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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO


SERVIÇO SOCIAL

MARIA CARLENE PINHEIRO

A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO

2016
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MARIA CARLENE PINHEIRO

A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como
requisito parcial para a obtenção do título Bacharel
em Serviço Social.

Orientador: Prof.

2016
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Dedico este Trabalho de Conclusão de


Curso a minha Família.
4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pois sem ele eu não teria traçado o meu
caminho e feito a minha escolha pelo Serviço Social, por me proporcionar
estes agradecimentos à todos que tornaram minha vida mais afetuosa, além
de ter me dado uma família maravilhosa e amigos sinceros. Deus, que a
mim atribuiu alma e missões pelas quais já sabia que eu iria batalhar e
vencer, agradecer é pouco. Por isso lutar, conquistar, vencer e até mesmo
cair e perder, e o principal, viver é o meu modo de agradecer sempre.
Agradeço a minha família por terem me apoiado e ficarem ao meu lado nas
horas que eu mais precisava. Agradeço aos meus colegas de classe e com
certeza futuros excelentes profissionais.
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“Não confunda derrotas com fracasso nem vitórias


com sucesso. Na vida de um campeão sempre
haverá algumas derrotas, assim como na vida de
um perdedor sempre haverá vitórias. A diferença é
que, enquanto os campeões crescem nas derrotas,
os perdedores se acomodam nas vitórias.”
(Roberto Shinyashiki)
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PINHEIRO. Maria Carlene; A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO. 2016. 41


páginas. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Serviço Social –
Unopar, Universidade Norte do Paraná.

RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem seu estudo voltado


para a temática da Violência contra o Idoso tem como objetivo principal
fazer a sociedade refletir sobre o envelhecimento, porém, um
envelhecimento com qualidade de vida. Mas o que ocorre atualmente são
práticas de violência contra pessoas que muito fizeram por seus familiares,
e que não são reconhecidos. Pois envelhecer é um processo natural e uma
realidade em todo o mundo. Assim acabou se tornando uma
responsabilidade social e coletiva. Mesmo com todos os projetos e
expectativas para um envelhecimento de qualidade, a sociedade idosa
ainda vem sofrendo discriminações, agressões físicas, verbais e outras.
Esses fenômenos que vem sendo ocorridos constantemente contra a
população idosa não devem ser vistos como simples fatos e sim como uma
questão de aprendizado e comprometimento com nos mesmos de reverter
essa situação para que não sejam mais ocorridos, desta maneira garantindo
ao idoso e acima de tudo cidadãos também seu papel social sua dignidade
e respeito.

Palavras-chave: Violência; Idoso


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PINHEIRO. Maria Carlene; VIOLENCE AGAINST ELDERLY 2016. 41 pages.


Work Completion Course Degree in Social Work - Unopar, North University of
Paraná.

ABSTRACT

This Work Course Conclusion (TCC) has its study on the issue of violence
against the elderly aims to make society think about aging, but aging with
quality of life. But what happens now are practices of violence against
people who did much for their families, and are not recognized. Because
aging is a natural process and a reality throughout the world. So eventually it
became a social and collective responsibility. Even with all the projects and
expectations for quality aging, aging society is still suffering discrimination,
physical assaults, verbal and others. These phenomena that have been
occurring constantly against the elderly should not be seen as mere facts,
but as a matter of learning and commitment to the same to reverse this
situation so that they are no longer occurring, thus ensuring the elderly and
above all citizens also its social role dignity and respect.

Keywords: Violence; Old man


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SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO...............................................................................................01

2- VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR .....................................................................03

2.1 Violência Intrafamiliar e Violência Doméstica .......................................05

2.2 A Violência Intrafamiliar Contra o Idoso ................................................06

2.2.2 A Origem da Violência .......................................................................08

3. A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E A VIOLÊNCIA CONTRA O


IDOSO ..........................................................................................................................
11

4. A PROTEÇÃO SOCIAL DA PESSOA IDOSA ............................................16

4.1 A Pessoa Idosa na Política de Proteção Social ....................................18

5. A PROTEÇÃO SOCIAL DA PESSOA IDOSA FRENTE AS MANIFESTAÇÕES


DE VIOLÊNCIA ...............................................................................................22

5.1 O Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) como um sistema de


Garantias.........................................................................................................25

5.2 A Família na Proteção ao Idoso .............................................................27

6. O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL EM RELAÇÃO A VIOLÊNCIA CONTRA O


IDOSO ............................................................................................................31

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................36

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................41


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1. INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso versa sobre a


violência contra o idoso, com o passar dos tempos e a evolução da ciência e
tecnologia vem ocorrendo um aumento na expectativa de vida da população
mundial, ou seja, envelhecer é uma realidade em todos os países do mundo.
O interesse pelo tema surgiu devido ao aumento da violência
contra a pessoa idosa, embora exista legislação que assegura seus direitos.
Neste aspecto como objetivo geral buscou-se com a pesquisa avaliar a
violência contra o idoso e os desafios para o profissional de Serviço Social
em busca de soluções para o controle e prevenção desta questão social,
enfrentando desafios apresentados de várias formas. Como objetivos
específicos buscou-se investigar os principais motivos da prática da
violência, analisar o papel do Assistente Social frente a esta questão e
verificar se o cuidador do idoso é o principal responsável pela violência. A
metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica.
O aumento da população de idosos vem crescendo em todo o
mundo. Estima-se que no Brasil as pessoas acima de 60 anos em torno de
23,5 milhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Em 2020 a estatística estimada será em torno de 40 milhões de
pessoas colocando o Brasil como o sexto lugar com mais idosos no mundo.
Essa estatística nos faz refletir sobre os Direitos Humanos previstos na
Constituição brasileira onde o fundamental é viver, mas viver com dignidade
e qualidade garantindo assim direitos fundamentais e sociais.
Como o crescimento do envelhecimento não ocorre somente
no Brasil, a violência contra o idoso configura-se um fenômeno mundial. Esta
expressão de questão social apresenta-se de várias formas em nossa
sociedade em desafio aos profissionais das áreas voltadas ao idoso, como
por exemplo, os profissionais de Serviço Social (PARENTE, 2013, p.12).
A ciência vem contribuindo, o Estado tem financiado e as
pesquisas vão ocorrendo, desta forma se originam cada vez mais remédios,
vacinas e muitos outros instrumentos que aumentam a expectativa de vida

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da população. Desta forma podemos ver que envelhecer vem sendo uma
responsabilidade social coletiva. Contudo, a sociedade idosa vem sofrendo,
ainda, cada vez mais discriminações, sejam verbais, sejam com
consequências de agressões físicas, entre outros tipos.
Uma situação de violência e maus tratos com idosos podem
ser identificados por médicos, enfermeiros, assistente social, psicólogo,
pedagogo, ou qualquer outro profissional que atue com as pessoas desta
faixa etária. A violência não pode ser vista como um fenômeno unívoco ela
tem causas conjugadas, ou seja, várias causas tais como a violência de
gênero, culpa, econômica, dentre outras.
A falta de respeito para com as necessidades do idoso é uma
questão de cidadania, O idoso necessita ser respeitado e conquistar a
garantia das necessidades básicas, e de uma vez por todas garantir a
inclusão das pessoas idosas na sociedade com dignidade e respeito.
Na maioria das vezes vivenciamos fatos de brutalidade
(agressão), mas isto é algo que machuca superficialmente, existem
maneiras mais violentas e degradantes de se tratar um indivíduo podemos
citar a da culpa em que muitas vezes um idoso, devido aos atos praticados
pela família, se sente um peso desnecessário por não mais poder contribuir
com a renda familiar, e muitas vezes necessitam do apoio financeiro da
família para pode complementar suas necessidades com medicamentos
entre outras.

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2. VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

A violência é uma prática que envolve as diversas classes sociais e


pessoas de todas as idades e sexos, ou seja, é uma forma, no entanto inadequada,
de resolver um conflito, representando um abuso de poder e que gera como
consequências: o medo, a insegurança e a revolta; leva a uma redução da auto-
estima; levando na maioria dos casos à depressão e ao isolamento. Tirando as
pessoas do convívio social.
De uns tempos pra cá a violência chega a fazer parte dos noticiários
mostrando-se pior e mais cruel a cada nova notícia. E os idosos não estão de fora
destes tipos de atos. A violência social, no caso do Brasil, é fruto de um sistema de
colonização dominador. Na atualidade a violência social define-se como sendo o uso
de palavras ou ações que machucam as pessoas, ou seja, é uma violência que
ocorre espontaneamente nas pessoas. Outra característica marcante dessa
violência está relacionada ao uso abusivo ou injusto do poder, assim como o uso da
força que resulta em ferimentos, sofrimentos, torturas ou mortes.
O que pode ser visto claramente é que com o passar dos tempos a
violência intrafamiliar atinge parcela importante da população, e cada vez mais os
idosos, repercutindo de forma significativa sobre a saúde das pessoas a elas
submetidas.
As pessoas que sofrem agressões, sejam elas físicas ou verbais, se
tornam contraditórias ao convívio social. Elas acabam se isolando em um mundo só
seu, para não ter que contar o que vem ocorrendo, pode vergonha ou medo.
De acordo com Teles e Melo (2003, p. 16) a respeito da violência de
gênero:
A sociologia, a antropologia e outras ciências humanas lançaram
mão da categoria gênero para demonstrar e sistematizar as
desigualdade socioculturais existentes entre mulheres e homens,
que repercutem na esfera da vida pública e privada de ambos os
sexos, impondo a eles papéis sociais diferenciados que foram
construídos historicamente, e criaram polos de dominação e
submissão. Impõe-se o poder masculino em detrimento dos direitos
das mulheres, subordinando-as às necessidades pessoais e

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políticas dos homens, tornando-as dependentes.

A violência intrafamiliar é fruto da violência social. A Violência


intrafamiliar caracteriza-se por toda a ação ou omissão que prejudique o bem-estar,
a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento
de qualquer membro de uma família, ou seja, quando se fala de violência
intrafamiliar, deve-se considerar qualquer tipo de relação de abuso praticado no
contexto privado da família contra qualquer um de seus membros.
De acordo com Minayo:

Nos estudos epidemiológicos da área da saúde, o conceito de


violências se inclui na categoria “causas externas”. No entanto, as
duas expressões, causas externas e violência, não se equivalem.
“Causas externas” é uma categoria estabelecida pela Organização
Mundial de Saúde para se referir às resultantes das agressões e
dos acidentes, dos traumas e das lesões. “Violência” é uma noção
referente aos processos e às relações sociais interpessoais, de
grupos, de classes, de gênero, ou objetivadas em instituições,
quando empregam diferentes formas, métodos e meios de
aniquilamento de outrem, ou de sua coação direta ou indireta,
causando- lhes danos físicos, mentais e morais. A Rede
Internacional para a Prevenção dos Maus Tratos contra o Idoso
assim define a violência contra esse grupo etário: “O maltrato ao
idoso é um ato (único ou repetido) ou omissão que lhe cause danos
ou aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista
expectativa de confiança”.

