Veja a
seguir as principais intervenções de enfermagem que podem ser realizadas para o paciente
vítima de TCE (VIANA; TORRE, 2017).
Utilizar um sistema de avaliação neurológica, como a Escala de Coma de Glasgow e o exame
neurológico, mantendo uniformidade nos dados de avaliação entre os enfermeiros;
Avaliar perda de líquor pelas narinas (rinoliquorreia) ou pelo ouvido externo (otorreia);
Implementar as intervenções de enfermagem junto ao paciente portador de HIC;
Realizar o primeiro curativo da incisão cirúrgica da craniotomia após as primeiras 24 horas da
cirurgia, com soro fisiológico a 0,9%, e manter oclusão até 48 horas ou até a retirada dos pontos. Lavar
os cabelos após 48 horas de cirurgia. Observar sinais de sangramento, líquor e secreção purulenta
pela incisão cirúrgica; retirar os pontos entre o sétimo e o décimo dia de pós-operatório (PO);
Iniciar nutrição enteral o mais rápido possível. Pesar o paciente pelo menos uma vez por semana.

Entendendo um pouco melhor agora sobre como ocorrem as lesões cerebrais traumáticas e o
que as ocasionam, nota-se a importância de uma equipe multiprofissional capacitada e
qualificada para atender esse tipo de paciente, pois é necessário agir com eficácia e resolver os
pontos mais relevantes primeiramente, para que as consequências possam ser prevenidas
(VIANA; TORRE, 2017).

2.2.1 Nível de consciência: Escala de Coma de Glasgow

Sabemos que pacientes internados na UTI precisam de um cuidado diferenciado por conta da
gravidade de seus estados. O paciente crítico pode ter diversos tipos de alterações, sendo uma
delas a neurológica. Na UTI, a alteração do nível de consciência é uma das que mais acometem
os pacientes, abrangendo desde a sonolência ao coma (VIANA; TORRE, 2017).

A consciência é a capacidade de reconhecimento do próprio indivíduo e do ambiente que o cerca,


sendo dependente da integridade da ativação e do conteúdo da própria consciência.

Costumamos achar que avaliar o nível de consciência do paciente engloba ele estar inconsciente
ou consciente, mas o Quadro 4 mostra que existem outras classificações entre esses dois tipos
mencionados. Essa classificação é de extrema importância, pois a partir dela será possível
acompanhar o quadro do paciente, podendo observar se houve melhora ou piora em seu estado

Quadro 4 – Níveis de consciência e suas características


Nível de
consciência Características
Nível de
consciência Características

Consciente indivíduo ativo;


responde aos mínimos estímulos, e na ausência destes está desperto;
perceptível ao meio.

Letargia ou lento ou hesitante ao falar;


sonolência responde apropriadamente ao estímulo tátil e verbal;
pode apresentar confusão diante de problemas complexos.

Estado sintomas de início agudo, de caráter flutuante com intervalos de lucidez;


confusional pode apresentar: inatenção aos estímulos, diminuição da concentração,
agudo ou pensamento desorganizado e incoerente, desorientação de lugar e tempo,
delirium distúrbios de memória, sonolência, alterações de percepção, distúrbios do ciclo
sono-vigília, aumento ou diminuição da atividade psicomotora;
durante a noite, pode apresentar agitação psicomotora.

Obnubilação sonolento, necessita ser estimulado com estímulo auditivo mais intenso e estímulo
tátil (toque);
responde com uma ou duas palavras;
pode responder a comandos simples.

Estupor ou Sonolento, não responsivo ao estímulo verbal e ao toque, necessita de estimulação


torpor dolorosa;
Apresenta resposta com sons incompreensíveis e/ou abertura ocular;
Pode apresentar movimentos inespecíficos à estimulação dolorosa (decorticação
ou descerebração);
Pode apresentar respostas específicas, inespecíficas ou arreflexia.

Coma Não interage com o meio e aos estímulos externos;


Permanece com os olhos fechados;
Apresenta apenas respostas de reatividade.

Fonte: VIANA; TORRE, 2017.

Para avaliar o nível de consciência, existem algumas escalas, sendo que a Escala de Coma de
Glasgow (ECG) é a mais utilizada por causa de sua maneira simples e efetiva de avaliação, mas,
deve-se estar atento uma vez que, ao ser aplicada, o paciente precisa estar hemodinamicamente
estável e com parâmetros respiratórios regulares, pois a hipóxia e a hipotensão podem alterar a
pontuação. Lembrando também que essa escala somente deve ser aplicada em pacientes que
não estão em uso de sedação. Em caso de pacientes sedados, a escala utilizada é outra mais
específica (RIOS, 2018).
Entenderam a importância dessa escala? Mesmo sendo um instrumento simples, em razão de
sua facilidade na aplicação, tem um enorme valor tanto para o profissional como, principalmente,
para o paciente. Mas, afinal, quais parâmetros são avaliados?

A avaliação da reatividade do paciente é feita por meio da observação de três parâmetros:


abertura ocular, resposta verbal e resposta motora. Como Oliveira et al. (2014, p. 24) explicam, a
escala funciona da seguinte maneira:

Cada componente dos três parâmetros recebe um escore, variando de três a quinze, sendo o melhor

escore quinze e o pior, três. Pacientes com escore quinze apresentam nível de consciência normal.

Pacientes com escores menores que oito são considerados em coma, representando um estado de

extrema urgência.

Rios (2018) explica que, a ECG, tem a propriedade de classificar a gravidade do TCE dependendo
da pontuação final, sendo TCE leve (13 a 15 pontos), TCE moderado (9 a 12 pontos) e TCE grave
(3 a 8 pontos). Viana e Torre (2017) afirmam que, de forma geral, ela é considerada prognóstica
nas primeiras 48 horas, e a equipe de enfermagem deve estar atenta ao controle dos sinais vitais.

Figura 12 – Avaliação da gravidade do TCE

Fonte: senivpetro/Freepik.com

ATENÇÃO:

Caso o paciente apresente impossibilidade de abertura ocular por edema palpebral ou trauma,
deve ser registrado como “N/A” (não avaliável). Com relação à resposta verbal, caso não haja
possibilidade de avaliar em razão da presença de tubo traqueal, deve ser registrada com a letra T
e, em pacientes disfásicos, com a letra D.
A Tabela 1 mostra os pontos que são avaliados na ECG.

Tabela 1 – Escala de Coma de Glasgow


Abertura ocular Pontos

Espontânea 4

Estímulo verbal 3

Estímulo doloroso 2

Ausente 1

Melhor resposta verbal Pontos

Orientado 5

Confuso 4

Palavras inapropriadas 3

Sons ininteligíveis 2

Ausente 1

Melhor resposta motora Pontos

Obedece a comandos verbais 6

Localiza estímulos 5

Retirada inespecífica 4

Padrão flexor (decorticação) 3

Padrão extensor (descerebração) 2

Ausente 1

Fonte: VIANA; TORRE, 2017.

A ECG deve ser vista como um facilitador para o exame físico neurológico, pois permite que se
obtenha, rapidamente, o estado do nível de consciência do paciente e, consequentemente, a
melhor conduta a ser tomada.

Dentre os pacientes vítimas de TCE leve, é possível observar que é um grupo bastante
heterogêneo, ao passo que existem diversos tipos de quadros sintomatológicos, desde
sintomático sem lesões à tomografia, até pacientes que possuem lesões e que estão em
situação de risco social, o que em muitos casos demandam um maior tempo de internação.
A conduta varia desde a liberação imediata (pacientes com ECG 15, sem sinais de risco ou com
tomografia normal), até observação hospitalar por horas ou dias (pacientes sintomáticos ou com
lesões intracranianas menores). (RIOS et al., 2018)

Rios et al. (2018) também comentam sobre o atendimento às vítimas de TCE moderado, sendo
recomendada internação em unidade de terapia intensiva nos primeiros dias ou até
documentação da estabilidade das lesões intracranianas. Deve ser realizada uma observação
contínua desse paciente para que se consiga detectar mudanças no valor da ECG, lembrando
que, quando se tem uma diminuição na Escala de Coma de Glasgow, é indicativo de gravidade.

Rios et al. (2018, p. 19) falam ainda que “a perda de pelo menos 2 pontos na ECG deverá motivar
nova tomografia, com o intuito de avaliar se houve piora das lesões prévias”. Lembrando que,
quando o valor da ECG for menor que 9, deverá ser realizada a intubação orotraqueal, pois esse
valor sugere um TCE grave, sendo então necessárias condutas apropriadas.

Por último, sobre o TCE grave, a equipe deve estar preparada para lidar com esse tipo de
paciente, pois é necessária bastante atenção para que anormalidades metabólicas e
respiratórias, que possam vir a surgir, sejam rapidamente corrigidas, evitando assim alguma
forma de injúria secundária. A hipotensão arterial é um potencial fator de piora prognóstica e de
confusão na avaliação inicial de pacientes graves, e, portanto, deverá ser tratada de forma
agressiva.

2.2.2 Complicações

A principal complicação que ocorre em caso de TCE é a hipertensão intracraniana (HIC); não
confundam com a hipotensão.

A pressão intracraniana é determinada pelo equilíbrio entre os três componentes do volume


intracraniano: líquor (LCR), sangue e parênquima cerebral. A HIC ocorre quando há aumento de
um ou mais volumes dos componentes intracranianos, sendo considerado seu valor alterado
quando a PIC for maior que 15mmHg, devendo ser tratada quando sustentada por mais de 5
minutos acima de 20mmHg.

Com a HIC, ocorre diminuição da pressão de perfusão cerebral (PPC) e do fluxo sanguíneo
cerebral (FSC), causando hipóxia tecidual, aumento do PCO2 e diminuição do pH, vasodilatação e
edema cerebral.

Pacientes que apresentam hemorragia cerebral, lesão isquêmica cerebral, infecção do sistema
nervoso central (SNC), dentre outros, estão propensos a desenvolver a condição da HIC e
precisam de intervenção imediata por meio da monitorização da PIC para que se possa obter
informações referentes às alterações na fisiologia cerebral (VIANA; TORRE, 2017).

A Figura 13 apresenta o algoritmo de tratamento da hipertensão intracraniana na lesão


encefálica traumática grave.

Figura 13 – Algoritmo de tratamento de hipertensão craniana

Fonte: VIANA; TORRE, 2017.

Agora que já entendemos o problema que a HIC pode causar ao paciente, vocês conseguem
imaginar quais seriam as intervenções de enfermagem possíveis para esse caso? Muitas vezes
achamos que, em casos como esse, somente o médico conseguirá atuar de forma efetiva, porém
estamos enganados. Existem diversas intervenções que nós, enfermeiros, podemos fazer. A
seguir podemos observar algumas delas (VIANA; TORRE, 2017).
Utilizar um sistema de avaliação neurológica, como a Escala de Coma de Glasgow e o exame
neurológico; avaliar a presença ou ausência de reflexos pupilares; avaliar movimentos involuntários,
como convulsões espasmos ou resposta inapropriada da função motora.
Aplicar escala de avaliação padronizada pela instituição (Escala SAS, Escala de Ramsay, Escala
RASS), nos casos de sedação.
Avaliar pressão arterial, frequência e ritmos cardíacos, frequência e ritmos respiratórios,
temperatura, parâmetros hemodinâmicos, balanço hídrico, pressão venosa central (PVC) e diurese
(atentar para diabetes insípido).
Checar o sistema de monitorização da PIC, garantindo a precisão de leitura da curva e medida da PIC.
Avaliar sinais e sintomas de meningite e evitar tração ou compressão do sistema de drenagem; na
presença de derivação ventricular externa: anotar aspecto e volume do LCR na câmara de
gotejamento do sistema de drenagem; checar o zero do sistema de drenagem; checar na prescrição
médica a altura da câmara de gotejamento em relação ao meato auditivo externo (geralmente de 10 a
15 cm), não elevar ou abaixar a cabeceira do leito sem fechar o sistema de drenagem e sem
reposicionar a câmara de gotejamento.
Documentar a medida da PIC e PPC de 1/1 hora até estabilização, de 2/2 horas, se PIC estável.
Manter a cabeceira do leito em 30º. Na presença de hipotensão arterial, pode ocorrer diminuição da
PPC, vasodilatação e aumento da PIC, caso a cabeceira do leito seja mantida em 30º. Discutir com o
médico o posicionamento da cabeceira do leito.
Manter alinhamento mento-esternal, evitando flexão do pescoço e rotação da cabeça.
Evitar manobras que aumentam a pressão intratorácica, levando à redução do retorno venoso pelas
veias jugulares e aumento da PIC, tais como: flexão do quadril, reflexo da tosse, reflexo do vômito ou
manobras de Valsava (principalmente durante evacuação).
Avaliar parâmetros do ventilador, ausculta pulmonar, posicionamento da cânula traqueal e raio X de
tórax. Nos casos de uso da pressão positiva no final da expiração (PEEP), avaliar repercussões sobre
PIC, pressão arterial, PVC e débito urinário, se ventilação mecânica.
Avaliar gasometria arterial, principalmente pH, paO2 e PaCO2 ou monitorar a oxigenação com
oximetria de pulso.
Manter via aérea permeável; aspiração traqueal deve ser realizada de 10 a 15 segundos, com prévia
hiperventilação e aumento da FiO2.
Avaliar exames laboratoriais, principalmente Na+ sérico e urinário e osmolalidade; acompanhar
diariamente os resultados dos laudos dos exames de imagem.
Trocar diariamente os curativos de inserção do cateter de monitorização da PIC e/ou drenagem
ventricular externa ou drenagem lombar externa, conforme rotina da unidade; observar sinais de
infecção e extravasamento de líquor peri-cateter.
Avaliar sinais e sintomas de infecção do sistema nervoso central, como: hipotermia, cefaleia, rigidez
de nuca, fotofobia, alteração de humor, elevação dos leucócitos e sinal de Kernig e Brudzinski
positivo.
Instituir medidas de prevenção para lesão por pressão, se não houver contraindicação por aumento
da PIC.
Utilizar métodos de prevenção da trombose venosa profunda, movimentação ativa ou passiva, ou
botas de compressão pneumática intermitente.
Realizar propedêutica abdominal, avaliar o posicionamento da sonda enteral e a aceitação da dieta
administrada de forma contínua ou intermitente; avaliação de eliminação intestinal.
Avaliar a capacidade de o paciente mastigar e deglutir, com dieta pastosa. Na presença de disfagia,
discutir avaliação do fonoaudiólogo e nutricionista para dieta por via oral ou enteral. Na presença de
disfagia, há um risco maior para pneumonia aspirativa.
Videoaula - Tipos de trauma e suas implicações (parte II)

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3 Traumatismo torácico

3.1 Fisiopatologia

Antes de iniciar o assunto propriamente dito, vamos só relembrar os principais órgãos que
compõem nossa caixa torácica:

Figura 14 – Órgãos da caixa torácica

Fonte: <img.pebmed.com.br [https://img.pebmed.com.br/wp-


content/uploads/2017/03/sistema-circulatorio-628x330.jpg] >.

