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2016
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Orientador: Prof.
2016
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pois sem ele eu não teria traçado o meu
caminho e feito a minha escolha pelo Serviço Social, por me proporcionar
estes agradecimentos à todos que tornaram minha vida mais afetuosa, além
de ter me dado uma família maravilhosa e amigos sinceros. Deus, que a
mim atribuiu alma e missões pelas quais já sabia que eu iria batalhar e
vencer, agradecer é pouco. Por isso lutar, conquistar, vencer e até mesmo
cair e perder, e o principal, viver é o meu modo de agradecer sempre.
Agradeço a minha família por terem me apoiado e ficarem ao meu lado nas
horas que eu mais precisava. Agradeço aos meus colegas de classe e com
certeza futuros excelentes profissionais.
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RESUMO
ABSTRACT
This Work Course Conclusion (TCC) has its study on the issue of violence
against the elderly aims to make society think about aging, but aging with
quality of life. But what happens now are practices of violence against
people who did much for their families, and are not recognized. Because
aging is a natural process and a reality throughout the world. So eventually it
became a social and collective responsibility. Even with all the projects and
expectations for quality aging, aging society is still suffering discrimination,
physical assaults, verbal and others. These phenomena that have been
occurring constantly against the elderly should not be seen as mere facts,
but as a matter of learning and commitment to the same to reverse this
situation so that they are no longer occurring, thus ensuring the elderly and
above all citizens also its social role dignity and respect.
SUMÁRIO
1-INTRODUÇÃO...............................................................................................01
1. INTRODUÇÃO
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da população. Desta forma podemos ver que envelhecer vem sendo uma
responsabilidade social coletiva. Contudo, a sociedade idosa vem sofrendo,
ainda, cada vez mais discriminações, sejam verbais, sejam com
consequências de agressões físicas, entre outros tipos.
Uma situação de violência e maus tratos com idosos podem
ser identificados por médicos, enfermeiros, assistente social, psicólogo,
pedagogo, ou qualquer outro profissional que atue com as pessoas desta
faixa etária. A violência não pode ser vista como um fenômeno unívoco ela
tem causas conjugadas, ou seja, várias causas tais como a violência de
gênero, culpa, econômica, dentre outras.
A falta de respeito para com as necessidades do idoso é uma
questão de cidadania, O idoso necessita ser respeitado e conquistar a
garantia das necessidades básicas, e de uma vez por todas garantir a
inclusão das pessoas idosas na sociedade com dignidade e respeito.
Na maioria das vezes vivenciamos fatos de brutalidade
(agressão), mas isto é algo que machuca superficialmente, existem
maneiras mais violentas e degradantes de se tratar um indivíduo podemos
citar a da culpa em que muitas vezes um idoso, devido aos atos praticados
pela família, se sente um peso desnecessário por não mais poder contribuir
com a renda familiar, e muitas vezes necessitam do apoio financeiro da
família para pode complementar suas necessidades com medicamentos
entre outras.
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2. VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR
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políticas dos homens, tornando-as dependentes.
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dominação. Nessas relações estão presentes os conflitos de diferentes gerações,
as pessoas estão em posições opostas, desempenhando papéis severos e criando
uma dinâmica própria, diferente em cada grupo familiar.
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As violências contra idosos se manifestam de forma: (a) estrutural,
aquela que ocorre pela desigualdade social e é naturalizada nas
manifestações de pobreza, de miséria e de discriminação; (b)
interpessoal que se refere às interações e relações cotidianas e (c)
institucional que diz respeito à aplicação ou à omissão na gestão
das políticas sociais e pelas instituições de assistência.
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Ao mesmo tempo em que a sociedade prega que a “terceira idade” ou
a “melhor idade” deve ter qualidade de vida, deve participar de programas para
conviver na vida social. Por outro lado envelhecer em muitos casos não é visto
como uma etapa da vida tão tranquila assim, em muitos lares a violência contra o
idoso é uma realidade.
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frequentemente, são tratadas como uma forma de agir “normal” e
“naturalizada” ficando ocultas nos usos, nos costumes e nas
relações entre as pessoas. Tanto no Brasil como no mundo, a
violência contra os mais velhos se expressa nas formas de relações
entre os ricos e os pobres, entre os gêneros, as raças e os grupos
de idade nas várias esferas de poder político, institucional e familiar.
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A violência no seu sentido amplo pode ser definida como: qualquer
comportamento ou conjunto de comportamentos que vise causar dano a outra
pessoa, ser vivo ou objeto (BISKER, 2006).
Ainda sobre a violência, Arent (2004, p. 39) afirma que: “Dizer que a
violência origina-se do ódio é usar um lugar comum e o ódio pode ser certamente
irracional e patológico, da mesma maneira que pode ser todas as demais paixões
humanas.”
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A violência segundo Arent (2004, p.35) segue seu curso em várias
expressões do ser humano:
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3. A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E A VIOLÊNCIA CONTRA O
IDOSO
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participação de fato do idoso na construção da cidadania, sobreveio a Lei de n°
8.842, de 4 de janeiro de 1994 estabelecendo a Política Nacional do Idoso, sendo
regulamentada pelo Decreto Federal n° 1.948, de 3 de Julho de 1996.
Referenciados pelas diretrizes internacionais, como o Plano de Ação
Internacional para o Envelhecimento criado em Madri em 2002, várias instituições
governamentais, bem como movimentos civis conquistaram uma sucessão de
propostas de leis, decretos e medidas instituidoras de garantia e proteção aos
direitos do idoso, culminando na criação do CNDI (Conselho Nacional dos Direitos
do Idoso) em 2002 e a promulgação do Estatuto do Idoso em 2003 (SECRETARIA
DE DIREITOS HUMANOS, 2011).
Apesar do amparo legal decorrente da criação dessas normatizações
tanto nacionais como internacionais em prol do idoso, a violência contra a pessoa
idosa, infelizmente, se apresenta em índices elevadíssimos em nossa sociedade,
encontrando dificuldade na sua real efetividade quanto ao problema da
identificação do agressor, como da proteção do idoso em situação de risco e
também da punição dos culpados.
O Estatuto do Idoso trouxe em seu artigo 19, §1, a definição da
violência contra o idoso, a aduzindo-a como qualquer ação ou omissão praticada
em local público ou privado que cause morte, dano ou sofrimento físico ou
psicológico ao idoso, revolucionando as políticas de combate a violência bem como
especificando condutas criminosas contra o idoso e as suas punições (BRASIL,
2003)
Segundo Minayo (2004, p.13), violência é um conceito referente aos
processos e às relações sociais interpessoais, de grupos, de classes, de gênero, ou
objetivadas em instituições, quando empregam diferentes formas, métodos ou
meios de aniquilamento de outrem ou de sua coação direta ou indireta, causando-
lhes danos físicos, mentais e morais.
