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Objetivos
Módulo 1
Saúde das mulheres lésbicas
Reconhecer a questão do cuidado em saúde das mulheres lésbicas.
Módulo 2
Saúde dos homens gays e bissexuais
Identificar a importância das políticas de saúde dos homens gays e bissexuais.
Módulo 3
Práticas/análises de poder e os efeitos do campo do
cuidado em saúde
Avaliar as práticas/análises de poder e os efeitos do campo do cuidado em saúde.
Introdução
O direito à saúde no Brasil, estabelecido pela Constituição de 1988, foi conquistado por meio
da luta do Movimento da Reforma Sanitária. No texto constitucional, a saúde é entendida de
maneira ampliada, estando além de uma busca a um profissional ou serviço de saúde. Nessa
concepção, a saúde é decorrente do acesso das pessoas e coletividades sem distinção aos bens
e serviços públicos oferecidos pelas políticas sociais universais.
Resposta
São aquelas pessoas que, devido à sua realidade socioeconômica, são expostas a piores
condições de higiene e recursos básicos. Esses indivíduos apresentam maior carga de doenças
no curto e no longo prazo, assim como maior envolvimento em situações de risco, como uso
de substâncias ilícitas e acidentes. Por outro lado, possuem menor acesso à saúde ou têm
acesso a recursos de pobre qualidade.
Note que o conceito de vulnerabilidade que usamos aqui é bem diferente da ideia popular que
considera vulnerável apenas a mulher doce, frágil e indefesa que busca ou precisa da
presença de um homem forte que a defenda. Esse padrão nos remete a uma idealização de
uma figura feminina frágil, pura e submissa que passivamente espera ser salva por um
príncipe encantado. Todo esse imaginário faz parte de uma perspectiva ancorada em valores e
conceitos historicamente ultrapassados.
Comentário
Na virada do século XXI, surgiram diversas temáticas sobre sexualidade, tais como:
heterossexualidade sem intenção de reprodução, reprodução desvinculada do ato sexual,
homossexualidade e transexualidade. Embora tenham sido englobadas dentro da saúde
coletiva, ainda se fazia necessária atenção especial a esses grupos específicos, como a
população lésbica.
Ao que parece, a desigualdade existente nas relações de poder entre homens e mulheres, a
violência e a vulnerabilidade da mulher com relação à transmissão da AIDS suscitaram
movimentos sociais e políticos marcantes que reivindicaram direitos e atenção à saúde
integral feminina.
Essa luta tem como suporte os direitos humanos, porém a invisibilidade dificulta a estimativa
do tamanho dessa população, o que leva a uma lentidão no desenvolvimento de políticas
específicas.
Comentário
Atualmente, ao procurar um serviço de saúde, muitas mulheres preferem se esconder,
negando a sua sexualidade. Alegam que não têm vida sexual por vergonha, temor e
despreparo dos profissionais de saúde para lidar com tais situações que inaceitavelmente
ainda são vistas como tabu.
Demandas específicas
Há outros fatores e demandas específicos nesse grupo populacional no que se refere a câncer
de mama e de colo de útero. Estudos apontam que existe maior prevalência de certos fatores
de risco de câncer de mama entre mulheres homossexuais. Esse fato é explicado
especialmente pelo desconhecimento do risco e, muitas das vezes, pela falta de cuidados. As
mulheres homossexuais também procuram menos o serviço de saúde principalmente devido à
discriminação, ao despreparo de profissionais, à dificuldade na autoaceitação e à negação do
risco de adquirir alguma doença.
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Preconceito e exposição social
Sabe-se pouco sobre as práticas sexuais entre mulheres, uma vez que elas não as revelam ou
mesmo não procuram assistência de saúde temendo o preconceito, a exposição social e a
violência. Esses e outros fatores sociais desfavorecem o progresso no que tange à qualidade
de atenção à assistência médica às mulheres desse grupo populacional.
