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Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

Síntese – Política Nacional de Saúde Integral da População Negra

Gabriela Ribeiro, Julia Azevedo, Lana da Hora, Luana Sande, Maria Fernanda Cirne

Salvador, Bahia
2024
No Brasil, durante a década de 80, muitos movimentos sociais negros em busca
de melhores condições de vida começaram a ocorrer. Logo, motivada por tais
movimentos, em busca de uma melhor condição de saúde e de equidade no SUS, a
Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) foi instituída em
maio de 2009, pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A PNSIPN foi
criada como uma resposta do Ministério da Saúde às desigualdades no Sistema
Único de Saúde (SUS), com o objetivo principal de garantir a equidade na efetivação
do direito humano à saúde da população negra em seus aspectos de promoção,
prevenção, atenção, tratamento e recuperação de doenças e agravos transmissíveis
e não transmissíveis.

Diante disso, é válido destacar as diretrizes gerais da PNSIPN:

• Incluir os temas racismo e saúde na formação e educação permanente


dos trabalhadores e controle social da saúde;

• Ampliar e fortalecer a participação do movimento negro nas instâncias


de controle social;

• Incentivar a produção do conhecimento científico e tecnológico em


saúde da população negra;

• Promover o reconhecimento dos saberes e práticas populares de


saúde, incluindo os das religiões de matriz africana;

• Implementar monitoramento e avaliação das ações de combate ao


racismo e à redução das desigualdades étnico-raciais na saúde;

• Desenvolver processos de informação, comunicação e educação que


reduzam vulnerabilidades, desconstrua estigmas, preconceitos e fortaleça uma
identidade negra positiva.

Diante disso, cabe ressaltar ainda a Portaria nº 344 de 1º de fevereiro de 2017,


que adota o critério da autodeclaração, ou seja, a própria pessoa define qual é a sua
raça/cor, com exceção dos casos de recém-nascidos, óbitos ou diante de uma
situação em que o usuário estiver impossibilitado. A declaração da raça/cor é de
suma importância para os sistemas de informação do SUS, pois serão ofertados
atendimentos de acordo com as necessidades pessoais de cada indivíduo.
Ademais, quando é falado sobre doenças na população negra, existem algumas
de maior prevalência, como a Anemia Falciforme, doença decorrente de uma
mutação genética ocorrida há milhares de anos, na África, chegando ao Brasil na
época do tráfico dos escravos, atingindo 2% a 6% da população brasileira negra
geral, a Diabetes mellitus tipo II, que se desenvolve na fase adulta, é a quarta causa
de morte no país e atinge com mais frequência homens e mulheres negras, a
Hipertensão Arterial, doença que atinge 10% a 20% dos adultos, sendo mais comum
entre homens e mais complicada entre negros, de ambos os sexos, e a Deficiência
de glicose-6-fosfato desidrogenase, onde a falta dessa enzima resulta na destruição
dos glóbulos vermelhos e essa doença apresenta frequência alta entre negros
americanos.

Além disso, destaca-se também a desigualdade de riquezas entre brancos e


negros. A má distribuição racial da riqueza é inquestionável, em 2014, nos 10% mais
pobres, 76% eram pretos ou pardos e 22,8% brancos, mas quando é comparado
aos brancos, no 1% com maiores rendimentos, 17,8% eram pretos ou pardos, contra
79% de brancos.

No Brasil de acordo com o IBGE, nos últimos anos foi notório a grande
desigualdade em relação a população (preta ou parda) e além disso o crescimento
da população negra entre 2010 e 2015, houve um aumento na declaração de
pessoas como negras (pretas ou pardas), já entre 2010 e 2015, houve um aumento
na declaração de pessoas como negras (pretas ou pardas), mostrando também a
grande desigualdade social econômica que apesar do aumento relativo da renda
média per capita para a população negra, a desigualdade ainda é expressiva, onde
em 2014, nos 10% mais pobres, 76% eram negros, enquanto apenas 22,8% eram
brancos enquanto no extremo oposto, os 1% com maiores rendimentos em 2014
eram compostos por 17,8% de negros e 79% de brancos. É importante ter em vista
que nos últimos anos as consultas médicas e odontológicas destacam a
necessidade de abordar desigualdades para garantir um acesso equitativo aos
cuidados de saúde no país. Os dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 no
Brasil revelam disparidades significativas nos cuidados de saúde entre mulheres de
diferentes grupos étnicos e níveis educacionais Apenas 60% das mulheres entre 50
e 69 anos realizaram mamografia nos últimos dois anos, mulheres brancas e com
ensino superior completo apresentaram taxas mais altas, enquanto mulheres pretas,
pardas e com menor escolaridade tiveram taxas mais baixas.

