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ABORDAGEM PRIMÁRIA: A abordagem primária consiste na avaliação de

responsavidade do paciente, na qual observa-se os sinais vitais, expansão torácica e


movimento respiratório, checagem do pulso central, e aplicação das primeiras medidas
(quando se constata o pulso ausente). Trata-se de uma avaliação rápida, que dura poucos
segundos, e tem caráter pré-hospitalar.

CINEMÁTICA DO TRAUMA: é a avaliação da cena do acidente, por meio da observação e


avaliação do tipo de acidente que gerou o trauma, por exemplo, se foi um acidente de
trabalho, se houve colisão de veículos, uma doença, um caso clínico etc. A avaliação da cena
precede à avaliação da vítima, pois auxilia na determinação das forças e movimentos
envolvidos no incidente e possibilitam estimar quais as possíveis lesões. O evento traumático
divide-se em: 1 pré-colisão, que são as condições ocorridas antes do acidente, visando adotar
medidas para minimizar os riscos de um novo acidente no mesmo local; 2 colisão, que é o
impacto ou trauma propriamente dito, podendo ser entre objetos, entre corpos, ou entre os
órgãos internos; e 3 pós-colisão, que é o momento de atendimento do paciente.
Para trabalhar com a cinemática do trauma, é importante que o profissional de saúde
compreenda conceitos como: energia, velocidade e massa, pois estes estão ligados à colisão
dos corpos ou objetos e ajuda no entendimento do que aconteceu. Os traumas podem ser:
acidentes automobilísticos, colisões, atropelamentos, quedas, explosões, ou traumas
penetrantes (perfurações ou cortes).

SEGURANÇA NO LOCAL: também inserida no processo de avaliação da cena. Seu objetivo


é identificar quais as ameaças ou os ricos que ainda estão presentes no cenário da emergência,
compreender como esses riscos podem ser amenizados ou se a cena pode evoluir. Avalia-se a
segurança pessoal do profissional de saúde, a segurança dos colegas de trabalho e depois a da
vítima, no sentido de averiguar se o local está seguro, se há possibilidade de um novo
acidente, como, por exemplo, a explosão do veículo etc. A equipe de emergência só poderá
atuar quando certificar-se que não há riscos para a própria integridade física, e isso significa
que a equipe de resgate deve estar devidamente equipada com seus EPIs e ter autorização para
realizar suas atividades naquele local, tendo viaturas bem posicionadas, dispositivos de
sinalização, e cuidado com as condições climáticas e de luminosidade.

MECANISMO DE INJÚRIA: diz respeito ao que aconteceu. Existe a chamada Regra dos 3
“S”, que inclui: Scene (cena)/cinemática do trauma, Security (segurança) e Situation
(situação). Na situação, a equipe deve analisar o contexto para tentar descobrir o que
aconteceu, o motivo do trauma, informações de quantas vítimas são, qual a idade e sexo das
mesmas, se é necessário mais viaturas ou equipamentos, como as vítimas serão transportadas
etc.
Nesse primeiro momento, as condutas são: obter o máximo de informações antes de
chegar no local, isolar o local, buscar informações no cenário, utilizar os EPIs adequados à
situação, solicitar apoio quando necessário, minimizar riscos aos socorristas, e então iniciar o
atendimento às vítimas.

CONTROLE CERVICAL: o atendimento primário se inicia com a identificação da vítima e


avaliação dos sinais vitais, bem como a avaliação do estado respiratório, circulatório e
neurológico. Nesse momento, o profissional se ajoelha ao lado em que a face da vítima estiver
voltada e realiza o controle cervical usando as mãos, onde o socorrista estabiliza manualmente
a coluna cervical. Em seguida, faz perguntas como nome, idade, partida e destino da vítima.
Caso haja uma responsividade coerente, passa-se a checagem da avaliação ABCDE. Caso
contrário, deve-se avaliar possíveis hemorragias severas (visíveis) e avaliar a necessidade de
amputações. A completa imobilização só é finalizada após a checagem e desobstrução das
vias aéreas (passo A).

