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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

SERVIÇO SOCIAL

POLIANA NUNES OLIVEIRA

SERVIÇO SOCIAL E A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO

Itapetinga
2019
POLIANA NUNES OLIVEIRA

SERVIÇO SOCIAL E A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Serviço Social.

Orientador: Prof. Juliana Caetano Silveira

Itapetinga
2019
“Serei eternamente grata a DEUS por tê-lo em
meu coração e por ter me proporcionado as maiores alegrias como a
conclusão deste trabalho. Sem ele, nada sou.”
AGRADECIMENTOS

Esta fase da minha vida é muito especial e não posso deixar de agradecer a Deus
por toda força, ânimo e coragem que me ofereceu para ter alcançado minha meta.

À Universidade quero deixar uma palavra de gratidão por ter me recebido de braços
abertos e com todas as condições que me proporcionaram dias de aprendizagem
muito ricos.

Aos professores reconheço um esforço gigante com muita paciência e sabedoria.


Foram eles que me deram recursos e ferramentas para evoluir um pouco mais todos
os dias.

É claro que não posso esquecer-me da minha família e amigos, porque foram eles
que me incentivaram e inspiraram através de gestos e palavras a superar todas as
dificuldades.

A todas as pessoas que de uma alguma forma me ajudaram a acreditar em mim eu


quero deixar um agradecimento eterno, porque sem elas não teria sido possível.
“Construí amigos, enfrentei derrotas, Venci obstáculos,
bati na porta da vida e disse-lhe: Não tenho medo de vivê-la!”

(Augusto Cury)
OLIVEIRA, Poliana Nunes. SERVIÇO SOCIAL E A VIOLÊNCIA CONTRA O
IDOSO. 2019. p. 33 Trabalho de Conclusão de Curso em Serviço Social.
Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) , Itapetinga-Ba, 2019.

RESUMO

O presente artigo é uma análise da atuação do Serviço Social no combate a


violência contra o idoso nos dias atuais, pois com o aumento dessa população no
país, é notório a necessidade de que hajam Políticas Públicas que venham
considerar as suas particularidades e especificidades no atendimento, será feito um
resgate histórico do processo de implementação das Políticas Públicas para o idoso,
os seus direitos e garantias, os tipos de violência sofridos os quais muitas vezes não
são denunciados a intervenção do Serviço Social, no acolhimento das vítimas na
execução da política de assistência social, dados estatísticos referentes a essa
população a nível de Brasil, neste artigo buscou se apresentar um conjunto de
técnicas e recursos metodológicos que garantissem a consistência e confiabilidade
dos dados e outros autores que já estudaram sobre o assunto além da utilização
sites e artigos relativos ao assunto.

Palavras-chave: Serviço Social. Idoso . Políticas Públicas. Violência.


OLIVEIRA, Poliana Nunes. SOCIAL SERVICE AND VIOLENCE AGAINST THE
ELDERLY. 2019. p. 33 Trabalho de Conclusão de Curso em Serviço Social.
Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) , Itapetinga-Ba, 2019.

ABSTRACT

The present article is an analysis of the Social Work performance in the fight against
violence against the elderly in the present day, because with the increase of this
population in the country, it is noticeable the necessity of having Public Policies that
will consider their particularities and specificities in the attendance. , a historical
review will be made of the process of implementation of Public Policies for the
elderly, their rights and guarantees, the types of violence suffered which are often not
reported the intervention of Social Work, in the reception of victims in the
implementation of the policy of social assistance, statistical data for this population at
the level of Brazil, this article sought to present a set of techniques and
methodological resources that ensure the consistency and reliability of data and
other authors who have studied on the subject in addition to using websites and
related articles. to the subject.

Keywords: Social Work. Old man . Public policy. Violence


LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS

GRÁFICO 1 – Indice de Envelhecimento...................................................................30

GRÁFICO 2 – Jovens e idosos como percentagem da população total....................31

GRÁFICO 3 - Distribuição da população por sexo e grupo de idade.......................32


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABESPS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social


BPC – Benefício de Prestação Continuada
CAPS – Caixa de Aposentadoria e Pensões
CE – Código de Ética
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social
CFB – Constituição Federal Brasileira
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social
CRAS – Centro de Referência em Assistência Social
CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social
ENESSO – Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social
FNAS – Fundo Nacional de Assistência Social
IAPs – Instituto de Aposentadorias e Pensões
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IE – Indice de Envelhecimento
INSS – Instituto Nacional de Seguro Social
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
LBA – Legião Brasileira de Assistência
LOAS – Lei Orgânica e de Política de Assistência Social
LOPs – Lei Orgânica da Previdência Social
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome
NOA – Norma Operacional Básica
OMS – Organização Mundial da Saúde
PAIF – Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
PBF – Programa Bolsa Família
PNAS – Política Nacional de Assistência Social
PNI – Política Nacional do Idoso
SALTE – Saúde, Alimentação, Transporte e Energia
SAPS – Serviços de Alimentação da Previdência Social
SESC – Serviço Social do Comércio
SESI – Serviço Social da Indústria
SUAS – Sistema Único de Assistência Social
SUS – Sistema Único de Saúde
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO …………………………………………………....…………...................12

CAPÍTULO I POLÍTICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E SUA TRAJETÓRIA ........14

CAPÍTULO II A POLÍTICA NACIONAL E O ESTATUTO DO IDOSO......................18

CAPÍTULO III A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO NOS DIAS ATUAIS ..................22

CAPÍTULO IV SERVIÇO SOCIAL E O ACOLHIMENTO AO IDOSO ......................25

CAPÍTULO V DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE A POPULAÇÃO IDOSA NO


BRASIL......................................................................................................................30

CONCLUSÃO............................................................................................................33

REFERÊNCIAS .........................................................................................................34
12

INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional apresenta relevantes


transformações demográficas, biológicas, sociais, econômicas e comportamentais, e
no prolongamento da vida humana. Trata se da maior conquista da humanidade no
último século, e que se deve à vitória das políticas públicas e sociais (BERZINS,
2003). Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), citado pelo
IBGE (2013) apontam para a importância da implementação de políticas públicas
que venham suprir as condições necessárias para a promoção da qualidade de vida
das pessoas idosos, voltadas para as ações de proteção e cuidado específico.

