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DIABETES – SÍNDROME

METABÓLICA

Profª Gabriela S. Caldas


Diabetes Mellitus
Diabetes Mellitus (DM), ou simplesmente Diabetes, é
uma doença que ocorre quando o pâncreas não produz mais
insulina suficiente ou quando o organismo não pode utilizar
efetivamente a insulina produzida. Hiperglicemia ou aumento
de açúcar (glicose) no sangue é o efeito mais comum do
diabetes descompensado.

O diabetes é uma das doenças crônicas de maior


impacto nos gastos com saúde, pois quando mal controlado,
traz complicações macro e microvasculares graves, que
oneram os serviços de saúde.

Dados da OMS têm apontado para um aumento


grande da prevalência da doença no mundo. Neste contexto,
o Brasil aparecia como o 8.º país com maior prevalência da
doença.
Glicose
A glicose é um carboidrato muito importante
para nossa saúde, fundamental na nossa fisiologia,
pois grande parte das células do corpo tem essa
molécula como combustível. A glicose é o
combustível para que a célula possa ter energia
para sobreviver. Ela é “queimada” dentro da
mitocôndria (organela que se assemelha a pilhas,
dentro das células), para que haja ATP (energia) e
assim, a célula possa realizar sua função.
Estamos vivos, porque “queimamos” glicose a
todo momento. Logo, a glicose deve estar em nosso
sangue em dosagem normal, nem em excesso
(hiperglicemia) e nem pode estar faltando
(hipoglicemia).
Insulina
A insulina é o hormônio que regula a glicose no sangue
e é fundamental para manutenção do bem-estar do
organismo, que precisa da energia dela para funcionar.
O Pâncreas é um órgão localizado atrás do estômago
que produz alguns hormônios importantes para o nosso
sistema digestivo.
Ao nos alimentarmos, o intestino quebra os
carboidratos que ingerimos em substâncias mais simples, entre
elas a glicose. A glicose passa para a corrente sanguínea, que
vai levá-la para todo o organismo e usá-la como fonte de
energia.
Quando o pâncreas percebe que o nível de glicose no
sangue aumentou, ele secreta um hormônio chamado insulina,
um hormônio essencial, pois nossas células não conseguem
usar a glicose de forma direta, é necessário que a insulina se
conecte a elas e transmita a informação para que uma série
de reações dentro da célula permitam a entrada da glicose.
Tipos de Diabetes
• Diabetes Tipo 2: Doença crônica em que o paciente pode até produzir insulina , mas
o mecanismo que faz a entrada da glicose na célula, não funciona de maneira
adequada, então a glicose não consegue entrar na célula de forma eficiente. Ocorre
quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida. Esse tipo de
diabetes está diretamente relacionado ao sobrepeso, sedentarismo e hábitos
alimentares inadequados.
Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o Tipo 2. Ele se manifesta mais
frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar. Dependendo da
gravidade, ele pode ser controlado com atividade física e planejamento alimentar. Em
outros casos, exige o uso de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose.

• Diabetes Tipo 1: Doença crônica em que o paciente não produz insulina, e da mesma
forma que na diabetes tipo 2, o processo não acontece. A glicose se acumula na
corrente sanguínea. A melhor forma de preveni-la é com práticas de vida saudáveis
(alimentação e atividades físicas).
Sabe-se que, via de regra, é uma doença crônica não transmissível genética
que concentra entre 5% e 10% do total de diabéticos no Brasil.
O diabetes tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode
ser diagnosticado em adultos também. Pessoas com parentes próximos que têm ou
tiveram a doença devem fazer exames regularmente para acompanhar a glicose no
sangue.
Tipos de Diabetes
• Pré-Diabetes: É a condição em que o açúcar no sangue está
elevado, mas não o suficiente para ser classificado como diabetes.
O paciente ainda não é diabético, mas seu corpo está propenso a
chegar lá.