Na Figura 14, podemos relembrar que os pulmões e o coração são os principais órgãos
presentes, então, qualquer trauma acometido nessa região pode gerar graves consequências,
além do que existe a presença de vasos sanguíneos bastante calibrosos (artéria aorta, veias
cavas, artéria pulmonar). Agora, vamos entender um pouco mais sobre esse tipo de lesão
traumática.

As lesões que acometem o tórax, chamadas de lesões torácicas traumáticas (LTT) apresentam
cerca de 20 a 25% de mortalidade, o que comprova a sua significativa gravidade. Esse tipo de
trauma costuma acometer, principalmente, a população economicamente ativa, os jovens, e é
uma causa importante de mortes evitáveis. As lesões podem ocasionar alteração da mecânica
respiratória ou problemas circulatórios e podem ser classificadas em dois grupos: fechadas
(quando atingem a parede, pleura e os pulmões) ou perfurantes (quando atingem os pulmões).
Lesões perfurantes são uma das principais causas de óbitos de pacientes com lesões
multissistêmicas. Tal fato relaciona-se à ruptura de grandes vasos, do coração e da árvore
brônquica (VIANA; TORRE, 2017).
Existem diversos achados clínicos que podem ser identificados em pacientes vítimas de trauma
torácico, e isso se deve à presença de órgãos alvo, vasos sanguíneos calibrosos e, em nível de
gravidade, ao mecanismo traumático e sua intensidade. As complicações que falaremos a seguir
são dependentes desses fatores externos.

3.2 Complicações

3.2.1 Complicações respiratórias

A contusão pulmonar, principal causa de morte decorrente do trauma torácico, pode ocorrer
tanto em casos de trauma fechado quanto em casos de trauma aberto. É uma lesão
parenquimatosa que pode ocorrer por impacto direto, por exemplo quando o tórax do paciente se
choca contra o volante ou a porta do automóvel, ou por arma de fogo. Essa complicação se
manifesta, como Viana e Torre (2017) descrevem, por meio de dano intersticial e alveolar, com
presença de sangue e edema, sem haver, no entanto, ruptura significativa das paredes alveolares.

Outra complicação que pode ocorrer é o pneumotórax. Este não compromete o pulmão
diretamente, mas altera a mecânica respiratória. É comumente associado à fratura de costelas,
mas pode estar associado a traumas contusos e fechados. Manifesta-se por meio da diminuição
gradual da pressão parcial de oxigênio, provocando desconforto respiratório que fica
comprovado pelo uso da musculatura acessória, batimento da asa do nariz e, em alguns casos,
cianoses de extremidades. Além desse desconforto, os pacientes costumam relatar dor torácica
associada à dispneia (ANNES; FILHO, 2015).

Um fator importante que sempre devemos nos lembrar é que, em pacientes idosos, essas
complicações costumam ser mais exacerbadas do que em pacientes jovens, pela própria
constituição corporal. Além do mais, se já existe uma doença pulmonar prévia, as complicações
serão ainda mais acentuadas.

3.2.2 Complicações circulatórias

Como consta na Figura 14, podemos observar que o coração faz parte da caixa torácica, sendo
nítida a quantidade de vasos que também está presente, o que nos permite entender o quão
grave pode ser um trauma nessa região.

Annes e Martins Filho (2015) falam que a circulação pode ser prejudicada por:

sangramento;
diminuição do retorno venoso;
lesão cardíaca direta.
Figura 15 – Complicações circulatórias

Fonte: Pexels/Pixabay.com

E o que pode acontecer quando ocorrem essas situações?

Quando há um sangramento ativo é muito importante que seja imediatamente controlado, pois a
perda maciça de sangue leva ao quadro de choque hipovolêmico hemorrágico, desencadeando
uma cascata de eventos hemodinâmicos como a diminuição do retorno venoso e,
consequentemente, a diminuição do débito cardíaco. Esses eventos fazem a bomba cardíaca
diminuir seu potencial contrátil, podendo ocasionar arritmias cardíacas e, em casos mais graves,
levar ao óbito (ANNES; FILHO, 2015).

Segundo Vianna e Torre (2017), a contusão torácica é uma condição cujo diagnóstico depende
da busca sistemática do comprometimento cardíaco em todo paciente vítima de trauma torácico
grave, podendo variar desde lesões miocárdicas assintomáticas até a ruptura cardíaca com
indicação para toracotomia de emergência.

A avaliação inicial e contínua é essencial para pacientes com trauma cardíaco, pois contribui
para a identificação das diferentes causas potenciais relacionadas à contusão miocárdica.

3.3 Traumatismo abdominal


3.3.1 Fisiopatologia

A Figura 16 mostra alguns dos principais órgãos que compõem a região abdominal, como o
fígado, estômago, intestino delgado/grosso, cólon, vesícula biliar, bexiga e os vasos sanguíneos.
Figura 16 – Órgãos da região abdominal

Fonte: <https://infomediasolutions.medicalillustration.com
[https://infomediasolutions.medicalillustration.com/imagescooked/23214W.jpg] >.

Como podemos ver, existem diversos órgãos e, consequentemente, quando um é lesionado,


podem ocorrer diversas complicações.

As lesões traumáticas abdominais (LTA) costumam acometer principalmente a população jovem


e têm uma alta taxa de mortalidade, o que está diretamente associado às complicações que
podem ser desenvolvidas (VIANA; TORRE, 2017).

Ribas et al. (2008) classificam esse trauma em dois tipos principais, abertos ou fechados. No
aberto existe solução de continuidade da pele, são subdivididos em penetrantes e não
penetrantes e são usualmente causados por armas de fogo ou armas brancas; enquanto que no
fechado, também denominado contusão abdominal, a pele está íntegra, sendo que os efeitos do
agente agressor são transmitidos às vísceras através da parede abdominal, ou se dão por
contragolpe ou desaceleração, sendo ocasionados na maioria das vezes por acidentes
automobilísticos.

3.3.2 Complicações

Vimos que qualquer órgão que esteja presente na região abdominal pode ser lesionado, e essas
lesões podem ocasionar ruptura de vísceras ocas e/ou parenquimatosas.

Quando ocorre a ruptura de vísceras ocas automaticamente acontece a saída de secreções


digestivas, seja suco gástrico, bile, fezes ou urina, e essas secreções entram em contato com o
peritônio, levando ao quadro de peritonite (RIBAS et al., 2008).

A peritonite, como toda inflamação, possui alguns sinais e sintomas característicos que, ao
exame físico, podem ser identificados e tratados com agilidade. Logo, o profissional de
enfermagem deve estar preparado para admitir esse tipo de paciente e ter esse olhar
diferenciado. Os principais sintomas envolvem dor abdominal aguda e hipersensibilidade
abdominal intensa, com acentuada piora quando realiza algum tipo de movimentação; febre e
calafrios também são sintomas presentes, apesar de não serem exclusivos. O tratamento rápido
e eficaz é fundamental para o bom prognóstico do paciente.

Quando ocorre a ruptura de vísceras parenquimatosas, é imediato o surgimento de perda


sanguínea, evento que, se não controlado, pode evoluir para hemorragias significativas e choque
hipovolêmico. Muitas vezes o choque hipovolêmico hemorrágico é detectado, porém, não se
sabe a causa real. Isso costuma ocorrer em casos de traumas fechados, o que dificulta um
pouco mais o manejo do paciente. Por isso, mais uma vez, é de extrema importância a avaliação
geral do paciente com foco em fazer o diagnóstico da presença de lesão abdominal (PEREIRA et
al., 2007).

O exame físico abdominal deve ser feito de forma minuciosa, sempre com muita atenção durante
a fase de inspeção, observando as faces anterior e posterior, o formato, a presença de cicatriz, de
escoriações, hematomas e lesões abertas. A presença de algum desses tipos de lesões pode
sugerir a ocorrência de um evento traumático e deve ser bem analisada (PEREIRA et al., 2007).
Os órgãos da cavidade abdominal são cercados e apoiados por uma membrana de duas camadas
chamada de peritônio. Essa camada protege a cavidade abdominal. Peritonite é a inflamação do
peritônio, que, se não tratada, pode evoluir para a sepse e, consequentemente, para óbito.

Videoaula - Tipos de trauma e suas implicações (parte III)

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3.4 Traumatismo raquimedular

3.4.1 Fisiopatologia

O trauma raquimedular (TRM) pode ser entendido, de acordo com Sousa et al. (2013), como uma
agressão à medula espinhal que pode ocasionar danos neurológicos, tais como alterações da
função motora, sensitiva e autônoma, ocorrendo predominantemente nos homens em idade
produtiva.

O TRM é causado, na maioria dos casos, por eventos traumáticos ou politraumáticos, como
queda de altura ou mergulho, acidente automobilístico, acidentes esportivos, atos de violência
como perfurações por arma de fogo ou armas brancas, dentre outros. As consequências desses
eventos podem acarretar em lesões transitórias ou permanentes, dependendo dos tecidos
afetados durante o trauma (SOUSA et al., 2013).
As lesões que se desenvolvem após o trauma podem ser divididas em dois grupos: lesões
primárias e lesões secundárias. As lesões primárias são aquelas que ocorrem imediatamente
após o trauma, em virtude da energia cinética do evento, e desenvolvem-se por mecanismos
como, segundo Defino (1999), rompimento dos axônios, lesão das células nervosas e a rotura
dos vasos sanguíneos, que ocasionam hemorragia e edema.

Já as lesões secundárias, como o próprio nome já sugere, são posteriores às primárias. Por
causa do edema que foi formado, como Delfino (1999) cita, ocorre a redução do fluxo sanguíneo
para o segmento lesado da medula que conduz a lesão adicional, denominada de lesão
secundária. Esse processo acaba ocasionando edema das fibras nervosas, podendo evoluir para
quadros isquêmicos, hipóxicos e hemorrágicos (DEFINO, 1999).

Antes de continuarmos, vamos observar a Figura 17 para que possamos relembrar a quantidade
de vértebras e quais são suas divisões.
Figura 17 – Vértebras

Fonte: <image.slidesharecdn.com/medulaespinhal [http://image.slidesharecdn.com/medulaespinhal-


130821205516-phpapp01/95/medula-espinhal-4-638.jpg?cb=1377118597] >.

No Quadro 5, podemos entender um pouco melhor os principais efeitos da lesão na medula


espinhal, e, de forma ainda mais didática, os efeitos de acordo com o segmento que foi afetado.

Quadro 5 – Efeitos da lesão na medula espinhal


Principais efeitos da lesão na medula espinal por segmento

Região
da
lesão Efeito

C1 a C5 Paralisia dos músculos utilizados na respiração e de todos os músculos dos membros


superiores e inferiores.

C5 a C6 Paralisia das pernas, discreta capacidade de flexão dos membros superiores.

C6 a C7 Paralisia dos membros inferiores e parte dos punhos e das mãos. Movimentos dos ombros e a
flexão do cotovelo estão relativamente preservados.
Principais efeitos da lesão na medula espinal por segmento

Região
da
lesão Efeito

C8 a T1 Paralisia dos membros inferiores e do tronco, ptose palpebral, ausência de sudorese na fronte
(síndrome de Homer), braços relativamente normais, mãos paralisadas.

T2 a T4 Paralisia dos membros inferiores e do tronco, perda de sensibilidade abaixo dos mamilos.

T5 a T8 Paralisia dos membros inferiores e da parte inferior do tronco, perda da sensibilidade abaixo da
caixa torácica.

T9 a T11 Pernas paralisadas, perda da sensibilidade abaixo da cicatriz umbilical.

T12 a L1 Paralisia e perda da sensibilidade abaixo da virilha.

L2 a L5 Diferentes padrões de fraqueza e entorpecimento dos membros inferiores.

S1 a S2 Diferentes padrões de fraqueza e entorpecimento dos membros inferiores.

S3 a S5 Perda do controle da bexiga e dos intestinos, entorpecimento do períneo.

Fonte: VIANA; TORRE, 2017.

Sabemos que a enfermagem é a parte da equipe multidisciplinar que fica mais tempo ao lado do
paciente durante o seu tratamento, logo, é imprescindível que toda a equipe tenha conhecimento,
habilidade e prática para lidar com pacientes que tenham esse quadro. Saber identificar as
possíveis complicações decorrentes do TRM é de extrema importância e deve ser o objetivo de
todos. Trabalhando dessa forma e com esse intuito, pode-se diminuir o tempo de internação do
paciente e, consequentemente, antecipar sua ida para casa, além de melhorar sua adesão ao
tratamento e a sua autoconfiança (VIANA; TORRE, 2017).

Figura 18 – Equipe multidisciplinar

Fonte: Luis Melendez/Unsplash.com


Os diagnósticos de enfermagem relacionados ao paciente com TRM podem ser selecionados de
acordo com a anamnese feita pelo enfermeiro no início do atendimento, com isso, podemos mais
uma vez entender a importância do atendimento inicial e de uma boa coleta de dados. Viana e
Torre (2017) apresentam alguns dos diagnósticos que podem ser escolhidos: risco de aspiração,
risco de padrão respiratório ineficaz, ventilação espontânea prejudicada, risco de disreflexia
autonômica e risco de síndrome do desuso.

Vejamos agora as principais intervenções de enfermagem que podem ser realizadas quando se
tem um paciente com traumatismo raquimedular (VIANA; TORRE, 2017).

