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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

CURSO: SERVIÇO SOCIAL

SINILVA VIEIRA COSTA XAVIER

UM OLHAR SOBRE O SUICÍDIO:


A importância do Assistente Social na saúde mental dos adolescentes.

Bom Jesus da Lapa


2019

Bom Jesus da Lapa.


2019
SINILVA VIEIRA COSTA XAVIER

UM OLHAR SOBRE O SUICÍDIO:


A importância do Assistente Social na saúde mental dos adolescentes.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Pitágoras Unopar, como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Serviço Social.

Tutor Orientador:
Professor Supervisor:
Dedico este trabalho para todos os
participantes da Secretaria Municipal de
Assistência Social do Município de Riacho de
Santana-Ba, pois a partir da minha vivência do
estágio no local, me despertou a escolha do
tema.
AGRADECIMENTOS

Hoje realizo mais um sonho. Não foi fácil. Precisei me esforçar ter
muita determinação e paciência para chegar até aqui, mas esse sonho não seria
possível se eu não tivesse pessoas tão especiais ao meu lado.
Agradeço primeiramente a Deus, força maior, a quem confio minha
vida, por nunca ter me abandonado e por ter me escutado quando em minhas
orações, lhe pedia forças para continuar seguindo em frente. Sem Ele eu não estaria
aqui.
Também agradeço à minha amiga Claudia Regina de Almeida, quem
mais me incentivou a adentrar a vida acadêmica.
Aos meus colegas da Universidade, pela boa companhia nessa
trajetória.
Aos professores que enriqueceram meu conhecimento durante a
minha caminhada.
A Máyra Luísa, pelos esclarecimentos sobre o trabalho de conclusão
de curso.
Ao meu esposo, Jailson Fernandes Xavier, por todo apoio e
incentivo dedicado a mim, e por tornar meus dias mais felizes.
A minha filha, Sabrina Costa Xavier, pela paciência, apoio e
incentivo.
A todas as pessoas, não citadas aqui, mas que desde o início da
minha graduação passaram pela minha vida e de alguma forma contribuíram para
que eu chegasse a este momento tão especial.
A todos muito obrigada!
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 1

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................. 4


2.1 A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL, COM
ÊNFASE NA ASSISTÊNCIA SOCIAL ......................................................... 4
2.2 A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CAMPO DA SAÚDE
MENTAL....................................................................................................13
2.3 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE
MENTAL................................................................................................... 22

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 36

4 REFERÊNCIAS .................................................................................... 38
XAVIER, Sinilva Vieira Costa. Um olhar sobre o suicídio: a importância do serviço
social na saúde mental dos adolescentes. 2019. 49 folhas. Monografia (Graduação
em Serviço Social) - Sistema de Ensino Presencial Conectado. Universidade
Pitágoras Unopar. Bom Jesus da Lapa, 2019.

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo compreender a importância da participação do


assistente social na prestação de serviços aos adolescentes com transtornos
mentais, buscando conhecer a trajetória histórica da política de saúde no Brasil com
ênfase na assistência social, bem como analisar a inserção do assistente social no
campo da saúde mental e por fim, conhecer a atuação do assistente social perante a
saúde mental. Para isso, faz-se um resgate histórico da assistência social no
contexto das políticas sociais brasileiras de modo a identificar seus avanços e
recuos e as possibilidades atuais. A partir daí, avalia-se a importância dos
assistentes sociais nessa política, evidenciando quais suas contribuições a partir dos
suportes teórico-metodológicos, ético-político e técnico operativo que respaldam a
profissão, nos mais diversos campos sócios ocupacionais, dentre eles no campo da
saúde mental. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico. Conclui-
se que é necessário que este profissional desenvolva um cenário capaz de mostrar
a sua importância e a sua contribuição na construção do processo de Reforma
Psiquiátrica, onde juntamente com as categorias profissionais da Saúde Mental, os
usuários desta política, os familiares destes usuários, a sociedade como um todo
devam estar envolvidas neste processo, considerando que ele não está restrito
apenas a uma política, a Política de Saúde Mental, mas está envolvida em uma ação
integral e articulada com outros processos e outras políticas que a sociedade em
geral está inserida.

Palavras-chave: Assistência social. Saúde mental. Reforma psiquiátrica. Política


social.
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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por finalidade, compreender a importância


da participação do assistente social na prestação de serviços aos adolescentes com
transtornos mentais, buscando conhecer a trajetória histórica da política de saúde no
Brasil com ênfase na assistência social, bem como analisar a inserção do assistente
social no campo da saúde mental e por fim, conhecer a atuação do assistente social
perante a saúde mental.
Com as mudanças internas do objeto da Psiquiatria do transtorno
mental para a Saúde Mental, a partir da Segunda Guerra Mundial, o social ganha
relevo tal como expresso no conceito de Psiquiatria Social. O campo clínico e extra
clínico se fundem, exigindo uma visão ampliada da pessoa enferma para além dos
sintomas clínicos, para sua “existência sofrimento” (ROTELLI, 1990). Mas, como
definir Saúde Mental?
Não há um conceito oficial. Nos documentos da Organização Pan
Americana de Saúde (OPAS, 2001), a Saúde Mental é retratada como “algo mais
que a ausência de transtorno mental”, de maneira vaga. A Saúde Mental seria o
contraponto do transtorno mental, estando relacionada a determinantes sociais,
econômica, políticos, cultural e teórica.
Nesse sentido, a presença do Serviço Social torna-se importante na
Saúde mental, pois além da exclusão dos pacientes com transtornos mentais há a
necessidade de suprimir as outras formas de exclusão que estão submetidos,
manifestados pela miséria, pela pobreza e pelas contradições próprias da sociedade
capitalista. Pois as pessoas com sofrimento mental passaram e ainda passam por
preconceitos, e a condição se intensifica quando estas pessoas se encontram nas
camadas mais pobres da população. Para isso é necessário compreender a
importância da participação do serviço social na prestação de serviços aos
adolescentes com transtornos mentais. Desse modo questiona-se: Qual a
importância da participação do serviço social na prestação de serviço aos
adolescentes com transtornos mentais?
Apesar da saúde mental e o suicídio serem um tema arcaico, ainda
existe um imenso tabu presente na sociedade que impede que o mesmo seja
7

abordado abertamente. Sendo assim, o projeto de pesquisa é relevante sobre tudo


pela necessidade de entender a dinâmica dos atendimentos no campo da saúde
mental e de forma especializada no referido projeto, construindo diálogos com os
autores que reconhecem a subjetividade como um aspecto importante nas
circunstâncias do sofrimento humano, procurando identificar as demandas sociais
que afetam a sociedade.
A escolha do tema dessa pesquisa bibliográfica se deu pelo grande
índice de suicídio, bem como os transtornos mentais em adolescentes e jovens.
Estima-se que até 2020 poderá acorrer um incremento de 50% na ocorrência anual
de mortes por suicídio em todo o mundo, constituindo que o algarismo de vidas
submergidas desta forma, a cada ano supera o número de falecimento resultante de
homicídio, além disto, cada morte decorrente de suicídio impacta pelo menos a vida
de outras seis pessoas que convivia com a mesma.
Para tanto este trabalho se justifica, pela importância em se debater
este assunto enquanto assistente social em formação, uma vez que, os assistentes
sociais possuem uma imensa importância na prevenção e controle do suicídio, pois
desempenha um trabalho que pode identificar e compreender os indivíduos que
estão em situação de vulnerabilidade como: a ansiedade, o abuso de álcool e
drogas, tentativas prévias de suicídio, conflitos e crises familiares e perturbação
mental, estes são os exemplos de situação de vulnerabilidade no qual o individuo
suicida se encontra. Assim, o assistente social tem uma importante função na luta
em defesa da reforma psiquiátrica, em conjunto com outros profissionais da saúde
mental.
Diante do exposto, verifica-se a relevância do estudo para a
categoria profissional, visto que a saúde mental se constitui como uma expressão da
questão social que se faz presente nos espaços sócio ocupacionais nos quais o
assistente social é requisitado a prestar seus serviços. A categoria profissional não
deve se omitir frente a esta questão, como também deve unir forças na luta por uma
sociedade livre de manicômios. Ademais, os objetivos desta pesquisa são: objetivo
geral: Compreender a importância da participação do assistente social na prestação
de serviços aos adolescentes com transtornos mentais. Objetivos específicos:
Conhecer a trajetória histórica da política de saúde no Brasil; Analisar a inserção do
assistente social no campo da saúde mental; Conhecer a atuação do assistente
social perante a saúde mental.
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Para subsidiar a realização do trabalho será feito um estudo de


cunho qualitativo de delineamento bibliográfico, balizados por pesquisas já
realizadas publicadas em formato de livros e artigos e publicadas de autores como
BISNETO (2009), REZENDE (2009) IAMAMOTO (2004), VASCONCELOS (2009),
entre outros. A concepção desses autores será fundamental para realização de
reflexões a respeito do tema posto em questão para o debate. A viabilidade da
pesquisa se dará de forma a exploração da bibliografia.
Sendo assim, o trabalho está dividido em três seções, sendo a
primeira intitulada de; A trajetória histórica da política de saúde no Brasil, com
ênfase na assistência social, a segunda; A inserção do assistente social no campo
da saúde mental, e a terceira é A atuação do assistente social na saúde mental.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL, COM


ÊNFASE NA ASSISTÊNCIA SOCIAL.

O Serviço Social no Brasil, assim como em outros países, iniciou-se


como caridade passando posteriormente para a educação profissional e por último o
reconhecimento como profissão e regulamentação da mesma. Para Rezende e
Cavalcanti (2009, p. 21), “(...) o marco da expansão das políticas sociais no Brasil foi
a Constituição de 1988, que articulou a política de seguridade social e dotou-a de
fontes de financiamento”. No Brasil, há muitas leis de amparo ao cidadão, que de
alguma forma necessita do Estado. Porém, sabemos que estas nem sempre se
aplicam a todos ou não chegam a todos que dela necessitam.
A relação das políticas sociais e o serviço social surgiram quando, na
implementação destas políticas, o Estado capitalista passou a requerer a
presença de variadas profissões, dentre estas o serviço social na
elaboração, viabilização e execução da intervenção estatal sobre a questão
social. (REZENDE; CAVALCANTI: 2009 p. 21)

Ainda os autores (2009, p. 22), acrescentam que “de todo modo, há 
que se registrar: no pós-1988, nos âmbitos estaduais e municipais também de pôde
constatar um significativo aumento da participação dos assistentes sociais nos
desdobramentos das políticas sociais construídas no plano da federação”.
Assim, para que haja a Assistência Social, faz-se necessário as
políticas públicas, e que estas são de muita importância para a continuidade do
funcionamento e manutenção da Assistência Social. Segundo Rossi e Jesus (2009,
p. 1) afirmam que:
É mediante as políticas publicas que são distribuídos e redistribuídos os
bens e serviços sociais como resposta as demandas da sociedade civil.
Embora, as políticas públicas sejam responsabilidades do Estado, não
significa que cabe unicamente ao Estado a tomada de decisão. Devem, sim,
envolver relações de reciprocidade e antagonismo entra ambas as esferas
(sociedade civil e estado), (SIC).
 
