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UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR

__________________________________________________________________________________

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO


CURSO: BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL

MARIA DE LOURDES DA SILVA

PRÉ PROJETO DE TCC

___________________________________________________________________

Maceió-AL
2023
MARIA DE LOURDES DA SILVA

A INTERDISCIPLINARIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE


SOCIAL EM EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Trabalho apresentado ao Curso Bacharelado


em Serviço Social – Universidade UNOPAR,
para a disciplina Trabalho de Conclusão de
Curso I.

Maceió-AL
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 4
2. DELIMITAÇÃO E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 5
3. OBJETIVOS 7
3.1 Objetivo Geral 7
3.2 Objetivos Específicos 7
4. JUSTIFICATIVA 8
5. METODOLOGIA 9
6. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 10
7. CRONOGRAMA DA PESQUISA 11
8. ORÇAMENTO 12
9. RESULTADOS ESPERADOS 13
REFERENCIA BIBLIOGRAFICA 14
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1. INTRODUÇÃO

No contexto do curso de Serviço Social, a interdisciplinaridade se apresenta


como um elemento fundamental para fortalecer o trabalho do assistente social em
equipes de Saúde da Família. Este trabalho de conclusão tem como objetivo
investigar a importância e os desafios da interdisciplinaridade no exercício
profissional do assistente social, destacando sua atuação nas equipes de Saúde da
Família.
A escolha deste tema se baseia na compreensão de que a atuação do
assistente social nas equipes de Saúde da Família exige uma abordagem
interdisciplinar, considerando a complexidade dos problemas sociais e de saúde
enfrentados pelas famílias atendidas. O assistente social desempenha um papel
central na articulação entre as diferentes áreas de conhecimento e atuação
profissional, buscando a integração de saberes e práticas para a promoção do
bem-estar e da qualidade de vida das famílias assistidas.
A interdisciplinaridade surge como uma estratégia para superar as limitações
das abordagens fragmentadas e setorizadas, buscando a construção de uma visão
mais abrangente e integrada da realidade. Por meio da interdisciplinaridade, o
assistente social pode estabelecer diálogos e parcerias com profissionais de outras
áreas, como médicos, enfermeiros, psicólogos e educadores, visando uma
intervenção mais efetiva e abrangente nos contextos familiares.
Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar os desafios enfrentados
pelo assistente social ao promover a interdisciplinaridade nas equipes de Saúde da
Família, identificando as barreiras e obstáculos que podem surgir nesse processo.
Pretende-se também explorar as estratégias e práticas que têm sido adotadas para
fortalecer a interdisciplinaridade, evidenciando suas potencialidades e contribuições
para a efetividade das ações desenvolvidas.
A relevância desta pesquisa está na compreensão de que a
interdisciplinaridade é um elemento-chave para o trabalho do assistente social,
possibilitando uma abordagem mais integral e contextualizada das demandas
sociais e de saúde. Compreender os desafios e as estratégias para promover a
interdisciplinaridade nas equipes de Saúde da Família contribuirá para o
aprimoramento da prática profissional, fortalecendo a atuação do assistente social
na promoção da saúde e do bem-estar das famílias assistidas.
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Ao final desta pesquisa, espera-se fornecer subsídios teóricos e práticos


para profissionais e estudantes de Serviço Social, contribuindo para a reflexão e
aprimoramento do trabalho interdisciplinar nas equipes de Saúde da Família. Além
disso, acredita-se que os resultados desta pesquisa possam subsidiar a formulação
de políticas públicas e diretrizes que fortaleçam a interdisciplinaridade e valorizem a
atuação do assistente social nesse contexto.
É importante ressaltar que este trabalho de conclusão respeita os limites da
pesquisa e se destina a fornecer uma análise aprofundada sobre a
interdisciplinaridade no trabalho do assistente social em equipes de Saúde da
Família, visando contribuir para a formação e o desenvolvimento profissional no
campo do
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2. DELIMITAÇÃO E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