De acordo com o Censo Demográfico 2010 mediante base de


dados coletados, onde apresentou uma projeção da população por sexo e idade
com indicadores, onde se observa uma perspectiva de crescimento acelerado da
população idosa entre 2000 e 2006, identificando que, enquanto em 2000 o índice
de envelhecimento era de 18,66%, para 2060 estima se um crescimento de 206,16%
de aumento, sendo que 44,44% da proporção de idosos apresentarão alguma razão
de dependência de políticas públicas sociais (IBGE, 2015)

O aumento da expectativa de vida, no Brasil, não significa que os


idosos estão vivendo com qualidade de vida. Nessa perspectiva, como destaca
Teixeira (2008), para os trabalhadores envelhecidos é evidenciado a reprodução e a
ampliação das desigualdades sociais, constituindo o envelhecimento do trabalhador
uma das expressões da questão social na sociedade capitalista, constantemente
reproduzida e ampliada, dado o processo de produção para a valorização do capital
em detrimento da produção para satisfazer as necessidades humanas dos que
vivem ou viveram da venda da força de trabalho.

Com a conscientização da sociedade sobre a importância de se


conhecer, respeitar e amparar aqueles que se encontram nessa fase e a partir das
suas necessidades, diversas políticas públicas têm sido instituídas, a fim de
proporcionar ao idoso uma melhor qualidade de vida. A formulação e a implantação
das políticas públicas buscam atender a realidade do envelhecimento em todas as
13

suas faces, que almejem a promoção do bem-estar físico, mental e social do idoso e
a prevenção de agravos a sua saúde têm se mostrado um grande desafio.

Outro desafio a ser enfrentado nos dias de hoje e que está tão
presente na vida das pessoas principalmente das idosas é a violência que não é
mais considerada como um fenômeno estranho, pelo contrario, faz parte do nosso
cotidiano principalmente nas grandes cidades, a questão da violência aparece
também como um desafio para o Serviço Social onde o profissional deve estar
atento e preparado para lidar com as questões que envolvem a violência,
trabalhando sempre na perspectiva de defesa dos direitos, denunciando todas as
formas de violência, seguindo sempre a orientação do Código de Ética da profissão.

Nesse sentido, o objetivo geral deste artigo é realizar uma reflexão


sobre o tema da violência contra os idosos, amparada em artigos científicos
publicados. Já como objetivos específicos: 1) as políticas de Assistência Social, 2) o
Estatuto e a Política Nacional do Idoso, 3) identificar o que é violência e quais os
tipos de violência contra idosos, 4) os desafios do assistente social, 5) análise dos
dados estatísticos da população idosa.

Com o intuito de organizar o trabalho para melhor compreensão


sobre a temática proposta, buscou se dividir o trabalho em cinco capítulos. No
primeiro capítulo intitulado POLÍTICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E SUA
TRAJETÓRIA; apresenta se um histórico sobre a Política social no Brasil abordando
suas principais conquistas.

No segundo capítulo intitulado POLÍTICA NACIONAL E O


ESTATUTO DO IDOSO; breve análise do Estatuto do Idoso, da Política Nacional do
Idoso sancionadas no Brasil.

Em seguida no terceiro capítulo intitulado VIOLÊNCIA CONTRA O


IDOSO NOS DIAS ATUAIS; traz uma abordagem sobre as classificações da
violência que permeiam a sociedade, contemplando a questão da violência contra a
pessoa idosa apresentando, os tipos específicos de violência contra esse segmento.
14

Já no quarto capítulo intitulado SERVIÇO SOCIAL E O


ACOLHIMENTO AO IDOSO; apresenta o Serviço Social na sociedade brasileira, as
condições de trabalho do assistente social, os desafios postos à profissão.

O quinto e último capítulo intitulado DADOS ESTATÍSTICOS


SOBRE A POPULAÇÃO IDOSA NO BRASIL; demonstrativo do índice de
envelhecimento da população no Brasil segundo dados do IBGE.

CAPÍTULO I

POLÍTICAS DE ASSISTENCIA SOCIAL E SUA TRAJETÓRIA

Foi a partir do Estado Novo (Getúlio Vargas – 1937-1945) que as


políticas sociais cresceram se desenvolveram em resposta às necessidades do
processo de industrialização. O capitalismo industrial na década de 1930 ocasionou
no aumento da exploração da força de trabalho com isso os níveis de desigualdades
sociais cresceram, dentro deste contexto, surgiu então a necessidade da construção
de um sistema de proteção social.

A partir daí foram criados os Institutos de Aposentadoria e Pensões


(IAPs), que passaram a coexistir com a Caixa de Aposentadoria e Pensões (CAPs).
Essas duas formas de organização compunham a previdência social, sendo os IAPs
representados pelo Estado e as CAPs pelo setor privado, esse período ficou
marcado pela criação do Ministério do Trabalho, pela crise econômica, pela
ascensão sindical e principalmente pela promulgação da Constituição Federal de
1934.

Segundo Pereira (2000) foi criado também nessa época, mais


precisamente, em 1938, o Conselho Nacional de Serviço Social, com o intuito de
normatizar e fiscalizar as ações da Assistência Social, principalmente as
desenvolvidas por institutos privados. No ano de 1940 institui-se o salário mínimo, foi
promulgada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aconteceu à reestruturação
do Ministério da Educação e Saúde, a criação do imposto sindical, o Serviços de
Alimentação da Previdência Social (SAPS), a nova legislação sobre os acidentes de
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trabalho, o Serviço Social da Indústria (SESI), e o Serviço Social do Comércio


(SESC).