Vejamos a seguir algumas particularidades no que se refere à saúde desse grupo de mulheres:
Saúde mental
Violência
Com relação à violência doméstica, durante muitos anos se postulou que sua ocorrência seria
muito menor entre mulheres lésbicas. No entanto, estudos evidenciaram que sua ocorrência
em termos de frequência era similar à observada na população heterossexual. Nesse aspecto,
o relatório da oficina Atenção integral à saúde de mulheres lésbicas e bissexuais (2014)
explica:
Comentário
Podemos observar, então, que diversos aspectos devem ser considerados ao avaliar a saúde
desse grupo. O cuidado dos pontos de atenção mostra a necessidade de visualizar
vulnerabilidades e uma abordagem mais sensível, para garantir o direito à saúde.
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Os diversos pontos de atenção no cuidado de
mulheres homossexuais
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre os diversos pontos de atenção no cuidado
de mulheres homossexuais.
Atendimento de saúde: estudo de caso
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Teoria na prática
Para compreendemos melhor as particularidades da população feminina que se enquadra no
mundo LGBTQIA+, vamos considerar o estudo de caso a seguir que aborda a história
hipotética de uma mulher chamada Sara. Nosso objetivo é entender as condições de vida
desse grupo, assim como sensibilizar e fazer um alerta quanto às diferentes histórias de vida
que desconhecemos.
Desde o seu nascimento, Sara vivia em uma cidade do interior com sua família. Seus pais
trabalhavam no serviço público e viviam sem passar necessidades. Na sua adolescência, Sara
quase não percebia olhares do gênero oposto, e quando percebia, não se interessava, mas para
ela estava tudo bem. Suas amigas já haviam tido alguma experiência sexual ou pelo menos
desejado isso, mas Sara, sempre retraída, começou a perceber que algo era diferente no caso
dela.
Por ser do interior, Sara não tinha acesso à informação e sempre se perguntava o que havia de
diferente, até que percebeu um olhar especial partindo de sua amiga, e com o
desenvolvimento da relação, ela finalmente se encontrou e um sentimento de realização e
satisfação começou a fazer parte de sua vida. Com essa nova experiência, surgiram novos
desafios como autoaceitação, aceitação dos pais e da sociedade.
Na tentativa de esclarecimentos e educação sexual, Sara verificou que poderia procurar o
serviço de saúde pública do seu bairro. Porém, ao se deparar com a profissional de saúde,
percebeu despreparo e falta de entendimento do que realmente ela procurava. Ela se deparou
com falas preconceituosas e risos, o que a fez sentir-se desestimulada a procurar esse serviço.
Sara escutou afirmações por parte do pessoal da equipe de saúde do tipo: “Vocês não pegam
doenças, pois não há penetração”, “Não há motivo para você nos procurar”, “Você nem
parece lésbica, não quer tomar um anticoncepcional para evitar gravidez?”. Ela se sentiu
ofendida e confusa, pois, no local em que deveria ser acolhida, foi mal interpretada e,
principalmente, sentiu-se marginalizada.
Analisando o caso hipotético, percebemos que Sara não foi acolhida de maneira correta.
O direito de acesso à saúde é uma prerrogativa da Constituição Federal, “um direito de todos
e dever do Estado”, como afirma o artigo 196. Apesar disso, para mulheres que se relacionam
sexualmente com outras mulheres, o caminho até o serviço médico adequado passa por
entraves, como a falta de informação, a discriminação e a negligência institucional.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você
acabou de estudar.
MÓDULO 1
“O direito a uma vida livre de violência é um dos direitos básicos de toda mulher. É pela
garantia desse direito que marchamos hoje e marcharemos sempre, até que todas sejamos
livres”. Texto retirado de cartazes em marchas no Distrito Federal. Com base nas
informações até agora apresentadas, identifique a alternativa correta:
A violência física contra a mulher é o estágio de uma série de violências verbais, simbólicas,
psicológicas que atingem mulheres todos os dias. A discriminação histórica contra a mulher
não é fruto de uma concepção patriarcal que ainda impera, mesmo inconscientemente, na
sociedade.
Informar os métodos de contracepção, pois estes também são úteis contra infecções
sexualmente transmissíveis, como por exemplo o uso dos contraceptivos orais, e métodos de
barreira como diafragma e camisinha masculina.
D
Incentivar a melhor forma de reprodução das mulheres lésbicas, deixando de lado qualquer
discurso de induza à adoção.
