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RESUMO: O presente artigo buscou analisar a perspectiva de qualidade de vida dos idosos
que residem em instituições de longa permanência. Esse é um tema essencial para a Saúde
Pública devido ao processo de envelhecimento populacional. No Brasil, o número de idosos
crescendo a cada dia, torna-se, então, importante a criação de programas sociais que
promovam a interação desses indivíduos, pois muitas vezes nessa idade existem sentimentos
de inutilidade, solidão, tristeza e baixa autoestima. Tais programas sociais contribuem para a
melhora, bem como para a ressignificação da maneira com que esses idosos encaram a vida
lidando com o sentimento de abandono, possibilitando-lhes novas experiências. Para análise
desta problemática foi realizado um estudo do tipo revisão da literatura científica, incluindo,
principalmente, artigos e livros sobre o tema. Os dados foram categorizados em tópicos,
agrupados segundo a concepção de senescência, qualidade de vida, envelhecimento ativo, o
sentimento de abandono, e como o psicólogo pode estar atuando diretamente como os idosos.
No que se refere ao campo da psicologia, observou-se que essa é uma área com grande
potencial de proporcionar contribuições positivas na vida de cada idoso, ressignificando no
modo de percepção e enfrentamento dessa nova fase da vida.
ABSTRACT: This article analyzed the perspective of quality of life of the elderly who live in
long-term institutions. This is an essential issue for Public Health due to the population aging
process. In Brazil is growing every day, so it is important to create social programs that
promote the interaction of these individuals, because often, at this age, feelings of
worthlessness, loneliness, sadness, low self-esteem arise. Such social programs contribute to
the improvement, as well as to the reframing of the way these elderly people face life dealing
with the feeling of abandonment, enabling them to have new experiences. To analyze this
problem, a review of the scientific literature was carried out, including mainly articles and
books on the subject. The data were categorized into topics, grouped according to the concept
of senescence, quality of life, active aging, the feeling of abandonment, and how the
psychologist may be acting directly as the elderly. Concerning psychologists, there are positive
contributions in the life of each elderly person, resignifying in the way of perceiving and
facing this new phase of life.
INTRODUÇÃO
Sabe-se hoje que a velhice não implica necessariamente doença e afastamento, que o
idoso tem potencial para mudança e muitas reservas inexploradas. Assim, os idosos
podem sentir-se felizes e realizados e, quanto mais atuantes e integrados em seu meio
social, menos ônus trarão para a família e para os serviços de saúde. (FREIRE, 2000,
p.22).
Os idosos são exemplos a serem seguido, afinal, é por meio da terceira idade que a
geração atual “é o que é”, e “tem o que tem”. Os idosos foram responsáveis pela nossa
existência e não deveriam ocupar a posição social considerada como “menos importante”, nem
sendo abandonados por familiares que não os considerem mais como prioridade.
METODOLOGIA
2. ENVELHECIMENTO
O uso do termo envelhecimento não tem uma definição específica de quando se inicia,
podendo variar de acordo com o autor, entretanto, ele refere-se a um processo que todos os
indivíduos irão vivenciar, pode se dizer que a velhice é caracterizada por mudanças físicas e
comportamentais, alterando as funções cognitivas. Dentre elas, as percepções, memória,
atenção, concentração, sentimentos, ações e reações.
Segundo Lorda e Sanchez (2001) na terceira idade as muitas mudanças no ambiente
social do indivíduo exigem dele uma constante adaptação. Entretanto, alguns idosos entram em
processo de negação do seu próprio envelhecimento, este fato pode trazer implicações
negativas para a saúde psicológica do idosos, promovendo isolamento social e atitudes de
vitimismo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2005), para se alcançar o
envelhecimento saudável é preciso manter-se potencialmente ativo, físico e mentalmente, bem
como estar inserido em atividades culturais e sociais durante todo o ciclo da vida. Alguns dos
benefícios a serem alcançados com a realização destas atividades estão na melhora da
autoestima e do bem-estar geral.
Precisa-se investir em uma vida saudável, para poder se ter uma velhice saudável, para
isso, podemos optar por uma alimentação saudável, exercícios físicos, lazer, entre outras
atividades, que nos proporcione qualidade de vida, realizando as mesmas desde a juventude
(OPAS, 2018), demonstrando que os idosos podem ser inseridos nos contextos sociais,
derrubando o estereótipo de que as pessoas mais velhas não têm utilidade na sociedade, vindo
a ser excluídas. Freire é bastante assertivo ao afirmar:
Sabe-se hoje que a velhice não implica necessariamente doença e afastamento, que o
idoso tem potencial para mudança e muitas reservas inexploradas. Assim, os idosos
podem sentir-se felizes e realizados e, quanto mais atuantes e integrados em seu meio
social, menos ônus trarão para a família e para os serviços de saúde (FREIRE, 2000,
p.22).
1 O estatuto do idoso foi instituído pela lei n. º 10.741, de 1.º de outubro de 2003. Esta lei regulamenta os
direitos dos idosos inspiradas pelas diretrizes fornecidas pela constituição federal de 1988 (BRASIL, 2003).
