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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS


DEPARTAMENTO DE MEDICINA INTERNA
DIVERSIDADE ÉTNICA E CULTURAL NA MEDICINA

MÁRIO SÉRGIO SOUZA DA COSTA

SÍNTESE CRÍTICO-REFLEXIVA SOBRE OS PROBLEMAS SOCIAIS DE GRUPOS


E SUA RELAÇÃO COM A OFERTA DE SAÚDE

JOÃO PESSOA
2022
Disparidades étnico-raciais
A disparidade ético-racial existente no Brasil é um problema atual e bastante
enraizado na sociedade do país. A distância de mais um século desde a teórica inclusão
da população de origem africana à dignidade de cidadãos não foi suficiente para apagar
as marcas da desigualdade. Na prática, as dificuldades que esse grupo social enfrenta são
enormes e estão presentes nas mais diversas circunstancias de suas vidas, o modo como
são tratados e vistos é totalmente diferente da forma que os brancos o são. Além dos
afrodescendentes, os indígenas compõem um outro grupo social que possuem
disparidades no tratamento e no modo como estão inseridos na sociedade brasileira, além
do acesso e seguridade a direitos. Esses problemas enfrentados pelos dois grupos atingem
as várias esferas de suas vidas, inclusive a da saúde e como são cuidados.
Na saúde e principalmente no atendimento médico, o tratamento com essas
populações ganha um sentido muito mais amplo. Nesse sentido, o médico, como
profissional de saúde que possui a obrigação de atender a todos sem distinção necessita
atender alguns critérios: ser livre de preconceito de qualquer espécie; buscar ofertar
atendimento digno e igualitário a todos independente de suas características étnico-
raciais; propiciar um sentimento de acolhida para que não se sintam intimidados na busca
por saúde; respeito por sua identidade cultural e tradições. Talvez essas ações, por
menores que sejam já garantem uma melhoria enorme no modo como será ofertado o
cuidado a pessoas de outros grupos étnicos.

Gênero e População LGBTQIA+


As questões de gênero também constituem um ponto fundamental no debate social
brasileiro. Primeiro, a questão do homem tendo maiores oportunidades e prestígio que as
mulheres em vários setores da sociedade apontam para uma desigualdade de gênero
imensa que prejudica as mulheres e as coloca numa posição de inferioridade social. A
partir disso, o machismo constitui o principal ponto que promove toda essa problemática,
e a sociedade brasileira, em grande parte machista herdeira do pensamento patriarcal,
ainda promove problemas e impede transformações no que tange a desigualdade de
gênero. Na saúde é importantíssimo que os profissionais se atentem a não coadunarem
como o pensamento machista no exercício da promoção da saúde, principalmente no
atendimento a mulheres que são constantemente vítimas de assédio e abusos por parte
dos profissionais de saúde.
Já em relação à comunidade LGBTQIA+, as dificuldades que ela enfrenta
diariamente com preconceito e problemas de cunho discriminatório e até criminoso são
frequentes e gritantes no Brasil. A seguridade de respeito e a proteção à dignidade dessas
pessoas como seres humanos são princípios inegociáveis para que possa se promover sua
participação integral na sociedade sem discriminação ou marginalização de qualquer tipo.
Na prática da saúde, da mesma forma, deve-se respeitar integralmente a pessoa como
cidadã e ao mesmo tempo buscar ofertar um cuidado diferenciado que atenda às demandas
da situação dela, sempre visando a promoção total da saúde.
Pessoas com deficiência
As pessoas com deficiência configuram um grupo que também sobre com
problemas socias de cunho discriminatório. Para os portadores de necessidade especiais
(PNE) o preconceito que eles sofrem talvez seja o menor de seus problemas, uma vez que
eles sofrem isso diariamente e com certeza prejudica seu desenvolvimento e psicológico,
também impede sua progressão em algumas áreas. Contudo, isso (apesar de ser algo já
bem complicado) é o de menos, os PNE são marginalizados na sociedade, sofrem com a
escassez de adaptações que possam permitir o desenvolvimento pleno de sua vida como
cidadão. Isso vai desde de uma calcada que não possui sistema de acessibilidade, até o
mundo digital que também sofre com a quase inexistência de ferramentas que possam
deixar a internet, por exemplo, mais acessível.
Assim como os outros grupos abordados anteriormente, as pessoas com
deficiência precisam de um atendimento equitativo, que aborde suas “limitações” físicas
com o objetivo de curá-las, mas que também possa encarar tais circunstancias como uma
condição física e não como uma doença. O profissional de saúde necessita encarar essa
realidade dos PNE, vê-los como indivíduos saudáveis e procurar ofertar a eles um
atendimento realmente inclusivo e equitativo. Além disso, outra dificuldade enfrentada
pelos deficientes em relação à saúde é a carência de acessibilidades nas unidades de saúde,
coisas simples como uma rampa de cadeirante na maioria dos ambientes não existem, e
isso é uma realidade que necessita ser alterada com urgência.

