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SAÚDE DA MULHER

NEGRA ABNA VIEIRA


MARILIA AGUIAR
“Saúde é direito de todos e dever do estado”
Art. 196 Constituição Federal 1988

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção
e recuperação.​​
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"De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), a
população negra apresenta os piores indicadores de saúde se
comparadas aos brancos. Além disso, 37,8% da população
adulta e negra brasileira considera a própria saúde entre
regular e muito ruim. Entre os brancos, a taxa é de 29,7%. Os
dados são do Ministério da Saúde e apontam também que a
proporção de pretos e pardos que fizeram consultas médicas em
um ano é menor que a média nacional."
A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra
(PNSIPN) é um compromisso firmado pelo Ministério da
Saúde no combate às desigualdades no Sistema Único
de Saúde (SUS) e na promoção da saúde da população
negra de forma integral, considerando que as iniquidades
em saúde são resultados de injustos processos
socioeconômicos e culturais – em destaque, o vigente
racismo – que corroboram com a morbimortalidade das
populações negras brasileiras.
“Vários estudos nacionais e internacionais apontam que o risco
elevado da diabetes tipo dois entre homens e mulheres negros
está associado à experiência do racismo, que gera estresse
crônico capaz de configurar ou funcionar como desencadeador
de processos físio-patológicos”
Relata a professora Elis Borde (UFMG)
Think olga
Recém-nascidos negros cuidados por médicos negros têm
menos chance de morrer que aqueles cuidados por médicos
brancos.
Câncer de mama e a mulher negra

Nos EUA, a mortalidade por câncer de mama, ajustada para a idade, é cerca
de 40% maior entre mulheres negras, que entre mulheres brancas não
hispânicas

27,7 X 20,0 mortes por 100mil mulheres de 2014 até 2018

Apesar de uma menor incidência de câncer de mama entre mulheres pretas, em


relação às mulheres brancas

125,8 X 139,2 casos por 100mil mulheres


Câncer de mama e a mulher negra

Nos EUA, a mortalidade por câncer de mama, ajustada para a idade, é cerca
de 40% maior entre mulheres negras, que entre mulheres brancas não
hispânicas

27,7 X 20,0 mortes por 100mil mulheres de 2014 até 2018

Apesar de uma menor incidência de câncer de mama entre mulheres pretas, em


relação às mulheres brancas

125,8 X 139,2 casos por 100mil mulheres


Câncer de mama e a mulher negra
Covid 19 e mulher negra

Impacto desproporcional do Covid 19 entre negras gestantes e puérperas.

Disparidades raciais foram apontadas, inicialmente, nos EUA.

Gestantes e puérperas negras já são, historicamente, discriminadas nos serviços


de saúde. Durante a pandemia, enfrentaram um desafio ainda maior.

No estudo de Santos et al, as mulheres negras foram internadas em piores


condições em relação às mulheres brancas, com mais dispneia e menor SaO2.

As pacientes negras foram internadas com mais frequência na UTI, sob VM, e
tiveram maior taxa de óbito, que as mulheres brancas.
Covid 19 e mulher negra

Dados mostram que mulheres negras foram desproporcionalmente afetadas


pela covid 19, por questões prévias à internação hospitalar.

Apesar de tentativas de implicar tais diferenças a questões biomédicas, os


fatores de risco clínicos não foram diferentes entre mulheres negras e brancas.

O que nos leva aos determinantes sociais, como maiores responsáveis por tal
disparidade: racismo e sexismo estruturais.
Covid 19 e mulher negra

Falta de acesso à assistência médica,


piores condições de trabalho e moradia,
entre outros.

Mulheres negras gestantes e puérperas são


um dos grupos mais vulneráveis da
sociedade. (São a base da pirâmide social,
perdem apenas para mulheres trans pretas)

Think olga
Covid 19 e mulher negra

A mortalidade materna por covid 19 entre mulheres pretas foi quase 2 vezes
maior que a observada para mulheres brancas.

Dados semelhantes foram vistos nos EUA e Europa.