Sendo assim, conhecer a realidade nacional faz parte do serviço
social e da formação do assistente social. Toda sociedade deve lutar pelo progresso
democrático, pela humanização do indivíduo e por sua emancipação através dos
seguintes formadores: organização política, identidade cultural, informação,
comunicação, consciência crítica, liberdade e principalmente inseri-las no processo
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educacional.
A criação de uma lei até sua sanção requer um processo longo e
demorado, oque muitas vezes leva esta a se arrastar, talvez, durante anos na Casa
Legislativa ou simplesmente engavetá-las. Assim, faz-se necessário um olhar mais
abrangente para os Assistentes Sociais e para as políticas de assistencialismo no
Brasil, afim de, melhorar as condições dos usuários e fazer com que as políticas
públicas sejam levadas a todos pelo profissional de assistência social.
As políticas de sócio assistencialismo no Brasil estão ligadas
diretamente aos profissionais de Assistência Social. Contudo, estas antes de serem
executadas, necessitam passar por uma longa e tortuosa perícia até ser aprovada,
para aí sim, serem posta em prática e muitas vezes com grandes ressalvas e
mudanças daquela que originalmente fora criada, chegando à mudança até mesmo
do propósito final de tal política.
Neste sentido, as políticas públicas de saúde no Brasil têm sofrido
modificações ao longo dos anos, e tais mudanças historicamente têm sido pelo
menos aparentemente para adequarem-se aos contextos políticos, econômicos e
sociais. Somente com a chegada da família real, em 1808, é que algumas normas
sanitárias foram impostas para os portos, numa tentativa de impedir a entrada de
doenças contagiosas que pudessem colocar em risco a integridade da saúde da
realeza. Em 1822, com a Independência do Brasil, algumas políticas débeis de
saúde foram implantadas, tais políticas eram referentes ao controle dos portos e
atribuía às províncias quaisquer decisões sobre tais questões.
Nesse contexto, o assistencialismo e o clientelismo foram elementos
preponderantes no processo de constituição das políticas sociais brasileiras. E a
Assistência Social, desenvolvida pelas organizações filantrópicas e caritativas,
também tinha traços que direcionam suas ações, essencialmente, para o
atendimento dos indivíduos em situação de extrema pobreza, mostrando-se uma
forte presença do conteúdo humanitário, da benemerência e da cultura do favor
(TORRES, 2002).
De acordo com Iamamoto e Carvalho (2005), a questão social foi
reconhecida pelo Estado a partir da década de 1930, porém demandas por ações de
Assistência Social só passaram a ser oficialmente reconhecidas pelo poder estatal
somente na década de 1940. As primeiras tentativas de ajuda aos pobres foram
desenvolvidas sob comando e mobilização da Igreja Católica, a qual por meio de
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seu apostolado e do movimento católico laico incumbiu o serviço de reunificar e


recristianizar a sociedade burguesa restaurando os costumes cristãos,
harmonizando os conflitos de classe e ainda fazendo recuperar o proletariado de
lideranças ditas perigosas à manutenção da ordem social.
Porém, a partir dos anos de 1930, a Igreja recua e abre mão da
reprodução de um projeto de sociedade humanitário, haja vista ser, esse, um
período de recessão econômica e auge do movimento proletário por melhores
condições de vida e de trabalho. Assim sendo, a partir de então, o Estado se viu na
obrigação de reconhecer e dar respostas às demandas sociais e as problemáticas
societárias.
Contudo, Pereira (2014) aponta que a ação estatal no campo da
Assistência Social se edificou de forma embrionária, restrita e fragmentada. Sendo
que a grande maioria dos serviços e obras ofertadas, nessa área, eram
desenvolvidas pela atuação de grandes organizações filantrópicas e entidades
privadas, que se sustentavam com o apoio e o financiamento do Estado.
Corroborando dessa ideia, Torres (2002) também pontua que a
atuação das damas da caridade e das senhoras ricas da burguesia desencadearam
ações destinadas aos pobres. Essas, voluntariamente, não só ofereciam assistência
aos desfavorecidos mostrando uma ação de praticar o bem-comum e de cumprir
com os deveres religiosos de caridade aos pobres, bem como o assistencialismo, o
clientelismo e a influência da Igreja Católica eram figuras atuantes e de grande
importância para que as atividades fossem desenvolvidas. A intervenção do Estado,
sem romper com essas instituições, cristalizava-se a “ação filantrópica do Estado”
frente aos segmentos pobres e carentes por soluções aos problemas sociais, por
meio de respostas paliativas e compensatórias.
Neste sentido, a disseminação da prática assistencial pelo Estado se
dará como expressão de benemerência, tendo respaldo nas instituições não
governamentais de fins sociais, em especial, os organismos atrelados às igrejas de
diferentes credos, as ações de assistência. Ao Poder Público incumbiria tão-só
desencadear e direcionar os esforços de solidariedade social da sociedade civil
(SPOSATI, 2007).
Ademais, a política de saúde pública no Brasil teve sua trajetória
histórica desenhada em vários momentos e partes do país, porém foi no Rio de
Janeiro, no período do governo do presidente Rodrigues Alves (1902–1906), que a
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cidade passou por profundas reformas urbanísticas e sanitárias. Aquela primeira


reforma sanitária, culminou na conhecida Revolta da Vacina, durante a gestão do
prefeito Pereira Passos. Nenhuma outra metrópole foi alvo de tantas ações médicas
quanto o Rio de Janeiro (Ibidem, 2006:24).
Na cidade do Rio de Janeiro (que naquele período era a capital
federal) era inexistente qualquer forma de saneamento básico, o que ocasionava
várias doenças graves, dentre elas a febre amarela, a malária, a varíola e as pestes
que se espalhavam com enorme facilidade. Para combater tais moléstias e tentar
resolver este problema, o presidente Rodrigues Alves nomeou o médico Oswaldo
Cruz diretor do Departamento Nacional de Saúde Pública. Este acionou uma brigada
sanitária para ações que incluíam invasões a domicílios para queimar roupas e
colchões, sob a alegação de que estes eram focos de proliferação de ratos e
mosquitos, acompanhados por policiais para aplicações obrigatórias de vacina.
Não podemos deixar de lado o fato de que, apesar dos conflitos
ocorridos mediante esta ação imperativa, o médico Oswaldo Cruz obteve sucesso
em seu plano, e conseguiu resolver parte das questões de saúde pública do período
e colheu dados importantes que serviram de base para o seu sucessor, o também
médico Carlos Chagas, que estruturou uma campanha rotineira de ação e educação
sanitária.
Somente com a Proclamação da República, em 1889, é que as
práticas de saúde em nível nacional tiveram início. Oswaldo Cruz e Carlos Chagas
que estiveram à frente da Diretoria Geral de Saúde pública, implementaram um
modelo sanitarista visando erradicar epidemias urbanas e a criação de um novo
Código de Saúde Pública, tornando-se responsável pelos serviços sanitários e de
profilaxia no país, respectivamente.
Passado todo esse período de ações expressivas e autoritárias,
pouco aconteceu em matéria de saúde no Brasil, Foi somente com a chegada de
operários imigrantes no nosso país, que se voltou a pensar em assistência a saúde
voltada para a população pobre, isso porque ocorreram pressões através de greves
por parte da população trabalhadora para que algo fosse feito.
O Estado brasileiro teve sua primeira intervenção em 1923, com a
Lei Elói Chaves, através da criação das Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAPs),
que asseguravam aos trabalhadores e empresas assistência médica,
medicamentos, aposentadorias e pensões. Foram substituídas pelos Institutos de
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Aposentadoria e Pensões (IAPs) passando a abranger uma quantidade maior de


trabalhadores. Somente no final da década de 80 deixou de exigir carteira de
trabalho para atendimentos em hospitais, tornando a saúde menos excludente e
mais universal.
Com a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas chega ao poder,
foi criado o Ministério da Educação e Saúde e as caixas foram substituídas pelos
Institutos de Aposentadorias e Pensões, que passaram a ser dirigidos por
sindicalistas. Apesar de a nomenclatura ter sido modificada, suas atribuições eram
muito semelhantes às das caixas, que previam assistência médica. A união manteve
sua posição, se eximindo de qualquer financiamento, que continuava a ser mantido
pelas contribuições sindicais, assim como nas antigas Caixas. Vale ressaltar que
nas CAPs os trabalhadores dividiam-se por empresa (cada empresa tinha sua CAP),
e quando passaram às IAPs, estes então se dividiram em categorias profissionais
(Simões, 2007:124-125).
O Ministério da Saúde e Educação criou órgãos de combate a
endemias e normativos para ações sanitaristas. A saúde e a educação estavam
vinculadas, no entanto a educação obteve um olhar mais apreciativo por parte do
Governo, e a saúde continuou a ter investimentos muito baixos.
Na década de 70 surgiu o Movimento da Reforma Sanitária que
tinha como objetivo conquistar a democracia para mudar o sistema de saúde. O
conceito saúde – doença bem como o processo de trabalho e a determinação social
da doença foram rediscutidos. No final da década de 80 o quadro social e político no
país era diferente, onde o movimento de redemocratização expandia-se pelos
estados brasileiros e a oposição ganhava força no Congresso Nacional. Dentro
desse contexto ocorria, em 1986, a VIII Conferência Nacional de Saúde que tinha
como presidente Sérgio Arouca e que, pela primeira vez, foi verdadeiramente
popular refletindo o momento pelo qual o país passava. O grande marco da VIII
Conferência Nacional de Saúde foi a criação do Sistema Único Descentralizado de
Saúde, que posteriormente tornou-se Sistema Único de Saúde (SUS), além de ter
consolidado as ideias da Reforma Sanitária.
Entre 1940 e 1964, período do início da ditadura militar no Brasil, o
tema que estava em debate sobre saúde pública brasileira foi a unificação dos IAPs,
fazendo assim, com que este sistema tornasse mais abrangente. Naquele período,
só poderiam ser atendidos na rede pública de hospitais, aqueles que tivessem
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registro profissional de trabalho, ou seja, trabalhassem com “carteira assinada”.


Deste modo estavam fora da cobertura de atendimento os cidadãos desempregados
e os trabalhadores informais, já que estes não contribuíam, logo não estavam
segurados, ou seja, sem emprego, eles não seriam cidadãos de direitos.
Um ponto importante a se destacar é que no ano de 1974, os
militares criaram uma instituição chamada Fundo de Apoio ao Desenvolvimento
Social que ajudou a criar e remodelar a rede privada de hospitais, através de
empréstimos a juros subsidiados. Com aquela política, aconteceu uma explosão no
crescimento dos hospitais de rede privada no país, estes chegando ao número de
500% no aumento de leitos hospitalares privados. No entanto, todo esse
investimento visava somente à medicina curativa, deixando de lado o pensamento
preventivo sanitarista, que só não caiu no esquecimento, porque foi criada em 1970
a Superintendência de Campanhas da Saúde Pública.
Com a Constituição Federal de 1988, um modelo de atenção à
saúde único foi criado, e reformulou os serviços de saúde pública e previdência
social. Este modelo é chamado de Sistema Único de Saúde (SUS, Lei nº. 8080/90),
que se organiza de forma regional e hierárquica, com comando único em cada nível
governamental, e seguindo as diretrizes da descentralização administrativa e
operacional do atendimento integral à saúde e da participação da sociedade para o
controle social.
No artigo 200 da Constituição Federal, as atribuições do SUS foram
detalhadas e previram:
A prevenção e o tratamento de doenças, a formulação de políticas públicas,
a execução de ações de saneamento básico, o desenvolvimento tecnológico
e científico, a fiscalização e a inspeção de alimentos e bebidas, a
colaboração com a proteção do meio ambiente, o controle e a fiscalização
de elementos de interesse para a saúde, a vigilância sanitária e
epidemiológica, a participação na produção de medicamentos,
procedimentos, produtos e substâncias de interesse da saúde, a saúde do
trabalhador (Constituição Federal Brasileira de 1988).

