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BACHAREL EM PSICOLOGIA
Desigualdade social
Temos também os números de mortalidade de negros que devem-se às desigualdades
sociais ainda existentes, às condições precárias de moradia persistentes para os
brasileiros. No Brasil existem três vezes mais negros do que brancos vivendo com ao
menos uma restrição de acesso ao saneamento básico, o resultado significa que a
população negra se encontra em maior condição de vunerabilidade e exposição de
doenças diz o IBGE.
Números em relação a população negra
Números e porcentagens de habitantes
Segundo o IBGE, mais da metade da população brasileira (54%) é de negros ou
pardos, sendo que a cada dez pessoas, três são mulheres negras. Os números subiram para
212,7 milhões em 2021, aumentando de 7,6% em comparação com 2012. Nesse período,
o percentual de pessoas que se autodeclaram brancas caiu de 46,3% para 43%. De negras,
subiu de 7,4% para 9,1%. Sobre as populações negras nas regiões, o Nordeste tem a
maior proporção de pessoas autodeclaradas negras, com 11,4%. Em sequência, vêm o
Sudeste (9,6%) e o Centro-Oeste (8,7%). Por Estado, a Bahia (21,5%) e o Rio de Janeiro
(14,2%) são os que mais têm concentração de pessoas negras.
Situação dos negros
Segundo dados coletados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) no ano de 2018, 56% da população brasileira se autodeclarou negra,
sendo esse número correspondente a mais de 106 milhões de pessoas.
Na educação, no ano de 2013, o IBGE declarou que 22% da população
autodeclarada branca tem ensino médio completo. Já na população negra, essa
taxa cai para 10%. Apesar disso, observa-se um crescente aumento no número
de pessoas negras matriculadas no ensino superior, saltando em torno de 400%
no período entre os anos 2010 e 2019, representando cerca de 38,15% de
matriculas nas universidades. Muito disso se deve ao sistema de cotas, onde se
destina uma parte das vagas para pessoas autodeclaradas negras ou pardas.
Mesmo assim, segundo o instituto iDados, em 2020, observou-se que 37,9%
dos homens e 33,2% das mulheres negras que possuem diplomas de ensino
superior, trabalham em cargos onde o diploma não é exigido, o que indica que
mesmo qualificados, não são escolhidos para o trabalho.
A partir disso, observa-se uma desigualdade discriminatória em relação aos
salários, onde no ano de 2016 pessoas brancas ganhavam uma média salarial
de R$ 1.600,00, e os negros por outro lado, tinham como média um salário de R$
921,00, praticamente R$ 700,00 a menos. Já o IPEA (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) em 2016, mostra que mulheres brancas recebem 70% a
mais que mulheres negras no Brasil.
Situação dos negros
Em relação aos dados sobre moradia, o estudo SIS (Sintese de Indicadores
Sociais) de2020, mostra que 45,2 milhões de pessoas residiam no ano de 2019
em residências com algum tipo de inadequação. Dessa taxa, 13,5 milhões de
pessoas eram da cor branca, e 31,3 milhões eram pretos ou pardos. Sendo ainda
mais especifico, o estudo mostra que entre os homens, 15,10% eram brancos, e
26,6% eram negros. Já entre as mulheres, 15% eram brancas e os outros
26,40% eram negras ou pardas.
Na violência, de acordo com o Atlas da Violência de 2021, a chance de uma
pessoa negra ser assassinada no Brasil é 2,6 vezes maior a de uma pessoa não
negra.A taxa de homicídio a cada 100 mil habitantes negros em 2019 foi de 29,2,
enquanto de não negros, foi de 11,2.
Desde então, nota-se que a situação não evoluiu muito. Com a crise
econômica enfrentada no Brasil pelo corona vírus, a crise política instaurada,
aliada à falta de visibilidade do governo e políticas públicas, não é difícil constatar
que o racismo estrutural continua estagnado e presente na vida de milhões de
brasileiros negros ou pardos, que convivem diariamente com essa situação em
seu cotidiano.
Qual papel do psicólogo na população negra?
A participação da psicologia e dos profissionais psicólogos no combate ao
racismo nas instituições de saúde é de inegável importância. Além do fato dessa
responsabilidade estar preconizada nos princípios éticos do Conselho Federal, os
psicólogos nos centros de saúde estão em contato direto com a população
negra, até porque ela é 'SUS-dependente', viabilizando completamente a
construção de um campo de reflexões e ações em prol dessa questão.
