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ABORDAGEM DA CENA

O momento em que as pessoas se deparam com uma vítima de


acidente, geralmente é de grande angústia; ou
seja;
-O que fazer?
-Levar rapidamente ao hospital?
-Acionar o socorro?
-Não se aproximar?
Seguindo um dos protocolos reconhecidos mundialmente, o
qual veremos a seguir, é possível iniciar o atendimento a
qualquer vítima de acidentes, sendo que, o indivíduo
devidamente preparado, seguramente poderá salvar uma vida,
reduzir sequelas e comandar as ações de salvamento até a
chegada do socorro especializado. Compreende as etapas:
-Controle de Cena
-Avaliação Primária
-Avaliação Secundária
CONTROLE DA CENA
Controlar a cena do acidente significa garantir a segurança no local e analisar o mecanismo de trauma.

Segurança no Local: Antes de iniciar o atendimento à vítima, você deve garantir sua própria condição de
segurança, a(s) da(s) vitima(s) e dos demais presentes. De forma alguma se exponha a riscos. Solicite ajuda
especializada. Pode ser necessário isolar a área, sinalizar, acionar serviços de apoio.
-Bombeiros 193
-Polícia 190
-Companhia De Energia Elétrica
VEÍCULO INCENDIADO? POSTE DE
ENERGIA?

VÍTIMA DE AGRESSÃO, AGRESSOR NA CENA?


Observe: Risco de correr novos acidentes, vazamento de combustível (risco de explosão), descarga elétrica,
desabamento, agressão física, etc.
CONTROLE DA CENA
Mecanismo da lesão Ao mesmo tempo em que garante a segurança da cena, analise o mecanismo
de lesão;

Tipo de situações:
-Acidente de trânsito: Verifique a deformidade nos veículos envolvidos, utilização de cinto de
segurança, capacete etc.
-Queda: Verifique a altura da queda, parte do corpo que sofreu primeiro impacto etc. Enfim, as
recomendações referentes à capítulo de Mecanismo de Trauma.
-Agressão física: Verifique se existe autoridades (policiais) no local, se o agressor já foi contido ou
retirado do local e se o objeto ou arma utilizado se encontra na cena. Após, verificar qual
mecanismo do trauma e adequar o melhor tratamento.
-Número de vítimas: Complemente os dados colhendo informações com as pessoas presentes na
cena;

“ Somente após garantir segurança, você se aproxima da vítima para iniciar o atendimento!
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA
O objetivo da avaliação primária é identificar situações de ameaça a
vida e manejar com elas de imediato. É feita sem movimentar a vítima
de sua posição inicial, salvo em condições especiais, como risco de
explosão, incêndio, afogamento, desabamento, etc.

Início
Aproximar-se e imobilizar a cabeça da vítima com ambas as mãos.
Perguntar como ela está. Determinar se está responsiva (consciente-
acordada). Tentar tranquilizá-la e perguntar o que aconteceu. Nesse
momento já está acontecendo a avaliação primária. Se a vitima
encontrar-se de capacete, realize a manobra de retirada com o doente
em posição neutra (posição anatômica).
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA
A avaliação primária consiste em 6 passos, sendo:

X – Exsanguinate (Hemorragia Grave)

A – Airway (Controle de vias aéreas e Estabilização de coluna vertebral)

B – Breathing (Respiração)

C – Circulation (Circulação)

D – Desability (Neurológico)

E – Exposure (Exposição)
X – EXSANGUINATE (HEMORRAGIA
GRAVE)
As Hemorragias são consideradas como a perda de sangue para fora do sistema circulatório. As hemorragias
podem ser de origem:
- Arterial: sangue vermelho vivo, esguicha, são as mais perigosas e difíceis de controlar;
- Venosa: sangue vermelho escuro, flui continuamente, mais comum;
- Capilar: sangramento mais superficial, flui vagarosamente, facilmente controlável.

Hemorragia Interna:
- Ferimento profundo;
- Lesão dos órgãos internos;
- Sangue não aparece*.