Nesse sentido, o SUS deve abranger não somente o atendimento de


pessoas doentes, mas também, e principalmente, a prevenção das doenças. Este
sistema de saúde representa o maior projeto de inclusão social no Brasil,
proporcionando aos que antes eram excluídos pelo sistema, garantia de assistência
à saúde.
Entretanto a despeito da mesma imponência do projeto gigantescas
dificuldades são encontradas em sua implementação relacionadas ao financiamento,
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regulação incipiente, precárias condições de trabalho falhas na descentralização.


Necessitando de um fortalecimento no que se refere à regulação da assistência a
saúde no país que apesar dos avanços obtidos com a descentralização explicita
problemas como leitos insuficientes para atender a demanda da população que
necessita de atendimentos, principalmente de média e alta complexidade, que em
sua maioria estão sob o poder do setor privado complementar e filantrópico.
Dentro desse contexto, o cenário atual das políticas públicas de
saúde em relação à saúde mental conta com uma legislação que descreve os
direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, a Lei nº. 10.216 de
06/04/2001. Esta lei em seu artigo terceiro trata da responsabilidade do Estado no
trato com a saúde mental, afirmando que:
É de responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde
mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de
transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a
qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas
as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos
portadores de transtornos mentais.

Sendo assim, um traço forte da influência da Reforma Psiquiátrica


naquela Lei foi o artigo 4º que trata da possibilidade de internação. Em seu primeiro
parágrafo, ela afirma: “a internação, em qualquer de suas modalidades, só será
indicada quando os recursos extra hospitalares se mostrarem insuficientes”. Desta
forma, fica claro entender que, somente em último caso, será necessária a
internação. Como no período anterior à reforma psiquiátrica, esta lei também previu
a reinserção social do paciente: “terá como finalidade permanente a reinserção
social do paciente em seu meio”. (Lei Federal 10.216/01 § 1º).
No Brasil, no período até 1800, não existiam referências sobre a
trajetória da doença mental. Apesar da crença de que as mudanças urbanas
trouxeram a necessidade de um “novo homem” para fazer parte do cenário, como
ocorrido na Europa, no Brasil, este não foi um fator pré-condicionante para que
acontecesse a diminuição (e por que não o rompimento?) da linha de tolerância da
sociedade para com os doentes mentais, pois como sugere Resende:
No Brasil o doente mental faz sua aparição na cena das cidades, igualmente
em meio a um contexto de desordem e ameaça à paz social, mas,
diferentemente do que se observou na Europa, em plena vigência da
sociedade rural pré-capitalista, tradicionalmente pouco discriminativa para a
diferença. Ou seja, aquelas condições classicamente invocadas como
determinantes de um corte a partir da qual o insano torna-se “um problema”
– a industrialização, a urbanização maciça e suas consequências – e que
levaram muitos autores do século passado a admitir a doença mental como
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corolário inevitável do progresso (1987, p.30).

Assim, a doença mental no Brasil parece ter ficado muito tempo


silenciada, e suas manifestações diluídas na imensidão deste país. As primeiras
instituições psiquiátricas surgiram no Brasil durante um momento em que “a ordem e
a paz social estavam ameaçadas” e a sociedade reclamava contra a liberdade dos
loucos, que perambulavam pelas ruas. Este fato somado às denúncias de maus
tratos que os internos doentes sofriam nas instituições tinha um caráter humanitário
(Resende, 1987).
Segundo Resende (1987) a função segregadora da instituição
psiquiátrica no Brasil se mostra de forma inibida, sem um véu que a esconda,
durante os primeiros quarenta anos de sua existência. Uma das mais marcantes
evidências desta afirmação era a forma como essa clientela era constituída a partir
de uma marca fortemente segregadora:
[...] tratava-se, sobretudo de homens livres, os escravos eram raridade.
Muitos deles classificados como pobres; mas, entre estes, poucos negros, a
maioria mestiços e mesmo europeus e brasileiros de ‘raça pura’, uma
amostragem fiel daqueles grupos de indivíduos que [...] formavam a
população errante dos marginalizados das cidades, os vadios, os
arruaceiros, os sem trabalho. (Ibidem, 1987, p. 39).

Sendo assim, a clientela das instituições psiquiátricas até então era


selecionada de modo peculiarmente leigo, sem a nosologia psiquiátrica. Os médicos
de fato não tinham poder naquelas instituições, e as visitas médicas eram
esporádicas.
Para tanto, no interior da psiquiatria, surgiram inúmeras críticas ao
modelo asilar, tendo por inspiração os movimentos de Reforma Psiquiátrica dos
Estados Unidos e modelo europeu desde a década de 1940. Estes modelos eram
baseados na psicoterapia institucional, nas comunidades terapêuticas, na psiquiatria
de setor francesa e na psiquiatria preventiva norte-americana e, por fim, na
experiência italiana de Franco Basaglia. Foi através do modelo italiano que, no
Brasil, começou-se a pensar na Reforma Psiquiátrica, de modo a substituir o modelo
hospitalocêntrico (paciente internado), visando à eficácia e a redução do custo social
(Constantine, 2009).
Tomando como base a análise, supracitada, da historicidade que
perpassou a construção da proteção social brasileira enquanto política pública de
direito, é perceptível que foi um processo lento e gradual, mas, que teoricamente
pode ser considerando como um modelo que evidencia um novo paradigma no que
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tange os direitos sociais. Entretanto, faz-se necessário salientar, que mesmo com
todos esses amparos legais ainda existe um déficit na efetivação de tal política,
principalmente no que se refere à negligência de princípios básicos preconizados
pela Lei: Universalidade; Supremacia do atendimento às necessidades sociais;
Respeito à dignidade do cidadão; Igualdade de direito no acesso ao atendimento;
Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos; entre outros;
denotando assim, que ainda existe uma desafiante trajetória para o cumprimento do
que de fato está na teoria.
Nesse contexto, com o intuito de refletirmos sobre a atual condição
da Política de Assistência Social, faz-se necessário evidenciar alguns de seus
avanços e entraves na contemporaneidade. Como inovações na política em
questão, é crucial citar a reordenação de sua gestão, como um sistema político
administrativo descentralizado e participativo, abarcando os três níveis do governo.
Foram ampliados os espaços de participação política e social nos tramites de gestão
e deliberação da política de assistência social, além de colaborar para o
reconhecimento das peculiaridades (culturais, naturais, históricas, dentre outras) de
cada município. Abrindo cada vez mais o rol de ações articuladas às demais
políticas sociais. Com esses novos rearranjos são incorporadas também, a atuação
de instituições privadas e mistas, como as organizações não governamentais, as
quais são integradas ao processo por proverem as necessidades voltadas à “defesa
dos direitos”, principalmente os direitos socioassistenciais.
Entretanto, no campo dos direitos sociais, houve um retrocesso
decorrente do modo de produção capitalista com vistas ao modelo neoliberal,
intensificado na década de 1990, período marcado por fragilizações no âmbito das
políticas sociais. São incorporadas novas percepções referentes aos direitos e a
justiça social, novas formas de alocação de recursos públicos e novos parâmetros
de regulação ocasionando uma série de reformas as quais acarretaram mudanças
cruciais nesse processo. Assim é importante frisar que no contexto de emergência
de práticas neoliberais, surgem novas configurações da questão social tais como a
fragilização das relações de trabalho e o sucateamento do aparelho estatal no que
tange a garantia da proteção social. Os quais resultam, dentre outros fatores, em
ações e/ou posturas que tendem a retroceder às práticas filantrópicas em uma nova
roupagem que torna cada vez mais tênue o princípio da universalidade dos diretos
sociais. O contexto vigente,
18

(...) construiu para a Assistência Social um perfil ainda longe proposto pela
LOAS, perfil desarticulado que colocou em evidência um caráter seletivo,
focalista e fragmentador para as suas intervenções com medidas
assistenciais meramente compensatórias face aos efeitos dos ajustes
estruturais da economia.(Yazbek, 2006,p. 12)

Nessa conjuntura há um difícil processo de ruptura com os traços


assistencialistas que ainda pairam o campo da assistência social. Há um retrocesso
na década de 1990, ainda que de forma velada, às práticas pautadas na filantropia e
no voluntariado, as quais ainda persistem existir, descaracterizando e depreciando
todo um contexto de lutas pela conquista dos marcos legais que norteiam a política
supracitada. Insistem ainda os resquícios da cultura moralista, a qual culpabiliza o
indivíduo por sua precária condição econômica e social. Desconsiderando assim,
que vários são os determinantes estruturais que compõem a totalidade da vida
social, os quais se pulverizam a partir de mediações e incidem negativamente sobre
a massa já destituída da riqueza socialmente produzida.
Portanto, foram imprescindíveis os avanços conquistados no que
toca a política social referida, no entanto, a mesma ainda necessita romper com
diversos paradoxos e retrocessos a fim de atingir uma posição de consolidação com
vistas ao fomento das potencialidades humanas, consubstanciadas na
materialização e/ou viabilização dos direitos sociais.

2.2 A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL

O Serviço Social é uma profissão inserida em um contexto sócio


histórico, que tem como objeto de trabalho a questão social e suas múltiplas
determinações. Essas expressões da questão social se manifestam conforme o
espaço sócio ocupacional do assistente social. (IAMAMOTO, 2008).
Deste modo, a literatura registra a inserção do profissional de
Serviço Social na saúde mental em meados da década de 1940, mais
especificamente em 1946, no âmbito dos chamados “serviços sociais psiquiátricos”.
A presença de assistentes sociais em hospitais psiquiátricos ou manicômios era
relativamente reduzido, como também o número de hospitais psiquiátricos estatais e
privados. Vale pontuar que nesse período a psiquiatria estava organizada conforme
o modelo manicomial, baseado na exclusão do sujeito do convívio social por meio de
sua internação em hospitais psiquiátricos por longos períodos de tempo. Nesse
19

período, os hospitais psiquiátricos eram comparados a grandes campos de


concentração, uma vez que a miséria era real naquele ambiente que nada tinha de
terapêutico.
No Brasil a trajetória do Serviço Social nesta área inicia-se a partir
de 1946, e esta possibilidade surge em decorrência da grande demanda identificada
neste período, que foi marcado por tensões e problemas decorrentes do
desenvolvimento da Guerra Fria. Como consequência deste processo, as condições
dos trabalhadores se tornavam precária, o salário se mantinha estático, e o custo de
vida só aumentava.
Durante todo período operários sofriam com a pressão promovida
pelos industriais e muitos deles acabavam por acarretar transtornos mentais, e
decorrentes desta situação, de acordo com José Augusto Bisneto (2009, p.25):
O assistente social veio para “viabilizar” o sistema manicomial no seu ponto
mais problemático. O Serviço Social foi demandado pelo Estado ditatorial
como executor terminal de politicas sociais na área de Saúde Mental,
repetindo sua contradição histórica, de uma demanda pelas elites para
atender os “necessitados”.

