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UNIVERSIDADE SANTO AMARO- UNISA

Serviço Social

Maria Sirlei Lopez

PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA:

DESAFIOS, POLITICAS PÚBLICAS E INTERVENÇÕES SOCIAIS

Foz do Iguaçu/Pr

2023
Serviço Social

Maria Sirlei Lopez

PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA:

DESAFIOS, POLITICAS PÚBLICAS E INTERVENÇÕES SOCIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Serviço Social, da Universidade de Santo
Amaro – UNISA, como requisito parcial para
obtenção do título Bacharel em Serviço Social.
Orientadora: Professora Luana Euzébio

Foz do Iguaçu/Pr

2023
Maria Sirlei Lopez

PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA:

DESAFIOS, POLITICAS PÚBLICAS E INTERVENÇÕES SOCIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social, da


Universidade de Santo Amaro – UNISA, como requisito parcial para obtenção do
título Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Professora Luana Euzébio

Foz do Iguaçu….. de …………………… de 2023

Banca Examinadora

……………………………………………………...

Prof. (a):…………………………………………… Conceito Final


……………………………………………………...

Prof. (a):……………………………………………

……………………………………………………...

Prof. (a):……………………………………………

……………………………………………………...
AGRADECIMENTO

Primeiramente, quero agradecer à minha família, meu pai Alberto e


minha mãe Albertina, por todo suporte, apoio e amor de sempre. Em especial, à
minha mãe, por nunca medir esforços para a realização e concretização dos meus
sonhos e por sempre me incentivar. Obrigada por acompanharem minha jornada e
torcerem pelo meu sucesso!

Agradeço ao meu esposo Marcos meus filhos Diego Bruna por estarem
ao meu lado sempre, pelas palavras de incentivo quando precisei, pelo
companheirismo diário, apoio, carinho e por todo amor.

E por último, mas não menos importante, agradecer à minha orientadora


Professora Luana Euzébio por todo aprendizado, pela dedicação ao me orientar e
pelas palavras de suporte durante todo meu curso.
RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) teve como objetivo


analisar a situação das pessoas em situação de rua no Brasil e as políticas públicas
adotadas pelo país para enfrentar essa problemática. A metodologia utilizada
consistiu em uma revisão bibliográfica e análise de documentos e estatísticas
oficiais. Os resultados obtidos indicam que as políticas públicas brasileiras ainda são
insuficientes para garantir a plena inclusão social desse segmento populacional. A
situação de rua é um reflexo de desigualdades estruturais presentes na sociedade,
como desemprego, pobreza, exclusão social e discriminação. Esses fatores têm
raízes históricas e requerem uma abordagem multidimensional para sua solução.
Embora existam esforços e programas governamentais voltados para lidar com a
situação de rua, como abrigos, centros de assistência social e programas de
reinserção no mercado de trabalho, eles são insuficientes para enfrentar a
complexidade do problema. Há uma falta de articulação entre os diferentes setores e
uma carência de investimentos adequados. Além disso, é importante ressaltar a
necessidade de uma abordagem humanizada e integral no atendimento às pessoas
em situação de rua. É fundamental garantir não apenas abrigo e alimentação, mas
também acesso a serviços de saúde, educação, trabalho e assistência social. Ações
que visem combater o preconceito e a discriminação também são essenciais para
promover a inclusão social e a valorização desses indivíduos. Diante dos resultados
encontrados, fica evidente a importância de um maior engajamento e
comprometimento por parte dos órgãos responsáveis e da sociedade como um todo.
É necessário fortalecer as políticas públicas existentes, desenvolver estratégias mais
efetivas e garantir recursos adequados para enfrentar essa problemática.

Palavras-chaves: População em situação de rua. Politicas públicas. Desigualdade.


ABSTRACT

This present Final Course Work (FCW) aimed to analyze the situation of
people experiencing homelessness in Brazil and the public policies adopted by the
country to address this issue. The methodology used consisted of a literature review
and analysis of official documents and statistics. The results obtained indicate that
Brazilian public policies are still insufficient to ensure the full social inclusion of this
population segment. Homelessness is a reflection of structural inequalities present in
society, such as unemployment, poverty, social exclusion, and discrimination. These
factors have historical roots and require a multidimensional approach for their
solution. Although there are efforts and government programs aimed at addressing
homelessness, such as shelters, social assistance centers, and reintegration
programs into the labor market, they are insufficient to tackle the complexity of the
problem. There is a lack of coordination among different sectors and a shortage of
adequate investments. Additionally, it is important to emphasize the need for a
humane and comprehensive approach in serving people experiencing homelessness.
It is crucial to ensure not only shelter and food but also access to healthcare,
education, employment, and social assistance services. Actions that aim to combat
prejudice and discrimination are also essential to promote social inclusion and the
valorization of these individuals. Based on the findings, it is evident the importance of
greater engagement and commitment from responsible agencies and society as a
whole. It is necessary to strengthen existing public policies, develop more effective
strategies, and ensure adequate resources to address this issue.

Keywords: Homeless population. Public policies. Inequalities.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................………8

1.1 Contextualização e justificativa……………………………………………………...9

1.2 Objetivo geral………………………………………………………………………….10

1.3 Objetivos Específicos………………………………………………………………..10

1.4 Estrutura do trabalho………………………………………………………………...10

2 DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA...11

2.1 Perfil socioeconômico e demográfico..…………………………………………..12

2.2 Causas e consequências do fenômeno…………………………………………..13

2.3 A invisibilidade social………………………………………………………………..14

3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLITICAS SOCIAIS PARA PESSOAS EM


SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL………………………………………………………..15

3.1 Legislação e marcos regulatórios…………………………………………………16

3.1.1 Constituição Federal de 1988…………………………………………………….17

3.1.1.1 Direito a moradia..………………………………………………………………..17

3.1.1.2 Direito a saúde…………………………………………………………………….18

3.2 Política nacional para população em situação de rua………………………....19

3.2.1 Sistema Único de Assistência Social (SUAS)……………………………...….20

4 PROGRAMAS E AÇÕES GOVERNAMENTAIS…………………………………….21

4.1 Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)...……………………………..21

4.2 Programa Bolsa Família……………………………………………………………..22

4.3 Consultório na rua……………………………………………...…………………….23

4.4 Serviço Especializado em Abordagem Social(SEAS)……………………….....24


4.5 Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF)………………..25

5. ANÁLISE CRÍTICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS…………………………………..26

6. DESAFIOS PARA EFETIVAÇÃO DAS POLITICAS PUBLICAS………………….27

6.1 Participação social e controle social……………………………………………...28

6.2 Desafios específicos para a inclusão social de pessoas em situação de


rua…………………………………………………………………………………………….29

7 CONCLUSÃO……….…………………………………………………………………….30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………………..32
8

1 INTRODUÇÃO

As pessoas em situação de rua representam uma parcela vulnerável da


sociedade, cujas condições de vida precárias e a falta de acesso à moradia
adequada têm desafiado governos, organizações e a sociedade como um todo. A
existência desse fenômeno revela as desigualdades sociais e econômicas presentes
em nossa realidade, além de expor a fragilidade das políticas públicas e a
necessidade de intervenções sociais efetivas.

A situação de rua envolve uma série de desafios enfrentados por essas


pessoas. A pobreza extrema, a falta de emprego e renda, a escassez de moradia
acessível, os problemas de saúde mental e a dependência química são apenas
alguns dos fatores que contribuem para essa condição. Além disso, a violência
doméstica, o rompimento dos laços familiares e a falta de suporte social também
desempenham um papel significativo no surgimento e na perpetuação desse
problema.

Nesse contexto, as políticas públicas desempenham um papel crucial na


abordagem da situação de rua. Governos, tanto em âmbito nacional quanto local,
têm implementado estratégias e programas com o objetivo de mitigar os impactos e
buscar soluções sustentáveis. A criação de abrigos temporários, o acesso a serviços
de saúde, a oferta de oportunidades de capacitação e emprego, e a promoção da
inclusão social são algumas das medidas adotadas.

No entanto, apesar dos esforços empreendidos, muitas vezes essas políticas


públicas ainda não são capazes de atender plenamente às necessidades das
pessoas em situação de rua. A falta de recursos, a falta de articulação entre os
diversos setores governamentais e a complexidade dos desafios enfrentados são
alguns dos obstáculos que limitam a efetividade dessas políticas.

Diante desse cenário, as intervenções sociais desempenham um papel


fundamental na busca por soluções. Organizações não governamentais, grupos da
sociedade civil e voluntários têm se mobilizado para oferecer apoio direto às
pessoas em situação de rua. Essas intervenções podem envolver desde o
fornecimento de abrigo temporário e alimentação até a assistência médica, o apoio
9

psicossocial e a busca pela reintegração desses indivíduos na sociedade. Este


trabalho tem como objetivo analisar os desafios enfrentados pelas pessoas em
situação de rua, investigar as políticas públicas voltadas para a assistência e a
inclusão social desse grupo e examinar as intervenções sociais implementadas para
mitigar essa problemática. Ao compreender a complexidade desse fenômeno e
avaliar a efetividade das ações existentes, busca-se contribuir para o
desenvolvimento de propostas e estratégias mais eficazes na promoção da
dignidade e dos direitos das pessoas em situação de rua.

1.1 Contextualização e Justificativa

Este trabalho de conclusão de curso tem como tema o estudo de pessoas em


situação de rua, desafios, politicas públicas e intervenções sociais. A pergunta
problema é: Quais as ações e implementações do governo para enfrentar o
crescente número de pessoas que se utilizam das ruas como forma de moradia?
Isso se justifica pela necessidade de entender os motivos que levaram estas
pessoas a viverem desta forma. O objetivo geral é apresentar os elementos que
revelam a realidade vivida pela população em situação de rua. A metodologia
utilizada será a pesquisa bibliográfica.

O preconceito, a discriminação, a falta de oportunidade, o abandono familiar,


o alcoolismo, as drogas, a doença mental, enfim, são inúmeros os motivos que
levam as pessoas a utilizarem as ruas como moradia. Esta problemática não
começou ontem, e a cada ano vem aumentando o número de pessoas que vivem
em situação de rua, com isso ficam a merce da fome, da violência e da
discriminação.

No Brasil a presença das pessoas que fazem da rua sua moradia teve início
na metade do século XX. Esse fenômeno se intensificou com o êxodo rural e com o
processo migratório impulsionado pelo crescimento industrial (Brasil, 2009, CRP
2015),
10

Outro fator que contribuiu com o fenômeno de pessoas em Situação de Rua


foi o início da Nova República. Com a libertação dos escravos e sem nenhum
planejamento de politicas públicas os negros libertos não possuíam documentos
pessoais, nem dinheiro e nem terras, por este motivo muitos aceitaram mesmo após
a libertação continuar trabalhando para seus senhores sem remuneração mas, para
ter um teto para morar e alimentação, porém, a grande maioria liberta saiu sem
destino das fazendas. Alguns foram para os Quilombos outros para os grandes
centros urbanos sobrevivendo da forma como puderam.

1.2 Objetivo geral

O objetivo desta pesquisa bibliográfica e fazer um estudo do perfil das


pessoas que vivem em situação de rua e quais são as politicas sociais que são
colocadas a disposição desta população e porque não surti o efeito desejado.

1.3 Objetivos específicos

Por meio dos objetivos específicos, pretende-se atingir o objetivo geral da


pesquisa, que é entender de maneira mais aprofundada a situação de pessoas em
situação de rua e a eficácia das políticas públicas voltadas para esta população.
Esse entendimento é crucial para sugerir melhorias e contribuir para a diminuição da
problemática da população em situação de rua no país.

1.4 Estrutura do trabalho


11

 Realizar um levantamento bibliográfico acerca da situação de pessoas em


situação de rua no Brasil.

 Identificar as principais características sociodemográficas desta população.