• Diabetes Gestacional: São altos níveis de açúcar no sangue que


afetam gestantes.
Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose
ainda no ambiente intrauterino, há maior risco de crescimento
excessivo (macrossomia fetal) e, consequentemente, partos
traumáticos, hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na
vida adulta desse bebê.
O diabetes gestacional pode ocorrer em qualquer mulher e
nem sempre os sintomas são identificáveis. Por isso, recomenda-se
que todas as gestantes pesquisem, a partir da 24ª semana de
gravidez (início do 6º mês), como está a glicose em jejum e, mais
importante ainda, a glicemia após estímulo da ingestão de glicose, o
chamado teste oral de tolerância a glicose.
Teste Oral de Tolerância à
Glicose (TOTG)
Também pode ser chamado de Prova de Tolerância à Glicose Oral (PTGO) ou
Teste de Tolerância à Glicose (TTG).
O exame para Diabetes Gestacional, é feito entre as semanas 24 e 28 de
gestação seguindo os passos seguintes:

• A gestante deve ficar de jejum por cerca de 8 horas;


• É feita a primeira coleta de sangue com a grávida em jejum;
• É dado à mulher 75 g de Dextrosol (Solução de Glicose Aromatizada para TOTG),
que é uma bebida açucarada, no laboratório ou clínica de análises clínicas;
• Em seguida, é retirada uma amostra de sangue logo após a ingestão do líquido;
• A grávida deve ficar em repouso por cerca de 2 horas;
• Depois é feita uma nova coleta de sangue após 1 hora e depois de 2 horas de espera.

Após o exame a mulher pode voltar a alimentar-se normalmente e esperar


pelo resultado. Caso o resultado se encontre alterado e exista suspeita de diabetes, o
obstetra poderá encaminhar a gestante para um nutricionista para iniciar uma dieta
adequada, além de realizar acompanhamento regular para que sejam evitadas
complicações para a mãe e para o bebê.
Teste Oral de Tolerância à
Glicose (TOTG)
Níveis da Glicemia na
Gravidez
A partir das coletas de sangue realizadas, são feitas medições
para verificar os níveis de açúcar no sangue, sendo os valores
normais considerados pela Sociedade Brasileira de Diabetes:

Tempo após o Exame:


• Em Jejum (valor ideal de referência): até 92mg/dL (miligramas
por decilitros).

• 1 hora após o exame (valor de referência): até 180mg/dL.

• 2 horas após o exame (valor de referência): até 153mg/dL.

A partir dos resultados obtidos, o médico faz o diagnóstico


de diabetes gestacional quando pelo menos um dos valores encontra-
se acima do valor ideal.
Valores da Glicemia
• Hipoglicemia: abaixo de 80 mg/dL. Está faltando
glicose no sangue (em jejum).
• Hiperglicemia: acima de 120 mg/dL. Diabetes
instalada (em jejum).
• Pré-diabetes: 100 a 110 mg/dL (em jejum).
• Glicemia normal: 80 a 100 mg/dL (em jejum).
Durante o dia: 80 a 120 mg/dL.
Glicemia deve ser aferida em jejum matinal
de 8 horas.
Exame de glicose 2 horas após comer
(consumo de alimentação normal), a glicemia deve
estar abaixo de 140, caso contrário isso é
indicativo que o paciente possa ser diabético.
Fatores de Risco p/ a
Diabetes
A ausência de hábitos saudáveis são um dos
principais fatores de risco, além da genética. Os
principais fatores são:
• Alimentação inadequada;
• Diagnóstico de pré-diabetes;
• Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides
no sangue;
• Sobrepeso;
• Pais, irmãos ou parentes próximos com diabetes;
• Mulher que deu à luz criança com mais de 4kg;
• Diabetes gestacional.
Distúrbios do Metabolismo
do Açúcar no organismo
A ingestão de alimentação rica em gordura e
carboidrato, faz o carboidrato no organismo ser quebrado e
formar a molécula de Glicose.
Então a Glicose e a Gordura são distribuídas pela
corrente sanguínea. A Glicose segue para o pâncreas, lá
dentro as células β (beta) do pâncreas recebem a Glicose,
junto com íons cálcio, gerando assim a liberação da Insulina.
Essa Insulina, junto com a Glicose e Gordura segue pela
corrente sanguínea até as células do corpo. É dentro das
células que acontece o metabolismo destas substâncias, onde
se encontra 4 proteínas diferentes prontas para realizarem
sua função (IRS, ENPP-1, GLUT-4 E CAPN-10). Estas
proteínas são sintetizadas do nosso DNA. Elas são
fundamentais para o metabolismo da Glicose e da Gordura.
Distúrbios do Metabolismo
do Açúcar no organismo
Proteínas CAPN-10 decompõe a Gordura.
A ENPP-1 deixa passar Insulina para dentro da
célula.
A proteína IRS então recebe e fosforila a Insulina.
Ela é usada para ativar a GLUT-4, uma proteína
que permite a entrada de Glicose na célula.
Uma vez dentro da célula algumas Glicoses se
combinam formando glicogênio. Já outras Glicoses
recebem elétrons e se transformam em piruvatos. O
piruvato é metabolizado dentro da mitocôndria e libera
energia (Ciclo de Krebs).
Distúrbios do Metabolismo
do Açúcar no organismo
Os distúrbios do metabolismo do açúcar
podem ter diversas causas:

• Causa 1: Mutação no gene que produz a proteína


IRS – Substrato do Receptor de Insulina -
(dentro da célula). Função: recebe e fosforila
(adicionar um grupo fosfato a uma molécula) a
Insulina.
A IRS com defeito não consegue fosforilar a
insulina. O que vai resultar em acúmulo de glicose
extracelular e consequentemente o aumento de
glicose na circulação sanguínea.
Distúrbios do Metabolismo
do Açúcar no organismo
• Causa 2: Mutação do receptor de Insulina
ENPP-1 - Ectonucleotídeo Pirofosfatase /
Fosfodiesterase (membrana celular).
Função: recebe a insulina e a deixa passar
para dentro da célula.
Enpp-1 defeituoso não se abre para
receber a insulina, o que resulta em
acúmulo de glicose e insulina extracelular e
o consequente aumento deles na circulação
sanguínea.
Distúrbios do Metabolismo
do Açúcar no organismo
• Causa 3: Mutação no receptor de Glicose
GLUT-4 – Transportador de Glicose
(membrana celular). Função: recebe e
permite a entrada de glicose na célula.
GLUT-4 defeituoso não consegue
deixar a glicose passar para dentro da
célula, o que causa acúmulo de glicose
extracelular e consequentemente o aumento
de glicose na circulação sanguínea.
Distúrbios do Metabolismo
do Açúcar no organismo
• Causa 4: Excesso de gordura CAPN-10 – Calpaína
10 (extracelular). Função: decompõe a gordura.
A decomposição de gordura pela CAPN-10 não é
suficiente, é ineficaz. O acúmulo de gordura obstrui os
canais das proteínas ENPP-1 e GLUT-4. O que causa o
aumento de glicose, gordura e insulina extracelular e
como consequência o acúmulo de glicose, gordura e
insulina na circulação sanguínea.

Essas são as causas do Diabetes Mellitus tipo 2 que


é a apresentação mais comum da doença.
Sinais e Sintomas
• Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD):
Sinais e Sintomas

Ainda: cortes que demoram a cicatrizar e formigamento, dor


ou dormência nas mãos e pés e observar formigas na urina.
Sinais e Sintomas Específicos
do Diabetes Tipo 1
• Vontade frequente de urinar;
• Fome excessiva;
• Sede excessiva;
• Emagrecimento além do normal;
• Fraqueza;
• Fadiga;
• Nervosismo;
• Mudanças de humor;
• Náusea e vômito.
Sinais e Sintomas Específicos
do Diabetes Tipo 2

• Fome excessiva;
• Sede excessiva;
• Frequentes Infecções na pele;
• Feridas que demoram para
cicatrizar;
• Alteração visual;
• Formigamento nos pés e mãos.
Por que Diabéticos estão no
grupo de risco para o
Coronavírus?
• Possuem açúcar em excesso no sangue, o que
dificulta o combate a doenças.

• O processo de inflamação é mais grave.

• Como o sistema imunológico está comprometido,


alguns sintomas da infecção podem ficar mais
graves.
Complicações do Diabetes
O diabetes, quando não
tratado corretamente, pode
evoluir para formas mais graves e
apresentar diversas complicações,
além de outros problemas de
saúde, que vão comprometer
diretamente a qualidade de vida
do paciente. Algumas situações são
críticas e podem levar à morte.
Complicações do Diabetes