Portanto o que podemos perceber é que o Serviço Social adentra a


área de saúde mental como forma encontrada para amenizar os conflitos entre o
capital e trabalho, já que o próprio contexto contribuía com fatores que levavam ao
adoecimento mental.
A prática da profissão na saúde mental no Brasil apresenta-se em
três momentos diferentes:
a) a partir de 1946, com as primeiras inserções residuais: apresenta
pequeno número de profissionais, usando no início modelos de prática
higienistas, caritativos, clínicos, e mais tarde incorporando abordagens
funcionalistas e das várias psicologias; os poucos assistentes sociais
atuavam principalmente em manicômios estatais; b) a partir dos anos 1970,
como consequência das reformas no sistema de saúde e previdência
conduzidas na modernização do capitalismo pela ditadura militar através do
INPS: um número médio de profissionais começa a ser recrutado, com uma
mescla de modelos de intervenção: modelo clássico de Caso, Grupo e
Comunidade; modelos das perspectivas da Reconceituação –
desenvolvimentismo, fenomenologia e marxismo; influências psiquiátricas
da época, tanto tradicionais quanto emergentes (junguianas, comunidades
terapêuticas, movimento de potencial humano); os assistentes sociais
passaram a atuar também nos estabelecimentos psiquiátricos privados e
filantrópicos conveniados; c) a partir dos anos 1990, com a segunda fase do
Movimento de Reforma Psiquiátrica: continua preservando várias
tendências metodológicas, mas com presença da psicanalise e da moderna
teoria dos sistemas. Esse mercado de trabalho está em expansão,
apresentando uma parcela cada vez maior de assistentes sociais,
trabalhando nos mesmos estabelecimentos do momento anterior, só que
agora conveniados aos SUS; acrescentaram-se a esses locais de trabalho
os programas municipais e estaduais de Saúde Mental e os serviços
20

alternativos.(BISNETO, 2009:58)

Logo após essa participação histórica, a profissão amplia os seus


conhecimentos na área, junto com a própria evolução do tratamento as pessoas
portadoras de transtornos mentais.
Deste modo, a partir de 1964, e principalmente 1968, o período
ditatorial no Brasil foi marcado pela forte repressão popular pelos militares, em que
os direitos civis e políticos foram suspensos. O Estado brasileiro assume um caráter
de antinacional, antidemocrático e centralizador. A profissão se deparava com novas
demandas fruto das novas exigências de um capitalismo monopolista tardio regido
por um regime autocrático burguês. Inquietações e insatisfações passaram a fazer
parte da categoria da profissão, pois as antigas ações de moldes conservadores
tradicionais já não atendiam as novas exigências. A reformulação do Serviço Social
ocorreu no processo de expansão de um mercado nacional de trabalho para os
assistentes sociais.
Compreendemos que, o Serviço Social estava sendo requisitado,
nesse período turbulento de ditadura militar, a desenvolver nada mais que a
essência de sua função para a sociedade capitalista, isto é, participar das formas de
enfrentamento das expressões da questão social que eram expressas na realidade
da população internada nos hospitais psiquiátricos. É nesse período que as políticas
sociais são pautadas na centralização política e financeira em nível federal,
fragmentação institucional, exclusão da participação social, autofinanciamento dos
investimentos, privatização dos serviços com características clientelísticas, dentre
outros aspectos característico desse Estado arbitrário. Bisneto (2000) sintetiza esse
momento afirmando:
O grande problema para o governo da ditadura militar nos hospícios no fim
dos anos 1960 não era a loucura (esta era controlada pela psiquiatria, pelos
psicotrópicos e pelo aparato asilar). Era a pobreza, o abandono, a miséria,
que saltavam à vista e que geravam contestações da sociedade,
principalmente após a incorporação do atendimento aos trabalhadores e
seus dependentes na rede previdenciária de assistência mental. O
assistente social veio para “viabilizar” o sistema manicomial no seu ponto
mais problemático. O Serviço Social foi demandado pelo Estado ditatorial
como executor terminal de políticas sociais na área de Saúde Mental,
repetindo sua contradição histórica, de uma demanda pelas elites para
atender aos “necessitados”. (BISNETO, 2007, p.25)

Dentro desse contexto, torna-se evidente que a inserção de


assistentes sociais no campo da saúde mental brasileira se deu pela necessidade do
Estado em controlar as expressões da questão social que estavam sendo postas
21

aos profissionais na Saúde Mental. Nesse sentido, o Estado visa a regulação das
relações sociais, econômicas, políticas e ideológicas a fim de reiterar a acumulação
capitalista e controlar os trabalhadores.
Para o autor, o Serviço Social entrou na Saúde Mental como mais
uma das medidas racionalizadoras do sistema saúde-previdência. Vale dizer que
nessa época, mesmo de ditadura militar, já havia psiquiatras com visão social, que
defendiam a ideia de um atendimento mais humanizado de esquerda e de um
tratamento por meio de uma equipe multiprofissional. Estes contribuíam na
elaboração de políticas públicas dentro do Estado. O Serviço Social se inseriu nessa
área objetivando novas visões no que diz respeito ao contexto familiar e social, a
universalidade da loucura, prevenção primária e comunitarista.
Desse modo, os assistentes sociais são profissionais inseridos na
divisão social e técnica do trabalho, possuindo como “matéria prima” do seu fazer
profissional as mais diversificadas expressões da questão social. Por se constituir
em produto inerente ao modo de produção capitalista, tais expressões sofrem
metamorfoses a partir das crises cíclicas intrínsecas a este modo de produção.
Estas transformações culminam com uma questão social sob novas roupagens,
colocando novas demandas para os assistentes sociais. Em consonância a isto,
respalda-se que:
A Questão Social em suas variadas expressões, em especial, quando se
manifesta nas condições objetivas de vida dos segmentos mais
empobrecidos da população, é, portanto, a "matéria-prima" e a justificativa
da constituição do espaço do Serviço Social na divisão sociotécnica do
trabalho e na construção/atribuição da identidade da profissão. (YAZBECK,
2009, p. 06).

Nesta ótica, os assistentes sociais são chamados a atuarem nos


mais diversos campos sócio ocupacionais, com o intuito de responderem a estas
demandas postas para a intervenção da profissão. Posto isto, estes profissionais
inseriram-se também nos hospitais psiquiátricos, entretanto a perspectiva de
atuação nesta época diverge da atual, uma vez que nos primórdios da profissão a
atuação profissional atendia aos interesses da classe burguesa. Para Vasconcelos
et al (2008), a formação da profissão no Brasil, na segunda década do século XX,
coincide com o espaço e o tempo do surgimento do movimento higienista.
No que concerne a inserção do assistente social no campo da saúde
mental, sabe-se que estes passaram a integrar a equipe multidisciplinar dos
hospitais psiquiátricos na década de 1940. Contudo, nesse histórico processo, o
22

trabalho desse profissional teve sua relevância reduzida. O saber profissional na


década de 1950 era extremamente reduzido aos conhecimentos da área médica,
sem nenhum tipo de intervenção transformadora. (BUSSULA, OLIVEIRA E
VOLPATO, 2013).
De acordo com os estudos de Pereira e Guimarães (2013) nesta
época o trabalho do assistente social era influenciado pela doutrina social católica,
bem como pela lógica social higienista. As atividades realizadas consistiam em
levantamentos de informações a respeito da família dos pacientes, preparação de
alta médica e atestados sociais.
Nesse contexto, a adolescência é um período crucial para o
desenvolvimento e manutenção de hábitos sociais e emocionais importantes para o
bem-estar mental. Estes incluem: a adoção de padrões de sono saudáveis;
exercícios regulares; desenvolvimento de enfrentamento, resolução de problemas e
habilidades interpessoais; e aprender a administrar emoções. Ambientes de apoio
na família, na escola e na comunidade em geral também são importantes.
Múltiplos fatores determinam a saúde mental de um adolescente.
Quanto mais expostos aos fatores de risco, maior o potencial impacto na saúde
mental de adolescentes. Entre os fatores que contribuem para o estresse durante
esse momento da vida, estão o desejo de uma maior autonomia, pressão para se
conformar com pares, exploração da identidade sexual e maior acesso e uso de
tecnologias.
Sendo assim, os profissionais Assistentes Sociais contribuem para o
campo da Saúde Mental, com base no Código de Ética profissional de 1993 e na Lei
de Regulamentação da profissão, formulando e implementando propostas que
contribuam com a cidadania, mantendo um olhar crítico sobre o usuário de Saúde
Mental e seus familiares, assim, O Serviço Social se encontra inserido nessa
realidade contraditória, em que o neoliberalismo acontece simultaneamente ao
Movimento de Reforma Psiquiátrica (GUIMARÃES, 2013).
A profissão, no entanto, mesmo com o advento das propostas neoliberais,
insere-se no processo das relações sociais tendo em vista a construção de
uma prática emancipadora, em que o assistente social desenvolva uma
crítica à sociedade burguesa e à loucura na sua correlação com o
capitalismo. Nesse contexto, o profissional não deve buscar apenas
técnicas para atuar na saúde mental, mas deve, também, desenvolver
metodologias adequadas a essa realidade e, ainda, deve avançar na análise
crítica da sociedade nas suas refrações com a loucura, para daí conceber
as mediações necessárias à intervenção nesse campo (GUIMARÃES apud,
2013, p. 6).
23