Adicionalmente às ferramentas que a própria disciplina oferece, já trabalham
nos hospitais profissionais oriundos de diferentes campos do conhecimento, o
que facilita o trabalho conjunto e a atenção focada no que acontece no ambiente
com relação aos preconceitos e discriminações contra aqueles coletivos, seja na
área da gestão hospitalar ou nas relações com os usuários.
Apesar disso, pode-se afirmar que este estudo apontou para uma total
ausência de percepção do racismo institucional nos centros de saúde em que os
profissionais psicólogos trabalham. A existência do racismo no país foi um dado
confirmado por todos os entrevistados, mas não foi possível localizá-lo nas
relações de trabalho, salvo pelas pequenas observações apontadas.
Qual papel do psicólogo na população negra?
Essa situação pode ser pensada a partir da formação dos cursos de
psicologia, que só muito recentemente têm colocado o tema em pauta; na falta
de diálogo da psicologia social com a psicanálise; na psicanálise, que, de forma
geral, insiste em reduzir os sujeitos a questões psíquicas, tratando a
subjetividade de maneira individualista; na antiga e persistente dificuldade dos
profissionais psicólogos de marcar posições fortes dentro dos centros de saúde.
Por outro lado, o que se percebe na fala dos entrevistados é a reprodução
da naturalização de ideologias que foram construídas para manter as relações
interétnicas e raciais sem conflitos, propositoras de igualdade que na realidade
não existe.
Dessa forma, a proposta se direciona para os Conselhos de Psicologia, em
todos os âmbitos, no sentido de implementar ações que sensibilizem a categoria
que atua no sistema de saúde com o objetivo se criar instrumentos concretos de
superação da iniquidade nesse campo.
Infográfico da violência e desigualdade social
Entrevista
Psicóloga Luadia Mabel
Prudente Eunice. Dados do IBGE mostram que 54% da população brasileira é negra, Jornal da
USP, 31/07/2021
Caxeta Izabella. Brasil tem mais negros em universidades, mas eles são minoria nas empresas,
Estado de Minas Diversidades, 21/03/2022
Mazzo Aline. No país, 7 em cada 10 que moram em casas com algum tipo de inadequação são
pretos ou pardos, Folha de São Paulo, 20/11/2020
PODER 360. População cresce com mais pessoas negras e pardas... 22/07/2022
Oliveira Tory. Seis estatísticas que mostram o abismo racial no Brasil, 20/11/2017
Referências
https://www.camara.leg.br/radio/programas/445256-a-situacao-dos-negros-no-brasil/
https://www.conjur.com.br/2021-nov-20/dia-consciencia-negra-busca-representatividade-justica
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/08/31/negros-tem-mais-do-que-o-dobro-de-chance-
de-serem-assassinados-no-brasil-diz-atlas-grupo-representa-77percent-das-vitimas-de-homicidio.g
html
https://jornal.usp.br/radio-usp/dados-do-ibge-mostram-que-54-da-populacao-brasileira-e-negra/
https://www.em.com.br/app/noticia/diversidade/2022/03/21/noticia-diversidade,1354302/brasil-tem-
mais-negros-em-universidades-mas-eles-sao-minoria-nas-empresas.shtml
https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/11/infografico-violencia-desigualdade-racial-
2021-v3.pdf
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/11/no-pais-7-em-cada-10-que-moram-em-casas-com-
algum-tipo-de-inadequacao-sao-pretos-ou-pardos.shtml
http://www.sindypsipr.com.br/site/10-psicologas-negras-que-lutam-por-um-mundo-livre-do-racismo/
Agradecimentos
À Maria Luísa Pereira de Oliveira que é psicóloga pela Universidade do Vale
do Rio dos Sinos (UNISINOS), licenciada em Psicologia pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista em violência doméstica
contra crianças e adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre
em Saúde Coletiva pela UNISINOS. Também é especialista em Ética, Educação
e Direitos Humanos. Atualmente, é integrante da ONG Sempre Mulher – Instituto
de Pesquisa e Intervenção sobre Relações Sociais. Como pesquisadora, busca
compreender os efeitos da discriminação racial na construção de identidades e
modos de subjetivação de mulheres negras.