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Centro de Educação e Saúde

Unidade Acadêmica de Enfermagem


Curso de Bacharelado em Enfermagem

“Bases Teóricas da Enfermagem na Saúde


da Mulher”

Organização:

Professora: Janaína von Söhsten Trigueiro


E-mail: janavs_23@hotmail.com

Monitora: Erica Dionisia


E-mail: ericadionisia@hotmail.com

Colaboração: Professora Ana Carolina


E-mail: aninhacdr@hotmail.com
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER

ALGUMAS CONQUISTAS IMPORTANTES DAS MULHERES:

1827: Surge no Brasil à primeira legislação relativa à educação das mulheres, a lei
admitia meninas apenas para escolas elementares, não para instituições de ensino mais
adiantados.

1851: Aprovada pela Organização Iternacional do Trabalho, dia 19 de junho, a


convenção de igualdade de remuneração entre trabalho masculino e feminino.

1857: Nos EUA, 129 operárias morrem queimadas pela força política em uma fábrica
têxtil.

1910 e 1975: Em 1910 ficou decidido na Dinamarca que o dia 8 de março seria
considerado o “Dia Internacional da Mulher”. Em 1975, através de um decreto, a data
foi oficializada pela ONU.

 EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER:


 Brasil: A saúde da mulher era incorporada às políticas nacionais de saúde nas
primeiras décadas do século XX, mas os cuidados eram voltados somente na
gravidez e no parto.
 Década de 1930, 1950 e 1970: Os programas maternos infantis tinham uma visão
restrita sobre a mulher > Especificidades biológicas, papel social de mãe e
doméstica.
 Movimento Feminista Brasileiro: Críticas às perspectivas reducionistas os
cuidados de saúde eram somente voltados ao ciclo gravídico e puerperal, ou seja,
ausência da assistência de saúde na maior parte da vida da mulher.
 Forte atuação no campo de saúde: Houve contribuições para a agenda da política
nacional; passou-se a pensar em questões como a desigualdade nas condições de
vida, prevenção de IST’s e a sobrecarga de trabalho das mulheres.

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 As mulheres reinvidicam suas condições de sujeito de direito, visam que as
necessidades vão além da gestação e parto. Lutam pela melhoria das cindições
de saúde em todos os ciclos de vida.
 Busca por ações que contemplassem as particularidades dos diferentes grupos
populacionais e as condições sociais, econômicas e afetivas em que estivessem
inseridas.
 1983: O Ministério da Saúde realiza a divisão nacional da saúde materno infantil,
e cria o Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM), com o
objetivo de reduzir a morbimortalidade da mulher e da criança.
 1984: Implantação do PAISM. Houve a ruptura conceitual com os princípios
norteadores da política de saúde da mulher e os critérios para eleição de
prioridades neste campo, com a influência do SUS através da municipalização e
reorganização da atenção básica por meio do PSF.
 1991: Separação do Programa de Assistência Integral a Saúde da Criança (PAISC)
do PAISM.
 Ainda existiam dificuldades e descontinuidade no processo de assessoria e apoio
para implementação do PAISM. Mas em 1998 as mudanças começaram a surgir, e
a saúde da mulher passou a ser considerada prioridade do governo.
 NOAS (Norma Operacional de Assistência a Saúde): Garantia das ações básicas
mínimas de pré-natal e puerpério, planejamento familiar e prevenção do câncer
de colo uterino.
 Organização: Acesso às ações de maior complexidade, conformação de sistemas
funcionais e resolutivos de assistência à saúde.
 Balanço das ações de 1998 e 2002: Trabalho na perspectiva de resolução de
problemas, priorizando a saúde reprodutiva e, em particular, as ações para
redução da mortalidade materna. Programas: Pré-natal, assistência ao parto e
anticoncepção.

 PAISM:
 Atendimento integral a mulher, ou seja, atender a todas suas
necessidades.

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 Ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação.
 Assistência à mulher na clínica ginecológica, no pré-natal, parto e
puerpério, no climatério (menopausa), no planejamento familiar, DST’s,
câncer de colo de útero e de mama, além de outras necessidades
identificadas a partir do perfil populacional das mulheres.
 Algumas lacunas do PAISM: (ou seja, o que estava faltando ou falhando
no programa de atenção integral a saúde da mulher):
 Atenção ao climatério/menopausa
 Queixas ginecológicas
 Infertilidade
 Saúde da mulher na adolescência
 Doenças crônico-degenerativas
 Saúde ocupacional e saúde mental
 Doenças infectocontagiosas
 Inclusão da perspectiva de gênero e raça nas ações a serem
desenvolvidas (tentou-se pensar na mulher como um todo).

 SURGIMENTO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL A SAÚDE DA


MULHER (PNAISM):
 2003: As ações do PNAISM > Em todos os ciclos da vida, resguardas as
especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos
populacionais: Negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais,
residentes em locais de difícil acesso, em situação de risco, presidiárias, de
orientação homossexual, com deficiência, entre outras.
 OBJETIVOS GERAIS DA PNAISM:
 Promover a melhoria da qualidade de vida e saúde das mulheres
brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e
ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção,
assistência e recuperação em todo território brasileiro.
 Contribuir para redução da morbimortalidade feminina no Brasil,
especialmente por causas evitáveis em todos os ciclos de vida, nos

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diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer espécie
à saúde da mulher.
 Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no
SUS (ou seja, olhar e intervir nos profissionais de saúde).

 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PNAISM:


 Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para portadores
de infecção pelo HIV e outras DST’s.
 Estimular a implementação da assistência em planejamento familiar, para
homem e mulher, adultos e adolescentes.
 Promover assistência obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada.
 Implantar e programar atenção à saúde da mulher no climatério, na terceira
idade, negra e indígena.
 Promover atenção às mulheres e adolescentes em situação de violência
sexual e doméstica.
 Reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina.
 Promover atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da cidade.
 Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de prisão.

 PRINCIPAIS DIRETRIZES DO PNAISM:


 O SUS deve estar orientado e capacitado para orientação integral a saúde da
mulher, numa perspectiva que contemple as necessidades da população
feminina, o controle das patologias prevalente e a garantia do direito a saúde.
 O PNAISM deverá atingir as mulheres em todos os ciclos de vida, resguardadas
as especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos
populacionais.
 O SUS deverá garantir o acesso das mulheres a todos os níveis de complexidade
da atenção a saúde, garantindo condições para execução do PNAISM.
 O atendimento deverá nortear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem
discriminação de qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças
pessoais, ou seja, deve existir humanização nas práticas em saúde.

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 São as principais diretrizes porque enfocam a necessidade particular de cada
indivíduo ou grupos de indivíduos, em todos os ciclos de vida,
independentemente de sua condição social, econômica e cultural, minimizando
assim as desigualdades sociais e de gênero que colaboram para os processos de
adoecimento e morte das mulheres, garantindo uma assistência integral e
humanizada.

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações


Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher:
princípios e diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações


Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher:
plano de ação 2004-2007. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

SISTEMA REPRODUTOR FEMININO

O sistema genital feminino é independente do sistema urinário e possui como


principais funções a reprodução humana e o ato sexual. É composto por órgãos
genitais internos e externos.

 ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS:


A vulva é composta por:
 Monte Pubiano: Porção superior a sínfise púbica, com forma de triângulo
invertido, consiste em tecido adiposo recoberto por pelos.
 Grandes e pequenos lábios: Os grandes lábios ou lábios maiores do pudendo são
recobertos por pelos e limitam a vulva. Os pequenos lábios ou lábios menores do
pudendo localizam-se no interior dos grandes lábios e limitam o vestíbulo
(separados pelo sulco interlabial).
 Clitóris: Pequena estrutura alongada e bastante sensível, pois possui receptores
que engorgitam. Composto por tecido erétil, nervos e vasos sanguíneos.
Também chamado de pênis feminino.
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 Glândulas vestibulares (Bartholin): Situam-se lateralmente ao óstio vaginal e
secretam muco.
 Períneo: Localiza-se entre o óstio da vagina e o ânus. Sustenta os órgãos pélvicos,
sendo composto de músculos e tendões. Durante o parto, o centro do períneo
pode ser lacerado.

 ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS:


 Ovários: Pequenos órgãos ovais, de forma semelhante a amêndoas, que
localizam-se na parte superior da cavidade pélvica, cujas funções são:
desenvolvimento e expulsão do óvulo e secreção de hormônios. Por isso são
consideradas gônadas femininas, porque secretam hormônios (estrógeno e
progesterona).
 Tubas uterinas: Órgãos ocos, alongados (10 a 14 cm de comprimento e 1 cm de
diâmetro) que se estendem de cada lado do útero, desde a face lateral até o
ovário. As funções são: Transportar o óvulo do ovário para o útero, e a
fertilização. Esses órgãos ainda dividem-se em: Infundíbulo (captam o óvulo por
movimentos oscilatórios); Ampola (onde ocorre a fecundação); Istmo
(continuação da ampola para o trajeto até o corpo do útero); Porção uterina (é a
parte intramural, contida na parede do útero).
 Útero: Órgão oco e móvel, que possui forma de pêra. Recebe as tubas uterinas
nos seus ângulos superiores esse estende para baixo pela vagina (colo). Divide-
se em 3 camadas: Perimétrio, miométrio e endométrio. O endométrio ainda
possui 2 camadas, a basilar (mais delgada, mais próxima do endométrio) e a
funcional (é mais importante, pois é responsável pela descamação, ou seja, a

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menstruação nada mais é do que a descamação da camada funcional do
endométrio). Além de possuir 3 camadas, ele ainda se divide em 4 partes: Fundo,
corpo, istmo e colo (parte que se abre para o canal vaginal).
 Vagina: Canal muscular e elástico (8 a 10 cm), que se estendo do colo uterino até
o óstio vaginal. Possui numerosas pregas transversais e rugas vaginais. Funções:
Receptor do pênis, ocorrendo a cópula; saída do fluxo menstrual e parte do canal
do parto.

 Porção vaginal do colo: as zonas de inflexão da parede vaginal formam os


fórnices da vagina (anterior, lateral e posteriores), ou seja, o fundo do saco de
Douglas.
 Óstio vaginal: É parcialmente fechado pela membrana delgada e vascularizada,
que é o hímen.
 Tipos de hímen: Anular (mais comum); Biperfurado e Cribiforme (todo
desigual). Sua ruptura ocorre na primeira relação sexual.

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REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

BASTOS, A. C. Ginecologia. 11ª ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2006.

BURROUGHS, A. Uma introdução à enfermagem materna. 6ª ed. Porto Alegre:


Editora Artes Médicas, 1995.

HERLIHY, B.; MAEBIUS, N. K. Anatomia e fisiologia do corpo humano saudável e


enfermo. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2002.

MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia clínica. 7ª ed. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2004.

OLIVEIRA, H. C. de; LEMGRUBER, I. Tratado de Ginecologia – FEBRASGO. Vol. 1.


Rio de Janeiro: REVINTER, 2001.

CICLOS REPRODUTIVOS: OVULAÇÃO E MENSTRUAÇÃO

 EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-GONADAL (HHG): Sistema formado por 3 glângulas


Hipotálamo (anterior e posterior)
Hipófise (Adenohipófise e neurohipófise)
Gônadas (testículos e ovários)

Hipotálamo Anterior: Responsável pela origem das variações cíclicas de FSH e LH.

Hipotálamo Posterior: Responsável pela produção tônica das gonadotropinas.