A atuação do assistente social no contexto da Saúde da Família é pautada


pelo princípio da integralidade e busca promover a equidade e o acesso universal
aos serviços de saúde. O assistente social desempenha um papel fundamental na
equipe multidisciplinar, contribuindo para a compreensão das demandas sociais e
suas inter-relações com o processo saúde-doença.
A atividade do assistente social na Saúde da Família envolve diversas ações
e responsabilidades, que podem variar de acordo com as especificidades de cada
equipe e território. Algumas das principais atividades realizadas pelo assistente
social são:
1. Avaliação socioeconômica: Realização de entrevistas e visitas domiciliares
para identificar as condições de vida e as necessidades sociais das famílias
atendidas. Isso envolve a análise de questões como moradia, trabalho, renda,
acesso a serviços e programas sociais, entre outros aspectos relevantes.
2. Acolhimento e escuta qualificada: O assistente social atua como facilitador
do diálogo entre a equipe de saúde e a comunidade, promovendo espaços de
acolhimento e escuta das demandas e necessidades dos usuários do serviço. Isso
contribui para a compreensão das situações de vulnerabilidade e para o
fortalecimento dos vínculos entre a equipe e a população.
3. Mediação de conflitos e negociação: O assistente social atua como
mediador em situações de conflito, buscando encontrar soluções e
encaminhamentos adequados para as demandas apresentadas. Isso pode envolver
a articulação com outros serviços e recursos da comunidade, visando garantir o
acesso a direitos e a promoção do bem-estar dos usuários.
4. Orientação e encaminhamento: O assistente social fornece orientações e
informações sobre direitos sociais, programas de assistência e recursos disponíveis
na comunidade. Além disso, ele pode encaminhar os usuários para serviços
especializados quando necessário, como assistência jurídica, apoio psicossocial,
programas de transferência de renda, entre outros.
5. Participação em reuniões e articulação intersetorial: O assistente social
participa de reuniões e espaços de discussão com a equipe multidisciplinar,
contribuindo para a integração das ações e para a articulação com outros setores,
como assistência social, educação, habitação, entre outros. Isso possibilita a
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construção de redes de apoio e ações intersetoriais para enfrentar as demandas


complexas da população.
É importante ressaltar que a atuação do assistente social na Saúde da
Família está fundamentada nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), como
a integralidade, a participação social, a equidade e a universalidade. O trabalho
interdisciplinar é essencial nesse contexto, pois permite a troca de saberes e a
articulação de ações para o atendimento integral das necessidades das famílias e
comunidades assistidas.
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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Investigar a importância e os desafios da interdisciplinaridade no trabalho do


assistente social em equipes de Saúde da Família, visando compreender sua
contribuição para a promoção da saúde e do bem-estar das famílias atendidas.

3.2 Objetivos Específicos

I. Analisar os fundamentos teóricos da interdisciplinaridade e sua relação com o


trabalho do assistente social nas equipes de Saúde da Família.
II. Identificar os desafios enfrentados pelo assistente social ao promover a
interdisciplinaridade nas equipes de Saúde da Família.
III. Explorar as estratégias e práticas utilizadas para fortalecer a
interdisciplinaridade no contexto do trabalho do assistente social.
IV. Avaliar o impacto da interdisciplinaridade na efetividade das ações
desenvolvidas pelas equipes de Saúde da Família.
V. Propor recomendações e diretrizes para fortalecer a interdisciplinaridade no
trabalho do assistente social, visando aprimorar sua atuação nas equipes de
Saúde da Família.
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4. JUSTIFICATIVA

A escolha do tema "A Interdisciplinaridade no Trabalho do Assistente Social


em Equipes de Saúde da Família" se justifica pela relevância e atualidade da
temática no contexto do curso de Serviço Social. Essa escolha está em
conformidade com o fazer profissional do assistente social, uma vez que a
interdisciplinaridade se apresenta como um elemento fundamental para o exercício
competente e efetivo da profissão nas equipes de Saúde da Família

Em relação ao "porquê" da escolha deste tema, destaca-se a necessidade de


compreender e analisar os desafios e potencialidades da interdisciplinaridade no
trabalho do assistente social. A interdisciplinaridade possibilita a integração de
diferentes saberes e práticas, promovendo uma abordagem mais ampla e integral
das demandas sociais e de saúde das famílias atendidas. Portanto, investigar e
compreender as bases teóricas e práticas da interdisciplinaridade é fundamental
para o aprimoramento da atuação do assistente social.