No que se refere às formas de violência, é essencial assimilar que a
violência pode se apresentar através de forma estrutural, relativa a precariedade
das condições sociais e consequente a situação de indigência sofrida pela
população, através da relação interpessoal quanto a forma de comunicação e de
interação, e também devese considerar a violência institucional empregada nas
instituições públicas e privadas responsáveis pela aplicação das políticas sociais do
Estado e pela prestação de serviço digno ao idoso (MINAYO, 2004).
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A autora ainda institui algumas categorias e tipologias no intuito de
indicar as formas de violência mais comuns exercidas contra o idoso:
Abuso físico: o uso da força física para coagir os idosos, resultando
em dor, incapacidade ou morte.
Abuso psicológico: despertar aflição ou sofrimento emocional no
idoso.
Abuso sexual: Obtenção não consensual de relação sexual ou outras
práticas sexuais.
Abandono: deserção dos responsáveis governamentais,
institucionais ou familiares de assistirem o idoso nas suas necessidades.
Negligência: renegar ou omitir-se a cuidar dos idoso conforme as
suas necessidades.
Abuso financeiro e econômico: utilização imprópria ou ilegal dos
bens ou dos recursos financeiros do idoso.
Autonegligência: compreendida como a conduta da pessoa idosa
que ameaça sua própria saúde ou segurança.
Segundo a Secretaria de Direitos Humanos (SDH)2 de 2011 até o 1º
trimestre de 2014, o Disque-100 da SDH/PR registrou 77.059 denúncias de
violações de direitos humanos contra pessoas idosas, dentre elas o abandono, os
maus tratos, abuso econômico e a negligência.
O número de denúncias de violência contra a pessoa idosa cresceu
65,7% em 2013. Foram 38.976, contra 23.523 em 2012, e maioria avassaladora
dos suspeitos denunciados têm parentesco direto com a vítima. São familiares da
vítima como irmãos, netos, primos, mulheres ou maridos. Mas a maioria dos
agressores é constituída pelos próprios filhos, entre 71.358 suspeitos de agressão
mencionados nas denúncias, os filhos foram apontados como agressores em 36,6
mil vezes, ou 51,5% do total. Os netos estão entre os responsáveis por 5,9 mil
casos, ou 8,25% (SÁ, 2014).
É interessante perceber, diante desta estatística, a consequência da
transformação social vivenciada pelo cidadão brasileiro frente ao envelhecimento
populacional que vem ocorrendo no Brasil. Como foi visto anteriormente, este
fenômeno de envelhecimento, iniciado na Europa em meio aos avanços médicos e
sociais, e hoje se alastrando aqui, sem a devida evolução social no que tange a
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melhoria das condições de vida e da distribuição de renda, impõe ao idoso
brasileiro o convívio entre gerações em meio a pobreza e a falta de estrutura,
contribuindo indubitavelmente para geração de um ambiente propício a violência, e
essa falta de estrutura ultrapassa as paredes do lar do idoso, a precariedade das
condições socioeconômicas providas pelo Estado, bem como a ausência de
políticas públicas eficazes colaboram para a construção da violência.
A predominância dos casos em âmbito familiar reflete de fato o grau
de proximidade do idoso com o seu agressor, o ataque acontece na própria casa do
idoso, além de relatar outro fator de suma importância para análise das causas de
violência: a dependência da renda do idoso para mantença da família. Hoje a
população idosa sustenta muitas famílias através da cobertura previdenciária, e em
muitos casos, quando aumenta a gravidade das suas limitações, o idoso sofre a
violência financeira, podendo ser associada a violência física e psicológica dentro
do ambiente doméstico.
De acordo com Faleiros (2007 apud FALCÃO, 2010, p. 153), nas
relações interpessoais, como na violência intrafamiliar e doméstica, existe ao
mesmo tempo uma cumplicidade e um medo que se impõe pelo autoritarismo do
agressor ou pelo medo e simbolismo imaginário de uma confiança entre vítima e
agressor. A denúncia ou a revelação da violência provocaria o rompimento. A
violência intrafamiliar e doméstica tem sido pouco denunciada, no contexto do
segredo ou do conluio familiar, vinculado à honra, à cumplicidade, à confiança entre
vítima e agressor e ao provimento da família, visto que o agressor é próximo à
vítima.
Diante da transformação social e cultural enfrentada pela população
desde a Revolução Industrial, com a incorporação da mulher ao mercado de
trabalho e em face da pobreza extrema e consequente necessidade que todo
participante hábil da família trabalhe, pode-se identificar à falta de disponibilidade
das famílias para cuidar dos idosos, contribuindo para casos de violência por meio
da negligência
A negligência, segundo os dados da SDH, consistiu em 75% do total,
foram 29,4 mil registros, sendo comum a falta de amparo e responsabilização,
posteriormente seguida pela negligência em alimentação e limpeza, em higiene e
em assistência à saúde. O que também é causa de preocupação é o crescente
número de casos de autonegligência, onde idosos buscam isolamento para não
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causar incômodo aos seus relativos, havendo 197 denúncias de autonegligência
em 2013, 151 em 2012 e 40 em 2011. Seguem o ranking de violência contra
idosos, nesta ordem, a psicológica (citada 21.832 vezes, ou 56% dos casos), o
abuso financeiro (16.796 vezes, 43% dos casos) e a violência física (10.803,
27,72%) (SÁ, 2014).
Esses dados apresentam as pesquisas e estatísticas dos casos que
são denunciados, infelizmente, talvez não reflitam claramente a real situação de
violência contra o idoso enfrentada pela população brasileira. O idoso sofre
violência dentro de sua própria casa, onde os seus familiares, supostos cuidadores,
são os reais autores da violência, o idoso sofre violência dentro das instituições que
supostamente deveriam prover cuidado e acolhimento na fragilidade da velhice, o
idoso sofre violência no exercício da sua cidadania, refletida na falta de estrutura
social e política diante das suas limitações. Diante dessa realidade se faz urgente a
transformação cultural, social e política no sentido de enxergar a velhice com um
olhar de aceitação, assegurando o direito da pessoa idosa de viver dignamente,
sem violência, participando igualitariamente da vida social.