Saúde Mental
Ao receber o diagnóstico de diabetes,
muitos pacientes apresentam várias reações
emocionais, como choque, negação, medo,
raiva, tristeza e ansiedade. Isso é
absolutamente normal. O mental e o
emocional podem ser afetados com o
diagnóstico de qualquer doença crônica.
Complicações do Diabetes
Pele mais sensível
Muitas vezes, a pele dá os primeiros sinais de possível quadro
de diabetes. Ao mesmo tempo, as complicações associadas podem ser
facilmente prevenidas. Quem tem diabetes tem mais chance de ter
pele seca, coceira e infecções por fungos e/ou bactérias, uma vez que
a hiperglicemia favorece a desidratação – a glicose em excesso rouba
água do corpo.
Por outro lado, se já havia algum problema dermatológico
anterior, pode ser que o diabetes ajude a piorar o quadro. As altas
taxas glicêmicas prejudicam também os pequenos vasos sanguíneos
responsáveis pelo transporte de nutrientes para a pele e os órgãos.
A pele seca fica suscetível a rachaduras, que evoluem para
feridas. Diabéticos têm a cicatrização dificultada (em razão da
vascularização deficiente). Trata-se, portanto, de um círculo vicioso,
cuja consequência mais severa é a amputação do membro
afetado. Além de cuidar da dieta e dos exercícios, portanto, a
recomendação é cuidar bem da pele também. Quando controlada, o
diabetes pode não apresentar qualquer manifestação cutânea.
Complicações do Diabetes
Pé Diabético
São feridas que podem ocorrer no pé das pessoas com
diabetes e têm difícil cicatrização devido aos níveis elevados de
açúcar no sangue e/ou circulação sanguínea deficiente. É uma das
complicações mais comuns do diabetes mal controlado.
Aproximadamente um quarto dos pacientes com diabetes
desenvolvem úlceras nos pés e 85% das amputações de membros
inferiores ocorre em pacientes com diabetes.

Cuidados com o pé diabético:


• Fazer higiene diária dos pés e secá-los sempre com cuidado;
• Cortar as unhas em linha reta;
• Usar sapatos macios, meias claras e sem costuras (nunca
apertadas);
• Examinar os pés para identificar precocemente mudanças de cor,
inchaço, dor e rachaduras.
Complicações do Diabetes
Doença Renal
Os rins são uma espécie de filtro, compostos por milhões de vasinhos
sanguíneos (capilares), que removem os resíduos do sangue. O diabetes pode trazer danos
aos rins, afetando sua capacidade de filtragem. O processo de digestão dos alimentos
gera resíduos. Essas substâncias que o corpo não vai utilizar geralmente têm moléculas
bem pequenas, que passam pelos capilares e vão compor a urina. As substâncias úteis,
por sua vez, a exemplo das proteínas, têm moléculas maiores e continuam circulando no
sangue.
O problema é que os altos níveis de açúcar fazem com que os rins filtrem
muito sangue, sobrecarregando os órgãos e fazendo com moléculas de proteína acabem
sendo perdidas na urina. A presença de pequenas quantidades de proteína na urina é
chamada de microalbuminúria. Quando a doença renal é diagnosticada precocemente,
durante a microalbuminúria, diversos tratamentos podem evitar o agravamento.
Quando é detectada mais tarde, já na fase da macroalbuminúria, a
complicação já é chamada de doença renal terminal. Com o tempo, o estresse da
sobrecarga faz com que os rins percam a capacidade de filtragem. Os resíduos começam
a acumular-se no sangue e, finalmente, os rins falham. Uma pessoa com doença renal
terminal vai precisar de um transplante ou de sessões regulares de hemodiálise.

OBS: Nem todas as pessoas que têm diabetes desenvolvem a doença renal. Fatores
genéticos, baixo controle da taxa glicêmica e da pressão arterial favorecem o
aparecimento da complicação.
Complicações do Diabetes
Problemas nos olhos
Para um paciente que gerencia bem a taxa de
glicemia, é bem provável que apresente problemas oculares de
menor gravidade ou nem apresente. Isso porque quem tem
diabetes está mais sujeito à cegueira, se não tratá-la
corretamente. Fazendo exames regularmente e entendendo
como funcionam os olhos, fica mais fácil manter essas
complicações sob controle. Uma parte da retina é
especializada em diferenciar detalhes finos. Essa pequena área
é chamada mácula, que é irrigada por vasos sanguíneos para
garantir seu funcionamento. Essas estruturas podem ser alvo
de algumas complicações da diabetes, pois a glicose
aumentada no sangue, vai “enferrujar” esses vasos sanguíneos
que vascularizam a região ocular.
Prevenção para o Diabetes
• Manter hábitos saudáveis ajudam a
prevenir o diabetes e diversas outras
doenças;
• Comer diariamente verduras, legumes e,
pelo menos, três porções de frutas;
• Reduzir o consumo de açúcar e gorduras;
• Praticar exercícios físicos regularmente,
(pelo menos 30 minutos todos os dias);
• Manter o peso controlado.
OBRIGADA !!

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