Reforça a importância de políticas protetivas para as populações mais


vulneráveis, além de aumentar o acesso à atenção primária.
Think olga
Demografia médica - 2018
Demografia médica - 2018
DEMOGRAFIA MÉDICA

Pesquisa demografia médica 2018:


4600 médicos recém formados

Demografia médica - 2018


crença de inferioridade dos/as estudantes negros/as

nível interpessoal nos olhares, piadas ou comentários sobre o cabelo

nível institucional, nega-se a necessidade do estudo da saúde da população negra,

a baixa representatividade no corpo docente e discente não é percebida como racismo.

A identificação racial, a organização em coletivos e a existência de amparos legais são fundamentais


crença de inferioridade dos/as estudantes negros/as

nível interpessoal nos olhares, piadas ou comentários sobre o cabelo

nível institucional, nega-se a necessidade do estudo da saúde da população negra,

a baixa representatividade no corpo docente e discente não é percebida como racismo.

A identificação racial, a organização em coletivos e a existência de amparos legais são fundamentais


Resgate de saberes indígenas, visão ampliada em saúde

Analisar teorias e conversas que desafiam a visão biomédica da saúde, encorajar educadores
e profissionais de saúde a adotar atitudes decoloniais pode auxiliar a abordagem dos
desequilíbrios de poder na saúde e melhorar o cuidado centrado no paciente
Iniciar a autorreflexão e letramento

Tornar-se antirracista, diverso, equânime e inclusivo

Colaborar com comunidades

Falar sobre racismo


Processos e estruturas "neutras" na educação médica, em conjunto com
preconceitos e discriminação interpessoal, podem reproduzir e sustentar a
desigualdade racial entre médicos
Quanto maiores os viéses implícitos...

piores as disparidade de recomendações de tratamento, expectativas de vínculos


terapêuticos, controle de dor e empatia

Pior comunicação com paciente


COMO MELHORAR?
TESTE DE ASSOCIAÇÃO IMPLÍCITA
Redução de cesáreas e morbidade neonatal
Não reduziu mortalidade materna
Disparidades foram minimizadas quando o tratamento foi realizado
seguindo protocolos e diretrizes
Disciplina Optativa na FMUSP:

Formação do profissional de
saúde e combate ao racismo
@race.id.fmusp
BIBLIOGRAFIA
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social. Política Nacional de Saúde
Integral da População Negra : uma política para o SUS / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa e
ao Controle Social. – 3. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2017. 44 p. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_populacao_negra_3d.pdf
O Mapa da Desigualdade é uma publicação da Rede Nossa São Paulo. Todo o conteúdo desta obra está licenciado sob Atribuição-Não Comercial 3.0 Brasil (CC BY-NC 3.0 BR).
Mais informações sobre o projeto em nossasaopaulo.org.br. Outubro de 2021. Disponível em: https://www.nossasaopaulo.org.br/2021/10/21/mapa-da-desigualdade-2021-e-lançado/

Lokugamage AU, Ahillan T, Pathberiya SDC. Decolonising ideas of healing in medical education. Journal of Medical Ethics 2020;46:265-272

Nguemeni Tiako MJ, Ray V, South EC. Medical Schools as Racialized Organizations: How Race-Neutral Structures Sustain Racial Inequality in Medical Education-a Narrative
Review. J Gen Intern Med. 2022 Jul;37(9):2259-2266. doi: 10.1007/s11606-022-07500-w. Epub 2022 Jun 16. PMID: 35710658; PMCID: PMC9202970.

https://www.aamc.org/addressing-and-eliminating-racism-aamc-and-beyond

Hamm RF, Srinivas SK, Levine LD. A standardized labor induction protocol: impact on racial disparities in obstetrical outcomes. Am J Obstet Gynecol MFM. 2020 Aug;2(3):100148.
doi: 10.1016/j.ajogmf.2020.100148. Epub 2020 Jun 5. PMID: 33345879.

Maina IW, Belton TD, Ginzberg S, Singh A, Johnson TJ. A decade of studying implicit racial/ethnic bias in healthcare providers using the implicit association test. Soc Sci Med. 2018
Feb;199:219-229. doi: 10.1016/j.socscimed.2017.05.009. Epub 2017 May 4. PMID: 28532892.

Miller T, Carter SV, Smith BA. Disparities in acute decompensated heart failure. Curr Opin Cardiol. 2021 May 1;36(3):335-339. doi: 10.1097/HCO.0000000000000856. PMID:
33769383.
https://academic.oup.com/painmedicine/article/21/11/3109/5895581?login=false

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