Também foi criada a Legião Brasileira de Assistência Social (LBA)


em 1942 esta ficou sendo considerada a primeira instituição de abrangência
nacional de assistência social, a qual atendia às famílias dos combatentes da 2ª
Guerra Mundial. A sua criação reforçava a lógica de práticas assistencialistas e
clientelistas com isso, as ações de caráter emergencial e assistencial eram
realizadas pela LBA, que predominaram em boa parte da trajetória da assistência
social, como ato de vontade e não de direito de cidadania, tendo como objetivo:

Prestar, em todas as formas uteis, serviços de assistência social,


diretamente ou em colaboração com instituições especializadas, fica
reconhecida como órgão de cooperação com o Estado no tocante e tais
serviços, e de consulta no que concerne ao funcionamento de associações
congêneres. (Art.1°Decreto – Lei nº 4.830, de 15 de Outubro de 1942)

Nessa mesma década, já no governo Dutra foi promulgada a


Constituição Federal de 1946 e o Plano SALTE, que tinha como objetivo, estimular o
desenvolvimento de setores da saúde, alimentação, transporte e energia, em 1947
foi apresentada a Lei Orgânica da Previdência Social (Lops). Entretanto. Esta lei
somente foi aprovada em 1960 após emendas e reformulações. A política social, no
período de 1964 a 1985, passou por um momento em que foi reconhecida apenas
como decorrência do desenvolvimento econômico.

Em 1973, com a aprovação do Decreto nº 72.771, de 06 de


setembro, passam a ter direito a pensão por velhice os homens com 65 anos e as
mulheres com 60 anos completos. Em 1974, sob a Lei nº 6.179 de 11 de dezembro,
os idosos acima de 70 anos e os inválidos passam a receber um valor de meio
salário mínimo da previdência, porém seriam necessários alguns requisitos como:
não ser sustentado por oura pessoa, não exercer atividade remunerada e não ter
outro meio de sustento.

Com a Constituição Federal Brasileira de 1988 que por sua vez


define e implementa a seguridade social, na qual, a assistência social, a previdência
social e a saúde constituem o tripé que sustenta a política no país, com isso foi
construída uma proposta de Lei Orgânica e de Política de Assistência Social (LOAS)
16

em favor das pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social, tendo a


Constituição como marco legal para a redefinição da Assistência Social no Brasil.

Segundo o artigo 203 da Constituição Federal de 1988, a assistência


social tem por objetivos:

1- a proteção à família, à maternidade, à adolescência e a velhice;


2- o amparo às crianças e adolescentes carentes;
3- a promoção da integração ao mercado de trabalho;
4- a habitação e a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a
promoção de sua integração à vida comunitária;
5- a garantia de um salário mínino de benefício mensal à pessoa portadora
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à
própria manutenção ou de te la provida por sua família, conforme dispuser a
lei (art. 203 da Constituição Federal de 88)

Visando a ampliação e a democratização do acesso da população à


saúde, à previdência social, a Constituição estabelece em seu parágrafo único:

Compete ao poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade social


com base nos seguintes objetivos:

1- universalidade da cobertura e do atendimento;


2- uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações
urbanas e rurais;
3- seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
4- irredutibilidade do valor dos benefícios;
5- equidade na forma de participação no custeio;
6- diversidade da base de financiamento;
7- caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão
quadripartite com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados, (Constituição Federal de
88)

A partir desse parágrafo do texto constitucional é possível verificar


mudanças significativas na legislação que estabelece a seguridade social,
compreendida como um dos importantes avanços no sistema de proteção social
brasileiro.

Com a regulamentação da Política de Assistência Social, passou a


ser obrigatório a realização de Conferências Nacionais de Assistência Social na qual
os trabalhadores e interessados discutiam novos rumos para a Assistência Social, a
partir daí surge também a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e a Norma
Operacional Básica para o Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS) que
concretizam a nova dimensão da assistência social.
17

A partir daí a Assistência Social passou a conduzir as ações por


meio de serviços, programas e projetos, conforme a Resolução do Conselho
Nacional de Assistência Social (CNAS) 109/09, que é conhecida nacionalmente
como Tipificação dos Serviços Sócio Assistenciais, que define os níveis de
complexidade para as ações do SUAS que são : Proteção Social Básica e Proteção
Social Especial de Média e Alta Complexidade, com isso o Centro de Referência em
Assistência Social (CRAS) fica responsável pelas ações de proteção social básica e
ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) as ações de
proteção social especial.

O CRAS é uma unidade pública da assistência social, que acolhe


famílias e indivíduos, o principal papel do CRAS é desenvolver ações de proteção
social básica, com serviços sócio assistenciais, sócio-educativos e de convivência
voltados às famílias consideradas vulneráveis e prioritariamente às famílias
beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF), que também está inserido na PNAS,
com ações voltadas às famílias, através do serviço de proteção e atendimento
integral a família (PAIF), do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos e do
serviço de proteção social básica no domicílio para pessoas idosas e com algum tipo
de deficiência, lá também recebem informações sobre os benefícios sociais podendo
se inscrever no Cadastro Único para ter acesso aos programas sociais do governo.

O CREAS também é uma unidade pública da política social onde


são atendidas famílias e pessoas que se encontram em situação de risco social ou
tiveram seus direitos violados portanto compete a este órgão executar as ações de
proteção social especial de média e alta complexidade, através do serviço de
Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), podendo
ofertar outros serviços, como abordagem social, serviço para pessoas com algum
tipo de deficiência , idosos e suas famílias e o serviço de medidas sócio-educativas.

O PAEFI, é um serviço de apoio, orientação e acompanhamento às


famílias com um ou mais membros em situação de ameaça ou violação de direitos,
compreende a atenção e orientação direcionadas a promoção de direitos, a
preservação dos vínculos familiares, comunitários e sociais e o fortalecimento da
18

função protetiva das famílias diante do conjunto de condições que as deixam


vulneráveis ou as submetem a situações de risco pessoal e social.