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4. A PROTEÇÃO SOCIAL DA PESSOA IDOSA
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integral ao idoso. Desta maneira, em seu segundo artigo, o mesmo já demonstra a
sua finalidade ao visar que estas pessoas, já tão discriminadas pela sociedade,
quando não pela própria família, tenham os seus direitos assegurados e
resguardados.
Face à nova situação mundial, caracterizada pelo aumento da
expectativa de vida e, via de consequência, da população idosa, torna-se
necessário o esclarecimento dos seus direitos, fazendo com que esta classe
populacional passe a ser respeitada e valorizada por toda a sociedade (RITT, 2008,
p. 51).
Um dos principais sistemas de garantias em relação à proteção dos
direitos da pessoa idosa é o Estatuto do Idoso, elaborado pela Lei nº 10.741, de 1º
de outubro de 2003, o qual, segundo Stefano e Rodrigues (2008, p. 257), lhe trouxe
direitos que garantem uma vida digna, estabelecendo, em seu artigo 10, § 3º, ser
“dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”
(BRASIL, 2010-C).
Segundo Ritt (2008), não pode ser ignorado que a conquista dos
direitos dos idosos é resultado do reconhecimento da centralidade dos direitos
humanos no Brasil, ocorrido a partir da vigência da Constituição Federal de 1988,
cuja elaboração foi precedida por intenso debate no qual houve a participação ativa
da sociedade civil.
Nesse contexto, merece destaque o artigo 229, o qual estabelece a
responsabilidade mútua entre pais e filhos ao dispor que: “os pais têm o dever de
assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar
e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade” (BRASIL, 2010-A). Por sua
vez, em seu artigo 230, atribui à família, à sociedade e ao Estado o dever de
assegurar à pessoa idosa participação na comunidade, defendendo sua dignidade
e bem-estar, bem como garantindo o direito à vida.
Sobre o tema, Ritt (2008, p. 129) declara que a família possui como
função constitucional dentre outras, oferecer segurança aos seus integrantes,
garantindo seu espaço de inserção, onde é reconhecido, respeitado e aprovado.
Essas relações dentro da família é que devem ser desenvolvidas e mantidas por
todos os seus membros.
A proteção ao idoso tem, como princípio fundamental, o resguardo da
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dignidade humana, conforme o previsto no artigo 1º, III, da Constituição Federal de
1988. Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos: [...] III - a dignidade da pessoa humana; (BRASIL,
2010-A)
Portanto, tanto a sociedade como o Estado devem total atenção ao
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, visando a efetivar os direitos humanos
e fundamentais concernentes à proteção do idoso, fazendo com que ele não seja
excluído da sociedade, garantindo-lhe acesso irrestrito às redes de proteção social
(CASTANHEL, 2011, p.19).
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elaborados para coibir a violência contra os idosos, seus direitos continuam a
serem violados. Com o objetivo de prevenir e remediar esta situação é que políticas
públicas são elaboradas, tendo como finalidade o desenvolvimento de mecanismos
de proteção, prevenção e atendimento ao idoso em situação de vulnerabilidade
(CASTANHEL, 2011, p.20).
De início, destaca-se a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, nº
8.625, de 12 de fevereiro de 1993, a qual atribui ao Ministério Público, além da
proteção aos “interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e
homogêneos” (art. 25, IV, “a”), o exercício da “fiscalização dos estabelecimentos
prisionais e dos que abriguem idosos, menores, incapazes ou pessoas portadoras
de deficiência” (BRASIL, 2010-D).
Na verdade, os direitos inerentes ao idoso foram contemplados pela
primeira vez na aprovação da Política Nacional do Idoso, instituída pela Lei nº
8.842, de 1994 e regulamentada pelo Decreto nº 1.948, de julho de 1996, pela qual
os maiores de 60 anos serão objeto de atenção especial do Estado (CASTANHEL,
2011, p.20).
Esta política tem as seguintes diretrizes norteadoras, [...] incentivar e
viabilizar formas alternativas de cooperação intergeracional; atuar junto às
organizações da sociedade civil representativas dos interesses dos idosos com
vistas à formulação, implementação e avaliação das políticas, planos e projetos;
priorizar o atendimento dos idosos em condição de vulnerabilidade por suas
próprias famílias em detrimento ao atendimento asilar; promover a capacitação e
reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria; priorizar o atendimento
do idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços; e fomentar a
discussão e o desenvolvimento de estudos referentes à questão do envelhecimento
(PASINATO, 2004, p. 269).
Em 1º de outubro de 2003, a Lei nº 10.741 instituiu o Estatuto do
Idoso, o qual, segundo Barboza (2008, p. 70), “ao regular os direitos assegurados à
pessoa idosa, estabeleceu um elenco de prioridades e de direitos fundamentais.”
Segundo Ritt (2008), o Estatuto do Idoso surge como um
microssistema legal muito avançado e cujos direitos nele inseridos devem ser
efetivados por políticas públicas, propostas e executadas pelos administradores
públicos, principalmente pelo Município, ente estatal, pois faz parte do interesse
local a proteção dessa camada da população.
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O primeiro passo para incrementar a cidadania da população na
terceira idade é divulgar e informar seus direitos assegurados em lei. Também é
fundamental que o Poder Público fiscalize a aplicação do Estatuto do Idoso. Temos
registrado por parte dos entes públicos um descaso preocupante no amparo à
pessoa idosa. Mesmo autoridades que deveriam aplicá-lo não o fazem, tornando-se
inviável a efetivação do direito do idoso (D’ URSO, 2009, p.29).
O Poder Público não consegue resolver os problemas relacionados à
questão do envelhecimento populacional, entre outros. Assim, entre os dias 23 e 26
de maio de 2006, celebrou-se a 1ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa
Idosa, a qual versava sobre o seguinte tema: “Construindo a Rede Nacional de
Proteção e Defesa da Pessoa Idosa – Renadi” (BRASIL, 2010-F). A referida
conferência teve a participação tanto da família como dos entes federais na
implementação efetiva e eficiente das ações e projetos relacionados à pessoa
idosa.