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Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, segundo a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, de 1948. Desde os primeiros tratados de direitos da
humanidade, já se reconhecia que todos são iguais e possuem direitos, todos nascem livres
em dignidade e oportunidades. Contudo, sabemos que a população de homens gays vem
sendo alvo, ao longo da história, de frequentes críticas e atos de violência.
Ao se pensar ou discutir a saúde de gays e bissexuais, devemos ter em mente que eles, assim
como outros grupos, ainda são alvos de discriminação que, muitas vezes, começa no próprio
lar, estende-se à escola, ao trabalho e ao mundo social em geral. Entenda melhor a seguir:
Gay
Termo utilizado para designar homens que se identificam como homens e se relacionam
sexual e afetivamente com outros homens.
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Bissexual
Pessoa que se relaciona sexual e afetivamente tanto com homens quanto com mulheres.
Comentário
A luta pela conquista dos direitos LGBTQIA+ no Brasil nos últimos anos foi marcada por
evoluções significativas, tanto no âmbito institucional como na forma de a sociedade
relacionar-se com essas minorias. Entretanto, a situação ideal de reconhecimento pleno dos
direitos dessas pessoas está ainda muito distante.
Observe a seguir o gráfico com dados fornecidos pelo Observatório das Mortes Violentas de
LGBTQIA+ no Brasil.
Contexto social
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O contexto social da época era profundamente adverso, uma vez que, em 1964, fora
instaurado o Regime de Exceção, o qual acabaria somente em 1985. Outro fato complicador
foi o surgimento da epidemia de AIDS no início de 1980.
Movimento social
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Desse modo, o movimento social, que surgira com o propósito de empoderamento e luta pela
conquista de direitos dos homossexuais, passa a atuar na garantia de necessidades básicas de
subsistência dessa população, como o direito de ter o tratamento de saúde realizado de forma
gratuita pelo Estado. Essa população tornou-se ainda mais estigmatizada em decorrência da
sua associação com a AIDS. Nesse aspecto, a década de 1980 foi especialmente difícil.
ParticipaSUS
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Ainda em 2011, foi publicada Portaria da Política Nacional de Gestão Estratégica e
Participativa do Sistema Único de Saúde (ParticipaSUS). A Portaria nº 2.979 é de vital
importância, uma vez que autoriza o repasse de recursos para a implementação de Comitês de
Políticas de Promoção de Equidade e apoia eventos para atividades de políticas de promoção
da equidade para todas as 26 unidades da Federação e o Distrito Federal.
Sinan
É um sistema que serve para notificar casos de AIDS, hepatites virais e algumas doenças
sexualmente transmissíveis em todo o Brasil.
Contudo, em relação à população gay e bissexual, registra-se aumento dos casos de AIDS. Na
população de homens que fazem sexo com homens (HSH), apresentou-se um aumento de
casos de infectados, em todas as faixas etárias, a partir de 2007, excetuando aqueles com mais
de 50 anos. Esse dado demonstra que as políticas públicas implementadas, ao longo dessas
três décadas, devem ser mantidas e ampliadas de modo a conscientizar os jovens da
importância do uso de preservativos e da prática de sexo seguro.
Comentário
Ainda assim, estimativas recentes apontam queda no número de casos de infecção por AIDS
nos últimos anos. Entre 2012 e 2019, o Ministério da Saúde identificou no país uma
diminuição na taxa de detecção da doença de 21,9/100 mil habitantes para 17,8/100 mil
habitantes, um decréscimo de 18,7%.
Embora tenha ocorrido uma redução dos casos de AIDS em praticamente todo o território
nacional, não podemos esquecer que essa diminuição pode ser devido a problemas de
identificação na transferência de dados entre os diversos setores do SUS, especialmente no
que se refere às bases de dados municipal, estadual e federal. Confira mais alguns detalhes
importantes:
1. flag
Carga viral
Embora o risco de contrair AIDS não seja mais encarado hoje em dia
como uma sentença de morte, não podemos perder de vista os perigos
associados a essa doença. O uso de medicamentos chamados de
antirretrovirais permite que as pessoas com HIV alcancem a chamada
“carga viral indetectável”.