Realizar avaliação neurológica, com ênfase na avaliação motora, sensitiva e esfíncteres vesical e
intestinal.
Monitorar os sinais vitais, observando sinais de choque espinhal e disreflexia autonômica; atentar
para frequência respiratória e saturação de O2, pois o paciente tem risco de insuficiência respiratória
na fase aguda da lesão medular; monitorar a dor.
Manter decúbito zero e alinhamento da coluna vertebral. O decúbito pode ser alterado conforme a
estabilidade da coluna vertebral e a orientação médica.
Prestar cuidados de enfermagem ao paciente com intubação orotraqueal e em ventilação mecânica
ou com traqueostomia.
Estimular a tosse e a respiração profunda, prevenindo atelectasia e pneumonia.
Manter sonda vesical de demora, para diminuir a distensão da bexiga. Logo que possível, substituir a
sonda vesical de demora pelo cateterismo vesical intermitente a cada quatro ou seis horas,
dependendo do volume urinário. Este nunca deve ser superior a 500 ml; adequar o horário do
cateterismo para um volume urinário de 400 ml.
Manter sonda nasogástrica aberta durante o período de íleo paralítico, evitando a distensão
abdominal e a aspiração. Após o retorno dos ruídos hidroaéreos, o paciente deve se alimentar
inicialmente com dieta líquida até a dieta geral. Atentar para uma dieta rica em fibras e ingesta
hídrica de 2.000 a 2.500 ml.
Iniciar medidas de prevenção para lesão por pressão conforme rotina da unidade, caso não haja mais
instabilidade da coluna vertebral e com prescrição médica. Atentar para a mudança de decúbito em
bloco, mantendo o alinhamento da coluna vertebral, evitando flexão e torção da coluna.
Fazer curativo ao redor dos pinos do halo com solução fisiológica a 0,9% e antisséptico diariamente, e
observar a presença de sinais e sintomas de infecção; verificar sinais de pressão na parte posterior
da cabeça, massagear periodicamente com o cuidado de não mover o pescoço.
Prevenir constipação intestinal: estabelecer um horário para evacuação, de preferência de 15 a 20
minutos após a refeição; no caso de constipação, utilizar supositório ou enema; na presença de fezes
endurecidas, é necessário que haja a sua remoção manual por toque retal, seguido ou não de enema.
Atentar para o risco de hipotensão ortostática, principalmente em lesões acima de T7, caso seja
liberada a mobilização fora do leito. Utilizar meias elásticas antes de mobilizar o paciente. Mudar
lentamente, das posições inclinada para a sentada e ereta.

Existe ainda uma outra classificação com base nas lesões decorrentes do TRM, que são as
lesões completas e lesões incompletas. Vocês conseguem imaginar o que seria uma lesão
completa? Vamos entender: lesão completa é aquela em que existe ausência de sensibilidade e
função motora nos segmentos sacrais baixos da medula espinhal. Por conseguinte, a lesão
incompleta ocorre nas situações em que é observada preservação parcial das funções motoras
abaixo do nível neurológico e inclui os segmentos sacrais abaixo da medula espinhal (DEFINO,
1999). É em decorrência desses tipos de lesões que surgem as complicações.

Figura 19 – Coluna vertebral

Fonte: kalhh/Pixabay.com

As funções autônomas estão relacionadas ao controle da vida vegetativa, ou seja, ao controle das
funções como a respiração, circulação sanguínea, controle de temperatura e digestão.

3.4.2 Complicações

Choque medular
Sousa et al. (2013) explicam as principais complicações decorrentes desse tipo de trauma,
começando com o choque medular, que é um estado de completa arreflexia da medula espinhal
que ocorre após o traumatismo grave na medula.
O choque pode acontecer imediatamente após o trauma sofrido pela medula espinhal, e os
principais sintomas que esse paciente apresentará são a perda total de sensibilidade dos
movimentos e do reflexo bulbo cavernoso. É notório que esses sintomas são decorrentes do
trauma, em razão do fato de que, em situações normais, esses sintomas não estariam presentes.
Essa ausência de sensibilidade ocorre mesmo em lesões que não são completas e permanentes,
então, é muito importante estar atento à sintomatologia do paciente e sempre acompanhar sua
evolução, observando se houver retorno do reflexo do bulbo cavernoso, pois é um indicativo do
término do choque medular, o que implicará uma avaliação real da lesão neurológica. (SOUSA et
al., 2013).

Trombose venosa profunda (TVP)


A autora também explica sobre a TVP. A incidência é considerada alta (13,6%) em pacientes
vítimas de choque medular em virtude da imobilidade que apresentam. As extremidades
inferiores costumam ser as mais prejudicadas, nesse caso, por causa do acúmulo sanguíneo
ocasionado pela vasodilatação e pelo fato de o paciente estar com a mobilidade prejudicada.
Esse acúmulo sanguíneo transforma-se em coágulos, chamados de trombos, que impedem a
passagem da circulação sanguínea naquele local (SOUSA et al., 2013).

Pacientes que apresentam TVP muitas vezes são assintomáticos, dificultando o diagnóstico da
doença. Um exame simples que pode ser feito e que ajuda na suspeita do diagnóstico é a
mensuração da circunferência da panturrilha, pois os membros inferiores são os mais afetados.
Logo, a prevenção pode ser realizada com uso de anticoagulantes, sendo competência do
médico fazer a prescrição, e competência da equipe de enfermagem fazer a aplicação no local e
na hora corretos. Além da profilaxia medicamentosa, existe a não medicamentosa com o uso de
meias elásticas.

Pneumonia
A pneumonia continua sendo uma considerável causa de morte em pacientes com tetraplegia ou
paraplegia, em razão da paresia que acomete o diafragma e os músculos intercostais. Com a
paralisação desses músculos, ocorre uma dificuldade em eliminar secreções. A equipe da
enfermagem ou da fisioterapia terá de realizar aspiração das vias aéreas, contribuindo para um
aumento do risco de o paciente desenvolver alguma infecção respiratória, como a pneumonia
(SOUSA et al., 2013).

Lesão por pressão


Primeiramente, devemos lembrar que o termo Úlcera por Pressão não é mais utilizado, tendo sito
atualizado em 2016 pela Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST). O termo correto,
desde então, é lesão por pressão.
Para explicar o que é a lesão por pressão, Caliri et al. (2016) definem que:

Lesão por pressão é um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre

uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou a outro artefato. A lesão

pode se apresentar em pele íntegra ou como úlcera aberta e pode ser dolorosa. A lesão ocorre como

resultado da pressão intensa e/ou prolongada em combinação com o cisalhamento. A tolerância do

tecido mole à pressão e ao cisalhamento pode também ser afetada pelo microclima, nutrição,

perfusão, comorbidades e pela sua condição.

Figura 20 – Cuidado na enfermagem

Fonte: freepik/Freepik.com

Sabemos que o aparecimento desse tipo de lesão está relacionado, também, com a falta de
cuidados de enfermagem. Devemos estar bastante atentos ao risco que paciente vítimas de TRM
tem de desenvolver esse tipo de lesão. Sabendo disso, o enfermeiro deve fazer a prescrição de
enfermagem com cuidados direcionados a cada paciente, com o intuito de minimizar o
desenvolvimento dessas lesões.

Os cuidados irão depender da especificidade que o paciente possui. Pacientes que deambulam
sem auxílio, pacientes jovens ou adultos independentes, terão cuidados direcionados para a
continuidade dessa independência; já os pacientes acamados, idosos, deverão ter outro tipo de
cuidado, pois são pacientes dependentes da equipe de enfermagem. Os principais cuidados são:
mudança de decúbito de 2/2h; aliviar proeminências ósseas; na hora do banho, sempre observar
atentamente qualquer sinal de hiperemia na pele do paciente; e hidratar a pele com cremes.

A enfermagem atua de forma ativa em diversos processos durante o cuidar. É preciso ter
atenção, conhecimento e uma visão holística para que o paciente obtenha seu devido
tratamento.
3.5 Lesões traumáticas e suas implicações na enfermagem

Como já mencionado, a enfermagem atua 24h atendendo ao paciente e é necessário ir além de


um olhar diferenciado, tendo conhecimento para lidar com os diversos tipos de situações que
surgem.

A utilização da SAE mostra-se a mais eficiente solução para a atuação da enfermagem no


cenário de alta complexidade. A equipe de enfermagem, em especial o enfermeiro, tem grande
importância nos cuidados destinados a pacientes com lesões traumáticas.

Além de ser necessário um olhar humanizado e holístico, é essencial que o profissional seja
capacitado tanto na parte teórica quanto prática para que possa realizar intervenções adequadas
e apropriadas com o objetivo de estabilização da vítima e a não ocorrência de complicações e
futuras sequelas.

Figura 21 – Conhecimento teórico

Fonte: freepik/Freepik.com

Falando sobre a parte teórica, Viana e Torre (2017) comentam que é imprescindível o
levantamento dos dados de enfermagem para a identificação do diagnóstico e o planejamento
das intervenções de enfermagem. A precisão desse levantamento de dados e a habilidade do
enfermeiro de interpretar seu significado e tomar as decisões foram a fundamentação central da
prática da enfermagem diante das lesões traumáticas.

O Quadro 6 apresenta duas etapas da SAE de forma bem simples e acessível, sendo uma
competência do enfermeiro diagnósticos de enfermagem A partir dos diagnósticos identificados,
existem intervenções de enfermagem que podem ser realizadas por toda a equipe de
enfermagem (VIANA; TORRE, 2017).

Quadro 6 – Diagnósticos de enfermagem e suas possíveis intervenções


Principais rótulos diagnósticos de enfermagem e suas possíveis intervenções

Diagnósticos de
enfermagem Intervenções de enfermagem Justificativa

Dor aguda utilizar escala para avaliar o a dor promove alterações


limiar da dor; hemodinâmicas extremamente
verificar a presença de importantes como a taquicardia,
taquicardia e taquipneia; a frequência respiratória
verificar assincronia com o alterada, o aumento da PIC, o
ventilador mecânico; aumento do consumo de
administrar analgésico conforme oxigênio, além de queda da
prescrição; saturação do oxigênio;
avaliar o efeito do analgésico a ansiedade, a inquietude no leito
após 30 minutos de sua e a assincronia com o ventilador
administração; podem ser sinais de dor;
atentar para expressão facial de a cefaleia é um sintoma
dor se o paciente estiver alerta; frequente do paciente com HIC.
ouvir o relato verbal de dor, se
paciente consciente.

Risco para verificar PIA rigorosamente; a HIA é a PIA de 12-25 mmHg,


perfusão verificar presença de cianose e confirmadas por três
gastrointestinal dispneia; mensurações realizadas com
prejudicada verificar resultados intervalos de quatro a seis horas;
hemogasômetros; recomenda-se a verificação de
manter cabeceira zero grau no PIA em todos os pacientes com
momento de aferir a PIA; lesões traumáticas graves.
observar e anotar eliminação
intestinal;
avaliar oximetria de pulso;
avaliar nível de consciência.

Risco de glicemia realizar rodízio entre os dedos a hiperglicemia está associada


instável para fazer glicemia capilar; ao mau prognóstico nos
mensurar glicemia capilar; pacientes com HIC e outras
atentar para sinais de lesões traumáticas;
hipo/hiperglicemia; recomenda-se manter a glicose
administrar insulina conforme abaixo de 180 mg/dl, com doses
protocolo instituído; de insulina regular para controle
administrar glicose conforme glicêmico.
protocolo instituído.
Principais rótulos diagnósticos de enfermagem e suas possíveis intervenções

Diagnósticos de
enfermagem Intervenções de enfermagem Justificativa

Risco de infecção manter o sistema da PIC íntegro o curativo deve ser trocado
e estéril; diariamente com SF 0,9% e
quando for zerar a PIC, realizar a antisséptico, conforme
antissepsia das torneirinhas com recomendação do CCHI,
clorexidina alcoólica a 0,5%; observando-se sempre se não há
lavar as mãos antes e após cada a presença de sinais flogísticos
procedimento com o paciente; perinserção;
manter a troca do curativo de se a montagem for feita com a
inserção do dreno de forma monitorização da PIC do sistema
asséptica; de drenagem, verificar a cor do
realizar todas as técnicas conteúdo drenado.
invasivas de forma asséptica;
seguir as normas da CCIH.

Risco de realizar frigoterapia; a hipertermia aumenta o


desequilíbrio na administrar antitérmicos metabolismo cerebral e,
temperatura conforme prescrição; consequentemente, promove a
corporal monitorar rigorosamente a elevação do FSC e da PIC;
temperatura corporal; a presença de tremores aumenta
avaliar a presença de tremores; o metabolismo e a PIC.
controlar a temperatura do
ambiente;
limitar o uso de cobertores;
monitorar balanço hídrico
rigoroso.

Confusão aguda avaliar o nível de consciência recomenda-se manter a SpO2


aplicando Escala de Coma de acima de 90% para evitar
Glasgow; hipoxemia;
avaliar a oximetria pela a crise convulsiva pode
oxiemoglobina; contribuir para o aumento da
avaliar as pupilas utilizando o PIC, se a confusão mental não for
pupilômetro; controlada;
avaliar a instabilidade recomenda-se manter a glicemia
hemodinâmica; dos pacientes entre 150 e 180
manter as grades do leito mg/dl.
elevadas;
controlar alucinações e delirium;
promover supervisão e
segurança;
controlar os sinais de convulsão;
realizar controle glicêmico.
Principais rótulos diagnósticos de enfermagem e suas possíveis intervenções

Diagnósticos de
enfermagem Intervenções de enfermagem Justificativa

Comunicação chamar o paciente pelo nome; o rebaixamento do nível de


verbal prejudicada utilizar frases curtas e simples consciência, a sedação e o
para se comunicar com o próprio coma dos pacientes com
paciente; HIC impossibilitam a
ensinar o paciente a se comunicação verbal, porém a
comunicar de forma não verbal audição, independentemente da
quando consciente; gravidade, é o sentido que se
estimular a comunicação por mantém preservado, sendo
gestos, mímica, escrita, olhares; necessário o respeito e o
evitar comentários estímulo com o objetivo de
desnecessários. contribuir com a recuperação
neurológica.

