Djalma ribeiro e sua luta contra o racismo estrutural
A principal contribuição de Djamila Ribeiro na luta contra o racismo
estrutural tem sido a sua capacidade de articular e difundir as ideias e conceitos relacionados a essa questão. Ela tem se dedicado a analisar e denunciar as diversas formas de discriminação racial presentes na sociedade brasileira, desde as mais explícitas até as mais sutis e camufladas. Um papel importante na promoção do debate e na conscientização sobre a questão racial no país.
“O racismo estrutura a sociedade
brasileira, e, assim sendo, está em todo lugar. Djamila Ribeiro.
Corajosamente a ativista denuncia uma realidade brasileira cruel
que muitas vezes passa despercebida e é naturalizada, como, por exemplo, o fato de, no Brasil, a cada 23 minutos um jovem negro ser assassinado. Esse número é impressionante se pensarmos que o país é aquele que contém a maior população negra fora da África (cerca de 54% da população brasileira é negra). A escritora sublinha na sua luta que em 1888 foi assinada a lei Áurea libertando homens e mulheres da escravatura depois de praticamente quatro séculos de escravidão, mas sem nenhum tipo de preocupação de como seria a inclusão dos negros na sociedade. Os antigos escravos foram marginalizados socialmente e, até hoje, colhemos os frutos desse tempo. As mulheres negras, por exemplo, após a abolição, foram destinadas ao trabalho doméstico (e hoje observamos o impressionante número de 6 milhões de mulheres empregadas domésticas negras no país, tendo a profissão só sido regulamentada em 2013). O desafio de Djamila é justamente mostrar o preconceito racial que se encontra entranhado na sociedade brasileira e ajudar, de alguma forma, a combatê-lo, dando ferramentas para o grande público (re)pensar a sua postura social. Destacado pela sua habilidade de tornar acessível e compreensível para o público em geral conceitos complexos, como a interseccionalidade, o branqueamento racial e a branquitude. Outra importante contribuição tem sido a sua atuação em espaços políticos e institucionais. Além disso, tem incentivado a formação de novas lideranças negras, tanto no âmbito político como no cultural e intelectual. Ela tem promovido a valorização da produção artística e intelectual de pessoas negras, bem como a construção de redes de solidariedade entre ativistas e organizações que lutam contra o racismo. Em resumo, a contribuição de Djamila Ribeiro na luta contra o racismo estrutural tem sido fundamental para o avanço das discussões sobre o tema no Brasil.
DADOS SOBRE O RACISMO ESTRUTURAL NO BRASIL
56% dos brasileiros se declaram negros (pretos ou pardos) Apesar da população
negra (pretos ou pardos) ser a maioria, 118,9 milhões de pessoas, os negros, em 2020, representam 74% das classes mais pobres e vulneráveis (DE). Enquanto os não negros correspondem a 63% das classes mais ricas (AB). As estatísticas revelam a persistente desigualdade racial em relação à escolaridade 79% dos brancos de 18 a 24 anos está cursando o ensino superior, enquanto 55% dos negros de 18 a 24 anos está cursando o ensino superior. Em relação aos postos de trabalho: 90% declara que a maioria dos governantes são brancos 65 % declara que a maioria dos professores que teve eram brancos 85% declara que a maioria dos médicos pelo qual foi atendido eram brancos 65% em relação aos postos de trabalho são brancos A população ocupada de cor ou raça branca ganhava em média 73,4% mais do que a preta ou parda. Em valores, significava uma renda mensal de trabalho de R$ 2.884 frente a R$ 1.663, em 2019. Entre os que se declararam brancos, 3,4% eram extremamente pobres e 14,7% eram pobres, mas essas incidências mais que dobravam entre pretos e pardos. Entre as pessoas abaixo das linhas de pobreza do Banco Mundial, 70% eram de cor preta ou parda, enquanto a população que se declarou com essa característica era de 56,3% da população total. A pobreza afetou ainda mais as mulheres pretas ou pardas: eram 28,7% da população, mas 39,8% dos extremamente pobres e 38,1% dos pobres. Fonte: As Faces do Racismo, Levantamento do Instituto Locomotiva para a Central única das Favelas, Junho de 2020. IBGE 2019. "Nos acostumamos a sermos racistas, à medida que olhamos os espaços públicos e privados e consideramos normal o modo como eles estão socialmente ocupados. Precisamos nos desacostumarmos e nos incomodarmos com o que foi "normalizado" historicamente na sociedade brasileira" (CHAGA, W. F. , 2020)