Em 8 de abril de 2002, realizou-se a II Assembleia Mundial sobre o
Envelhecimento, celebrada em Madri, Espanha, na qual os países signatários da
Organização das Nações Unidas (ONU) elaboraram o Plano de Ação Internacional
para o Envelhecimento, com o objetivo de analisar as consequências do
envelhecimento global. No referido Plano de Ação adotaram-se medidas de
aplicação em nível nacional e internacional, com três direções prioritárias: idosos e
desenvolvimento, promoção da saúde e bem-estar na velhice, e a criação de um
ambiente propício e favorável a todos. (BRASIL, 2010-G)
Em 2006, elaborou-se o Plano de Ação para o Enfrentamento da
Violência Contra a Pessoa Idosa, resultante do esforço conjunto do Governo
Federal, Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos (CNDI) e dos movimentos
sociais, assinalando que políticas de inclusão dirigidas às pessoas idosas são de
caráter de extrema urgência não somente no Brasil, mas nos demais países, face
ao acelerado processo de envelhecimento populacional e ao índice cada vez maior
de expectativa de vida (BRASIL, 2010-B). O presente plano tem por objetivo:
“Promover ações que levem ao cumprimento do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741,
de 1º de outubro de 2003), que tratem do enfrentamento da exclusão social e de
todas as formas de violência contra esse grupo social” (BRASIL, 2010-B).
Esse plano visa também o enfrentamento do “processo de exclusão
social e o fenômeno da violência social”, termos empregados no referido
20
documento como 'processos de não reconhecimento do idoso como sujeito de
direitos' e 'as diferentes formas físicas, psicológicas, simbólicas e institucionais de
uso de coerção, da força e da produção de danos contra a pessoa idosa. Violência,
maus-tratos, abusos contra os idosos são noções que dizem respeito a processos e
a relações sociais interpessoais, de grupos, de classes, de gênero, ou ainda
institucionais, que causem danos físicos, mentais e morais à pessoa. (BRASIL,
2010-B)
O Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa
Idosa é um instrumento de extrema importância na concretização das políticas
públicas de atenção à população idosa, tendo em vista que traz para o Estado a
responsabilidade de implantar ações efetivas, ensejando mudanças no combate à
violência contra essas pessoas (BERZINS, 2010).
Em 2007, com o objetivo avaliar o seguimento do Plano de Madri,
realizou-se a II Conferência Regional América Latina e Caribe sobre o
Envelhecimento.
Recentemente, mais precisamente no dia 15 de junho de 2010,
ocorreu, em Brasília, o lançamento da Campanha Nacional de Conscientização
sobre a Violência Contra a Pessoa Idosa, a qual conta com o selo e carimbo dos
Correios, e tem como slogan: “As pessoas idosas têm o direito de ir e vir com
segurança e tranquilidade. Respeitar esse direito é um ato de cidadania”. O foco da
presente campanha são os meios de transportes coletivos (ônibus) urbanos e
semiurbanos, nos quais cartazes e folhetos informativos serão fixados e
distribuídos aos motoristas e cobradores em todas as capitais e municípios com
mais de 500 mil habitantes (BRASIL, 2010-H).
Para José Luiz Telles, presidente do Conselho Nacional dos Direitos
dos Idosos, “ir e vir é um direito de cidadania, e os idosos têm esses direitos
assegurados” estatutariamente (BRASIL, 2010-H).
Nada mais justo que se efetivem os direitos do idoso previstos na
Constituição Federal, no Estatuto do Idoso, no Plano de Ação para Enfrentamento
da Violência contra a Pessoa Idosa e nas demais políticas públicas criadas para tal
(CASTANHEL, 2011, p.23).
21
5.A PROTEÇÃO SOCIAL DA PESSOA IDOSA FRENTE ÀS DIVERSAS
MANIFESTAÇÕES DE VIOLÊNCIA
22
fundamentos, dentre outros, a cidadania e a dignidade da pessoa humana (RITT,
2009, p. 102).
Em relação à proteção constitucional inerente à pessoa idosa,
destacam-se os dizeres de Mendes, Coelho e Branco (2008, p. 1.373), o cuidado
com os idosos é uma questão social da maior importância, até porque, em
decorrência do aumento da sua expectativa de vida e da redução das taxas de
natalidade, os componentes da terceira idade passaram a constituir expressiva
parcela da população, demandando prestações que se refletem diretamente na
relação receita/despesa da seguridade social, para cujo custeio, na condição de
inativos, eles pouco ou nada contribuem.
Em seu artigo 3º, inciso IV, a Constituição Federal de 1988 ressalta
que um dos objetivos fundamentais do nosso Estado é o de “promover o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação” (BRASIL, 2010-A).
No tocante ao dever de assistência, a Carta Magna, em seu artigo
203, inciso I, dispõe que a assistência social será prestada a quem dela precisar,
independentemente de contribuição à seguridade social, colocando a proteção à
velhice como um de seus objetivos. Referido artigo traz, ainda, em seu inciso V, a
garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa idosa que não tiver
condições de prover o seu sustento (BRASIL, 2010-A).
Desse modo, tem-se que o atual texto constitucional consagrou
alguns dos direitos inerentes às necessidades da pessoa idosa. Como regra geral,
incumbiu à família, à sociedade e ao Estado o dever de amparar as pessoas
idosas, devendo defender-lhes a dignidade e o bem-estar e garantir-lhes o direito à
vida, conforme dispõe o art. 230 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2010-
A).
Tal previsão não poderia ser diferente, tendo em vista que, em seu
artigo 227, o constituinte atribuiu à família, base da sociedade, especial proteção do
Estado (BRASIL, 2010-A).
Segundo Pontes (2008), a entidade familiar, que é considerada a
base da sociedade, tem o dever de coibir a violência, o abandono e a discriminação
no âmbito de suas relações. Este núcleo primordial é o primeiro conceito de
sociedade que o ser humano agrega, sendo, portanto, o alicerce moral e espiritual
de todas as pessoas. A família é a maior conhecedora das necessidades, das
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dificuldades e dos anseios dos seus membros, devendo, por isso, ser a primeira a
protegê-los.
Com efeito, a Constituição Federal de 1988 demonstrou preocupação
com os idosos em alguns dos seus artigos, abstendo-se, porém, de definir quem
realmente se inclui nessa categoria (CASTANHEL, 2011, p. 27).
Em nível infraconstitucional, cabe destacar a Lei nº 8.742/93 (Lei
Orgânica da Assistência Social – LOAS), a qual determina que o amparo à velhice
é um dos objetivos da assistência social, assegurando-lhes o pagamento do
benefício de prestação continuada, que é a “garantia de 1 (um) salário mínimo
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou
mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem
de tê-la provida por sua família”, conforme previsto no artigo 20, caput (BRASIL,
2010).
Destaca-se, também, no âmbito à proteção da pessoa idosa, a Lei nº
8.842, de 04 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso.