Capacidade avaliar o nível de consciência recomenda-se monitorar a PIC,


adaptativa aplicando a Escala de Coma de com resultados abaixo de 200
intracraniana Glasgow; mmHg, PPC <65 mmHg, PAM de
diminuída avaliar tamanho e 60-110 mmHg, PVC de oito a 12
fotorreatividade das pupilas cmH2O.
(escala pupilômetro).
Principais rótulos diagnósticos de enfermagem e suas possíveis intervenções

Diagnósticos de
enfermagem Intervenções de enfermagem Justificativa

Risco de perfusão monitorar rigorosamente PIC e recomenda-se não apertar os


tissular cerebral PPC; cadarços do TOT e TQT, para
ineficaz monitorar sinais vitais e PAM; facilitar a drenagem do sangue
atentar-se à presença de venoso pelas veias jugulares;
taquiarritimias; quando isso não ocorre, é
manter a cabeceira a 30º; possível contribuir com o
manter a cabeceira alinhada e aumento da PIC;
centralizada ao corpo (posição excesso das atividades de
neutra); enfermagem em um curto
avaliar presença de alteração no período, como banho, aspiração,
campo visual; mudança de decúbito, punção
manter fixação de tubo venosa, entre outras, pode
endotraqueal e traqueostomia contribuir com o aumento da PIC
sem apertar a região cervical; e do FSC;
observar sinais de convulsão a pressão parcial do gás
(focal ou tônico-clônico); carbônico (PaCO2) aumentada
retirar colar cervical se o contribui com o aumento da PIC;
paciente estiver sedado; a pressão parcial de oxigênio
manter colar cervical em (PaCO2) <50 contribui com o
pacientes agitados e ao aumento da PIC;
manipulá-los; paciente com crises convulsivas
manter SVD, com boa drenagem; diante da HIC pode apresentar
manter ambiente calmo e aumento da PIC, o que agrava o
tranquilo; quadro clínico.
realizar higiene oral
rigorosamente com clorexidina
0,12%.

Ventilação avaliar padrão respiratório técnica não invasiva á beira do


espontânea rigoroso; leito para controle de oxigenação
prejudicada Troca coletar gasometria arterial; SpO2 <90% indica hipoxemia.
gasosa verificar perfusão tissular distal
prejudicada e cianose;
ofertar oxigenoterapia conforme
protocolo institucional;
avaliar sinais de
baro/volutrauma;
observar a utilização da
musculatura acessória, que pode
ser sinal de fadiga;
manter decúbito elevado 30 a 45º
para facilitar a mecânica
respiratória;
realizar ausculta pulmonar.
Principais rótulos diagnósticos de enfermagem e suas possíveis intervenções

Diagnósticos de
enfermagem Intervenções de enfermagem Justificativa

Risco para avaliar débito urinário rigoroso; garantir o controle dos ganhos
perfusão renal avaliar enzimas renais; pelas vias endovenosa e oral,
prejudicada controlar distúrbio além de promover os controles
hidroeletrolítico; das perdas;
verificar PVC; a hipervolemia deverá ser
avaliar presença de edema; controlada por meio da
atentar para a presença de mensuração da PVC, que deve ser
hematúria. mantida entre 8-12 mmHg.

Débito cardíaco monitorizar pressão arterial e recomenda-se manter


diminuído frequência cardíaca; normocardia e normotensão;
avaliar perfusão tissular de manter o controle das demandas
extremidade e cianose; metabólicas, pois elas
atentar à presença de alteração influenciam diretamente o
do nível de consciência; débito cardíaco.
controlar a presença de
hemorragias;
avaliar rigorosamente o débito
urinário.

FSC: fluxo sanguíneo cerebral; HIA: hipertensão intra-abdominal; HIC: hipertensão intracraniana; PAM:
pressão arterial média; PIA: pressão intra-abdominal; PIC: pressão intracraniana; PPC: pressão de
perfusão cerebral; SF: soro fisiológico; SVD: sonda vesical de demora; TOT: tubo orotraqueal; TQT:
traqueostomia.

Fonte: VIANA; TORRE, 2017.


Exercícios de fixação
A Escala de Coma de Glasgow (ECG) é utilizada para analisar o nível de consciência com o intuito
de definir o estado neurológico do paciente vítima de traumatismo cranioencefálico. O uso desse
recurso é importante, pois auxilia no prognóstico do paciente. Os pontos a serem avaliados por
essa escala são:

Resposta ocular, sensitiva e motora.

Resposta verbal, motora e sensitiva.

Resposta motora, verbal e ocular.

Resposta ocular, verbal e sensitiva.

Resposta sensitiva e motora.

O Trauma Raquimedular pode ser entendido como uma agressão à medula espinhal que pode
ocasionar danos neurológicos, tais como alterações da função motora, sensitiva e autônoma. Em
muitos casos, os pacientes tornam-se dependentes do cuidado de terceiros para a realização
das atividades de vida diária e, em consequência da diminuição da mobilidade, acabam
desenvolvendo Lesão por Pressão (LPP). Com base no enunciado, julgue o item a seguir em
Verdadeiro ou Falso.

Os principais cuidados de enfermagem a serem realizados para a prevenção do desenvolvimento


de lesão por pressão em pacientes dependentes são: realizar mudança de decúbito a cada duas
horas, aliviar proeminências ósseas, hidratar a pele com creme.

Verdadeiro Falso
UNIDADE 2

FILOSOFIA, DEMOCRACIA E
CIDADANIA
Conclusão:
Saber identificar o tipo de trauma que acomete o paciente é
fundamental para um cuidado direcionado e individualizado, com
o intuito de prevenir agravos e diminuir o tempo de internação
desse paciente.
UNIDADE 3

Complicações que acometem


o paciente traumatizado e as
respectivas intervenções de
enfermagem
Objetivos:
Abordaremos nesta unidade as principais intercorrências que
podem acometer o paciente traumatizado e quais cuidados de
enfermagem devem ser colocados em prática.

Videoaula - Complicações e intervenções de enfermagem (parte I)

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4 Complicações no paciente traumatizado

4.1 Estados de choque

Existem diversos tipos de traumas, e cada um deles proporciona um tipo de lesão dependendo
do local afetado. Em lesões traumáticas, a ocorrência de algum tipo de choque é algo esperado,
então, vamos entender o que é o estado de choque e depois discorrer sobre os seus tipos.

Figura 22 – Diferentes traumas e lesões

Fonte: Queven/Pixabay.com

O que seria, então, o choque? Martins, Brandão e Velasco (2018) explicam que choque é uma
síndrome caracterizada pela incapacidade do sistema circulatório de fornecer oxigênio aos
tecidos, o que pode levar à disfunção multissistêmica e morte.

Percebe-se, então, que o sistema circulatório fica imensamente prejudicado e, quando paramos
para avaliar a sua função básica, que é a de condução do volume sanguíneo para todo o corpo
(volume) pela sístole (contração) com ajuda da resistência vascular periférica, nota-se que
quando um desses componentes sofrem alteração, podem desencadear o choque.

PARA FIXAR:

As bases do tripé responsáveis pela perfusão de órgãos e sistemas:

conteúdo vascular (volemia, sangue);


contração miocárdica (débito cardíaco);
tônus vascular (resistência vascular periférica).
Quando ocorre uma hemorragia aguda, uma perda abrupta de sangue (conteúdo vascular),
acontece a ativação de quatro sistemas fisiológicos principais: Sistema hematológico; Sistema
cardiovascular; Sistema renal e Sistema neurológico. Esses sistemas são ativados com o intuito
de tentar controlar a homeostase do nosso corpo, tentando garantir a continuidade do seu bom
funcionamento.

Sistema hematológico: com a intenção de cessar a perda sanguínea, ativa a cascata de coagulação,
liberando ainda mais plaquetas e fazendo a contração dos vasos.
Sistema cardiovascular: por causa da hemorragia, ocorre a diminuição do volume sanguíneo e,
consequentemente, a diminuição da quantidade de oxigênio. Esse sistema, então, estimula o SNC,
fazendo que ocorra a liberação de catecolaminas (neurotransmissores) que provocam o aumento da
frequência cardíaca (FC) e a vasoconstrição periférica. Mas por que o sistema cardiovascular reage
dessa forma? Ele tem como objetivo dar continuidade à irrigação sanguínea do corpo, logo, aumenta
a FC e diminui a luz do vaso dos membros inferiores e superiores e de alguns órgãos que
considerados não nobres, com o intuito de preservar ao máximo os órgãos alvo. Em virtude desses
mecanismos e da ausência de sangue na periferia, a pele costuma ficar fria e pálida.

ATENÇÃO:

O choque distributivo é uma exceção a essa característica devido ao fato de não ocorrer a
vasoconstrição e, sim, vasodilatação exagerada.

Sistema renal: o sistema renina angiotensina androsterona (SRAA), destinado à regulação da pressão
arterial (PA), é ativado para melhorar a perfusão tecidual.
Sistema neurológico: atua aumentando a secreção do hormônio antidiurético (ADH); este, por sua vez,
promoverá um aumento da reabsorção de água e sal pelos rins e aumentará a resistência periférica,
para que a pressão arterial permaneça constante.

Podemos entender, com o que já foi mencionado, que o nosso corpo trabalha sempre com o
intuito de manter a homeostase. Agora, vamos compreender os tipos de choque.

ATENÇÃO:

Fonseca et al. (2011) comentam que o enfermeiro tem como meta aplicar o processo de
enfermagem para nortear a assistência, auxiliar no diagnóstico da causa base, solucionar e
minimizar as possíveis complicações do choque.

4.2 Choque hipovolêmico


4.2.1 Causas

Já mencionamos um pouco sobre esse tipo de choque. Mas, afinal, o que vem a ser o choque
hipovolêmico?

Fonseca et al. (2011) definem-no como um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio.
A diminuição do débito cardíaco, ocasionado pelo volume circulante ineficaz, resulta em oferta
inadequada de oxigênio aos tecidos.

Existem duas principais causas, são elas: causas hemorrágicas e não hemorrágicas. As causas
hemorrágicas podem ser relacionadas ao trauma ou não relacionadas ao trauma. Focaremos nas
relacionadas ao trauma em razão da temática da aula.

Figura 23 – Hemorragias

Fonte: <https://unsplash.com [https://unsplash.com/@lycan] >.

Sinais e sintomas
Se ocorre uma perda de líquidos, em muitos casos uma perda de grande quantidade de sangue,
os principais sintomas serão: pele fria, pegajosa, pálida e muitas vezes cianóticas, por causa da
ausência de sangue na periferia com o intuito de proteger os órgãos alvo; hipotensão arterial
provocada pela diminuição do volume circulante; em alguns casos, dependendo da gravidade,
ocorre uma alteração no nível de consciência do paciente pela falta de oxigenação cerebral.

4.2.2 Intervenções de enfermagem

No ambiente hospitalar, o objetivo terapêutico é a restauração do volume intravascular e da


perfusão/oxigenação tecidual, visando à reposição volêmica o mais rápido possível. É
fundamental monitorar o débito urinário (DU) e outros parâmetros de melhoria da perfusão
tecidual periférica (MARTINS; BRANDÃO; VELASCO, 2018).
Deve-se ter atenção redobrada para idosos e cardiopatas, que podem ter contraindicações para
receber grandes volumes, podendo evoluir para edema agudo de pulmão ou insuficiência
cardíaca descompensada.

Algumas observações sobre a reposição volêmica:

ringer lactato é preferível, pois em casos de grandes volumes, o soro fisiológico 0,9% pode causar
acidose hiperclorêmica (o soro é a combinação do Na com o Cl);
está contraindicado o uso de soluções glicosadas;
a expansão com coloides (albumina) mostrou-se tão benéfica quanto os cristaloides, porém de maior
custo.

A reposição volêmica engloba transfusão sanguínea em muitos casos. Quando for indicada, a
recomendação é que seja feita com o mesmo tipo sanguíneo da vítima, pelo risco de reações
adversas e incompatibilidade, mas caso não seja possível, caso seja uma emergência, usa-se
tipo “O” negativo, considerado doador universal.

Inicialmente, estão contraindicadas drogas vasoativas, ficando reservadas para os casos sem
resposta à reposição de volume. Nesse caso, será indicado noradrenalina com objetivo de
manutenção da pressão arterial (MARTINS; BRANDÃO; VELASCO, 2018).

4.3 Choque cardiogênico


4.3.1 Causas

As principais situações que podem ocasionar o choque cardiogênico são: infarto agudo do
miocárdio (IAM), arritmias cardíacas, evolução de insuficiência cardíaca prévia, miocardite e
choques elétricos. E o que vem a ser o choque cardiogênico? Pelas causas, já fica fácil imaginar
que é algum problema relacionado ao coração, certo? Martins, Brandão e Velasco (2018)
explicam que é caracterizado pela hipoperfusão sistêmica e hipotensão que se deve à grave
disfunção miocárdica, geralmente associado à edema pulmonar.

Devemos lembrar que existem alguns casos em que o paciente não apresenta disfunção
pulmonar, mas quando presente serve como um indicativo de problema cardíaco.

4.3.2 Sinais e sintomas

Pelo fato de a bomba cardíaca ter alguma falha, ocorre uma diminuição da quantidade de
oxigênio do sangue e hipotensão, como já mencionado, virando um ciclo vicioso e contribuindo
para uma lesão miocárdica progressiva. Alguns sintomas em resposta a hipotensão são:
taquicardia, na tentativa de compensar a queda da pressão arterial; palidez cutânea e
enchimento capilar lento; sudorese fria; taquipneia e insuficiência respiratória; turgência jugular;
alterações do estado de consciência (agitação, confusão, sonolência ou coma).

4.3.3 Intervenções de enfermagem

A principal intervenção de enfermagem é seguir a prescrição médica, pois o tratamento é


medicamentoso.

Existem algumas drogas vasoativas (noradrenalina, dopamina, dobutamina) que conseguem,


com o tempo, reverter o quadro. Deve-se lembrar que o cuidado de enfermagem durante a
infusão desse tipo de droga é primordial para a continuidade do tratamento desse paciente e que
a equipe de enfermagem deve sempre estar acompanhando de forma mais próxima pacientes
com quadros mais graves.

Figura 24 – Acompanhamento

Fonte: <https://unsplash.com [https://unsplash.com/@lycan] >.

Drogas vasoativas são indicadas para o suporte farmacológico de pacientes graves e sua ação
baseia-se na otimização, em curto e médio prazos, do débito cardíaco e do tônus vascular que
estão severamente comprometidos por condições clínicas desfavoráveis. São importantes para a
reversão de situações graves, melhorando o prognóstico dos pacientes em situações críticas
(PAIM et al., 2017).
Videoaula - Complicações e intervenções de enfermagem (parte
II)

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4.4 Choque distributivo

4.4.1 Choque neurogênico

Causas
Já vimos que o nosso corpo funciona em total harmonia para que danos ocorridos possam ser
reparados o quanto antes. Os sistemas se unem afim de manter a homeostase, e nesse tipo de
choque que estudaremos agora não é diferente.