Analisando o cenário atual algumas questões importantes que evidenciam as


desigualdades no acesso à saúde no Brasil. Esses dados ressaltam a necessidade
de políticas públicas específicas para enfrentar tais disparidades. Começando pela
desigualdade no acesso único de saúde (SUS), os números do Ipea indicam que a
população negra é mais dependente do SUS em comparação com a população
branca. Essa dependência pode refletir as limitações de acesso a serviços de saúde
privados e ressalta a importância de fortalecer e expandir o SUS para garantir
equidade no acesso, A distribuição dos atendimentos de saúde revela uma
concentração entre usuários com renda mais baixa. Isso destaca a necessidade de
abordagens específicas para atender às demandas da população de baixa renda,
visando garantir que todos tenham acesso a serviços de qualidade,
independentemente de sua condição socioeconômica, onde pesquisam mostram
mostra que a população negra enfrenta maior exposição a condições precárias de
vida, o que está diretamente relacionado às condições de saúde. Essa disparidade
destaca a importância de políticas que abordem não apenas questões de saúde,
mas também as condições sociais e econômicas que impactam a qualidade de vida.
Tendo em vista o menor acesso global a saúde onde a pesquisa nacional de saúde
de 2013 aponta que a população negra ainda enfrenta menos acesso à saúde em
comparação com a população branca. Esses dados sugerem que é fundamental
implementar medidas para superar as barreiras que limitam o acesso aos serviços
de saúde, garantindo uma cobertura mais equitativa para todos os grupos
populacionais.

Ao abordar a mortalidade materna, as internações e o acesso a medicamentos, as


comunidades negras frequentemente enfrentam desigualdades significativas em
comparação com outros grupos étnicos. Nos sistemas de saúde, as disparidades
raciais podem resultar em menor qualidade do atendimento, acesso limitado a
cuidados pré-natais adequados e maior probabilidade de complicações durante a
gravidez e o parto.

Além disso, as comunidades negras também podem estar em maior risco de


doenças negligenciadas, como a doença de Chagas, devido a fatores
socioeconômicos, ambientais e estruturais. A falta de acesso a cuidados de saúde
de qualidade, informações inadequadas sobre prevenção e diagnóstico tardio podem
contribuir para taxas mais altas de morbidade e mortalidade entre os afetados por
essa doença.

Portanto, políticas de saúde devem abordar especificamente as necessidades das


comunidades negras, incluindo estratégias para reduzir as disparidades raciais no
acesso a cuidados de saúde, investimentos em programas de prevenção e
tratamento culturalmente sensíveis e a promoção da equidade em saúde em todos
os níveis do sistema de saúde. Essas medidas são fundamentais para garantir que
todos, independentemente de sua origem étnica, tenham acesso igualitário a
cuidados de saúde de qualidade e para reduzir as disparidades em saúde que
afetam as comunidades negras.

Em relação às doenças como o HIV/Aids e hepatites virais, há uma diferença


notável na detecção e mortalidade, com um impacto maior nas comunidades negras
e pardas, especialmente entre homens. Os altos índices de violência e mortalidade
entre jovens negros, em grande parte decorrentes de homicídios cometidos por
armas de fogo, são preocupantes. A taxa de mortalidade por homicídios é
significativamente mais elevada entre negros comparada a não negros.

Já a discriminação nos serviços de saúde é uma realidade, com esse grupo. A


desigualdade racial está diretamente relacionada com a desigualdade social
brasileira. Desse modo, o Ministério da Saúde compreende a situação de
vulnerabilidade encontrada na saúde da população negra e, implementa diretrizes
para desse modo, diminuírem altas taxas de mortalidade, principalmente materna e
infantil, diminuir a prevalência de doenças crônicas e infecciosas na população
negra , os altos índices de violência, além do racismo estrutural que se insiste em
perpetuar.

O Plano Juventude Viva , que prevê ações de prevenção para reduzir a


vulnerabilidade de jovens negros a situações de violência física e simbólica, a
Portaria nº 1.391, de 16 de agosto de 2005, que institui, no SUS, diretrizes para a
Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras
Hemoglobinopatias, Curso de ensino a distância sobre saúde da população negra
promovido pelo MS e Universidade Aberta do SUS, Incorporação do transplante de
medula para tratamento da doença falciforme no âmbito do SUS, Comitê Técnico de
Saúde da População Negra , Incorporação do transplante de medula para
tratamento da doença falciforme no âmbito do SUS e a Publicação da Portaria nº
344, de 1º de fevereiro de 2017, que padroniza e torna obrigatória a coleta e o
preenchimento do quesito raça/cor do paciente em todos os sistemas de informação
do SUS.

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