Em relação ao "para quê" da pesquisa, o objetivo é contribuir para a reflexão


e o aprimoramento do trabalho interdisciplinar nas equipes de Saúde da Família.
Através da análise dos desafios, das estratégias e do impacto da
interdisciplinaridade, espera-se fornecer subsídios teóricos e práticos para
profissionais e estudantes de Serviço Social. Dessa forma, o trabalho poderá auxiliar
na formação e no desenvolvimento profissional, além de subsidiar a formulação de
políticas públicas e diretrizes que valorizem a interdisciplinaridade no contexto do
trabalho do assistente social.

Em relação ao "para quem" se destina esta pesquisa, os resultados e as


conclusões obtidas serão relevantes para assistentes sociais que atuam ou
pretendem atuar em equipes de Saúde da Família. Além disso, profissionais de
outras áreas, como médicos, enfermeiros, psicólogos e educadores, também
poderão se beneficiar das reflexões e recomendações propostas neste estudo, uma
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vez que a interdisciplinaridade exige a colaboração e o diálogo entre diferentes


profissionais. Portanto, esta pesquisa tem como público-alvo profissionais,
estudantes e pesquisadores interessados na temática da interdisciplinaridade e em
suas implicações no trabalho do assistente social em equipes de Saúde da Família.

Em resumo, a escolha deste tema se justifica pela necessidade de


compreender e fortalecer a interdisciplinaridade no trabalho do assistente social,
visando aprimorar sua atuação nas equipes de Saúde da Família. A pesquisa se
propõe a contribuir teoricamente e praticamente para o campo do Serviço Social,
fornecendo subsídios para a formação profissional, o desenvolvimento de práticas
interdisciplinares e a formulação de políticas públicas pertinentes.

5. METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos propostos neste trabalho, será adotada uma


abordagem metodológica de pesquisa bibliográfica. Esse tipo de pesquisa é
caracterizado pela análise e interpretação de obras, artigos científicos, teses,
dissertações e outros materiais escritos, relevantes para a compreensão do tema em
questão.
A pesquisa bibliográfica permite a busca e análise de conhecimentos
produzidos por outros autores, contribuindo para embasar teoricamente o estudo e
fornecer subsídios para a reflexão e análise crítica do tema. Dessa forma, o método
bibliográfico é adequado para investigar a importância e os desafios da
interdisciplinaridade no trabalho do assistente social em equipes de Saúde da
Família, pois permite a identificação de conceitos, abordagens teóricas, experiências
e perspectivas relacionadas ao tema.
Para a construção desta pesquisa bibliográfica, será realizado um
levantamento e seleção criteriosa de obras, artigos científicos e outras fontes
relevantes que abordem a interdisciplinaridade, o trabalho do assistente social nas
equipes de Saúde da Família e a integração entre as diferentes áreas de
conhecimento. Serão utilizadas bases de dados acadêmicas, como Scopus, JSTOR
e Google Scholar, além de bibliotecas virtuais e acervos de periódicos científicos.
Entre os autores que serão consultados para embasar teoricamente este
trabalho estão Minayo, Pedro Demo e outros estudiosos renomados na área de
11

Serviço Social e interdisciplinaridade. As obras desses autores fornecem bases


conceituais sólidas e reflexões críticas sobre a temática em questão, contribuindo
para a compreensão dos desafios e potencialidades da interdisciplinaridade no
trabalho do assistente social em equipes de Saúde da Família.
A partir da análise crítica e da síntese das informações obtidas na pesquisa
bibliográfica, serão elaborados os resultados e as discussões do trabalho,
relacionando os achados teóricos com os objetivos propostos. É importante ressaltar
que, apesar de ser uma pesquisa bibliográfica, serão adotadas práticas de leitura
analítica, síntese e interpretação dos conteúdos, a fim de proporcionar uma
contribuição original e reflexiva sobre a temática proposta.
Com base na metodologia bibliográfica adotada, espera-se alcançar uma
compreensão aprofundada da interdisciplinaridade no trabalho do assistente social
em equipes de Saúde da Família, contribuindo para o desenvolvimento teórico e
prático da área e fornecendo subsídios para a formação profissional e a prática
interdisciplinar.
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6. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A implementação desse modelo, que se baseia principalmente em