Referido diploma, em seu artigo 2º, considera pessoa idosa aquela com mais de 60
(sessenta) anos. O artigo 1º assegurou aos idosos os direitos sociais, criando
condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na
sociedade (BRASIL, 2010).
Assim como a Constituição Federal, a Política Nacional do Idoso
atribuiu à família, à sociedade e ao Estado o dever de amparar o idoso, conforme
seu art. 3º, inciso I, que assim dispõe:
Art. 3°. A política nacional do idoso reger-se-á pelos seguintes
princípios: I - a família, a sociedade e o Estado têm o dever de
assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua
participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar
e o direito à vida; (BRASIL, 2010)
Acompanhando o espírito de proteção e inclusão social da
Constituição/88, o governo federal editou a Lei Orgânica da Assistência Social –
LOAS (Lei 8.742, de 07.12.1993, estatuto que consolida o direito social da
assistência no contexto da seguridade social. No que toca especificamente à
questão do idoso, a lei federal prevê benefícios, serviços, programas e projetos
voltados para a terceira idade, sendo de corresponsabilidade das três esferas do
governo. No ano seguinte, foi aprovada a Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/94),
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que tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para
promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade (PERES,
2007, p.31).
Por derradeiro, após alguns anos tramitando no Congresso, foi
aprovado, em outubro de 2003, o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741), destinado a
regular os direitos dos brasileiros com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos,
instituindo, inclusive, medidas para protegê-los no âmbito familiar, conforme será
demonstrado adiante (CASTANHEL, 2011, p.28).
25
Estatuto: “O idoso goza de todos os direitos fundamentais à pessoa humana, sem
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei [...]” (BRASIL, 2010-C).
Tal previsão não poderia ser diferente, pois, “sendo pessoa, a ele são
dirigidos todos os direitos fundamentais assegurados a todas as outras,
independentemente de qualquer condição” (PONTES, 2008, p. 39).
Já o caput do artigo 3º, incumbe à família, à comunidade, à sociedade
e ao Poder Público o dever de proteção às pessoas idosas. Ao tratar do referido
artigo, Pontes (2008, p. 47) salienta que: “[...] ao incumbir todos estes entes sociais
da referida proteção, visa a norma evitar que o idoso fique em situação de
desamparo, sendo todos solidariamente responsáveis por assegurar a sua
dignidade como pessoa humana.”
O Estatuto do Idoso incluiu no rol dos responsáveis pela proteção do
idoso a comunidade, tendo em vista que a Constituição Federal, em seu artigo 230,
impõe à família, à sociedade e ao Estado o dever de amparar a pessoa idosa
(CASTANHEL, 2011, p.32).
Art. 3º. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do
Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar
e comunitária. (BRASIL, 2010-C)
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua
dignidade e garantindo-lhes o direito à vida (BRASIL, 2010-A).
O Estatuto do Idoso, em conformidade com a Carta Magna e com a
Política Nacional do Idoso, dispõe em seu art. 10, § 3º, que, é obrigação do Estado
e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade,
como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais,
garantidos na Constituição e nas leis. É dever de todos zelar pela dignidade do
idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
aterrorizante, vexatório ou constrangedor. (BRASIL, 2010-C)
Conclui-se, pois, que o idoso dispõe de um sistema legal capaz de
assegurar a aplicação de medidas de proteção inerentes à sua condição social
sempre que tiver seus direitos ameaçados ou violados (RODRIGUES, 2006, p.
401).
26
5.2 A família na proteção ao idoso
27
De acordo com Gomes (2001), este benefício se torna um benefício
familiar e atribui centralidade à família na manutenção da proteção social aos
segmentos, uma vez que considera a renda familiar e determina que o benefício só
pode ser concedido a um membro por família.
Nos níveis de proteção social básica e especial ao idoso, no que
concerne à Assistência Social, também existem políticas de apoio financeiro federal
a serviços, programas e projetos executados pelos governos dos Estados, dos
municípios e do Distrito Federal, bem como por entidades de assistência social,
tendo em vista o atendimento de idosos pobres a partir dos 60 anos de idade,
resultando na implantação dos Centros de Referência da Assistência Social (Casa
das Famílias) (MULLER, 2008, p.41).
A Constituição Federal de 1988 espelha a responsabilidade familiar e
a assistência mútua entre pais e filhos e a obrigação do Estado em manter
programas de amparo ao idoso em seu Capítulo VII, nos artigos 229 e 230. O
Artigo 229, versando sobre a criança, o adolescente e o idoso, diz: “Os pais têm o
dever de assistir, criar e educar os filhos menores e os filhos maiores têm o dever
de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.” Portanto, o
artigo 229 atribui aos filhos a obrigação de cuidar dos pais na velhice, em situação
de doença ou carência, mas também estabelece que os pais sejam responsáveis
pela criação dos filhos. No Artigo 230 define que o cuidado com os idosos é dever
conjunto do Estado da sociedade e da família. No parágrafo primeiro, afirma-se a
preferência de programas para os idosos feitos em suas casas, evitando a
institucionalização (CAMPOS, MIOTO, 2003)
Apesar dos avanços que a Constituição Federal de 1988 trouxe em
relação ao papel do Estado na proteção social ao idoso, “a família continuou sendo
a principal responsável pelo cuidado relativo à população idosa, podendo ser
criminalizada caso não o faça” (PASINATO 2004).
Percebe-se que, apesar de incipientes, as políticas públicas
específicas são voltadas ao idoso cuja família não conseguiu arcar com os
cuidados, só neste momento é que o Estado passa a intervir. Ao mesmo tempo,
como se pode perceber, a família vem ocupando um lugar privilegiado e central na
proteção social, principalmente no que se refere ao idoso, pois, de acordo com
Debert (1999 apud LEME, SILVA, 2002), “a população idosa é proveniente de uma
época com marcados valores culturais, nos quais a família ampliada exercia
28
importante papel”; entretanto, tendo em vista as atuais modificações na estrutura e
nas relações familiares, a família ostentou o papel delegado pelo Estado e pela
sociedade sem ter condições de assumir essa obrigação. Ou seja, as famílias estão
sendo cada vez mais solicitadas a cuidar de seus segmentos “vulneráveis”
Sendo assim, Saad (2004, p. 169) também, ressalta que as relações
de troca e a ajuda mútua entre pais e filhos são o principal fator que tem
assegurado, ao longo da história, a sobrevivência nas idades mais avançadas.
