Você está na página 1de 46

Diabetes Mellitus

Gestacional
Definição, rastreamento, diagnóstico, repercussões
e tratamento.
Nathália Martins de Faria
 Parto hospitalar: Atendimento a partos domiciliares
planejados

 Consultas de pré natal, Consulta pós parto


(amamentação e avaliação do RN)

 Fui Professora da instituição FMU (Faculdades


Metropolitanas Unidas)

 LIBRAS nível básico voltada à gestantes surdas e à


obstetrícia.

 Artigo: “Iniquidades socioeconômicas, raciais e


gerencias ao pré natal: consequências gravídicas
puerperais.” 2020
Por que esse assunto é tão relevante?

 Houveram mudanças nos protocolos, no tratamento, atualizações

 8% das gestantes terão DMG, em alguns países chega à 15% ou


mais.

 Aumento de chances de diabetes gestacional e doenças


metabólicas para a prole.

 Relacionada à obesidade, má alimentação, e demais doenças


metabólicas: IMPACTO relevante para saúde pública.

 50% das pacientes com DMG terão diabetes ao longo da vida ou


no pós parto.
Confusão!!!
Número • 92 em jejum?
de corte • 85? 110-125?

• Fazer com 24-


Exame 26...
de TOTG
75g
• 24-28...
• No 1º ou 3º tri?

• 1 alteração?
• 2 seguidas?
Diagnós-
tico • 1 , 2 ou 3
alterações no
TOTG?
Definição da Diabetes Mellitus
“Diabetes Mellitus (DM) representa um conjunto de distúrbios metabólicos
caracterizados por hiperglicemia consequente à deficiência insulínica.
Essa deficiência pode ser decorrente da produção pancreática reduzida,
de inadequada liberação e/ou da resistência periférica ao hormônio.”
RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS GESTACIONAL NO
BRASIL

 Estudos recentes reportam que o DMG está associado à resistência


insulínica e/ou à insuficiência das células beta pancreáticas em
suprir a demanda de insulina do organismo;

A DMG ocorre quando essa resistência à insulina acontece devido à


gestação.
Glucagon
Insulina
O que acontece na
gestação para que haja
a instalação da DMG?

Quais Fatores levam uma gestante de risco habitual a


desenvolver diabetes?
Fisiologia natural da glicose na gestante
 A gestação se caracteriza por ser estado de resistência à insulina.
 A placenta produz hormônios visando absorver o máximo de nutrientes da
corrente sanguínea da mãe e oferecer ao bebê.
 Esses hormônios causam intensa mudança no metabolismo materno da glicose,
devido à demanda do concepto para crescer.
 Naturalmente, todas as pacientes contém pré disposição para desenvolver DMG
só por estarem gestantes e porque a Placenta consegue glicose para o feto,
causando resistência à insulina na mãe.

Glicose

Glicose
Hormônios
2 Principais fatores etiológicos que explicam a fisiopatologia:

Hormonal: Placenta
• Lactogênio placentário, cortisol e prolactina= interferem ação
da insulina. São antagonistas à este hormônio. 26ª semana=
maior produção desses hormônios. Aumento da demanda
fetal de glicose

Genético:
• Genes responsáveis pelo DM tipo 2 e DMG são semelhantes.
• Histórico familiar
• Por causa da resistência à insulina, mulheres que tiveram
DMG podem desenvolver DM tipo 2.
Hormônios gestacionais e a DMG
 Junto com o crescimento da placenta, ocorre um aumento na produção
de hormônios que antagonizam a ação da insulina, principalmente, a
somatomamotropina ou Lactogênio placentário pois atuam sobre o
metabolismo da glicose e gordura da mãe.

Facilita o
Aumenta a
Lactogênio Aumento transporte
resistência
Placentário da Glicose pela
materna à
(HPL) materna placenta
insulina
até o feto
Fisiopatologia da DMG

 A gestação se caracteriza por ser estado de resistência à


insulina. Essa condição, aliada à intensa mudança nos
mecanismos de controle da glicemia, em função do
consumo de glicose pelo embrião e feto, pode contribuir
para a ocorrência de alterações glicêmicas, favorecendo
o desenvolvimento de DMG .
 Sua fisiopatologia é explicada pela elevação de hormônios
contrarreguladores da insulina, pelo estresse fisiológico imposto
pela gravidez e a fatores predeterminantes de risco;
Hormônios: Resistência Hormônios: Resistência
insulínica na gestação insulínica na gestação

Aumento da glicose (para Aumento da glicose (para a


a placenta capturar e dar placenta capturar e dar ao
ao feto) feto)

Aumento da insulina Aumento da insulina

Controle da glicemia Controle da glicemia


estabelecido inadequado!
 Diabetes Gestacional Adaptações metabólicas na
gravidez: solicitação
contínua de nutrientes pelo
concepto

Aumento da produção de
estrógeno, progesterona,
somatomamotropina coriônica
Fatores de risco

Aumento da resistência da
insulina e sua concentração no
sangue.

