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DEFINIÇÃO
Defini-se como diabetes gestacional qualquer intolerância à glicose, de qualquer intensidade,
com início ou detecção pela primeira vez durante a gestação, com necessidade ou não de
insulina.
• A mulher já era diabética (sabia ou não) e então engravidou (deve fazer um adequado
controle glicêmico por toda gestação).
• A mulher não era diabética e durante a gestação vai apresentar o Diabetes Gestacional
(que é o tipo IV). Geral mente, essa situação ocorre após o 2º trimestre, é um evento
mais tardio na gravidez, a hiperglicemia nas primeiras semanas fala a favor dela ser
diabética desde antes da gestação.
Se a paciente já sabia ser diabética, então não é diabetes gestacional. A paciente sabidamente
portadora de diabetes recebe o nome de portadora de diabetes “prévio”. PORÉM! Se o
diagnóstico de diabetes é feito na gestação, em qualquer semana da gestação, SEMPRE recebe
o nome de diabetes gestacional, mesmo que pareça que ela já era diabética. (Ex: Se o primeiro
diagnóstico de diabetes da mulher ocorreu na 6ª semana de gestação, por definição, vai receber
o nome de diabetes gestacional, mesmo que ela já seja diabética há alguns anos sem saber).
Diabetes = gravidez de isco aumentado para a mãe e para o feto. Observa -se que o óbito
perinatal é muito maior na mãe diabética do que na mãe hígida.
Na maioria dos casos de diabetes gestacional, a mulher ficará normoglicêmica após o ciclo
gravídico puerperal.
FISIOPATOLOGIA
A gravidez é uma situação naturalmente diabetogênica, isto é, durante a gestação a mulher vai
produzir hormônios que naturalmente alteram o equilíbrio para a resistência periférica a
insulina.
Durante a gestação teremos importantes alterações hormonais, com destaque para a grande
produção de HPL (hormônio lactogênico placentário - esse hormônio exerce forte antagonismo
a ação da insulina) e também progesteronas, estrogênios, cortisol e prolactina.
Todas essas alterações hormonais levam a um aumento da resistência periférica a insulina, por
isso se diz que a gestação é um estado diabetogênico, que favorece a diabetes. Existirá uma
tendência fisiológica de hiperglicemia pós-prandial e hiperinsulinemia.
FATORES DE RISCO
• Idade superior a 25 anos
• Baixa estatura (<1,5 m)
• Obesidade ou ganho exces sivo d e peso na gestação atual,
• História familiar de diabetes/ diabetes gestacional em parentes d e 1º grau;
• Hipertensão crônica
• Diabetes gestacional anterior
• História de macrossomia e morte fetal em gestações anteriores
• Macrossemia fetal
• Polidrâmio
• Hipertensão
• Pré-eclampsia na gestação atual
• Má formações fetais
COMPLICAÇÕES MATERNAS
• Pré-eclampsia (30%)
• ↑ chance infecções ( infecção urinária, p ielonefrite, candidí ase, etc)
• Piora de degenera ções vasculares ( agravamento de lesõ es vasculares j á existentes,
com o as renais e da retina)
• Aumenta chance de abortamento s, mortes fetais t ardias, part o s prematuros;
• Partos distócicos/complicados (ex: macrossomia “bebe grande”)
• Neuropatia (gastroparesia ou coma)
• Deficiência de lactação (muito comum)
• ↑ polidramia (acomete 25% das grávidas diabéticas, facilita a pré-maturidade)
• Morte materna
COMPLICAÇÕES FETAIS
• Má-formações fetais, principalmente entre as 5-8 semanas (6%-10%!!, quase 4 -6 x
maior que na população em geral, sendo que as chances aumentam muito na paciente
que não se trata), como defeitos tubo neural, má-formações cardíacas (transposição de
grandes vaso s, CIV, coarctação), ósseas, urinárias, disgenesia sacral, situs inversus,
ureter duplo, síndrome de regressão caudal, etc.