Assim sendo, aquele que omite os fatos e recusa oferecer socorro se


torna, também, responsável pela violência praticada ao idoso ou qualquer outro
membro da família. O abuso físico no caso dos idosos é executado, na maioria das
vezes, por pessoas próximas e que participam de seus cuidados cotidianos. Ainda,
existem casos de violência psicológica, os quais na grande maioria das vezes se
tornam difícil de serem percebidos, podendo ocorrer também no nível institucional.
A violência social e a intrafamiliar expressam contradições entre poder
e afeto, nas quais estão presentes relações de subordinação ou mesmo

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dominação. Nessas relações estão presentes os conflitos de diferentes gerações,
as pessoas estão em posições opostas, desempenhando papéis severos e criando
uma dinâmica própria, diferente em cada grupo familiar.

2.1 Violência Intrafamiliar e Violência Doméstica

A família e o lar deve ser o lugar onde as pessoas se sintam seguras,


que ao retornar ao final de um dia de trabalho possam ter paz e tranquilidade, que
ao chegar a sua velhice possam descansar com a dignidade de tarefa cumprida.
Porém acaba sendo um dos lugares onde, em muitos casos, a violência domina.
A violência intrafamiliar, é aquela que acontece dentro do contexto da
família, ou seja, nas relações entre os membros da comunidade familiar, formada
por vínculos de parentesco natural (pai, mãe, filhos etc.) ou civil (marido, sogra,
padrasto ou outros), por afinidade (por exemplo, o primo ou tio do marido) ou
afetividade (amigo ou amiga que mora na mesma casa).
Já a violência doméstica é aquela que acontece dentro de casa ou
unidade doméstica e geralmente é praticada por um membro da família que viva
com a vítima. As agressões domésticas incluem: abuso físico, sexual e psicológico,
a negligência e o abandono.
De acordo com Ritt e Ritt (2008, p. 18), é importante estabelecer uma
diferenciação entre violência doméstica e violência familiar. A primeira pode ser
definida como sendo aquela que ocorre no âmbito doméstico em que vive o idoso,
onde está inserido, não precisando ter como autores de agressão necessariamente
familiares, mas, sim, vizinhos, cuidadores, ou, inclusive, pessoas que trabalham em
casas geriátricas ou asilos. Já violência familiar, pode ser entendida como aquela
que é praticada por familiares do idoso, seus filhos, netos, bisnetos, cônjuges ou
companheiros, dentre outras pessoas que possuem ligação familiar com esta
pessoa idosa.
Estas definições ajudam a compreender o que é violência no âmbito
familiar e a violência que ocorre na sociedade. As formas de violência intrafamiliar
podem ser física, sexual, estupro, assédio sexual, violência psicológica, econômica
ou financeira, violência institucional.
Para Minayo, os tipos de violência podem ser definidos ainda como:

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As violências contra idosos se manifestam de forma: (a) estrutural,
aquela que ocorre pela desigualdade social e é naturalizada nas
manifestações de pobreza, de miséria e de discriminação; (b)
interpessoal que se refere às interações e relações cotidianas e (c)
institucional que diz respeito à aplicação ou à omissão na gestão
das políticas sociais e pelas instituições de assistência.

As duas violências possuem características iguais, à única diferença é


que a familiar é mais ampla que a doméstica, pois esta abrange toda família, além
dos pais tem os avós, os tios, e os padrinhos. Em alguns casos de violência familiar
a vítima não denuncia, pois conviveu com a sua mãe ou qualquer outro membro da
família sendo agredido, e acaba acreditando na normalidade da situação. A maior
parte das vítimas desse tipo são mulheres, crianças, adolescentes, idoso, pessoa
portadora de deficiência.
De acordo com a pesquisa realizada na Internet no Portal de Violencia
Contra a Mulher, as fases da situação de violência doméstica compõem um ciclo
que pode se tornar vicioso, repetindo-se ao longo de meses ou anos, e até nas
próximas gerações familiares.
Primeiro vem a fase da tensão, que vai se acumulando e se
manifestando por meio de atritos, cheios de insultos e ameaças, muitas vezes
recíprocos. Em seguida, vem a fase da agressão, com a descarga descontrolada de
toda aquela tensão acumulada. O agressor atinge a vítima com empurrões, socos e
pontapés, ou às vezes usa objetos, como garrafa, pau, ferro e outros. Depois, é a
vez da fase da reconciliação, em que o agressor pede perdão e promete mudar de
comportamento, ou finge que não houve nada, mas fica mais carinhoso e ainda traz
presentes, fazendo a vítima acreditar que aquilo não vai mais voltar a acontecer. É
muito comum que esse ciclo se repita, com cada vez mais violência e intervalo
menor entre as fases. A experiência mostra que, esse ciclo se repete
indefinidamente, ou, pior, muitas vezes termina em tragédia, com uma lesão grave
ou até o assassinato da própria vítima.
Como podemos perceber o ciclo pode se repetir e a pessoa agredida
continuar sendo a vítimas de situações de violência podendo até chegar a morte.

2.2 A Violência Intrafamiliar Contra o Idoso

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Ao mesmo tempo em que a sociedade prega que a “terceira idade” ou
a “melhor idade” deve ter qualidade de vida, deve participar de programas para
conviver na vida social. Por outro lado envelhecer em muitos casos não é visto
como uma etapa da vida tão tranquila assim, em muitos lares a violência contra o
idoso é uma realidade.

De acordo com Ritt e Ritt (2008, p. 21), o aumento da população de


idosos é um fenômeno mundial tão profundo que muitos chamam de “revolução
demográfica”. No último meio século, a expectativa de vida aumentou em cerca de
20 anos. Se forem considerados os últimos dois séculos, ela quase dobrou.

Os autores afirmam ainda que esse processo de aumento da


população está longe do fim. Porém, cada esfera da sociedade vê o
envelhecimento de uma forma, em algumas o velho não se distingue de outras
faixas etárias, enquanto em outras após envelhecer e não participar mais do
mercado de trabalho a pessoa perde a sua função social enquanto ser humano.

Ritt e Ritt (2008, p. 33) afirmam ainda que “a partir da metade do


século XIX, a velhice é tratada como uma etapa da vida que é caracterizada pela
decadência física como também pela ausência de papéis sociais”.

Já de acordo com Ramos, o envelhecimento diz respeito diretamente


à própria afirmação dos direitos humanos fundamentais. Atente-se para o fato de
que a velhice significa o próprio direito que cada ser humano tem de viver muito,
mas, certamente, viver com dignidade.

A violência contra os idosos há tempos vem existindo no cotidiano da


convivência social, fazendo parte de seu dia a dia, observa-se que onde quer que o
idoso esteja, na grande maioria das vezes sofre algum tipo de maltrato, por mais
simples que seja, revelando conflitos de relações interpessoais que afetam a
convivência pacífica, a solidariedade humana e consequentemente a qualidade de
vida das pessoas.

Em termos mais amplos, Minayo afirma que:

A violência contra os idosos não ocorre só no Brasil: faz parte da


violência social em geral e constitui um fenômeno universal. Em
muitas sociedades, diversas expressões dessa violência,

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frequentemente, são tratadas como uma forma de agir “normal” e
“naturalizada” ficando ocultas nos usos, nos costumes e nas
relações entre as pessoas. Tanto no Brasil como no mundo, a
violência contra os mais velhos se expressa nas formas de relações
entre os ricos e os pobres, entre os gêneros, as raças e os grupos
de idade nas várias esferas de poder político, institucional e familiar.

Diante do exposto podemos observar que a violência sofrida nos dias


de hoje tem suas raízes no processo de civilização dominante ao qual foi
instaurado no Brasil. Com o passar dos tempos pode-se observar segundo dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2009) que o Brasil passa por uma
grande transformação na sua pirâmide etária. Nos últimos 50 anos, o número de
idosos saltou de 2 milhões para 14 milhões de pessoas:

Um terço dos aposentados permanece no mercado de trabalho em


função de ter uma aposentadoria insuficiente para manter um
padrão de vida razoável. Para milhares de aposentados comuns,
arregaçar as mangas é sinal de luta extrema pela sobrevivência.
Nos países desenvolvidos, a realidade é diferente. Com uma
aposentadoria satisfatória, que geralmente é reforçada por planos
de previdência complementar, os idosos só voltam a trabalhar se
quiserem.

2.2.3 A Origem da Violência

A violência é um fenômeno mundial e existe desde o início da


civilização como afirma Sousa (2010, p.1) em seu artigo sobre a origem da
violência:

A violência existe desde os tempos primordiais e assumiu


novas formas à medida que o homem construiu as
sociedades. Inicialmente foi entendida como agressividade
instintiva, gerada pelo esforço do homem para sobreviver na
natureza.

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A violência no seu sentido amplo pode ser definida como: qualquer
comportamento ou conjunto de comportamentos que vise causar dano a outra
pessoa, ser vivo ou objeto (BISKER, 2006).

Ainda sobre a violência, Arent (2004, p. 39) afirma que: “Dizer que a
violência origina-se do ódio é usar um lugar comum e o ódio pode ser certamente
irracional e patológico, da mesma maneira que pode ser todas as demais paixões
humanas.”

Conforme Penteado, (2011), a violência, considerada como uso da


força bruta, contrária ao direito e à justiça, conduta impetuosa, agitada, tumultuosa,
irascível e irritadiça, intensa e veemente, traduz um comportamento humano que
promove danos àquelas três esferas normativas: moral, jurídica e religiosa.

“Devemos considerar a violência, a nosso ver, se contrapõe ao


diálogo, a um agir ético e comunicativo nas relações interpessoais, sendo o
genuíno relacionamento amoroso entre quaisquer pares de indivíduos.”
(SCHALBER, 2005 p.20).

Segundo Souza (2011), existe, com efeito, uma violência difusa, de


dupla face, geralmente negada exercida por poderes que oprimem populações, nos
planos econômicos, político, moral e até mesmo físico, mantendo-se no sofrimento,
na miséria e na humilhação.

“Uma sociedade fundada na violência estrutural, na escravidão, num


processo de colonização violada dos direitos básicos da pessoa humana cria
necessariamente formas de sociabilidade e uma cultura de violência e exclusão.”
(ZENAIDE, 2011, p. 11).