Neste sentido, o Assistente Social na Saúde Mental, enfrenta muitos


desafios, utiliza do instrumental técnico-operativo acompanhado da competência e
extrema importância teórica metodológica, tem que estar sempre informado sobre a
situação de tratamento dos usuários em seu Plano Terapêutico Singular (PTS),
fornecendo orientações e apoio sempre que solicitado, possibilitando uma leitura
detalhada da realidade social em que o usuário está inserido. Os desafios do
Assistente Social, são amplos em relação à intersetorialidade nas instituições, visam
buscar estratégias, em combinação e aplicação das políticas sociais públicas,
viabilizando o acesso às redes institucionais para os usuários que delas precisarem.
O Serviço Social tem, ao longo de sua história profissional,
alcançado cada vez mais legitimação de suas ações pela sociedade e pelo Estado,
pelo trabalho crítico e comprometido com a ampliação e defesa dos direitos a seus
usuários. Estando a profissão ligada à área das Ciências Sociais e Humanas, o
assistente social é também “reconhecidamente um profissional de saúde”
(MARTINELLI, 2011, p. 500). E esse reconhecimento se dá pela Resolução do
Conselho Nacional de Saúde, nº 218 de 6 de março de 1997 e do Conselho Federal
de Serviço Social nº 383, de 29 de março de 1999. Outro instrumento legal, que
orienta o trabalho do assistente social, corresponde aos Parâmetros para a Atuação
do Assistente Social na Saúde. Esse instrumento teórico e legal “vem potencializar a
orientação social com vistas à ampliação do acesso dos indivíduos e da coletividade
aos direitos sociais” (IAMAMOTO, 2002, p. 23).
E é com base nesses e em outros instrumentos que dão suporte as
ações do assistente social atuando no campo da Saúde, é que podemos reconhecer
que a normativa jurídica e os instrumentos apresentados são também
direcionamentos políticos, e devem contribuir para a melhor prestação de serviços
nos espaços de atendimento da Política de Saúde Mental, com vistas à garantia de
direitos e a efetivação da cidadania de todos os sujeitos atendidos. Portanto o que
se espera do assistente social inserido na Área de Saúde Mental, mesmo dentro dos
limites que envolvem sua atuação profissional, que ele possa atuar em conformidade
à cidadania do portador de transtorno mental.
Para além, no que corresponde às bases da inserção dos
assistentes sociais na área de Saúde Mental, de acordo com Vasconcelos (2000),
ela se deu via campo psiquiátrico e psicossocial desde a década de 1930. O mesmo
24

autor identifica, através de pesquisas realizadas, que o Serviço Social, quando inicia
sua atuação na saúde mental, teve forte influência das doutrinas da Igreja e do
Movimento Higienista. Sendo identificadas essas características, principalmente pelo
número de disciplinas relacionadas ao que o movimento defendia, no primeiro Curso
de Serviço Social implantado na cidade do Rio de Janeiro, em 1936.
Como campo de trabalho, a Política de Saúde Mental se constitui
como um espaço marcadamente conflituoso e envolvendo correlação de poder entre
os que dele participam. Nesse sentido o assistente social deve orientar suas ações a
partir do seu aporte teórico metodológico, e com o desenvolvimento de competência
ético-político:
Ético porque se movimenta no campo dos valores, porque parte do
conhecimento da condição humana dos sujeitos, e político porque aspira
sempre à sua emancipação, abrangendo a relação saúde doença, cuidados;
a população atendida, seus familiares e a própria comunidade
(MARTINELLI, 2011, p. 501).

Desse modo, a Saúde Mental tem sido um dos espaços que vem
ampliando a atuação do Serviço Social, onde o maior desafio que o profissional
enfrenta frente às expressões da Questão Social, são as diversas formas de
violação de direitos sociais. As expressões da Questão Social na Saúde Mental são
vivenciadas na exclusão social dos usuários com transtorno mental, inviabilização
dos direitos sociais, privação de seu convívio social e do sistema sócio ocupacional
no mercado de trabalho e a não inserção dos mesmos nas redes Inter setoriais,
sendo essa uma realidade que coloca o usuário como se fosse uma pessoa incapaz
e estigmatizando-o, para o mundo do trabalho em uma sociedade capitalista
preconceituosa e conservadora.
Do mesmo modo, o assistente Social vem contribuindo não apenas
para o processo de assistência as pessoas com transtornos mentais, mas buscando
a superação do modelo biomédico e hospitalocêntrico que ainda permeia algumas
ações da saúde mental brasileira. Em paralelo surgem novas possibilidades de
intervenção do Assistente Social na área da saúde mental, sendo uma delas a sua
inserção em programas de prevenção ao suicídio, diante da descontextualização do
mesmo ao lhe serem atribuídas características individuais e psíquicas a fenômenos
que são sociais e que refletem as relações de exploração que constituem o sistema
capitalista.
Nesse horizonte, nota-se que o assistente social tem como desafio
25

atuar nas refrações da questão social que permeiam a vida da pessoa com
adoecimento psíquico e sua família, nas diversas formas de violação de direitos.
Desse modo, a exclusão dessas pessoas ocorre no contexto da sociabilidade
capitalista, no qual deixa de participar do convívio social pelo estigma que passou a
fazer parte da sua identidade, haja vista ser considerado, historicamente, pela
sociedade como uma pessoa “perigosa” e “incapaz”, portanto, sendo negado o seu
direito de exercer a cidadania. Rosa (2008) assinala que essa é uma realidade
vivenciada no âmbito da modernidade, que passa a considerar a pessoa com
transtorno mental improdutiva para o mundo do trabalho na sociedade capitalista.
Nessa perspectiva, os determinantes que contribuem para o suicídio
variam entre grupos demográficos e populações específicas, sendo os mais
vulneráveis os jovens, os idosos e os socialmente isolados, sendo que os países de
baixa e média renda são os que apresentam a maior carga de suicídio global em
decorrência da insuficiência de equipamentos que possam impedir o ato de retirar a
própria vida (BRASIL, 2013).
Outro aspecto importante da atuação dos assistentes sociais é sua
possibilidade de apoiar as pessoas próximas ao usuário que cometeu suicídio e têm
suas vidas diretamente afetadas por isso, os “sobreviventes”. Os assistentes sociais
podem contribuir muito para o preparo, a orientação e o acompanhamento de grupos
de sobreviventes.
De acordo com o manual de prevenção do Suicídio a equipe do
CAPS é responsável pelo cuidado de pessoas que, em grande proporção padecem
de algum transtorno, é o local de referência para encaminhamento e
acompanhamento dos pacientes com transtornos graves. Essa equipe lida
constantemente com indivíduos em situação de crise, quando o risco de suicídio se
encontra agudizado, assim como seus familiares e a comunidade, podendo avaliar a
sua rede de proteção social em relação a situações de vulnerabilidade para o
suicídio, além de criar estratégias de reforço dessa rede. O paciente com transtorno
mental leve ou moderado pode ser atendido e acompanhado na rede de atenção
primária, necessitando, para isso, de equipes capacitadas para o seu diagnóstico e
intervenção o mais precocemente possível, além do apoio das equipes matriciais ou
dos NASF. (BRASIL, 2006).
Para Wasserman (apud MIOTO, 1994, p. 48), os desejos de morte,
geralmente são expressos como meio de comunicação verbal pelos outros
26

significantes, para o suicida ou outras pessoas, e não verbalmente, através da


ausência de qualquer ação diante da possibilidade do fato. Sendo desta maneira,
isto se explicaria pela ambivalência (amor e ódio) e a agressividade, latentes entre o
suicida e os outros significantes. Diante de seu estudo, o autor consegue verificar
que, se durante um primeiro momento existisse a negação de qualquer
conhecimento sobre as intenções do suicida, após a tentativa, ficava claro alguns
dos modos de comunicações acerca do ato suicida. É preciso que a tentativa de
suicídio nunca seja subestimada, sob qualquer ponto de vista.
Durkheim (2011), sociólogo francês, importante precursor no estudo
sobre o suicídio, publicou, em 1897, uma obra dedicada ao tema, que foi republicada
em 2011. De acordo com Durkheim, em cada sociedade existe um determinado
estoque de suicídios e alimentava a ideia de que os suicídios estavam relacionados
com fatores sociais, por fim as causas dos suicídios estão presentes na própria
sociedade:
Chama-se suicídio todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente
de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vitima, ato que a
vítima sabia dever produzir resultado. Se, em vez de vermos neles [nos
suicídios] apenas acontecimentos particulares isolados uns dos outros e que
necessitam cada um por si de um exame particular, consideramos o
conjunto dos suicídios cometidos numa sociedade dada, o total assim obtido
não é uma simples soma de unidades independentes, um todo de coleção,
mas constitui em si um fato novo e sui generis, que possui a sua unidade e
a sua individualidade, a sua natureza própria, por conseguinte, e que, além
disso, tal natureza é eminentemente social. Durkheim (2011, p.166)

Assim, cada sociedade tem, portanto, em cada momento da sua


história uma aptidão definida para o suicídio. Igualmente, o Serviço Social não deve
de forma alguma fragmentar seu processo de trabalho diante das pressões do
cotidiano, ou seja, embora a eficiência e a eficácia sejam de suma importância para
a dinâmica de trabalho, a efetividade das intervenções realizadas, não pode ser
desconsiderada como fator de excelência do atendimento ao usuário. Para Bisneto
(2007, p. 16):
Assim como em qualquer campo de trabalho do assistente social, a sua
atuação não deve limitar-se ao atendimento isolado de determinado
segmento, mas deve haver a compreensão das relações sociais em que o
sujeito esta inserido, sendo o espaço familiar um dos aspectos a serem
priorizados para que haja continuidade das ações realizadas.

Nesse sentido, Bisneto (2007) aponta “algumas variáveis típicas na


caracterização dos usuários de estabelecimentos psiquiátricos que podem trazer
implicação para a pratica do Serviço Social” sendo levantadas questões como a
27

predominância de usuários pertencentes a classe dominada, moradores de rua,


assim como sujeitos com baixo nível de escolaridade, sendo que apesar das
instituições psiquiátricas distinção de classe social, são os empobrecidos que
prevalecem trazendo consigo não apenas as demandas emergenciais decorrentes
de sua condição social, mas principalmente questões implícitas que cabe ao
assistente social desvendá-las, pois neste sentido a Lei Nº 10.216 de 6 abril de
2001, dispõe em seu Artigo 1º:
Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de
que trata esta Lei são assegurados sem qualquer forma de discriminação
quanto a raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política,
nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade
ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra. (Legislação
brasileira para o Serviço Social: coletânea de leis, decretos e regulamentos
para instrumentação da (o) assistente social, 2006)

É preciso ressaltar que ainda existindo assistentes sociais que não


sabem definir os objetivos de seu trabalho na saúde mental, algo pode ser definido
com precisão. O objeto do profissional não se esgota no portador de transtorno
mental (PTM) e na busca por sua cura, mas também as fragilidades e a importância
de sua família nesse processo, sendo destacada por diversas vezes por ser o foco
do presente estudo.
O trabalho do assistente social com as famílias dos PTM deve estar
direcionado ao fortalecimento dos vínculos, devido à fragilidade de cada família que
necessita de atenção e cuidados especiais, o que inúmeras vezes resulta no
distanciamento e rejeição, prejudicando ambas as partes.

2.3 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE MENTAL.

Os assistentes sociais são profissionais inseridos na divisão social e


técnica do trabalho, possuindo como “matéria prima” do seu fazer profissional as
mais diversificadas expressões da questão social. Por se constituir em produto
inerente ao modo de produção capitalista, tais expressões sofrem metamorfoses a
partir das crises cíclicas intrínsecas a este modo de produção. Estas transformações
culminam com uma questão social sob novas roupagens, colocando novas
demandas para os assistentes sociais. Em consonância a isto, respalda-se que:
A Questão Social em suas variadas expressões, em especial, quando se
manifesta nas condições objetivas de vida dos segmentos mais
empobrecidos da população, é, portanto, a "matéria-prima" e a justificativa
da constituição do espaço do Serviço Social na divisão sociotécnica do
28

trabalho e na construção/atribuição da identidade da profissão. (YAZBECK,


2009, p. 06).