Nesse último século, no entanto, as funções familiares nos países mais
desenvolvidos foram sendo gradativamente substituídas pelo setor público,
reduzindo o papel central da família como suporte básico aos idosos. Esse não é o
caso, porém, da maioria dos países menos desenvolvidos onde, devido às
deficiências do setor público, particularmente nas áreas de Saúde Pública e
Seguridade Social, a família (em especial os filhos adultos) continua representando
fonte primordial de assistência para parcela significativa da população idosa.
No decorrer das transformações nas políticas sociais voltadas para a
proteção social ao idoso, Peixoto (2004) coloca que a família sofreu igualmente
modificações, ocasionando a chamada “crise” da família16. Essas modificações
reflete-se na composição dos arranjos familiares e têm ocasionado problemas na
proteção social. Isto pode ser verificado pelo aumento da proporção das famílias
com idosos residindo e pela sua verticalização, ou seja, pela convivência de várias
gerações numa mesma residência, conforme referido anteriormente. Aliada às
transformações na família moderna, as avós reafirmam a importância da família
como um valor social e como a instância fundamental, na sociedade brasileira, para
a construção da identidade dos indivíduos.
Sendo assim, Barros (2004, p.20) diz: "A família apresenta-se [...]
como espaço onde se confrontam e se mesclam valores que privilegiam o indivíduo
e aqueles que acentuam a importância do grupo social." Acrescenta ainda que “só
assim, podemos compreender como em determinadas situações a avó critica a filha
por não cumprir adequadamente papéis tradicionais de esposa e mãe, e como, em
outras, apoia firmemente os projetos profissionais das filhas com clara inflexão
individualista."
Diante do exposto, pode-se verificar que na sociedade atual, os
dispositivos legais admitem que os cuidados para com os idosos sejam de encargo
concomitante da família, da sociedade e do Estado; deste modo, retoma-se a
29
centralidade da família, com auxílio e suporte do Estado. A princípio, parece
razoável que o idoso seja alvo do cuidado prioritário pela família, uma vez que é ali
que se desenvolvem e exercem os vínculos básicos do indivíduo, criando certa
cultura, com seus códigos, regras e ritos próprios, enfim, um universo de
significados particulares que confere identidade ao sujeito. Entretanto, não se deve
ignorar que o espaço privado da família tem sido campo de inúmeras formas de
violência que afetam os membros mais frágeis, entre os quais estão os idosos
(FONSECA e GONÇALVES, 2003).
30
6. O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL EM RELAÇÃO A VIOLÊNCIA
CONTRA O IDOSO
31
social e cuidados individuais e familiares voltados ao desenvolvimento de
autonomias.
O Serviço Social tem se destacado nos diversos campos de atuação
pela visão crítica e investigativa que possui, que permite ao profissional identificar
não somente aquilo que está posto, ou seja, a demanda que chega de imediato,
mas também criar uma proximidade com o usuário para que a raiz do problema
seja desvelada e, assim, o trabalho com a família seja total.
Sendo assim, segundo Yolanda Guerra (2009), cabe ressaltar que
requer, ainda, entender o serviço social como uma profissão especializada que, a
partir de conhecimentos teóricos e técnicos, valores e finalidades, sistematiza e
operacionaliza respostas ás necessidades sociais que lhe chegam como demandas
profissionais”.
Para tanto, é de suma importância à inserção da categoria profissional
nos CREAS, visto que o trabalho, se efetiva na direção da garantia dos direitos,
superando a situação de violência e a outras demandas que forem constatadas.
Os profissionais intervêm nas expressões da questão social, no caso,
a violência contra a pessoa idosa. Porém, a violência coloca-se como uma
expressão que advém de um processo de desigualdade da relação antagônica
formada pelo capitalismo.
Essa desigualdade forma um véu sobre o real, que é a demanda
sócioprofissional, na qual os profissionais têm que trabalhar no sentido de romper,
ou superar as questões relativas à violência doméstica e intrafamiliar.
Os profissionais do Serviço Social precisam promover intervenções
dignas para atendimento aos Idosos que como trabalhadores, durante muito tempo
ajudaram a construir o patrimônio brasileiro. Pesquisas mostram que aumentou o
número de idosos incapacitados funcionalmente e com saúde precária pelo motivo
da crescente desigualdade social nessa sociedade capitalista. Isso não mostra que
há carência em políticas sociais e sim que há carência de acesso a elas, seja pelos
custos com tratamento, equipamentos, recursos como medicamentos, entre outros
motivos.
Certamente, a política de atendimento ao Idoso, principalmente suas
prerrogativas descritas no Estatuto, necessitam da articulação entre o poder
federal, estadual e municipal, para que suas ações sejam concretizadas. Não
obstante, também é crucial e imprescindível o processo de conscientização da
32
humanidade, e esse processo é cultural e demorado, pois para que uma lei seja
aplicada ela precisa ser “naturalizada” em meio à convivência.
As legislações e políticas sociais que asseguram os direitos dos
idosos, bem como os Conselhos municipais, estaduais e federais existem, porém
precisam ser fortalecidos por meio de informação e implementação de ações. Há
necessidade de capacitação aos profissionais que atendem as demandas da
terceira idade e conscientização da população sobre a importância da valorização
da pessoa idosa e dos espaços que garantem qualidade de vida e promovem
autonomia e cidadania a estes que sofrem diversas formas de preconceito,
violência e isolamento.
Aos profissionais Assistentes Sociais, cabe conhecer os recursos e os
serviços que os municípios disponibilizam, compreendendo o contexto sociofamiliar
para que haja garantia dos direitos fundamentais. Quanto a área da saúde, em
especial, é preciso que se repense novas formas de projetos e programas que
ultrapassem o imediatismo, ou seja, as internações, mas que além disso reflitam
junto as famílias a importância de cuidados com o Idoso. É necessário o
fortalecimento das redes de atendimento para qualificação das intervenções de
inserção dos Idosos que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade
social.
O comprometimento dos assistentes sociais com o segmento da
terceira idade foi fundamental na luta pela cidadania e aceitação do Estatuto do
Idoso, um progresso na legislação brasileira, porém necessita-se, ainda, de sua
efetivação junto às famílias e à comunidade (SOUZA, 2003)
De acordo com Souza (2003), cabe ao Serviço Social, em sua função
educativa e política, trabalhar os direitos sociais do idoso, resgatar sua dignidade,
estimular consciência participativa do idoso objetivando sua integração com as
pessoas, trabalhando o idoso na sua particularidade e singularidade, levando em
consideração que ele é parcela de uma totalidade que é complexa e contraditória.