abordagens coletivas, requer uma abordagem interdisciplinar consciente para
alcançar os objetivos de atenção integral à saúde das pessoas. Isso envolve a
reflexão e o esforço coletivo das equipes envolvidas, a fim de superar a
fragmentação do conhecimento causada pelas especializações disciplinares do
século XX, o que dificulta a compreensão do fenômeno em sua complexidade
(Morin, 2011a).
As equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) são compostas por
profissionais de diferentes especialidades e suas funções são regulamentadas pelo
Ministério da Saúde. Essas equipes trabalham de forma integrada para construir um
novo modelo de saúde, que evoluiu para a Estratégia Saúde da Família (ESF) em
1998.
O trabalho do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) também
desempenha um papel importante nesse contexto. O NASF atua de forma integrada
com as equipes da ESF, revisando práticas de encaminhamento e promovendo o
compartilhamento de casos e o acompanhamento longitudinal dos pacientes. Isso
fortalece os princípios e o papel da coordenação do cuidado nas redes de atenção à
saúde (Brasil, 2011).
Para promover a integralidade do cuidado aos usuários do SUS, as equipes
do PSF e do NASF realizam atividades como discussão de casos, interconsultas,
elaboração conjunta de projetos terapêuticos, educação permanente, intervenções
no território e na saúde de grupos populacionais, ações intersetoriais e promoção da
saúde e prevenção de doenças (Brasil, 2011).
É importante ressaltar que o trabalho em saúde é uma construção coletiva
que envolve diversos atores, incluindo profissionais de diferentes áreas, gestores,
usuários e a comunidade em geral. A interdisciplinaridade e a integração entre as
equipes são fundamentais para oferecer um cuidado mais abrangente e efetivo,
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considerando as diferentes dimensões da saúde e as necessidades específicas de


cada indivíduo e comunidade.
A atuação profissional no contexto da atenção primária em saúde, como o
Programa de Saúde da Família (PSF) e a Estratégia Saúde da Família (ESF), requer
uma postura interdisciplinar consciente por parte das equipes envolvidas. Isso
significa que os profissionais de diferentes especialidades devem trabalhar de forma
integrada, superando a fragmentação do conhecimento causada pelas
especializações disciplinares do século XX.
Essa integração é fundamental para alcançar os objetivos de atenção integral
à saúde das pessoas. As equipes do PSF/ESF são compostas por profissionais de
diversas áreas, como médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos de enfermagem,
agentes comunitários de saúde, entre outros. Cada profissional tem funções
específicas, mas o trabalho em equipe é essencial para proporcionar uma
abordagem abrangente e efetiva.
Além disso, o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) desempenha um
papel importante nesse contexto, promovendo a integração entre as equipes da
atenção básica e fortalecendo os princípios da coordenação do cuidado nas redes
de atenção à saúde. Isso inclui revisar as práticas de encaminhamento, promover o
compartilhamento de casos, realizar acompanhamento longitudinal dos pacientes e
buscar uma atuação mais integrada e colaborativa.
Essas ações visam superar a fragmentação do cuidado e promover uma
abordagem mais integral e centrada no usuário, considerando suas necessidades e
particularidades. A interdisciplinaridade e a integração entre as equipes são
fundamentais para garantir uma atenção de qualidade, com ações de promoção da
saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação, de forma articulada e em
consonância com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).
A análise realizada por Krug et al. (2010) destaca algumas dificuldades
encontradas no processo de trabalho na Estratégia Saúde da Família (ESF),
especialmente relacionadas ao estabelecimento de um plano de ação estratégico. O
acúmulo de tarefas e a imediaticidade das demandas muitas vezes comprometem a
capacidade de pensar de forma estratégica, com informações, planejamento e
organização resolutivos.
No contexto em análise, onde há dificuldades na compreensão do papel do Núcleo
de Apoio à Saúde da Família (NASF) por parte das equipes, essas dificuldades são
14

