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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

SERVIÇO SOCIAL

ISIS CRISTINA QUEIROZ DIAS

NOVOS IDOSOS VELHOS DESAFIOS

O Trabalho do Assistente Social Frente à Consolidação da Política


Nacional do Idoso

2013

Paragominas- PA
2016
ISIS CRISTINA QUEIROZ DIAS

NOVOS IDOSOS VELHOS DESAFIOS

O Trabalho do Assistente Social Frente à Consolidação da Política


Nacional do Idoso

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Norte do
Paraná - UNOPAR, como requisito
parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Serviço Social.
Trabalho de Conclusão de Curso
Orientador: Prof.
apresentado Maria Angela Santini
à Universidade Norte do
Paraná - UNOPAR, como requisito
parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Serviço Social.

Orientador: Prof. Adarly Rosana Moreira


Goes.
Cornélio Procópio
2013
Dedico este trabalho a minha família!
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus que me concedeu o privilégio de poder estudar e estar


concluindo este curso, aos meus pais que foram meu maior motivo para não desistir.
Chego até aqui, com o sentimento de dever cumprido, agradeço a Deus que sempre
esteve presente em meu caminhar.
“Todos querem viver muito, ninguém quer ser
velho!” Paulo Roberto Ramos Barbosa.
DIAS, Isis Cristina de Queiroz. NOVOS IDOSOS VELHOS DESAFIOS. O Trabalho
do Assistente Social Frente à Consolidação da Política Nacional do Idoso. 2016. 40
paginas. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Serviço Social – Unopar,
Universidade Norte do Paraná. Paragominas. 2016

RESUMO

O Presente Trabalho de Conclusão de Curso discute práticas de assistência,


políticas, estratégias e ações governamentais formalizadas para o idoso. À
desinformação e o desrespeito aos cidadãos da terceira idade somam-se a
precariedade de investimentos públicos para atendimento às necessidades
específicas dessa população, a falta de instalações adequadas, a carência de
programas específicos e de recursos humanos. O envelhecimento populacional é
um fenômeno mundial e, no Brasil, as modificações se dão de forma radical e
bastante acelerada, processo que, do ponto de vista puramente demográfico,
deve-se unicamente ao rápido e sustentado declínio da fecundidade.

Palavras-chave: Idoso; desafios; serviço social


DIAS, Isis Cristina Queiroz. NOVOS IDOSOS VELHOS DESAFIOS. 2016. 40
páginas. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Serviço Social – Unopar,
Universidade Norte do Paraná.

ABSTRACT

Work Completion of course present discusses care practices, policies, strategies


and government actions formalized for the elderly. At misinformation and
disrespect for senior citizens, add to the precariousness of public investment to
meet the specific needs of this population, the lack of adequate facilities, the lack
of specific programs and human resources. Population aging is a global
phenomenon, and in Brazil, the changes occur radically and very rapidly, a
process that, from a purely demographic point of view, it should be only to the
sustained and rapid decline in fertility.

Key-words: Old man; challenges; social service.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................13

2 O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO IDOSA.....................................................15

3 CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE O ENVELHECIMENTO................................20

4 O SERVIÇO SOCIAL E O DIREITO DO IDOSO .................................................26


4.1 As Políticas Públicas..........................................................................................28
4.2 Política de Saúde...............................................................................................29

5. O ASSISTENTE SOCIAL E A ATENÇÃO A POPULAÇÃO IDOSA...................31


5.1 Política Nacional do Idoso..................................................................................32

6. DIREITO DO IDOSO.............................................................................................35
6.1 Políticas Sociais e Legais ...................................................................................35