Parece-nos importante destacar que a capacidade de poder é


inerente a todo ser humano e que pode ser associado ao instinto de sobrevivência
(SÓLIO, 2010).

Por ser complexa a noção de violência não é unívoca. Que ela é


muito mutável, muitas vezes difícil de ser definida, além de designar realidades
bastante diferentes, segundo lugares, épocas, meios e circunstâncias. (CHESNAIS
1981, apud SOUZA, 2011).

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A violência segundo Arent (2004, p.35) segue seu curso em várias
expressões do ser humano:

A violência aparece onde o poder esteja em perigo, mas se deixar


que percorra o seu curso natural o resultado será o
desaparecimento do poder. O terror não é a mesma coisa que a
violência é antes a forma de governo que nasce quando a violência,
após destruir todo o poder, não abdica, mas ao contrário,
permanece mantendo todo o controle.

A violência está enraizada na história de nosso País desde a


colonização. E até o momento não houve medidas bastante suficientes por parte do
poder público para modificar esta situação. (SOUSA, 2010).

“O verdadeiro comportamento violento só ocorre em seres humanos


que convivem de forma desequilibrada ou em animais sob indução ou
adestramento.” (FREITAS FILHO, 1999, p. 30).

Evidente que é bem verdade que em sua origem e suas


manifestações, a violência é um fenômeno sócio histórico e acompanha toda a
experiência da humanidade. Conforme Minayo, (2007).

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3. A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E A VIOLÊNCIA CONTRA O
IDOSO

Em meados da década de 1970, no Brasil, incentivado pelo aumento


do número de idosos na população, o enleio social do idoso tomou proporções
jamais imaginadas por essa classe anteriormente esquecida, ensejando uma
transformação sociocultural na visão da velhice e no amparo aos direitos do idoso,
inclusive e através da participação política dos próprios idosos na luta por seus
direitos e pela criação de legislação em prol do idoso.
Dentro deste panorama do grau de envelhecimento que o país
enfrentou e do crescente aumento do número de idosos e da falta de estrutura
familiar, social e governamental de amparo a pessoa idosa, se fez necessária a
implantação de novas políticas públicas. Essa nova percepção do processo de
envelhecimento e suas consequências foi materializada através da criação e
efetivação de dispositivos legais no mundo inteiro.
As Nações Unidas, em 16 de dezembro de 1991, divulgaram a Carta
de Princípios das Nações Unidas para as Pessoas Idosas, reconhecendo as
dificuldades vividas pelo idoso tanto em países desenvolvidos quanto em
desenvolvimento, encorajando aos governos a implementação de princípios como a
independência, a participação, a assistência, a realização pessoal e a dignidade
dos idosos, nos seus programas nacionais em prol do idoso (ONU BRASIL, 2011).
No Brasil, a Constituição Federal de 1988, de forma generalizada
exprimiu no artigo 1º, inciso III, o fundamento da dignidade da pessoa humana. Em
seu artigo 3º, determina como objetivo fundamental da República a promoção do
bem de todos, sem preconceito ou discriminação em face da idade do cidadão.
Mais especificamente tratando sobre a proteção do idoso, preceituou em artigo 229
que os filhos maiores o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade, bem como o artigo 230 designa à família, à sociedade e ao Estado o
dever de amparar as pessoas idosas, confirmando sua participação na
comunidade, garantindo o direito à dignidade, ao bem-estar e à vida (BRASIL,
1988).
Em 1994, em meio a inúmeros debates e reinvindicações da
sociedade, dos quais participaram ativamente os idosos, a fim de normatizar o
direito do idosos, com o intuito de garantir a independência, a integração e a

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participação de fato do idoso na construção da cidadania, sobreveio a Lei de n°
8.842, de 4 de janeiro de 1994 estabelecendo a Política Nacional do Idoso, sendo
regulamentada pelo Decreto Federal n° 1.948, de 3 de Julho de 1996.
Referenciados pelas diretrizes internacionais, como o Plano de Ação
Internacional para o Envelhecimento criado em Madri em 2002, várias instituições
governamentais, bem como movimentos civis conquistaram uma sucessão de
propostas de leis, decretos e medidas instituidoras de garantia e proteção aos
direitos do idoso, culminando na criação do CNDI (Conselho Nacional dos Direitos
do Idoso) em 2002 e a promulgação do Estatuto do Idoso em 2003 (SECRETARIA
DE DIREITOS HUMANOS, 2011).
Apesar do amparo legal decorrente da criação dessas normatizações
tanto nacionais como internacionais em prol do idoso, a violência contra a pessoa
idosa, infelizmente, se apresenta em índices elevadíssimos em nossa sociedade,
encontrando dificuldade na sua real efetividade quanto ao problema da
identificação do agressor, como da proteção do idoso em situação de risco e
também da punição dos culpados.
O Estatuto do Idoso trouxe em seu artigo 19, §1, a definição da
violência contra o idoso, a aduzindo-a como qualquer ação ou omissão praticada
em local público ou privado que cause morte, dano ou sofrimento físico ou
psicológico ao idoso, revolucionando as políticas de combate a violência bem como
especificando condutas criminosas contra o idoso e as suas punições (BRASIL,
2003)
Segundo Minayo (2004, p.13), violência é um conceito referente aos
processos e às relações sociais interpessoais, de grupos, de classes, de gênero, ou
objetivadas em instituições, quando empregam diferentes formas, métodos ou
meios de aniquilamento de outrem ou de sua coação direta ou indireta, causando-
lhes danos físicos, mentais e morais.
No que se refere às formas de violência, é essencial assimilar que a
violência pode se apresentar através de forma estrutural, relativa a precariedade
das condições sociais e consequente a situação de indigência sofrida pela
população, através da relação interpessoal quanto a forma de comunicação e de
interação, e também devese considerar a violência institucional empregada nas
instituições públicas e privadas responsáveis pela aplicação das políticas sociais do
Estado e pela prestação de serviço digno ao idoso (MINAYO, 2004).

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A autora ainda institui algumas categorias e tipologias no intuito de
indicar as formas de violência mais comuns exercidas contra o idoso:
 Abuso físico: o uso da força física para coagir os idosos, resultando
em dor, incapacidade ou morte.
 Abuso psicológico: despertar aflição ou sofrimento emocional no
idoso.
 Abuso sexual: Obtenção não consensual de relação sexual ou outras
práticas sexuais.
 Abandono: deserção dos responsáveis governamentais,
institucionais ou familiares de assistirem o idoso nas suas necessidades.
 Negligência: renegar ou omitir-se a cuidar dos idoso conforme as
suas necessidades.
 Abuso financeiro e econômico: utilização imprópria ou ilegal dos
bens ou dos recursos financeiros do idoso.
 Autonegligência: compreendida como a conduta da pessoa idosa
que ameaça sua própria saúde ou segurança.
Segundo a Secretaria de Direitos Humanos (SDH)2 de 2011 até o 1º
trimestre de 2014, o Disque-100 da SDH/PR registrou 77.059 denúncias de
violações de direitos humanos contra pessoas idosas, dentre elas o abandono, os
maus tratos, abuso econômico e a negligência.
O número de denúncias de violência contra a pessoa idosa cresceu
65,7% em 2013. Foram 38.976, contra 23.523 em 2012, e maioria avassaladora
dos suspeitos denunciados têm parentesco direto com a vítima. São familiares da
vítima como irmãos, netos, primos, mulheres ou maridos. Mas a maioria dos
agressores é constituída pelos próprios filhos, entre 71.358 suspeitos de agressão
mencionados nas denúncias, os filhos foram apontados como agressores em 36,6
mil vezes, ou 51,5% do total. Os netos estão entre os responsáveis por 5,9 mil
casos, ou 8,25% (SÁ, 2014).
É interessante perceber, diante desta estatística, a consequência da
transformação social vivenciada pelo cidadão brasileiro frente ao envelhecimento
populacional que vem ocorrendo no Brasil. Como foi visto anteriormente, este
fenômeno de envelhecimento, iniciado na Europa em meio aos avanços médicos e
sociais, e hoje se alastrando aqui, sem a devida evolução social no que tange a

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melhoria das condições de vida e da distribuição de renda, impõe ao idoso
brasileiro o convívio entre gerações em meio a pobreza e a falta de estrutura,
contribuindo indubitavelmente para geração de um ambiente propício a violência, e
essa falta de estrutura ultrapassa as paredes do lar do idoso, a precariedade das
condições socioeconômicas providas pelo Estado, bem como a ausência de
políticas públicas eficazes colaboram para a construção da violência.
A predominância dos casos em âmbito familiar reflete de fato o grau
de proximidade do idoso com o seu agressor, o ataque acontece na própria casa do
idoso, além de relatar outro fator de suma importância para análise das causas de
violência: a dependência da renda do idoso para mantença da família. Hoje a
população idosa sustenta muitas famílias através da cobertura previdenciária, e em
muitos casos, quando aumenta a gravidade das suas limitações, o idoso sofre a
violência financeira, podendo ser associada a violência física e psicológica dentro
do ambiente doméstico.
De acordo com Faleiros (2007 apud FALCÃO, 2010, p. 153), nas
relações interpessoais, como na violência intrafamiliar e doméstica, existe ao
mesmo tempo uma cumplicidade e um medo que se impõe pelo autoritarismo do
agressor ou pelo medo e simbolismo imaginário de uma confiança entre vítima e
agressor. A denúncia ou a revelação da violência provocaria o rompimento. A
violência intrafamiliar e doméstica tem sido pouco denunciada, no contexto do
segredo ou do conluio familiar, vinculado à honra, à cumplicidade, à confiança entre
vítima e agressor e ao provimento da família, visto que o agressor é próximo à
vítima.
Diante da transformação social e cultural enfrentada pela população
desde a Revolução Industrial, com a incorporação da mulher ao mercado de
trabalho e em face da pobreza extrema e consequente necessidade que todo
participante hábil da família trabalhe, pode-se identificar à falta de disponibilidade
das famílias para cuidar dos idosos, contribuindo para casos de violência por meio
da negligência
A negligência, segundo os dados da SDH, consistiu em 75% do total,
foram 29,4 mil registros, sendo comum a falta de amparo e responsabilização,
posteriormente seguida pela negligência em alimentação e limpeza, em higiene e
em assistência à saúde. O que também é causa de preocupação é o crescente
número de casos de autonegligência, onde idosos buscam isolamento para não

14
causar incômodo aos seus relativos, havendo 197 denúncias de autonegligência
em 2013, 151 em 2012 e 40 em 2011. Seguem o ranking de violência contra
idosos, nesta ordem, a psicológica (citada 21.832 vezes, ou 56% dos casos), o
abuso financeiro (16.796 vezes, 43% dos casos) e a violência física (10.803,
27,72%) (SÁ, 2014).
Esses dados apresentam as pesquisas e estatísticas dos casos que
são denunciados, infelizmente, talvez não reflitam claramente a real situação de
violência contra o idoso enfrentada pela população brasileira. O idoso sofre
violência dentro de sua própria casa, onde os seus familiares, supostos cuidadores,
são os reais autores da violência, o idoso sofre violência dentro das instituições que
supostamente deveriam prover cuidado e acolhimento na fragilidade da velhice, o
idoso sofre violência no exercício da sua cidadania, refletida na falta de estrutura
social e política diante das suas limitações. Diante dessa realidade se faz urgente a
transformação cultural, social e política no sentido de enxergar a velhice com um
olhar de aceitação, assegurando o direito da pessoa idosa de viver dignamente,
sem violência, participando igualitariamente da vida social.