CAPÍTULO II
A POLÍTICA NACIONAL E O ESTATUTO DO IDOSO

Mesmo com a inserção das questões do envelhecimento na


Constituição de 1988, somente em 1994 foi instituída a Política Nacional do Idoso
(PNI) pela Lei nº 8.842 de 4 de janeiro de 1994, cujo objetivo é assegurar os direitos
sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e
participação efetiva na sociedade, como é estabelecido em seu artigo 1º.

A Política Nacional do idoso tem em sua base em cinco princípios


estabelecidos no art. 3º apresentados da seguinte maneira:

I- a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso


todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade,
defendendo sua dignidade, bem estar e o direito a vida;
II- o processo de envelhecimento diz respeito a sociedade em geral,
devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos;
III- o idoso não deve sofrer descriminação de qualquer natureza;
IV- o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações
a serem efetivadas através desta política;
V- as diferenças econômicas, sociais, regionais e particularmente, as
contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas
pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta lei.

Os princípios expostos fazem com que a assistência social seja


percebida como política de direito, que assegure a proteção social, visando a
emancipação e participação do idoso na sociedade e não como mero expectador,
construindo assim, uma nova concepção do conceito social de idoso.

Ainda na Constituição Federal está assegurado conquistas aos


idosos determinadas no aparato jurídico no Capítulo VII:

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade.
19

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as


pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo
sua dignidade e bem estar e garantindo lhes o direito à vida.

§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados


preferencialmente em seus lares.

§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos


transportes coletivos urbanos.

Apesar dos avanços, a lei se mostra de forma contraditória, pois de


acordo com a Constituição Federal, o idoso é a pessoa com 65 anos ou mais, já na
Política Nacional do Idoso esse limite é de 60 anos, conforme é adotado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS). Já para o código penal a idade é de 70
anos. Uma das conquistas do direito das pessoas idosas destaca se o Benefício de
Prestação Continuada (BPC), sendo este um direito garantido que consiste no
pagamento de 01 (um) salário mínimo mensal a pessoas com 65 anos ou mais e a
pessoas portadoras de deficiência incapacitante para a vida independente e para o
trabalho.

Para que essas pessoas possam receber este benefício em ambos


os casos a renda per capita familiar deve ser inferior a ¼ do salário mínimo. O BPC
encontrou também amparo legal na lei nº 10.741 de 01 de outubro de 2003, onde foi
instituído o Estatuto do Idoso (EI). Este benefício é administrado pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), aquém compete sua gestão,
acompanhamento e avaliação. Já ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS),
compete a sua operacionalização, os recursos para o custeio do BPC provêm do
Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).

Com a Portaria 2528/06 do Ministério da Saúde (BRASIL. 2006) fica


estabelecido que a finalidade maior da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa
é recuperar, manter e promover a autonomeia e a independência dos indivíduos
idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em
consonância com os princípios e diretrizes do SUS.

Portanto:

Desde a publicação do texto da nova Política Nacional de Assistência Social


(PNAS), em 2004, e da Norma Operacional Básica (NOB/SUSA), em 2005,
percebe se um esforço continuado de organização da intervenção pública
20

para a efetivação do direito à assistência. Ambos os documentos são


marcos relevantes por definirem, à luz da Constituição Federal de 1988
(CF/88) e da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), os princípios e os
objetivos da política assistencial, bem como as diretrizes para sua
organização lançando as bases para a materialização do sistema único,
descentralizado e participativo previsto na LOAS – o SUS (IPEA, 2009).

A partir 1º de outubro de 2003, foi instituído o Estatuto do Idoso


através da lei de nº 10.741, sendo sancionada após sete anos de tramitação no
Congresso Nacional, sendo que seu propósito é assegurar os direitos assegurados
pelas políticas públicas voltadas ao idoso, neste estatuto constam 118 artigos que
tem como prioridade assegurar o atendimento das necessidades básicas e a
manutenção da autonomia como conquista dos direitos sociais, serviços de atenção
à saúde e assistência social, concessão de benefícios permanentes e eventuais,
programas educacionais para um envelhecimento saudável, em consonância com os
princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Nos seus 118 artigos, o Estatuto do Idoso assegura uma série de


direitos aos maiores de 60 anos. Os principais pontos do Estatuto são:

- atendimento preferencial, imediato e individualizado junto a órgãos públicos e


privados prestadores de serviços à população;

- fornecimento gratuito de medicamentos pelo Poder Público, especialmente os de


uso contínuo, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao
tratamento, habilitação ou reabilitação;

- proibição de discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores


diferenciados em razão da idade;

- criação de cursos especiais para idosos, com inclusão de conteúdo relativo às


técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua
integração à vida moderna;

- desconto de 50% em atividades culturais, de lazer e esporte;

- proibição de descriminação do idoso em qualquer trabalho ou emprego, por meio


de fixação de limite de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos
específicos devido à natureza do cargo;
21

- fixação da idade mais elevada como primeiro critério de desempate em concurso


público;

- estímulo à contratação de idosos por empresas privadas;

- reajuste dos benefícios da aposentadoria na mesma data do reajuste do salário


mínimo;

- concessão de um salário mínimo mensal para os idosos acima de 65 anos que não
possuam meios para prover sua subsistência nem de tê-la provida por sua família;

- descontos de 50% em atividade culturais, de lazer e esporte;

- proibição de descriminação do idoso em qualquer trabalho ou emprego, por meio


de fixação de limite de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos
específicos devido à natureza do cargo;

- prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, em programas


habitacionais públicos ou subsidiados com recursos públicos;

- gratuidade nos transportes coletivos públicos aos maiores de 65 anos, com reserva
de 10% dos assentos para os idosos

- reserva de duas vagas no sistema de transporte coletivo interestadual para idosos


com renda mensal de até dois salários mínimos, com desconto de 50% no mínimo,
no valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas;

- reserva de 5% das vagas nos estacionamentos públicos e privados.