Adenohipófise: Hormônio do crescimento, prolactina, secreção do hormônio


tireotrópico e gonadotropinas.

Neurohipófise: ocitocina e vasopressina.

 HORMÔMIOS DO EIXO HHG:


- GnRH: Hormônio liberador de gonadotrofina.
- LH: Hormônio luteinizante.
- FSH: Hormônio Folículo Estimulante.
- Testosterona.

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- Estrógeno.
- Progesterona.

 CICLOS REPRODUTIVOS:

 Ciclo Ovariano: Ocorrem alterações a nível de ovário no período de 28 dias.


Possui 2 fases:
- FASE FOLICULAR ou PRÉ-OVULATÓRIA: Inicia-se a secreção hipotalâmica de
GnRH sobre a hipófise, estimulando a produção de FSH e LH. O FSH vai causar o
crescimento e maturação do folículo ovárico, onde esta fase dura
aproximadamente 10 a 14 dias, então há produção de estrógeno, que vai atuar
no ovário (auxiliando na maturação folicular) e no útero (causando
espessamento do endométrio), onde terminará com a ovulação, ou seja,
expulsão do óvulo pelo rompimento do folículo. Nessa fase há predomínio do
estrógeno.
- FASE LUTEÍNICA OU PÓS-OVULATÓRIA: Ocorre imediatamente após a ovulação.
As células foliculares remanescentes da ruptura do folículo formam o corpo
lúteo, num período médio de 14 dias. A morte do corpo lúteo provocará a
diminuição do estrógeno e progesterona, ocasionando assim, o inicio de um
novo ciclo. Nesta fase predomina a progesterona.
 Ciclo uterino: Também chamado de ciclo menstrual, vai acontecer alterações em
nível de endométrio no período de 28 dias. Este ciclo é decorrente da secreção
alterada do FSH, LH, Estrógeno, Progesterona. Possui 4 fases:
- ISQUÊMICA: Também chamada de pré-menstrual. Ocorre antes da descamação
do endométrio para que as células possam morrer e com isso acontecer a
necrose, assim essas células se desprendem e ocorre a menstruação.
- MENSTRUAL: A redução brusca nos níveis de estrógeno e progesterona causam
a menstruação, ou seja, a descamação da camada funcional do endométrio,
ocorrendo devido a diminuição da estimulação das células do endométrio,
ocasionando a involução endometrial.
- PROLIFERATIVA (estrógeno): Inicia-se com o fim da menstruação, durante em
média 9 dias. Nesta fase ocorre crescimento dos folículos ovarianos, onde este é

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controlado pelo estrógeno nos ovários. Então ocorre a reconstrução do epitélio
superficial do endométrio recoberto; havendo seu aumento de espessura, de 2
a 3 vezes, devido ação do estrógeno, acontecendo paralelamente à fase folicular
dos ovários.
- SECRETÓRIA (progesterona): A fase secretória ocorre em consequência da
secreção de progesterona pelo corpo lúteo do ovário. O endométrio atinge sua
espessura máxima, que é de 4 a 6 vezes maior, ficando propicio para receber e
nutrir o óvulo fertilizado. Esta fase dura em média 13 dias, e é conhecida como
“dia da ovulação”.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: A ovulação ocorre entre a fase proliferativa e secretória.


Durante a fase proliferativa do útero ocorre a ovulação dos ovários./ Durante a
menstruação, ocorre a fase folicular nos ovários./ O corpo lúteo produz principalmente
progesterona./ Há literaturas que incluem a fase pré-menstrual: Nesta ocorre isquemia
(falta de oxigênio nos tecidos, causando necrose e dando início a fase menstrual).

MENSTRUAÇÃO: Pode ser acompanhada por uma série de sintomas:

 Mastalgia: Dores nas mamas com aumento de volume; Surgimento de Acnes;


Dismenorréia (cólica); Stress; Edema na região do baixo ventre, etc.
 A dismenorréia ocorre devido as prostaglandinas contraírem o útero para
expulsar o sangue menstrual, causando sensação de aperto, dor e grande
desconforto.

OVULAÇÃO:

Desenvolvimento do óvulo: A menina nasce com cerca de 2 milhões de folículos. Na


puberdade, este número diminui para 400.00 mil, mas somente 400 amadurecem.
Então o desenvolvimento se inicia na puberdade e continua até a menopausa.

O folículo: Cada folículo consiste de um óvulo imaturo, ou seja, de um ovócito que é


rodeado de células foliculares. A maturação do óvulo se dá por divisão meiótica, então
haverá aumento do folículo, e este vai ficar preenchido por líquido e as células
foliculares vão secretar estrógeno. Então ocorrerá a formação da zona pelúcida e da
corona radiata, e o folículo irá amadurecer passando a ser chamado de folículo ovário

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vesiculoso. Quando ele chega a seu desenvolvimento máximo, passa a ser chamado de
folículo de Graff.

OBS: Na ovulação, o ovário desenvolve o corpo lúteo, também chamado de corpo


albicans ou branco, não havendo secreção de mais hormônios.

Se o corpo lúteo fecundar o óvulo quem vai ter que sintetizar os hormônios é a
placenta.

O óvulo só espera 24 horas para fecundas o espermatozoide.

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

HERLIHY, B.; MAEBIUS, N. K. Anatomia e fisiologia do corpo humano saudável e


enfermo. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2002. p. 463 a 466.

MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia clínica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier,


2004.

PLANEJAMENTO FAMILIAR

Conjunto de ações em que são oferecidos todos os recursos, tanto para auxiliar a ter
filho, quanto para prevenir uma gravidez indesejada. É direito sexual e reprodutivo
que assegura a livre decisão da pessoa de ter ou não ter filhos.

 DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS: 11

Constituição Federal, título VII da Ordem Social, capítulo VII, art. 226, a
responsabilidade do Estado no que se refere ao planejamento familiar:

“Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável,


o planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar
recursos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de
instituições oficiais ou privadas.”

 LEI nº 9.263/96: Regulamenta o planejamento familiar no Brasil e estabelece no


seu art. 2º: “Para fins desta lei, entende-se planejamento familiar como o

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conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de
constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo
casal”.
 LEI 7.498/86: Lei do exercício profissional.

 DIREITOS HUMANOS: Direito a vida, a alimentação, saúde, moradia, educação,


direito ao afeto e a livre expressão da sexualidade; Exercício de cidadania:
Garantia do conjunto dos direitos humanos; Igualdade de direito: Respeito às
diferenças.
 DIREITOS SEXUAIS:
 Direito de viver e expressar livremente a sexualidade sem violência,
discriminação e imposições e com respeito pleno pelo corpo do paciente;
 Direito de escolher o parceiro sexual;
 Direito de viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa, falsas
crenças, independentemente do estado civil, idade ou condição física;
 Direito de escolher se quer ou não ter relações sexuais;
 Direito de expressar livremente sua opção sexual;
 Direito ao sexo seguro, prevenindo a gravidez indesejada e as DST’s;
 Direito a serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e atendimento
de qualidade e sem discriminação;
 Direito a informação e a educação sexual e reprodutiva.

 DIREITOS REPRODUTIVOS:
 Direito das pessoas de decidirem, de forma livre e responsável, se querem ou
não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento de suas vidas;
 Direito a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou não ter filhos;
 Direito de exercer a sexualidade e a reprodução livre de discriminação,
imposição e violência.

 MÉTODOS CONTRACEPTIVOS:
Mulher Métodos e medicamentos.
Homem Cirurgia.
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OBS: A escolha do método deve ser livre e informada. Deve-se procurar o serviço de
saúde.

 PRESERVATIVOS:
 Vantagens: Não existe necessidade de supervisão médica; Baixo custo; Não
existe necessidade de exame pélvico antes do uso; Serve como prevenção
contra IST’s.
 Desvantagem: Alta taxa de falha; As camisinhas precisar estar disponíveis antes
do início da relação sexual; Pode desenvolver processo alérgico; Pode diminuir
a eficácia de acordo com a má conservação.
 Masculino: Revestimento fino, de látex, vinil ou produtos naturais (de animais),
é colocado para revestir o pênis erétil. O preservativo pode ser colocado até a
base do pênis e deve-se deixar um espaço no final para acomodação do sêmen.
 Feminino: Possui fina capa de poliuretano, usada na vagina, para que os
espermatozoides fiquem retidos.
 Como colocar o preservativo feminino: Encontre uma posição confortável,
pode ser em pé com um pé em cima de uma cadeira, sentada com os joelhos
afastados, agachada ou deitada. Segure a camisinha com o anel externo
pendurado para baixo; Aperte o anel interno e introduza na vagina, com o dedo
indicador, empurre a camisinha o mais fundo possível (a camisinha deve cobrir
o colo do útero). O anel externo deve ficar uns 3 cm para fora da vagina – essa
parte que fica para fora serve para aumentar a proteção (durante a penetração,
o pênis e a vagina se alargam e então a camisinha se ajusta melhor). Até que
você e seu parceiro tenham segurança, guie o pênis dele com a sua mão para
dentro da sua vagina. Uma vez terminada a relação, retire a camisinha
apertando o anel externo, torça a extremidade externa da bolsa para garantir
a manutenção do esperma no interior da camisinha, puxe-a para fora
delicadamente.

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 DIAFRAGMA:
Anel flexível coberto no centro com membrana delgada de borracha, sendo
colocada na vagina cobrindo completamente o colo do útero, evitando a
gravidez impedindo a entrada dos espermatozoides dentro do útero. É utilizado
com ou sem pomada espermicida. O diafragma deve ser colocado em todas as
relações, antes de qualquer contato entre o pênis e a vagina, podendo ser
colocado minutos ou horas antes da relação sexual. Só deve ser retirado de 6 a
8 horas após a última relação sexual, que é o tempo suficiente para que os
espermatozoides que ficaram na vagina morram.

 ESPERMICIDAS:
É uma substância química que recobre a vagina e o colo do útero, impedindo a
penetração dos espermatozoides no útero, imobilizando-os ou destruindo-os.
Pode ser usado sozinho ou combinado com o diafragma. É eficaz por um período
de uma hora após sua aplicação. O espermicida é colocado com um aplicador
(que deve ser lavado com água e sabão após cada uso) que deve ser introduzido
na vagina o mais profundo possível.

 DISPOSITIVO INTRA-UTERINO (DIU):

É um pequeno objeto de plástico que pode ser recoberto por cobre ou conter
hormônio, colocado no interior do útero para evitar a gravidez, não provoca aborto
porque atua antes da fecundação. A colocação do DIU deve ser feita por um
profissional de saúde treinado. Pode durar até 10 anos. A capacidade da mulher
engravidar, ou seja, sua fertilidade retorna logo após a retirada do DIU.

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DIU que libera cobre (ação anti-espermática)
DIU que libera hormônio (progesterona)

 DIU de cobre: diminui a movimentação e função dos espermatozoides no útero


e das trompas uterinas, dificultando a fecundação do óvulo, além de deixar o
endométrio mais fino, o que impede a fixação do óvulo caso ele seja fecundado.
Observa-se também reação inflamatória local, parecida com a reação do
organismo a um "corpo estranho”.
 DIU hormonal: Ele diminui a movimentação e função dos espermatozoides no
útero e das trompas uterinas, dificultando a fecundação do óvulo, além de deixar
o endométrio mais fino, o que impede a fixação do óvulo caso ele seja
fecundado.