 Mapear as principais políticas sociais voltadas para a população em situação


de rua.

 Analisar os possíveis motivos pelos quais essas políticas não têm surtido o
efeito esperado.

 Propor reflexões e sugestões para melhorar a eficácia das políticas públicas


para a população em situação de rua.

2 DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA

Conforme definição da Secretaria Nacional de Assistência Social (2005) a


população de rua se caracteriza por ser um grupo heterogêneo, composto por
pessoas de diferentes realidades, mas que tem em comum a pobreza absoluta,
vínculos interrompidos ou fragilizados e falta de habitação convencional regular,
sendo compelidos a usar a rua como forma de moradia e sustento de caráter
temporário ou permanente (BRASIL, 2005).

Esta característica acima foi conceituada em 2005 pelo Ministério de


Desenvolvimento e Combate a fome, como os fatores intrínsecos e constam na
Politica Nacional Para a População em Situação de Rua pelo Decreto número 7.053
de 2009, do qual falaremos mais a frente (BRASIL,2005).

Em uma pesquisa realizada pelo Ministério de Desenvolvimento Social e


Combate a Fome nos anos de 2007 e 2008, em 71 cidades brasileiras com
população acima de 300 mil (exceto São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Porto
Alegre), os resultados deste pesquisa foram divulgados em 2008 demostrando que
31.922 pessoas utilizavam as ruas como forma de moradia no país (BRASIL, 2007,
2008).
12

A população em situação de rua é um grupo social que se caracteriza por


viver em espaços públicos, como praças, viadutos, calçadas, e outros locais ao ar
livre. Essa população enfrenta uma série de desafios e vulnerabilidades, incluindo a
falta de acesso a serviços básicos como habitação, saúde, educação e trabalho,
bem como exposição à violência e a condições insalubres de vida.

No Brasil, a população em situação de rua vem aumentando em decorrência


de diversos fatores, incluindo o desemprego, a pobreza, o despejo, a violência
doméstica, o abuso de álcool e outras drogas, problemas de saúde mental, entre
outros.

Além disso, a população em situação de rua frequentemente enfrenta estigma


e discriminação, o que dificulta ainda mais o acesso a serviços e oportunidades. A
luta por direitos, reconhecimento e inclusão social é, portanto, uma questão central
para essa população.

2.1 Perfil socioeconômico e demográfico

O perfil socioeconômico e demográfico da população em situação de rua no


Brasil é bastante diverso, refletindo uma variedade de circunstâncias que podem
levar uma pessoa a viver nas ruas. Os dados a seguir são baseados em pesquisas
realizadas até a data de corte do conhecimento deste modelo, em setembro de
2021, portanto, números e estatísticas mais recentes podem variar.

De acordo com o último levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa


Econômica Aplicada (IPEA) em 2020, existem cerca de 221.869 pessoas vivendo
nas ruas do Brasil. No entanto, esse número é considerado subestimado devido à
dificuldade em mapear e identificar toda a população em situação de rua (BRASIL,
2020).

2.1.1 Em relação ao perfil demográfico:


13

A maioria das pessoas em situação de rua são homens (82%), a faixa etária
predominante e de 25 a 44 anos, porém uma porcentagem significativa de jovens e
idosos, maioria se identifica como negros ou pardos, quanto a procedência a maioria
e de origem urbana, muitos migraram de pequenas cidades ou Zonas rurais em
busca de melhores oportunidades.

2.1.2 Quanto ao perfil socioeconômico:

A maioria tem baixo nível de escolaridade, com predominância de pessoas


que não completaram o ensino fundamental, muitas pessoas em situação de rua
trabalham, em empregos informais e precários, como catadores de recicláveis,
vendedores ambulantes, entre outros. A população de rua apresenta elevados
índices de problemas de saúde, incluindo doenças cronicas, transtornos mentais e
dependência química.

Essas características ilustram a situação de vulnerabilidade socioeconômica e


a marginalização enfrentada pela população em situação de rua no Brasil. A
complexidade do problema exige políticas públicas eficazes e abrangentes para
garantir seus direitos e promover sua inclusão social e econômica.

2.2 Causas e consequências do fenômeno

Há uma variedade de fatores que podem levar as pessoas a experimentarem


a situação de sem teto, incluindo pobreza, falta de moradias acessíveis, falta de
serviços de saúde e saúde mental, perda de emprego e falta de redes de apoio.
Além disso, determinadas populações, como veteranos, indivíduos com condições
de saúde cronica, indivíduos com problema de uso de substâncias e indivíduos com
14

problema com o sistema de justiça criminal, podem estar em maior risco de


experimentar a situação de sem teto.

E também importante considerar As causas estruturais da situação do sem


teto, como a desigualdade econômica, a falta de moradias acessíveis e a falta de
programas de Seguro Social.

Esse problema pode levar a falta de acesso a emprego e moradias estáveis,


o que pode deixa indivíduos e famílias vulneráveis a situação de sem teto e serem
obrigados a viverem em situação de rua.

Além disso, é importante mencionar que muitos países, como o Brasil, há


uma falta de politicas públicas para abordar o problema das pessoas em situação de
rua, e uma falta de recursos para fornecer apoio e serviços adequados a indivíduos
e famílias em situação de vulnerabilidade social.

No que diz respeito a sobrevivência, quase 80 % conseguem fazer ao menos


uma refeição por dia, deste percentual 27% conseguem comprar comida com seu
próprio dinheiro, dezenove por cento da populaça pesquisada não se alimentavam
todos os dias, o que se constatou nesta pesquisa e que 80% das pessoas
pesquisadas estão vivento em situação de insegurança alimentar, porque o básico
para se ter o mínimo de dignidade são três refeições por dia.

Apesar da Lei no. 11.346 de 15 de setembro de 2006, que estabelece como


fundamental o Direito Humano a Alimentação adequada a sendo este direito
garantido pela constituição, ainda há muito que se fazer para que este direito seja de
fato cumprido.