7. O FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS FAMILIARES.........................................39

8. O SERVIÇO SOCIAL E O FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS....................... 42

9. CONCLUSÃO.......................................................................................................47

10.REFERÊNCIAS....................................................................................................53
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1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento da população brasileira é reflexo do aumento da


expectativa de vida, devido ao avanço no campo da saúde e à redução da taxa de
natalidade. Prova disso é a participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da
população - em 1991, eles eram 2,4 milhões (1,6%) e, em 2000, 3,6 milhões (2,1%)
(SOUZA, 2014, p.10).
A população brasileira vive, hoje, em média, de 68,6 anos, 2,5 anos
a mais do que no início da década de 90. Estima-se que em 2020 a população com
mais de 60 anos no País deva chegar a 30 milhões de pessoas (13% do total), e a
esperança de vida, a 70,3 anos (SOUZA, 2014, p.10).
As projeções mais conservadoras indicam que em 2020 já seremos
o sexto país do mundo em número de idosos, com um contingente superior a 30
milhões de pessoas (Carvalho e Garcia, 2003).
De acordo com Veras (2007), o Brasil hoje é um jovem país de
cabelos brancos. Todo ano, 650 mil novos idosos são incorporados à população
brasileira, a maior parte com doenças crônicas e alguns com limitações funcionais.
De 1960 a 1975, o número de idosos passou de 3 milhões para 7 milhões e, em
2006, para 17 milhões – um aumento de 600% em menos de 50 anos. Além dessa
constatação, atualmente têm-se observado, nas relações que a sociedade
estabelece com o idoso, não apenas uma mudança de valores, mas um aumento da
esperança de vida, passando o idoso a ser merecedor de cuidado e atenção
especiais inexistentes nos últimos dois séculos.
A mudança se deve ao arsenal tecnológico que a medicina dispõe
devido ao seu crescente progresso, favorecendo a longevidade e contribuindo,
dessa maneira, como um dos fatores para o aumento significativo da população
idosa, passando as doenças crônicas a serem enfrentadas com mais tranquilidade
do que no passado.
No entanto, cotidianamente, os idosos brasileiros vivem angústias
com a desvalorização das aposentadorias e pensões, com medos e depressão,
com a falta de assistência e de atividades de lazer, com o abandono em hospitais
ou asilos, além de enfrentar, ainda, todo o tipo de obstáculos para assegurar
alguma assistência por meio de planos de saúde. À desinformação, ao
preconceito e ao desrespeito aos cidadãos da terceira idade somam-se a
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precariedade de investimentos públicos para atendimento às necessidades


específicas da população idosa, a falta de instalações adequadas, a carência de
programas específicos e de recursos humanos, seja em quantidade ou qualidade
(Parahyba e Simões, 2006).
O Presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo
geral analisar o processo do trabalho do Assistente Social junto a idosos, com
vistas a identificar se as estratégias utilizadas contribuem, de forma efetiva, para a
garantia de direitos e o fortalecimento dos mesmos. As leis que regem seus
direitos foram estudadas, bem como a bibliografia que trata da questão da
velhice. A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa se dá através
de pesquisa bibliográfica.
Para atingir o objetivo deste trabalho foi necessário pesquisar sobre
os conceitos de velhice e políticas públicas, bem como aprofundar os
conhecimentos acerca das políticas públicas voltadas para o processo de
envelhecimento e velhice.
O texto trata do envelhecimento do ser humano de forma a
esclarecer a experiência de se tornar um idoso principalmente nos dias de hoje, em
todos os seus aspectos, bem como da construção da identidade e da nova imagem
do idoso. Discutir a questão do Serviço Social na prática, tecendo considerações
importantes acerca do mesmo, enquanto um ser social de direitos, fazendo nexo
com a prática do Serviço Social enquanto profissão, numa visão transformadora e
crítica da realidade. Optou-se pelo enfoque qualitativo da pesquisa e através desta
constatou-se que o processo de participação dos idosos nos grupos de convivência
significa uma forma de (re) inserção social
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2. O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO IDOSA