15
4. A PROTEÇÃO SOCIAL DA PESSOA IDOSA

Os dados trazidos pelo IBGE denotam que o envelhecimento


populacional não é questão adstrita ao nosso país, mas uma tendência mundial.
Pode-se afirmar que a população mundial está envelhecendo gradativamente, o
que traz inúmeras preocupações com relação à população de idosos
(CASTANHEL, 2011, p.19).
Segundo a Secretaria Especial de Direitos Humanos – SEDH, esse
dado é altamente relevante porquanto a mudança na distribuição etária de um país
altera o perfil das políticas sociais, exigindo estratégias e implementação de
benefícios, serviços, programas e projetos relacionados à promoção dos direitos
humanos dos idosos, notadamente quando se tem em vista que significativa
parcela desse segmento encontra-se em situação de abandono ou sendo vítima de
maus-tratos praticados na maioria das vezes pelos seus próprios familiares.
(BRASIL, 2009-A)
De acordo com D‟Urso (2009), “no Brasil, os idosos ainda são vítimas
em decorrência, principalmente, de sua fragilidade social, cultural e política. A
degradação do idoso faz parte da ideologia que rege a nossa sociedade, que
inferioriza aquele que chamamos de improdutivos.”
Apesar de existirem leis específicas que asseguram os direitos
concernentes ao idoso, sabe-se que o tratamento que lhe é destinado está muito
longe do que poderíamos chamar de um envelhecimento digno, eis que a pessoa
idosa vem sendo vítima dos mais diversos tipos de violência (CASTANHEL, 2011,
p.17).
Paschoal (2007, p. 14) defende o fato de que “Pessoas idosas não
querem mais do que as outras: desejam equidade, um direito humano. Querem um
tratamento digno, independentemente de sexo, raça, origem étnica, deficiência,
situação econômica.”
O Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), em seu artigo 1º, define
pessoa idosa como aquela com “idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos”.
Referida Lei preceitua, ainda, em seu artigo 2º que: “O idoso goza de todos os
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
integral de que trata esta Lei” (BRASIL, 2010-C).
Segundo Pontes (2008), é objetivo do Estatuto conferir proteção

16
integral ao idoso. Desta maneira, em seu segundo artigo, o mesmo já demonstra a
sua finalidade ao visar que estas pessoas, já tão discriminadas pela sociedade,
quando não pela própria família, tenham os seus direitos assegurados e
resguardados.
Face à nova situação mundial, caracterizada pelo aumento da
expectativa de vida e, via de consequência, da população idosa, torna-se
necessário o esclarecimento dos seus direitos, fazendo com que esta classe
populacional passe a ser respeitada e valorizada por toda a sociedade (RITT, 2008,
p. 51).
Um dos principais sistemas de garantias em relação à proteção dos
direitos da pessoa idosa é o Estatuto do Idoso, elaborado pela Lei nº 10.741, de 1º
de outubro de 2003, o qual, segundo Stefano e Rodrigues (2008, p. 257), lhe trouxe
direitos que garantem uma vida digna, estabelecendo, em seu artigo 10, § 3º, ser
“dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”
(BRASIL, 2010-C).
Segundo Ritt (2008), não pode ser ignorado que a conquista dos
direitos dos idosos é resultado do reconhecimento da centralidade dos direitos
humanos no Brasil, ocorrido a partir da vigência da Constituição Federal de 1988,
cuja elaboração foi precedida por intenso debate no qual houve a participação ativa
da sociedade civil.
Nesse contexto, merece destaque o artigo 229, o qual estabelece a
responsabilidade mútua entre pais e filhos ao dispor que: “os pais têm o dever de
assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar
e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade” (BRASIL, 2010-A). Por sua
vez, em seu artigo 230, atribui à família, à sociedade e ao Estado o dever de
assegurar à pessoa idosa participação na comunidade, defendendo sua dignidade
e bem-estar, bem como garantindo o direito à vida.
Sobre o tema, Ritt (2008, p. 129) declara que a família possui como
função constitucional dentre outras, oferecer segurança aos seus integrantes,
garantindo seu espaço de inserção, onde é reconhecido, respeitado e aprovado.
Essas relações dentro da família é que devem ser desenvolvidas e mantidas por
todos os seus membros.
A proteção ao idoso tem, como princípio fundamental, o resguardo da

17
dignidade humana, conforme o previsto no artigo 1º, III, da Constituição Federal de
1988. Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos: [...] III - a dignidade da pessoa humana; (BRASIL,
2010-A)
Portanto, tanto a sociedade como o Estado devem total atenção ao
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, visando a efetivar os direitos humanos
e fundamentais concernentes à proteção do idoso, fazendo com que ele não seja
excluído da sociedade, garantindo-lhe acesso irrestrito às redes de proteção social
(CASTANHEL, 2011, p.19).

4.1 A pessoa idosa na política de proteção social

De acordo com D‟Urso (2009), devido ao envelhecimento


populacional de forma mais abrangente, a violência doméstica contra o idoso vem
se intensificando. Nesse sentido, “o País precisa, urgentemente, estabelecer
políticas públicas voltadas a essa faixa etária, visando combater o abandono e
maus-tratos, e até deficiências estruturais e urbanísticas.”
Devido a esse fator de extrema relevância social, o Governo Federal
vem criando mecanismos que visam prevenir os mais diversos tipos de violência,
bem como fazer com que este eixo populacional tenha uma vida digna e respeito
por parte da sociedade (CASTANHEL, 2011, p.19).
Segundo Julião (2009), cumpre ao Estado-Governo implementar as
políticas públicas necessárias à concretização dos direitos dos cidadãos, enquanto
ao Ministério Público cabe provocar os responsáveis, judicial ou extrajudicialmente,
em caso de violação dos direitos sociais, por ausência ou ineficácia de políticas
públicas.
Conforme destaca Quintanilha (2002), o órgão do Governo Federal
responsável pela implementação de políticas destinadas ao atendimento dos idosos
é a Secretaria Nacional de Assistência Social, subordinada ao Ministério da
Previdência e Assistência Social. Uma de suas várias atribuições é apoiar técnica e
financeiramente estados, municípios e instituições no desenvolvimento de ações de
proteção, promoção e inclusão social das pessoas idosas e de suas famílias.
Apesar do grande número de dispositivos legais e normativos

18
elaborados para coibir a violência contra os idosos, seus direitos continuam a
serem violados. Com o objetivo de prevenir e remediar esta situação é que políticas
públicas são elaboradas, tendo como finalidade o desenvolvimento de mecanismos
de proteção, prevenção e atendimento ao idoso em situação de vulnerabilidade
(CASTANHEL, 2011, p.20).
De início, destaca-se a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, nº
8.625, de 12 de fevereiro de 1993, a qual atribui ao Ministério Público, além da
proteção aos “interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e
homogêneos” (art. 25, IV, “a”), o exercício da “fiscalização dos estabelecimentos
prisionais e dos que abriguem idosos, menores, incapazes ou pessoas portadoras
de deficiência” (BRASIL, 2010-D).
Na verdade, os direitos inerentes ao idoso foram contemplados pela
primeira vez na aprovação da Política Nacional do Idoso, instituída pela Lei nº
8.842, de 1994 e regulamentada pelo Decreto nº 1.948, de julho de 1996, pela qual
os maiores de 60 anos serão objeto de atenção especial do Estado (CASTANHEL,
2011, p.20).
Esta política tem as seguintes diretrizes norteadoras, [...] incentivar e
viabilizar formas alternativas de cooperação intergeracional; atuar junto às
organizações da sociedade civil representativas dos interesses dos idosos com
vistas à formulação, implementação e avaliação das políticas, planos e projetos;
priorizar o atendimento dos idosos em condição de vulnerabilidade por suas
próprias famílias em detrimento ao atendimento asilar; promover a capacitação e
reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria; priorizar o atendimento
do idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços; e fomentar a
discussão e o desenvolvimento de estudos referentes à questão do envelhecimento
(PASINATO, 2004, p. 269).
Em 1º de outubro de 2003, a Lei nº 10.741 instituiu o Estatuto do
Idoso, o qual, segundo Barboza (2008, p. 70), “ao regular os direitos assegurados à
pessoa idosa, estabeleceu um elenco de prioridades e de direitos fundamentais.”
Segundo Ritt (2008), o Estatuto do Idoso surge como um
microssistema legal muito avançado e cujos direitos nele inseridos devem ser
efetivados por políticas públicas, propostas e executadas pelos administradores
públicos, principalmente pelo Município, ente estatal, pois faz parte do interesse
local a proteção dessa camada da população.

