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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIDOMBOSCO

GRADUAÇÃO SUPERIOR EM ENFERMAGEM

DIABETES GESTACIONAL

CURITIBA
2023
JUCÉLIA RODRIGUES

MAYARA ROCHA DE OLIVEIRA

PAULO SERGIO BRASIL

REGINALDO SANTO PINTO

THAMIRES CARVALHO BEZERRA

DIABETES GESTACIONAL

Trabalho apresentado na graduação de


ensino superior em Enfermagem do
Centro Universitário Unidombosco, como
requisito parcial à obtenção de nota na
disciplina de Saúde da Mulher.

Orientador(a): Dra. Marli Aparecida Rocha


de Souza.

CURITIBA
2023
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................5
2 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL..............................................................6
2.1 FISIOPATOLOGIA.............................................................................................................6
2.2 FATORES DE RISCO..........................................................................................................7
2.3 SINTOMAS......................................................................................................................8
2.4 DIAGNÓSTICO.................................................................................................................8
2.4.1 Exame: Glicemia em Jejum............................................................................................8
2.4.2 Exame: Hemoglobina Glicada........................................................................................8
2.4.3 Exame: Teste oral de tolerância a glicose – TOTG.........................................................9
3 ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO GESTACIONAL...............................................11
3.1 COMPLICAÇÕES.............................................................................................................11
3.2 TRATAMENTO...............................................................................................................11
3.3 COMPETÊNCIAS DA UBS...............................................................................................12
3.4 PÓS-PARTO...................................................................................................................13
CONCLUSÃO............................................................................................................14
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 15
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INTRODUÇÃO

Segundo o Ministério da saúde, 2023 o diabetes mellitus (DM) é uma


síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da
incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos. A insulina é um
hormônio produzido pelo pâncreas e é responsável pela manutenção do
metabolismo da glicose. A falta desse hormônio provoca déficit na metabolização da
glicose e, consequentemente, diabetes. Caracteriza-se por altas taxas de açúcar no
sangue (hiperglicemia) de forma permanente. Desenvolvida durante a gravidez, o
diabetes mellitus gestacional (DGM) pode acarretar riscos à saúde da gestante e do
feto, em curto, médio e longo prazos, o que torna o cuidado e tratamento dessa
síndrome metabólica uma prioridade nos cuidados em saúde. A atenção adequada
ao pré-natal pode reduzir, inclusive, doenças prevalentes na vida adulta, como
hipertensão e diabetes mellitus (BRASIL, 2023).
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2 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL

Segundo o Ministério da Saúde o Diabetes Gestacional ocorre


temporariamente durante a gravidez. Caracterizada pela elevação das taxas de
glicose no sangue, acima do valor considerado normal, mas ainda abaixo do valor
para ser classificada como diabetes tipo 2. Toda gestante deve realizar o exame de
glicemia regularmente, durante o pré-natal. Mulheres com a doença têm maior risco
de complicações durante a gravidez e o parto (BRASIL, 2022).
O Diabetes Mellitus Gestacional é uma condição clinica que acomete
mulheres grávidas com início durante o período gestacional, caracterizado pela
intolerância a glicose, podendo ou não persistir após o parto. A prevalência mundial
varia de 1% a 28, sendo que no Brasil a estimativa para o Sistema Único de Saúde é
de 18%. Pode ser justificada por uma disfunção pancreática na produção de insulina
(SANTOS, et al 2021).

2.1 FISIOPATOLOGIA

Sua fisiopatologia está diretamente associada ao aumento de hormônios


contrarreguladores de insulina, causado pelo processo gestacional, além de fatores
genéticos e ambientais. O principal hormônio relacionado a resistência a insulina é o
lactogênio placentário, sendo que também podem estar envolvidos o cortisol,
estrogênio, a progesterona e a prolactina (SANTOS, et al 2021).
Na diabetes gestacional o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose
ainda no ambiente intrauterino, interferindo no desenvolvimento do embrião,
causando maior risco de macrossomia fetal, que pode complicar com distócia de
ombro ( impactacão óssea) e tocotraumatismos ( lesões decorrentes ao trabalho de
parto), malformações congênitas, partos traumáticos, rotura prematura da
membrana, trabalho de parto pré-termo, ganho de peso excessivo, infecções do
trato urinário, vulvovaginais e puerperais, morbimortalidade materna associadas a
Síndromes Hipertensivas na gestação, pré eclampsia e eclampsia, aumentos das
taxas de cesariana , hiperinsulinimia fetal, hipoglicemia neonatal e até obesidade e
diabetes tipo II, além de doenças cardiovasculares (SANTOS, et al 2021; CURITIBA
2023).
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Durante a gravidez, a mulher passa por diversas mudanças hormonais