X: CONTROLE DE HEMORRAGIA SEVERAS: esse passo pode ser realizado logo após o
controle cervical, ou então junto à avaliação da circulação, porém, sempre dentro da avaliação
primária. Ao observa uma grande hemorragia ou sangramento, o método de contenção é a
compressão direta, e, se não funcionar, deve realizar o torniquete. Caso observem-se sinais de
hemorragia interna, o paciente deve ser transportado para o hospital imediatamente.
A hemorragia externa é aquela que ocorre fora do corpo, e na qual o socorrista deverá
avaliar se é uma hemorragia arterial ou venosa. A hemorragia arterial tem um fluxo contínuo
e não muito intenso, e a arterial corresponde aos batimentos cardíacos e tem um esguicho
intermitente. Para realizar a compressão de uma hemorragia externa, o socorrista deve estar
com os equipamentos de segurança adequados, podendo comprimir a artéria que irriga o
membro afetado. Em seguida, realiza um curativo compressivo, que diminui o fluxo
sanguíneo no local. Quando possível, o socorrista deverá elevar o membro afetado em um
nível superior ao do coração. O torniquete só deverá ser realizado caso a compressão direta e
a elevação do membro não funcionarem, em casos de amputações traumáticas ou
esmagamentos, pois limita a circulação sanguínea no local afetado e pode causar amputação
se não houver monitoramento constante.
A hemorragia interna não é visível, mas se deduz pelos sintomas: pulso rápido e fraco,
pele fria, palidez, suor, sede, náuseas e vômitos, sensação de frio, tremores, respiração curta
rápida e irregular, tontura ou inconsciência. As condutas exigidas dos socorristas são:
afrouxar as roupas da vítima, retirar prótese dentária ou qualquer objeto na boca da vítima,
manter a vítima agasalhada, elevar os membros, monitorar pulso e respiração, fornecer
oxigênio (15 L/min), não fornecer líquidos, prevenir o estado de choque e transportar para o
hospital.

A: VIAS AÉREAS. Depois de estabilizar a coluna cervical, o socorrista pede para que a
vítima abra a boca e verifica visualmente se a respiração está ocorrendo ou se tem algo
obstruindo as vias áreas (como algum chiclete, um alimento, sangue, vômito), para proceder
com a desobstrução. Na vítima inconsciente, realiza-se a cânula orofaríngea, que é um
equipamento que precisa ser o tamanho equivalente da distância entre a fenda labial e o lóbulo
da orelha da vítima – por isso o socorrista precisa medir o tamanho certo da cânula e a
introduzir pela boca da vítima até atingir o palato (céu da boca), projetando a língua para
frente e liberando as vias aéreas. Quando não há aceitação da cânula orofaríngea, o socorrista
pode utilizar as manobras de elevação da mandíbula (Chin Lift) ou de tração da mandíbula
(Jaw Thrust), ou então a manobra de Heimlich.
No atendimento pré-hospitalar, a oferta de oxigênio e prevenção da hipóxia tecidual
são passos críticos, que devem ser realizados pela oxigenação dos tecidos e remoção do
dióxido de carbono, por meio da ventilação pulmonar e regulação da ventilação. O manejo
das vias respiratórias pode ser dividido em básico e avançado. O manejo básico consiste na
desobstrução manual das vias aéreas superiores, fazendo uso de cânulas orofarígeas ou
nasofaríngeas e/ou do respirador manual com reservatório e máscara facial (ambu). As
técnicas de manejo avançadas incluem a inserção de dispositivo supraglótico (máscara
laríngea, cânulas de duplo lúmen/combitube), intubação traqueal e cricotireoidotomia
(laringostomia).
Deve-se manter a saturação em 94-98% e o fluxo de até 15 L/minuto. Além disso,
observar complicações como: pacientes em choque, portador de doença crônica, asma,
gravidez, transtorno de ansiedade, obesidade mórbida, doenças neuromusculares e
deformidades da caixa torácica, hemorragias ou traumas crânio-encefálicos.
Nas crianças, também há particularidades. Até os três anos de idade, a língua é maior,
o que favorece o engasgamento (obstrução da via aérea por corpos estranhos) ou, quando
inconsciente, pode ocorrer a obstrução com a própria língua, o que mostra a necessidade de
usar a cânula orofaríngea (Guedel), que deve ser introduzida diretamente sobre a língua, sem
a rotação de 180º, para prevenir lesões nas partes moles da orofaringe.