2. flag
Qualidade de vida
3. flag
Detecção
4. flag
Síndrome
É preciso entender que os homossexuais não são os culpados pela epidemia de HIV, e sim
vítimas de um problema de saúde pública e mundial, o qual está associado a diversos fatores
sociais. Além disso, esse grupo se torna vulnerável por conta da discriminação e exclusão
social que sofre, ficando à margem do acesso de diversas estratégias de prevenção e
tratamento existentes.
Todas as pessoas estão expostas ao risco de infecção caso tenham comportamento de risco.
Entende-se como comportamento de risco qualquer atividade ou prática que aumente as
chances de contrair o vírus HIV ou mesmo qualquer outra DST, como atividades sexuais sem
proteção e uso de objetos perfurocortantes contaminados, como agulhas e alicates.
Atenção!
Sabe-se que nos anos 80, no Brasil, as manchetes nos jornais e as campanhas de prevenção
tinham o teor preconceituoso e persecutório. Todo horror diante da AIDS distanciava a
consciência da sociedade sobre a importância de entender o vírus, de lidar com as
circunstâncias que ele se apresentava. Ao que parece, o desconhecimento, o estigma e o medo
dificultavam o tratamento, o que podia ocasionar o aumento da propagação da transmissão da
doença. Contudo, aos poucos, a sociedade foi debatendo de maneira mais ampla as questões
da sexualidade, e a compreensão foi modificando e trazendo programas de prevenção, bem
como campanhas do governo federal combatendo e desmistificando a doença e combatendo a
estigmatização. As taxas de detecção da AIDS foram diminuindo nos últimos dez anos e
percebe-se que as pessoas soropositivas podem ter uma condição de vida melhor.
Comentário
Considerar as diferentes masculinidades não significa que o profissional de saúde precisa
saber, de antemão, como lidar com toda a gama possível de situações, até mesmo porque isso
é humanamente impossível e inviável. Significa apenas que ele pode se despir de seus
julgamentos prévios e permanecer receptivo para acolher e aprender com cada indivíduo e/ou
grupos populacionais atendidos. O respeito é fundamental!
Cada pessoa pode apresentar um modo diferente de lidar com sua sexualidade, com seus
processos de doença e saúde, com sua relação com o trabalho e suas relações sociais. O
acolhimento e a atenção a homens gays e bissexuais, nesse sentido, não devem ser diferentes
no que diz respeito a uma abordagem respeitosa vinculada às suas singularidades.
Esse atendimento deve ocorrer de modo que suas reais necessidades em saúde possam vir à
tona, contribuindo para desmistificar preconceitos, criar um campo de suporte e afirmação de
cidadania e de promoção à saúde.
Estudo de Caso
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Teoria na prática
Para ilustrar tudo que aprendemos até aqui, vamos conhecer a história de Gustavo, que nos
servirá como um caso hipotético que representa as dificuldades e o contexto de muitos
homossexuais. Gustavo se reconhecia desde sempre como gay e morava com amigos e
conhecidos por ter sido expulso de casa em função de sua sexualidade. Emagrecido e com
aspecto de cansado, apesar de nunca ter mantido relações sexuais de risco, desejava realizar
testagem para HIV, pois acreditava ter sido contaminado ao beijar um rapaz.
A vulnerabilidade da população LGBTQIA+ e seu acesso precário aos serviços de saúde são
desafios, apesar das recentes conquistas no âmbito das políticas públicas. O distanciamento
dessa população das unidades de assistência reflete diferentes obstáculos como
discriminação, constrangimento, preconceito, estigma e falta de treinamento profissional
adequado.
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A Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde do Homem e os homossexuais
Neste vídeo você conhecerá um pouco mais sobre a importância da Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde do Homem e os cuidados dos homossexuais.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você
acabou de estudar.
MÓDULO 2
B
os atendimentos de saúde ao grupo vulnerável estão isentos de preconceitos e estigmas.
C
a PNAISH possui a limitação de integralizar a saúde do homem apenas em seus aspectos
reprodutivos.
os homens adolescentes e jovens são os que mais sofrem lesões e traumas devido a agressões,
por isso surgiu a PNAISH, com foco nesses homens heterossexuais.
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3 - Práticas/análises de poder e os efeitos do
campo do cuidado em saúde
Ao final deste módulo, você será capaz de avaliar as práticas/análises de poder
e os efeitos do campo do cuidado em saúde.