 TABELINHA:

É um método que se baseia na observação de vários ciclos menstruais, para


determinar o período fértil do ciclo menstrual da mulher. Sua eficácia depende do
seu uso correto e da cooperação de ambos os parceiros, e será maior a eficácia
quando o casal não tiver relação com penetração vaginal no período fértil. A tabela
é individual, cada mulher tem que fazer a sua. A mulher que utilizar este método
deve ser orientada a marcar em um calendário durante pelo menos 6 meses, o
primeiro dia de cada menstruação, para verificar o número de dias que durou cada
ciclo menstrual, e com esses dados calcular o período fértil, com a ajuda de um
profissional de saúde. Não é indicada após o parto ou durante a amamentação, ou
para adolescentes e mulheres na pré-menopausa que estejam apresentando ciclos
menstruais irregulares.

 MUCO CERVICAL:

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Baseia-se na determinação do período fértil pela auto-observação das mudanças do
muco cervical e da sensação de umidade na vagina ao longo do ciclo menstrual. Sua
eficácia depende do seu uso correto e da cooperação de ambos os parceiros, e será
maior a eficácia quando o casal não tiver relação com penetração vaginal no período
fértil. O muco cervical é uma secreção produzida no colo do útero peça ação dos
hormônios femininos, que umedece a vagina e, às vezes, aparece na calcinha. À
medida que se aproxima o dia da ovulação, o muco cervical vai ficando parecido com
a clara de ovo, elástico, transparente e escorregadio, e a vagina vai ficando mais
úmida, facilitando a entrada dos espermatozóides no útero. O aparecimento desse
muco é sinal de que a mulher está no seu período fértil e pode engravidar. Este
método não é indicado após o parto ou durante a amamentação, ou quando a
mulher apresenta febre ou corrimento vaginal.

 TEMPERATURA BASAL:

Temperatura basal é a temperatura do corpo em repouso. Este método baseia-se


nas alterações que os hormônios femininos provocam na temperatura do corpo ao
longo do ciclo menstrual. Antes da ovulação, a temperatura basal é um pouco mais
baixa e permanece assim até a ovulação. Quando acontece a ovulação, a
temperatura sobe alguns décimos de grau e permanece assim até a chegada da
próxima menstruação. Para usar este método, a partir do primeiro dia da
menstruação a mulher deve medir a temperatura do corpo pela manhã, antes de se
levantar e depois de dormir no mínimo cinco horas. Deve anotar a temperatura num
gráfico. O casal que não deseja engravidar deve evitar ter relações sexuais com
penetração vaginal no período de 4 a 5 dias antes da data prevista da ovulação até
o quarto dia da temperatura alta.

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 SINTOTÉRMICO:

Está baseado na combinação dos métodos da tabela, do muco cervical, da


temperatura basal e na observação de sinais e sintomas que indicam o período fértil
da mulher. O casal que não deseja engravidar deve evitar relações com penetração
vaginal nos dias férteis determinados pela tabela, pelo muco cervical, pela elevação
da temperatura basal e pelo aparecimento de sinais e sintomas que indicam o
período fértil.

 COITO INTERROMPIDO:
O homem retira o pênis da vagina um pouco antes da ejaculação.
Este método também é conhecido como “gozar fora”. Não é um método que
deve ser estimulado como anticoncepcional, pois é grande a possibilidade de
falha, porque o líquido que sai antes da ejaculação pode conter espermatozoides
e às vezes o homem não consegue interromper a relação antes da ejaculação.
 RELAÇÃO SEXUAL SEM PENETRAÇÃO VAGINAL:

As relações sexuais sem penetração vaginal envolvem todas as práticas sexuais


sem a penetração do pênis na vagina.

 MÉTODO DE AMAMENTAÇÃO – LAM (Método da Lactação e Amenorréia):

É um método anticoncepcional temporário que consiste no uso da amamentação


para evitar a gravidez. A amamentação tem efeito inibidor sobre a fertilidade. A
eficácia deste método depende de 3 condições: 1º - A amamentação deve ser
exclusiva ao seio, na hora em que o bebê quiser, durante o dia e a noite, sem chás,
suco ou água; 2º - A mulher não deve estar menstruando; 3º - O bebê deve ter até
seis meses de idade. O efeito inibidor da fertilidade produzido pelo LAM deixa de ser
eficiente quando a mulher volta a menstruar e também quando o bebê começa a
receber outros alimentos, além do leite materno. Nessas situações é preciso
escolher outro método anticoncepcional, mas a mulher pode continuar
amamentando.

 ANTICONCEPCIONAIS ORAIS:

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Pílulas combinadas = Composta por: Estrógeno + Progesterona (monofásica,
bifásica e trifásica).

Minipílula = Composta por Progesterona isolada (a mulher pode usar no período de


amamentação = combinação da LAM + anticoncepcional oral).

 Anticoncepcionais orais combinados:


 Monofásica: Estrógeno e progesterona em doses constantes e todos os
comprimidos da cartela. Ex: “Neovlar e Microvlar”.

 Bifásica: 2 comprimidos da cartela com os mesmos hormônios em


proporções diferentes. Ex: “Gracial”, 7 comp. com estrógeno e 15 comp. com
progesterona.

 Trifásica: 3 tipos de comprimidos ativos, de diferentes cores com os mesmos


hormônios em proporções diferentes. Devem ser tomados na ordem
indicada na embalagem. Ex: “Triquilar”, 6 comprimidos de uma cor, 5 de
outra cor e 10 de outra, em proporções decrescentes de estrógeno e
progesterona.

 Exames prévios: Exame ginecológico, hemograma, aferição da PA e


verificação do peso.

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 Benefícios: Aumenta o prazer sexual porque diminui a preocupação com a
possibilidade de engravidar. Proporciona ciclos menstruais regulares com
sangramento durante menos tempo e em menor quantidade. Diminui a
dismenorreia.
 Efeitos secundários: Náuseas e/ou vômitos, sensibilidade mamária, ganho
de peso, nervosismo/irritabilidade, acne/melasma, alteração no ciclo
menstrual.
 Contraindicações: Doença hepática ou tumores, hipertensão arterial não
tratada, doenças cardíacas, depressão e enxaquecas frequentes.
 Instruções gerais: Entregar a mulher pelo menos uma cartela da pílula que
ela está usando e fazer aprazamento. Mostrar o tipo de cartela que ela estará
recebendo (com 21, 22 ou 28 comprimidos). Explicar o modo de uso da pílula
e como proceder se esquecer de toma-la. Peça que respeite as principais
instruções dadas e esclareça dúvidas, se houver.
 Para início da cartela:
*Cartela de 21 cpm = Depois que tomar a ultima pílula da cartela, deve-se
esperar 7 dias e depois tomar a 1ª pílula da cartela seguinte.
*Cartela cin 22 cpm = Após a última pílula, deve-se esperar 6 dias e depois
tomar a 1ª pílula da cartela seguinte.
*Cartela com 28 cpm = Quando terminar a 1ª cartela, deve-se tomar a 1ª
pílula da 2ª cartela no dia seguinte.
 Se esquecer de tomar a pílula: Tomar a pílula (esquecida) imediatamente.
Tomar a pílula seguinte no horário regular. Tomar o restante das pílulas
regularmente uma a cada dia.
 Orientações: Se houver vômitos dentro de 1 hora após tomar a pílula, deve-
se tomar outra pílula de outra cartela reserva. Diarréia grave ou vômitos
durante mais de 24h, continuar a tomar a pílula se for possível, e deve-se
usar camisinha ou espermicidas, ou evitar ter relações sexuais até que tenha
tomado uma pílula por dia, durante 7 dias seguidos, depois que a diarreia e
vômito cessarem.

 CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA: “PÍLULA DO DIA SEGUINTE”.

20
Alternativa para mulheres que tiverem relação sexual sem usar algum tipo de
método contraceptivo ou usaram e ocorreu falha, e não querem engravidar.
Pode ser composta por 2 comprimidos ou apenas 1. Deve-se orientar a mulher a
tomar assim que puder, se for a pílula de 2 comprimidos, toma-se uma após a
relação e a outra 12 horas depois do horário da primeira pílula. Pode ser tomado
até 72 horas depois da relação, porém quanto maior o tempo, menor será sua
eficácia.

 ANTICONCEPCIONAL INJETÁVEL:
Possui alta eficácia quando usadas corretamente. São feitas de hormônios
produzidos pelos ovários da mulher (estrogênio e progesterona). Agem
impedindo a ovulação e também impedindo a passagem dos espermatozoides
para o interior do útero. Existem 2 tipos: A injeção mensal (aplicada uma vez por
mês); e a injeção trimestral (aplicada de 3 em 3 meses), com a injeção trimestral
pode haver um atraso no retorno da fertilidade da mulher após a interrupção da
injeção, podendo demorar até 4 meses para o retorno da fertilidade. Quando a
mulher começa a usar a injeção, seu organismo precisa de um tempo para se
adaptar. A injeção trimestral pode ser usada durante a amamentação, podendo
ser iniciado o uso 6 semanas após o parto.
O progestogênio isolado é tomado trimestralmente, no 7º dia da menstruação e
a associação de estrogênio e progesterona é mensalmente no 5º dia da
menstruação.

21
 Efeitos colaterais: Possível modificação no padrão do sangramento menstrual
(amenorreia), dor nas mamas, mudança de humor, alterações de peso, dor
abdominal, tontura, nervosismo, cefaleia, enjoos e vômitos.
 Contraindicações: Gravidez ou suspeita de gravidez. Amamentação. Aborto
(alergia a progesterona). Sangramento vaginal de causa desconhecida ou
suspeita de câncer ou de problemas no fígado.

 ADESIVO ANTICONCEPCIONAL:
Mais uma modalidade de anticoncepcional hormonal reversível de alta eficácia
à disposição da mulher. Contém 2 hormônios, estrógeno e progesterona, que
são absorvidos através da pele de maneira eficaz.
 Vantagens: A mulher não precisa tomar a pílula todo dia e nem esquecerá. Os
hormônios são absorvidos diretamente pela circulação evitando alguns efeitos
colaterais desagradáveis da pílula oral.
 Uso: Para iniciar o tratamento, o adesivo deve ser colocado no 1º dia da
menstruação. Este deve ser colocado e permanecer na pele uma semana. A cada
3 semanas deve-se fazer uma pausa de uma semana.

 ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA FEMININA:


 LAQUEADURA: Cirurgia que bloqueia as tubas uterinas pela secção,
cauterização, anéis ou clipes. Deve ser realizada em mulheres com mais de 25
anos e/ou 2 filhos vivos. Método altamente eficaz, variando de 99 a 99,9%.

22
 DESVANTAGEM: Arrependimento, dor/desconforto de curta duração após
procedimento, não proporciona proteção para IST’s / AIDS.

 VASECTOMIA:
Oferece anticoncepção permanente para homens que não desejam ter mais
filhos. É um procedimento seguro e rápido, no qual os vasos deferentes são
cortados. A passagem dos espermatozoides pelos testículos é bloqueada e assim
o esperma liberado durante a ejaculação é incapaz de fertilizar o óvulo,
prevenindo desta forma a gravidez.

 Eficácia: Método altamente eficaz, variando de 99 a 99,9%.


 Vantagens: A cirurgia é simples, sendo realizada sob anestesia local. O risco
cirúrgico é bem menor que a esterilização feminina.
 Desvantagens: Possibilidade de arrependimento. Não proporciona proteção
para IST’s / AIDS.

23
REFERÊNCIAS RECOMENDADAS

• BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de


Saúde da Mulher. Assistência em Planejamento Familiar: Manual
Técnico/Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica de Saúde da Mulher – 4ª
edição – Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Ações Programáticas Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e
métodos anticoncepcionais. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

• SMELTZER, S.C; BARE, B.G. Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgico. 10. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. Volume 3.