19
O primeiro passo para incrementar a cidadania da população na
terceira idade é divulgar e informar seus direitos assegurados em lei. Também é
fundamental que o Poder Público fiscalize a aplicação do Estatuto do Idoso. Temos
registrado por parte dos entes públicos um descaso preocupante no amparo à
pessoa idosa. Mesmo autoridades que deveriam aplicá-lo não o fazem, tornando-se
inviável a efetivação do direito do idoso (D’ URSO, 2009, p.29).
O Poder Público não consegue resolver os problemas relacionados à
questão do envelhecimento populacional, entre outros. Assim, entre os dias 23 e 26
de maio de 2006, celebrou-se a 1ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa
Idosa, a qual versava sobre o seguinte tema: “Construindo a Rede Nacional de
Proteção e Defesa da Pessoa Idosa – Renadi” (BRASIL, 2010-F). A referida
conferência teve a participação tanto da família como dos entes federais na
implementação efetiva e eficiente das ações e projetos relacionados à pessoa
idosa.
Em 8 de abril de 2002, realizou-se a II Assembleia Mundial sobre o
Envelhecimento, celebrada em Madri, Espanha, na qual os países signatários da
Organização das Nações Unidas (ONU) elaboraram o Plano de Ação Internacional
para o Envelhecimento, com o objetivo de analisar as consequências do
envelhecimento global. No referido Plano de Ação adotaram-se medidas de
aplicação em nível nacional e internacional, com três direções prioritárias: idosos e
desenvolvimento, promoção da saúde e bem-estar na velhice, e a criação de um
ambiente propício e favorável a todos. (BRASIL, 2010-G)
Em 2006, elaborou-se o Plano de Ação para o Enfrentamento da
Violência Contra a Pessoa Idosa, resultante do esforço conjunto do Governo
Federal, Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos (CNDI) e dos movimentos
sociais, assinalando que políticas de inclusão dirigidas às pessoas idosas são de
caráter de extrema urgência não somente no Brasil, mas nos demais países, face
ao acelerado processo de envelhecimento populacional e ao índice cada vez maior
de expectativa de vida (BRASIL, 2010-B). O presente plano tem por objetivo:
“Promover ações que levem ao cumprimento do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741,
de 1º de outubro de 2003), que tratem do enfrentamento da exclusão social e de
todas as formas de violência contra esse grupo social” (BRASIL, 2010-B).
Esse plano visa também o enfrentamento do “processo de exclusão
social e o fenômeno da violência social”, termos empregados no referido

20
documento como 'processos de não reconhecimento do idoso como sujeito de
direitos' e 'as diferentes formas físicas, psicológicas, simbólicas e institucionais de
uso de coerção, da força e da produção de danos contra a pessoa idosa. Violência,
maus-tratos, abusos contra os idosos são noções que dizem respeito a processos e
a relações sociais interpessoais, de grupos, de classes, de gênero, ou ainda
institucionais, que causem danos físicos, mentais e morais à pessoa. (BRASIL,
2010-B)
O Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa
Idosa é um instrumento de extrema importância na concretização das políticas
públicas de atenção à população idosa, tendo em vista que traz para o Estado a
responsabilidade de implantar ações efetivas, ensejando mudanças no combate à
violência contra essas pessoas (BERZINS, 2010).
Em 2007, com o objetivo avaliar o seguimento do Plano de Madri,
realizou-se a II Conferência Regional América Latina e Caribe sobre o
Envelhecimento.
Recentemente, mais precisamente no dia 15 de junho de 2010,
ocorreu, em Brasília, o lançamento da Campanha Nacional de Conscientização
sobre a Violência Contra a Pessoa Idosa, a qual conta com o selo e carimbo dos
Correios, e tem como slogan: “As pessoas idosas têm o direito de ir e vir com
segurança e tranquilidade. Respeitar esse direito é um ato de cidadania”. O foco da
presente campanha são os meios de transportes coletivos (ônibus) urbanos e
semiurbanos, nos quais cartazes e folhetos informativos serão fixados e
distribuídos aos motoristas e cobradores em todas as capitais e municípios com
mais de 500 mil habitantes (BRASIL, 2010-H).
Para José Luiz Telles, presidente do Conselho Nacional dos Direitos
dos Idosos, “ir e vir é um direito de cidadania, e os idosos têm esses direitos
assegurados” estatutariamente (BRASIL, 2010-H).
Nada mais justo que se efetivem os direitos do idoso previstos na
Constituição Federal, no Estatuto do Idoso, no Plano de Ação para Enfrentamento
da Violência contra a Pessoa Idosa e nas demais políticas públicas criadas para tal
(CASTANHEL, 2011, p.23).

21
5.A PROTEÇÃO SOCIAL DA PESSOA IDOSA FRENTE ÀS DIVERSAS
MANIFESTAÇÕES DE VIOLÊNCIA

De acordo com Castanhel (2011), a Carta Magna de 1988 foi a


primeira Constituição a reconhecer a pessoa idosa como sujeito de direitos e a
tratá-la com esta nomenclatura. Até então, empregava-se o termo “velho” para
designar essas pessoas.
A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 16 de
julho de 1934, foi a primeira a tratar da “velhice”, mas restringia-se apenas à
“Ordem Econômica Social”, dispondo que a legislação do trabalho deveria
observar, além de outros preceitos, a “proibição de diferença de salário para um
mesmo trabalho, por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil” e, ainda,
a “[...] instituição de previdência, mediante contribuição igual da União, do
empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da maternidade e
nos casos de acidentes de trabalho ou de morte” (BRASIL [Constituição 1934],
2010).
Logo após, a Carta Constitucional de 1937, em seu artigo 137, alínea
“m”, instituiu os “seguros de velhice, de invalidez, de vida e para os casos de
acidentes do trabalho”, tendo a Constituição de 1946 tratado apenas da
previdência, mediante contribuição da União, nos casos de velhice (BRASIL
[Constituição 1937], 2010).
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1967 assegurou
os mesmos direitos definidos na Constituição de 1946. Porém, além de tratar da
questão relativa à contribuição previdenciária nos casos de velhice, tratou também
da aposentadoria compulsória e facultativa (BRASIL [Constituição 1967], 2010).
De acordo com Pontes (2008), a Constituição Federal de 1988,
conhecida como Constituição cidadã, tratou da velhice não apenas nas normas
referentes à previdência social, como fizeram as outras Constituições, mas sim
como um desdobramento do direito à vida que precisa ser vivida com dignidade,
considerando o idoso merecedor de uma proteção especial.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, como acima
salientado, a pessoa idosa passou a ter o necessário amparo, pois a Carta Magna
conferiu status de princípio fundamental à dignidade da pessoa humana, em seu
artigo 1º, cuja redação dispõe que a República Federativa do Brasil tem como

22
fundamentos, dentre outros, a cidadania e a dignidade da pessoa humana (RITT,
2009, p. 102).
Em relação à proteção constitucional inerente à pessoa idosa,
destacam-se os dizeres de Mendes, Coelho e Branco (2008, p. 1.373), o cuidado
com os idosos é uma questão social da maior importância, até porque, em
decorrência do aumento da sua expectativa de vida e da redução das taxas de
natalidade, os componentes da terceira idade passaram a constituir expressiva
parcela da população, demandando prestações que se refletem diretamente na
relação receita/despesa da seguridade social, para cujo custeio, na condição de
inativos, eles pouco ou nada contribuem.
Em seu artigo 3º, inciso IV, a Constituição Federal de 1988 ressalta
que um dos objetivos fundamentais do nosso Estado é o de “promover o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação” (BRASIL, 2010-A).
No tocante ao dever de assistência, a Carta Magna, em seu artigo
203, inciso I, dispõe que a assistência social será prestada a quem dela precisar,
independentemente de contribuição à seguridade social, colocando a proteção à
velhice como um de seus objetivos. Referido artigo traz, ainda, em seu inciso V, a
garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa idosa que não tiver
condições de prover o seu sustento (BRASIL, 2010-A).
Desse modo, tem-se que o atual texto constitucional consagrou
alguns dos direitos inerentes às necessidades da pessoa idosa. Como regra geral,
incumbiu à família, à sociedade e ao Estado o dever de amparar as pessoas
idosas, devendo defender-lhes a dignidade e o bem-estar e garantir-lhes o direito à
vida, conforme dispõe o art. 230 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2010-
A).
Tal previsão não poderia ser diferente, tendo em vista que, em seu
artigo 227, o constituinte atribuiu à família, base da sociedade, especial proteção do
Estado (BRASIL, 2010-A).
Segundo Pontes (2008), a entidade familiar, que é considerada a
base da sociedade, tem o dever de coibir a violência, o abandono e a discriminação
no âmbito de suas relações. Este núcleo primordial é o primeiro conceito de
sociedade que o ser humano agrega, sendo, portanto, o alicerce moral e espiritual
de todas as pessoas. A família é a maior conhecedora das necessidades, das

23
dificuldades e dos anseios dos seus membros, devendo, por isso, ser a primeira a
protegê-los.
Com efeito, a Constituição Federal de 1988 demonstrou preocupação
com os idosos em alguns dos seus artigos, abstendo-se, porém, de definir quem
realmente se inclui nessa categoria (CASTANHEL, 2011, p. 27).
Em nível infraconstitucional, cabe destacar a Lei nº 8.742/93 (Lei
Orgânica da Assistência Social – LOAS), a qual determina que o amparo à velhice
é um dos objetivos da assistência social, assegurando-lhes o pagamento do
benefício de prestação continuada, que é a “garantia de 1 (um) salário mínimo
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou
mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem
de tê-la provida por sua família”, conforme previsto no artigo 20, caput (BRASIL,
2010).
Destaca-se, também, no âmbito à proteção da pessoa idosa, a Lei nº
8.842, de 04 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso.
Referido diploma, em seu artigo 2º, considera pessoa idosa aquela com mais de 60
(sessenta) anos. O artigo 1º assegurou aos idosos os direitos sociais, criando
condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na
sociedade (BRASIL, 2010).
Assim como a Constituição Federal, a Política Nacional do Idoso
atribuiu à família, à sociedade e ao Estado o dever de amparar o idoso, conforme
seu art. 3º, inciso I, que assim dispõe:
Art. 3°. A política nacional do idoso reger-se-á pelos seguintes
princípios: I - a família, a sociedade e o Estado têm o dever de
assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua
participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar
e o direito à vida; (BRASIL, 2010)
Acompanhando o espírito de proteção e inclusão social da
Constituição/88, o governo federal editou a Lei Orgânica da Assistência Social –
LOAS (Lei 8.742, de 07.12.1993, estatuto que consolida o direito social da
assistência no contexto da seguridade social. No que toca especificamente à
questão do idoso, a lei federal prevê benefícios, serviços, programas e projetos
voltados para a terceira idade, sendo de corresponsabilidade das três esferas do
governo. No ano seguinte, foi aprovada a Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/94),

24
que tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para
promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade (PERES,
2007, p.31).
Por derradeiro, após alguns anos tramitando no Congresso, foi
aprovado, em outubro de 2003, o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741), destinado a
regular os direitos dos brasileiros com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos,
instituindo, inclusive, medidas para protegê-los no âmbito familiar, conforme será
demonstrado adiante (CASTANHEL, 2011, p.28).