significativas, para que o desenvolvimento do bebê ocorra de maneira adequada.
Uma delas é o aumento da produção de insulina pelo pâncreas para equilibrar o
rearranjo hormonal que está sendo direcionado para a placenta. Quando esse
processo não é bem-sucedido, acarreta uma elevação de glicose no sangue. As
alterações anatômicas e funcionais que ocorrem na gravidez caracterizam-se como
respostas a uma adaptação imposta pelo feto. Dentre essas modificações estão a
insônia ou intensificação do sono, cãibras, instabilidade e desequilíbrio motor,
bradicardias, arritmias, taquicardia e hipertensão, mudanças de cor e temperatura,
diarreias ou obstipações (SOUZA, 2021).

2.2 FATORES DE RISCO

Dentre os principais fatores de risco da Diabetes Gestacional destacam-se a


idade avançada, história familiar de DM tipo 2 em parentes de primeiro grau,
síndrome de ovários policísticos e baixa estatura, além do excesso de peso e ganho
ponderal acima do recomendado, uso de drogas hiperglicemiantes, obesidade ou
grande ganho de peso na gestação, uso de corticoides ou diuréticos, antecedentes
obstétricos de morte fetal. (SANTOS, et al 2021).
Estudos demonstrado outros fatores associados ao desenvolvimento de
Diabetes Mellitus Gestacional, como níveis séricos baixos de 25(OH) vitamina D,
idade da menarca antes de 11 anos e distúrbios do sono (ZAJDENVERG, et al
2022).
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FONTE: ZAJDENVERG, et al 2022.

2.3 SINTOMAS

Os sintomas decorrentes da hiperglicemia acentuada incluem perda de peso


inexplicada, polidipsia (sede excessiva), poliúria (micção excessiva), polifagia
(alimentação excessiva) e infecções (CURITIBA, 2023).

2.4 DIAGNÓSTICO

Na primeira consulta pré-natal de gestantes sem conhecimento do diagnóstico


prévio de DM, é recomendado solicitar uma glicemia plasmática de jejum de 8 horas,
com o objetivo de detectar diabetes gestacional, a solicitação adicional da
hemoglobina glicada (HbA1c) também pode ser considerada para detectar risco de
desenvolver DMG (ZAJDENVERG, et al 2022).

2.4.1 Exame: Glicemia em Jejum

✔ Permite a detecção de alterações glicêmicas prévias ao período gestacional;

✔ Deve ser solicitado para todas as gestantes na 1ª consulta do pré-natal;

✔ Coletar o exame após um período de jejum de 8 a 12 horas;

✔ Registrar os resultados dos exames no prontuário e na carteira da gestante

(CURITIBA, 2023).
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FONTE: CURITIBA, 2023

2.4.2 Exame: Hemoglobina Glicada

Costuma ser um dos exames mais recomendados para a investigação,


controle e diagnóstico de Diabetes, através de uma amostra de sangue coletada e
uma média dos níveis de glicose de dois ou três meses, pois as hemácias tem uma
vida de 60 a 90 dias, possibilitando mostrar essa concentração média de glicose
(ZAJDENVERG, et al 2022).
Hemoglobina glicada na primeira consulta de pré-natal:

FONTE: ZAJDENVERG, et al 2022.

O diagnóstico da DMG, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes


(SBD) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), deve ser realizado por meio do
teste de tolerância à glicose (TOTG), que deverá ser realizado entre a 24 e 28
semanas de gestação em todas as grávidas, com sobrecarga de 75g de glicose e
medidas de glicemia aos 0, 1 e 2 horas após. Considera-se diabetes gestacional as
gestantes na qual o teste de tolerância à glicose apresentar pelo menos 1 dos
valores de glicemia a seguir, em jejum: ≥92 e < 126 mg/dL; 1 hora ≥ 180 mg/dl; 2
horas ≥153 e <200 mg/dL. Nos casos em que o resultado tenha valores iguais ou
superiores a 180 e 153 mg/dl, na primeira e segunda hora é de suma importância
que a gestante seja encaminhada para o acompanhamento gestacional de risco até
o parto (SANTOS e tal, 2021; ZAJDENVERG, et al 2022).