Nesta ótica, os assistentes sociais são chamados a atuarem em


diversos campos sócios ocupacionais, com o intuito de responderem a estas
demandas postas para a intervenção da profissão. Posto isso, estes profissionais
inseriram-se também nos hospitais psiquiátricos, entretanto a perspectiva de
atuação nesta época diverge da atual, uma vez que nos primórdios da profissão a
atuação profissional atendia aos interesses da classe burguesa. Para Vasconcelos
et al (2008), a formação da profissão no Brasil, na segunda década do século XX,
coincide com o espaço e o tempo do surgimento do movimento higienista.
O assistente social é um trabalhador inserido na divisão sociotécnica
do trabalho, isso se explica quando adentramos este tema e analisamos que o
trabalho do assistente social é requerido como especialidade da divisão sociotécnica
e, na forma assalariada, para responder às estratégias de dominação burguesa no
enfrentamento das questões sociais que emergem das diferenças e conflitos que
ocorrem no entre as classes sociais (Iamamoto & Carvalho, 2008).
A partir da década de 40 o Assistente Social passou a integrar a
equipe de profissionais que atuavam na área da saúde mental, na década de 50 a
atuação foi inserida em hospital psiquiátrico, no entanto em uma condição de
extrema inferioridade do ponto de vista da medicina, a atuação do assistente social
limitava-se somente aos serviços rotineiros e burocráticos. Na década de 70
começaram a surgir intervenções que propuseram avanço na área da saúde mental,
bem como para o próprio Serviço Social, com o Movimento da Reforma Psiquiátrica,
atendendo cada indivíduo em suas necessidades e a busca pela construção de um
Projeto Profissional pautado na teoria social.
Na área da saúde devem-se compreender os aspectos sociais,
econômicos e culturais que sempre interferem no processo saúde/doença e cabe ao
Serviço Social a busca de ações estratégicas como uma necessidade para a
superação reforçando o direito social à saúde. No procedimento profissional é
fundamental seja através das informações sobre os direitos, seja através das
informações que serão coletadas, fornecer para a equipe de saúde a doença
subjetiva, cultural e social e que irão contribuir para que o usuário seja tratado em
sua totalidade, o que se torna importante uma equipe multidisciplinar dentro de um
serviço de saúde. Por este prisma, de acordo com Vasconcelos et al (2008), tem-se
29

que:
O contexto histórico e político brasileiro de desenvolvimento dos serviços
sociais como iniciativa de Estado e da emergência das primeiras escolas de
Serviço Social, na década de 30, foi fortemente marcado pelas abordagens
e pela ação política do movimento de higiene mental, em relação de
complementaridade e de demarcação de áreas de competência.
(VASCONCELOS ET AL, 2008, p. 128)

Por esta ótica, a intervenção do profissional do Serviço Social, de


acordo com os apontamentos de Vasconcelos (2009), se restringia a intervenção
médica, diferentemente do atual que é voltado para questões emergenciais ligadas a
pobreza dos pacientes, tais como suporte familiar, e comunitário.
Sendo assim, o fazer do assistente social na Saúde Mental está
multideterminado por uma série de elementos. É determinado por todo um contexto
macro societário, no qual se desenham as políticas públicas, numa correlação de
forças em que distintos projetos se enfrentam que conformarão princípios e
coordenadas que balizarão os serviços que os programarão.
Depende do tipo de instituição em que atua. De sua história, da
história de organização de sua equipe e da forma como organiza seus processos de
trabalho. No modelo hospitalocêntrico, o assistente social tende a assumir funções
mais tradicionais, subordinadas, e em apoio ao fazer da categoria médica. Contribui,
principalmente, na agilidade da rotatividade dos leitos; promove atividades de
educação em saúde; orienta sobre benefícios sociais e previdenciários, atua muito
atrelado às famílias e articula a rede sócia assistencial.
Através do trabalho em grupo, dos atendimentos às famílias, trabalhos em
moradias assistidas, CAPS e NAPS, e a abordagem interdisciplinar – que
envolve um conjunto de profissionais atuando sobre um mesmo objeto para
a construção de um saber comum – o assistente social se constitui hoje
como um dos profissionais privilegiados a dar respostas às questões sociais
envolvidas, sem perder de vista as dimensões biológica e psíquica. As
atividades realizadas por esse profissional permitem que ele possa detectar
questões importantes para o processo de reabilitação, questões estas que
podem estar ligadas à família, ao meio social na qual vive ou ao próprio
transtorno mental. (SOARES, 2006, p. 36).

Neste sentido, o estudo de Bisneto (2009) observa os desafios


presentes nos dias atuais no exercício de Serviço Social na área de saúde mental. O
profissional precisa articular, não somente com a categoria profissional, mas
também com a equipe multiprofissional, ampliando uma visão crítica acerca do
processo de trabalho em saúde mental, da realidade social, da relação entre o
desenvolvimento do capitalismo e a existência crescente de transtornos mentais e
uso de substâncias psicoativas. Exige-se, pois, a apreensão do sujeito em sua
30

integralidade, considerando a relação com o meio em que está inserido. Cabe ao


Assistente Social superar algumas dificuldades que são encontradas na área da
saúde mental:
É necessário ao assistente social reconhecer seu próprio valor, saber o que
está fazendo, criar um discurso profissional, publicar ideias, lutar por seus
princípios, fazer alianças, se expor profissionalmente em Saúde Mental. É
claro que o profissional de campo precisa contar com a colaboração de seus
colegas de academia: a universidade também deve desenvolver esse
discurso profissional com pesquisas, aulas, extensão, publicações,
conferências entre outros recursos (BISNETO, p. 145, 2007).

Salienta-se que o trabalho do Assistente Social não se resume a


visitas domiciliares, entrevistas e encaminhamentos, apresentando a visão errônea
da profissão. Há a redução da importância e necessidade da profissão perante a
sociedade, pois tais atribuições expostas são apenas instrumentais que se não
estiverem acompanhados de uma intervenção não farão sentido algum.
A partir da reforma psiquiátrica, o fazer profissional no campo da
saúde mental ganha novo desdobramento e perspectivas, uma vez que, os
princípios da reforma, eram baseados na liberdade do indivíduo e na substituição do
modelo hospitalocentrico, por um modelo baseado na convivência social e
comunitária e nos serviços que priorizem a regionalização.
É a partir desta transformação que o fazer profissional do assistente
social no campo da saúde mental, ganha novas dimensões com novas requisições e
demandas operativas. Nos serviços substitutivos do modelo hospitalocentrico, estes
profissionais realizam atendimentos que identificam necessidades que perpassam o
atendimento psiquiátrico. Deste modo, o Serviço Social adquire um saber
profissional dotado de criticidade, capaz e provocar intervenções na vida do usuário
do serviço.
Para Barbosa (et al, 1998), o assistente social também é requerido
para atuar na esfera das empresas privadas, intervindo nos conflitos e negociações
coletivas, atendendo às necessidades para a manutenção do trabalhador e sua
família, como casos de absenteísmo, alcoolismo, adoecimento ocupacional,
condições de trabalho e gestão participativa da produção, resguardadas as devidas
especificidades. É ainda neste terreno que os serviços de saúde requisitam a ação
técnica do assistente social para a divulgação, seleção e administração de recursos
para consumo e reprodução social do usuário dos serviços e sua família, que se
apresentam como elementos motivadores de espaço ocupacional para o assistente
31

social.
Ademais, a atenção psicossocial ofertada pelos CAPS presta um
acolhimento à pessoa que se encontra em sofrimento psíquico e transtorno mental,
desenvolvendo ações que visam à substituição do modelo manicomial (OLIVEIRA,
2009). O Assistente Social está inserido na Instituição com a finalidade de contribuir
para a inserção do usuário à sociedade, bem como desenvolver suas atribuições
privativas para a qualidade de vida do usuário, bem como proporcionar a esse
usuário o acesso a cidadania, contribuir para o acesso dos direitos sociais, políticos
e civis.
Ao desenvolver o trabalho nos Centros de Atenção Psicossocial
podemos observar que alguns objetivos do serviço social, tendo como público alvo
sujeitos com demandas decorrentes do uso de drogas, são: conhecer e analisar a
realidade social vivenciada pelo usuário, a fim de identificar, de maneira crítica e
analítica, as manifestações da questão social que estão presentes na realidade
desse usuário; desenvolver estratégias de intervenção juntamente com os familiares
de pacientes, buscando o fortalecimento dos vínculos familiares; identificar e
fortalecer os fatores de proteção, buscando a reinserção social dos usuários, resgate
da cidadania e a vivência de hábitos saudáveis; buscar recursos que permitam
identificar os direitos dos usuários e que possibilitem a defesa e a universalização
desses direitos.
Na prática, o produto do trabalho do assistente social nem sempre é
palpável, pois trata de uma intervenção contínua, além disso, as ações são
realizadas em conjunto com os outros profissionais da equipe. À priori isso pode
dificultar a consolidação e definição do caráter interventivo e do objeto de trabalho
do profissional. Para tanto, o Serviço Social atua em uma diversidade política,
econômica, social e cultural da sociedade. Não é imutável, pois intervém no contexto
real, nos processos de reprodução das relações sociais.
“Assim, o Serviço Social não atua apenas sobre a realidade, mas atua na
realidade […] a conjuntura não é pano de fundo que emolduram o exercício
profissional; ao contrário são partes constitutivas da configuração do
trabalho do Serviço Social devendo ser apreendidas como tais”
(IAMAMOTO, 2001, p.55).

Desse modo, a partir das mudanças das bases de atuação do


assistente social, pode-se pensar com criticidade o fazer profissional nos serviços
substitutivos do modelo hospitalocentrico, identificando os limites, possibilidades e
32

desafios postos para a atuação. Essa apreensão se constitui de suma importância


porque foi uma conquista oriunda do movimento de reforma psiquiátrica dos
trabalhadores em saúde mental, como também dos parentes das pessoas
acometidas por transtornos psiquiátricos.
Dessa maneira, outra forma de atuação dos assistentes sociais na
saúde mental está ligada ao trabalho com famílias, uma vez que esta também é uma
instituição, pois tem objetos, produtos e atores sociais. No interior da família também
acontecem conflitos de ordem material, de poder e de idéias que podem interferir no
comportamento dos usuários que estão em tratamento nos estabelecimentos de
saúde mental. É importante para uma boa reabilitação do usuário, que o ambiente
familiar seja propício, de forma que não sofra pressões (Bisneto, 2007).
Dentro desta idéia de família, Mioto vai mais adiante e afirma que a
família não pode ser pensada como um agente auxiliar no tratamento do usuário,
mas também precisa ser enxergada como um todo, e não apenas como um membro
dela que necessita de atenção, pois quando um membro adoece, toda a família fica
adoecida (Mioto, 1997:123). Conforme a autora:
“a ilusão da família como participante do processo de ‘tratamento’ e
‘recuperação’ de seu membro-problema de desvanece. Aliás, à medida que
a ação profissional se volta para o problema individual, a tendência é exigir
das famílias determinadas mudanças. Dado o comprometimento da
estrutura familiar, o grupo não tem condições de efetuar as mudanças. Além
disso, tais exigências podem sobrecarregar ainda mais a dinâmica familiar.
Nesses casos a intervenção profissional pode se transformar em mais uma
fonte de estresse familiar” (ibidem, 1997:125).