Art. 2 - A alimentação adequada e direito fundamental do ser


humano, inerente a dignidade da pessoa humana e indispensável a
consagração dos direitos e consagrados na Constituição Federal,
devendo o poder Publico adotar as politicas e ações que se façam
necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e
nutricional da população.

2.3 A invisibilidade social


15

Passar e não enxergar, olhar e não ver, o tema invisibilidade social vem
sendo amplamente pesquisado a fim de dar conta do comportamento humano com
alguns grupos de pessoas. Invisibilidade significa objeto não visível, objeto com
ausência de luz, que não reflete. O que leva o ser humano a não ver nada a seu
redor ou simplesmente ignorar? O que causa esta indiferença? Considera-se que
inume-os fatores intrínsecos ao ser humano podem estar implicados nesse
comportamento onde por hora se exclui da percepção aquilo que não se quer ver.
Esse comportamento interfere nas relações grupais.

Segundo Costa (2008) entende-se que esta cegueira pode ser caracterizado
como uma cegueira publica quando um homem desaparece para outro configurando
assim um evento psicossocial característico da sociedade pós moderna, referindo
assim dois fenômenos intrinsecamente relacionados com a cegueira: humilhação
social e reificação (humanos reduzidos).

Segundo Filho (2005) afirma que a invisibilidade do povo teve sua evolução
na história e foi marcada pelos golpes de espoliação e servidão com origem nos
escravos africanos e nativos e posteriormente sobre os imigrantes baixo
assalariados.

A invisibilidade Social dos moradores de rua é um fenômeno complexo e


preocupante que afeta um grande número de pessoas em todo o mundo, as pessoas
em situação de rua são facilmente ignoradas, ela é um resultado de fatores como
preconceito, desigualdades socioeconômicas e falta de politicas públicas eficazes.

Para combater a invisibilidades social é necessário um esforço conjunto da


sociedade civil e do governo, isso inclui a criação de politicas públicas voltada para
as pessoas em situação de Rua, mas politicas eficazes, a promoção
conscientização e o debate sobre o tema podem combater os estigmas e os
preconceitos. Estas ações podem garantir que estes indivíduos possam ser tratados
com dignidade e que suas necessidades básicas sejam atendidas.

3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLITICAS SOCIAIS PARA PESSOAS EM


SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL
16

A evolução das políticas públicas no Brasil, especialmente no que diz respeito


à população em situação de rua, é um processo que tem raízes profundas na
história do país e está intrinsecamente ligada à evolução da sua própria democracia.
Aqui está um breve resumo dessa trajetória:

Período Colonial e Império (1500-1889): Durante a maior parte deste


período, não havia políticas públicas no sentido moderno. As ações voltadas para os
pobres e desamparados eram geralmente administradas pela Igreja Católica e
outras instituições de caridade.

Primeira República (1889-1930): Esta fase foi marcada pela industrialização


e urbanização, que geraram grandes desigualdades sociais. Ainda não havia uma
política pública social consolidada, mas foram criadas algumas instituições de
assistência social, como as Santas Casas de Misericórdia.

Era Vargas (1930-1945): Durante o governo de Getúlio Vargas, foram


implementadas várias políticas de cunho social, como a criação da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) e da previdência social.

Período Militar (1964-1985): Durante a ditadura militar, a política social foi


marcada pelo assistencialismo e pela repressão. A população em situação de rua
era frequentemente vista como um “problema” a ser resolvido por meio da repressão
e da internação compulsória.

Redemocratização (1985-presente): Com o fim da ditadura militar e a


promulgação da Constituição Federal de 1988, houve uma maior ênfase na
promoção dos direitos sociais e na criação de políticas públicas inclusivas. Durante
este período, foram criados vários programas e políticas voltados para a população
em situação de rua, como a Política Nacional para a População em Situação de Rua
(2009) e a Política Nacional de Saúde da População em Situação de Rua (2011).

3.1 Legislação e marcos regulatórios


17

A legislação e os marcos regulatórios voltados para a população em situação


de rua no Brasil estão ancorados na Constituição Federal de 1988, que consagra o
direito à vida, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, à assistência aos
desamparados.

Em muitos países a Proteção aos Direitos Humanos são direitos


fundamentais garantido por Constituição e tratados internacionais como o Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, (PIDESC) e a Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Estes documentos estabelecem direitos, como
direito a vida, a saúde, a educação e a moradia adequada.

No Brasil a Politica Nacional para Pessoas em Situação de Rua, foi


estabelecida em 2009 com o objetivo de garantir o acesso a serviços e politicas
públicas e promover a inclusão social dessa população.

Estrategias e planos nacionais para abordar a situação de rua e garantir o


acesso à moradia adequada. Essas estratégias incluem ações como a criação de
programa habitacional social, a expansão de abrigos e albergues e a implementação
de politicas de prevenção e assistência.

Em muitos casos as politicas e regulamentos específicos para pessoas em


situação de rua são estabelecidos em nível local por governo Municipais ou
regionais. Essas politicas podem incluir provisão de assistência social, programas de
emprego e medidas para prevenir a discriminação e o estigma.

3.1.1 Constituição Federal de 1988

A constituição de 1988 em seu artigo 1o, Inciso III, dispõe sobre a dignidade
da pessoa humana, e assegura os direitos fundamentais e garantias individuais ao
ser humano. O Estado existe em função de todas as pessoas, ele deveria ser o
garantidor deste direito, tem o dever de promover mecanismos de proteção que
alcance todas as pessoas, garantindo os direitos:
18

3.1.1.1 Direito a moradia

A Constituição Federal, dispões ainda, em seu artigo 23, que é competência


comum dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, promover programas de
construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento
básico, e também combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos.

A pauta da habitação é ainda tema sensível no território brasileiro segundo


levantamento da Organização das Nações Unidas (2020) 45,2 milhões de brasileiros
residem em 14,2 milhões de domicílios com inadequações habitacionais são elas;
Ausência de banheiro de uso exclusivo, paredes externas com materiais não
duráveis, número excessivo de moradores por residência, ônus excessivo com
aluguel e ausência de documento de propriedade.