As lesões ou traumas espinhais acarretam uma interrupção do sistema nervoso, fazendo que o
controle do sistema circulatório seja perdido e, por causa disso, ocorre a vasodilatação, que faz a
pressão do sistema circulatório cair, resultando em choque vascular. Quando isso acontece, os
órgãos deixam de receber o oxigênio necessário e, por isso, deixam de funcionar, criando uma
situação grave. O choque neurogênico é causado exatamente quando o sistema nervoso não
consegue controlar o calibre dos vasos sanguíneos, em virtude da lesão da medula espinhal. O
volume sanguíneo disponível é insuficiente para preencher todo o espaço dos vasos dilatados
(MARTINS; BRANDÃO; VELASCO, 2018).

Sinais e sintomas
No choque neurogênico ocorre uma profunda vasodilatação, extremidades quentes, na ausência
de taquicardia. Com isso, Viana e Torre (2017) enunciam os principais sinais e sintomas que o
paciente pode desenvolver, sendo eles hipotensão arterial, bradicardia, hipotermia, além de
paralisia flácida, anestesia, priaprismo e perda dos reflexos de micção e de evacuação.

Devemos lembrar que os sintomas de vítimas de trauma estarão relacionados ao nível da lesão
de cada paciente.

Intervenções de enfermagem
A enfermagem consegue atuar de diversas formas nesse tipo de choque. Por ser ocasionado por
uma lesão medular, é de extrema importância a mobilização correta desse paciente.

Ter profissionais treinados é fundamental para que não ocorra uma piora do quadro, pois se a
mobilização é realizada de forma errônea, a lesão pode se agravar, complicando ainda mais o
quadro do paciente.

Outra atuação da enfermagem é diz respeito ao uso correto das medicações que forem
prescritas. A prescrição médica deve sempre ser seguida de maneira precisa, principalmente a
administração de drogas vasoativas, como a noradrenalina e a adrenalina.

Figura 25 – Uso correto das medicações prescritas

Fonte: jaytaix/Pixabay.com

4.4.2 Choque séptico

Nomenclaturas e conceitos correlatos


Muitas pessoas, ainda hoje, ficam em dúvida sobre o que difere uma infecção sem disfunção do
conceito sepse e, mais ainda, o que faz que o choque séptico seja diferente da sepse. Por isso,
precisamos entender essas diferenças.
Infecção sem disfunção, como o próprio Instituto Latino Americano de Sepse (2018) define, é
uma infecção suspeita ou confirmada, sem disfunção orgânica, de forma independente.

PARA FIXAR:

Lembrem que sepse é uma infecção associada à disfunção orgânica decorrente de uma
resposta desregulada do organismo, com risco de vida.

O que muda do conceito da infecção sem disfunção para o conceito de sepse é que nesta existe
uma disfunção orgânica provocada. Já, o choque séptico se configura como: sepse associada à
HIPOTENSÃO (PAM <65mmHg) que persiste após ressuscitação com fluidos. Agora, vocês
conseguem imaginar como é importante e crucial a identificação rápida desses diagnósticos?

A equipe de enfermagem tem um papel importantíssimo para que os pacientes internados não
desenvolvam complicações, agravando ainda mais seus quadros. A identificação de sinais e
sintomas da sepse é crucial, pois cada hora de atraso na administração de antibioticoterapia, a
taxa de mortalidade aumenta 7,6%; e, nos casos confirmados de sepse, o enfermeiro, mediante
prescrição médica, é o responsável direto pela coleta de hemoculturas, devendo zelar para evitar
que esse procedimento não seja motivo de atraso na administração da antibioticoterapia (VIANA;
TORRE, 2017).

Causas
O que causa o choque séptico? O microrganismo que se encontra na circulação sanguínea lança
toxinas por toda sua extensão e, em resposta a isso, ocorre uma vasodilatação sistêmica,
criando uma desproporção entre o volume sanguíneo (conteúdo) e os vasos sanguíneos
(continente), tornando o volume sanguíneo escasso. No intuito de reverter esse quadro, o
coração tenta bombear o sangue mais rapidamente com a intenção de atingir todos os órgãos,
principalmente os órgãos alvo, aumentando assim a frequência cardíaca e o débito cardíaco.
Porém, se o volume sanguíneo não for restaurado, e se medidas urgentes não forem feitas, o
coração chega a um ponto de fadiga no qual se torna fraco e insuficiente para bombear o sangue
para o corpo, e o paciente desenvolve a síndrome de falência de múltiplos órgãos, podendo
evoluir a óbito.

Sinais e sintomas
Os sintomas do choque séptico passam por duas etapas: choque quente (fase hiperdinâmica) e
frio (fase hipodinâmica). No primeiro momento, os sinais e sintomas são decorrentes da
vasodilatação, e o paciente apresenta a pele quente e seca. Com a evolução da vasodilatação, o
plasma sanguíneo sai de dentro dos vasos, reduzindo o volume sanguíneo e gera sintomas
parecidos com o choque hipovolêmico. Pele fria e pegajosa; extremidades quentes e
ruborescidas; PA normal ou discretamente reduzida; taquicardia e pulsos amplos; febre;
taquipneia e alcalose respiratória e confusão mental são alguns dos sintomas.

Intervenções de enfermagem
As principais recomendações para a abordagem do paciente com sepse que devem ser
observadas pela enfermagem constam no Quadro 7.

Quadro 7 – Recomendações para a abordagem do paciente com sepse


Estabelecimento de metas para a abordagem do paciente com sepse grave

Pacote de 3h

Coleta de lactato sérico para avaliação do estado perfusional

Coleta de hemocultura antes do início da antibioticoterapia

Início de antibióticos de largo espectro, por via endovenosa, nas primeiras horas do tratamento

Reposição volêmica agressiva precoce em pacientes com hipotensão ou lactato acima de duas vezes o
valor de referência

Pacote de 6h (para pacientes com hiperlactatemia ou hipotensão persistente)

Uso de vasopressores para manter a pressão arterial média acima de 65 mmHg

Reavaliação do status volêmico e perfusional por meio de:


mensuração da pressão venosa central (PVC);
avaliação de responsividade a volume (desafio volêmico, delta de pressão de pulso, elevação de
membros inferiores ou compressibilidade de veia cava inferior);
mensuração de saturação venosa central de oxigênio (SvcO2), avaliação do tempo de enchimento
capilar, nível de consciência, diurese.

Reavaliação dos níveis de lactato em pacientes com hiperlactatemia inicial

Recomenda-se que a ressuscitação inicial seja feita com cristaloides – recomendação forte

Sugere-se o uso de albumina como parte da ressuscitação volêmica em pacientes que necessitem de
expansão com grande quantidade de cristaloides – recomendação fraca

Recomenda-se que o desafio hídrico inicial em pacientes com hipoperfusão seja feito com pelo menos 30
ml/kg de cristaloides (ou albumina). Pode ser necessária infusão rápida ou maior quantidade de volume
em casos selecionados – recomendação forte

Recomenda-se que a administração de fluidos seja mantida desde que haja melhora hemodinâmica,
avaliada tanto por parâmetros estáticos como dinâmicos – recomendação não graduada

Fonte: VIANA; TORRE, 2017


PARA FIXAR:

- Choque hipovolêmico: perda de líquidos.

- Choque cardiogênico: problema cardíaco.

- Choque neurogênico: lesão medular.

- Choque séptico: infecção ou bactéria.

4.5 Desidratação
4.5.1 Causas

Ainda dentro das complicações que acometem esses pacientes, há a desidratação. Podemos
entender esse processo como uma ingestão insuficiente ou a perda excessiva de líquidos que
pode afetar a função cardíaca e renal. Analisando essa definição, nota-se a importância de
manter um equilíbrio constante para um bom funcionamento corporal, ou seja, para que os
processos fisiológicos ocorram de forma adequada, mantendo a homeostase (VIANA; TORRE,
2017).

A homeostasia pode ser afetada por diversos fatores, e indivíduos que se encontram doentes já
são enquadrados nesse critério. Os pacientes hospitalizados estão expostos a uma série de
fatores e de condições que aumentam o risco de perda de água corporal, como por exemplo
infecções, febre, diarreia, vômitos, poliúria, dentro outros (VIANA; TORRE, 2017). No paciente
traumatizado não é diferente: o estado de choque pode levar à desidratação (MARTINS;
BRANDÃO; VELASCO, 2018).
Figura 26 – Desidratação

Fonte: jcomp/Freepik.com

4.5.2 Sinais e sintomas

A avaliação do nível de hidratação do paciente engloba três elementos principais: avaliação


clínica, o registro do balanço hídrico e as análises químicas do sangue. Vamos nos concentrar na
avaliação clínica, que é a etapa em que se pode observar bem os sinais e sintomas dessa
condição.

A sede é um dos primeiros e principais sintomas que o paciente costuma relatar e é algo, até
então, simples de ser resolvido quando o paciente se encontra consciente e orientado, tendo
condições de se comunicar. Logo, pacientes com nível de consciência alterado merecem uma
maior atenção por parte da equipe de enfermagem, pois somos nós os responsáveis pela
adequada hidratação desse paciente.

Além da sede, pode ocorrer o ressecamento das mucosas, e, por isso, a avaliação bucal é tão
importante e deve ser feita com regularidade. Caso essa situação inicial não seja resolvida,
desencadeará uma redução do volume sanguíneo, hipotensão e aumento de trabalho cardíaco
com o intuito de aumentar o débito cardíaco. Esse já é um caso considerado de maior gravidade
e deve ser imediatamente corrigido e controlado para que não ocorram consequências ainda
maiores para o paciente, como desmaios e o coma.

4.5.3 Intervenções de enfermagem

Devemos sempre lembrar que o enfermeiro deve ter conhecimento sobre o caso do paciente o
qual ele está avaliando. O papel da enfermagem é sempre de crucial importância para a
continuidade do tratamento, uma vez que estamos próximos ao paciente durante toda sua
internação. Temos sempre que entender que a principal ferramenta nesses casos é o
conhecimento.

Como podemos observar ao falar sobre os sinais e sintomas, a ingesta de água é de extrema
importância, e nós enfermeiros devemos estar atentos a todos os pacientes que se encontram
internados na UTI, principalmente pacientes que não conseguem se comunicar ou que estão com
alteração do nível de consciência. Devemos ofertar água de acordo com o quadro do paciente e
lembrarmos de perguntar se o paciente se encontra com sede. Outro fator importante é a
observação de eventuais perdas de líquidos que esse paciente possa ter, como vômito, diarreia,
poliúria, entre outros. Nesses casos, pode-se administrar alguma medicação para prevenir
futuras perdas ou até mesmo cessar o evento. Quando a desidratação se agrava e envolve
complicações sistêmicas, como a diminuição do volume sanguíneo, é necessário a infusão de
líquidos com o objetivo de repor os eletrólitos que foram perdidos (para isso precisamos da
presença do médico).
Exercícios de fixação
Complete o texto a seguir.

O choque é a intensa Selecione... da perfusão com isquemia tecidual Selecione... ,


causando um Selecione... entre a oferta e a demanda de oxigênio, evoluindo para a
Selecione... (falta de oxigênio). Se não revertido, leva à insuficiência Selecione...
generalizada.

A sepse é um estado em que pode ocorrer uma incapacidade do sistema circulatório em fornecer
fluxo sanguíneo adequado para atender às necessidades metabólicas dos tecidos e órgãos
vitais, causada por exacerbação da resposta inflamatória sistêmica, que resulta em incapacidade
de manter a pressão arterial e diminuição na perfusão sanguínea para os órgãos vitais. O choque
séptico é um subconjunto da sepse e é definido como a evolução do quadro do paciente com
sepse para:

Temperatura corporal acima de 38 °C de forma persistente

Hipotensão persistente

Distúrbios respiratórios persistentes

Náusea e vômitos persistentes

Taquicardia persistente
UNIDADE 3

Complicações que acometem


o paciente traumatizado e as
respectivas intervenções de
enfermagem
Conclusão:
Saber identificar os sinais e sintomas de choque que acometem o
paciente é fundamental para um cuidado direcionado e
individualizado, com o intuito de prevenir agravos e diminuir o
tempo de internação desse paciente.
UNIDADE 4

Vigilância, controle
medicamentoso e cuidados
de enfermagem para o
paciente traumatizado

Videoaula - Vigilância, controle medicamentoso e cuidados de


enfermagem (parte I)

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5 Monitorização dos sinais vitais
Depois de ter visto sobre os tipos de trauma e ter entendido as suas complicações, ficou fácil
compreender a importância da monitorização dos sinais vitais. Pereira et al. (1999, p. 424), por
exemplo, detalham a importância da monitorização hemodinâmica:

A monitorização hemodinâmica de pacientes críticos, internados em unidades de terapia intensiva,

faz parte, hoje, de uma rotina de atendimento que auxilia no diagnóstico de uma série de patologias

e permite uma avaliação sequencial de parâmetros hemodinâmicos, proporcionando uma melhor

visão longitudinal dos pacientes, com abordagens terapêuticas mais efetivas.


Figura 27 – Monitorização

Fonte: Anna Shvets/Pexels.com

Fazer esse acompanhamento contínuo dos sinais vitais do paciente é de extrema importância,
para estabelecer os padrões basais, observar tendências, identificar problemas fisiológicos e
monitorar a resposta do paciente. Logo, entender o que são esses sinais vitais e os seus valores
basais é necessário para que seja garantido o bom funcionamento dos sistemas que regem o
corpo humano (MARTINS; BRANDÃO; VELASCO, 2018).

Mas como você definiria sinais vitais? Viana et al. (2020) afirmam que sinais vitais são variáveis
que evidenciam as alterações do comportamento do organismo. Teixeira et al. (2015)
complementam que são indicadores do estado de saúde e da garantia das funções circulatória,
respiratória, neural e endócrina do corpo. Podem servir como mecanismos de comunicação
universal sobre o estado do paciente e da gravidade da doença.