5.1 O Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) como um sistema de garantias

O Estatuto do Idoso foi instituído pela Lei nº 10.741, de 1º de outubro


de 2003, com o objetivo de conferir proteção integral à pessoa idosa, ou seja,
àquela com idade igual ou superior a sessenta anos. Porém, há de se ressaltar que
alguns direitos só são concedidos às pessoas que contam com 65 (sessenta e
cinco) anos ou mais, como é o caso da gratuidade no transporte coletivo e do
benefício da prestação continuada (CASTANHEL, 2011, p.31)
Referido instrumento de proteção divide-se em sete títulos –
Disposições Preliminares, Dos Direitos Fundamentais, Das Medidas de Proteção,
Da Política de Atendimento ao Idoso, do Acesso à Justiça, dos Crimes e das
Disposições Finais e Transitórias – totalizando 118 (cento e dezoito) artigos
(CASTANHEL, 2011, p.31).
O Estatuto do Idoso visa consolidar alguns direitos já existentes e
assegurar outros às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos,
estabelecendo que o idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sendo-lhes asseguradas todas as oportunidades e facilidades
para a preservação de sua saúde física e mental e o seu aperfeiçoamento moral,
intelectual, espiritual e social, em condição de liberdade e dignidade, definindo,
ainda, medidas de proteção, obrigações de entidades assistenciais, estipulando
penalidades em caso de desrespeito aos seus direitos, entre outros assuntos
(PONTES, 2008, p.34).
Assim, à pessoa idosa asseguram-se todos os direitos conferidos às
demais pessoas, quais sejam, o direito à vida, à liberdade, à saúde, à educação, ao
trabalho, dentre outros. Desta forma, destaca-se a primeira parte do artigo 2º do

25
Estatuto: “O idoso goza de todos os direitos fundamentais à pessoa humana, sem
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei [...]” (BRASIL, 2010-C).
Tal previsão não poderia ser diferente, pois, “sendo pessoa, a ele são
dirigidos todos os direitos fundamentais assegurados a todas as outras,
independentemente de qualquer condição” (PONTES, 2008, p. 39).
Já o caput do artigo 3º, incumbe à família, à comunidade, à sociedade
e ao Poder Público o dever de proteção às pessoas idosas. Ao tratar do referido
artigo, Pontes (2008, p. 47) salienta que: “[...] ao incumbir todos estes entes sociais
da referida proteção, visa a norma evitar que o idoso fique em situação de
desamparo, sendo todos solidariamente responsáveis por assegurar a sua
dignidade como pessoa humana.”
O Estatuto do Idoso incluiu no rol dos responsáveis pela proteção do
idoso a comunidade, tendo em vista que a Constituição Federal, em seu artigo 230,
impõe à família, à sociedade e ao Estado o dever de amparar a pessoa idosa
(CASTANHEL, 2011, p.32).
Art. 3º. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do
Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar
e comunitária. (BRASIL, 2010-C)
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua
dignidade e garantindo-lhes o direito à vida (BRASIL, 2010-A).
O Estatuto do Idoso, em conformidade com a Carta Magna e com a
Política Nacional do Idoso, dispõe em seu art. 10, § 3º, que, é obrigação do Estado
e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade,
como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais,
garantidos na Constituição e nas leis. É dever de todos zelar pela dignidade do
idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
aterrorizante, vexatório ou constrangedor. (BRASIL, 2010-C)
Conclui-se, pois, que o idoso dispõe de um sistema legal capaz de
assegurar a aplicação de medidas de proteção inerentes à sua condição social
sempre que tiver seus direitos ameaçados ou violados (RODRIGUES, 2006, p.
401).

26
5.2 A família na proteção ao idoso

A família no Brasil sempre foi chamada a prestar a proteção social,


principalmente às crianças e idosos. Segundo os autores Carvalho (2005) e Pereira
(2004) já demonstram que, atualmente, há uma tendência a adotar a família como
público-alvo das políticas sociais. A Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu
1994 como o Ano Internacional da Família, destacando que os países precisam
buscar e pensar políticas que envolvam a família na proteção social ao idoso.
De acordo com Campos e Mioto (2003), o Brasil teve também uma
forte orientação relativa ao direcionamento à família no sentido do estabelecimento
de padrões ligados ao seu papel na reprodução social, entendidas aí diretrizes
quanto aos cuidados com a maternidade, educação e criação dos filhos, o trabalho
feminino e a sua contribuição geral à ordem moral e social. Esta inspiração do
Estatuto da Família de 1939. Assume-se uma verdadeira política, com proposição
de regras para o casamento, incentivos financeiros, subsídios para aquisição da
casa própria e outros.
Ainda segundo as autoras a Constituição Federal de 1988, o Estatuto
do Idoso e a Política Nacional do Idoso centralizam a família como o lócus
privilegiado da garantia da proteção social ao idoso. A respeito das diretrizes
básicas da Política Nacional do Idoso afirmam, entre suas noves diretrizes básicas,
a prioridade para a família enquanto instituição mais capaz de produzir o bem-estar
do idoso, já que a internação em asilos ou hospitais só deve ocorrer como última
alternativa. Esta diretriz está de acordo com outras, relativas à importância da
“integração social” do idoso à sociedade, sua convivência com várias gerações e
participação em associações, evitando o isolamento.
Nos tempos atuais, tanto a Política de Assistência Social, através da
estruturação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e da implementação
dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), quanto a política de
saúde, através do Programa Saúde da Família (PSF), focalizam a família como
elemento central na proteção social. Ainda no que concerne à política de
Assistência Social, em 1993, com a criação da Lei Orgânica da Assistência Social –
LOAS, é estabelecido o Benefício de Prestação Continuada, que garante um salário
mínimo às pessoas com deficiência e a idosos com até um quarto de salário
mínimo de renda familiar (MULLER, 2008, p.41).

27
De acordo com Gomes (2001), este benefício se torna um benefício
familiar e atribui centralidade à família na manutenção da proteção social aos
segmentos, uma vez que considera a renda familiar e determina que o benefício só
pode ser concedido a um membro por família.
Nos níveis de proteção social básica e especial ao idoso, no que
concerne à Assistência Social, também existem políticas de apoio financeiro federal
a serviços, programas e projetos executados pelos governos dos Estados, dos
municípios e do Distrito Federal, bem como por entidades de assistência social,
tendo em vista o atendimento de idosos pobres a partir dos 60 anos de idade,
resultando na implantação dos Centros de Referência da Assistência Social (Casa
das Famílias) (MULLER, 2008, p.41).
A Constituição Federal de 1988 espelha a responsabilidade familiar e
a assistência mútua entre pais e filhos e a obrigação do Estado em manter
programas de amparo ao idoso em seu Capítulo VII, nos artigos 229 e 230. O
Artigo 229, versando sobre a criança, o adolescente e o idoso, diz: “Os pais têm o
dever de assistir, criar e educar os filhos menores e os filhos maiores têm o dever
de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.” Portanto, o
artigo 229 atribui aos filhos a obrigação de cuidar dos pais na velhice, em situação
de doença ou carência, mas também estabelece que os pais sejam responsáveis
pela criação dos filhos. No Artigo 230 define que o cuidado com os idosos é dever
conjunto do Estado da sociedade e da família. No parágrafo primeiro, afirma-se a
preferência de programas para os idosos feitos em suas casas, evitando a
institucionalização (CAMPOS, MIOTO, 2003)
Apesar dos avanços que a Constituição Federal de 1988 trouxe em
relação ao papel do Estado na proteção social ao idoso, “a família continuou sendo
a principal responsável pelo cuidado relativo à população idosa, podendo ser
criminalizada caso não o faça” (PASINATO 2004).
Percebe-se que, apesar de incipientes, as políticas públicas
específicas são voltadas ao idoso cuja família não conseguiu arcar com os
cuidados, só neste momento é que o Estado passa a intervir. Ao mesmo tempo,
como se pode perceber, a família vem ocupando um lugar privilegiado e central na
proteção social, principalmente no que se refere ao idoso, pois, de acordo com
Debert (1999 apud LEME, SILVA, 2002), “a população idosa é proveniente de uma
época com marcados valores culturais, nos quais a família ampliada exercia

28
importante papel”; entretanto, tendo em vista as atuais modificações na estrutura e
nas relações familiares, a família ostentou o papel delegado pelo Estado e pela
sociedade sem ter condições de assumir essa obrigação. Ou seja, as famílias estão
sendo cada vez mais solicitadas a cuidar de seus segmentos “vulneráveis”
Sendo assim, Saad (2004, p. 169) também, ressalta que as relações
de troca e a ajuda mútua entre pais e filhos são o principal fator que tem
assegurado, ao longo da história, a sobrevivência nas idades mais avançadas.
Nesse último século, no entanto, as funções familiares nos países mais
desenvolvidos foram sendo gradativamente substituídas pelo setor público,
reduzindo o papel central da família como suporte básico aos idosos. Esse não é o
caso, porém, da maioria dos países menos desenvolvidos onde, devido às
deficiências do setor público, particularmente nas áreas de Saúde Pública e
Seguridade Social, a família (em especial os filhos adultos) continua representando
fonte primordial de assistência para parcela significativa da população idosa.
No decorrer das transformações nas políticas sociais voltadas para a
proteção social ao idoso, Peixoto (2004) coloca que a família sofreu igualmente
modificações, ocasionando a chamada “crise” da família16. Essas modificações
reflete-se na composição dos arranjos familiares e têm ocasionado problemas na
proteção social. Isto pode ser verificado pelo aumento da proporção das famílias
com idosos residindo e pela sua verticalização, ou seja, pela convivência de várias
gerações numa mesma residência, conforme referido anteriormente. Aliada às
transformações na família moderna, as avós reafirmam a importância da família
como um valor social e como a instância fundamental, na sociedade brasileira, para
a construção da identidade dos indivíduos.
Sendo assim, Barros (2004, p.20) diz: "A família apresenta-se [...]
como espaço onde se confrontam e se mesclam valores que privilegiam o indivíduo
e aqueles que acentuam a importância do grupo social." Acrescenta ainda que “só
assim, podemos compreender como em determinadas situações a avó critica a filha
por não cumprir adequadamente papéis tradicionais de esposa e mãe, e como, em
outras, apoia firmemente os projetos profissionais das filhas com clara inflexão
individualista."
Diante do exposto, pode-se verificar que na sociedade atual, os
dispositivos legais admitem que os cuidados para com os idosos sejam de encargo
concomitante da família, da sociedade e do Estado; deste modo, retoma-se a

29
centralidade da família, com auxílio e suporte do Estado. A princípio, parece
razoável que o idoso seja alvo do cuidado prioritário pela família, uma vez que é ali
que se desenvolvem e exercem os vínculos básicos do indivíduo, criando certa
cultura, com seus códigos, regras e ritos próprios, enfim, um universo de
significados particulares que confere identidade ao sujeito. Entretanto, não se deve
ignorar que o espaço privado da família tem sido campo de inúmeras formas de
violência que afetam os membros mais frágeis, entre os quais estão os idosos
(FONSECA e GONÇALVES, 2003).