O Estatuto prevê ainda punição para quem:

- discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações


bancárias ou aos meios de transporte, por motivo de idade;

- deixar de prestar assistência ao idoso, ou recusar, retardar ou dificultar que outros


o façam;

- abandonar idosos em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência


ou congêneres;
22

- expor em perigo a integridade e a saúde física ou psíquica, do idoso, submetendo-


o a condições desumanas ou degradantes, privando-o de alimentos e cuidados
indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo e
inadequado;

- apropriar-se ou desviar bens, proventos, pensões ou qualquer outro tipo de


rendimento do idoso;

- induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para
fins de administração de bens ou deles dispor livremente;

- coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração.


(Fonte, Agência Senado).

Podemos perceber que embora a legislação brasileira em relação


aos cuidados para com a pessoa idosa esteja avançada, a sua prática ainda é
insatisfatória e insuficiente tornando assim o sistema público ineficaz no exercício
das suas funções.

CAPÍTULO III

A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO NOS DIAS ATUAIS

Mas afinal o que é violência; o termo deriva do latim violentia, ou


seja, força ou vigor contra qualquer coisa ou ente. Dessa forma, violência é o uso da
força que resulta ferimentos, tortura ou morte, ou o uso de palavras ou ações que
machucam as pessoas ou, ainda, abuso de poder.

No Estatuto do Idoso no capítulo IV, artigo 19 parágrafo 1, sua


definição é: “Violência contra o idoso é qualquer ação ou omissão praticado em local
público ou privado que lhes cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu durante a


Convenção sobre Violência e Saúde na cidade de Genebra em 2002, a violência
contra o idoso como:

“O abuso pode ser de natureza física ou pode envolver maus tratos de


ordem financeira ou material. Qualquer que seja o tipo de abuso,
23

certamente resultará em sofrimento desnecessário, lesão ou dor, perda ou


violação dos direitos humanos e uma redução na qualidade de vida do
idoso” (OMS, 2002, p. 5).

Quando falamos de violência contra idosos rapidamente pensamos


em um ser humano indefeso e frágil, talvez acamado ou caderante que na maioria
das vezes e agredido fisicamente ou psicologicamente e normalmente por pessoas
do convívio familiar, as mesmas que deveriam estar zelando, cuidando do seu bem
estar, ou talvez, por cuidadores sem nenhum preparo.

Vale ressaltar que o idoso está sujeito sofrer várias formas de


violência e esses atos violentos denominam se em tipos distintos. Segundo Faleiros
(2005) nesse sentido, a violência contra a pessoa idosa pode assumir várias formas
e correr em diferentes situações, é possível dimensioná-la em toda a sua
abrangência:

A- Violência sociopolítica: refere-se principalmente às relações sociais mais gerais


que envolvem grupos e pessoas consideradas delinqüentes comuns e as estruturas
econômicas e políticas da desigualdade nas relações de exclusão, exploração,
periferização de conglomerados humanos significativos. Dessa violência os idosos e
as idosas falam, denunciam, tratando-se de uma “violência falada” nos debates, nas
denúncias comuns nas Delegacias de Polícia. Essa violência atinge idosos e não
idosos, mas tem sua especificidade ao se aproveitar de situações de fragilização ou
vulnerabilidade das pessoas idosas para a prática de furtos, assaltos, roubos,
discriminação aos transportes, discriminação no transporte, descriminação social.

B- Violência institucional: refere-se a um tipo de relação nos abrigos e instituições


de serviços, privadas ou públicas, nos quais se negam ou atrasa o acesso, não se
leva em conta a prioridade legal, não se ouve com paciência, devolve-se para casa,
humilha-se por incontinência ou alguma perda, infantiliza-se o idoso, hostiliza-se a
pessoa idosa, não se ouve sua palavra e não se respeita sua autonomia.

C- Violência intrafamiliar: é a “violência calada”, sofrida em silêncio muitas vezes,


praticadas por filho, filhas, cônjuges, netos, netas, irmãos, irmãs ou parentes e
vizinhos próximos, conhecidos da vítima (FALEIROS, 2005, p.43).
24

Os maus tratos contra os idosos também são determinados de


acordo com a situação a eles impostas, como:

Violência Física

A violência doméstica, quando é manifestada de forma física, geralmente é utilizada


para sujeitar os idosos a realizarem algo que não desejam, causar por diversos
motivos ferimentos e lesões que podem gerar a morte, devido à fragilidade física
que, comumente, fazem parte de suas estruturas corpóreas.

Violência Psicológica

As ações de restrição da liberdade de locomoção, convívio social ou simplesmente a


negação aos seus hábitos de lazer e diversão são considerados como um ataque à
saúde mental da pessoa idosa e, conseqüentemente, como uma forma de violência
psicológica, Muitas vezes, as pessoas agem desta forma contra os idosos devido às
“dificuldades” (falta de tempo, dinheiro, paciência) em acompanhá-los nestes
eventos.

Abuso Financeiro ou Material

É uma das coisas mais praticadas pelos membros da família, devido aos problemas
de locomoção ou de incapacidades psíquicas de controlarem os seus rendimentos e
patrimônio. Os idosos passam a ter as suas economias e benefícios previdenciários
apropriados por outros, constituindo em uma exploração ilegal e indevida.

Abuso sexual

A violência sexual, praticada contra os idosos pode ser caráter hétero (sexo oposto)
ou homo (mesmo sexo) e incluem a relação sexual ou práticas eróticas por meio de
aliciamento, violência física ou ameaças sem o consentimento do idoso.

Negligência

É a omissão ou a negação em fornecer assistência básica que os idosos necessitam


em sua vida, por parte dos seus responsáveis (Família ou Instituição), Este ato é
mais comumente praticado ao idoso que se encontra em situação de dependência
do outro, possui limitações ou incapacidades físicas, psíquicas ou emocionais.
25

Abandono

Este tipo de violência está se tornando muito comum nos dias de hoje, o acúmulo de
funções e atribuições da vida social e profissional que os familiares do idoso, em sua
vida ativa e produtiva se encontram e a principal “desculpa” para que as pessoas se
ausentem dos idosos.

