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Diabetes Mellitus Gestacional: fatores

de risco, diagnóstico, manejo e mais!

1.

Definição
2.

A Epidemiologia
3.

Fatores de risco do diabetes gestacional


4.

Entenda a Fisiopatologia
5.

Quais as Complicações?
6.

Como fazer o rastreamento e o diagnóstico do diabetes gestacional?


7.

Como manejar o diabetes gestacional?


8.

Como é o seguimento pós-parto?


9.

Mapa mental de DG

Definição

Representa qualquer grau de tolerância à glicose com suspeita de


reconhecimento durante a gestação. Dentro dessa possibilidade, faz necessário
diferenciar Diabetes Gestacional de Diabetes prévio, diagnosticado na gestação,
de forma que:

1. Diabetes Gestacional (DMG): subtipo de hiperglicemia


diagnosticada pela primeira vez na gravidez em curso, detectada
durante o teste de rotina gravidez (geralmente entre 24 e 28
semanas), e que não atende aos critérios de Diabetes prévio.
2. Diabetes na Gravidez (DG): menos frequente, porem mais grave
definido por hiperglicemia diagnosticada previamente ou pela
primeira vez durante a gravidez que atende ao critério da OMS
para diabetes mellitus no estado não gestante, podendo ocorrer
em qualquer período, inclusive primeiros trimestres.

A Epidemiologia

A ocorrência de DMG paralelo a prevalência de intolerância à glicose,


obesidade e DM2 aumentou globalmente nos últimos anos. Segundo estudos
populacionais realizados nas últimas décadas, a prevalência de DMG varia de 1
a 37,7%, com uma média mundial de 16,2%.

Sabe-se que, para mulheres, o principal fator de risco para o desenvolvimento de


diabetes do tipo 2 e de síndrome metabólica é o antecedente obstétrico de
Diabetes Mellitus Gestacional (DMG).

De acordo com a FIGO- 2015, vem sendo relatada uma taxa de prevalência
entre 1% e 28%, enquanto a International Diabetes Federation (IDF) estima que
um em cada seis nascidos vivos (16,8%) são mulheres com algum tipo de
hiperglicemia na gravidez; 16% destas devidos a DIP, enquanto a maioria
(84%) está relacionada ao DMG.

As estimativas populacionais de frequência de hiperglicemia na gestação no


Brasil são conflitantes, porém estima-se que a prevalência de DMG no Sistema
Único de Saúde (SUS) seja de aproximadamente 18%, utilizando- se os critérios
diagnósticos atualmente propostos na literatura.
Fatores de risco do diabetes gestacional

São eles:

 Idade avançada,
 sobrepeso,
 obesidade,
 ganho excessivo de peso durante a gravidez,
 SOP,
 Historia de DM em parentes de 1º grau,
 mal passado obstétrico (abortamentos),
 macrossomia em gestação previa,
 DG em gestações previas,
 pre-eclampsia,
 gestação múltipla.

Entenda a Fisiopatologia

A gravidez induz alterações no metabolismo materno para acomodar e nutrir o


crescimento do feto no útero, mediado por secreção de hormônios e mediadores
que criam resistência à insulina e modificam o metabolismo de
carboidratos, lipídios e aminoácidos para garantir fornecimento adequado de
nutrientes ao feto.

A resistência à insulina está relacionada aos hormônios diabetogênicos,


produzidos em grande quantidade na gestação com a finalidade hiperglicêmica
que favorece o feto. Dentre eles, o hormônio lactogênico placentário, o cortisol,
a progesterona e o hormônio de crescimento. Esta continua a aumentar à medida
que a gestação avança, notadamente por volta da 24ª semana. Quando a
capacidade pancreática de secretar insulina é suplantada, advém a
hiperglicemia.

Diante disso, mulheres com resistência insulínica previa (SOP, obesidade,


sobrepeso, Sindrome metabólica) são mais propensas ao DGM.
Quais as Complicações?

Curto Prazo
 Fetos grandes para idade gestacional e macrossômicos: mais
comuns complicações, com aceleração do crescimento fetal
começando precocemente em 20 – 28 semanas.
o Macrossomia aumenta o risco de cesariana, assim como
desfechos neonatais adversos, como distorcias.
 Pré-eclâmpsia
 Polidramnia: sugerida pela contribuição da poliúria fetal.
 Natimorto: principalmente em gestantes com mau controle
glicêmico.
 Morbidades neonatais: hipoglicemia, hiperbilirrubinemia,
hipocalemia, hipomagnesemia, policitemia, distúrbios respiratórios
e cardiomiopatias.

Longo Prazo
 Risco de desenvolvimento de obesidade e síndrome metabólica
para a prole.
 Aumento do risco de desenvolvimento de DM2 materna.

Como fazer o rastreamento e o diagnóstico do diabetes gestacional?