Entendendo essa necessidade de um olhar mais amplo, para além


do paciente, o serviço social trabalha com essas famílias e com grupos de familiares
para discussão de temas relacionados. Estes grupos são chamados de
“acolhimento”, pois atuam de forma auxiliar no tratamento do paciente e sua família.
Neste momento, o profissional fica atento às situações sociais e articula com a rede
quando se faz necessária e possível esta interlocução.
Neste entendimento, tem-se que nas mais simples ações realizadas
pelos assistentes sociais, é impresso o direcionamento político do profissional, o
qual pode contribuir ou não para o favorecimento do projeto hegemônico ou do
contra hegemônico, este direcionamento dependerá exclusivamente do
comprometimento do profissional com projeto ético-político da profissão. Por esta
ótica, complementa-se que:
Por uma profissão, ser orientada por um projeto profissional crítico significa,
33

ainda, a possibilidade de construção permanente de perfis profissionais,


dentre eles o do profissional que conhece suas competências e imprime
qualidade técnica às suas ações com uma direção crítica clara e consciente,
visando a defesa permanente dos direitos sociais e humanos, considerados
como conquista da humanidade, herança das lutas dos movimentos sociais
e trabalhistas progressistas, de modo a superar a história vinculação do
profissional com o conservadorismo. (GUERRA, 2007, p. 09).

Não obstante, para imprimir aspectos de uma direção ético-política


na prática profissional, é necessário ter a sensibilidade de se reportar aos aspectos
de luta da reforma psiquiátrica. Para tanto, é de suma importância o reconhecimento
do histórico de disputa entre o projeto manicomial e o modelo substitutivo do
encarceramento e isolamento das pessoas acometidas por transtornos mentais
severos.
Indo por esta lógica, a apreensão desses fatores se constitui de
fundamental importância para que o profissional não reproduza os estigmas
divulgados largamente pelas pessoas que sofrem com transtornos psíquicos. De
acordo com Velasquez e Alves (2013), os profissionais que atuam no campo da
saúde mental nem sempre contribuem para reinserção social dos pacientes, mas
para disseminar o preconceito amplamente difundido na sociedade classista.
Por conseguinte, sabe-se que um profissional comprometido com os
interesses da classe trabalhadora terá uma visão de comprometimento com a
efetivação de direitos dos usuários atendidos pela instituição, visto que, apreenderá
que a saúde é um direito garantido em constituição e que deve ser fornecida pelo
Estado.
Nesta perspectiva, é necessário que o assistente social tenha
conhecimento e domínio sobre os parâmetros para a atuação na saúde. Esta
bibliografia também ressalta em seu conteúdo as diretrizes para a atuação do
serviço social na saúde mental, evidenciando quais são os direcionamentos ético-
políticos determinados para consolidar o fazer profissional. Com isto, tem-se que o
assistente social pode realizar diversas ações no campo da saúde mental, entre elas
contribuir para a consolidação dos preceitos da reforma psiquiátrica, contribuindo
para que esta comungue com os objetivos do seu projeto ético e político, com
ênfase para as determinações sociais e culturais do paciente. Por este viés, cabe ao
assistente social realizar diversas ações desafiantes, tais como o trabalho com a
família, a geração de emprego e renda, controle social e a efetivação do acesso a
benefícios.
34

Para tanto, aprende-se que diante de todos os desafios e percalços


postos para os assistentes sociais que atuam no campo da saúde mental, o projeto
ético e político da profissão e as legislações supracitadas, se constitui em um
importante respaldo para que seja necessária a efetivação dos direitos das pessoas
acometias por transtornos mentais como também para as propostas da reforma
psiquiátrica sejam consolidadas no nosso país, mesmo diante do desmonte de
direitos intrínsecos a atual conjuntura política.
Os percalços, desafios, limites e possibilidades que envolvem o
cotidiano profissional, perpassam por diversos problemas estruturais que vão desde
a estrutura física e alcança a sobrecarga de trabalho por ausência de profissionais
para dar respostas às demandas postas a profissão, principalmente, após a ofensiva
da política econômica neoliberal no Brasil que tende a diminuir os gastos com
políticas sociais que visem à efetivação do acesso à saúde.
Todavia, estes desafios se constituem no cotidiano do trabalho
profissional do serviço social que se encontra com a precarização dos serviços
públicos ofertados, bem como das condições de trabalho, principalmente depois dos
impactos causados pela ofensiva neoliberal em um país no qual a democracia havia
sido instaurada recentemente. Em consonância a esta percepção, infere-se que:
Analisar as condições de trabalho em que os profissionais encontram-se
remete a considerar processos históricos e sociais, como o advento do
projeto neoliberal e de estratégias de combate à crise estrutural do capital
seguida a partir da década de 1970, dentre as quais se encontram a
reestruturação produtiva e reforma do Estado e o aberto combate ao
trabalho. (DUARTE ET AL, 2014, p. 124).

Ademais, a saúde juntamente com a assistência social e a


previdência social, constitui um tripé que formam a seguridade social, garantidos a
partir da constituição de 1988. A partir desta percepção, visualiza-se que o
assistente social que tem como campo profissional o CAPS, necessita que ter
apreensão dos direitos assegurados, vistos que são os mais solicitados pelos
usuários que chegam à forma de requisição para o serviço social da instituição.
De acordo com o estudo realizado por Vasconcelos (2009), os
assistentes sociais se inserem, no campo da saúde mental, principalmente em
serviços substitutivos do modelo hospitalocentrico de natureza pública que integram
a seguridade social, e com estes serviços integrados, se faz necessário uma
intervenção que possa apreender todas as demandas postas pelos pacientes.
Sendo assim, Iamamoto (2009b, p. 94) ressalta a prática do
35

assistente social como um conjunto de atividades desempenhadas pelo profissional,


mas não deve ser considerada isoladamente, mas em seus condicionantes internos
e externos. Os condicionantes internos são vistos como as competências do
profissional, “[...] como por exemplo, acionar estratégias e técnicas; a capacidade de
leitura da realidade conjuntural, a habilidade no trato das relações humanas, a
convivência numa equipe profissional, etc [... ]”. Já os condicionantes externos são
definidos como o conjunto de fatores que não dependem somente do profissional:
“[...] as relações de poder institucional, os recursos colocados à disposição para o
trabalho pela instituição empregadora, a realidade social da população usuária dos
serviços prestados etc [...]”.
Diante do exposto é possível destacar que a percepção além do
social se insere como divergência em relação às atribuições da profissão, pois há
um entendimento que esse olhar estar direcionado à parte clínica do tratamento.
Portanto seria divergente caso houvesse a realização de intervenção frente a
demandas que competem a outras profissões.
Quando há a compreensão de que o sujeito deve ser acolhido em
sua integralidade, a partir de uma perspectiva psicossocial e que o Serviço Social
preza pela efetivação de direitos, os/as profissionais precisam estar atentos/as a
estas características clínicas apresentadas pelo usuário durante o atendimento para
assim poder acionar na equipe o profissional que possa atender à demanda.
Ademais, a compreensão sobre o indivíduo em sua totalidade só é
possível quando há a apreensão dos diferentes fatores que o determinam, sejam
eles sociais, psíquicos, físicos, orgânicos, etc., e o trabalho na saúde mental coloca
a necessidade do profissional enxergar o sujeito em suas múltiplas determinações,
cuja finalidade é conhecer a demanda do usuário. No entanto é importante que o
profissional tenha clareza do que compete à prática do Serviço Social e do que
compete às outras profissões da equipe. Afirma-se, a necessidade enxergar o
usuário como um todo para poder acionar os recursos e os profissionais necessários
ao atendimento da demanda.
Contudo, na realização do atendimento pelo serviço social, surgem
outras demandas que se articulam com o atendimento de saúde. Um significativo
número de pacientes do centro apresentam demandas previdenciárias, de emissão
de documentos, por habitação, inserção em programas sociais para obtenção de
renda, solicitação de cartões para passagens gratuitas no transporte coletivo, entre
36

outras.
Nesta linha de raciocínio, observa-se que o assistente social, em seu
processo de trabalho contribui para que esse conceito abrangente de saúde contido
na lei orgânica da saúde seja efetivado por meio das identificações das
necessidades que contribuam para o acesso a bens e serviços que ultrapassam a
questão da ausência de doença e alcançam o bem estar social por meio de serviços
essenciais para a manutenção das necessidades básicas do ser humano. Seguindo
esta linha tênue, Vasconcelos (2009), aduz que:
Na ocorrência de qualquer fato que interfira no planejamento do
atendimento psiquiátrico e que seja considerado como fenômeno social ou
contextual, o assistente social é convocado a recolocar o paciente no
processo de trabalho organizacional considerado “normal” pelo
estabelecimento psiquiátrico. O Serviço Social intervém em tudo que escapa
à racionalidade desse processo no que tange à situação objetiva (dita
social) ou aspectos sociais diversos [...] (VASCONCELOS, 2009, p. 125).

De acordo com os apontamentos realizados por Vasconcelos (2009),


as pessoas acometidas por transtornos mentais, são na sua maioria membros de
famílias de baixa renda, que por vezes, estão com os vínculos rompidos com os
familiares divido a condição de morador de rua ou porque já se encontra internado a
muito tempo e, este fator culminou com o rompimento de laços.
Após a identificação da demanda, o assistente social realiza o
encaminhamento para os órgãos da rede de atendimento para que o paciente não
só tenha direito a saúde com o tratamento em saúde mental, como também tenha
acesso aos benefícios concedidos pela previdência social e pela assistência social.
Com relação à orientação e encaminhamento de determinados
grupos sociais, de acordo com a lei que regulamenta a profissão 8.662/93 do
assistente social, em seu artigo 4º, prevê que é competência do profissional dessa
area encaminhar providências e prestar orientação a indivíduos, grupos sociais e a
população em geral. (BRASIL, 1993).
Notadamente, o assistente social não realiza os processos de
trabalhos de forma individual. Em casos mais complexos, o atendimento é realizado
por uma equipe multidisciplinar composta por enfermeiros, médicos psiquiátricos,
técnicos em enfermagem, terapeutas ocupacionais, psicólogos e psicopedagogos.
De acordo com a resolução do CFESS de número 557/2009, em seu artigo 3º,
enfatiza que o profissional do Serviço Social pode e deve integrar equipes
multidisciplinares, como também deve estimular o trabalho interdisciplinar.
37

Neste sentido, de acordo com a resolução supracitada, em seu


artigo 4º está posto que o assistente social deva assegurar a especificidade da sua
área de formação. Nesta esfera, temos que apesar da atuação, o profissional deve
estar atento as atribuições privativas que respaldam a seu fazer profissional
garantindo a especificidade em matéria de Serviço Social ao emitir documentos
técnicos, tais como estudos, pareceres, pericias ou laudos sociais.
Por esta ótica, na referida resolução é referenciado que o assistente
social deve destacar sua área de atuação, separadamente, sobre o objeto em
discussão, em conjunto com a outra categoria profissional ou equipe multidisciplinar
de modo que, o assistente social possa delimitar o âmbito do objeto estudado,
instrumentos utilizados e análise social, que evidencie os componentes da opinião
técnica.
No entanto, há desafios postos aos profissionais que atuam na área
da saúde mental, de acordo com Vasconcelos (2009) é válido ressaltar que:
[…] A problemática da integração de saberes nas equipes multiprofissionais
visando à interdisciplinares constitui-se motivo de debates no Serviço Social
em Saúde Mental. A prática mostra que, além das intenções pessoais e dos
interesses corporativos, há a dificuldade da interlocução quando usam
paradigmas diferentes. Por exemplo, na enfermaria psiquiátrica, o médico
pode ter uma visão positivista da Saúde Mental, o psicólogo pode usar
diversas teorias psicodinâmicas, o terapeuta familiar pode ter uma
concepção sistêmica e o assistente social, com sua visão histórica
estrutural, podem ficar tão ilhado quanto os outros profissionais.
(VASCONCELOS, 2009, p. 51)