Hormonal

“Quando a demanda na produção de


insulina é maior que a capacidade das
Genética células β pancreáticas de produzir esse
hormônio, pode ocorrer a instalação do
diabetes mellitus gestacional.” 1
A presença do diabetes gestacional determina uma gestação de alto risco.

Principais Hipertensão arterial da mãe;


Fatores História pessoal de diabetes;
de Risco:
Sucessivas perdas gestacionais;
DMG familiar (principalmente mãe, irmãs);

Histórico de macrossomia fetal;


Polidrâmnio;
Obesidade ou sobrepeso;
Diabetes gestacional em uma gestação anterior;

Síndrome do ovário policístico;

Sedentarismo, e má alimentação.
Diagnóstico
Início do pré natal < 20 semanas:
Solicitar Glicemia em jejum (8 a 12h)

Sem diabetes, realizar teste


Diabetes
de tolerância à glicose 75g
Mellitus Diabetes Mellitus com 24-28s
Gestacional
Pacientes sem DMG, de 24-28 semanas devem realizar
TOTG 75G.

Obs: Pacientes
que
começaram o
pré natal
acima de 28s,
devem fazer
TOTG 75g

Diabetes Mellitus Diabetes Mellitus


Gestacional
Tratamento

 Para a maioria das gestantes, o DMG responde bem somente com o controle
alimentar, baseado nos mesmos princípios de uma alimentação saudável,
com exercícios físicos e com suspensão do fumo;

 Algumas mulheres, necessitarão usar insulina caso as


medidas não farmacológicas não controlem o
DMG;
 Os hipoglicemiantes orais possuem menor
efetividade do que a insulina que é a droga de
primeira linha e escolha por promover proteção à
prole a longo prazo.
Tratamento
 O uso de insulina deve ser mantido nas gestantes que já faziam
uso antes da gravidez e iniciado nas diabéticas tipo 2 que faziam
uso prévio de hipoglicemiantes orais;
 Os ajustes de doses são baseados nas medidas de glicemia, cujo
monitoramento pode ser realizado diariamente em casa, com
uso do dextro

 Endócrino
 G.O
 Enfermagem
 Nutricionista
 Educador físico
METAS
 Ganho de peso adequado à paciente= requer adesão ao
tratamento
 Bom controle da glicemia < 95 mg/dL; pós prandial 1h: <
140mg/dL e pós prandial 2h: < 120 mg/dL
 HB glicada <6%
 Crescimento fetal adequado: acompanhamento do percentil
fetal; circunferência abdominal devendo se manter abaixo do
percentil 75
 ILA (índice de líquido amniótico) deve estar normal.
Controle de ponta de dedo: 4 pontos
Controle de ponta de dedo: 4 pontos

• Jejum: menor que 95mg/dL


• 1h pós prandial: menor que 140mg/dL Na observação a paciente pode
• 2h pós prandial: menor que 120 mg/dL anotar o que comeu que alterou,
ou sempre anotar o que tem
Gestantes em uso de insulina : glicemia comido. Além de destacar as
de jejum acima de 70 mg/dL e pós- - alterações
prandiais não inferiores a 100 mg/dL.
Quando considerar o uso da insulina?

 A cada conjunto de medidas do dextro, contamos o número de


medidas totais e as alteradas, aí calculamos com “regra de 3” a
porcentagem de alterações.

 Alterações a partir de 30% requer avaliação endocrinológica e


entrada de insulina.