 Na primeira visita pré-natal todas as grávidas deverão ser
submetidas a uma glicemia plasmática em jejum.
o Glicemia Jejum ≥ 126 mg/dl, é feito o diagnóstico
de diabetes prévio diagnosticado na gestação
o Glicemia Jejum ≥ 92 mg/dl e < 126 mg/dl, é feito o
diagnóstico de DMG
o Glicemia Jejum < 92 mg/dl, reavaliar entre as 24 e 28
semanas

 Nova investigação nas gestantes entre 24 e 28 semanas sem


diagnostico de diabetes previamente e com fatores de risco, com
a realização de TOTG 75g de glicose, mantendo jejum de 8 horas
e precedidos de dieta de pelo menos 150g de carboidratos durante
os 3 dias prévios.
o Glicemia em jejum ≥ 126 mg/dl ou na 2ª hora ≥ 200 mg/dl =
Diabetes prévio diagnosticado na gestação
o Glicemia de Jejum 92 – 125   OU   após 1 hora ≥ 180   OU   
após 2 horas 153 – 199 = DMG

 Como manejar o diabetes gestacional?

Controle glicêmico na gestação:


 Medições de glicemia em jejum e antes das principais refeições.
Para usuárias de insulina, acrescenta-se as medidas de 1-2 horas
após almoço e jantar.
 Alvo: Glicemia de jejum ≤ 95 mg/dl, 1 hora pós-prandial ≤ 140
mg/dl, 2 horas pos-prandial ≤ 120 mg/dl
 Glicemia de jejum e pos-prandial semanal. Dosagem trimestral de
ureia, creatinina e proteinuria naquelas com diabetes previa, assim
como fundo de olho trimestral.

Terapia nutricional

A nutrição deve ser adequada para produzir ganho ponderal dentro dos
seguintes parâmetros:

 IMC prévio <18,5 Kg/m² : ganho ponderal de 12,5 – 18 Kg


 IMC prévio 18,5 – 24,9 Kg/m²: ganho ponderal de 11,5 – 16 Kg
 IMC prévio 25,0 – 29,9 Kg/m²: ganho ponderal de 7 – 11,5 Kg
 IMC prévio ≥30,0 Kg/m²: ganho ponderal de 5 – 9 Kg

Atividade física

Contraindicada se: Doença hipertensiva induzida pela gravidez sem controle,


Ruptura prematura de membranas, Trabalho de parto prematuro, Sangramento
uterino persistente após o segundo trimestre, Incompetência istmocervical,
Restrição de crescimento intrauterino, Síndrome nefrótica, Retinopatia pré-
proliferativa grave e proliferativa, Hipoglicemia sem aviso, Neuropatia
periférica avançada ou disautonomia.

Insulina
 Mantidas em todas as pacientes que já faziam uso antes da
gravidez, iniciadas em DM2 com uso prévio de hipoglicemiantes
orais sem controle satisfatório com dieta e exercício físico após
duas semanas.
 Seguras: Lispro, aspart (ação rápida) e NPH (Intermediaria)
 Dose inicial de 0,7– 2 Ui/Kg/dia (Menores antes do 3º trimestre)
 Proporção de 2: 1 de insulina de ação intermediária a rápida (2/3
intermediaria e 1/3 rápida, divididos em 2/3 pela manhã e 1/3 pela
noite)

Acompanhamento obstétrico
 Consultas quinzenais até 30-34 semanas, semanais a partir de 34
semanas até o parto.
 USG morfológica + Cardiotocografia fetal com 26 semanas

o PBF (perfil biofísico fetal) ou USG com ILA semanalmente ou


a cada 2 semanas a partir de 32 semanas
 Contagem dos movimentos fetais, 1 a 3 vezes durante o dia, por 1
hora em decúbito lateral, a partir de 28 semanas (alterado se
menos de 7 movimentos por hora)
 Doppler de artérias Uterinas a partir de 26 semanas

Interrupção da gestação
 Pensar em indução a partir de 38-40 semanas (39 semanas se
controle glicêmico por uso de insulina ou 40 semanas se
controlada apenas com terapia não medicamentosa)
o Controle glicêmico apenas com dieta: indução com 40
semanas
o Controle glicêmico com Insulina: Indução com 38 semanas
o Bem-estar fetal comprometido: interrupção imediata
o Cesariana se peso fetal 4 – 4,5 kg
 Interrupção antes de 38 – 39 semanas: avaliação da maturidade
pulmonar fetal com fosfatidilglicerol e relação lectina e
esfingomielina no Líquido amniótico.

 Controle glicêmico no parto:


 Em pacientes que usam insulina:
o Dieta zero por 8 horas
o Suspender NPH
o Insulina regular conforme glicemia capilar a cada 2 horas
visando mantê-la <110 mg/dL (euglicemia entre 72 – 126)

Como é o seguimento pós-parto?

Se iniciou uso de insulina somente durante a gravidez, suspender insulina e


verificar glicemia 24 a 72 horas após o parto para excluir hiperglicemia em
andamento

 Mulheres que têm níveis de glicemia em jejum abaixo de 126 mg /


dL após o parto devem ter um TOTG 6 a 12 semanas após o parto
para testar diabetes ou pré-diabetes. Devido ao risco de
desenvolvimento de DM2, devem ser reavaliadas a cada 3 anos
 Se as glicemias sugerirem diabetes (glicemia de jejum ≥126 mg /
dL ou glicose aleatória ≥200 mg / dL), o tratamento é necessário;

Se fazia uso de insulina antes da gestação: voltar para a dose utilizada


previamente.
 .

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