Você está na página 1de 4

Faculdade São Lourenço

2021
Rafael Pereira Santos 5° Período de Psicologia
Disciplina: Psicologia do desenvolvimento: maturidade e
envelhecimento

Violência contra o idoso e críticas a este contexto

O crescimento demográfico da população idosa no planeta tem


aumentando consideravelmente, com isso tem sido feitos muitos estudos e
novas políticas públicas tem surgido em prol desta população. Entretanto,
olhando para o nosso próprio umbigo, podemos evidenciar um sistema de
assistência social precário e falta de investimentos genuínos na saúde do país
em seus diferentes setores, consequentemente as populações vulneráveis, a qual,
o idoso faz parte são as que mais sofrem com essa falta de estrutura. Além do
sistema precário para a demanda e especificidade do atendimento para com as
pessoas da melhor idade, surge ‘’brecha’’ para a violência de vulnerável. Ou
seja, com a população idosa aumentando cada vez mais e a população ficando
cada vez mais velha, os lares passam então a serem compostos por mais idosos,
com isso, exige-se maior manejo dos mais novos que passam a ser responsáveis
pelos mais antigos, surge-se grandes gastos financeiros que por vezes na
realidade não tem condições de serem supridos, ademais, a falta de educação de
base dos cuidadores agravam mais ainda essa convivência, assim configurando
um primeiro caminho dos muitos contextos diferentes o qual o idoso passa. Sem
condições para bancar os custos do idoso e, tempo de qualidade para dar
atenção as eventuais problemáticas que surgem nessa população, os
responsáveis ou podemos também colocarmos como irresponsáveis, deixam o
idoso de lado e ao acaso, sendo assim, surge uma das principais violências que o
idoso sofre hoje em dia, a NEGLIGENCIA.
O termo “negligência” pode ser definido como a recusa ou a falha no
cumprimento de qualquer parte das obrigações ou responsabilidades por parte
da pessoa que cuida do idoso. Entretanto, somos uma sociedade civilizada e
regida parcialmente por um Estado, o qual, tem suas próprias responsabilidades
e papel com seu povo. A negligencia com os idosos não acontece só da parte de
seus responsáveis diretos, também acontece por parte do Estado, sendo
entendida e denominada como ‘’negligencia social difusa’’, que é, a atitude do
estado diante a população idosa de forma omissa quanto a programas de
proteção e quanto à avaliação das instituições que oferecem tratamento,
assistência e os abrigam (MACHA-DO, GOMES e XAVIER, 2001).
Continuando nesta mesma linha, podemos acrescer questões de mobilidade e
locomoção, as quais dizem respeito a vida urbana e a circulação do idoso pela
cidade. A infraestrutura do centro urbano carece de adaptações para com as
pessoas da melhor idade, além da falta de educação de base que resulta na
insensibilidade dos mais novos com os usuários idosos nos mecanismos
públicos de transporte e eventuais contextos da vida social, como filas de
bancos e omissões de orientações afim de facilitar a vivencia da pessoa de idade
avançada no espaço urbano.
Uma das principais características da população que envelhece no Brasil
é a falta de recursos financeiros. Aposentadorias e pensões são a maior fonte de
renda dessa população, entretanto, por vezes a previdência chega de forma
tardia e/ou inadequada, esse é um dos problemas presentes em várias nações,
estudos e reformas previdenciárias são estudadas e implantadas em diferentes
países, porém nem sem sempre resolvem o problema a curto e longo prazo. No
Brasil não é diferente, a dificuldade socioeconômica do idoso acaba o
impedindo de realizar ações necessárias de manutenção a saúde e conciliar com
suas necessidades básicas para sobreviver, dentre outros contextos onde a renda
do idoso é responsável para a sobrevivência dos demais membros da família.
Devido a demanda financeira, muitos idosos retornam ao mercado de trabalho
ou permanecem por conta de uma aposentadoria tardia, sendo assim, sofrem
para conseguir empregos dignos e acabam se submetendo a más condições no
ambiente de trabalho e baixa remuneração, iniciando uma bola de neve, pois a
realidade a qual o idoso deveria estar vivenciando de cuidados a saúde,