Nesta perspectiva, o autor prossegue enfatizando que para se


desvencilhar das análises retrogradas é necessário que o assistente social trabalhe
de forma pluralista, para entender a exclusão social das pessoas acometidas por
transtornos mentais através do marxismo e sustentar as demandas por direitos
sociais e cidadania, ao mesmo tempo em que usa explicações da medicina e da
psicologia para conceber a doença mental. (VASCONCELOS, 2009).
Como enfatizado pelo autor, e pela resolução que atribui limites e
possibilidades para a atuação em saúde mental, é necessário que o assistente
social saiba apreender quais são as suas perspectivas teóricas, uma vez que, as
bases teóricas da profissão são pautadas, hegemonicamente, na teoria marxista.
Com um perfil profissional bem definido, o profissional respeitará os conhecimentos
específicos das outras profissões, como também manterá seu posicionamento ético
político na busca pela efetivação dos direitos das pessoas acometidas por transtorno
mental.
38

Nesse contexto, observa-se que o assistente social se insere nesse


espaço sócio ocupacional desde o início dos manicômios, os quais foram pensados
para tratamento apenas de pessoas acometidas por transtornos mentais no século
XVIII. No entanto, nesta época o trabalho dos profissionais do serviço social era
meramente burocrático, e limitava-se ao profissional da medicina.
Para apreender os processos de trabalho nessa área, o profissional
conta com os aparatos legislativos da profissão, como também da política de saúde
mental no Brasil e pesquisas e compilação de estudos realizados pelos
trabalhadores e pesquisadores da área da saúde mental.
Com relação ao trabalho do assistente social nas políticas sociais,
mais particularmente na política de saúde mental, é importante salientar que a partir
da descentralização das políticas sociais, segundo a Constituição Federal de 1988,
Netto (1996) aduz que os profissionais deixam de ser meros executores de políticas
sociais para compor, formular, executar e avaliar tais medidas, não ficando imunes
ao processo de responsabilização do entes federados.
Nesta perspectiva, os assistentes sociais ao executarem e
planejarem tais políticas para darem respostas as expressões da questão social,
podem imprimir direcionamentos inerentes a profissão para que estas sejam bem
sucedidas e venha suprir as necessidades básicas dos indivíduos. Sendo assim, [...]
“a gestão das políticas sociais, parte do cotidiano de trabalho do assistente social,
incorpora novas formas e novas possibilidades. Para tanto, a apropriação de
conhecimentos e saberes envolvidos com a gestão é essencial”. (CAMPOS, 2015, p.
41).
De tal modo, o assistente social poderá inferir valores, na formulação
e execução da política, tais como liberdade como o valor central, defesa
intransigente dos direitos humanos, responsabilização estatal no fornecimento de
bens e serviços e sensibilidade para apreender e formular ações que visem
transformar a realidade na qual os usuários da política se inserem.
Contudo, a política deve ser pensada em conjunto com os atores
sociais para quem ela vai se direcionar, neste caso para com as pessoas
acometidas por transtornos mentais, seus familiares e os trabalhadores em saúde
mental. Acredita-se que essas ações devem priorizar as necessidades mais vitais
desse grupo, trazendo para formulação, execução e monitoramento a sociedade
civil, na busca de alcançar uma política eficiente e significativa para este segmento.
39

Deste modo, a melhor maneira de formular políticas que realmente


combatam o cerne da questão, se faz de suma importância que estas abarquem
quem será contemplada com ela de modo que atendam suas particularidades e
especificidades de cada grupo que contêm as suas singularidades.
Com isto, o assistente social além de estimular a participação da
sociedade civil nas decisões de cunho político, também estimula a participação no
controle social. Essa ferramenta de suma importância para o bom funcionamento
das políticas públicas foi introduzida de forma recente na democracia brasileira, e
esta posta na Constituição Federal de 1988. Por esta ótica, complementa-se que:
Os assistentes sociais, ao lado dos movimentos sociais, participaram
ativamente do processo de construção da CFB de 1988 e do
reconhecimento das políticas sociais como dever do Estado e direito do
cidadão. Eles também contribuíram no processo de discussão a respeito da
descentralização e da participação popular no campo decisório das políticas
sociais, possibilitando a garantia de espaços de realização do controle
social “democrático”. (CALVI, 2007, p. 217).

Assim sendo, o assistente social se constitui em um profissional de


suma importância para a efetivação da política de saúde mental brasileira. Posto
que, um profissional comprometido com o projeto ético e político do serviço social,
bem como com o código de ética da profissão, somados aos princípios da reforma
sanitária, bem como da reforma psiquiátrica apreenderá a singularidade dos
usuários e realizará uma intervenção capaz de transformar a realidade.
Para tanto, o profissional deve apreender a política Nacional
destinada a pessoas acometidas por transtornos mentais, como também das
legislações vigentes que buscam efetivar os direitos desse segmento populacional,
além das normas estabelecidas pelo Ministério da saúde com relação ao tratamento
das pessoas com doença psíquica.
Diante do exposto, percebe-se a importância da contribuição do
serviço social para a saúde mental, posto que, os profissionais desta área colocam
direcionamentos tais como liberdade dos indivíduos, mobilização social, apreensão
de particularidades e necessidades sociais e participação efetiva dos atores sociais
na formulação da política. Neste sentido, ressalta-se a importância das
especificidades que o Serviço Social, profissão inscrita na divisão social e técnica do
trabalho, na política de saúde mental no Brasil.
Nesta perspectiva, é válido enfatizar que por se inserir na dicotomia
entre capital e trabalho, o assistente social deve apreender que as doenças
40

psíquicas também são desenvolvidas pelos desdobramentos do capitalismo na


sociedade moderna, principalmente em época de crise estrutural, que provoca um
desmonte de direitos, e afeta diretamente as políticas sociais oriundas das
conquistas da classe que vive do trabalho.
Assim, no atual contexto, as políticas sociais, as práticas democráticas
juntamente ao mundo do trabalho sofrem ataques sem precedentes do que
chamamos de reestruturação total do “Sistema do Capital”. A maior
consequência das mudanças no mundo do trabalho, da economia e do
Estado foi a desregulamentação das conquistas sociais e trabalhistas, bem
como o desemprego estrutural. (CALVI, 2007. P. 221).

Nesse contexto, o acirramento das crises cíclicas do capital, é


notável que se criem medidas para superar o déficit de crescimento. Deste modo,
são ofertados cada vez menos postos de trabalho, posto que um único trabalhador
consegue desenvolver várias atividades, colocando os demais no posto do exercito
industrial de reserva. Neste acumulo de atividades, o trabalhador inicia a
desenvolver transtornos de ordem psíquica, tais como fobias, transtornos de
ansiedade, depressão entre outras patologias de ordem psíquica.
Por este viés, a doença mental, além de ser apreendida como um
fator biológico, também necessita ser vista como um fator oriundo das disparidades
entre capital e trabalho, na qual a riqueza é produzida socialmente, todavia a
apropriação desses valores produzidos é privada.
Contudo, apesar das históricas contribuições por toda a formação
teórica e metodológica, e ético político no comprometimento com uma nova ordem
societária livre de exploração de gênero, raça e etnia. Todavia, apesar desse
compromisso, é importante avaliar que ao formular as políticas sociais na efetivação
de direitos, o assistente social contribui para a manutenção do modo capitalista de
produção.
Diante desta apreensão, o assistente social deve refletir sobre sua
contribuição para a execução das políticas sociais na busca de provocar
transformações na vida dos usuários, no entanto, deve ter a sensibilidade de
enxergar os limites de efetivação de direitos em uma sociedade que adota o modo
capitalista de produção.
41

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo do estudo, buscou-se debater a importância do trabalho do


assistente social no campo da saúde mental. Para tanto, foi exposto o tratamento
direcionado a loucura desde os primórdios da civilização perpassando pelos marcos
histórico até o momento da inserção do assistente social no campo da saúde mental.
Atualmente o Serviço Social na saúde mental atua no enfrentamento
às expressões da questão social, considerando o sujeito interligado ao meio familiar
e ao contexto social no qual está inserido. Assim, faz-se necessário que o
profissional consiga compreender o indivíduo em sua complexidade e para tanto,
exige-se um posicionamento crítico, ao passo que, é preciso transcender às
demandas imediatas que chegam e que estão voltadas para o adoecimento em si.
Por isso, uma intervenção efetiva não deve considerar apenas o sujeito e suas
necessidades aparentes, mas enxergá-lo além do uso de drogas, superando os
estigmas e construindo articulação com outros serviços da rede de saúde,
educação, assistência, etc., com vistas alcançar a integralidade do atendimento aos
usuários.
Podemos considerar que o Assistente Social, é chamado a atuar na
política de saúde mental, pois apresenta como objeto de trabalho, as expressões da
“questão social” que se desenvolvem na sociedade capitalista. E, neste sentido a
Saúde Mental constitui-se de uma expressão da “questão social” por ser uma
configuração que se amplia no sistema capitalista e o Assistente Social passa a
atuar frente às essas demandas envolvidas neste setor.
Com a emergência do Movimento de Reforma Psiquiátrica, novas
ações são apresentadas ao Assistente Social. Porém, vimos que há ainda neste
setor a delimitação e focalização em determinadas ações devido a interesses
institucionais, outras questões que não estejam dentro deste objetivo institucional
acabam não tomando sua significativa relevância e que estes interesses
institucionais são intensificados com a emergência do modelo neoliberal, que traz
para o Assistente Social novas demandas e desafios dentro destas instituições.
Cabe ao Assistente Social, ir além desses objetivos institucionais e
enfrentar esses desafios que se colocam na sua realidade de trabalho. Este
profissional que se apresenta dotado de capacidade crítica e reflexiva da realidade
tem como objetivo realizar o seu trabalho de maneira a analisar o contexto do seu
42

usuário (o paciente da instituição de saúde mental), buscando para isso, conhecer a


relação deste usuário com a sociedade que o cerca, como família e a comunidade
em que está inserido sobre a perspectiva de identificar e intervir em situações que
se configuram como demandas de sua prática profissional, com o objetivo de lutar
para a garantia e construção dos direitos dos seus usuários.
Devido à capacidade crítica do Assistente Social este profissional
tem um papel extremamente relevante no processo de construção do Movimento de
Reforma Psiquiátrica. Posto que o Assistente Social tenha como um de seus
princípios, como proposto pelo Código de Ética profissional, a busca pela garantia e
consolidação dos direitos das pessoas.
Portanto, é necessário que este profissional desenvolva um cenário
capaz de mostrar a sua importância e a sua contribuição na construção do processo
de Reforma Psiquiátrica, onde juntamente com as categorias profissionais da Saúde
Mental, os usuários desta política, os familiares destes usuários, a sociedade como
um todo devam estar envolvidas neste processo, considerando que ele não está
restrito apenas a uma política, a Política de Saúde Mental, mas está envolvida em
uma ação integral e articulada com outros processos e outras políticas que a
sociedade em geral está inserida.
43

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