Ageísmo
Antes de tudo, para se abordar o Ageísmo é importante compreender o que é um
idoso, uma vez que cada vez mais as pessoas com idade mais avançada estão adiando
mais a terceira idade na prática. A lei delimita 65 anos como a terceira idade, mas hoje
muitas pessoas com 65 anos ainda são ativas e bastante produtivas. A partir disso, sabe-
se que há décadas a população idosa do brasil tem sofrido discriminação e preconceito
apenas por ser idosa. Esse preconceito vai desde uma negação da participação pública e
social desses indivíduos, até maus-tratos e abusos psicológicos. O Ageísmo nega a
capacidade dos idosos conviverem socialmente, possuírem capacidade produtiva e
renega-os a uma condição de grupo de 2ª classe na sociedade. Esse problema atinge
diversos setores socias, até mesmo a saúde.
Na saúde o Ageísmo se manifesta de diversas formas, seja pelo atendimento
deficitários que os profissionais ofertam aos pacientes idosos, seja pela negação de
atendimento ou tratamento por pensarem que “por ser idoso está perto da morte e não
precisa de um tratamento eficiente”. Tosas essas circunstancias afastam os idosos do
convívio público e prejudicam sua busca por saúde principalmente por não se sentirem
confortáveis no tratamento que lhes é dado. Desse modo, buscar enxergar o idoso como
um adulto normal, dando-lhe as prioridades que são devidas e principalmente ofertar o
atendimento mais digno e completo possível é o caminho para vencer o Ageísmo na saúde
pública. A saúde deve se comprometer em acolher e facilitar sua procura e não o contrário.
Diversidade Religiosa
O Brasil é um país plural culturalmente e pro conseguinte também bastante
diverso em ritos, seitas e religiões, sendo um país muito religioso. Entretanto, apesar da
religiosidade ardente do povo brasileiro, alguns credos ainda são vistos de modo
pejorativo na sociedade, principalmente religiões populares (das camadas mais pobres da
sociedade) e as de origem africana. O preconceito que giram em torno da religiosidade
popular é muito grande a agressivo, passa pela desqualificação dos seus crestes e da
desconstituição deles como cidadãos somente pela sua prática religiosa. Contudo, enga-
se quem pensa que apenas as religiões afro-descentes são as únicas afetadas, o clima
antirreligioso no Brasil cresce a cada dia, e até religiões ditas tradicionais como a católica
têm sofrido algum tipo de preconceito na sociedade, de forma velada ou pública.
Diante dessa problemática, torna-se fundamental o entendimento dos profissionais
de saúde da religiosidade dos pacientes, principalmente para que o tratamento e o cuidado
ofertado a eles sejam de acordo com suas cresças. Administrar um tratamento que vá
contra a ideologia das pessoas para que seja curada por ser muito pior que ofertar um
paliativo, pois a dimensão religiosa daquela pessoa pode ocupar um lugar central em sua
vida. Por tudo isso, é de suma importância que os profissionais da saúde enxerguem esses
indivíduos por completo, vendo além do indivíduo todas as dimensões que o compõem
para que a saúde seja algo que venha a somar e não destruir na vida daquelas pessoas.

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