Nº Total de medidas ------------ 100% X = Nº alteradas . 100


Nº total de medidas
Nº medidas alteradas --------- X
E o parto? Normal...
Cesárea?
Parto 2 Pós- parto 2

Na ausência de complicações, A insulina deve ser suspensa


o parto deve ser vaginal e a após o parto em mulheres com
termo. DMG.
Durante o parto, deve-se Para afastar possibilidade de
monitorar a glicemia a cada diabetes: realizar um teste oral
hora. de tolerância à glicose com 75
Manter a glicemia entre 70 e g com 6 a 12 semanas pós-
120 mg/dL. parto

Pode ser necessária a Pacientes com diabetes pré-


administração de insulina em gestacional : voltam a usar a
infusão contínua. mesma dose utilizada antes da
gravidez
“A cesariana eletiva deve ser
considerada apenas na Aconselhar sobre a importância
de planejamento de futuras
presença de complicações.” gestações.
Consequências ao Feto e à mãe
Para o bebê Para a Mãe

• Macrossomia fetal • Parto prematuro


• Tocotrauma: Distócia de ombros • Hemorragia pós parto
• Morte perinatal; • RPMO
• Distúrbios respiratório neonatais; • Infecções
• Complicações metabólicas • Polidrâmnio
(hipoglicemia, hiperbilirrubinemia, • Riscos de desenvolver SHEG
hipocalcemia neonatal) • Risco de desenvolver DM ao
• Risco de desenvolver: DM, longo da vida.
obesidade, pré DM.
• Aborto; Cardiomiopatia
Consequências ao Feto e à mãe

 Com a grande oferta de glicose pela mãe para o bebê, o corpo fetal
também produzirá mais insulina:

• Urina hiperosmótica, com alta concentração de glicose. Por difusão, maior


quantidade de água permanece no espaço da bolsa das águas. Além de
toda essa situação aumentar o “xixi” do bebê.

• Hiperinsulinemia materna leva a hiperinsulinemia fetal: cardiomegalia,


alterações cardíacas, retardo dos pneumócitos tipo 2 do que favorece
desconforto respiratório ao nascer.
Consequências ao Feto e à mãe

 A hemoglobina glicada alterada da


mãe, atrapalha a oferta de O2 pro bebê
favorecendo hipóxia neonatal, morte.

 Quando o bebê não morre, há


compensação: aumento das hemácias
levando à Poliglobulia.

 Poliglobulia causa: icterícia, bebês


comumente pletóricos com maior risco
de tromboses.
Hormônios: Resistência insulínica na
gestação

Aumento da glicose (para a placenta


capturar e dar ao feto: engorda o feto

Aumento da insulina sem controle da


glicemia: muita insulina pro feto também
engorda
Distócia de ombro: já ouviu falar?

Quando o ombro É possível reverter Isso acontece pode


anterior do essa emergência acontecer com
bebê fica preso na com algumas bebês
sínfise púbica da manobras macrossômicos com
mãe específicas. maior facilidade
Assistência de Enfermagem

 Explicar a gestante sobre a DMG, conceitos sobre


hiperglicemia, hipoglicemia, insulina, glicose etc.
 Orientar a gestante sobre a importância de sua
participação no processo de tratamento
 Estimular a gestante a pratica de exercícios físicos como
atividades de moderada intensidade 3 x por semana
durante 30 minutos no mínimo.
Assistência de Enfermagem
 Conversar sobre o plano dietético,
limitando a ingesta de alimentos e bebidas
ricos em carboidratos de rápida absorção
como por ex: (sumo de fruta, pão,
macarrão, cafés, bolos e doces).
 Estimular e orientar a paciente para
ingesta de alimentos integrais e ricos em
fibras como por ex: arroz integral,
macarrão integral, pães e bolachas
integrais, frutas c/ baixa frutose, verduras e
carnes menos gordurosas.
Assistência de Enfermagem

 Orientar a gestante para realizar de cinco a seis refeições por


dia, café da manhã, colação, almoço, lanche da tarde, jantar e
ceia com intervalos de 3/3 hrs.
 Encaminhar para nutricionista materno infantil.
 Ensinar e explicar a gestante sobre o cuidado com a
autoadministração da insulina, administrando na hora e dose
correta, fazer com que a paciente demonstre o procedimento.
 Realizar a monitorização do controle glicêmico.
Considerações Finais

 A Diabetes Gestacional é um problema


de saúde pública. Infelizmente muitos
profissionais não sabem fechar o
diagnóstico de DMG e nem manejar
com tratamento eficaz.
 Nosso papel enquanto enfermagem
envolve educação em saúde,
prevenção e promoção. Tendo em vista
as enormes repercussões e efeitos
adversos ao binômio.
Referências

 https://www.febrasgo.org.br/images/pec/CNE_pdfs/Rastreamento-
Diabetes.pdf
 https://diabetes.org.br/wp-content/uploads/2021/05/E-
BOOK_GUIA_DA_GESTANTE_COM_DMG.pdf
 https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/FEMINAZ11ZV3.pdf

Você também pode gostar