Atenção!
Indivíduos LGBTQIA+ relatam como obstáculos ao cuidado integral e eficaz alguns fatores,
tais como a falta de educação por parte dos funcionários, a recusa de tratamento, o cuidado
precário e o abuso verbal por parte dos profissionais. Como resultado dessas reprováveis
condições, muitos indivíduos evitam o tratamento com o profissional de saúde, mesmo nas
emergências.
No cenário nacional, a atuação profissional em questões de sexualidade se mostra limitada
para o atendimento integral e humanizado em situações de violência sexual e saúde geral para
a população LGBTQIA+. Quando a equipe profissional recebe o usuário do serviço de saúde,
deve-se prevalecer o compromisso de oferecer um atendimento com respeito, eficiência,
humanidade e atenção integral, de maneira que as necessidades de saúde expostas possam ser
adequadamente respondidas.
A integralidade da atenção, no espaço singular de cada serviço de saúde, pode ser definida
como o esforço da equipe de saúde de traduzir e atender, da melhor maneira possível, a tais
necessidades sempre complexas, tendo de ser captadas em sua expressão individual.
Vamos refletir!
Reflexão
Precisamos evitar situações que impeçam o ser humano de exercer seus plenos direitos, como
o de ir e vir e ser quem ele realmente é. Tais direitos são reconhecidos universalmente e há
uma luta constante para que sejam respeitados. As minorias são as que mais sofrem com a
imposição de uma sociedade dominada por homens. O poder, nas suas várias faces, sempre
foi e continua sendo essencialmente masculino. Do ponto de vista histórico, a partir das
décadas finais do século XX, as relações simbolicamente construídas entre os sexos foram
abaladas nas suas estruturas pela emergência de um lado social feminino que rejeitou as
noções solidificadas dos conceitos de superioridade e inferioridade. É importante que
pensemos qual é a mensagem e, especialmente, qual é a sociedade que desejamos deixar
para as futuras gerações.
Distante de a igualdade ser uma utopia, o mundo atual exige que pensemos novamente sobre
essa ordem universal de poder – a qual não é humana nem natural. Nascemos biologicamente
iguais, vivemos em desigualdade e, quando morremos, novamente nos tornamos iguais.
Talvez resida aí a chave para o entendimento da nossa própria humanidade!
Resumindo
Tanto a ideia de ser mulher como de ser homem é construída. E essa construção tem a forte
interferência de uma estrutura patriarcal que predominou ao longo da história por muito
tempo. Ainda prevalece no nosso imaginário o modelo em que o homem é o centro da
sociedade, enquanto a mulher deve ficar confinada à sua casa, fazendo o serviço doméstico
como função social.
É importante entender a luta histórica da mulher e reconhecer a sua importância assim como
a de qualquer figura feminilizada. Essas figuras femininas ou feminilizadas são ainda alvo de
estigmatização e socialização de modo desigual. Talvez essa seja uma das origens da
homofobia.
No estudo dos sistemas de poder e sexualidade, alguns nomes são considerados destaques,
tais como Michel Foucault e Judith Butler. Ambos os autores buscaram verificar as vertentes
do poder, observando que a materialidade do sexo acontece por meio da imposição de uma
ideologia construída através de gerações em constante dinâmica.
Saiba mais
Você sabia que os jovens são o principal alvo de homofobia no meio em que vivem? De
acordo com diferentes estudos, as escolas refletem abertamente manifestações homofóbicas
da sociedade em que estão inseridas. Em geral, observa-se que nesses espaços, se houver
expressões homofóbicas, é muito provável observar preconceito também contra negros,
pobres, mulheres ou qualquer outra forma de discriminação.
Tal situação pode gerar depressão, ansiedade, perda de confiança, retração, isolamento social,
culpa e distúrbios do sono, autoflagelação, uso abusivo de álcool e suicídio entre os nossos
jovens. Entenda melhor mais alguns detalhes:
Grupos específicos
No Brasil, observa-se um fenômeno de criação de grupos específicos com características
próprias bem como ocupação de lugares constituídos a acolher o público LGBTQIA+.