Os idosos que procuram por maior qualidade de vida podem ter maior longevidade,
acompanhada de melhores índices de saúde física e psicológica. Provavelmente, isso acontece,
pois atitudes para prevenção de doenças e para obtenção de maior qualidade de vida
corroboram para a melhores vivências dessa tão fundamental fase da vida.
Neri (1999) aponta inúmeras variáveis relacionadas ao grande tema, tratando-os como
indicadores de bem-estar na velhice, e considera, na longevidade, a saúde biológica, a saúde
mental, a satisfação, o controle cognitivo, a competência social, a produtividade, atividade, a
eficácia cognitiva, o status social, a renda, a continuidade de relações informais em grupos
primários e rede de amigos.
Infere-se que a formação de redes de apoio social podem ser inseridas na vida dos
idosos através de Políticas Públicas que contribuem para melhores índices relacionados a
doenças físicas ou emocionais, promovendo o bem-estar do idoso, além de contribuir para que
o mesmo tenha um bom relacionamento interpessoal, deixando de lado o estereótipo de que
quando envelhece não se tem mais utilidade.
É fundamental que haja esforços para favorecer a qualidade de vida dos idosos e
aumentar a longevidade, afinal, isso significa ampliação da capacidade de sobrevivência da
espécie humana. Portanto, é fundamental que o aumento da longevidade seja acompanhado de
maiores níveis de saúde e redução de doenças e outros incapacitantes, o que corrobora para
maior qualidade de vida.
Paschoal (2000) salienta que qualidade de vida é uma palavra de difícil conceituação,
que veio sofrendo transformações ao longo do tempo. Em sua pesquisa a palavra qualidade é
definida como indicador de superioridade e a palavra vida inclui a saúde, relações familiares
satisfatórias, condições financeiras estáveis, entre outros aspectos.
Segundo Deps (1989), a atividade é um meio privilegiado do idoso obter bem-estar
psicológico. O termo atividade pode incluir atividades físicas e mentais, individuais ou
grupais.
Caplan (1964) parte do conceito de homeostase adaptativa, desequilíbrio e reequilíbrio.
À primeira vista, nos parece que a espontaneidade, as trocas, as alegrias, os desafios, as
interações entre os amigos, colegas, não há aprendizagem. No entanto, à medida em que
interagimos com o outro e com a sociedade, estamos aprendendo. Capacidade de grande valia
na vida do mesmo, pois acaba criando redes de apoio que lhe dão possibilidade de melhor
qualidade de vida.
Com o envelhecimento podem ocorrer alterações sociais vindas de relacionamentos
interpessoais, de forma que o idoso passa a assumir um novo papel perante à sociedade, a
partir do processo de aposentadoria, podendo acarretar sentimentos de inutilidade, passando
por modificações psicológicas, que requer se readaptar em um ambiente totalmente novo,
necessitando de motivação e incentivo na busca da autoestima e autoimagem.
Destaca-se que a autonomia do idosos, ou seja, seu potencial de ser capaz de realizar as
tarefas, está diretamente relacionado à qualidade de vida. Os profissionais especializados
podem avaliar seu potencial de autonomia via utilização de escalas específicas. Neste contexto,
as escalas de equilíbrio como a de Berg, determinam as causas da perda da independência do
idoso. Essa avaliação compreende em 14 tarefas relacionadas com o cotidiano, sendo
considerado uma pontuação de 0 (quando o indivíduo é incapaz de realizar tal tarefa) e 4
(quando se realiza a tarefa de forma independente), atingindo assim a pontuação de até 56
pontos. Os resultados também alertam para o risco de quedas que afetam negativamente a
qualidade de vida dos idosos. Quanto menor a pontuação maior é o risco de quedas, e quanto
maior o desempenho, menor o risco (GAZZOLA et al. 2006; CHRISTOFOLETT et al. 2006).
É fundamental que, além de avaliações sobre o potencial de independência do idoso e o risco
de quedas, medidas preventivas sejam adotadas, tanto para a prevenção de novas quedas, como
para a adaptação do idosos as atividades de vida de modo a promover maior qualidade de vida.
Sugere-se a inclusão na rotina dos idosos de exercícios físicos supervisionados para aumento
da força muscular e da flexibilidade; medidas preventivas no lar desse idoso criando
acessibilidade para uma locomoção segura, relacionando-se com a qualidade de vida, num
contexto geral.
REFERÊNCIAS
CASARA, M.B. et al. Abandono na Velhice. Unati, Rio de Janeiro, v.8, n.3., 2005.
DEPS, V.L. Atividade e bem-estar psicológico na maturidade. 1989. In: NERI, A.J.F.
(Org.). Qualidade de vida e idade madura. 2.ed. São Paulo: Papirus, p. 57-77, 1999.
GUIDI, Maria Laís Mousinho; MOREIRA, Maria Regina de Lemes Prazeres. Rejuvenescer a
velhice. Brasília: UnB, 1994.
LORDA, C. Raul; SANCHEZ, Carmem Delia. Recreação na 3ª idade. 3.ed. Rio de Janeiro:
Sprint, 2001.
NERI, A.J.F. Qualidade de vida e idade madura. 2.ed. São Paulo: Papirus, 1999.