5.1 Frequência cardíaca

De acordo com a American Heart Association (AHA), o coração de um adulto normal contrai na
frequência de 60 a cem vezes por minuto. Assim, quando a frequência é inferior a 60 batimentos
por minuto (bpm), considera-se bradicardia; acima de 100bpm, taquicardia.

ATENÇÃO:

Muito mais importante do que uma simples aferição é a interpretação dos resultados dessa
monitoração, pois uma alteração no pulso ou na frequência cardíaca pode indicar
comprometimento cardiovascular, disfunção orgânica, infecção ou até mesmo dor.

Temos duas formas complementares, porém não substitutivas, que devem ser usadas para a
monitorização cardíaca: palpação do pulso e o monitoramento eletrocardiográfico.

A palpação pode ser feita em diferentes locais como vemos na Figura 28. Com esse tipo de
procedimento conseguimos avaliar o pulso em relação à frequência, amplitude e ritmo. Além de
auxiliar na monitorização cardiológica, a palpação do pulso pode ajudar na detecção de perfusão
inadequada dos membros (VIANA; TORRE, 2017).
Figura 28 – Locais de aferição do pulso

Fonte: <comunidadeacademicadesaude.files.wordpress.com
[https://comunidadeacademicadesaude.files.wordpress.com/2017/12/pulso116
2776033.jpg] >.

Já a monitorização eletrocardiográfica é feita por meio de um monitor multiparamétrico, utilizado


para a apresentação de diferentes parâmetros hemodinâmicos combinados, como FC, PA,
saturação de oxigêncio (SatO2) etc (Figura 29). Esse monitor tem diversos cabos que ficam
conectados ao paciente, para que seja possível a obtenção de valores.

Figura 29 – Monitor multiparamétrico

Fonte: Jair Lázaro/Unsplash.com

O eletrocardiograma (ECG, não confunda com escala de coma de Glasgow), expresso na


monitorização, mostra a atividade elétrica cardíaca detectada por eletrodos fixados à pele, os
quais transmitem a energia através de cabos para o monitor.
Como todo sistema de condução elétrica, este pode apresentar algum problema, provocando
falha desde a captação dos sinais pelos eletrodos até a apresentação dos dados no monitor.
Cabe à equipe de enfermagem identificar e eliminar os fatores que contribuem para interferências
nessa monitoração, como: dificuldade de aderência dos eletrodos à pele, por umidade, excesso
de pelos ou pela qualidade do material do eletrodo; cabos ou eletrodos fixados em locais errados
ou até mesmo desconectados acidentalmente pela mobilização do paciente; interferências de
outros equipamentos, como, por exemplo, máquinas de hemodiálise (VIANA; TORRE, 2017).

Os eletrodos fixados nos locais indicados na Figura 30 captam a atividade elétrica do coração, e
todos combinados auxiliam na leitura adequada da morfologia da onda eletrocardiográfica.

Figura 30 – Fixação dos eletrodos

Fonte: <saopaulocor.com.br [http://www.saopaulocor.com.br/img/eletro.jpg] >.


Viana e Torre (2017) comentam que falar sobre frequência cardíaca é falar sobre atividade
elétrica, então, vamos estudar um pouco esse assunto. A atividade elétrica do coração é
determinada por um sistema especializado de excitação e condução cardíaca que controla a
frequência da contração. Esse sistema especializado, também chamado de sistema elétrico do
coração, é formado pelo nó sinoatrial (conhecido como marca-passo natural do coração); nó
atrioventricular; feixe de His; ramos direito e esquerdo e fibras de Purkinje, como mostra a Figura
31. O nó sinoatrial gera impulsos elétricos; estes passam pelos átrios levando-os à contração e
continuam percorrendo o coração até atingirem o nó atrioventricular. A partir desses pontos, eles
seguem pelos feixes de His até chegarem às fibras de Purkinje, o que resulta em contração
ventricular.

Figura 31 – Sistema elétrico do coração

Fonte: <vignette.wikia.nocookie.net
[https://vignette.wikia.nocookie.net/aia1317/images/6/6f/Tempos_condução_cardíaca.jpg/revision/latest?
cb=20130429110103&path-prefix=pt-br] >.

Cada intervalo corresponde a uma fase do ciclo cardíaco. Qualquer problema que ocorra na
geração ou na condução do impulso elétrico pode causar arritmias. A detecção precoce destas
auxilia no pronto atendimento ao paciente crítico, evitando complicações. A equipe de
enfermagem deve estar capacitada para identificar, monitorar e atuar em casos de arritmias
(VIANA; TORRE, 2017).
5.2 Pressão arterial

Em essência, a pressão arterial constitui uma função do sangue arterial por minuto (isto é, o
Débito Cardíaco) e da resistência vascular periférica (RVP) imposta a esse fluxo (PA: RVPxDC)
(LAMP, 2012).

PARA FIXAR:

Lamp (2012) afirma que:

Pressão arterial = débito cardíaco* x resistência vascular periférica

Débito cardíaco = Frequência cardíaca x volume sistólico.

Lamp (2012) define a RVP e DC como:

RVP: pressão exercida pelas paredes dos vasos contra o fluxo sanguíneo. Descreve a quantidade de

(ou a falta de) “elasticidade” nas paredes dos vasos; DC: quantidade de sangue que cada ventrículo

lança na circulação por minuto (LAMP, 2012).

Temos a pressão arterial sistólica e a pressão arterial diastólica. A pressão arterial diastólica, em
grande parte determinada pela resistência vascular periférica, aumenta com a idade e, depois,
tende a diminuir. Em contrapartida, a pressão arterial sistólica e a pressão de pulso, ambas
influenciadas pela rigidez das grandes artérias, tendem a um aumento crescente com a idade
(MARTINS; BRANDÃO; VELASCO, 2018).

Martins, Brandão e Velasco (2018) explicam que a pressão arterial sistólica (PAS) é determinada
pelo volume sistólico proveniente do ventrículo esquerdo, pela velocidade de ejeção e está
intimamente associada à complacência da artéria aorta. Já a pressão arterial diastólica (PAD)
coincide com o relaxamento ventricular e se estabelece pela resistência vascular periférica,
enquanto a pressão arterial média (PAM) corresponde a um terço da pressão sistólica mais duas
vezes a pressão diastólica. O cálculo da PAM se dá por meio de
A pressão arterial na UTI pode ser medida de forma invasiva ou não invasiva. A não invasiva
utiliza como base o princípio de fluxo pulsátil e é a mais conhecida por todos. Os dispositivos
mais frequentes encontrados dentro das unidades para verificação da pressão arterial de forma
não invasivas são: o esfigmomanômetro com cuff inflável, sendo os tipos mais usados os de
coluna de mercúrio e o ponteiro aneroide (Figura 32). Ambos têm um manguito inflável que é
colocado em torno do braço do paciente e, para esse tipo de dispositivo, é necessário o uso do
estetoscópio.

Há também a monitorização automática, que indica (sem o auxílio do estetoscópio) as pressões


sistólica, diastólica e média, sendo hoje o segundo método de escolha para as UTIs, quando
devidamente indicado. A forma não invasiva é a mais difundida, então, daremos uma ênfase
maior à forma invasiva, por não ser parte do cotidiano de muitas pessoas, além de ser bastante
utilizada no ambiente da terapia intensiva.

Figura 32 – Monitorização não invasiva

Fonte: tomwieden/Pixabay.com

A monitorização invasiva ou pressão arterial invasiva (PAI) é indicada em diversas situações,


como: alterações hemodinâmicas rápidas e de grande magnitude (instabilidade hemodinâmica);
pacientes graves com infusão contínua de drogas vasoativas, vasodilatadores; controle estrito
da pressão arterial; crises hipertensivas, entre outras.

Para que se possa fazer esse controle, é necessário que o médico realize a punção de um cateter
na própria artéria do paciente (Figura 33), e esse cateter seja conectado a uma coluna líquida. A
medida da pressão é obtida através do transdutor de pressão que faz a leitura; são apontadas a
pressão sistólica, diastólica e a média. Com esse sistema conectado ao monitor, os valores
ficarão disponíveis de forma contínua (MARTINS; BRANDÃO; VELASCO, 2018).
Figura 33 – Pressão arterial invasiva

Fonte: <multisaude.com.br/wp-content [https://multisaude.com.br/wp-content/uploads/2016/10/invasive-


BP-monitoring.jpg] >.

Cagnoni e Princis (2017) comentam que os principais locais de inserção do cateter são artérias
radial, braquial, femoral ou dorsal do pé, sendo a artéria radial a primeira escolha seguida pela
femoral.

Antes da punção da artéria radial, é necessário que seja feito o teste de Allen para avaliar o bom
funcionamento da artéria ulnar, no caso da ocorrência de hematoma na artéria radial. Esse teste
consiste na avaliação do componente circulatório da mão que foi selecionada.

É um teste simples e confiável que ocorre da seguinte maneira (Figura 34): localiza-se e
comprime-se os pulsos radial e ulnar, e solicita-se ao paciente o abrir e fechar da mão de forma
vigorosa e repetida entre 5 e 10 flexões, onde, após as flexões, será evidenciada palidez palmar.
Com a mão do paciente estendida, libera-se a compressão ulnar, e registra-se o tempo
necessário para que reapareça a coloração palmar habitual, o que deve acontecer em menos de 5
segundos, correspondendo a uma oxigenação adequada (PINTO et al., 2017).
Figura 34 – Teste de Allen

Fonte: <image.slidesharecdn.com [https://image.slidesharecdn.com/slidesgasometriaarterial-


160721233023/95/gasometria-arterial-6-638.jpg?cb=1469143852] >.

O enfermeiro é o responsável por manusear esse tipo de dispositivo, logo, é necessário ter
conhecimento para que erros não ocorram. A avaliação e a troca do curativo desse tipo de
punção também é de competência do enfermeiro.

Os principais cuidados para a boa manutenção do cateter são (CAGNONI; PRINCIS, 2017):

monitorar em intervalos máximos de duas horas as extremidades do membro puncionado (coloração,


temperatura, presença de edema, sensibilidade e movimentação);
inspecionar sítio de inserção diariamente, monitorando ausências de sinais flogísticos;
nunca administrar medicamentos no sistema;
realizar curativo da PAI com SF 0.9% para limpeza e clorexidine alcoólica para antissepsia.

Com relação ao curativo, é muito importante que o adesivo utilizado para oclusão seja
transparente e estéril, para melhor visualização do óstio e sua condição.

Conseguiram entender o funcionamento da PAI? Vamos voltar agora a falar sobre os valores
pressóricos. A Tabela 2 mostra os valores que servem de referência para a Sociedade Brasileira
de Cardiologia. É dever da equipe de enfermagem estar atenta para sinais de hipotensão ou
hipertensão, pois instabilidades podem resultam em danos. Independentemente do tipo
escolhido para medição, invasiva ou não invasiva, os valores bases são os mesmos.
Tabela 2 – Classificação da PA de acordo com a medição casual ou no consultório a partir de 18 anos de
idade
Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg)

Normal < 120 < 80

Pré-hipertensão 121-139 81-89

Hipertensão estágio 1 140-159 90-99

Hipertensão estágio 2 160-179 100-109

Hipertensão estágio 3 > 180 > 110

Quando o PAS e a PAD situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da
PA.

Considera-se hipertensão sistólica isolada se PAS > 140 mmHg, devendo a mesma ser classificada em
estágios 1, 2 e 3.

Fonte: Malachias et al., 2016, p. 11

Videoaula - Vigilância, controle medicamentoso e cuidados de


enfermagem (parte II)

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5.3 Frequência respiratória

A respiração constitui o fenômeno fisiológico responsável pela obtenção de energia para o


organismo. Por meio do ciclo de Krebs, uma das etapas do metabolismo de respiração celular, a
glicose contida na célula pode ser oxidada, resultando na produção de trifosfato de adenosina
(ATP), com liberação de dióxido de carbono (CO2) e água (H2O). ATP vira energia; para tanto, o
oxigênio (O2) precisa chegar à célula. Por outro lado, sabe-se que níveis elevados do monóxido
de carbono (CO) são lesivos à função celular. Com isso, há uma necessidade na realização da
troca desses gases. Esse processo envolve não só o sistema respiratório, mas também o
sistema cardiovascular; ou seja, o perfeito funcionamento do corpo depende desses dois
sistemas agindo concomitantemente. O primeiro proporciona a troca dos gases; o segundo
permite o transporte desses gases para dentro e para fora das células (VIANA; TORRE, 2017).

Viana e Torre (2017) definem a frequência respiratória como a quantidade de ciclos respiratórios
em um minuto. Sua mensuração é uma medida dinâmica e, quando associada a outros
parâmetros, fornece dados sobre a resistência das vias aéreas e o trabalho respiratório.

Durante o exame físico que o enfermeiro realiza, a parte que envolve a inspeção do tórax é de
importância primordial, pois é nessa etapa que o enfermeiro conseguirá observar a amplitude, a
frequência e o ritmo respiratório. Lembrando que no caso de pacientes com respiração e
amplitude normais, a frequência respiratória esperada será em torno de 12 a 20 incursões por
minuto (VIANA; TORRE, 2017).

Viana e Torre (2017) ainda comentam as principais alterações que se pode encontrar quando se
tem anomalias no padrão respiratório, que são:

Taquipneia: representa a respiração rápida e superficial;


Bradipneia: definida como a respiração lenta e superficial;
Apneia: ausência de respiração;
Hiperventilação/hiperpneia: respiração profunda com frequência normal ou aumentada;
Hipopneia/hipoventilação: respiração superficial com frequência normal.

5.4 Dor

Esse tópico poderia ser um dos mais fáceis de ser entendido, em virtude do fato de que todo
mundo, várias vezes durante a vida, já experimentou a sensação de dor; porém, quantas vezes
vocês já viram alguém não acreditar que vocês realmente estão com dor? Quando levamos esse
assunto da teoria para a prática hospitalar, sabemos que muitas vezes a dor é negligenciada por
ter um valor subjetivo.