• ↑ Abortamentos e partos prematuros
• ↑ polidramnia (ac omete 25% das grávida s diabéticas)
• macrossomia (> 4 000g)/ CIUR ( são distúrbios do cresci mento feta l)
• ↑ morbi mortalidade perinatal (morte fetal de 5% nas ultimas 4 semanas) -
Tocotraumatismos, SF, Síndrome membrana hialina, distúrbios metabólicos , etc.
• Os bebes após o nascimento deixam de receber glicose materna, mas ainda produzem
muita insulina, existindo maior risco de fazerem hipoglicemia.
• Complicações neonatais: Síndrome angustia respiratória, hipoglicemia neonatal,
hipocalcemia, hiperbilirrubinemia, policitemia, risco de diabetes na vida futura.
OBS: No caso da macrossomia, vale destacar que muita glicose passa da mãe para feto, assim,
existe um grande estimulo para a produção de insulina fetal, sendo que esta vai exercer grande
ação anabólica no feto, provocando o crescimento que leva a macrossomia. O controle
adequado da glicose materna reduz muito a incidência de macrossomia. O bebê macrossômico
tem maiores dificuldades de nascer via vaginal, mais partos distócicos, recomenda -se cesárea.
DIAGNÓSTICO
A paciente com hiperglicemia, glicosúria e cetoacidose facilita o diagnóstico, bem como a
paciente com >200 de glicose e poliúria, polidipsia e polifagia/emagrecimento também se torna
fácil o diagnóstico.
Atualmente, há mais de uma forma de fazer o rastreio do diabetes gestacional. Não há amplo
consenso sobre o melhor método.
As gestantes com glicemia em jejum entre 85 e 125 mg/dl não são consideradas diabéticas, mas
estão no grupo de alto risco, principalmente aquelas com glicemia mais próxima de 125 mg/dl.
Neste grupo, um nova pesquisa, chamada curva glicêmica ou teste de tolerância oral à glicose,
deve ser feita entre a 24ª e a 28ª semana de gravidez.
No teste de tolerância oral à glicose, a gestante colhe sangue para glicemia em 3 momentos. O
primeiro é em jejum. Depois, a grávida consome um xarope contendo 75 gramas de glicose,
espera 1 hora e colhe o sangue novamente. 2 horas após a ingestão do xarope, a gestante colhe
o sangue pela 3ª e última vez.
O diagnóstico do diabetes gestacional é feito de a paciente tiver pelo menos 2 dos 3 resultados
alterados:
TRATAMENTO
Controle rigoroso da glicemia periconcepcional (controlar antes de engravidar...)
Insulinoterapia;
Uso de insulina na gravidez: a insulinoterapia deve ser mantida em pacientes que já a faziam,
deve substituir os hipoglicemiantes orais em pacientes que usavam apenas estes ou então deve
ser usado naquelas pacientes grávidas que não obtém controle satisfatório da glicemia apenas
com dieta e exercícios físicos.
- Parto normal: pode ser feit o se o feto estiver co m vitalidade normal, se m macrossomia e sem
outras co mplicações maternas ou fetais (ex: prematuridade, infecções, etc)
- Parto cesáreo: é a escolha se existir comprometimento da vitalidade fetal e sofrimento fetal,
macrossomia e complicações maternas/fetais
Dia: glicose 5% 125 ml/h + insulina regular 1 -2U/hora, avaliação da glicemia de hora em hora;
PRÉ-NATAL:
Conduta pré- natal nas mulheres que desenvolveram o diabetes gestacional por alterações
hormonais, nessa situação a mulher não era diabética e então descobre ser diabética nos
exames T OTG de 75 ou 100g entre 24 -30 semanas.
Objetivos do pré-natal:
• Evitar más-for mações
• Evitar macrossomia
• Diminuir morbimortalidade perinatal
• Diminuir mortalidade materna
USGs mais frequentes, fazer ecocardiografia fetal, avaliação mais rigorosa da vitalidade fetal
(Do ppler, USG, cardiotocografia, etc.)
Após o parto, passadas 6-8 semanas, a paciente deve fazer um teste de tolerância a glicose;
podendo ser classificada em:
• portadora de DM
• portadora de intolerância a glicose
• normoglicêmica