EXAME GINECOLÓGICO

 A CONSULTA DE ENFERMAGEM:
É uma atividade privativa do enfermeiro, respaldada pela Lei do Exercício Profissional
nº 7.498/86; sendo um recurso significativo para identificar as necessidades da
mulher, escuta qualificada e atendimento integral; atendimento ambulatorial e
domiciliar.

 ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM:
 ANAMNESE:
- Identificação pelo nome completo.
- Idade.
- Grau de escolaridade.
- Profissão.
- Estado civil.
- Endereço e telefone.
- Motivos da consulta (queixas principais).
- Antecedentes pessoais.
- Antecedentes familiares.
- História ginecoobstétrica (menarca, idade da primeira relação sexual, quantos
parceiros já teve na vida, se tem parceiro fixo, quais os contraceptivos que já usou
24
e se faz uso ainda, quantas gestações, quantos nascidos vivos e se foi Cesária ou
parto normal, se teve aborto, e a data da última menstruação).
- História da afecção atual (quanto tempo faz que existem os sintomas? Os
aspectos dos sintomas, e relatar detalhadamente os sintomas).
- Perguntar se faz uso de álcool, fumo e outras drogas.
- Perguntar sobre as condições de sono e repouso.
- Perguntar sobre os hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos.
- Perguntar se tem algum conhecimento sobre IST’s e medidas preventivas.
- Observar as condições psicológicas.
- Perguntar se já realizou alguma vez o exame citológico.

 EXAME FÍSICO GERAL:


- Peso,
- Altura,
- Sinais Vitais.

 EXAME GINECOLÓGICO:
- EXAME DO ABDOME:
 Inspeção: Observar a presença de abaulamentos ou retrações, cicatriz umbilical
ou alguma outra cicatrização, como por exemplo alguma cirurgia, circulação
colateral e tipo de abdome.
 Ausculta: Seguindo a sequência: QID, QSD, QSE, QIE, observar se há presença de
Ruídos Hidroaéreos e suas características.
 Percussão: com a finalidade de caracterizar o som obtido detectando macicez ou
timpanismo.
 Palpação: superficial e profunda, avaliando detalhadamente todos os
quadrantes, serve para confirmar o que foi observado na inspeção ou descobrir
algo que não foi possível ver na inspeção.

- Exame clínico das mamas (orientar a paciente a realizar em casa também –

autoexame das mamas). Inspeção, palpação e expressão mamilar.

25
EXAME DAS MAMAS:

 Inspeção estática: com paciente sentada e as mãos apoiadas nas coxas, avaliar
simetria, forma, tamanho, número, contornos e pele.
 Inspeção dinâmica: pedir para a paciente, elevar os braços, colocar as mãos na
cintura e fazer o movimento da borboleta batendo as asas, pedir também para
que ela simule o movimento de mexer uma panela com um braço de cada vez.
 Palpação: paciente deve deitar-se com as mãos em baixo do pescoço, inicia-se a
palpação na região supra e infra clavicular, região axilar, logo após na mama pela
seguinte sequência: QSE, QIE, QII, QSI, em raio ou circular, com sentido aos
ductos, finalizando com a expressão mamilar.
- Órgãos genitais externos e internos.

- EXAMES COMPLEMENTARES.

 ORIENTAÇÕES PARA AS MULHERES QUE IRÃO SE SUBMETER AO EXAME:


- Realizar o exame no mínimo uma semana antes da menstruação ou uma semana
após a menstruação;
- Evitar duchas, cremes vaginais e relações sexuais pelo menos 48 horas antes do
exame;
- Orientar quanto a higiene íntima adequada, quanto a tricotomia também,
alertando a importância de não usar gilette pois pode romper a integridade da pele,
abrindo portas para infecções;
- Explicar todos os procedimentos, enfatizando sua importância e esclarecendo
dúvidas;
- Solicitar que a mulher esvazie a bexiga antes do exame;

 EXAME DOS GENITAIS EXTERNOS:


- Solicitar que a mulher esvazie a bexiga (se necessário) antes do exame;
- Observar a higiene; se há presença de lacerações/ulcerações; o introito vaginal e
as glândulas de Bartholin; o aspecto da leucorréia (secreção vaginal); atentar para
qualquer alteração aparente.

26
 EXAME DOS GENITAIS INTERNOS:
EXAME ESPECULAR

Visualização das paredes vaginais e do colo uterino.


O que pesquisa?
- Observar a superfície e elasticidade, aspecto e coloração do canal vaginal.
- Observar o colo do útero (se a superfície está lisa, brilhosa, de coloração rosada).

 MATERIAIS UTILIZADOS NA COLETA DO CITOLÓGICO:


 ESPAÇO FÍSICO:
O consultório ou sala onde será realizada a coleta deverá conter os seguintes
equipamentos e materiais:
 Mesa ginecológica;
 Banquinho giratório;
 Escada de dois degraus;
 Mesa auxiliar;
 Foco de luz com cabo flexível;
 Biombo ou local reservado para troca de roupa;
 Cesto de lixo;
 Avental ou camisola, de preferencia descartáveis. Caso sejam reutilizáveis,
devem ser encaminhados à rouparia para lavagem, segundo a rotina da unidade
básica de saúde;
 Lençóis, preferencialmente descartáveis. Caso sejam reutilizáveis, devem ser
encaminhados à rouparia para lavagem.
 MATERIAIS:
 Máscara e gorro;
 2 Pares de luvas descartáveis;
 Espéculo vaginal descartável (podem ser de tamanhos variados: P, M e G.
Escolher de acordo com a estatura e peso da mulher);
 Soro fisiológico, caso seja necessário lubrificar o espéculo;
 Lâminas de vidro com extremidade fosca;
 Espátula de Ayres (coleta da ectocérvice);

27
 Escova cervical (coleta da endocérvice);
 Solução fixadora (Exemplo: álcool a 90 ou 95%);
 Pinça de Cheron;
 Solução de Lugol (para realizar o teste de Schiller);
 Gaze ou algodão;
 Recipiente para condicionamento das lâminas adotado pela unidade, tais
como: frasco porta-lâmina ou caixa plástica para transporte das lâminas;

 COLETA DO ESFREGAÇO CÉRVICO – VAGINAL:


 PAPANICOLAU:
O Papanicolau ou exame citológico consiste no “raspado de células do colo do útero”.
Ectocérvice (espátula de Ayres)
Endocérvice (escovinha cervical)

ESPÁTULA DE AYRES ESCOVINHA CERVICAL

Fazer a fixação imediata; identificar a lâmina na extremidade fosca, contendo as iniciais


do nome da mulher, seu número de registro na unidade ou n° da lâmina, nome da
unidade, data de nascimento da mulher e a data da coleta. Encaminhar a lâmina para
que seja feito o estudo laboratorial das células colhidas.
OBS:
- No caso de gestantes, colher apenas o material da Ectocérvice (para não estimular o
canal cervical e ocorrer sangramento, podendo provocar um aborto).
- A distribuição do esfregaço Ectocérvice na lâmina é no sentido vertical, da Endocérvice
é no sentido horizontal.
- Colo do útero friável = quando realiza a endocérvice, observa-se sangue presente na
escovinha. Se vier pouco sangue, pode continuar a coleta, mas se for um sangramento

28
abundante, é necessário parar o exame. A presença de sangue em pouca quantidade
não irá prejudicar a coleta da endo e ectocérvice, pois são células diferentes.

 TESTE DE SCHILLER:
Permite diferenciar as alterações da mucosa cérvico-vaginal por impregnação de lugol
no colo uterino.

Schiller negativo / Iodo positivo: Tingimento total do colo (cor marrom) = ausência de
alterações (ausência de patologias).

Schiller positivo / Iodo negativo: Tecido esbranquiçado, presença de alterações


celulares, displasia ou carcinoma = presença de alguma patologia. Encaminhar para
colposcopia.

Sciller positivo Schiller negativo


OBS: Quando é HPV, essa mancha é chamada de acetato esbranquiçado.

 TOQUE VAGINAL SIMPLES:


Realizado para sentir o tônus muscular do canal vaginal, a elasticidade e rugosidade
da vagina e do colo uterino.
(introduz um dedo na vagina e pede para que a paciente faça força como se fosse
evacuar).

 TOQUE VAGINAL COMBINADO:

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Introduz 2 dedos na vagina, e com a outra mão faz-se força na região supra púbica, a
fim de sentir se o útero é móvel (o normal é que ele seja móvel em todos os sentidos)
e atentar para verificar se o útero está indolor a palpação. Registrar os achados
anormais e normais.

 EXAMES COMPLEMENTARES:
- Laboratoriais: Sangue (hemograma, glicemia, jejum, etc); Urina (rotina); Fezes
(pesquisa de sangue oculto).
- Específicos: Colposcopia; Ultrassom ginecológica (pélvica e transvaginal);
Mamografia; Densitometria óssea.

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

SILVA, R. S. Condutas em Ginecologia. Rio de Janeiro: Medsi, 2001.

BASTOS, A. C. Ginecologia. 11ª ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2006.

VAGINOSE BACTERIANA

- Alterações na flora vaginal normal que resulta na perda de lactobacilos, aumento


do pH vaginal (o pH fica alcalino na presença da doença) e aumento de
microorganismos aeróbios e anaeróbios.
- Pode ser causada por Gardnerella Vaginalis, Mobiluncus sp., Prevotella sp., e
outros.
- Pode haver influência da alcalinização da vagina, causada por coitos frequentes ou
pelo uso de duchas ou pode surgir novos parceiros sexuais.

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 Sinais e sintomas:
- Leucorréia geralmente fluida, homogênea e de cor branca ou cinzenta, com odor
desagradável (cheiro de peixe podre);
- Disúria e/ou prurido;
- Em alguns casos são assintomáticas.

 Diagnóstico:
1) Medida do pH vaginal: Teste rápido e simples, fita de papel indicador de pH deve
ser colocado em contanto com a parede vaginal por 1 minuto.
2) Teste de odor da secreção vaginal (Whiff-Test): Coleta a amostra da secreção e
coloca na lâmina. Solução de KOH a 10%, odor fétido, sendo uma das melhores
formas de diagnóstico para Vaginose.
3) Visualização de “clue-cells”: Observado ao exame microscópico a fresco, melhor
indicador para diagnóstico da vaginose.
4) Aspecto da leucorréia: A clínica na maioria dos casos é soberana.

 Tratamento:
- O ideal é o inibidor das bactérias anaeróbias, mas não os lactobacilos, com
principal objetivo de avaliar os sinais e sintomas da paciente.
- METRONIDAZOL, CLINDAMICINA, AMPICILINA.
- Gestantes não devem usar Metronidazol e Clindamicina no 1º trimestre da
gravidez.
- Evitar o uso de álcool durante o tratamento;
- Caso a mulher seja alcóolatra, recomenda-se o tratamento tópico.

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 E se não tratar corretamente?
- Pode causar o parto prematuro; Recém-nascido com baixo peso;
- Doenças Inflamatórias Pélvicas (DIP): Pode ser causada por várias bactérias que
atingem os órgãos sexuais internos da mulher, como útero, trompas e ovários,
causando inflamações. A DIP manifesta-se por dor na parte baixa do abdômen (no
pé da barriga ou no baixo ventre). Também pode haver secreção vaginal (do colo
do útero), dispareunia, febre, desconforto abdominal, fadiga, dor nas costas e
vômito. Pode haver evolução para forma grave, com necessidade de internação
hospitalar e tratamento com antibióticos por via venosa.
- Aumento da probabilidade de infecção por IST/AIDS.