Além disso, existem, ainda, cidadãos que sequer possuem moradia, ou seja,
vivem em situação de rua que, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA) supera 281,4 mil pessoas (BRASIL, 2020)

3.1.1.2 Direito a saúde

No Brasil, o direito à saúde é garantido pela Constituição Federal de 1988,


que estabelece a saúde como “direito de todos e dever do Estado”. Isso significa que
todas as pessoas, independentemente de sua situação social ou econômica, têm o
direito de receber atendimento de saúde adequado e de qualidade. Esse direito é
assegurado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que é a principal rede de serviços
de saúde pública do Brasil.

Para a população em situação de rua, esse direito é especialmente


importante devido às suas condições de vida precárias, que muitas vezes levam a
problemas de saúde graves e complexos. No entanto, a efetivação desse direito
19

enfrenta vários obstáculos. Isso inclui a falta de acesso a serviços de saúde, a


discriminação por parte dos profissionais de saúde e a falta de documentos
necessários para acessar o atendimento, entre outros.

A Política Nacional de Saúde da População em Situação de Rua, instituída


em 2011, busca enfrentar essas e outras barreiras. Ela prevê a ampliação do acesso
dessa população aos serviços de saúde, a capacitação dos profissionais de saúde
para lidar com as especificidades dessa população, a promoção de ações de
prevenção e promoção da saúde, entre outras medidas.

Apesar desses esforços, muitas pessoas em situação de rua ainda enfrentam


dificuldades para acessar os serviços de saúde de que precisam. Isso demonstra a
necessidade de ações mais efetivas e abrangentes para garantir o direito à saúde
dessa população.

3.2 Politica Nacional para a população em situação de rua

A Politica Nacional para Pessoas em Situação de Rua foi instituída pelo


Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009, para assegurar o acesso amplo,
simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as diversas politicas
publica que integram os órgãos do Governo Federal.

A Política Nacional para a População em Situação de Rua foi uma resposta


do Governo Federal ao crescente número de pessoas vivendo nas ruas das cidades
brasileiras. Reconhecendo que este grupo populacional enfrenta dificuldades
específicas e tem direitos violados com frequência, o Decreto nº 7.053 de 2009 veio
para estabelecer diretrizes e estratégias para a promoção dos direitos e da cidadania
desta população.

O objetivo principal desta politica é assegurar a esse grupo o acesso amplo,


simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as diversas políticas
públicas do país.
20

Entre os eixos de atuação, estão a promoção dos direitos civis, a garantia do


acesso a serviços públicos de qualidade, o fortalecimento do controle social e a
construção de sistemas de informação para o monitoramento e avaliação das ações,
a implantação de Centros de Referência e Centros POP, que são espaços de
acolhida, convivência, criação de vínculos e desenvolvimento de sociabilidade, a
oferta de benefícios assistenciais, como o Benefício de Prestação Continuada
(BPC), a garantia de atendimento em saúde, com equipes de saúde da família e
consultórios de rua, o estímulo a formação profissional e inserção no mercado de
trabalho.

3.2.1 Sistema único de Assistência social (SUAS)

A Assistência Social é um direito do cidadão e dever do Estado, instituído


pela Constituição Federal de 1988. A partir de 1993, com a publicação da Lei
Orgânica da Assistência Social – LOAS, é definida como Política de Seguridade
Social, compondo o tripé da Seguridade Social, acompanhada da Saúde e
Previdência Social, com caráter de Política Social articulada a outras políticas do
campo social.

O Sistema Único de Assistência Social(SUAS) comporta quatro tipos de


gestão: da União, do Distrito Federal, dos estados e dos Municípios, a
responsabilidade da União passam principalmente pela formulação, apoio,
articulação e coordenação de ações.

O SUAS traz uma nova concepção para a Assistência Social e politicas


públicas inserida no campo de direito, da universalização do acesso e da
responsabilidade estatal. Sua organização se divide em ofertas de programas,
serviços, projetos e benefícios, assegurando comando único em cada esfera. O
SUAS se divide em três tipos de proteção, baixa, media e alta complexidade.

Um dos serviços especializados para pessoa em situação de Rua é o Serviço


de Proteção Especial de Media complexidade, que tem por finalidade assegurar o
atendimento e desenvolvimento de atividades de sociabilidade. Assim visa-se o
21

fortalecimento de vínculos interpessoais e familiares, com o fim de contribuir para a


construção de novos projetos e trajetórias de vida.

Deve, também proporcionar endereço institucional para utilização do usuário


para fins de referência, promover o acesso a espaços de guarda de pertences,
higiene pessoal, alimentação e provisão de documentação civil. Bem como alimentar
o sistema de registro dos dados de pessoa em situação de rua, permitindo assim a
localização da família, parentes e pessoas de referência.

A oferta do atendimento social varia de acordo com a demanda dos usuários,


a orientação individual e grupal, e os encaminhamentos a outros serviços da rede
socioassistencial e das demais politicas públicas que possam contribuir para a
construção da autonomia, inserção social e proteção as situações de violência.

O trabalho social consiste na acolhida, escuta, estudo social, diagnostico


socioeconômico, informação, comunicação e defesa de direitos.

A rede Socioassistencial possui unidades de referência de atendimento a este


segmento da população, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social
(CREAS) e o Centro de Referência Especializado para a População em Situação de
Rua (CENTRO POP). Estes dois equipamentos devem funcionar de forma
articulada, tendo em vista a especificidades dessa população. O Centro POP é um
serviço especializado para atendimento as pessoas em situação de rua com serviço
de abordagem social, atendimentos individuais, coletivos e incentivo ao
protagonismo e participação social, Os centro POP é um espaço onde é realizado
atividades individuais e coletivas, serve também ´para guardar pertences,
alimentação e higiene pessoal.