Os agressores também tratam os idosos de forma hostil por não


entenderem ou não terem paciência em ouvir o que os idosos querem dizer, muitas
vezes os idosos contam histórias repetidas ou “inventam” algo, o que é produzido
por sua mente confusa.

Diante do exposto é importante que seja feita uma reflexão acerca


do tema, pois os mecanismos de defesa deixam uma lacuna entre o direito formal e
o direito real o qual deve ser preenchida, pois essa incumbência cabe à família, a
sociedade e ao Estado, no processo de monitoramento e de articulação da rede de
proteção ao idoso com a universalização das políticas públicas.

CAPÍTULO IV
SERVIÇO SOCIAL E O ACOLHIMENTO AO IDOSO

O profissional do Serviço social deve sempre estar a serviço de uma


sociedade e da humanidade, mas a escolha dessa profissão é individual, pois a
mesma congrega emoção e razão, assim cabe ao profissional buscar propostas de
trabalho a partir das demandas do cotidiano. Isso exige que o mesmo esteja sempre
atento e em busca de qualificação para atender as demandas no cumprimento de
atividades predeterminadas.

A profissão é regulamentada desde 1993, pelo Conselho Federal de


Serviço Social e os Conselhos regionais pela Lei de Regulamentação da Profissão
nº 8.662/1993, por meio da Resolução nº 218 de 06/03/1997. Do Conselho Nacional
de Saúde (CNCS) colocou entre as categorias de profissionais de nível superior que
são considerados como profissionais de saúde, o assistente social, bem como
através da CFESS nº 383 de 29/03/1999, que o caracteriza como profissional de
saúde.
26

Entidades representativas da profissão, tanto na esfera da formação


como da fiscalização do exercício profissional (CFESS - Conselho Federal de
Serviço Social; Conselhos Regionais de Serviço Social; Abeps - Associação
Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social; ENESSO - Executiva Nacional
dos Estudantes de Serviço Social) incorporam a concepção de que tanto a formação
quanto o exercício profissional devem estar intimamente sintonizados com o tempo
presente e com as exigências que este nos faz.

Com base nisso, as diretrizes curriculares de 1996 assim definem e


orientam o perfil do profissional que se quer formar:

Um profissional que atua nas manifestações da questão social (entendida


como um conjunto de expressões de desigualdade social cujas raízes estão
na produção socializada e na apropriação privada de seus frutos),
formulando e implementando propostas para seu enfrentamento por meio
de políticas sociais públicas, empresariais, de organizações da sociedade
civil e movimentos sociais, na perspectiva de sua ampliação e garantia
como direitos sociais e não como mercadorias. Um profissional dotado de
formação intelectual e cultural generalista crítica, competente em sua área
de desempenho, com capacidade de inserção criativa e propositiva no
conjunto das relações sociais e no mercado de trabalho. Um profissional
comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de Ética
do Assistente Social (FERREIRA, 2000, p.92).

A formação profissional, portanto, deve viabilizar, dentre outros


elementos constitutivos da prática profissional, a apreensão crítica dos processos
sociais, numa perspectiva de totalidade; fortalecer os valores e princípios
legitimados no Código de Ética profissional; instigar a análise do movimento histórico
da sociedade brasileira, apreendendo as particularidades do capitalismo e situando
o Serviço Social nessas relações sociais; garante a compreensão do significado
social da profissão e de seu desenvolvimento histórico; possibilitando a identificação
das demandas presentes na sociedade e consolidar o entendimento da prática
profissional como trabalho socialmente determinado. Nesse sentido, a competência
profissional implica uma formação acadêmica qualificada que viabilize a análise
concreta da realidade social imprescindível ao desenvolvimento de procedimentos
adequados. Para isso, a auto-formação permanente e o exercício de uma postura
investigativa revelam-se fundamentais.
27

Além do Código de Ética e das diretrizes curriculares para o curso


de Serviço Social, o projeto possui ainda a Lei de Regulamentação da Profissão (Lei
8662/93) como diretriz norteadora; apresentando também uma dimensão político-
organizativa, assentada nos fóruns de deliberações quanto às entidades
representativas da profissão, como o conjunto CFESS/CRESS, a ABEPSS
(Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social), e, no âmbito
estudantil, a ENESSO (Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social).

No que se refere à capacitação ética profissional, são destaque duas


iniciativas tomadas por essas entidades: o Programa de Capacitação Continuada
para Assistentes Sociais, com início em 1999, promovido pela ABEPSS/CFESS, em
convênio com a UNB/CEAD, com três modalidades de curso à distância: extensão,
aperfeiçoamento e especialização; contemplando em seu conteúdo programático
abordagens éticas articuladas ao projeto ético-político profissional, e o Curso de
Capacitação para Agentes Multiplicadores; parte do Projeto Ética em Movimento,
iniciado em 2000 pelo Conselho Federal de Serviço Social – CFESS, organizado
para capacitar assistentes sociais de todo o país, com vistas a servirem de
multiplicadores em suas regiões de origem. O objetivo é reafirmar a inserção da
ética no projeto profissional coletivo, buscando materializá-la, para além de sua
expressão normativa no cotidiano profissional, possibilitando o entendimento do
Código de Ética como instrumental crítico, filosófico e político que norteia a prática
do assistente social. De modo geral, do ponto de vista profissional o projeto implica o
compromisso com a competência, que tem como base o aprimoramento intelectual
do assistente social.

Diante do exposto pode se afirmar que o maior compromisso do


Serviço Social é a busca pela cidadania com a defesa dos direitos sociais dos
indivíduos, possibilitando assim uma intervenção adequada para as partes,
objetivando as orientações do Código de Ética Profissional, tratando os usuários
com profissionalismo e fazendo os encaminhamentos necessários para o melhor
atendimento, onde será capaz de objetivar as demandas em soluções imediatas e
concretas e/ou paliativas, dependendo da situação que lhe chega.