Hemorragia Externa:
- Ferimento visível;
- Lesão na superfície da pele;
- Sangue aparece.
X – EXSANGUINATE (HEMORRAGIA
GRAVE)
Caso não seja tratado com sucesso, as hemorragias podem causar a
disfunção de um órgão, seguido por vários órgãos simultaneamente,
que leva à síndrome de disfunção múltipla de órgãos.
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APLICAÇÃO DO TORNIQUETE
✓ Primeira opção após a compressão em hemorragias massivas;

✓ Ajustar até controle da hemorragia;

✓Pode ser colocado um segundo torniquete acima do primeiro


se necessário;

✓ Verificar desaparecimento do pulso distal;

✓ Anotar a hora de colocação


REMOÇÃO DO TORNIQUETE
✓ Aplicar curativo compressivo;

✓ Afrouxar lentamente o torniquete;

✓ Observar se produz sangramento;

✓ Se persistir a hemorragia, ajuste novamente o torniquete;

✓ Não retirar se houver amputação.

“Depois de 2 horas, pode haver risco para o membro


lesionado, por isso verificar a possibilidade de
retirar.”
ATENTADO À MARATONA DE BOSTOM
DE 2013
X – EXSANGUINATE (HEMORRAGIA
GRAVE) Garanta a sua segurança

Pense no tratamento da hemorragia

Há kit ou dispositivos de
NÃO SIM
controle de hemorragia?

- Use pano limpo;


-Aplique pressão
diretamente no ferimento Membros Pescoço, ombro ou virilha

Há indicação de torniquete? -Agente hemostático,


compressa, gaze ou pano
-Aplique o torniquete; SIM NÃO limpo;
- Aperte até parar o -Aplique pressão
sangramento. diretamente no ferimento.
A – Vias Aéreas + Estabilização Cervical
Garantir Perviedade das Vias Aéreas

Abertura Manual DISPOSITIVO BÁSICO DISPOSITIVO AVANÇADO

Jaw Thrust ASPIRAÇÃO VIA AÉREA EXTRAGLÓTICA

Chin Lift CÂNULA OROFARÍNGEA MÁSCARA LARÍNGEA

Head Tilt & Chin Lift CÂNULA DE GUEDEL INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL

CÂNULA DE BERMAN

CÂNULA NASOFARÍNGEA
No A , deve –se realizar a avaliação das vias aéreas . No
atendimento pré – hospitalar , 66-85 %das mortes evitáveis
ocorrem por obstrução de vias aéreas . Para manutenção das
vias aéreas usa as técnicas :”chin lift”,elevação do queixo ;”jaw
Thrust” ,anteriorização da mandíbula.

No A também ,realiza – se a proteção da coluna cervical .


A imobilização deve ser de toda a coluna , não se limitando a
coluna cervical. Para isso , uma prancha rígida de ser utilizada
Head Tilt & Chin Lift Jaw Thrust

Anteriorização da mandíbula

Inclinação da cabeça e elevação do queixo


CÂNULAS OROFARÍNGEAS - GUEDEL

VITIMA INCONSCIENTE

BERMAN
CÂNULA NASOFARÍNGEA
ASPIRAÇÃO
B- Respiração/Ventilação

No B , o socorrista deve analisar se a respiração está


adequada. A Frequência respiratória , inspeção dos
movimentos torácicos , cianose , desvio de traqueia .

Para tal , é necessário expor o tórax da vítima , realizar


inspeção , palpação , percussão e ausculta . Verificar se a
respiração é eficaz
B – VENTILAÇÃO - AVALIAÇÃO
INSPEÇÃO EXPANSIBILIDADE FREQUÊNCIA SIMETRIA LESÃO

PALPAÇÃO DOR CREPITAÇÃO INAL DE TRAUMA

PERCUSSÃO SOM ABAFADO (HEMOTÓRAX PNEUMOTÓRAX

AUSCULTA
INTERVENÇOES

O2 suplementar em máscara não reinalante


Descompressão torácica por agulha

Curativo valvulado /3 pontos/oclusivo

Drenagem de tórax

Drenagem de tamponamento cardíaco


CURATIVOS DE TÓRAX – 3 PONTAS
CURATIVO DE TÓRAX - VALVULADO
DESCOMPRESSÃO
TÓRAX PERICARDIOCENTESE
C –CIRCULAÇÃO
C- Circulação
A diferença entre o “X” e o “c” é que o X se refere a hemorragia
externas , grandes hemorragias .
Já o “C” refere – se a hemorragia internas , onde deve- se investigar
perdas de volume sanguíneo não visível , analisando os principais
pontos de hemorragia interna no trauma ( pelve , abdome e membros
inferiores) avaliando sinais clínicos de hemorragia como tempo de
enchimento capilar lentificado , pele fria e pegajosa e
comprometimento do nível e qualidade de consciência.
H HEMORAGIAS H.INTERNAS,TÓRAX,ABDOME,PELVE,FÊMUR