 Como evitar?
- Usar preservativos (camisinha) durante as relações;
- Evitar duchas;
- Fazer o tratamento corretamente;

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

BEREK, J. S. Tratado de Ginecologia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

FREITAS F. et al. Rotinas em ginecologia. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

CANDIDÍASE

- É uma vulvovaginite (infecção da vulva e da vagina) causada por um fungo


comensal que passa a habitar a mucosa vaginal quando o meio torna-se favorável
para seu desenvolvimento.
- Fungo Saprofita: Não causará danos, mesmo estando presente na mucosa vaginal.
- A vulvovaginite é uma inflamação da vulva e da vagina que pode afetar mulheres
e meninas de qualquer idade, especialmente na menopausa.

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- A vulvovaginite pode ser causada por bactérias, fungos, vírus ou outros parasitas
e por algumas doenças sexualmente transmissíveis como Gonorreia, Herpes ou
Tricomoníase.
- Algumas substâncias químicas encontradas em espumas de banho, sabonetes e
perfumes também podem causar vulvovaginite.
- Este tipo de infecção e inflamação quando não são devidamente tratados podem
chegar até o colo do útero provocando cervicite (inflamação do colo do útero).

 Etiologia:
Cerca de 80 a 90% dos casos são devido a Candida albicans, 10 a 20% dos casos são
causados por outra espécie chamada de não-albicans.
* Candida tropicalis
* Candida krusi
* Monilase candidase
 Fatores predisponentes:
- Gravidez
- Diabetes Mellitus
- Obesidade
- Uso de contraceptivo oral de alta dosagem
- Uso de antibióticos e corticoides
- Hábitos de higiene inadequados
- Vestuário inadequado (o fungo prevalece em lugares mais quentes e húmidos, ou
seja, a vagina é um local ideal para ele, e quando se usa muita roupa Jeans favorece
mais ainda)
- Contato com substancias alergenas e/ou irritantes (bolinhas sexuais)
- Relações sexuais desprotegidas

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- Condições ambientais desfavoráveis
- Alterações na imunidade
- Fatores hormonais.
 Manifestações clínicas:
- Prurido vaginal (1º sinal)
- Disúria (dor ao urinar por causa do prurido, devido sua acidez).
- Leucorréia de coloração branca, granulosa, com aspecto de leite talhado.
- Hiperemia: Devido ao prurido, quanto mais coçar mais apresenta;
- Edema vulvar
- Dispaurenia
- pH vaginal é de 4,0 a 4,5
- Presença de placas brancas aderidas à mucosa da vagina e ao colo do útero.
 Diagnóstico:
- Exame ginecológico
- Avaliação clínica (sinais e sintomas)
- Teste das aminas (coloca-se Hidrosina de Potássio a 10%, o teste só dará positivo
quando for evidenciado algum odor, no caso da candidíase o normal é que esse
teste seja negativo).
- Cultura para fungos.
 Tratamento:
- Cetoconazol: Comprimido 200 mg, 2 cpm 24/24h durante 5 dias.
- Fluconazol (mais usado): Comprimido 150 mg, dose única.
- Itraconazol: Comprimido 100 mg, 1 cpm 12/12h, 1 dia.
- Butoconazol: Creme a 2% 5g para via intravaginal durante 3 dias.
Creme a 2% aplicação intravaginal única.
- Clotrimazol: Creme a 1% 5g por via intravaginal.
- Miconazol: Creme vaginal a 2% por via intravaginal por 7 dias.
Supositório
- Ticonazol: Pomada a 6,5% 5g por via intravaginal, dose única.
- Terconazol
- Nistatina.

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 Como prevenir a candidíase?
- Usar sabonete neutro
- Usar roupa íntima de algodão
- Evitar calor e umidade na área vaginal (genital)
- Usar preservativo durante as relações sexuais
- Fazer a higiene íntima com muito cuidado
- Evitar usar roupas muito justas
- Ingerir vitamina C (tomar muito suco de laranja e fazer uso de Redoxon).

CANDIDÍASE RECORRENTE:
- 4 ou mais episódios de vulvovaginite por ano.
 Pode estar relacionada com:
- Terapia frequente com antibióticos
- Diabetes descompensada
- Atividades sexuais desprotegidas
- Imunossupressão
- Infecção pelo HIV
>> A queimação substituindo o prurido pode ser o principal sintoma.
 Diagnóstico:
- Pode ser confirmado por microscopia direta das secreções vaginais e por cultura
de fungos.
 Tratamento:
- Cetoconazol: VO 1 cpm por dia durante 6 meses.
- Fluconazol: VO 1 cápsula, dose única semanalmente durante 6 meses.
- Imunoterapia.
 Candidíase x Gestação:
- Durante a gestação, pode haver um aumento na concentração do glicogênio no
meio vaginal, aumentando a suscetibilidade para candidíase.
TRATAMENTO:
- Supositório vaginal (óvulos) ou creme adequado para o estágio da gestação.

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- Dar preferência aos medicamentos de uso por um período mais prolongado, como
Miconazol, Terconazol ou Clotrimazol.
OBS: Para aliviar os sintomas na grávida, deve-se fazer compressas com chá de
camomila gelado na área, ingestão de iogurtes naturais ou bebidas com lactobacilos
 Como prevenir a candidíase?
- Usar sabonete neutro; Usar roupa íntima de algodão; Evitar calor e umidade na
área vaginal (genital); Usar preservativo durante as relações sexuais; Fazer a higiene
íntima com muito cuidado; Evitar usar roupas muito justas; Ingerir vitamina C
(tomar muito suco de laranja e fazer uso de Redoxon).

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

BEREK, J. S. Tratado de Ginecologia. 14ª ed Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,


2008.

FREITAS F. et al. Rotinas em ginecologia. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

PINOTTI, J. A. Urgências em ginecologia: procedimentos e condutas


terapêuticas. São Paulo: Atheneu, 1994.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A MULHER COM MIOMA UTERINO

- Os miomas uterinos são considerados os tumores mais comuns do sistema reprodutor


feminino. Dependendo de sua posição anatômica, quantidade e tamanho, esses
tumores podem ocasionar, por exemplo, sangramento uterino excessivo, e/ou período
menstrual.
- São tumores benignos originados de células musculares lisas do útero contendo uma
quantidade aumentada de matriz extracelular. São envoltos por uma fina pseudocápsula
de tecido areolar e fibras musculares comprimidas. Uma única célula se divide
repetidamente até criar uma massa distinta dos tecidos próximos, podendo dar origem
a um único nódulo ou a múltiplos.
- Os padrões de crescimento de miomas uterinos variam, podendo se desenvolver de

36
forma lenta, rápida ou permanecer do mesmo tamanho.
-Esse tumor benigno atinge cerca de 50% das mulheres na faixa etária dos 30 aos 50
anos.

Útero Sadio Útero com presença de miomas

 Tipos de localização do mioma no útero:


 Intramurais: desenvolvem-se dentro da parede uterina e podem ser grandes o
suficiente a ponto de distorcer a cavidade uterina e a superfície serosa. São os tipos
de miomas mais comuns e geralmente provocam um intenso fluxo menstrual, dor
pélvica ou sensação de peso.
 Submucosos: derivam de células miometriais localizadas imediatamente abaixo do
endométrio e frequentemente crescem para a cavidade uterina. São os miomas
menos comuns e provocam intensos e prolongados períodos menstruais.
 Subserosos: originam-se na superfície serosa do útero, ou seja, na superfície do órgão
e podem ter uma base ampla. Este tipo de mioma não costuma afetar o fluxo
menstrual, porém, pode tornar-se desconfortável pelo seu tamanho e pressão sobre
outros órgãos da pelve
 Pediculados: crescem na superfície externa do útero e ligam-se a ele por uma
estrutura fina e alongada que se chama pedículo por onde vem também sua
circulação. São normalmente assintomáticos, o seu crescimento ao longo do tempo
pode predispor à torção de seu pedículo, sendo causa de dor aguda.

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 Etiologia:
A causa do mioma ainda não é bem esclarecida. O que se sabe é que a progesterona e
o estrogênio, que são dois hormônios que estimulam o desenvolvimento do endométrio
durante cada ciclo menstrual, influenciam o desenvolvimento do mioma. Tanto que
alguns miomas tendem a diminuir após a menopausa, provavelmente devido a uma
diminuição da produção desses hormônios.

 Fatores predisponentes:
Ocorre raramente na adolescência, sendo mais comum em mulheres nulíparas (que
nunca tiveram filhos), obesidade, raça negra e com história familiar de miomatose.
 Manifestações clínicas:
 O mioma pode causar sintomas ou ser completamente assintomático, passando
despercebido por muito tempo.
 Cerca de 30% dos casos apresentam-se com irregularidade menstrual, sendo a
menorragia (aumento anormal e excessivo do fluxo sanguíneo durante a
menstruação) a mais frequente.
 A menstruação se torna mais volumosa, com coágulos e dura vários dias. O
sangramento vaginal é o sintoma mais comum, apresentando uma menstruação
excessiva e irregular.

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 A gravidade do sangramento não se relaciona com o tamanho do mioma, o que
determina isso é o lugar em que o mioma está localizado. Portanto, é possível ter um
grande mioma no meio do músculo que não sangra ou ter um pequeno mioma na
superfície da cavidade interna do útero que sangra muito.
 Miomas também podem causar cólicas durante a menstruação ou até mesmo fora
dela.
 Sangramentos vaginais que ocorrem fora dos períodos menstruais não costumam ser
causados por miomas.
 O aumento do volume uterino frequentemente leva a aumento da pressão pélvica,
relacionada a dor e compressão de outras estruturas como reto e bexiga, causando
constipação e incontinência urinária.
 Miomas submucosos são aqueles que mais frequentemente apresentam
sangramento e que a mulher sente dor ou uma sensação de peso na pelve.
 Complicações durante a gestação e infertilidade também podem estar relacionadas
ao quadro clínico.
 Se a localização do mioma for à região mais anterior do útero, a dor durante a relação
sexual também se torna um sintoma.
 A perda da coloração da pele, o cansaço/ fadiga e 55 batimentos cardíacos por
minuto podem ser consequência da anemia, causada pela perda de sangue que a
mulher apresenta.
 Pode ocasionar aumento da frequência urinária e constipação intestinal.

 Diagnóstico:
 Diagnóstico clínico: é feito com base na investigação da sintomatologia apresentada
pela paciente
 Diagnóstico por exame complementar: O diagnóstico de miomas uterinos é
usualmente baseado no achado de um útero aumentado, móvel e com contornos
irregulares ao exame bimanual ou um achado ultrassonográfico, por vezes casual.
Exames de imagem são necessários para confirmação diagnóstica e definir
localização do tumor.
 Ultrassonografia: Pode ser realizada por via transabdominal ou transvaginal. A
primeira ainda representa um importante meio diagnóstico em centros menores. O

39
método transvaginal apresenta alta sensibilidade para detectar miomas em úteros
com tamanho menor ou equivalente a 10 semanas de gestação. Localização dos
miomas em úteros muito grandes ou quando os tumores são múltiplos pode ser
difícil.
 Tomografia Computadorizada (TC): Apesar de oferecer visualização completa da
pelve feminina, tem baixa resolução para avaliar a arquitetura interna dos órgãos
pélvicos, sendo superada pela ultrassonografia transvaginal.
 Ressonância Magnética (RM): É o exame adequado para a visualização do tamanho e
localização dos tumores.