acentuadas. Isso implica em um planejamento comprometido, o que dificulta a


tomada de decisões embasadas e estratégicas.
É importante compreender que pensar em saúde envolve uma construção
não linear e contínua, e que o cuidado é um processo que permeia todas as etapas
do trabalho em saúde. Não se trata de alcançar um produto final, mas sim de
oferecer cuidado contínuo e abrangente ao indivíduo.
Ao refletir sobre o processo de trabalho na saúde, é fundamental
compreender como o trabalho é organizado para uma atividade produtiva. Os
elementos constituintes desse processo incluem os diversos saberes envolvidos, os
instrumentos utilizados e o próprio trabalho em si. No entanto, o elemento de
destaque nesse processo é o trabalho vivo, ou seja, o ser humano que desempenha
a atividade de cuidado.
É o trabalhador, com sua expertise, habilidades e competências, que está no
centro da produção de cuidado, visando atender às necessidades de outros seres
humanos. Essa abordagem reconhece a importância do trabalho coletivo,
interdisciplinar e centrado no ser humano para uma prática efetiva e de qualidade na
área da saúde.
Por meio da observação participante e da escuta das falas dos profissionais
envolvidos, é possível identificar elementos externos e internos que influenciam o
trabalho em equipe. Esses elementos podem incluir fatores contextuais, como
recursos disponíveis, políticas de saúde, condições de trabalho, além das
características individuais e interações entre os membros da equipe.
Ao compreender esses elementos e refletir sobre eles, é possível identificar desafios
e oportunidades para aprimorar o processo de trabalho e promover uma atuação
mais efetiva e integral no cuidado à saúde das pessoas.
A análise realizada por Krug et al. (2010) destaca algumas dificuldades
encontradas no processo de trabalho na Estratégia Saúde da Família (ESF),
especialmente relacionadas ao estabelecimento de um plano de ação estratégico. O
acúmulo de tarefas e a imediaticidade das demandas muitas vezes comprometem a
capacidade de pensar de forma estratégica, com informações, planejamento e
organização resolutivos.

No contexto em análise, onde há dificuldades na compreensão do papel do


Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) por parte das equipes, essas
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dificuldades são acentuadas. Isso implica em um planejamento comprometido, o que