Um desses indivíduos é o idoso vítima de violência, que mesmo


amparado por leis tem seus direitos violados nos dias atuais.
28

Além disso, é importante fazer com que o idoso se reconheça como


uma pessoa que tem direitos, independente da sua idade ou situação produtiva em
relação à lógica do mercado.

Para Pereira (2007), são muitas as frentes que dizem respeito ao


profissional de Serviço Social na atuação com o idoso, entre elas destaca-se o
progressivo aumento da população que fez com que os interesses pelos assuntos
gerontológicos tornem-se relevantes; o surgimento de novas necessidades que
proporcionaram que o assunto tomasse uma dimensão maior, deixando de ser
apenas biológico, como também evidenciando questões de caráter psicológico,
econômico, social e de cidadania das pessoas idosas; e o reconhecimento de uma
revisão das respostas a essas novas necessidades.

Os atendimentos que o profissional irá realizar será um estudo de


caso de cada usuário para analisar quais seriam os encaminhamentos adequados
para esse indivíduo fazendo assim que os serviços cheguem ao usuário que dele
necessita. Esse tipo de ação realizada pelo assistente social tem o objetivo de
garantir efetivamente os direitos sociais dos idosos, principalmente daqueles que
estão em condições de vulnerabilidade social, entre eles, os que são vítimas de
violência.

Para realizar ações sócio-educativas e assistenciais faz-se


necessário à investigação, que deve ser um dos recursos utilizados pelo assistente
social para concretizar e fundamentar sua atuação em todas as áreas das quais o
serviço social abrange.

Ter consciência desse desafio faz do assistente social um


profissional apto a intervir nas questões sociais, bem como nas relações dos
usuários com os serviços de saúde. O assistente social tem como objetivo cruzar o
caráter emergencial e burocrático, direcionando suas ações rumo à mobilização e
participação dos cidadãos na garantia de direitos á saúde.

Através da procura espontânea ocorre o atendimento aos usuários


que procuram o serviço social para buscar soluções e apoio em suas necessidades
que passam de dificuldade econômica, violência a reclamações por conta da má
qualidade dos serviços.
29

O desafio do serviço social, diante da questão do idoso, que vive


momentos de exclusão social e violência, é manter o diálogo entre as diferentes
faixas etárias a fim de despertar a sensibilidade por todas as pessoas que sofrem
diversas formas de descriminação, além de potencializar a pessoa idosa a acreditar
em si, como pessoa de direitos, isso os leva a redescobrir sua verdadeira identidade
assumindo se como pessoa imprescindível a sociedade.

A proteção social especial é a modalidade de média complexidade


que trata da alta vulnerabilidade e risco pessoal e social, que são decorrentes do
abandono, privação, perda de vínculos, exploração, violência e etc. Portanto o
Serviço de Atendimento Especializado à Famílias e Indivíduos realiza um trabalho
de atendimento qualificado através da: acolhida; escuta; estudo social; diagnóstico
socioeconômico; monitoramento e avaliação do serviço; orientação e
encaminhamentos para a rede de serviços locais; construção do plano individual
e/ou familiar de atendimento; orientação sócio familiar; atendimento psicossocial;
orientação jurídico-social; referência e contra referência; informação, comunicação e
defesa de direitos; apoio à família na sua função protetiva; acesso à documentação
pessoal; mobilização, identificação da família extensa ou ampliada; articulação da
rede de serviços sócio assistenciais; articulação com os serviços de outras políticas
públicas setoriais; articulação interinstitucional com os demais órgãos do Sistema de
Garantia de Direitos; mobilização para o exercício da cidadania; trabalho
interdisciplinar; elaboração de relatórios e/ou prontuários; estímulo ao convívio
familiar, grupal e social; mobilização e fortalecimento do convívio e de redes sociais
de apoio.

Portanto é necessário criar programas educacionais e campanhas


de prevenção para que o público em geral possa identificar os possíveis sinais de
abuso e denunciar as situações encontradas, faz se necessário também treinar
constantemente os profissionais da saúde e da área social com responsabilidades
na proteção dos idosos, para que possam ser feitos encaminhamentos que
efetivamente contribuam para o idoso romper com a situação de violência e
insegurança deve se também considerar que no atendimento chegam casos de
pouca e alta gravidade e, muitas vezes, a vida do idoso depende desse
atendimento.
30

CAPÍTULO V

DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE A POPULAÇÃO IDOSA NO BRASIL

Os dados estatísticos que seguem foram retirados da fonte do IBGE


e são relatos fidedignos.

Em 2012, a população com mais de 60 anos ou mais era de 25,47


milhões. Os 4,8milhões de novos idosos em cinco anos correspondem a um
crescimento de 18% desse grupo etário, que tem se tornado cada vez mais
representativo no Brasil. As mulheres são maioria expressiva nesse grupo, com 16,9
milhões (56% dos idosos), enquanto os homens idosos são 13,3 milhões (44% do
grupo).

Não só no Brasil, mas no mundo todo vem se observando essa


tendência de envelhecimento da população nos últimos anos. Ela decorre tanto do
aumento da expectativa de vida pela melhoria nas condições de saúde quanto pela
questão da taxa de fecundidade, pois o número médio de filhos por mulher vem
caindo. Esse é um fenômeno mundial, não só no Brasil.
31

Entre 2012 e 2017, a quantidade de idosos cresceu em todas as


unidades da federação, outra transição confirmada pelas projeções é da estrutura
etária, com a mudança de uma pirâmide populacional de base larga (rejuvenescida)
para uma pirâmide de base estreita e de topo ampliado (envelhecida) . O
envelhecimento populacional é a transformação da estrutura etária que acontece em
decorrência do aumento da proporção de idosos no conjunto da população e
conseqüentemente da proporção de jovens.