4 PROGRAMAS E AÇÕES GOVERNAMENTAIS

4.1 Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)


22

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi uma iniciativa lançada


pelo governo brasileiro em 2007 durante o segundo mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. O objetivo era promover o crescimento econômico do país por
meio do investimento em grandes obras de infraestrutura, como rodovias, ferrovias,
portos, aeroportos, energia, saneamento básico e habitação.

As metas do PAC incluíam a aceleração do crescimento econômico, o


aumento do emprego e da renda e a melhoria da qualidade de vida da população
brasileira. Para isso, o programa propôs uma série de medidas, como a simplificação
e a aceleração dos processos de licenciamento de obras, o aumento dos
investimentos públicos em infraestrutura e a promoção de parcerias com o setor
privado.

Um dos componentes importantes do PAC foi o investimento em habitação,


principalmente por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, que buscava reduzir
o deficit habitacional no país, proporcionando moradias a famílias de baixa renda.

No entanto, o PAC também enfrentou críticas e desafios. Entre eles estavam


os atrasos e os custos excessivos de muitas das obras do programa, as
preocupações com a qualidade e a sustentabilidade dos projetos de habitação e as
questões relacionadas ao planejamento e à implementação do programa.

Apesar desses desafios, o PAC representou um esforço significativo para


investir na infraestrutura do país e promover o crescimento econômico. Seus
impactos são sentidos até hoje, embora a avaliação de sua eficácia e de seu legado
seja objeto de debate.

4.2 Programa Bolsa Família

O Programa Bolsa Família (PBF), criado em 2003, é um programa federal de


transferência de renda que tem como principal objetivo combater a pobreza e a
desigualdade no Brasil. O programa é destinado às famílias em situação de pobreza
e extrema pobreza, sendo que essas famílias recebem benefícios mensais em
dinheiro, que são transferidos diretamente para elas.
23

A abordagem do Bolsa Família vai além de apenas prover assistência


financeira para famílias em situação de pobreza. Ele possui uma perspectiva integral
e multidimensional, que envolve não apenas aspectos econômicos, mas também
sociais e educacionais. Nesse sentido, as famílias beneficiadas pelo PBF têm o
compromisso de garantir que suas crianças e adolescentes estejam frequentando a
escola e mantenham as vacinações em dia, por exemplo.

O programa busca, assim, romper com o ciclo intergeracional da pobreza, ao


mesmo tempo que busca garantir a oferta e o acesso a direitos sociais básicos.
Além disso, o PBF também tem como objetivo proporcionar às famílias beneficiadas
condições para que alcancem a emancipação socioeconômica, promovendo a
superação da situação de vulnerabilidade social.

No contexto da população em situação de rua, a participação no Programa


Bolsa Família pode se tornar um desafio, pois muitos destes indivíduos não
possuem documentação, endereço fixo ou acesso a serviços básicos de saúde e
educação. Isso dificulta sua inclusão no programa e reforça a necessidade de
políticas específicas e ações intersetoriais para esse segmento da população.

No entanto, é importante ressaltar que, apesar de suas limitações, o Bolsa


Família tem desempenhado um papel importante na redução da pobreza e da
desigualdade no Brasil, e se destaca como uma das políticas públicas de maior
alcance no combate à pobreza.

4.3 Consultório na rua

O “Consultório na Rua” é uma iniciativa do Sistema Único de Saúde (SUS) no


Brasil, voltada para o atendimento à população em situação de rua. Criado em 2011,
esse programa envolve equipes multidisciplinares de saúde que atuam diretamente
nas ruas, prestando assistência a pessoas que enfrentam as mais diversas
condições de vulnerabilidade.

As equipes do "Consultório na Rua" são formadas por médicos, enfermeiros,


assistentes sociais, psicólogos, entre outros profissionais de saúde, e trabalham de
24

forma integrada para oferecer cuidados completos e personalizados. O objetivo é


superar a barreira do acesso aos serviços de saúde que muitas vezes essa
população enfrenta, seja pela dificuldade de deslocamento, pela discriminação ou
pelo desconhecimento de seus direitos.

Os serviços prestados incluem atendimentos clínicos, ações de prevenção e


promoção da saúde, encaminhamentos para outros serviços de saúde quando
necessário, além de ações de articulação e mobilização comunitária.

É importante notar que o "Consultório na Rua" vai além da simples


assistência médica. A proposta é entender e atender a pessoa em sua totalidade,
considerando seu contexto social, histórico, cultural e individual, visando não apenas
à saúde física, mas também à saúde mental, emocional e social.

Apesar das inúmeras dificuldades e desafios enfrentados, este programa


representa um esforço significativo do sistema público de saúde do Brasil para
alcançar e cuidar de uma população historicamente marginalizada e desassistida.

4.4 - Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS)

Um serviço especializado em abordagem social que se dedica a lidar e


interagir com indivíduos ou grupos que estejam passando por situações de
vulnerabilidade social, emocional ou econômica. Esses serviços têm como objetivo
principal oferecer suporte, orientação e assistência para promover o bem-estar e a
inclusão social.

Existem diferentes tipos de abordagens sociais, dependendo das


necessidades e características dos indivíduos ou grupos em questão. Alguns
exemplos de serviços especializados em abordagem social são:

Trabalhadores Sociais: Profissionais qualificados que atuam diretamente


com pessoas em situação de risco, como moradores de rua, vítimas de violência
doméstica, jovens em conflito com a lei, entre outros. Eles oferecem suporte
emocional, orientação, encaminhamentos e auxílio na busca por recursos e serviços.
25

Assistentes Sociais: Profissionais formados em Serviço Social, que


trabalham com indivíduos, famílias e comunidades para promover a igualdade de
direitos e acesso a serviços básicos. Eles realizam avaliações sociais, elaboram
planos de intervenção, prestam apoio psicossocial e acompanham a implementação
de políticas públicas.

Psicólogos Sociais: Profissionais da Psicologia que se dedicam a


compreender as relações sociais e seus impactos na saúde mental e bem-estar.
Eles trabalham com grupos, comunidades e instituições, oferecendo suporte
emocional, intervenções psicossociais e desenvolvimento de estratégias para lidar
com problemas sociais.