 Complicações:
– Anemia: Os miomas podem causar uma perda de sangue muito grave, que pode
causar anemia (deficiência de ferro);
– Necrose asséptica: a parada do fluxo sanguíneo no tecido onde se encontra o mioma
pode causar dor pélvica súbita, febre e perda de sangue de cor escura;
– O rompimento de um mioma: O rompimento do mioma pode causar mais ou menos
dor brutal permanente no local e choque com a reação peritoneal marcada.
– Compressão de órgãos adjacentes: um mioma grande pode comprimir diferentes
órgãos: bexiga, veias (edema, varizes, hemorróidas), nervos (neuralgia), reto e cólon
sigmóide (prisão de ventre).
- Na maioria dos casos, a presença de um mioma não interfere com o desenvolvimento
e progresso de uma gravidez. No entanto, alguns se desenvolvem no interior do útero
(miomas submucosas) o que pode provocar abortos recorrentes.
 Tratamento:
 O tratamento medicamentoso tem finalidade de aliviar sintomas como dores, reduzir
o volume do tumor, como também cessam as menstruações que causam
sangramento excessivo, causando anemia, e ainda preparo para futura cirurgia.
 Já seu tratamento cirúrgico é feito através de histerectomia, que é a retirada cirúrgica
do útero, que pode ser total ou subtotal, dependendo da localização do mioma, e a
miomectomia é apenas a retirada dos miomas, conservando o útero.
 Embolização da Artéria Uterina: É a obstrução da artéria leva suprimentos sanguíneos
para alimentar e nutrir o mioma, impedindo com que ele se desenvolva.

40
 Assistência de Enfermagem:
A enfermagem atua de várias maneiras, tais como:
 Orienta quanto a dieta rica em fibra;
 Vitaminas e proteínas;
 Orienta quanto a ingesta hídrica para repor a perda sanguínea;
 Dar apoio psicológico quanto à possível presunção de gravidez;
 Orientar quanto aos cuidados pré e pós-operatórios nos casos em que a paciente
se submete à histerectomia (retirada do útero) e miomectomia (retirada do
mioma).

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

BASTOS, A. C. Ginecologia. 11 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2006.

BEREK, J. S. Tratado de Ginecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A MULHER COM SÍNDROME DO OVÁRIO


POLICÍSTICO (SOPC)

- Alterações morfofisiológicas dos ovários, com repercussões no ciclo menstrual e na


capacidade reprodutora da mulher.
- A síndrome do ovário policístico é um distúrbio hormonal comum nas mulheres em
idade reprodutiva, a doença é definida por um aumento de tamanho dos ovários, que
criam várias bolsas cheias de líquido (cistos), e pelo aumento de hormônios masculinos
(testosterona) nas mulheres.
- A causa exata da síndrome dos ovários policísticos é desconhecida.
- Caracteriza-se por irregularidade menstrual ou amenorreia (ausência da menstruação)
e uma ampla gama de achados decorrentes do hiperandrogenismo (excesso de
testosterona).
- Representa uma das desordens endócrinas reprodutivas mais comuns em mulheres,
acometendo em torno de 5% a 10% da população feminina em idade fértil.

41
- Os ovários são órgãos responsáveis pela produção de hormônios sexuais femininos e
pela produção dos óvulos. Normalmente cada mulher possui dois ovários, em cada lado
do útero. Os ovários policísticos apresentam diversos cistos no seu interior, no qual o
seu interior pode apresentar conteúdo semissólido ou líquido.

- A Síndrome do Ovário Policístico (SOPC) é denominada para mulheres que contém


ovários policísticos que apresentam um ou mais sintomas adicionais, tais como:
Oligomenorreia (é a menstruação com frequência anormal, em intervalos de mais de 35
dias), amenorreia ou sangramento uterino disfuncional que estão associadas à presença
de acne e alopecia (redução parcial ou total de pelos ou cabelos).

 Etiologia:
A SOPC acomete as mulheres, principalmente em idade reprodutiva, ou seja, em idade
fértil.
• Polêmica que ainda não foi esclarecida;
• Pode existir uma ligação hereditária;
• A incapacidade dos ovários de produzir hormônios nas proporções corretas pode não
ser a única causa;
• Alterações no eixo hipotálamo-hipofisário podem ser a origem do distúrbio;
• Acredita-se que ocorra a secreção inadequada de gonadotropinas com elevação do nível
de LH em relação ao do FSH;

 Fisiopatologia:

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Baixos níveis de FSH → crescimento limitado de uma série de folículos → deficiência do
hormônio → nunca chegam ao estágio final de folículo maduro;
Fase folicular→ androgênios → transformação em testosterona → não mais se converte a
estrogênios;
Aumento de LH → excesso de LH aumenta androgênios → concentração elevada de
androgênios → acne e hirsutismo.

 Diagnóstico:
O diagnóstico pode ser feito através de:
- Ultrassom pélvica – onde irão aparecer diversos folículos ao mesmo tempo na superfície
de cada ovário;
- Ultrassonografia transvaginal (caso a mulher não seja virgem), coletar sangue para
verificar concentrações séricas de LH – que vão encontrar-se elevados e FSH normal ou
baixo;
- É importante o diagnóstico de da hiperplasia suprarrenal congênita de instalação tardia.
- Videolaparoscopia;

 Tratamento:
 Objetivos:
 Reduzir a produção e circulação de androgênios;
 Proteger o endométrio;
 Manter o peso ideal;
 Diminuir o risco de doença cardiovascular;
 Evitar os efeitos adversos da hiperinsulinemia;
 Induzir a ovulação;

 Tratamento medicamentoso, é feito com base em:
 Anticoncepcionais orais de baixa dosagem hormonal contendo desogestrel,
gestodene ou ciproterona: Não havendo desejo de engravidar, grande parte
das mulheres se beneficia com tratamento à base de anticoncepcionais orais.
A pílula melhora os sintomas de aumento de pelos, aparecimento de

43
espinhas, irregularidade menstrual e cólicas. Não há uma pílula específica
para o controle dos sintomas.
 Metformin que é um Antidiabetogênico oral - Estando a síndrome dos ovários
policísticos associada à resistência insulínica, um dos tratamentos disponíveis é por
meio de medicamentos para diabetes
 Flutamide e Finasteride
 Citrato de Clomifeno

 Cirurgia - Cada vez mais os métodos cirúrgicos para essa síndrome têm sido
abandonados em função da eficiência do tratamento com anticoncepcionais orais.
Tratamento Cirúrgico mais utilizados são: Claparoscópica dos Ovários = “Drilling”
(consiste na realização de múltiplos orifícios na superfície do ovário com laser ou
com eletrocoagulação com o objetivo de proceder à destruição de estroma ovárico
produtor de androgênios) e Ressecção cuneiforme dos Ovários (Esta consiste na
retirada de uma cunha longitudinal de ambos os ovários com perfuração dos cistos
foliculares no parênquima restante e sutura dos bordos com algodão 10. A massa
ovariana retirada deve corresponder àquela que restitua ao ovário o seu tamanho
normal).
 Dieta e atividade física – Essas pacientes devem ser orientadas em relação à dieta
e atividade física, simultaneamente com as medidas terapêuticas.

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

BARACAT, E. C.; LIMA, G. R. Guia de Medicina ambulatorial e hospitalar de ginecologia.


Barueri, SP: Manole, 2005.

BASTOS, A. C. Ginecologia. 11ª ed. rev. e atual. São Paulo: Atheneu Editora, 2006.

BEREK, J. Tratado de Ginecologia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

SEXUALIDADE E DISFUNÇÕES SEXUAIS NA MULHER

 Resposta Sexual:

44
Complexa interação de fatores psicológicos, interpessoais, ambientais e biológicos
(hormônios, vasculares, musculares e neurológicos). Os aumentos de
noradrenalina, dopamina, ocitocina e serotonina aumentam a resposta sexual. A
diminuição de Prolactina (No pós-parto) interfere na resposta sexual.
 Principal hormônio na saúde sexual:
Testosterona.
 Ciclo da resposta sexual:
- Desejo e excitação (querer ter relações e excitar-se ao olhar);
- Platô (tensão pré-orgasmo, ápice da excitação, mamilos ingurgitados e vagina
lubrificada);
- Orgasmo (ocorrem contrações na vagina, o chamado “gozo”);
- Resolução (relaxamento da vagina).
 Fatores que afetam a resposta sexual:
- Envelhecimento
- Gravidez/puerpério
- Medicamentos
- Doenças crônicas
- Alcoolismo e tabagismo
- Drogas ilícitas
 Medicamentos que afetam a resposta sexual:
- Negativos: Anti-hipertensivos; Antidepressivos; Anti-histamínicos;
Contraceptivos orais e Anticonvulsivantes.
- Positivos: Danazol, Levodopa, Anfetaminas e Bupropiona.

Efeitos negativos Ativadores

Anti-hipertensivos Danazol

Anti-depressivos Levodopa

Anti-histamínicos Anfetaminas

Contraceptivos orais Bupropiona

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Anti-convulsivantes -

 Doenças que afetam a resposta sexual:


Esclerose múltipla

Depressão

Doença de Parkinson

Artrite

Comprometimento cardíaco

 Disfunções sexuais:
- Desejo sexual hipoativo: Persistente ausência ou deficiência de fantasias e
pensamentos sexuais, levando a pouca ou nenhuma motivação para busca de sexo.
Pode ser orgânico (hormonal, medicação, cirurgias, problemas de relacionamento).

- Aversão sexual: Persistente ausência de fantasias e pensamentos sexuais, não


havendo nenhuma motivação para busca de sexo. Causas psíquicas são mais
frequentes, podendo ser resultante de abuso sexual ou traumas infantis.

- Disfunção da excitação sexual: Persistente ou recorrente incapacidade de atingir ou


manter uma adequada excitação sexual. Pode ser devido à diminuição da lubrificação
vaginal, do ingurgitamento e sensação do clitóris e dos grandes e pequenos lábios e
pouco relaxamento da musculatura pélvica. Frequentemente causada por fatores
orgânicos.

- Anorgasmia: Não ter orgasmo em nenhum tipo de sexo, seja ora, anal ou vaginal.

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- Vaginismo: Contração involuntária da musculatura da vagina, impedindo a
penetração do pênis.

- Dispareunia: Dor na hora do ato sexual. Pode ser psicológico ou devido a atrofia da
musculatura vaginal, pouca lubrificação, etc.

O PAPEL DO ENFERMEIRO:
• Anamnese
• Exame físico
• Confiança-respeito
• Orientações adequadas
• Encaminhamento para outros profissionais

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

BEREK, J. S. NOVAK. Tratado de Ginecologia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2008.

SANTOS et al. Ginecologia Clínica. Diagnóstico e tratamento. Instituto Materno-Infantil


Professor Fernando Figueira/IMIP. Rio de Janeiro: Medbook Editora Científica, 2007.

TRICOMONÍASE

É uma infecção causada pelo Trichomonas vaginalis (protozoário flagelado), onde a


principal forma de infecção é a sexual, e na mulher pode acometer a vulva, vagina,
cérvice uterina, causando cervicovaginite.

 Manifestações clínicas:
- Leucorréia abundante, amarelada ou amarelo esverdeada, bolhosa e com mau
cheiro.
- Prurido e/ou irritação vulvar;
- Dor pélvica;

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- Sintomas urinários; Hiperemia; Edema de vulva e vagina.