P P –PULSO PERIFÉRICOS CHEIOS,AUSENTES,TAQUICÁRDICO,


BRADICÁRDICO,FILIFORME

P P – PELE QUENTE,FRIA,SECA,PEGAJOSA,PÁLIDA,CIANÓTICA

P P- PERFUSÃO
TE
TEMPO DE ENCHIMENTO CAPILAR > 2S
HEMORRAGIA INTERNA
IMOBILIZAÇÃO -
CINTA PÉLVICA
D-ESTADO
D- NEUROLÓGICO
Estado Neurológico

No D , análise do nível de consciência , tamanho e


reatividade das pupilas.

Nessa fase , o objetivo principal é minimizar as


chances de lesão secundária pela manutenção da
perfusão adequada do tecido cerebral.
Importante aplicar a escala de como de Glasgow
ESCALA
AVALIE DEFORMA
DA SEGUINTE COMA DE GLASGOW
VERIFIQUE FATORES QUE INTERFEREM COM A
COMUNICAÇÃO,CAPACIDADE DE RESPOSTA

OBSERVE A ABERTURA OCULAR O CONTEUDO DO DISCURSO E OS


MOVIMENTOS DOS HEMICORPOS DIREITO E ESQUERDO.

ESTIMULE ESTIMULAÇÃO SONORA,ORDEM EM TOM DE VOZ NORMAL


OU EM VOZ ALTA E ESTIMULAÇÃO FÍSICA

PONTUE DE ACORDO COM A MELHOR RESPOSTA OBSERVADA


Abertura Ocular Pontuação
Espontânea 4

A
À voz 3
À dor 2
Nenhuma 1
Olhos fechados devido a fator local NT

Resposta verbal Pontuação


Orientado 5

D
Confuso 4
Palavras inapropriadas 3
Sons incompreensíveis 2
Ausente 1
Fator que interfere com a comunicação NT

Resposta motora Pontuação

U Obedece a comandos
Localiza a dor
Flexão normal
6
5
4

L Flexão anormal
Extensão
Ausente
3
2
1
Fator que limita a função motora NT
I
Abertura Ocular Pontuação
Espontânea 4
À voz 3
À dor 2
Nenhuma 1
Olhos fechados devido a fator local NT

N Resposta verbal
Sorri, orientado pelo som acompanhando objetos, ocorre interação
Pontuação
5
Choro consolável, interação adequada 4
Inquieto, inconsolável 3
Gemente 2

F Ausente
Fator que interfere com a comunicação

Resposta motora
1
NT

Pontuação
Obedece a comandos 6
Localiza a dor 5

Â
Se afasta da dor 4
Flexão anormal 3
Extensão 2
Ausente 1
Fator que limita a função motora NT
ESCALA DE COMA DE GLASGOW
Em resultado final de nossa avaliação obteremos o escore equivalente da
real situação em que o paciente se encontra neurologicamente, para isto
devemos somar a pontuação dos três parâmetros a serem avaliados.
*Se o paciente encontrar-se inconsciente devemos realizar o teste de reação
de pupilas a luz, obtendo a resposta, subtraímos da pontuação final do
Glasgow da seguinte forma:

Pupilas reagentes = 1 ponto


Pupilas não reagentes = 2 pontos

Obtendo assim a pontuação mínima de 1 e máxima de 15, classificando seu


estado em 3 níveis: GRAVE (1 à 8), MODERADO (9 à 12) e LEVE (13 à 15).
DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA
Avaliação do diâmetro das pupilas
Tão importante quanto às demais avaliações, pois pode nos trazer bases das possíveis lesões que a vitima pode
trazer. Existem algumas características de leões que resultam na alteração de tamanho das pupilas do doente.

Escala de Coma de Glasgow


É uma ferramenta utilizada para determinar o nível de consciência. É um método simples e rápido para
determinar a função cerebral e da sobrevida do doente, especialmente a melhor resposta motora. Também
fornece a função cerebral basal para avaliações neurológicas seriadas. A escala de coma de Glasgow é dividida
em três seções: 1 abertura ocular; 2 melhor resposta verbal; 3 melhor resposta motora. Pontuar o doente em
um escore de acorde com a melhor resposta para cada componente da OMV.
E - POSIÇÃO EdaCONTROLE
E- Exposição Vítima e ControleDE
da Hipotermia
HIPOTERMIA
No “E” a análise da extensão das lesões e o controle do
ambiente com prevenção da hipotermia são as principais
medidas realizadas .O socorrista deve analisar sinais de
trauma , sangramento , manchas na pele etc.