B: RESPIRAÇÃO. Utiliza-se o método “VOS”: ver, ouvir, sentir, que permite avaliar a
qualidade da respiração, sua velocidade, profundidade, ritmo e som. A respiração lenta é
aquela com menos de 12 repetições por minuto, o que pode indicar a necessidade de
reanimação respiratória e verificação do pulso carotídeo para evitar a parada
cardiorrespiratória. A respiração rápida, que também pode gerar parada, é aquela acima de 30
repetições por minuto. Em ambos os casos, deve-se administrar oxigênio, auscultar o pulmão
para tentar encontrar o motivo da alteração respiratória, e avaliar a necessidade de ventilação
assistida.
Os seguintes itens permitem analisar a qualidade da respiração:
1 FREQUÊNCIA: se está lenta (menos de 12 repetições por min) ou rápida (acima de 30
rep./min.) indicam possibilidade de parada cardiorrespiratória. A frequência normal pode ser
inferida pela observação da elevação do tórax e se o paciente é capaz de falar uma frase
inteira sem dificuldade.
2 RITIMO: pode ser regular ou irregular
3 QUALIDADE: é avaliada também pela observação do paciente, se ele está se
movimentando quando respira, a entrada e a saída de ar suficiente, se a respiração é
SUPERFICIAL ou PROFUNDA. O socorrista deve ainda aproximar-se da boca e nariz da
vítima para avaliar se a respiração é SILENCIOSA ou RUIDOSA.
Nos casos em que a respiração não está adequada, o socorrista deverá OFERTAR
OXIGÊNIO de 12 a 15 litros para os casos em que observar trauma, e entre 02 a 08 litros para
os casos clínicos. Se o doente não estiver respirando (apnéia), deve-se iniciar a ventilação
assistida com ambú enriquecido com oxigênio a 100%.

C: CIRCULAÇÃO. A verificação a circulação se faz pela presença dos pulsos distais, sendo
que na vítima consciente, verifica-se a quantidade e regularidade do PULSO RADIAL, e na
vítima inconsciente verifica-se quantidade e regularidade do PULSO CAROTIDEO. Quando
o pulso carotídeo está ausente, deve-se iniciar o procedimento de reanimação cardíaca.
Quanto ao pulso, o socorrista deve avaliar: a presença, a qualidade e a regularidade. Verifica
inicialmente o pulso radial, se não está presente, pode tentar o pulso carotídeo ou femoral – e
caso estes não estejam presentes, provavelmente o paciente está em parada cardiorrespiratória.
A FREQUÊNCIA pode ser lenta, normal, rápida. O RITIMO pode ser regular ou irregular.
Por fim, a QUALIDADE pode ser de circulação forte e cheio ou fina e fraca.
T – TEMPERATURA: avalia-se a temperatura tocando o dorso da mão do paciente. A
temperatura normal é aquela considera “morna”. A pele fria indica perfusão diminuída,
independentemente da causa. Em pacientes pediátricos, há maior vulnerabilidade à
hipotermia, visto que as crianças estão mais sujeitas à troca de calor com o ambiente.
U – UMIDADE: pele seca indica boa perfusão; já a pele úmida está associada a
choque e à perfusão diminuída. A queda na perfusão é devida ao desvio do sangue por meio
da vasoconstrição periférica para outros órgãos do corpo.
C – COLORAÇÃO: Observa-se ainda a coloração (C) da pele, das unhas e dos lábios,
que indicam se há má oxigenação dos tecidos caso estejam esbranquiçados. A pele torna-se
pálida quando o sangue é desviado de alguma área. A coloração azulada indica oxigenação
incompleta.
P – PERFUSÃO PERIFÉRICA: Após a verificação do pulso, checa-se a perfusão
capilar periférica, sendo que acima de 2 segundos de perfusão capilar significa que não há
oxigenação e circulação adequada. Para essa avaliação, pressiona-se o leito ungueal. A
perfusão adequada produz coloração rosada na pele.

D: ESTADO NEUROLOGICO. Ocorre a inspeção céfalocaudal, para realizar a procura de