manutenção do seu bem-estar físico e mental, atividades menos estressoras em
prol de uma melhor longevidade não ocorre e vai justamente em contra ponto a
realidade esperada, contribuindo ou potencializando o adoecimento, ou seja,
aumentando ainda mais os gastos financeiros para tratamentos a saúde.
Sabemos que em nossa sociedade é comum instituições que abrigam
idosos, por isso, não devemos deixar de falar da violência institucional, que,
infelizmente existe. Nesse contexto de violência às instituições de longa
permanência (ILP) tem maior expressão, sobretudo aquelas com convênios com
o Estado, dentro do senso comum são caracterizadas pelos maus tratos, falta de
infraestrutura e alimentos, omissão de cuidados médicos, entre outras
necessidades especificas que o idoso ali necessita. Além disso, o modelo de
funcionalidade dessas instituições causa uma importante deteriorização na
capacidade funcional e autonomia daquelas pessoas ali abrigadas. Existe o fato
também desses idosos estarem ali abrigados para angariar financiamento
público e serem vítimas da corrupção, visto que, tal subsidio não será aplicado
na instituição.
Fundamentando e aprofundando mais sobre o primeiro parágrafo desta
redação, segundo Kleinschmidt (1997) demonstrou que 90% dos casos de maus-
tratos e negligência contra as pessoas acima de sessenta anos ocorrem nos lares.
As pesquisas revelam que os principais agressores são filhos e cônjuges dos
idosos vitimizados. Tentando entender e traçar o perfil dos abusadores familiar,
estudos nacionais (MENE-ZES, 1999) e internacionais (WOLF, 1995;
ANETZBERGER, KONBIW e AUSTIN, 1994; ORTMAMN et al., 2001)
mostram que os filhos são os principais abusadores, ressaltando que os filhos
homens tem maior índice de maus tratos do que as filhas mulheres, seguidos por
noras e genros e esposos. Sobre a caracterização desses agressores alguns
autores chegaram à conclusão que; esses filhos serem dependentes
financeiramente de seus pais de idade avançada; ou os idosos serem
dependentes financeiramente de suas respectivas famílias para manutenção e
sobrevivência; o abuso de álcool e drogas pelos filhos, por outros adultos da
casa ou pelo próprio idoso; haver na família ambiente e vínculos frouxos, pouco
comunicativos e pouco afetivos; isolamento social dos familiares e da pessoa de
idade avançada; o idoso ter sido ou ser uma pessoa agressiva nas relações com
seus familiares; haver história de violência na família; os cuidadores terem sido
vítimas de violência doméstica; padecerem de depressão ou qualquer tipo de
sofrimento mental ou psiquiátrico (MENEZES, 1999; WOLF, 1995; REAY e
BROWNE, 2001; WILLIANSON e SHAFFER, 2001; ANETZ BERGER,
KORBIN e AUSTIN, 1994; ORTMAMN et al., 2001; SANMARTIN et al.,
2001; LASCHS et al., 1998). Sendo um pouco mais pontual, segundo
Anetzberger, Korbin e Austin (1994) 50% dos agressores são dependentes
químicos.
Concluindo a dissertação acima e fazendo considerações finais, inferimos
que o envelhecimento é uma questão clara de saúde pública estendendo - se
para o campo socioeconômico do país, fato esse só não é visto por aqueles, os
quais, decidem ter uma visão negacionista e negligente da situação. Dados do
IBGE afirmam que o crescimento demográfico da população de maior idade no
Brasil vem aumentando e de encontro a isso somos um dos recordistas de
violência contra o idoso. Haja vista, essa violência pode ter cunho, moral,
psicológico e/ou físico. Diante desta realidade deve-se ter uma mobilização do
Estado e sociedade para rever conceitos, decisões e metas para tratar essa
problemática, proteger o idoso não é um papel apenas do estado, haja vista, 90%
das agressões são por familiares do vitimizado. A velhice não precisa ser uma
experiencia exclusivamente empírica, afinal, faz parte do processo natural da
vida, portanto, assim como, se é ensinado e praticado no ensino infantil e
fundamental, como cuidar da Terra e do meio ambiente, a velhice também
merece a devida atenção desde a educação de base. Habilidades esportivas,
artísticas ou acadêmicas são adquiridas e aperfeiçoadas através do treino e
pratica, assim também são as habilidades socias e práticas de bem viver.

Você também pode gostar