A parte do corpo que não está exposta pode esconder a


lesão mais grave que acomete a vítima.
AVALIAÇÃO SEUNDÁRIA
O objetivo da avalição secundária é procurar lesões que não foram
identificadas na avaliação primária, oferecer cuidados para possíveis
ferimentos e fraturas. Confortar e aquecer a vítima enquanto aguarda a
chegada do serviço de atendimento pré-hospitalar. Prepará-la para ser
removida.

Nesta avaliação verificamos vários fatores importantes para definirmos a real


situação em que a vitima/paciente se encontra. Sendo eles:

- Ver, Ouvir e Sentir;


- Sinais Vitais;
- SAMPLE;
- Escala de Trauma;
- Avaliação continuada.
SAMPLE
Sintomas: de que o doente se queixa? Dor? Dificuldade respiratória? Dormência? Formigamento?

Alergias: o doente tem alergias particularmente conhecida a medicamentos?

Medicamentos: Quais medicamentos prescritos ou não prescritos (incluindo vitaminas,


suplementos e outros medicamentos de venda livre) o doente toma regularmente?

Passado médico: problemas clínicos importantes para os quais o doente recebe


tratamento; inclui
cirurgias prévias.

Líquidos e alimentos: muitos doentes traumatizados necessitarão de cirurgia, e alimentação


recente pode aumentar o risco de vômito e aspiração durante a indução da anestésica.

Evento: Quais eventos procederam a lesão? Imersão em água (afogamento ou hipotermia) e


exposição a materiais perigosos devem ser incluídos.
SINAIS VITAIS
Frequência Cardíaca: Frequência Respiratória:
- BEBE (0 à 1 ano) – de 100 à 160 - BEBE (0 à 1 ano) – de 30 à 60
- CRIANÇA (1 à 12 anos) – de 80 à 120 - CRIANÇA (1 à 12 anos) – de 20 à 30
- ADULTO (a partir de 12 anos) – de 60 à 100 - ADULTO (a partir de 12 anos) – de 10 à 20

Pressão arterial por idade:


- 0 à 4 anos – 85/60 mmHg; Temperatura:
- HIPOTERMIA – abaixo de 35ºC
- 5 à 6 anos – 95/62 mmHg;
- AFEBRIL (normal) – 36 à 37ºC
- 7 à 10 anos – 100/65 mmHg; - FEBRE – 37 à 40ºC
- 11 à 12 anos – 108/67 mmHg; - HIPERTERMIA – acima de 40ºC
- 13 à 16 anos – 118/75 mmHg;
- Adultos (17 à 64 anos) – 120/80mmHg;
- Idosos (acima de 65 anos) – 140 a 160/90 a Saturação:
100 mmHg. NORMAL: 90 à 100%
CHOQUE
“Um desarranjo grosseiro da maquinaria da vida”
Samuel Gross

“Uma pausa momentânea no ato da morte”


John Collins

Hipoperfusão tecidual
TOLERÂNCIA ORGÂNICA DOS
ÓRGÃOS

ÓRGÃO TEMPO DE ISQUEMIA


Cérebro, Coração e Pulmões 4 a 6 minutos
Rins, Fígado, Intestinos 45 a 90 minutos
Pele, Músculos e Ossos 4 a 6 horas
CLASSIFICAÇÃO DE CHOQUE

HIPOVOLÊMICO Hemorrágico

Séptico
Anafilático
DISTIBUTIVO Psicogênico
Neurogênico

CARDIOGÊNICO
CHOQUE HEMORRÁGICO
CLASSE I CLASSE II CLASSE III CLASSE IV

Perda de sangue
(ml) Até 750 De 750 à 1.500 De 1.500 à 2.000 > 2.000

% Até 15 15 à 30 30 à 40 > 40

FC < 100 100 à 120 120 à 140 > 140

Normal ou
PA Diminuída Diminuída Diminuída
aumentada

FR 14 à 20 20 à 30 30 à 40 > 35

FASE Compensado Compensado Descompensado Descompensado


REFERÊNCIAS
https://enfermagemilustrada.com/o-xabcde-do-trauma/
https://www.portalenf.com/2018/02/avaliacao-pupilar/
https://slideplayer.com.br/slide/12277597/

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