hemorragia e deformidades. Identifica-se novamente, perguntando o nome, idade, e o que
aconteceu, para avaliar o estado neurológico da vítima, seguida por análise das pupilas e
observação da Escala de Coma de Glasgow. Na avaliação da escala de Glasgow, o total
mínimo é de 3 pontos, e abaixo de 8 pontos deve ser realizada a intubação.
A – ALERTA: quando o paciente está atento, tem abertura ocular espontânea (o que
vale 4 pontos da escala de coma), resposta verbal orientada (5) e resposta motora adequada,
obedece a comandos (6) e localiza a dor (5). As respostas motoras incluem ainda, nos casos
mais graves, o movimento de retirada (4 pontos), flexão anormal (3), extensão anormal (2) ou
ausência de resposta motora (1 ponto). Quando um paciente está muito combatido, agressivo
ou com baixa cooperação, os socorristas devem considerar que ele está em estado de hipóxia.
V – VERBAL: Na escala de Glasgow, deve-se avaliar se a abertura ocular ocorre por
estímulo à voz. Especificamente sobre as respostas verbais, deve-se avaliar se a fala está
orientada (5 pontos), confusa (4 pontos), com palavras inapropriadas (3), com palavras
incompreensíveis (2) ou ausente (1).
D – A DOR: questiona-se ao paciente se ele está com dor em algum lugar específico, e
a medida que o socorrista manuseia o corpo da vítima, observa se há alguma reação de dor,
que indica os locais de trauma.
I – INCONSCIENTE: Considera-se que o paciente está inconsciente se ocorre
pontuação inferior à 3 na escala de Glasgow, quando as respostas motoras, verbais e de
abertura ocular estão ausentes. Quando a consciência está diminuída, consideram-se
inicialmente quatro possibilidades: oxigenação cerebral diminuída (devido à hipóxia ou à
hipoperfusão), lesão do sistema nervoso central (TCE), intoxicação por drogas ou álcool, ou
presença de algum distúrbio metabólico (diabetes, convulsão, parada cardíaca).
PUPILAS: para verificar a abertura ocular, utilizam-se foto-reagentes, pede-se para a
vítima fechar e abrir os olhos, e pode-se usar um instrumento para iluminar as pupilas e
verificar o reflexo e movimento ocular. No exame das pupilas, observam-se: o tamanho, a
imetria e a reação à luz. As pupilas podem apresentar-se de 4 maneiras:
1 ISOCÓRICAS: são as pupilas iguais ou normais, que significam uma condição
normal (embora a reavaliação tenha que ser constante).
2 ANISOCÓRICAS: ocorre quando as pupilas são diferentes ou assimétricas, ou seja,
uma fica dilatada e a outra contraída, o que indica um acidente vascular encefálico ou
traumatismo craniano.
3 MIDRÍASE: as pupilas estão grandes ou dilatadas, indicando: um ambiente com
pouca luz, anóxia ou hipóxia severa, inconsciência, estado de choque, parada cardíaca,
hemorragia ou TCE.
4 MIOSE: as pupilas estão contraídas, pequenas, ou sem reação à luz. Isso ocorre
quando há lesão no sistema nervoso central ou abuso de drogas.

COLAR CERVICAL: após a checagem de todos os itens anteriores, finaliza-se a estabilização


completa do paciente, por meio da colocação do colar cervical. Porém, deve-se ter em mente
que o paciente deve ter sido mantido em posição neutra durante todo o procedimento de
avaliação ABCDE, pois o movimento excessivo pode causar ou agravar lesões neurológicas.
Para COLOCAR O COLAR CERVICAL, deve-se realizar a INSPEÇÃO e a PALPAÇÃO da
traqueia, da jugular, do pulso carotídeo, da cervical, da clavícula e do mento.
IMOBILIZAR EM PRANCHA RIGIDA COM 05 CINTOS: neste momento, o socorrista
deixa de estabilizar o paciente com as suas próprias mãos, e imobiliza o paciente na prancha
rígida que tem coxins laterais e cinco cintos que prendem o paciente na testa, queixo, ombros,
cintura e pernas. Com isso, finaliza-se a imobilização completa, que estabiliza a coluna
cervical e impede o movimento e consequente agravamento da lesão, e o paciente pode ser
encaminhado para o atendimento hospitalar.
Em geral, as vítimas já se encontram deitadas ou estendidas no chão, e as condutas a
serem tomadas para colocar o paciente na prancha são: observar a segurança (regra dos três
S), realizar o ABCE, estabilizar a cervical e utilizar as duas mãos para segurar na parte lateral
da cabeça, na região das orelhas, então o segundo socorrista deverá avaliar a região do dorso
da vítima. Os socorristas 2 e 3 posicionam-se na lateral da vítima, ajoelhados sobre a prancha,
e o socorrista 2 segura nas cinturas pélvicas e escapular, e o socorrista 3 segura na cintura
pélvica e membros inferiores. Faz-se o rolamento da vítima para a prancha, de maneira
sincronizada, e enquanto o socorrista 1 continua posicionando a cabeça da vítima, os
socorristas 2 e 3 seguraram, respectivamente, debaixo das axilas da vítima e próximo à cintura
pélvica.
Em pacientes pediátricos, deve-se considerar que a cabeça é maior e mais pesada
(proporcionalmente), por isso, na imobilização em decúbito dorsal na prancha longa, o
socorrista deve colocar um cinto auxiliar ou coxim sob as escápulas.

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