Por isso, na tentativa de ampliar a conscientização sobre a importância da valorização da dor no


paciente e habilitar os profissionais para identificarem sua ocorrência, a Agency of Healthcare
Research na Quality e a American Pain Society descreveram-na como o quinto sinal vital a ser
registrado, semelhante aos parâmetros vitais avaliados em todos os pacientes, como
temperatura, frequência respiratória, frequência cardíaca e pressão arterial (VIANA; TORRE,
2017).
Figura 35 – Dor

Fonte: Jim De Ramos/Pexels.com

Receptores especializados e sensíveis a dor captam os estímulos que são transmitidos ao


sistema nervoso central. Os diferentes tipos de receptores são perceptíveis às variações de
sensação, distinguindo-as umas das outras. Quando o limiar de excitação é atingido, surge a dor
como resposta.

Avaliar a dor na UTI é um desafio para o enfermeiro, tendo em vista a gravidade e a instabilidade
do paciente. Em muitos casos, o paciente encontra-se sedado, o que não o exime da dor, mas
dificulta a avaliação desta. Nesse contexto, o enfermeiro deve estar atento aos sintomas e às
manifestações álgicas que o paciente crítico pode apresentar durante a realização dos cuidados.

A forma como será feita a avaliação da dor dependerá do estado do paciente. Pacientes que
conseguem se comunicar são os mais fáceis, pois podem verbalizar e nos informar se estão ou
não com dor. Para não ser algo tão subjetivo, existem algumas escalas que auxiliam a fazer essa
avaliação: visuais, verbais ou numéricas.

Já em casos nos quais o paciente não consegue se comunicar, por qualquer motivo, algumas
escalas avaliam pontos específicos que costumam ser significativos quando a pessoa está com
dor: expressão facial, movimento corporal e adaptação à ventilação mecânica (VM). Com isso,
podemos observar que cada caso é um caso e que é necessário que essa avaliação seja feita de
maneira individual e direcionada (VIANA; TORRE, 2017).
Videoaula - Vigilância, controle medicamentoso e cuidados de
enfermagem (parte III)

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6 Medicações

6.1 Drogas vasoativas

Como já vimos anteriormente, as drogas vasoativas atuam, principalmente, no coração e nos


vasos sanguíneos, ocasionando uma melhora desses órgãos que, em casos como o do paciente
politraumatizado, ficam bastante comprometidos por causa da severidade do trauma (PAIM et
al., 2017).

Vamos tentar entender um pouco melhor como essas medicações agem no organismo, mas
antes, precisamos nos lembrar de dois conceitos:

Efeito inotrópico: agentes que melhoram a contratilidade miocárdica, aumentam a força de


contração do coração e melhoram o volume de ejeção.

Efeito cronotrópico: aumenta a frequência cardíaca.

Veremos que essas drogas possuem diversas funções e, para que não fique muito extenso,
iremos nos concentrar nas ações relacionadas aos assuntos já abordados.

As drogas abordadas têm atividade simpaticomimética, como vemos no Quadro 8.

Quadro 8 – Agentes Simpatomiméticos


α1 Vasocontrição, contrai músculo liso, glicogenólise hepática, midríase, xerostomia e aumento da P.A.

α2 Inibe a liberação de Norepinefrina e acetilcolina, vasodilatação, diminuição da atividade cardíaca,


diminuição da P.A.

β1 Aumento da força de contração e frequência cardíaca.

Β1 Broncodilatação, vasodilatação, relaxamento do m.liso visceral, tremor muscular, aumento da


velocidade e força de contração do músculo esquelético.

Fonte: <pt.slideshare.net [https://pt.slideshare.net/MauroCunhaXavierPint/aula-sna-farmacologia-adrenrgica-


simpatomimticos-e-simpatolticos] >.

Agora, vamos estudar as drogas em si.


Figura 36 – Medicação

Fonte: qimono/Pixabay.com

6.1.1 Noradrenalina

Também chamado de norepinefrina, é um hormônio e um neurotransmissor do sistema nervoso


simpático e tem a função de ocasionar intensa vasoconstrição. Logo, é indicado principalmente
em casos nos quais pacientes estejam com hipotensão não responsiva a outros alcaloides, pois
atua rapidamente na sua reversão. Esse aumento da pressão arterial causa um desvio do fluxo
sanguíneo periférico, pele e musculatura acessória para os órgãos vitais (MARTINS; BRANDÃO;
VELASCO, 2018).

O principal cuidado a ser tomado durante a administração desta droga envolve a observação do
paciente para possíveis condições clínicas indesejadas, como cianose de extremidade. Caso
ocorra, é necessário que esse membro afetado seja envolvido por algum pano, para que não
perca ainda mais calor (VIANA; TORRE, 2017).

Os neurotransmissores são biomoléculas liberadas na sinapse dos neurônios com a missão de


transmitir ou alterar a transmissão da informação.

6.1.2 Dopamina

É o precursor da noradrenalina. É uma catecolamina que nosso organismo já possui e,


dependendo da quantidade utilizada, pode possuir diversos tipos de efeitos. Quando
administrada uma dose baixa seu efeito não é tão característico, mas em doses moderadas é
possível observar o aumento da frequência e da contração cardíaca, já em doses maiores ocorre
um aumento da resistência sistêmica e da pressão arterial. Por essa particularidade, podemos
observar a importância dessa droga e de ter profissionais capacitados para administrá-la
(MARTINS; BRANDÃO; VELASCO, 2018)

Os principais cuidados a serem tomados envolvem a monitorização da pressão arterial e da


frequência cardíaca: é necessário que seja administrada em uma bomba de infusão, pois precisa
de uma infusão específica, como vimos, para gerar o seu efeito desejado; além disso, é preciso
realizar a verificação da permeabilidade do acesso venoso, pois caso ocorra o extravasamento,
pode ocorrer necrose tecidual (VIANA; TORRE, 2017).

6.1.3 Dobutamina

Diminui a resistência vascular sistêmica e periférica. A droga é utilizada principalmente em


pacientes com disfunção ventricular, promovendo inotropismo e cronotropismo, vasodilatação
periférica, aumento do volume sistólico, débito cardíaco e pouco consumo de O2 pelo miocárdio.

O principal cuidado a ser tomado durante a administração desta droga é a monitorização


contínua do paciente para que se acompanhem os sinais vitais, principalmente a pressão arterial
e a frequência cardíaca, exatamente por causa do efeito que esta droga gera. (MARTINS;
BRANDÃO; VELASCO, 2018).

6.1.4 Epinefrina

Estimula receptores alfa e beta, tem efeito vasopressor. Aumento da contração, FC e


vasoconstrição periférica mais eficaz. Relaxamento do músculo liso e broncodilatação, aumento
da glicose no sangue.

Indicação: broncoespasmos, choque cardiogênico e PCR.

É uma catecolamina endógena que atua estimulando os receptores alfa e beta-adrenérgicos. O


principal efeito é: aumento da resistência vascular sistêmica (MARTINS; BRANDÃO; VELASCO,
2018).

PARA FIXAR:

Adrenalina: ação cronotrópica e inotrópica; vasoconstritor periférico; broncodilatação.

Noradrenalina: discreta ação cronotrópica e inotrópica; vasoconstritor periférico;


discreta broncodilatação.
Dopamina: vasodilatação renal e baço; ação cronotrópica e inotrópica; vasoconstritor
periférico.

Dobutamina: ação cronotrópica e inotrópica; vasodilatação periférica.

6.2 Analgésicos

A dor faz parte dos sinais vitais, e a equipe de enfermagem deve trabalhar sempre com o intuito
de minimizar essa sensação.

Pacientes internados na UTI podem ser submetidos a diversos procedimentos considerados


dolorosos, como aspiração de secreções, punções venosas e gasosas, mudança de decúbito.
Esses procedimentos somados com o próprio quadro do paciente, no nosso caso o paciente
politraumatizado, podem ocasionar um quadro de dor contínua. Esse sintoma pode causar
diversos outros sintomas desagradáveis, como estresse, sono irregular e, consequentemente,
descanso inadequado, que podem afetar a evolução do paciente (VIANA; TORRE, 2017).

Figura 37 – Analgésicos

Fonte: jaytaix/Pixabay.com

Os analgésicos, desenvolvidos com o intuito de minimizar ou cessar a dor, são agonistas do


receptor de opioides, sendo importantes na regulação normal da sensação da dor. Eles reduzem
a dor em ambos os seus componentes – sensitivo e emocional – e são eficazes na dor crônica e
aguda.

Os principais analgésicos são: tramadol, morfina e fentanil (Tabela 3). Todos se ligam ao receptor
opioide com o intuito de proporcionar alívio da dor.
EXPLORE MAIS:

Existe um antídoto para a morfina: Naloxona.

Tabela 3 – Principais analgésicos e suas características


Tramal Morfina Fentanil

Mecanismo Agonista receptor Agonista receptor opioide. Agonsita receptor opioide.


de ação opioide; inibição da
recaptação de
serotonina e
norepinefrina.

Início da ação 20-30 min Em até 5 min Menos de 1-2 min

Duração do 30-60 min 4-5 horas 0,5-1 hora


efeito

Dose inicial 50 a 100mg, IV. 2mg/2ml, IV. 1microgram/kg, IV.

Metabolismo Hepático Hepático Hepático

Eliminação Renal Renal Renal

Vantagens Pouca depressão Baixo risco de indução de Não induz broncoespasmos, não
respiratória. dependência, meia-vida curta, causa liberação de histamina,
tem antídoto. tem baixa incidência de
depressão respiratória e tem
antídoto.

Desvantagens Indutor de vômito, Pode causar prurido, retenção Em doses elevadas, causa
vertigem. vesical, náusea, depressão respiratória e, quando
broncoespasmo e, em doses infundido rapidamente,
elevadas, depressão do centro diminuição da expansabilidade
respiratório. torácica.

Fonte: Elaborado pela autora (2020)

6.3 Sedativos

A sedação e analgesia do paciente crítico são intimamente ligadas à melhora de suas condições
clínicas, sendo que a administração inadequada de sedativos pode interferir na morbidade.

Quando o paciente crítico estiver agitado, a sedação deverá ser iniciada somente após a
analgesia causar efeito, lembrando-se sempre de observar o comportamento do paciente
durante a infusão da medicação para que, de início, seja possível a observação de algum efeito
adverso e, consequentemente, seja feita a reversão (VIANA; TORRE, 2017).

A avaliação subjetiva da sedação, por meio de escalas, permite observar o efeito individual dos
sedativos, ajustando-os para um nível ótimo. Há muitas escalas de sedação, porém, a Escala de
Agitação-Sedação de Richmond (RASS), Tabela 4, é a ferramenta de avaliação de sedação mais
válida e confiável utilizada em pacientes adultos na UTI. A escala consiste em 10 pontos, com
quatro níveis de agitação-ansiedade (+4 a +1), um nível em que o paciente está tranquilo e alerta
(0, que seria o nível ótimo) e cinco níveis de sedação (-1 a -5) (MARTINS; BRANDÃO; VELASCO,
2018).

Tabela 4 – Escala de Agitação-Sedação de Richmond (RASS)


+4 Combativo Ansioso, violento.

+3 Muito agitado Tenta retirar os cateteres e os tubos.

+2 Agitado Movimentos frequentes, desadaptado do respirador.

+1 Ansioso Inquieto, mas sem comportamento violento nem movimentos excessivos.

0 Alerta e tranquilo

-1 Sonolento Desperta ao som da voz, mantém os olhos abertos por mais de 10 segundos.

-2 Sedação leve Desperta ao som da voz, não mantém os olhos abertos por mais de 10
segundos.

-3 Sedação moderada Move-se, abre os olhos ao ser chamado, não direciona o olhar.

-4 Sedação profunda Não responde à voz, abre os olhos por estimulação física.

-5 Sedação muito Não há resposta à estimulação física.


profunda

Fonte: VIANA; TORRE, 2017.

O agente sedativo ideal deve ter propriedades como:

mínimo efeito depressor dos sistemas respiratório e cardiovascular;


não interferir no metabolismo de outras drogas;
ter vias de eliminação rápida, resultando em uma meia-vida de eliminação curta.
Figura 38 – Sedativos

Fonte: Sharon McCutcheon/Unsplash.com

As principais drogas e seus mecanismos constam na Tabela 5.

Tabela 5 – Principais sedativos e suas características


Midazolam Propofol Dexmedetomidina

Mecanismo Agonista receptor Agonista receptor GABA. Agonista receptor opioide.


de ação GABA.

Início da ação 30-60 seg 15-45 seg 5-10 min

Duração do 30-60 min Até 10 min 1-2 horas


efeito

Dose inicial 0,05 a 0,1mg/kg, IV. 0,5/kg, IV. 1micrograma/kg, IV.

Metabolismo Hepático Hepático Hepático

Eliminação Renal Renal Renal

Vantagens Amnésia, efeito Sedação profunda, Não induz broncoespasmos,


anticonvulsionante, broncodilatador, antiemético, não causa liberação de
tem antídoto. anticonvulsionante, reduz a PIC. histamina, tem baixa
incidência de depressão
respiratória e tem antídoto.

Desvantagens Não proporciona Não proporciona analgesia, Preço alto do medicamento,


analgesia, pode pode causar hipotensão, pode causar hipotensão e
causar hipotensão disfunção miocárdica, bradicardia.
e disfunção depressão respiratória e
miocárdica. instabilidade hemodinâmica.

Fonte: Elaborado pela autora (2020)


Videoaula - Cuidados de enfermagem

Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui
[https://player.vimeo.com/video/415442242] .
7 Cuidados de enfermagem

7.1 Sistematização da Assistência de Enfermagem

O paciente politrumatizado precisa de cuidados e, além do cuidado emocional, é necessário que


o enfermeiro tenha o conhecimento teórico e científico para que o cuidado fornecido seja o
melhor e mais adequado para cada tipo de paciente.

O propósito e a essência do cuidado de enfermagem continuam a ser dirigidos pelos objetivos de


Florence Nightingale, ou seja, manter o paciente na melhor condição para que a natureza possa
agir sobre ele. Assim, para que a assistência de enfermagem ocorra de maneira adequada e
individualizada, é necessária a implementação do processo de enfermagem. Trata-se de uma
dinâmica visando à assistência integral e humanizada que atenda necessidades humanas
básicas.

O processo de enfermagem nas UTIs deve ser uma abordagem direcionada para a solução de
problemas, visando à satisfação das necessidades e do cuidado do paciente crítico. É por meio
da sistematização da assistência de enfermagem que esse processo ganha forma concreta.

Mas, afinal, o que é a SAE? Viana e Torre (2017) explicam que é um método que permite
identificar, descrever e explicar os problemas de saúde, determinando as ações de enfermagem,
desde o planejamento até a execução e a avaliação da assistência prestada.