Uma maneira de medir o envelhecimento populacional é por meio do


Índice de Envelhecimento (IE), que é a razão entre o número de pessoas idosos
sobre os jovens (crianças e adolescentes). Trata-se de uma razão entre
componentes externos da pirâmide etária. O IE pode ser medido pelo número de
pessoas de 60 anos ou mais para cada 100 pessoas menores de 15 anos de idade.
Uma população é considerada idosa quando o topo da pirâmide é maior do que sua
base, ou seja, quando o Índice de Envelhecimento é igual ou superior a 100.

Os gráficos de ambas as projeções não deixam dúvidas quanto a


diminuição da população jovem (0 a 14 anos) e do aumento da população idosa (60
anos e mais) ao longo do século XXI, O Brasil a partir da década de 2030 será um
país com uma estrutura etária idosa.
32

De acordo com os dados apresentados podemos ver claramente o


aumento gradativo da população idosa, por isso se faz mais que necessário que o
Estado invista mais nas Políticas de Assistência social para dar uma melhor
qualidade de vida para a população idosa.
33

CONCLUSÃO

Com o aumento da perspectiva de vida da população idosa, o


processo de envelhecimento tem a necessidade de um olhar mais aprofundado nas
questões do amparo, proteção e cuidados para com esse segmento da população
que cresce a cada dia vale reforçar também a necessidade de mais investimentos
em políticas públicas.

Os maus tratos para com os idosos, abusos e negligência são uma


constante, as pessoas que deveriam proteger são as mesmas que o agridem ou
seja: familiares, vizinhos, amigos, acompanhantes entre outros. A violência praticada
contra o idoso em seu domicílio é uma realidade, sendo pouco considerada pela
sociedade em geral. Não basta ter uma política de saúde e prevenção à violência se
ela ainda não está totalmente implantada na sua totalidade.

Somente com a união dos organismos responsáveis em Sistema de


rede trabalhando junto às famílias, através de orientações, acompanhamento e
monitoramento poderemos garantir às pessoas idosas melhores condições de vida
esclarecendo seus direitos, com uma atuação eficaz e a participação efetiva dos
atores da Rede Municipal de Saúde, Assistência Social, Segurança Básica e
Especial iremos garantir a melhoria da qualidade de vida e garantir os direitos das
pessoas idosas.

A participação do Assistente Social é de grande importância pois


através dele que será identificado não apenas seus limites, mas principalmente suas
possibilidades buscando juntos uma sociedade que coloque o bem estar de todos
acima dos interesses econômicos proporcionando assim uma vida digna, da infância
até o envelhecer.

Finalizando este estudo é importante registrar que não é o objetivo


desse texto esgotar o assunto, mas apenas refletir sobre os problemas por ele
abordado sendo um deles as Políticas Públicas, e para que as mudanças
significativas se efetivem será imprescindível a participação da sociedade.
34

REFERÊNCIAS

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Saúde, 2006. (Cadernos de Atenção Básica, n. 19) (Série A. Normas e Manuais
Técnicos).

__________. Estatuto do Idoso, Lei Nº 10.741, de 1º de outubro de 2003.

__________. Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei Nº 8.742 de 07 de


Dezembro de 1993.

__________.Norma Operacional Básica. Brasília: MDS, 2004.

__________. Política Nacional de Assistência Social – PNAS, Brasília: MDS

__________. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Ministério de Estado


da Saúde. Portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006.

__________. Política Nacional de Atenção Básica. Ministério da Saúde. Brasília,


2012.
____________. Violência e Saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília: Gráfica do Senado, 2014.

BRASIL. Estatuto do Idoso: Lei nº 10741 de 2003,Brasilia, DF, 2003

BRASIL. Lei n° 10.741, de 1 de outubro de 2003. Estatuto do Idoso, Ministério da saúde,


Brasília, 2003.

. CARVALHO, Maria Clotilde Barbosa Nunes Maia de. O diálogo intergeracional


entre idosos e crianças: Projeto “Era uma vez... atividades intergeracionais”.
Dissertação (Mestrado em Serviço Social). Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro- PUCRIO. Rio de Janeiro, Julho de 2007.

Código de ética profissional dos assistentes sociais – aprovado em 15 de março de


1993 – com as alterações introduzidas pelas resoluções cfess n 290/94 e 293/94

GOMES, Mônica Araújo; PEREIRA, Maria Lúcia Duarte. Família em situação de


vulnerabilidade social: uma questão de políticas públicas. 2004. Disponível em:
www.scielo.br/pdf/csc/v10n2/a13v10n2.pdf. Acesso em: 01/2019

IBGE. Estudos e Análises. Informação Demográfica e Socioeconômica, número 3.


Mudança Demográfica no Brasil no Início do Século XXI: Subsídios para as
projeções da população. Rio de Janeiro, 2015. ISBN 978-85-240-4344-4.

Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade /


organizadora Anita Liberalesso Neri. – São Paulo: Editora Fundação Perseu
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Manual de Orientação Básica, LOAS, PNAS/2004, normas operativa


básicas-NOB/SUAS. Brasília: Gráfica do Senado, 2005
35

MINISTÉRIO do DESENVOLVIMENTO SOCIAL e COMBATE à FOME.


SECRETARIA NACIONAL de ASSISTÊNCIA SOCIAL. Política Nacional de
Assistência Social – PNAS/2004. Norma Operacional Básica – NOB/SUAS.
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SILVA, M. J. (2001). Autonomia e Saúde Mental. O desafio para uma velhice bem
sucedida. Tese de doutorado em Enfermagem. Programa de Pós-graduação em
Enfermagem. Departamento de Enfermagem/ UFC. Fortaleza, 287 pp.

TEIXEIRA, Solange Maria. Envelhecimento e trabalho no tempo de capital:


implicações para a proteção social no Brasil – São Paulo: Cortez, 2008.

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