2.4.3 Exame: Teste oral de tolerância a glicose – TOTG

✔ Deverá ser realizado entre a 24 e 28 semanas de gestação;

✔ A gestante deve estar em jejum há 8 horas na realização do exame. A

ingestão de água é permitida;


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✔ Nos três dias que antecedem o exame, a gestante deve seguir sua dieta

habitual, sem restrição de açúcar;

✔ Atividade física habitual.

✔ Durante a realização do teste orientar para que a gestante não fume ou

realize caminhada;

✔ Coletar amostras de sangue periférico com a gestante em jejum e nos tempos

de 1 e 2 horas, após receber a carga de 75 g de glicose oral em no máximo 5


minutos;

✔ Não realizar o exame na vigência de quadro infeccioso, doença aguda ou

enfermidade intercorrente (possibilidade de falsos resultados);

✔ Medicações ou intercorrências podem alterar o teste;

✔ Aguardar 3 dias após o término de tratamentos temporários (medicações);

✔ Não interromper a administração de medicamentos de uso contínuo;

✔ Em caso de vômitos, antes de coletar as outras amostras, interromper o

exame e agendar nova data para o exame;

✔ Agendar retorno 7 dias após a coleta para avaliação do resultado do exame e

registrar os resultados dos exames no prontuário e na carteira da gestante;

✔ Não realizar TOTG em gestantes com histórico de cirurgia bariátrica pelo

risco de desencadear síndrome de dumping (É um problema que ocorre


quando a ingestão de alimentos ricos em açúcares ocasiona sintomas de mal-
estar e sensação de desmaios, devido a alterações do processo digestivo ser
alterado pela cirurgia bariátrica). Nestes casos, proceder o acompanhamento
gestacional com glicemia de jejum.
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FONTE: CURITIBA, 2023


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3 ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO GESTACIONAL

O Diabetes Mellitus gestacional e o Diabetes mellitus, são situações em que


ambas são consideradas de alto risco e a UBS deverá encaminhar a gestante para
avaliação da obstetrícia de risco, na qual o prontuário da paciente primeiramente
será avaliado via tele consulta e após será realizada a vinculação da gestante para
um hospital de alta complexidade pelo médico regulador para conduta de tratamento
(CURITIBA, 2023).

3.1COMPLICAÇÕES

As principais complicações Perinatais e Futuras são conforme quadro abaixo:

FONTE: ZAJDENVERG, et al 2022.

3.2 TRATAMENTO

Para o tratamento deverão ser avaliadas à existência de lesões em órgãos-


alvo, comorbidades, qualidade do controle glicêmico, presença de malformações e
alterações do crescimento e vitalidade fetais e do volume de líquido amniótico. A
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grande maioria das mulheres atinge o controle adequado de sua glicemia com
terapia nutricional e exercício físicos e suspensão do tabagismo, com
acompanhamento profissional, (BRASIL, 2021).
As atividades físicas poderão ser mantidas durante a gravidez, porém com
intensidade moderada, desde que não haja contraindicações obstétricas. Algumas
gestantes necessitarão usar insulina, principalmente as de ação rápida e
intermediária, caso as medidas não farmacológicas não controlem o DMG. O uso de
insulina deve ser mantido nas gestantes que já faziam uso antes da gravidez e
iniciado nas diabéticas tipo 2 que faziam uso prévio de hipoglicemiantes orais. Os
ajustes de doses são baseados nas medidas de glicemia, cujo monitoramento pode
ser realizado diariamente em casa, com uso de fitas para leitura visual ou medidor
glicêmico apropriado (CURITIBA, 2023).