 Diagnósticos:
- Papanicolau; Colposcopia; Exame citológico à fresco (evidencia o protozoário).
 Tratamento:
- Metronidazol, Tinidazol e secnidazol 2g VO, dose única.
- Metronidazol 250 mg VO 8/8h por 7 dias.
- Nutrizes (mulheres que estão amamentando): Metronidazol a 0,75%, 1 aplicador
vaginal (5g) uma vez ao dia por 7 dias; ou Metronidazol 2g VO dose única
(suspender aleitamento por 24h).
- Deve-se evitar a ingestão de álcool > efeito antabuse (interação do álcool com a
medicação).
- O tratamento tópico é indicado nos casos de intolerância aos medicamentos VO;
- Durante o tratamento deve-se suspender as relações sexuais. O parceiro sempre
deve ser tratado.
- O Metronidazol está CONTRAINDICADO no 1º trimestre de gestação.
- A recidiva está associada com reinfecção ou tratamento inadequado.

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

BEREK, Jonathan S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. 14ª ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2008.

FREITAS, F. et al. Rotinas em Ginecologia. 4ª ed. Artmed.

BASTOS, Álvaro da Cunha. Ginecologia. 11ª ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2006.

GONORRÉIA

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Considerada uma IST muito comum, pode afetar todas as partes do corpo e
frequentemente é percebida por prurido na uretra e disúria.

 Etiologia:
Também chamada de pingadeira, devido a secreção ficar escorrendo (leucorréia). É
causada pela bactéria Neisseria gonorhoeae, altamente contagiosa, essa bactéria
pode entrar no corpo por meio de qualquer orifício (vagina, boca ou reto).
 Transmissão:
- Relação sexual (oral, vaginal ou anal) com pessoa infectada sem uso de preservativo
(camisinha), onde mulheres assintomáticas transmitem a bactéria causadora da doença.
- Também pode ser transmitida da mãe contaminada para o bebê, por parto normal
(Oftalmia neonatal adquirida).

 Oftalmia Neonatal Adquirida:


- Conjuntivite purulenta no recém-nascido.
- Surge no 1º mês de vida, pode levar a cegueira.
- Sinais e sintomas: Presença de secreção, eritema e edema da conjuntiva e das
pálpebras.

 Manifestações clínicas:
- Sensação de queimação e/ou disúria;
- Poliúria;
- Leucorréia abundante, turva, amarelada e com odor desagradável;
- Dor abdominal (dor forte)
- Sangramento menstrual anormal
- Ânus ou reto inflamado
- Inflamação da garganta
- Dor nos testículos (no homem).
> Os sintomas são dependentes de:
* Há quanto tempo a pessoa tem a doença
* Há quanto tempo a infecção foi transmitida

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* Se é recidiva.

 Diagnóstico laboratorial:
- Coleta da amostra durante o exame genital;
- Secreção endocervical e secreção uretral (fazer a expressão da uretra).
- A amostra deve ser colhida antes da 1ª micção da manhã. Se não é possível,
esperar pelo menos 1h após a última micção. O envio da amostra deve ser imediato.
 Tratamento:
- Se não for tratada corretamente ou se for mal tratada utilizando medicamentos
sem indicações ou orientações, os sintomas podem se agravar cada vez mais.
- Seu tratamento é feito por antibióticos VO ou injetáveis, em dose única
(Cefitriaxona, Ofloxacino, Levofloxacino, Ciprofloxacino).

 Nas mulheres:
- Se somente o colo uterino foi infectado, a gonorreia desaparecerá cerca de 2
dias após início do tratamento.
- Sem tratamento, a bactéria pode se espalhar pelo útero, ovários e tubas
uterinas, causando possivelmente esterilidade, DIP (doença inflamatória
pélvica), além do risco de afetar ossos e coração.
- Se a bactéria entrar na corrente sanguínea, multiplicar-se e espalhar-se, a
gonorreia também poderá causar artrite, febre, meningite e morte.

 Nos homens:
- Se somente a uretra foi infectada, a gonorreia desaparecerá em cerca de 2 dias
após início do tratamento.
- Sem tratamento, a uretra pode apresentar cicatrizes acarretando uma
incapacidade de urinar normalmente e até esterilidade.

 Cuidados a serem tomados:


- Fazer retorno médico em 1 ou 2 semanas, para ter certeza de que a bactéria
desapareceu;

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- Tomar a medicação durante todo o tempo prescrito, ainda que os sintomas
tenham cessado antes de ter acabado;
- Ter abstinência sexual até que o médico diga que não há mais evidências da
doença.
 Prevenção:
- Comunicar ao parceiro sexual que ele está exposto a gonorreia;
- Sempre utilizar preservativos durante as relações sexuais, pois os riscos de
infecções diminuem;
- Não compartilhar toalhas ou objetos pessoais íntimos.
OBS: A quantidade de casos é maior entre jovens de 15 a 30 anos, que já iniciaram
a vida sexual e as relações sexuais não são com parceiros (as) fixos (as), por isso a
importância de fazer o uso da camisinha.

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

BEREK, Jonathan S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. 14ª ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2008.

FREITAS, F. et al. Rotinas em Ginecologia. 4ª ed. Artmed.

BASTOS, A.C. Ginecologia. 11ª ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2006.

HPV

É uma doença viral que manifesta-se nos genitais de mulheres e homens. Sinônimos:
Verruga venérea, crista de galo e condiloma acuminado.

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 Etiologia:
Causado pelo Papiloma Vírus Humano, apresenta mais de 100 tipos e podem estar
relacionados com o desenvolvimento do câncer. Os grupos com maior oncogenicidade
são 16, 18, 31 e 33 quando associados a outros fatores. O desenvolvimento do câncer
vai depender do tipo de vírus, da hereditariedade e da demora na busca de assistência.

 Modo de transmissão:
- Geralmente por contato sexual direto com superfícies contaminas pelo vírus.
- A principal forma de contágio é a SEXUAL.
- Período de incubação: de 1 a 20 meses, mas pode passar anos.
- O período de transmissibilidade dura enquanto houver a lesão.
- As manifestações clínicas da doença podem ser tardias.
- O desenvolvimento do câncer vai depender do tipo de vírus, da hereditariedade e da
demora na busca de assistência.

 Manifestações clínicas:
- A maioria das infecções são assintomáticas.
- Podem apresentar-se clinicamente sob forma de lesões. Essas lesões podem ser
múltiplas, localizadas e de tamanho variável, ou pode ser única podendo aparecer na
vulva, períneo, vagina e colo do útero (quando no colo do útero, passa a ser chamada
de mancha acetato esbranquiçada).
- Podem também assumir a forma subclínica, visível apenas após aplicação de
reagentes.
- Quando assintomática, a mulher apresenta leve prurido, dispareunia ou nota
corrimento.
- Nos estágios iniciais pode ser tratada com sucesso em 90% dos casos, impedindo que
a paciente tenha maiores complicações no futuro como por exemplo o
desenvolvimento do câncer de colo do útero.
- Em muitos indivíduos, a infecção terá um caráter transitório, podendo ser detectada
ou não.
- Se uma gestante tiver HPV, terá grandes probabilidades de desenvolver várias
verrugas na parte genital.

52
 Forma subclínica:
Encaminhar para colposcopia, onde há aumento do colo do útero e realização da
biopsia para confirmar ou descartar HPV (câncer de colo do útero). Apenas o
ginecologista realiza a colposcopia.
- A mancha acetato esbranquiçado é uma lesão SUCLÍNICA do HPV.
- O condiloma, as verrugas são lesões CLÍNICAS do HPV.
 Fatores que determinam a persistência da infecção e sua progressão para
neoplasias intraepiteliais de alto grau:
- Tipo de vírus
- Estado imunológico
- Tabagismo
- Alcoolismo
- Nutrição inadequada.

 Diagnóstico:
- Papanicolau (coleta de endocérvice e ectocérvice)
- Colposcopia
- Biopsia (retirada de um fragmento da lesão)
- Captura Híbrida (é o exame específico para detectar HPV, detecta
especificadamente o tipo, identifica a presença do DNA viral por meio de testes de
hibridização molecular).

 Tipos de classes virais:


A e B, sendo a B mais ontogênica (11, 16,18, 31 e 33).

Vírus mais oncogênicos.

 Tratamento:
O objetivo é a remoção das verrugas sintomáticas, levando a períodos livres de lesões
em muitos pacientes. Sem tratamento, os condilomas podem desaparecer,
permanecer inalterados ou aumentar em tamanho e número
53
.
 Alguns tratamentos disponíveis para condiloma são:
- Cauterização: Eletrocautério;
- Eletrocoagulação: Laser;
- Crioterapia: óxido nitroso e dióxido de carbono (por meio do frio);
- Podofilina a 10-25% em solução alcóolica: Aplicar uma pequena quantidade em
cada lesão e deixar secar, deve ficar 6 a 8 horas sem lavar a região (mais tempo pode
queimar).
- Ácido Tricloroacético (ATA) a 80-90% em solução alcóolica: Aplicar pequena
quantidade somente nos condilomas e deixar secar, após aplicação a lesão assumirá
aspecto branco.
- Conização: Tecido em forma de cone é retirado com auxílio de bisturi, também
serve como diagnóstico de câncer invasivo.
- Medicamentos: Imiquimod e Interferon-alfa.

 Tratamento especial (gestantes):


- As lesões condilomatosas poderão atingir grandes proporções, seja pelo aumento
da vascularização ou seja pelas alterações hormonais e imunológicas que ocorrem
neste período.
- Nas gestantes devem-se tratar apenas as lesões condilomatosas.
- As lesões subclínicas serão acompanhadas com colpocitologia.
- O tratamento vai se basear no tamanho e número de lesões.
- NUNCA USAR PODOFILINA DURANTE QUALQUER FASE DA GRAVIDEZ.
- Lesões grandes e externas: realizar ressecção com eletrocauterio;
- Lesões pequenas no colo, vagina e vulva: realizar eletro ou criocauterização, apenas
a partir do 2º trimestre.

 Prevenção:
- Vacinas em 3 doses: 1ª dose (60 dias), 2ª dose (180 dias). Cada dose é de 0,5 ml IM.
- Vacina quadrivalente contra HPV: Protege contra os 4 tipos de vírus (6,11,16 e 18),
indicada para mulheres entre 9 e 26 anos.

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- Vacina Bivalente: Protege contra o vírus 16 e 18. Também indicada para mulheres
de 9 e 26 anos de idade.
- Vacinas disponibilizadas pelo SUS: Quadrivalente, em 3 doses, para meninas de 11 a
13 anos.

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

BEREK, J. Tratado de Ginecologia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

FREITAS, F. et al. Rotinas em ginecologia. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

PINOTTI, J.A. Urgências em ginecologia: procedimentos diagnósticos e condutas


terapêuticas. São Paulo: Atheneu, 1994.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A MULHER COM DOENÇA


INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP)

A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma síndrome secundária à ascensão de


microorganismos ao trato genital feminino superior, podendo acometer útero, tubas
uterinas, ovários, superfície peritoneal e outras estruturas contínuas. O marco
anatômico do trato superior é o orifício interno do colo uterino, sendo assim os quadros
de DIP se desenvolvem quando as bactérias ascendem e ultrapassam esse orifício. A DIP
é um processo agudo, salvo nos casos em que é provocada por microorganismos
causadores de tuberculose e actinomicose. Para evitar suas complicações e as diversas
implicações sobre a saúde reprodutiva da mulher e sobre o seu estado emocional, são
essenciais o diagnóstico e tratamento precoces das infecções do trato genital inferior
em homens e mulheres, bem como dos quadros iniciais de DIP.
É considerada uma síndrome clínica secundária, onde os microrganismos migram
para o trato genital superior acometendo o útero, tubas uterinas, ovários, superfície
peritoneal e outras estruturas. É uma infecção adquirida na comunidade, iniciada por

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um agente sexualmente transmissível, distinguindo-se de infecções pélvicas causadas
por procedimentos médicos, da gravidez e de outros processos primários abdominais.