Estamos falando de bares, lojas e as chamadas baladas gays que representam espaços de lazer
e de tempo livre nos quais os jovens homossexuais, principalmente no ambiente urbano,
constroem suas próprias normas e expressões culturais, seus ritos, suas simbologias e seus
modos de ser, que os diferenciam do denominado mundo adulto.
Homofobia
A homofobia reflete uma falha na constituição da sociedade pautada por paradigmas
extremamente excludentes e arbitrários que definem aquilo que é humano e inumano,
baseando-se em normas construídas a partir de uma visão machista e heteronormativa.
Discriminação
Precisamos estar atentos ao problema de saúde pública no qual a homofobia
institucionalizada pode trazer para a população LGBTQIA+ por meio de falas
preconceituosas, discriminação velada, causando consequências que para as pessoas ditas
“normais” são invisíveis. Cabe a cada indivíduo desenvolver a sensibilidade no olhar
profissional e garantir que o direito à saúde seja, de fato, estabelecido conforme a instituição,
sem discriminação de raça, cor, credo, gênero ou orientação.
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A homofobia nas escolas e outras instituições
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre como a homofobia pode se manifestar em
diferentes instituições sociais e o impacto dela.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você
acabou de estudar.
MÓDULO 3
B
O gênero não influencia as relações de poder; atualmente, essas discussões são cada vez mais
irrelevantes, já que todos têm direitos e deveres iguais.
A discussão sobre gênero e poder é uma visão social, não possui influência de política,
religião ou criação.
As discussões se fazem necessárias, mas, atualmente, todos já têm direitos suficientes para
uma vida em sociedade adequada.
O apelo pela representatividade das mulheres na sociedade é o principal meio de luta pelos
direitos das mulheres.
Leia o caso de Inês: “Não suportando a situação, Inês disse que era ‘virgem’ e expressões
faciais de susto e descrédito tentaram ser inibidas (ou reforçadas!) com perguntas do tipo:
‘como assim? Você nunca teve penetração? Qual a sua idade?’. Ao que seguiu uma resposta
constrangida ‘nunca tive relações com homens’. Inês não retornou mais àquela profissional e
quiçá tenha retornado a outro ginecologista ou profissional de saúde”. Considerado o relato
anterior, marque a opção que envolva as relações de poder no atendimento à saúde.
Há uma “verdade” do sexo que é produzida precisamente pelas práticas reguladoras que
geram identidades, por via de uma matriz de normas de gênero coerentes, essa matriz rege a
sociedade e deve ser seguida.
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Considerações finais
Começamos nosso estudo reconhecendo a importância do cuidado em saúde das mulheres
lésbicas. Aprendemos que a invisibilidade ainda é uma situação que as leva a ser
desassistidas, e o preconceito disfarçado de dúvida as impede de procurar o serviço de saúde,
prejudicando-as ainda mais, o que chamamos de vulnerabilidade. Vimos que a conquista dos
direitos sexuais foi uma luta que tomou visibilidade com o advento da AIDS. Hoje essa luta
continua para vencer o preconceito. Refletimos ainda sobre o preconceito e a necessidade de
se pensar ou discutir saúde de gays e bissexuais. Cabe a cada pessoa, independentemente de
gênero ou orientação sexual, respeitar o ser humano e lutar contra a homofobia.
headset
Podcast
Neste podcast, você conhecerá um pouco mais sobre os dilemas encontrados no cuidado em
saúde de homens e mulheres homossexuais e bissexuais e as relações de poder e opressão.
Referências
BRASIL. Atenção integral à saúde de mulheres lésbicas e bissexuais. Brasília, 2014.
Explore +
Para aprimorar os seus conhecimentos no assunto estudado:
Pesquise a Cartilha de saúde LGBTI+ políticas, instituições e saúde em tempos de
COVID-19 e as singularidades relacionadas à saúde da população LGBTQIA+, em especial
no que diz respeito a serviços disponíveis e demandas específicas para uma tutela ampla e
universal da saúde.
Pesquise o estudo Dossiê da saúde das mulheres lésbicas e entenda mais sobre Promoção
da equidade e da integralidade na saúde dessa população.
Assista ao filme Boy Erased: uma verdade anulada, que irá ajudá-lo na reflexão sobre a
vivência e o preconceito em relação à comunidade LGBTQIA+.