As pessoas da terceira idade necessitam sentir-se valorizadas, bem
como viver com dignidade, tranquilidade, recebendo a atenção e o carinho não
apenas de profissionais e da sociedade, mas principalmente da família, pois será
no seio familiar que o idoso irá ter melhores condições de vida.
Quanto maior for o conhecimento, esclarecimento e a discussão das
questões relacionadas com a violência, melhor será a prevenção, a identificação e
33
a atuação nas suas várias manifestações. Nenhuma sociedade, por mais ou menos
desenvolvida que seja, está imune a ocorrência da violência e maus-tratos contra
as pessoas idosas.
Os diversos abusos e os maus tratos contra as pessoas idosas
representam um grave problema. Infelizmente é um fenômeno pouco reconhecido e
denunciado. São graves as suas consequências, principalmente aquela que leva a
um não reconhecimento do abuso.
O Assistente Social é capaz de promover a autovalorização do idoso,
afim de que ele se sinta incluso na Sociedade. É um profissional preparado para
lidar com as políticas públicas e programas do governo para garantir e assegurar o
cumprimento das Leis estabelecidas no Estatuto do Idoso.
Se viver muito com dignidade é um direito de todo ser humano, já que
significa a própria garantia do direito à vida, o Estado precisa desenvolver e
disponibilizar as pessoas envelhecidas toda uma rede de serviços capaz de
assegurar a todas essas pessoas os seus direitos básicos, como, por exemplo,
saúde, transporte, lazer, ausência de violência tanto no espaço familiar como no
espaço público, conforme nos traz o Estatuto do Idoso.
A violência praticada contra os idosos em seus domicílios é uma
realidade grave e complexa, sendo urgente e necessário a criação de serviços que
atendam às necessidades dos idosos vítima de violência, ou seja, a criação de
centros para atendimento de vítimas que sejam acolhedores para prestar o serviço
necessário, e que efetivamente haja a punição dos agressores.
O Assistente Social deve intervir conscientizar e mediar às ações
sociais, com o objetivo de proporcionar o bem estar ao idoso. É direito da
população e do profissional de assistência social, exigir políticas sociais, ao Estado,
que garantam vida digna e cidadã aos idosos, onde possam desfrutar dos mesmos
direitos e deveres a que todos têm ao viver em comunidade.
O fato de ser idoso já representa uma situação de vulnerabilidade e
risco social, o que remete em demandas para o assistente social, como por
exemplo, a violência contra o idoso, a exclusão, discriminação, preconceito,
permeando o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.
O profissional em Serviço Social ao intervir na questão do idoso,
precisa compreender que este está inserido num contexto onde o Estado garante o
mínimo para o social, privando a favor dos interesses do capitalismo os direitos de
34
muitas pessoas, inclusive, os direitos de pessoas idosas.
Em se tratando do capitalismo, requer pensar num modelo econômico
explorador, dominador e alienador, onde o idoso é visto como uma pessoa inútil,
fraca, incapaz e que não serve mais para o lucro e sim somente para os gastos,
pois uma pessoa idosa se torna mais vulnerável a problemas de saúde, requerendo
maior intervenção do Estado no atendimento as necessidades desse sujeito.
Devemos esclarecer que, quando a família do idoso não cuida deste,
ela também precisa de cuidados, a ação do assistente social, nesta perspectiva,
deve ser realizada junto à essa família, à comunidade em que o idoso está inserido,
à sociedade para que ela entenda que a pessoa idosa tem suas limitações, enfim,
considerar todos os aspectos econômicos, políticos e sociais que norteiam a
questão do idoso.
Para esse profissional, é imprescindível conhecer de perto essa
realidade vivenciada pelas pessoas idosas e a representação social permite esse
conhecimento.
Com o aumento da longevidade, será necessário a intervenção do
Serviço Social através da elaboração e execução de políticas, programas e projetos
para o enfrentamento da questão da velhice, no sentido de promover um
envelhecimento digno e sustentável contemplativos dos direitos e das
necessidades dessas pessoas idosas e que contribuam, ainda, para romper com a
percepção principalmente das famílias e posteriormente com os mitos e
preconceitos enraizados na nossa sociedade.
35
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
36
órgãos policiais competentes por medo de perder o único vínculo de que dispõe
para continuar vivendo. Essa constatação compromete as possibilidades de se
buscar a solução para tal problema. A par disso, os programas sociais elaborados
em conjunto com os órgãos governamentais e não governamentais são
importantíssimos para se promover a pessoa idosa no cenário social, para ceder-
lhe espaço de convivência comunitária e finalmente fortalecer o vínculo entre as
gerações, na busca de uma sociedade justa e igualitária.
O assistente social deve ter um olhar crítico e diferenciado, em suas
decisões buscando sempre o bem estar da sociedade. Mesmo com todas as novas
possibilidades mediadas pela tecnologia, onde o contato interpessoal não precisa
necessariamente existir para que a comunicação aconteça como a internet, que
possibilita contato por meio de e-mail, sites de relacionamento, blogs, fóruns, ainda
assim é fundamental o processo de comunicação face a face, pois somente desta
forma podem-se notar as expressões do rosto, os tons de voz, os gestos e outros
sinais não verbais, que produzem sentido e significação. Contudo a comunicação é
de suma importância para o convívio social dos seres humanos na sociedade.
O Assistente Social tem como objeto de trabalho a questão social,
que se constitui nas expressões de desigualdade social, gestadas por uma
sociedade capitalista neoliberal. Frente a essas expressões, o profissional utiliza do
conhecimento teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo para pensar
formas eficazes de intervenção. O objetivo da prática profissional é viabilizar
direitos e ampliar a cidadania, por meio de uma melhor qualidade de vida.
O Assistente Social, no desempenho prático da profissão, trabalha
com inúmeras manifestações da questão social, tais como: falta de acesso à saúde,
educação, moradia, lazer, trabalho, alcoolismo, conflitos familiares, violência.
Basicamente, o profissional trabalha com as pessoas que se encontram em
vulnerabilidade social, por estarem fragilizadas em decorrência da violação de
direitos. No entanto, seu fazer profissional não se restringe aos pauperizados,
intervindo também na classe média alta.
A violência praticada contra os idosos em seus domicílios é uma
realidade grave e complexa, sendo urgente e necessário a criação de serviços que
atendam às necessidades dos idosos vítima de violência, ou seja, a criação de
centros para atendimento de vítimas que sejam acolhedores para prestar o serviço
necessário, e que efetivamente haja a punição dos agressores.