Sua elaboração permite que a equipe de enfermagem desenvolva práticas baseadas em regras e
princípios conhecidos por promoverem o cuidado eficiente. Para uma adequada assistência ao
paciente crítico, sua elaboração é essencial para que as ações sejam interrelacionadas e
interdependentes, buscando um cuidado de enfermagem seguro e de qualidade, favorecido pela
melhor prática baseada em evidência científica.

Implementar a SAE tornou-se obrigatório nas instituições de saúde desde 2002, com a resolução
nº 272, do COFEN, revogada em 2009 pela resolução 358, do COFEN.

Em síntese, a SAE deve possibilitar a operacionalização do processo de enfermagem como um


instrumento de orientação e documentação do cuidado organizado em cinco etapas. A
Resolução COFEN-358/2009, que dispõe sobre a SAE e a implementação do processo de
enfermagem, explica todas as cinco etapas de forma direta e didática da seguinte maneira:

Coleta de dados de enfermagem (ou histórico de enfermagem): as informações coletadas devem

advir de dados pregressos sobre o estado de saúde-doença, hábitos de vida, exame físico, exames

laboratoriais e exames de imagem relevantes; diagnóstico de enfermagem: exclusivo do enfermeiro.

Trata-se de uma conclusão sobre as necessidades, as preocupações e/ou problemas de saúde do

paciente e/ou a decisão de agir (ou não); planejamento de enfermagem: fase que visa determinar a

direção a ser seguida para alcançar o resultado desejado após a identificação dos diagnósticos de

enfermagem; intervenção/ Implementação: a realização das ações ou intervenções determinadas na

etapa de Planejamento de Enfermagem; avaliação de enfermagem: processo deliberado, sistemático

e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da pessoa, família ou coletividade humana em

um dado momento do processo saúde doença, para determinar se as ações ou intervenções de

enfermagem alcançaram o resultado esperado. (COFEN, 2009)

Figura 39 – SAE

Fonte: freepik/Freepik.com

Mesmo havendo um avanço, no Brasil, em relação aos estudos sobre SAE, nota-se que ainda
existe uma dificuldade para que a sua implementação ocorra de forma fidedigna. Isso acontece,
em grande parte dos casos, por causa da falta de conhecimento por parte dos enfermeiros, ou
pelo déficit de recursos e tempo. Independentemente do motivo, deve-se compreender a
importância da aplicação da SAE para o paciente e colocá-la em prática. (VIANA; TORRE, 2017).
Exercícios de fixação
Complete o texto a seguir.

O choque é a intensa Selecione... da perfusão com isquemia tecidual Selecione... ,


causando um Selecione... entre a oferta e a demanda de oxigênio, evoluindo para a
Selecione... (falta de oxigênio). Se não revertido, leva à insuficiência Selecione...
generalizada.

A sepse é um estado em que pode ocorrer uma incapacidade do sistema circulatório em fornecer
fluxo sanguíneo adequado para atender às necessidades metabólicas dos tecidos e órgãos
vitais, causada por exacerbação da resposta inflamatória sistêmica, que resulta em incapacidade
de manter a pressão arterial e diminuição na perfusão sanguínea para os órgãos vitais. O choque
séptico é um subconjunto da sepse e é definido como a evolução do quadro do paciente com
sepse para:

Temperatura corporal acima de 38 °C de forma persistente

Hipotensão persistente

Distúrbios respiratórios persistentes

Náusea e vômitos persistentes

Taquicardia persistente
UNIDADE 4

Vigilância, controle
medicamentoso e cuidados
de enfermagem para o
paciente traumatizado
Conclusão:
Saber os cuidados direcionados, desde a administração da droga
adequada até a correta monitorização do paciente, é fundamental
para um cuidado direcionado e individualizado, com o intuito de
prevenir agravos e diminuir o tempo de internação desse
paciente.
Considerações finais
Chegamos ao fim de um curso intenso e cheio de minúcias.

Entender a dimensão do atendimento ao paciente vítima de trauma requer uma compreensão


geral que engloba desde o cuidado inicial até o cuidado que deverá ser feito de forma contínua
durante sua internação.

É fundamental que a fisiopatologia da doença seja entendida para que todas as condutas sejam
tomadas de forma consciente e adequada, lembrando sempre da individualidade e do olhar
holístico.

Nós, enfermeiros, compomos o quadro de profissionais que passa mais tempo ao lado do
paciente e não é por acaso. Somos capazes de auxiliar o paciente durante as 24h do dia, aplicar
a sistematização da assistência de enfermagem e fazer todo o acompanhamento da sua
evolução.

Espero que o conhecimento deste material auxilie vocês e que tenha impacto positivo durante
suas vidas profissional e pessoal.

Obrigada.
Exercícios de fixação - respostas
Na avaliação inicial do paciente vítima de trauma, o exame primário é feito para detectar qualquer
deterioração do estado do paciente e para identificar as medidas terapêuticas a serem tomadas.
Com base no exposto, julgue o item a seguir em Verdadeiro ou Falso.

Na avaliação inicial, também chamada de exame primário, realizado nos pacientes vítimas de
trauma, a ordem correta da avaliação é C-A-B. Primeiro avaliam-se a Circulação e a presença de
hemorragias, depois avaliam-se as vias Aéreas e, por último, avaliam-se a respiração e a
frequência respiratória (boa ventilação).

Verdadeiro Falso

Paciente vítima de trauma, que se encontra internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI),
muitas vezes precisa ser submetido a exames ou procedimentos fora do ambiente da UTI, sendo
necessário o transporte intra-hospitalar. Sobre o assunto, julgue o item a seguir em Verdadeiro
ou Falso.

Para que ocorra um transporte intra-hospitalar de forma segura, deve-se ter em mente quatro
aspectos importantes: comunicação e coordenação pré-transporte, equipe de transferência
treinada, material e equipamentos necessários e monitoração contínua do paciente.

Verdadeiro Falso

A Escala de Coma de Glasgow (ECG) é utilizada para analisar o nível de consciência com o intuito
de definir o estado neurológico do paciente vítima de traumatismo cranioencefálico. O uso desse
recurso é importante, pois auxilia no prognóstico do paciente. Os pontos a serem avaliados por
essa escala são:

Resposta ocular, sensitiva e motora.


Resposta verbal, motora e sensitiva.

Resposta motora, verbal e ocular.

Resposta ocular, verbal e sensitiva.

Resposta sensitiva e motora.

O Trauma Raquimedular pode ser entendido como uma agressão à medula espinhal que pode
ocasionar danos neurológicos, tais como alterações da função motora, sensitiva e autônoma. Em
muitos casos, os pacientes tornam-se dependentes do cuidado de terceiros para a realização
das atividades de vida diária e, em consequência da diminuição da mobilidade, acabam
desenvolvendo Lesão por Pressão (LPP). Com base no enunciado, julgue o item a seguir em
Verdadeiro ou Falso.

Os principais cuidados de enfermagem a serem realizados para a prevenção do desenvolvimento


de lesão por pressão em pacientes dependentes são: realizar mudança de decúbito a cada duas
horas, aliviar proeminências ósseas, hidratar a pele com creme.

Verdadeiro Falso

Complete o texto a seguir.

O choque é a intensa redução da perfusão com isquemia tecidual sistêmica ,


causando um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio, evoluindo para a
hipóxia (falta de oxigênio). Se não revertido, leva à insuficiência circulatória
generalizada.

A sepse é um estado em que pode ocorrer uma incapacidade do sistema circulatório em fornecer
fluxo sanguíneo adequado para atender às necessidades metabólicas dos tecidos e órgãos
vitais, causada por exacerbação da resposta inflamatória sistêmica, que resulta em incapacidade
de manter a pressão arterial e diminuição na perfusão sanguínea para os órgãos vitais. O choque
séptico é um subconjunto da sepse e é definido como a evolução do quadro do paciente com
sepse para:

Temperatura corporal acima de 38 °C de forma persistente

Hipotensão persistente

Distúrbios respiratórios persistentes

Náusea e vômitos persistentes

Taquicardia persistente

Complete o texto a seguir.

O choque é a intensa redução da perfusão com isquemia tecidual sistêmica ,


causando um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio, evoluindo para a
hipóxia (falta de oxigênio). Se não revertido, leva à insuficiência circulatória
generalizada.

A sepse é um estado em que pode ocorrer uma incapacidade do sistema circulatório em fornecer
fluxo sanguíneo adequado para atender às necessidades metabólicas dos tecidos e órgãos
vitais, causada por exacerbação da resposta inflamatória sistêmica, que resulta em incapacidade
de manter a pressão arterial e diminuição na perfusão sanguínea para os órgãos vitais. O choque
séptico é um subconjunto da sepse e é definido como a evolução do quadro do paciente com
sepse para:

Temperatura corporal acima de 38 °C de forma persistente

Hipotensão persistente

Distúrbios respiratórios persistentes

Náusea e vômitos persistentes

Taquicardia persistente
Autoria
Flávia Cristina Lacerda Ferreira
Autora
Enfermeira graduada pela Universidade de Brasília (2015). Especialista em Urgência e Trauma
pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal em parceria com a Fundação de Ensino e Pesquisa
em Ciências da Saúde (2018). Atuou como enfermeira assistencial na Unidade de Clínica
Cardiológica do Hospital do Coração do Brasil (2018-2019). Atualmente encontra-se como
preceptora de enfermagem do Instituto Euro-Americano de Educação Ciência e Tecnologia-
Centro Universitário UNIEURO.
Bibliografia
Bibliografia clássica
BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de Atenção à  Reabilitação da Pessoa com Traumatismo
Cranioencefálico. Brasília, DF,  2015.

COLETTO, Francisco A. et al. O papel da unidade de terapia  intensiva no manejo do trauma.


Medicina,  Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, n. 32, p. 419-437, out.-dez.1999.  Disponível em:
https://is.gd/bnMSFf [https://is.gd/bnMSFf] . Acesso  em: 24 ago. 2019.

VIANA, Renata A. P. P.; TORRE, Mariana. Enfermagem em terapia intensiva: práticas  integrativas.
Barueri: Manole, 2017.

VIANA, Renata A. P. P. et al. Enfermagem em terapia intensiva:  práticas e vivências. Porto Alegre:
ArtMed, 2020.

Bibliografia geral
ANDRADE, Almir F. et al. Mecanismos de lesão cerebral no  traumatismo cranioencefálico.
Revista da  Associação Médica Brasileira, v. 55, n. 1, p. 75-81, 2009. Disponível em:
https://is.gd/1GI6fo [https://is.gd/1GI6fo] . Acesso em: 20 jan. 2020.

ANNES, Rafael D.; MARTINS FILHO, Saul C. Trauma de tórax fechado. 2015.  Disponível em:
https://is.gd/Nee8N7 [https://is.gd/Nee8N7] . Acesso  em: 05 set. 2019.

BORGES, Lívia C.; BRASILEIRO, Marislei E. Atuação do  enfermeiro no atendimento ao paciente
politraumatizado: revisão bibliográfica. Revista científica multidisciplinar núcleo  do
conhecimento, São Paulo, v. 2, n. 5, p. 55-64, mai. 2018. Disponível em: https://is.gd/RxedNk
[https://is.gd/RXedNk] . Acesso em: 24 ago.  2019.

CAGNONI, Aléxia C. R.; PRINCIS, Pammela. Monitorização de pressão intra-arterial com 


transdutor de pressão (PIA). 2017. Disponível em: https://is.gd/biUmIJ [https://is.gd/biUmIJ] .
Acesso em: 21 jan. 2020.

CALIRI, Maria H. L. et al. Classificação das lesões por pressão-consenso NUAP 2016-adaptada 
culturalmente para o Brasil, 2016. Disponível em: https://is.gd/JT4adL [https://is.gd/JT4adL] .
Acesso em: 21 jan. 2020.

COFEN – CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN nº 358/2009. 2009. 


Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html
[http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html] >.  Acesso em: 21 jan. 2020.

DEFINO, Helton L. A. Trauma raquimedular. Medicina, Ribeirão Preto, Ribeirão  Preto, n. 32, p.
388-400, out-dez. 1999. Disponível em: https://is.gd/zsnWyG [https://is.gd/zsnWyG] . Acesso
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DUARTE, Sebastião J. H. et al. Vítimas de acidente  motociclístico atendidas pelo serviço de


atendimento móvel de urgência em Campo  Grande, MS. Enfermagem em foco, Brasília, v. 4, n. 2,
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FONSECA, Ariadne S. et al. Enfermagem de emergência. Hospital São Camilo: Rio de Janeiro, 
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INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE. Atendimento ao paciente adulto com sepse/choque


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RIOS, Fabíola R. et al. Atendimento ao paciente politraumatizado- Diretrizes clínicas.  Secretaria


de Estado da saúde do Espírito Santo: Vitória, 2018. Disponível em: https://is.gd/hNYMjh
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de  graduação das ciências biológicas e de saúde, Aracaju, v. 4, n. 2, p.  11-22, mai. 2018.

SOARES,  Lorena S. et al. Caracterização das vítimas de traumas por acidente com  motocicleta
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SOUSA, Érica P. D. et al. Principais complicações do  traumatismo raquimedular nos pacientes
internados na unidade de neurocirurgia  do Hospital de Base do Distrito Federal. Revista
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TEIXEIRA, Cristine C. et al. Aferição de sinais vitais: um  indicador do cuidado seguro em idosos.
Texto  & contexto – enfermagem, Florianópolis, v. 24, n. 4, p. 1071-1078,  out.-dez. 2015.
Disponível em: https://is.gd/rIreKd [https://is.gd/rIreKd] .  Acesso em: 21 jan. 2020.

WEHBE, Grasiela; GALVÃO, Cristina M. O enfermeiro de  unidade de emergência de hospital


privado: algumas considerações. Revista latino-Americana de enfermagem,  Ribeirão Preto, v. 9,
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WERNECK,  Letícia R. A responsabilidade civil do Estado pela falta de leitos em UTI’s  nos
hospitais públicos. 2013. Trabalho de conclusão de curso (Pós Graduação  Lato Sensu) – Escola
de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, Rio de  Janeiro. Disponível em:
https://is.gd/M6DelT [https://is.gd/M6DElT] .  Acesso em: 20 jan. 2020.

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