FONTE: CURITIBA, 2023

3.3 COMPETÊNCIAS DA UBS

✔ Seguir as recomendações descritas na estratificação do risco gestacional;

✔ Fornecer glicosímetro, após assinatura do termo de recebimento e devolução;

✔ Monitorar a adesão ao tratamento e ao controle glicêmico, através das

glicemias capilares;

✔ Encaminhar as gestantes diabéticas para avaliação e seguimento nutricional,

com brevidade, de preferência em até 2 semanas;


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✔ Fazer busca ativa das gestantes que não estiverem participando das

consultas de pré-natal de alto risco;

✔ Registrar informações dos exames, tratamentos e intercorrências no

prontuário e na carteira de pré-natal.

3.4 PÓS-PARTO

Devem ser monitorados os níveis de glicemia, para o estabelecimento da


dose adequada de insulina ou hipoglicemiantes orais. Nos casos de utilização de
hipoglicemiantes orais, em DM2 pode ser considerado, pois apenas 0,4% da dose
de metformina ingerida pela mãe é detectada no leite materno. Recomenda-se nova
avaliação glicêmica após aproximadamente seis a oito semanas, preferencialmente
com TOTG 75 g, medidas de jejum e duas horas. Os valores que definem diabetes
são jejum ≥126 mg/dL ou duas horas ≥200 mg/ dL. Pacientes com valores alterados
devem receber tratamento específico, e as com resultado normal devem ser
orientadas sobre o risco aumentado de DM2 e a manter estilo de vida saudável.
(CURITIBA,2023).
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CONCLUSÃO

Em conclusão, o diabetes gestacional é uma condição séria que requer


atenção cuidadosa durante a gravidez. A compreensão dos fatores de risco, a
detecção precoce e o manejo adequado são fundamentais para garantir a saúde
tanto da mãe quanto do bebê. A educação e o suporte contínuos às gestantes,
juntamente com o acompanhamento médico regular, desempenham um papel
crucial na prevenção de complicações. Além disso, é importante continuar
pesquisando e promovendo a conscientização sobre o diabetes gestacional para
melhorar os métodos de diagnóstico, tratamento e apoio às mulheres grávidas,
proporcionando assim uma gravidez saudável e segura para todas as mães.
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REFERÊNCIAS

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em <


https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021/dezembro/ministerio-da-
saude-lanca-publicacao-para-cuidados-de-gestantes-com-diabetes-mellitus> Acesso
em: 06 de novembro de 2023.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em <


https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/diabetes> Acesso em: 06
de novembro de 2023.

Ministério da Saúde Organização Pan-Americana da Saúde Federação Brasileira


das Associações de Ginecologia e Obstetrícia Sociedade Brasileira de Diabetes.
Disponível em < https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/MjA3NQ==%C2%A0>
Acesso em: 06 de novembro de 2023.

PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA, 2023. Disponivel em<


https://saude.curitiba.pr.gov.br/atencao-primaria/protocolo-mae-curitibana.html>
Acesso em: 3 de novembro de 2023.

SANTOS, Tatiane Lima dos; COSTA, Cleuson Vieira; AMORIM, Elisete Silva;
GOMES, Edilene Bispo; FONSECA, Hadsan Taiana Aleixo da; SOUZA, Luiz Carlos
Araujo de; COSTA, Silvio Douglas Medeiros.; VIEIRA, Simone Ribeiro; SOUSA Silvia
Mara dos Santos; CARDOSO Aylia Virginia de Oliveira. Principais fatores de risco
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Acervo Enfermagem, v. 16, p. e9537, 27 dez. 2021. Disponível em <
https://doi.org/10.25248/reaenf.e9537.2021> Acesso em 04 de novembro de 2023.

SOUZA, Wanessa; CINTRA, Kamiliam Câmara; SANTOS, Amanda dos. O


ACOMPANHAMENTO MULTIPROFISSIONAL A DIABETES GESTACIONAL NA
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ZAJDENVERG, Lenita; FAÇANHA, Cristina Figueiredo Sampaio; DUALIB, Patricia


Medici; GOLBERT Airton; MOISÉS Elaine Chistine Dantas; CALDERON Iracema de
Mattos Paranhos; MATTAR, Rosiane ; FRANCISCO Rossana Pulcinele Vieira;
NEGRATO, Carlos Antonio, BERTOLUCI, Marcelo. Rastreamento e diagnóstico
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Diabetes (2023). DOI: 10.29327/557753.2022-11, ISBN: 978-85-5722-906-8.
Disponível em < https://diretriz.diabetes.org.br/rastreamento-e-diagnostico-da-
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