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CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES

DE GRAJAÚ – CESGRA
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
OBSTERÍCIA
Prof.ª Marcela Martins Rocha
1. Apresentação
•O Ministério da Saúde, considerando que a saúde da mulher é
uma prioridade deste governo, elaborou o documento “Política
Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – Princípios e
Diretrizes”,
• Refleteo compromisso com a implementação de ações de
saúde que contribuam para a garantia dos direitos das
mulheres e reduzam a morbimortalidade por causas
preveníveis e evitáveis.
ESTE DOCUMENTO • A integralidade e a promoção da saúde;
• Avanços no campo dos direitos sexuais e
INCORPORA reprodutivos.
• Melhoria da atenção obstétrica, planejamento
COM ÊNFASE familiar, abortamento seguro, combate à violência
doméstica e sexual.

• Prevenção e o tratamento de mulheres com


AGREGA HIV/aids, portadoras de doenças crônicas e de
câncer ginecológico.
• Ações para grupos excluídos das políticas
AMPLIA públicas, nas suas especificidades e
necessidades.
• As • As • São
mulheres principais cuidadoras
são a usuárias das crianças
e membros
maioria da do da família,
população Sistema também de
brasileira Único de pessoas da
(51,8%) Saúde comunidade.
(SUS).
A situação de saúde envolve diversos aspectos da vida que realçam as
desigualdades:

• relação com o meio ambiente, o lazer, a alimentação e as condições de


trabalho, moradia e renda.

• discriminação nas relações de trabalho e sobrecarga com o trabalho


doméstico.

• Outras variáveis como raça, etnia e situação de pobreza realçam ainda mais
as desigualdades.
• As mulheres • A vulnerabilidade
feminina frente a certas
vivem mais do doenças e causas de
que os homens, morte está mais
porém adoecem relacionada com a
mais situação de
discriminação na
frequentemente. sociedade do que com
fatores biológicos.
2. Indicadores Epidemiológicos
• Os indicadores epidemiológicos do Brasil mostram uma realidade na qual
convivem doenças dos países desenvolvidos (cardiovasculares e crônico-
degenerativas) com aquelas típicas do mundo subdesenvolvido
(mortalidade materna e desnutrição).
3. Saúde da Mulher e o Enfoque de Gênero
Encontram-se na literatura vários conceitos sobre saúde da mulher

• O corpo da • A saúde da • Excluindo


mulher é mulher os direitos
visto apenas limita-se à sexuais e as
na sua saúde questões
função materna ou de gênero.
reprodutiva enfermidade
e materna. associada à
gestação.
• Em 1994, na Conferência Internacional sobre População e
Desenvolvimento, a saúde reprodutiva foi definida como:

• “um estado de completo bem-estar físico, mental e social em


todas as matérias concernentes ao sistema reprodutivo, suas
funções e processos, e não apenas mera ausência de doença
ou enfermidade”.
O relatório sobre a situação As desigualdades se revelam
da População Mundial (2002): no processo de adoecer e
O número de mulheres que
morrer das populações e de
vivem em situação de
pobreza é superior ao de cada pessoa em particular.
homens.

As mulheres trabalham
durante mais horas do
que os homens, metade
do seu tempo é gasto em
atividades não
remuneradas.
• Históricas desigualdades entre homens e mulheres;

• Forte impacto nas condições de saúde;

• Questões de gênero devem ser consideradas como um dos


determinantes da saúde na formulação das políticas públicas.
• As desigualdades de gênero tendem a aprofundar outras
desigualdades sociais e a discriminação de classe, raça, casta,
idade, orientação sexual, etnia, deficiência, língua ou religião,
dentre outras.
4. Evolução das Políticas de Atenção à Saúde da
Mulher

• No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde


nas primeiras décadas do século XX, sendo limitada, nesse período, às
demandas relativas à gravidez e ao parto.

• Levava-se em conta a especificidade biológica;

• Seu papel social de mãe e doméstica, responsável pela criação, pela


educação e pelo cuidado com a saúde dos filhos e demais familiares.
• Os programas de saúde tinham foco, proteção aos grupos de risco e em
situação de maior vulnerabilidade, como era o caso das crianças e
gestantes.

• Verticalidade e a falta de integração com outros programas e ações.

• As metas eram definidas pelo nível central, sem avaliação das


necessidades de saúde das populações locais.