37
Viver muito com dignidade é um direito de todo ser humano, já que
significa a própria garantia do direito à vida, o Estado precisa desenvolver e
disponibilizar as pessoas envelhecidas toda uma rede de serviços capaz de
assegurar a todas essas pessoas os seus direitos básicos, como, por exemplo,
saúde, transporte, lazer, ausência de violência tanto no espaço familiar como no
espaço público, conforme nos traz o Estatuto do Idoso.
Ao se falar em envelhecimento populacional, devemos atentar
também para as questões que esse processo acarreta. Esse processo gera
mudanças significativas, impondo uma série de desafios para o governo, apesar de
que o Brasil ainda não possui preparação para o enfrentamento de tais. E dentre as
novas necessidades geradas pelo processo de envelhecimento populacional,
destaca-se a de serviços especializados para as pessoas idosas, como: criação de
asilos, promoção da saúde especializada em gerontologia, aposentadoria, entre
outros. Uma das principais considerações levantadas foi a importância da família na
construção do novo idoso brasileiro
Ela possui um papel fundamental na relação do idoso e sua
convivência em sociedade. Mas nem sempre a família é um espaço acolhedor de
apoio ao idoso. Muitas vezes, o idoso é vítima de violência por seus próprios
familiares, no sentido de violência física, material, moral e psicológica.
O acelerado crescimento da população idosa em quase todos os
países do mundo, e no Brasil repercute nas formas de visibilidade social desse
grupo etário e na expressão de suas necessidades. O mesmo coloca em evidência
a necessidade de revisão de alguns pontos estruturais da sociedade, exigindo
medidas para o enfrentamento dos problemas ligados à velhice como é o caso da
violência contra a pessoa idosa, uma vez que a nossa sociedade infelizmente,
ainda não está estruturada para conviver com um contingente tão grande de
idosos.
A violência contra a pessoa idosa é um problema que toma
intensidade a cada dia, e os seus atos podem ser identificados, sob a forma de
abandono pela família, desvalorização, extorsão, abuso de confiança, uma pessoa
amiga ou vizinha que faz empréstimos e compras com o rendimento do familiar
idoso, uma mãe trancada num cômodo inadequado da casa, um neto que insulta a
avó, com ameaças, é uma repressão física e psicológica com a pessoa idosa para
posse indevida de seus bens, é a humilhação e o descaso com as limitações da
38
idade, enfim, são inúmeros os tipos de abusos que os idosos acabam vivenciando,
além das agressões físicas e verbais, onde muitas vezes as agressões podem
resultar em morte, pois a mesma não acontece de uma única forma, mas sim está
interligada a outras faces.
A ausência de denúncias de muitos destes abusos, está no fato da
vítima estar unida por laços de parentesco ao agressor, não tendo por isto coragem
para denunciar. Estas situações são muitas vezes, por sentimento de culpa e até
medo das represálias e de expor a família. Esses idosos temem perder seu espaço
e serem deslocados da sua casa para uma instituição ou outro lugar, ou até mesmo
receiam de ficar longe do cuidador que o maltrata. Acabam sendo dominados pelo
medo dos agressores, chegam a negar a versão apresentada nas denúncias, no
tocante à violência acometida para com eles próprios. Preferem permanecer no
silêncio, temem expor e envolver os filhos, uma vez que, na maioria dos casos são
os que cometem tais maus-tratos.
Refletir sobre a violência contra o idoso, se faz necessário, na medida
em que se rever o modo de como a sociedade vem tratando esse segmento
populacional, muitas vezes como um “peso” social, já que em outras sociedades e
em outros modos de produção econômica, o idoso era respeitado e cumpria um
papel importante na chefia do seu lar, na continuidade e transmissão da história
para os mais jovens, bem como para outros grupos sociais.
Ao se tratar da violência contra idosos, torna-se premente a
necessidade de se repensar o tratamento dado pela sociedade contemporânea aos
seus idosos. As várias problemáticas decorrentes do processo de envelhecimento
da população não podem e nem deve ser desvinculadas da análise da sociedade,
da estrutura econômica e da formação sócio-política de cada realidade. O caso
específico da violência contra o idoso está inserido no cotidiano das pessoas,
qualquer que seja a sua origem, estilos de vida e classes sociais.
Existem muitos idosos vivendo em condições subumanas, alguns
vivem abandonados em viadutos e calçadas. O Estado pouco tem contribuído para
o cumprimento do que está estabelecido nas Leis de proteção ao idoso, como a
Política Nacional do Idoso (lei nº. 8.842/94) e o Estatuto do Idoso (Lei nº.
10.741/03).
A violência contra a pessoa idosa necessita sair da expressão do
silêncio, já que é através do conhecimento da questão que se podem encontrar
39
caminhos para respeitar os direitos dos idosos, acometidos de violência pelos
familiares, sociedade e instituições, e isso se dará mediante a articulação do
Estado, da família e da sociedade na busca da garantia dos direitos individuais e
coletivos.
O Serviço Social na prática com o idoso, tem o desafio de
conscientizar a população do verdadeiro papel do idoso, garantindo o seu lugar
numa sociedade que passa por grandes mudanças que estão centradas no avanço
tecnológico, favorecendo a relação entre mercado e consumo, e nessa lógica
valoriza-se quem produz e consome. A situação de ser útil apenas pelo que produz
na sociedade capitalista, influi diretamente sobre a vida e personalidade da pessoa
idosa, que passa a ter certas condutas desviantes por se acharem improdutivos e
acreditarem que sua ação com os demais resulta somente da interação e de sua
relação com a natureza por intermédio do trabalho.
As condições de trabalho do assistente social estão diretamente
ligadas ao contexto do país, pois as políticas públicas as quais trabalham esses
profissionais cumprem na sociedade capitalista função social, política e econômica,
variando com esse contexto e, diversificando a atuação profissional. O assistente
social deve sempre buscar alternativas que possam contribuir com as condições de
vida da população, conhecendo e entendendo a situação em que estas vivem, para
assim, poder buscar alternativas condizentes as suas necessidades. Para isto é
necessário que o profissional esteja pautado no projeto ético político da profissão e
no seu Código de Ética.
Contudo, muitos são os desafios institucionais que se colocam para o
profissional de Serviço Social, que precisa ter uma postura investigativa, reflexiva e
propositiva para enfrentar as adversidades do cotidiano profissional no
enfrentamento da questão da violência contra o idoso.
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