30
6. O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL EM RELAÇÃO A VIOLÊNCIA
CONTRA O IDOSO

As desigualdades que estão cada vez mais acentuadas fazem com


que as necessidades básicas dos cidadãos aumentem, e em decorrer de um
processo evolutivo, a violência se torne um fator de risco no meio das famílias em
situação de vulnerabilidade social.
A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) traz a prevenção e o
enfrentamento das desigualdades sociais, visando à centralidade nas famílias.
Assim, a PNAS dispõe da Proteção Social Básica e da Proteção Social Especial,
para atender as disparidades impostas na sociedade.
O Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) faz parte da
Proteção Social Básica caracterizado por ser antecipador, fazendo um trabalho
para reduzir os riscos sociais. É um serviço de baixa complexidade, e as ações têm
que ser direcionadas de forma proativa para que a família não chegue à proteção
de média complexidade. Este é um órgão público localizado nos territórios de maior
vulnerabilidade e risco social.
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS)
atua com famílias que já tiveram seus direitos violados, oferecendo apoio e
atendimento individualizado e especializado. As situações atendidas pelo CREAS
decorrem de violência e agressões no meio familiar, dentre outras demandas que
são identificadas pelos profissionais e encaminhadas à rede de apoio, se
necessário. O CREAS possui uma equipe interdisciplinar, com profissionais
capacitados para intervir nas diversas expressões da questão social, sendo os
cargos: Assistentes Social, Psicólogo, Orientador Social, Orientador Jurídico e
Coordenador.
De acordo com a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais
(2009, p.29) o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS)
objetiva com as ações da equipe interdisciplinar: garantir aos idosos o acesso aos
direitos socioassistenciais; reduzir e prevenir situações de isolamento social e de
abrigamento institucional; diminuir da sobrecarga dos cuidadores advinda da
prestação continuada de cuidados a pessoas com dependência; o fortalecimento da
convivência familiar e comunitária; a melhoria da qualidade de vida familiar; reduzir
os agravos decorrentes de situações violadoras de direitos e garantir a proteção

31
social e cuidados individuais e familiares voltados ao desenvolvimento de
autonomias.
O Serviço Social tem se destacado nos diversos campos de atuação
pela visão crítica e investigativa que possui, que permite ao profissional identificar
não somente aquilo que está posto, ou seja, a demanda que chega de imediato,
mas também criar uma proximidade com o usuário para que a raiz do problema
seja desvelada e, assim, o trabalho com a família seja total.
Sendo assim, segundo Yolanda Guerra (2009), cabe ressaltar que
requer, ainda, entender o serviço social como uma profissão especializada que, a
partir de conhecimentos teóricos e técnicos, valores e finalidades, sistematiza e
operacionaliza respostas ás necessidades sociais que lhe chegam como demandas
profissionais”.
Para tanto, é de suma importância à inserção da categoria profissional
nos CREAS, visto que o trabalho, se efetiva na direção da garantia dos direitos,
superando a situação de violência e a outras demandas que forem constatadas.
Os profissionais intervêm nas expressões da questão social, no caso,
a violência contra a pessoa idosa. Porém, a violência coloca-se como uma
expressão que advém de um processo de desigualdade da relação antagônica
formada pelo capitalismo.
Essa desigualdade forma um véu sobre o real, que é a demanda
sócioprofissional, na qual os profissionais têm que trabalhar no sentido de romper,
ou superar as questões relativas à violência doméstica e intrafamiliar.
Os profissionais do Serviço Social precisam promover intervenções
dignas para atendimento aos Idosos que como trabalhadores, durante muito tempo
ajudaram a construir o patrimônio brasileiro. Pesquisas mostram que aumentou o
número de idosos incapacitados funcionalmente e com saúde precária pelo motivo
da crescente desigualdade social nessa sociedade capitalista. Isso não mostra que
há carência em políticas sociais e sim que há carência de acesso a elas, seja pelos
custos com tratamento, equipamentos, recursos como medicamentos, entre outros
motivos.
Certamente, a política de atendimento ao Idoso, principalmente suas
prerrogativas descritas no Estatuto, necessitam da articulação entre o poder
federal, estadual e municipal, para que suas ações sejam concretizadas. Não
obstante, também é crucial e imprescindível o processo de conscientização da

32
humanidade, e esse processo é cultural e demorado, pois para que uma lei seja
aplicada ela precisa ser “naturalizada” em meio à convivência.
As legislações e políticas sociais que asseguram os direitos dos
idosos, bem como os Conselhos municipais, estaduais e federais existem, porém
precisam ser fortalecidos por meio de informação e implementação de ações. Há
necessidade de capacitação aos profissionais que atendem as demandas da
terceira idade e conscientização da população sobre a importância da valorização
da pessoa idosa e dos espaços que garantem qualidade de vida e promovem
autonomia e cidadania a estes que sofrem diversas formas de preconceito,
violência e isolamento.
Aos profissionais Assistentes Sociais, cabe conhecer os recursos e os
serviços que os municípios disponibilizam, compreendendo o contexto sociofamiliar
para que haja garantia dos direitos fundamentais. Quanto a área da saúde, em
especial, é preciso que se repense novas formas de projetos e programas que
ultrapassem o imediatismo, ou seja, as internações, mas que além disso reflitam
junto as famílias a importância de cuidados com o Idoso. É necessário o
fortalecimento das redes de atendimento para qualificação das intervenções de
inserção dos Idosos que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade
social.
O comprometimento dos assistentes sociais com o segmento da
terceira idade foi fundamental na luta pela cidadania e aceitação do Estatuto do
Idoso, um progresso na legislação brasileira, porém necessita-se, ainda, de sua
efetivação junto às famílias e à comunidade (SOUZA, 2003)
De acordo com Souza (2003), cabe ao Serviço Social, em sua função
educativa e política, trabalhar os direitos sociais do idoso, resgatar sua dignidade,
estimular consciência participativa do idoso objetivando sua integração com as
pessoas, trabalhando o idoso na sua particularidade e singularidade, levando em
consideração que ele é parcela de uma totalidade que é complexa e contraditória.
As pessoas da terceira idade necessitam sentir-se valorizadas, bem
como viver com dignidade, tranquilidade, recebendo a atenção e o carinho não
apenas de profissionais e da sociedade, mas principalmente da família, pois será
no seio familiar que o idoso irá ter melhores condições de vida.
Quanto maior for o conhecimento, esclarecimento e a discussão das
questões relacionadas com a violência, melhor será a prevenção, a identificação e

33
a atuação nas suas várias manifestações. Nenhuma sociedade, por mais ou menos
desenvolvida que seja, está imune a ocorrência da violência e maus-tratos contra
as pessoas idosas.
Os diversos abusos e os maus tratos contra as pessoas idosas
representam um grave problema. Infelizmente é um fenômeno pouco reconhecido e
denunciado. São graves as suas consequências, principalmente aquela que leva a
um não reconhecimento do abuso.
O Assistente Social é capaz de promover a autovalorização do idoso,
afim de que ele se sinta incluso na Sociedade. É um profissional preparado para
lidar com as políticas públicas e programas do governo para garantir e assegurar o
cumprimento das Leis estabelecidas no Estatuto do Idoso.
Se viver muito com dignidade é um direito de todo ser humano, já que
significa a própria garantia do direito à vida, o Estado precisa desenvolver e
disponibilizar as pessoas envelhecidas toda uma rede de serviços capaz de
assegurar a todas essas pessoas os seus direitos básicos, como, por exemplo,
saúde, transporte, lazer, ausência de violência tanto no espaço familiar como no
espaço público, conforme nos traz o Estatuto do Idoso.
A violência praticada contra os idosos em seus domicílios é uma
realidade grave e complexa, sendo urgente e necessário a criação de serviços que
atendam às necessidades dos idosos vítima de violência, ou seja, a criação de
centros para atendimento de vítimas que sejam acolhedores para prestar o serviço
necessário, e que efetivamente haja a punição dos agressores.
O Assistente Social deve intervir conscientizar e mediar às ações
sociais, com o objetivo de proporcionar o bem estar ao idoso. É direito da
população e do profissional de assistência social, exigir políticas sociais, ao Estado,
que garantam vida digna e cidadã aos idosos, onde possam desfrutar dos mesmos
direitos e deveres a que todos têm ao viver em comunidade.
O fato de ser idoso já representa uma situação de vulnerabilidade e
risco social, o que remete em demandas para o assistente social, como por
exemplo, a violência contra o idoso, a exclusão, discriminação, preconceito,
permeando o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.
O profissional em Serviço Social ao intervir na questão do idoso,
precisa compreender que este está inserido num contexto onde o Estado garante o
mínimo para o social, privando a favor dos interesses do capitalismo os direitos de

34
muitas pessoas, inclusive, os direitos de pessoas idosas.
Em se tratando do capitalismo, requer pensar num modelo econômico
explorador, dominador e alienador, onde o idoso é visto como uma pessoa inútil,
fraca, incapaz e que não serve mais para o lucro e sim somente para os gastos,
pois uma pessoa idosa se torna mais vulnerável a problemas de saúde, requerendo
maior intervenção do Estado no atendimento as necessidades desse sujeito.
Devemos esclarecer que, quando a família do idoso não cuida deste,
ela também precisa de cuidados, a ação do assistente social, nesta perspectiva,
deve ser realizada junto à essa família, à comunidade em que o idoso está inserido,
à sociedade para que ela entenda que a pessoa idosa tem suas limitações, enfim,
considerar todos os aspectos econômicos, políticos e sociais que norteiam a
questão do idoso.
Para esse profissional, é imprescindível conhecer de perto essa
realidade vivenciada pelas pessoas idosas e a representação social permite esse
conhecimento.
Com o aumento da longevidade, será necessário a intervenção do
Serviço Social através da elaboração e execução de políticas, programas e projetos
para o enfrentamento da questão da velhice, no sentido de promover um
envelhecimento digno e sustentável contemplativos dos direitos e das
necessidades dessas pessoas idosas e que contribuam, ainda, para romper com a
percepção principalmente das famílias e posteriormente com os mitos e
preconceitos enraizados na nossa sociedade.