• Resultado: fragmentação da assistência e o baixo impacto nos


indicadores de saúde da mulher.
O movimento de Os problemas associados
mulheres contribuiu para à sexualidade e à
introduzir na agenda reprodução,
política nacional, anticoncepção e à
questões, até então, prevenção de doenças
relegadas ao segundo sexualmente
plano. transmissíveis
• As mulheres organizadas argumentavam que as desigualdades nas
relações sociais entre homens e mulheres se traduziam também em
problemas de saúde que afetavam particularmente a população
feminina.
Em 1984, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de
Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM)

Incorporou como princípios e


diretrizes as propostas de
descentralização, hierarquização,
regionalização, integralidade e a
equidade da atenção.
• Incluía ações educativas,
• preventivas,
• de diagnóstico,
• tratamento e recuperação,
• assistência à mulher em clínica ginecológica,
• no pré-natal, parto e puerpério, no climatério, em planejamento
familiar,
• DST, câncer de colo de útero e de mama, além de outras
necessidades.
Após avaliado, de 1984 a 2002, encontrou-se várias lacunas como:

• atenção ao climatério/menopausa/queixas ginecológicas;

• infertilidade e reprodução assistida;

• saúde da mulher na adolescência;

• saúde ocupacional; saúde mental;

• atenção às mulheres rurais, com deficiência, negras, indígenas, presidiárias


e lésbicas e a participação nas discussões e atividades sobre saúde da
mulher e meio ambiente.
5. Breve diagnóstico da Situação da Saúde da
Mulher no Brasil

Determinados problemas afetam de maneira distinta homens e mulheres.

• Ex.: violência doméstica e sexual, atinge prioritariamente a população


feminina.

• EX: problemas de saúde associados ao exercício da sexualidade,


transmissão vertical de doenças como a sífilis e o vírus HIV, a mortalidade
materna.
AS PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE DA POPULAÇÃO FEMININA:

• As doenças cardiovasculares, destacando-se o IAM e AVC/AVE;

• As neoplasias, principalmente o CA de mama, de pulmão e o de colo


do útero; as pneumonias (AIDS não diagnosticados);

• Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, com destaque para o

diabetes (BRASIL, 2000).


Mortalidade Materna

• Razões de Mortalidade Materna (RMM) elevadas são indicativas


de precárias condições socioeconômicas, baixo grau de
informação e escolaridade, dinâmicas familiares em que a
violência está presente e, sobretudo, dificuldades de acesso a
serviços de saúde de boa qualidade.
Precariedade da Atenção Obstétrica

• Número insuficiente de consultas de pré-natal/Qualidade precária da


oferta do pré-natal;
• Baixa procura pela imunização da gestante/Não retorno para consulta
puerperal;
•A atenção ao parto e nascimento é marcada pela intensa
medicalização, pelas intervenções desnecessárias, pela prática
abusiva da cesariana, o isolamento da gestante de seus familiares, a
falta de privacidade;
• Na zona rural, dificuldade de acesso aos serviços de saúde.
Abortamento em Condições de Risco

•O aborto realizado em condições inseguras figura entre as


principais causas de morte materna e é causa de discriminação e
violência institucional contra as mulheres nos serviços de saúde.
Precariedade da Assistência em Anticoncepção

• Opção por dois métodos contraceptivos: a laqueadura e a pílula;

• Interrupção frequente do uso da pílula/uso inadequado/interrupção do


fornecimento;

• Pouco estímulo à inclusão dos homens e adolescentes nas ações de


planejamento familiar;

• Contracepção de emergência, barreiras para sua aceitação e uso


adequado;
IST/HIV/Aids

• As IST’s estão entre os problemas de saúde pública mais comuns no mundo;

• Alto índice de automedicação, mantendo a cadeia de transmissão das


infecções;

• As complicações em recém-nascidos incluem a sífilis congênita, a


infecção por gonococo, pela clamídia, pelo HPV, pela hepatite B e pelo
HIV;

• Impacto social.
Violência Doméstica e Sexual

• Um dos principais indicadores da discriminação contra a mulher;

• Episódios de violência cometido pelo parceiro ou ex-parceiro;

• No grupo das crianças, comumente os agressores eram pais,


padrastos, parentes próximos, amigos ou conhecidos;

• Serviços concentrados nas capitais e regiões metropolitanas;

• Os SUS deve ofertar a profilaxia das IST/HIV/ aids e da gravidez pós-


estupro conforme a necessidade e escolha de cada uma.
A Saúde de Mulheres Adolescentes

• São importantes as ações educativas e de redução da


vulnerabilidade das adolescentes aos agravos à saúde sexual e
reprodutiva;

• Assistência adequada;

• Desenvolvimento de ações educativas que abordem a


sexualidade com informações claras e científicas.
Saúde da Mulher no Climatério/Menopausa

•É uma fase da vida da mulher, podendo vir acompanhado, ou não, de


sintomas de intensidade variável, passivos de medicalização;

• Época da vida onde ocorre aposentadoria, separação do casal ou morte


do(a) companheiro(a) e a saída dos filhos de casa, “ninho vazio”;