dificulta a tomada de decisões embasadas e estratégicas.
É importante compreender que pensar em saúde envolve uma construção não linear
e contínua, e que o cuidado é um processo que permeia todas as etapas do trabalho
em saúde. Não se trata de alcançar um produto final, mas sim de oferecer cuidado
contínuo e abrangente ao indivíduo.
Ao refletir sobre o processo de trabalho na saúde, é fundamental
compreender como o trabalho é organizado para uma atividade produtiva. Os
elementos constituintes desse processo incluem os diversos saberes envolvidos, os
instrumentos utilizados e o próprio trabalho em si. No entanto, o elemento de
destaque nesse processo é o trabalho vivo, ou seja, o ser humano que desempenha
a atividade de cuidado.
É o trabalhador, com sua expertise, habilidades e competências, que está no centro
da produção de cuidado, visando atender às necessidades de outros seres
humanos. Essa abordagem reconhece a importância do trabalho coletivo,
interdisciplinar e centrado no ser humano para uma prática efetiva e de qualidade na
área da saúde.
Por meio da observação participante e da escuta das falas dos profissionais
envolvidos, é possível identificar elementos externos e internos que influenciam o
trabalho em equipe. Esses elementos podem incluir fatores contextuais, como
recursos disponíveis, políticas de saúde, condições de trabalho, além das
características individuais e interações entre os membros da equipe.
Ao compreender esses elementos e refletir sobre eles, é possível identificar desafios
e oportunidades para aprimorar o processo de trabalho e promover uma atuação
mais efetiva e integral no cuidado à saúde das pessoas.
A interdisciplinaridade no trabalho em saúde, especialmente no contexto do
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), é percebida como um processo em
construção, de acordo com as representações sociais dos profissionais
entrevistados. Há uma busca pela interdisciplinaridade, mas também uma
compreensão de que ainda é uma prática frágil e que precisa ser resgatada.
Os profissionais reconhecem a importância da interdisciplinaridade e
destacam a necessidade de promover atividades conjuntas e colaborativas entre as
diferentes áreas de conhecimento. No entanto, eles também identificam desafios e
obstáculos, como a tendência de esconder ou anular a interdisciplinaridade, tanto
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por parte dos profissionais do NASF quanto por parte dos próprios profissionais de
saúde em geral.
Uma questão levantada é a definição clara dos papéis no território, na equipe
e nas interações entre os profissionais. Essa definição de papéis é fundamental para
estabelecer uma dinâmica de trabalho efetiva e promover a interdisciplinaridade de
forma construtiva.
A compreensão da interdisciplinaridade no âmbito do NASF também está
relacionada à construção histórica da política de saúde e à formação profissional dos
diferentes membros da equipe. Esses fatores influenciam a maneira como a
interdisciplinaridade é compreendida e vivenciada, bem como os desafios
enfrentados na sua implementação.
Essa reflexão sobre a interdisciplinaridade no trabalho em saúde e no NASF é
essencial para promover uma atuação mais integrada e efetiva, capaz de lidar com a
complexidade dos problemas de saúde e oferecer cuidado integral e de qualidade às
pessoas. É um processo contínuo de aprendizado e aprimoramento, que requer o
engajamento e o compromisso dos profissionais envolvidos.
A análise revela que, apesar de a formação na área da saúde incluir a
interdisciplinaridade em seus currículos, a expressão dessa abordagem no cotidiano
das práticas ainda não é amplamente adotada. A interdisciplinaridade é vista como
um processo em construção e enfrenta resistência devido à ênfase na formação
profissional voltada para a especialização e ao pensamento individualista
predominante na sociedade contemporânea.
Embora se fale frequentemente sobre interdisciplinaridade, ela ainda é
permeada por vieses e interpretações que refletem o modo de pensar e agir
individualmente. Essa percepção se torna evidente ao observar as ideias e práticas
dos profissionais de saúde. Por exemplo, é reconhecida a necessidade de
desconstruir a ideia de consulta individualizada, mas ao mesmo tempo há uma
preocupação de que uma prática semelhante desqualifique a ação coletiva. Isso
indica uma ambiguidade na compreensão das atribuições dos profissionais do NASF
e a dificuldade de integração no contexto do trabalho interdisciplinar.
Essa ambiguidade se estende não apenas aos profissionais do NASF, mas
também aos demais profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF), que muitas
vezes esperam por atendimentos específicos de determinadas áreas de
especialização. Essa perspectiva fragmentada do problema, dissociada do contexto
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em que está inserida, indica a necessidade de uma compreensão mais ampla e


integrada do cuidado em saúde.
Para superar esses desafios, é importante repensar a formação profissional,
priorizando a interdisciplinaridade como uma exigência para o campo de atuação em
saúde. Isso requer uma revisão dos currículos e uma abordagem que promova o
pensamento crítico, colaborativo e integrado desde a formação inicial dos
profissionais.
A construção de práticas interdisciplinares efetivas requer uma mudança de
paradigma, superando o individualismo e fortalecendo a valorização do trabalho
coletivo. Isso envolve uma reflexão contínua sobre as representações e as práticas
dos profissionais, assim como a promoção de espaços de diálogo e
compartilhamento de conhecimentos entre as diferentes disciplinas da saúde.
A construção da interdisciplinaridade no contexto da ESF e dos NASF
enfrenta desafios relacionados aos encaminhamentos da gestão, à capacitação
insuficiente dos profissionais e à precarização das relações de trabalho. Esses
elementos negativamente impactam a concretização da interdisciplinaridade. No
entanto, as falas dos participantes do estudo também revelam inúmeras
possibilidades que estão sendo construídas no campo da saúde, inspirando a
superação da fragmentação dos saberes e promovendo uma atuação coletiva.
É importante destacar os avanços que ocorrem no dia-a-dia das práticas
profissionais e que têm reflexos na qualidade do trabalho desenvolvido, pois estão
direcionados ao cuidado de seres humanos por outros seres humanos. Esse é um
trabalho vivo em ação, um espaço de micropolítica e autogoverno, onde surgem
possibilidades de romper com o status quo e as representações sociais existentes,
permitindo a construção de novos modelos de atuação profissional interdisciplinar.
Essa perspectiva está alinhada ao paradigma da complexidade, pois apenas
superando a fragmentação disciplinar é possível compreender o que está
entrelaçado.
Essa abordagem também envolve romper com a "inteligência cega" que
separa e fragmenta a relação entre o observador e o observado, além de dividir os
problemas em partes isoladas. Esse desafio de superar a fragmentação é apontado
como um dos principais desafios da ciência. Na área da saúde, considerando-a
como um campo científico de produção e reprodução de conhecimento, é essencial
enfrentar esse desafio.
18