Educadores Sociais: Profissionais que utilizam a educação como ferramenta


para promover a inclusão social. Eles desenvolvem projetos educativos e atividades
de aprendizagem que visam capacitar e empoderar indivíduos em situação de
vulnerabilidade, estimulando o desenvolvimento de habilidades sociais e
promovendo a cidadania.

Esses são apenas alguns exemplos de serviços especializados em


abordagem social. Cada um deles desempenha um papel importante na promoção
da igualdade, justiça social e bem-estar das pessoas em situação de vulnerabilidade.
É fundamental buscar profissionais e instituições capacitadas e de confiança para
obter o suporte necessário.

4.5. Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF)

O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) é um serviço


socioassistencial oferecido no Brasil, coordenado pelo Sistema Único de Assistência
Social (SUAS). O PAIF tem como objetivo principal fortalecer os vínculos familiares e
comunitários, promovendo a inclusão social e o desenvolvimento integral das
famílias em situação de vulnerabilidade.

O PAIF é executado por equipes de profissionais da área de assistência


social, como assistentes sociais e psicólogos, que atuam em Centros de Referência
26

de Assistência Social (CRAS) localizados em diferentes municípios. Esses


profissionais realizam o acolhimento e o acompanhamento das famílias, oferecendo
serviços e ações de forma individual ou coletiva.

As atividades desenvolvidas no PAIF incluem:

1. Acolhida e escuta qualificada: Os profissionais do PAIF recebem as famílias,


ouvem suas demandas e necessidades, criando um espaço de diálogo e
acolhimento.

2. Atendimentos individuais ou em grupo: São realizados encontros com as


famílias para oferecer orientações, apoio emocional, encaminhamentos para
outros serviços e acompanhamento das demandas específicas de cada
família.

3. Oficinas e atividades socioeducativas: São promovidas oficinas e atividades


que visam fortalecer os vínculos familiares, estimular a convivência
comunitária, desenvolver habilidades socioemocionais, promover a autonomia
e ampliar o acesso a direitos e benefícios sociais.

4. Visitas domiciliares: Os profissionais do PAIF realizam visitas às famílias em


seu ambiente familiar, proporcionando um acompanhamento mais próximo e
identificando possíveis situações de vulnerabilidade e risco.

5. Articulação com outros serviços e políticas públicas: O PAIF atua em conjunto


com outros serviços e políticas públicas, realizando encaminhamentos para a
rede de proteção social, como saúde, educação, emprego e renda, entre
outros.

O PAIF tem como finalidade fortalecer os vínculos familiares, promover a


autonomia e a melhoria da qualidade de vida das famílias em situação de
vulnerabilidade social. Ele se configura como um importante instrumento de proteção
social, contribuindo para a garantia dos direitos e a promoção do desenvolvimento
integral das famílias brasileiras.

5 ANÁLISE CRÍTICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS


27

As políticas públicas brasileiras têm apresentado avanços significativos em


diversas áreas, mas também enfrentado limitações que afetam sua efetividade,
como as desigualdades sociais, corrupção e má gestão, infraestrutura insuficiente,
fragmentação e descontinuidade e pouca participação social.

Apesar dos Avanços, o Brasil ainda enfrenta altos níveis de desigualdades


sociais, com disparidades regionais, étnicas e de gênero, esta disparidade dificulta o
alcance dos resultados desejados pelas politicas públicas, outro problema sério que
o Brasil enfrenta é a corrupção e má gestão dos recursos públicos, a falta de
transparência e do controle adequado comprometem a utilização eficiente dos
recursos e a entrega dos serviços á população.

A infraestrutura insuficiente como transporte, saneamento básico e segurança


pública enfrentam deficiência que limitam a qualidade e a efetividade das politicas
públicas nessas áreas.

A fragmentação e a descontinuidade das politicas públicas ao longo do tempo


é uma limitação recorrente no Brasil. A mudança de governos e a falta de
planejamento de longo prazo dificultas a sustentabilidade e a eficacia das ações
implementadas.

Embora haja avanços na participação social, ainda há desafios na promoção


de uma participação ampla e efetiva da sociedade civil na formulação,
implementação e avaliação das políticas públicas.

6 DESAFIOS PARA EFETIVAÇÃO DAS POLITICAS PUBLICAS

A efetivação das políticas públicas no Brasil enfrenta diversos desafios que


podem comprometer o alcance dos seus objetivos. Alguns desses desafios são os
financiamentos insuficientes. A falta de recursos financeiros adequados é um desafio
constante para a implementação das políticas públicas. Muitas vezes, os recursos
destinados são insuficientes para atender às demandas e garantir a qualidade dos
28

serviços oferecidos, o Brasil é marcado por profundas desigualdades


socioeconômicas, essas disparidades dificultam a implementação de politicas
públicas abrangentes e efetivas, uma vez que diferentes grupos sociais tem
necessidades distintas e enfrentam diferentes barreiras para o acesso ao serviço
público.

A fragmentação e a falta de integração das politicas públicas entre os


diferentes órgãos federativos e níveis de governo, que atuam de forma
descoordenada dificultando a implementação de ações mais abrangentes. Deixando
lacunas de atendimento e dificuldade de alcançar resultados efetivos.

A resistência a mudanças por parte de grupos de interesse, burocracia e


setores específicos da sociedade podem dificultar a implementação de politicas
públicas inovadoras e necessárias. Esses interesses podem influenciar
negativamente a formulação e implementação de políticas, priorizando determinados
grupos em detrimento do bem comum.

A baixa participação da sociedade civil no processo de formulação,


implementação e avaliação das políticas públicas é um desafio. A falta de canais
efetivos para a participação cidadã pode comprometer a representatividade e a
legitimidade das políticas, além de limitar o engajamento da população na sua
efetivação.

