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Relações étnico-raciais: afro-brasileiros e indígenas

Na reportagem intitulada “A trágica realidade de dois povos indígenas”,


aborda-se a vida da população Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul e da
população Guarani-Mbyá no Rio Grande do Sul, cerca de 42 mil indígenas que
embora sejam de duas regiões muito diferentes do país, compartilham uma vida
miserável. Os indígenas vivem na beira de estradas, geralmente em acampamentos
provisórios, que justamente por isso contam com pouca ou nenhuma água potável e
não tem acesso à saneamento básico. A pobreza aparece ainda com a fome e a
dificuldade de acesso à alimentos.
Assim como os indígenas, que são povos originários do Brasil e portanto os
primeiros “donos” das terras brasileiras, os africanos que foram trazidos à força para
o país, para o trabalho escravo, também compartilham os traumas e violências de
quem muito construiu e pouco usufrui no Brasil. A reportagem intitulada “Afro-
brasileiros e relações étnico-raciais” aborda que, embora os afro-brasileiros sejam
hoje a maioria da população brasileira (mais especificamente 54%, de acordo com o
IBGE), ainda estão sujeitos à violências, racismo e genocídio. Ambos os casos – dos
indígenas e dos africanos – podem ser explicados pela ideia eurocêntrica e ocidental
de “modernidade”, a partir da qual determinados povos e culturas são considerados
primitivos, atrasados e até mesmo “bárbaros”, sendo vistos como “um obstáculo ao
desenvolvimento e ao progresso”, de forma que precisariam ser combatidos ou
eliminados. Daí deriva a dificuldade de reconhecer e valorizar povos que não sejam
brancos ou de descendência europeia.
Se trata de um problema social de grandes proporções, que é reforçado pela
ausência de políticas públicas e de intervenção do poder público na consolidação
dos direitos dessas populações, que são constantemente diminuídas ou
inferiorizadas em seus hábitos e costumes (especialmente no caso dos indígenas)
ou em suas características físicas (especialmente no caso dos afro-brasileiros). O
racismo e a xenofobia estão presentes em toda a sociedade, revelando um traço
que é quase basilar no Brasil: a discriminação. Ainda que os afro-brasileiros sejam a
maioria em termos numéricos, ainda são considerados uma “minoria” no que se
refere ao acesso à direitos; da mesma forma os indígenas, que são uma minoria
numérica, assim são mantidos porque não possuem ferramentas ou possibilidades
de se manterem vivos ou de viver com dignidade.
Desta forma, se pensarmos na grandeza desses povos e em suas
contribuições para a história e para a construção do Brasil, entendemos que negar-
lhes a vida, o respeito e a dignidade é justamente negar respeito e dignidade para
todo esse país que eles ajudaram a construir.

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