Fatores de Risco:

• Idade;
• Baixo nível socioeconômico;
• Estado civil;
• Múltiplos parceiros;
• Parceiro sexual portador de uretrite

Etiologia:
Os agentes etiológicos mais comuns da DIP são: Neisseria gonorrhoeaee, Chlamydia
trachomatis. Ambos são considerados agentes sexualmente transmissíveis e os mais
frequentes nos casos de DIP, podendo a etiologia ser polimicrobiana; Ou seja causada
por ambos microrganismos ao mesmo tempo. Existem ainda outros agentes causadores
da Inflamação como Micoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum e Actinomices israeli
que acometem geralmente mulheres que fazem uso de dispositivo intra uterino (DIU).

Sinais e sintomas

Os mais frequentes são:


• Leucorréia;
• Dor abdominal inferior ou pélvica;
• Hipertermia e calafrios;
• Dispareunia;
• Mobilização dolorosa da cérvice uterina;
• Sangramento menstrual irregular;
• Sintomas urinários;
• Náuseas e vômitos;

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Mulheres acometidas com Doenças Inflamatórias Pélvicas (DIP), apresentam dor
pélvica, dor anexial, e dor à mobilização do colo uterino. Outros sintomas atípicos
podem aparecer como metrorragia e dispareunia. Os sintomas geralmente iniciam
durante ou após a menstruação.
Em alguns casos seus sintomas poderão surgir desfigurados, surgindo apenas um leve
sangramento.

Diagnósticos:
Primeiramente o diagnóstico da DIP é realizado pela história clínica e pelo exame
físico realizado durante a consulta então é iniciado o tratamento, pois como essa doença
não tem um diagnóstico preciso é necessário começar o tratamento logo quando tem
suspeita para evitar sequelas mais graves.
Além desses critérios e do resultado da história clínica e do exame físico, podem
ser solicitados alguns exames para descartar outras doenças e chegar a um diagnóstico
preciso da doença, como:
• Hemograma: leucocitose acima de 10000 ou 12000, com aumento nos bastões sugere
infecção.
• VHS e/ou Proteína C-Reativa elevados.
• EAS e/ou Urocultura para excluir infecção urinária.
• Cultura de material do cérvix uterino para: gonococo, clamídia, Mycoplasma
hominis e ureaplasma.
• Teste de gravidez (quando houver dúvida, para a exclusão de gravidez ectópica ou
aborto séptico).
• Ultrassonografia abdominal e pélvica: pode mostrar tubas uterinas contendo material
espesso, líquido livre na cavidade pélvica, presença de abscessos tubo-ovarianos e
pélvicos. Os achados clássicos de DIP aguda em ultrassom transvaginal são a espessura
da parede tubária superior a 5 mm, septos incompletos no interior da tuba, líquido no
fundo de saco, e o sinal de roda dentada (aparência denteada da vista transversal das
tubas).
• Biópsia endometrial: para avaliação histológica (confirmação de presença de
endometrite).

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• Laparoscopia: considerada o padrão-ouro para o diagnóstico diferencial, a coleta de
material para culturas, e muitas vezes, também pode ser terapêutica.

Classificação:
ESTÁDIO 0 Infecção ginecológica baixa associada a
endometrite (bartholinite, colpite,etc.)
ESTÁDIO 1 Salpingite aguda sem peritonite
ESTÁDIO 2 Salpingite aguda com peritonite
ESTÁDIO 3 Salpingite aguda com evidêncida de
oclusão tubária ou abcesso tubo-ovariano
íntegro
ESTÁDIO 4 Abcesso tubo ovariano roto

Tratamento:
O tratamento das doentes com DIP deve iniciar-se tão precocemente quanto se tenha,
com alta probabilidade, o diagnostico clinico, uma vez que a rapidez de resposta e um
prognóstico favorável estão diretamente relacionados com a prontidão terapêutica.
Os regimes terapêuticos utilizados devem incluir antibióticos de amplo espectro,
efetivos contra Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomati, aeróbios e anaeróbios
Gram-positivos e Gram-negativos, principalmente Bacteroides, Peptoestreptococcus,
Escherichia coli e Streptococcus.
Como medidas gerais para o tratamento das pacientes, o Ministério da Saúde preconiza:
repouso, abstinência sexual, retirar o DIU se a paciente for usuária (após pelo menos 6h

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de cobertura com antibiótico) e tratamento sintomático (analgésicos, antitérmicos e
anti-inflamatórios não-hormonais).

Objetivos do tratamento:
• Estádio I: Cura da infecção.
• Estádio II: Preservação da função tubária.
• Estádio III: Preservação da função ovariana.
• Estádio IV: Preservação da vida da paciente.

I - Salpingite aguda sem peritonite:

• Tratamento ambulatorial, com as seguintes recomendações:


-repouso, retirada do DIU (se usuária), abstinência sexual e tratamento com
analgésicos e antibióticos.
Antibioticoterapia:
a) Ceftriaxona 250 mg IM + Doxiciclina 100 mg VO de 12/12 horas por 14 dias;
b) Norfloxacina 800 mg VO + Doxiciclina 100 mg VO de 12/12 horas de 7 a 10 dias;

II - Salpingite com peritonite:

O tratamento deverá ser feito a nível hospitalar, com repouso, retirada do DIU
(se usuária), e tratamento com analgésicos, antibióticos e hidratação.

Antibioticoterapia:
a) Gentamicina 2,0 mg/kg EV, seguida de 1,5 mg/kg de 8/8 horas em pacientes com
função renal normal + Clindamicina 600 mg de 6/6 horas;

b) Gentamicina 2,0 mg/kg EV, seguida de 1,5 mg/kg de 8/8 horas em pacientes com
função renal normal + Penicilina G cristalina 5 milhões U.I. EV de 4/4 horas;
c) Gentamicina 2,0 mg/kg EV, seguida de 1,5 mg/kg de 8/8 horas em pacientes com
função renal normal + Metronidazol 500 mg EV de 8/8 horas;
d) Doxiciclina 100 mg EV de 12/12 horas + Cefoxitina 2 g EV de 6/6 horas.

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III – Salpingite aguda com ooforite

O tratamento deverá ser feito a nível hospitalar, com repouso, retirada do DIU
(se usuária), e tratamento com analgésicos, antibióticos e hidratação.

• Antibioticoterapia:
a) Penicilina G cristalina 5 milhões de U.I. EV de 4/4 horas;
b) Tianfenicol 750 mg EV de 8/8 horas;
c) Superada a fase aguda, iniciar tratamento ambulatorial com Ofloxacina 400 mg
VO de 12/12 horas de 10 a 14 dias.

IV- Abscesso tubo-ovariano:


• Processo terminal da DIP aguda;
• Diagnosticado quando a paciente apresenta massa pélvica palpável durante o
exame bimanual;
• Ocorre mais comumente na terceira e quarta décadas de vida;
• Geralmente ocorre quando não há resposta clínica ao tratamento;

Tratamento:
• Esquema de antibióticos igual ao estádio III;
• Cirurgia → casos de ruptura do abscesso;
• Drenagem do abscesso → opção inicial;
• Técnicas cirúrgicas utilizadas→ colpotomia posterior, drenagem
transabdominal, histerectomia total com salpingooforectomia bilateral.

Tratamento Ambulatorial de um forma geral consiste em:


Indicado para os casos de Salpingite aguda não complicada. É instituído tratamento
sintomático com analgésicos, antitérmicos, anti-inflamatórios e tratamento com
antibióticos de ampla cobertura polimicrobiana.
• Esquemas recomendados

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Ceftriaxona (250 mg, IM, em dose única). + Doxiciclina (100 mg, VO, 2 vezes ao dia,
durante 14 dias), com ou sem Metronidazol (500 mg, VO, 2 vezes ao dia, durante 14
dias).
Cefoxitina (2 g IM, em uma dose única). + Probenicida (1 g, VO, dose unica). + Doxiciclina
(100 mg, VO, 2 vezes ao dia, por 14 dias), com ou sem Metronidazol (500 mg, VO, 2 vezes
ao dia, durante 14 dias).
Cefotaxime (1 g IM, dose única, ou Ceftizoxime 1 g IM, dose única) + Doxiciclina (100
mg, VO, 2 vezes ao dia, por 14 dias), com ou sem Metronidazol (500 mg, VO, 2 vezes ao
dia, durante 14 dias).
Levofloxacina (500 mg ou Ofloxacina 400 mg, VO, 12/12h, por 14 dias), com o sem
Metronidazol (500 mg, VO, 12/12h, por 14 dias)
A decisão de acrescentar o Metronidazol é baseada na avaliação clínica do risco de
organismos anaeróbicos e deve ser individualizada para cada paciente.

Tratamento Hospitalar de forma geral:


Instituído nos casos de Salpingite complicada. Utiliza-se esquema com antibioticoterapia
intravenosa polimicrobiana.
• Esquemas recomendados
Cefoxitina (2 g, IV, 6/6h) + Doxiciclina (100 mg, IV ou, VO, 12/12h, por 14 dias)
Clindamicina( 900 mg, IV, 8/8h) + Gentamiicna (IV 2 mg/kg de peso corporal na dose de
ataque e 1,5 mg/kg de peso de 8/8h para manutenção ou dose única diária (180 mg-
240mg).

- Uma alternativa parenteral comprovadamente eficiente:


Ampicilina - sulbactam (3 g IV 6/6h) + Doxiciclina (100 mg IV ou VO 12/12h)

Tratamento cirúrgico de uma forma geral:


A laparotomia ou videolaparoscopia devem ser o mais conservadores possível.
Recomenda-se a drenagem de abscessos, a lavagem da cavidade peritoneal e a coleta
de material para culturas. Ambos os procedimentos tem suas recomendações e
vantagens próprias, como exposto a seguir. A videolaparoscopia está recomendada
quando não há resposta ao tratamento parenteral após 72 horas e em casos de dúvida

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diagnóstica, quando as condições clínicas da paciente permitirem essa abordagem. A
videolaparoscopia pode diagnosticar e estadear a DIP por meio da visualização da
cavidade peritoneal proporcionando a coleta de material para exames microbiológicos.
Além disso, possibilita a lavagem da cavidade peritoneal, retirando patógenos, debris
teciduais e material necrótico, diminuindo o comprometimento à longo prazo das
estruturas reprodutivas e a formação de aderências. Também permite aspirar exsudatos
presentes na cavidade peritoneal e romper as aderências existentes.
A laparotomia está indicada em casos de emergência quando há instabilidade
hemodinâmica (e.g., rotura de abscesso tubo-ovariano).

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS:

BASTOS, A. C. Ginecologia. 11ª ed. rev. e atual. São Paulo: Atheneu Editora, 2006.

BEREK, J. Tratado de Ginecologia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
FREITAS, F. et al. Rotinas em Ginecologia. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

SILVA, R.S. Condutas em Ginecologia. Aspectos preventivos. Rio de Janeiro: Medsi,


2001

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