A falta de mecanismos efetivos de monitoramento e avaliação das políticas


públicas dificulta a identificação de problemas, ajustes necessários e aprendizado
institucional. A ausência de indicadores claros, sistemas de avaliação robustos e
mecanismos de prestação de contas compromete a efetividade e a qualidade das
políticas.

6.1 Participação social e controle social

A participação social e o controle social são elementos essenciais para a


efetivação das políticas públicas. Alguns desafios que são enfrentados para o
controle social e a falta de dialogo e escuta ativa por parte de gestores públicos pode
29

comprometer a participação e a contribuição da Sociedade civil. É necessário criar


mecanismos uma interação que permitam uma interação genuína entre os atores
envolvidos, promovendo dialogo construtivo e a troca de conhecimentos e
experiências. É necessário garantir a participação ampla e inclusiva de diferentes
setores da sociedade, especialmente de grupos historicamente excluídos e
vulneráveis.

Os mecanismos de controle social, como os conselhos de políticas públicas e


as ouvidorias, muitas vezes enfrentam desafios em termos de sua efetividade e
capacidade de influenciar as decisões governamentais. A falta de autonomia,
recursos adequados e poder de decisão pode limitar a efetividade desses
mecanismos.

A fiscalização e o monitoramento das políticas públicas são essenciais para


garantir sua implementação adequada e o alcance dos resultados esperados. No
entanto, existem desafios em termos de capacidade técnica, recursos e
independência dos órgãos responsáveis por essas atividades.

6.2 Desafios específicos para a inclusão social de pessoas em situação de rua

A inclusão social de pessoas em situação de rua apresenta desafios


específicos que demandam atenção e ações direcionadas, entre os desafios
podemos citar:

 Estigma e discriminação: Pessoas em situação de rua frequentemente


enfrentam estigma e discriminação por parte da sociedade. Essa
estigmatização dificulta sua inclusão social, pois afeta negativamente suas
oportunidades de emprego, moradia, acesso a serviços e participação na
comunidade.

 Falta de moradia adequada: A falta de moradia adequada é um desafio


central para a inclusão social das pessoas em situação de rua. A escassez de
30

abrigos, moradias de baixo custo e políticas habitacionais efetivas contribui


para a perpetuação da condição de rua.

 Acesso a serviços básicos: Pessoas em situação de rua muitas vezes têm


dificuldade em acessar serviços básicos, como saúde, educação, assistência
social e emprego. Barreiras como falta de documentos, restrições de horário e
falta de endereço dificultam seu acesso a esses serviços essenciais.

 Saúde física e mental: A falta de acesso regular a cuidados de saúde, unido a


condições precárias de vida, coloca as pessoas em situação de rua em maior
vulnerabilidade a problemas de saúde física e mental. A falta de serviços de
saúde adequados, estigmatização e falta de acompanhamento regular são
desafios para sua inclusão social.

 Desafios relacionados ao mercado de trabalho: A falta de oportunidades de


emprego e a ausência de qualificação profissional são desafios para a
inclusão social das pessoas em situação de rua. A discriminação no mercado
de trabalho e a falta de programas de capacitação voltados para esse grupo
dificulta sua reintegração profissional.

7 CONCLUSÃO

Este trabalho apresentou uma análise crítica das políticas públicas brasileiras
voltadas para pessoas em situação de rua, destacando avanços e limitações.
Concluiu-se que, embora tenha havido progressos no enfrentamento dessa questão,
ainda há muito a ser feito para garantir a plena inclusão social desse segmento
populacional. Para tanto, é fundamental o engajamento e comprometimento de todos
os atores envolvidos, incluindo órgãos governamentais, sociedade civil, setor privado
e a própria população em situação de rua. Algumas propostas de melhorias e
recomendações foram apresentadas, visando aprimorar as políticas públicas
existentes e desenvolver novas estratégias e programas para enfrentar os desafios
específicos relacionados à inclusão social desse grupo
31

Ao longo desta pesquisa, podemos compreender melhor as complexidades


que envolvem a situação de rua no Brasil. Ficou claro que não existe uma única
causa ou solução para esse problema, mas sim uma combinação de diversos fatores
sociais, econômicos e estruturais que contribuem para a sua perpetuação.

O desemprego é um dos principais impulsionadores da situação de rua. A


falta de oportunidades de trabalho digno e remunerado leva muitas pessoas a
perderem sua moradia e sua fonte de renda, tornando-se vulneráveis e sem acesso
aos direitos básicos. Além disso, a pobreza e a desigualdade social também
desempenham um papel fundamental. A concentração de renda, a falta de políticas
públicas efetivas e a discriminação estrutural afetam diretamente a vida das pessoas
em situação de rua.

A exclusão social e a discriminação são problemas graves enfrentados por


essa população. A falta de acesso a serviços básicos, como saúde, educação e
assistência social, dificulta a sua reintegração à sociedade. O preconceito e o
estigma social também contribuem para a marginalização dessas pessoas,
dificultando ainda mais a sua busca por melhores condições de vida.

Além disso, é importante ressaltar que a situação de rua não afeta apenas
indivíduos isolados, mas também famílias inteiras. Crianças, idosos e pessoas com
deficiência são especialmente vulneráveis e estão sujeitos a um maior risco de
violações de direitos.

Diante desse cenário, é fundamental que haja um esforço conjunto da


sociedade, do Estado e de organizações não governamentais para enfrentar e
resolver esse problema. É preciso investir em políticas públicas efetivas de inclusão
social, geração de emprego e renda, acesso à moradia digna, educação, saúde e
assistência social. Além disso, é necessário combater o preconceito e a
discriminação, promovendo uma cultura de respeito e valorização da diversidade.

Por fim, é essencial que haja um compromisso de longo prazo para combater
as causas estruturais da situação de rua. Isso envolve ações que visem reduzir a
desigualdade social, promover a justiça social e garantir a efetivação dos direitos de
todos os cidadãos. Somente dessa forma poderemos construir uma sociedade mais
justa, igualitária e inclusiva, onde todas as pessoas possam desfrutar plenamente de
seus direitos e viver com dignidade.
32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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