35
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante desta pesquisa bibliográfica podemos concluir que, a dignidade


da pessoa humana é um princípio universal, que deve ser perseguido por todos os
Estados, e de todas as formas.
Existem grupos de pessoas que são mais vulneráveis à perda desse
direito, e um deles são os de idosos. As legislações internas de todos os Estados
devem estar atentas a esse fato, visto que nas últimas décadas o número de
pessoas com mais de 60 (sessenta) anos tem crescido, mas, na mesma proporção
cresce também o desrespeito, a violência e toda sorte de abusos contra elas.
O assistente social tem capacidade para fazer leitura da realidade,
compreender as determinações sócio históricas, ou, seja, é capaz de fazer
reflexões e intervenções baseadas em um referencial teórico que ultrapassa o
senso comum. Tem formação orientada pela dimensão investigativa que não se
contenta com o aparente e vai à procura do que está velado, em busca de solução,
portanto, possui uma intencionalidade baseada em um projeto societário que tem
como objetivo diminuir as desigualdades sociais e demais sequelas da questão
social. Conhecer a legislação atual é fundamental para que o profissional de serviço
social atue com perfeição em sua profissão. Quem não se comunica se complica,
perdendo a confiança, produtividade, qualidade e credibilidade, essa é uma relação
de causa e efeito incontestável. O contato pessoal se faz necessário para atender
as pessoas e passando mais tempo com elas, parando, olhando e ouvindo.
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 preocupou-se em
salvaguardar os direitos da pessoa idosa e já conta com legislação
infraconstitucional destinada à proteção dessa faixa etária da população, sendo a
Lei nº 10.741/2003 o principal instrumento.
Mas não basta existirem leis, é preciso que elas sejam implementadas
na prática através de políticas públicas eficientes e eficazes. Além de proteger os
idosos e colocá-los a salvo da violência de qualquer espécie, é necessário também
promover-lhes como cidadãos, dar-lhes visibilidade, permitir-lhes o protagonismo e
incentivar a sociedade a respeitá-los.
A pessoa idosa, principalmente aquela dependente de seus familiares
para que suas necessidades básicas possam ser atendidas, apesar de sofrer
maus-tratos e toda sorte de violências, acaba por não registrar a ocorrência nos

36
órgãos policiais competentes por medo de perder o único vínculo de que dispõe
para continuar vivendo. Essa constatação compromete as possibilidades de se
buscar a solução para tal problema. A par disso, os programas sociais elaborados
em conjunto com os órgãos governamentais e não governamentais são
importantíssimos para se promover a pessoa idosa no cenário social, para ceder-
lhe espaço de convivência comunitária e finalmente fortalecer o vínculo entre as
gerações, na busca de uma sociedade justa e igualitária.
O assistente social deve ter um olhar crítico e diferenciado, em suas
decisões buscando sempre o bem estar da sociedade. Mesmo com todas as novas
possibilidades mediadas pela tecnologia, onde o contato interpessoal não precisa
necessariamente existir para que a comunicação aconteça como a internet, que
possibilita contato por meio de e-mail, sites de relacionamento, blogs, fóruns, ainda
assim é fundamental o processo de comunicação face a face, pois somente desta
forma podem-se notar as expressões do rosto, os tons de voz, os gestos e outros
sinais não verbais, que produzem sentido e significação. Contudo a comunicação é
de suma importância para o convívio social dos seres humanos na sociedade.
O Assistente Social tem como objeto de trabalho a questão social,
que se constitui nas expressões de desigualdade social, gestadas por uma
sociedade capitalista neoliberal. Frente a essas expressões, o profissional utiliza do
conhecimento teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo para pensar
formas eficazes de intervenção. O objetivo da prática profissional é viabilizar
direitos e ampliar a cidadania, por meio de uma melhor qualidade de vida.
O Assistente Social, no desempenho prático da profissão, trabalha
com inúmeras manifestações da questão social, tais como: falta de acesso à saúde,
educação, moradia, lazer, trabalho, alcoolismo, conflitos familiares, violência.
Basicamente, o profissional trabalha com as pessoas que se encontram em
vulnerabilidade social, por estarem fragilizadas em decorrência da violação de
direitos. No entanto, seu fazer profissional não se restringe aos pauperizados,
intervindo também na classe média alta.
A violência praticada contra os idosos em seus domicílios é uma
realidade grave e complexa, sendo urgente e necessário a criação de serviços que
atendam às necessidades dos idosos vítima de violência, ou seja, a criação de
centros para atendimento de vítimas que sejam acolhedores para prestar o serviço
necessário, e que efetivamente haja a punição dos agressores.

37
Viver muito com dignidade é um direito de todo ser humano, já que
significa a própria garantia do direito à vida, o Estado precisa desenvolver e
disponibilizar as pessoas envelhecidas toda uma rede de serviços capaz de
assegurar a todas essas pessoas os seus direitos básicos, como, por exemplo,
saúde, transporte, lazer, ausência de violência tanto no espaço familiar como no
espaço público, conforme nos traz o Estatuto do Idoso.
Ao se falar em envelhecimento populacional, devemos atentar
também para as questões que esse processo acarreta. Esse processo gera
mudanças significativas, impondo uma série de desafios para o governo, apesar de
que o Brasil ainda não possui preparação para o enfrentamento de tais. E dentre as
novas necessidades geradas pelo processo de envelhecimento populacional,
destaca-se a de serviços especializados para as pessoas idosas, como: criação de
asilos, promoção da saúde especializada em gerontologia, aposentadoria, entre
outros. Uma das principais considerações levantadas foi a importância da família na
construção do novo idoso brasileiro
Ela possui um papel fundamental na relação do idoso e sua
convivência em sociedade. Mas nem sempre a família é um espaço acolhedor de
apoio ao idoso. Muitas vezes, o idoso é vítima de violência por seus próprios
familiares, no sentido de violência física, material, moral e psicológica.
O acelerado crescimento da população idosa em quase todos os
países do mundo, e no Brasil repercute nas formas de visibilidade social desse
grupo etário e na expressão de suas necessidades. O mesmo coloca em evidência
a necessidade de revisão de alguns pontos estruturais da sociedade, exigindo
medidas para o enfrentamento dos problemas ligados à velhice como é o caso da
violência contra a pessoa idosa, uma vez que a nossa sociedade infelizmente,
ainda não está estruturada para conviver com um contingente tão grande de
idosos.
A violência contra a pessoa idosa é um problema que toma
intensidade a cada dia, e os seus atos podem ser identificados, sob a forma de
abandono pela família, desvalorização, extorsão, abuso de confiança, uma pessoa
amiga ou vizinha que faz empréstimos e compras com o rendimento do familiar
idoso, uma mãe trancada num cômodo inadequado da casa, um neto que insulta a
avó, com ameaças, é uma repressão física e psicológica com a pessoa idosa para
posse indevida de seus bens, é a humilhação e o descaso com as limitações da

38
idade, enfim, são inúmeros os tipos de abusos que os idosos acabam vivenciando,
além das agressões físicas e verbais, onde muitas vezes as agressões podem
resultar em morte, pois a mesma não acontece de uma única forma, mas sim está
interligada a outras faces.
A ausência de denúncias de muitos destes abusos, está no fato da
vítima estar unida por laços de parentesco ao agressor, não tendo por isto coragem
para denunciar. Estas situações são muitas vezes, por sentimento de culpa e até
medo das represálias e de expor a família. Esses idosos temem perder seu espaço
e serem deslocados da sua casa para uma instituição ou outro lugar, ou até mesmo
receiam de ficar longe do cuidador que o maltrata. Acabam sendo dominados pelo
medo dos agressores, chegam a negar a versão apresentada nas denúncias, no
tocante à violência acometida para com eles próprios. Preferem permanecer no
silêncio, temem expor e envolver os filhos, uma vez que, na maioria dos casos são
os que cometem tais maus-tratos.
Refletir sobre a violência contra o idoso, se faz necessário, na medida
em que se rever o modo de como a sociedade vem tratando esse segmento
populacional, muitas vezes como um “peso” social, já que em outras sociedades e
em outros modos de produção econômica, o idoso era respeitado e cumpria um
papel importante na chefia do seu lar, na continuidade e transmissão da história
para os mais jovens, bem como para outros grupos sociais.
Ao se tratar da violência contra idosos, torna-se premente a
necessidade de se repensar o tratamento dado pela sociedade contemporânea aos
seus idosos. As várias problemáticas decorrentes do processo de envelhecimento
da população não podem e nem deve ser desvinculadas da análise da sociedade,
da estrutura econômica e da formação sócio-política de cada realidade. O caso
específico da violência contra o idoso está inserido no cotidiano das pessoas,
qualquer que seja a sua origem, estilos de vida e classes sociais.
Existem muitos idosos vivendo em condições subumanas, alguns
vivem abandonados em viadutos e calçadas. O Estado pouco tem contribuído para
o cumprimento do que está estabelecido nas Leis de proteção ao idoso, como a
Política Nacional do Idoso (lei nº. 8.842/94) e o Estatuto do Idoso (Lei nº.
10.741/03).
A violência contra a pessoa idosa necessita sair da expressão do
silêncio, já que é através do conhecimento da questão que se podem encontrar

39
caminhos para respeitar os direitos dos idosos, acometidos de violência pelos
familiares, sociedade e instituições, e isso se dará mediante a articulação do
Estado, da família e da sociedade na busca da garantia dos direitos individuais e
coletivos.
O Serviço Social na prática com o idoso, tem o desafio de
conscientizar a população do verdadeiro papel do idoso, garantindo o seu lugar
numa sociedade que passa por grandes mudanças que estão centradas no avanço
tecnológico, favorecendo a relação entre mercado e consumo, e nessa lógica
valoriza-se quem produz e consome. A situação de ser útil apenas pelo que produz
na sociedade capitalista, influi diretamente sobre a vida e personalidade da pessoa
idosa, que passa a ter certas condutas desviantes por se acharem improdutivos e
acreditarem que sua ação com os demais resulta somente da interação e de sua
relação com a natureza por intermédio do trabalho.
As condições de trabalho do assistente social estão diretamente
ligadas ao contexto do país, pois as políticas públicas as quais trabalham esses
profissionais cumprem na sociedade capitalista função social, política e econômica,
variando com esse contexto e, diversificando a atuação profissional. O assistente
social deve sempre buscar alternativas que possam contribuir com as condições de
vida da população, conhecendo e entendendo a situação em que estas vivem, para
assim, poder buscar alternativas condizentes as suas necessidades. Para isto é
necessário que o profissional esteja pautado no projeto ético político da profissão e
no seu Código de Ética.
Contudo, muitos são os desafios institucionais que se colocam para o
profissional de Serviço Social, que precisa ter uma postura investigativa, reflexiva e
propositiva para enfrentar as adversidades do cotidiano profissional no
enfrentamento da questão da violência contra o idoso.

40
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