Portanto, é necessário promover um ambiente propício para a construção da


interdisciplinaridade, superando os obstáculos existentes. Isso implica em investir
em capacitação profissional que valorize a abordagem interdisciplinar, repensar os
modelos de gestão que favoreçam a colaboração entre as equipes e buscar
melhorias nas condições de trabalho dos profissionais. Dessa forma, será possível
avançar na construção de um modelo de atuação profissional mais integrado e
efetivo, contribuindo para a melhoria da saúde e do cuidado oferecidos à população.
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9. CRONOGRAMA DE EXECUÇÂO

ETAPAS MARÇO ABRIL MAIO JUNHO


ELABORAÇÃO
X X X
DO PROJETO
REVISÃO DE
X X
LITERATURA

ENTREGA X
20

10. ORÇAMENTO

Para a realização do trabalho não foi necessário realizar gastos com


materiais, visto que a oportunidade do curso EAD, na modalidade semipresencial me
permitiu a realização do trabalho acadêmico dentro do que se esperava, sendo o
trabalho composto em sua maioria por um trabalho na internet se utilizando apenas
do meu computador com internet.
21

11. RESULTADOS ESPERADOS

Com base nos textos apresentados anteriormente, que são parte integrante
de uma pesquisa em andamento, espera-se que o trabalho desenvolvido possa
trazer resultados significativos para a construção da interdisciplinaridade no contexto
da Estratégia Saúde da Família (ESF) e dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família
(NASF).
O estudo revelou a existência de dificuldades na implementação da
interdisciplinaridade, como o acúmulo de tarefas, a falta de planejamento estratégico
e a ausência de compreensão clara do papel do NASF por parte das equipes. Essas
dificuldades foram identificadas como obstáculos para a efetivação do trabalho
coletivo e integral de atenção à saúde das pessoas.
No entanto, também foram identificadas possibilidades de avanço na
construção da interdisciplinaridade, que se manifestam nas práticas profissionais
cotidianas e na busca por uma abordagem coletiva. Essas possibilidades
representam uma ruptura com o modelo tradicional de especialização disciplinar e
individualismo contemporâneo, apontando para a necessidade de superar a
fragmentação dos saberes e promover uma atuação mais integrada e colaborativa.

Dessa forma, os resultados esperados do trabalho de pesquisa incluem:

1. Identificar as dificuldades e desafios enfrentados na implementação da


interdisciplinaridade no âmbito da ESF e dos NASF, a fim de compreender as
barreiras existentes e propor estratégias para superá-las.
2. Analisar as representações sociais da interdisciplinaridade, buscando
compreender como os profissionais percebem e interpretam essa abordagem,
identificando pontos de convergência e divergência.
3. Explorar as possibilidades de construção da interdisciplinaridade no
contexto da ESF e dos NASF, investigando as práticas profissionais que promovem
o trabalho coletivo e integral de atenção à saúde, e como essas práticas repercutem
na qualidade do cuidado oferecido.
4. Propor recomendações e estratégias para fortalecer a interdisciplinaridade
no campo da saúde, considerando aspectos como a formação profissional, a gestão
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das equipes, a capacitação dos profissionais e a melhoria das condições de


trabalho.
Espera-se que os resultados dessa pesquisa contribuam para a
transformação das práticas de saúde, promovendo uma abordagem mais integrada,
centrada na pessoa e orientada para a promoção da saúde. Além disso, busca-se
fomentar reflexões e debates sobre a interdisciplinaridade, seus desafios e
potenciais, para que se possa avançar na construção de um novo modelo de
atuação profissional no contexto da ESF e dos NASF, pautado pela integralidade e
pela qualidade do cuidado oferecido à população.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

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