•O aumento da expectativa de vida aumentam a necessidade da


adoção de medidas visando melhorar a qualidade de vida durante e
após o climatério.
Saúde Mental e Gênero

•É necessário contextualizar os aspectos da vida cotidiana das


mulheres,

• Conhecer com que estrutura social contam ou não, para


resolver as questões práticas da vida, e

• Reconhecer que a sobrecarga das tem um ônus muito grande,


que muitas vezes se sobrepõe às forças de qualquer pessoa.
Doenças Crônico-Degenerativas e Câncer Ginecológico

• A HAS e o DM constituem-se nos principais fatores de risco populacional


para as doenças cardiovasculares.

• Câncer de colo do útero no Brasil, com um risco estimado de 15,43 casos a


cada 100 mil mulheres.

• Necessário: investimento tecnológico e em recursos humanos,


organização da rede, disponibilidade dos tratamentos e melhoria dos
sistemas de informação.
Saúde das Mulheres Lésbicas

• O V Seminário Nacional de Mulheres Lésbicas, junho/2003, a elaboração de


políticas públicas precisa incorporar o entendimento de que as mulheres
lésbicas também são mulheres e, portanto, devem ser contempladas no
conjunto das ações de atenção à saúde da mulher;

• É preciso dispor de profissionais capacitados para o atendimento às


mulheres, considerando a possibilidade de parte da clientela ser
composta por mulheres que fazem sexo com mulheres.
Saúde das Mulheres Negras

• A grande maioria encontra-se abaixo da linha de pobreza e a taxa de


analfabetismo é o dobro, quando comparada a das mulheres brancas.

• Possuem menor acesso aos serviços de saúde de boa qualidade.

• Alguns problemas de saúde são mais prevalentes em determinados grupos


raciais/étnicos e, no caso das mulheres negras, a literatura refere maior
frequência de diabetes tipo II, miomas, hipertensão arterial e anemia
falciforme.
Saúde das Mulheres Indígenas

• Ainda é precária, dificuldades na assistência pré-natal, prevenção


do câncer de colo de útero, de prevenção de IST/HIV/aids, dentre
outras.

• Desenvolver políticas de saúde voltadas para essas mulheres, no


contexto do dos costumes das sociedades indígenas e da atenção
integral e acompanhamento das mesmas.
Saúde das Mulheres Residentes e Trabalhadoras na Área Rural

• Dificuldade no acesso às informações e ações de saúde, grandes


distâncias entre a residência e os serviços de saúde,
precariedade dos serviços locais;

• Lacunas na efetividade das ações de saúde na área rural.


Saúde da Mulher em Situação de Prisão

• Suscetíveis às IST/aids, tuberculose, pneumonias, dermatoses,


transtornos mentais, hepatites, traumas, diarreias infecciosas, além de
hipertensão arterial e diabetes mellitus.

• Necessidade da implantação de ações no nível da atenção básica dentro

dos presídios, referências para média e alta complexidade, com


garantia do atendimento das demandas específicas das mulheres
presidiárias por meio de uma atenção diferenciada.
Para atingir os princípios de humanização e da qualidade da
atenção deve-se levar em conta, pelo menos, os seguintes
elementos:
• acesso da população às ações e aos serviços de saúde nos três níveis de
assistência;
• estruturae organização da rede assistencial, formalização dos sistemas de
referência e contra referência;
• captação precoce e busca ativa das usuárias;

• disponibilidade de recursos tecnológicos e uso apropriado;

• capacitaçãotécnica dos profissionais de saúde e funcionários dos serviços


envolvidos nas ações de saúde;
• disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais
educativos;
• acolhimento amigável em todos os níveis da assistência;

• promoção da saúde, prevenção e tratamento dos agravos a ela


associados;
• análise
de indicadores, monitoramento das ações, o impacto
sobre os problemas tratados e a redefinição de estratégias ou
ações que se fizerem necessárias.
• Deverá atingir as mulheres em todos os ciclos de vida;

• Resguardadas as especificidades das diferentes faixas etárias;

•E dos distintos grupos populacionais (mulheres negras,


indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais, residentes em
locais de difícil acesso, em situação de risco, presidiárias, de
orientação homossexual, com deficiência, dentre outras).
6. Objetivos Gerais da PNAISM

• Garantia de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos


meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da
saúde em todo território brasileiro.

• Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no


Brasil, especialmente por causas evitáveis;

• Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no


Sistema Único de Saúde.
Bibliografia
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde da Mulher : Princípios e Diretrizes / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 1. ed.,
2. reimpr. Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2011. 82 p. : il. – (Série C.
Projetos, Programas e Relatórios)

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