Atualmente, quase 17 anos após a edição da Lei de Política


Nacional do Idoso (Lei 8.842/94) e 09 anos após o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03)
ainda encontra-se em fase inicial a adoção de práticas garantistas dos direitos do
idoso no Brasil. Visto que, dificilmente as autoridades tomam conhecimento destes
atos.
Segundo Veras, (2001), a longevidade da população é um fenômeno
que determina importantes repercussões nos campos social e econômico.
É notável atualmente que a média de idade populacional vem
aumentando de forma acelerada, como é o caso do Brasil, que, segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, se programa para 2025 a
existência de 34 milhões de brasileiros idosos. A população com mais de 60 anos
cresce 3,2% ao ano.
Tais informações refletem, especialmente, o baixo índice de
natalidade, a queda da mortalidade e o aumento da expectativa de vida que vêm
ocorrendo nas últimas décadas no mundo e no Brasil.
Desde os idos mais remotos da humanidade, mesmo nas
sociedades mais primitivas ou mesmo entre os animais, a busca pelo alívio da dor e
pela cura das doenças sempre foi tentada.

Entretanto, a história demonstra que a sociedade, ao adquirir algum grau de


desenvolvimento, conhecendo melhor o organismo, suas enfermidades e
tratamentos, trata de normatizar a formação dos médicos e disciplinar o
exercício da Medicina. (SOUZA, 2001, p. 39).

O envelhecimento atualmente é o foco central das análises sociais. Os idosos estão


agora no centro do palco. Diversas pesquisas buscam compreender os significados
e valores atribuídos pelos homens à sua experiência de vida, quer referindo-se à
relação de parentesco, quer tratando da relação da velhice com o mundo do trabalho
e da família. O que está em pauta é a análise dos símbolos e dos significados
construídos em sociedade, sobre esse precioso momento da vida pessoal e social: a
velhice.
Na base desses estudos estão as preocupações crescentes com o bem–estar físico,
emocional, mental e social que devem ser garantidos às pessoas idosas. Para
Simone de Beauvoir (1990) por ser considerado um processo natural e inevitável, a
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velhice é uma fase que, como a infância, a adolescência e a juventude, faz parte do
ciclo biológico e natural da vida e a maneira de atuar sobre o envelhecer irá
depender de uma determinada visão de homem e de mundo num determinado
contexto histórico social e econômico. Na Grécia antiga, segundo a visão de Platão,
ficar velho era o apogeu de uma vida, ao passo que, para Homero, a velhice era
associada à sabedoria. Já Sócrates pregava que para indivíduos prudentes e bem
preparados, a velhice não constituiria peso algum. Aristóteles a via como a
decadência de um homem, e a relacionava a existência de um corpo saudável.
Diante de todos os desafios, ganha corpo a importância das políticas públicas, a
formação do assistente social e a qualidade de vida do idoso.
Cuidar do idoso é doar atenção, amor e segurança. Permitir a democratização
específica a essa faixa etária. É buscar uma abordagem integrada à defesa desses
direitos, da justiça, proteção, acolhimento com obrigação da família, do governo, das
universidades oferecendo um maior número de profissionais para cuidar dos idosos.
Estudos apontam que o idoso é uma das maiores vítimas de agressão doméstica,
onde as famílias os excluem do convívio familiar e social. Minimizar esses impactos
de violência é garantir a pessoa idosa uma vida saudável, recuperando a auto
estima, a independência as necessidades básicas, de desejos, valorização e
proteção. É obrigação do estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida, à saúde,
mediante ações sociais públicas efetivas que permitam um envelhecimento saudável
e em condições de dignidade. Faz-se necessária uma intervenção segura quando
preciso, na busca de melhor qualidade de vida para o idoso. Ao assistente social
está incumbido a responsabilidade de detectar ameaças contra o idoso e fazer valer
todos os seus direitos e deveres. O profissional de serviço social está capacitado
promover seu bem-estar social, incentivar a cultura, a educação e cuidar da saúde
do idoso.
O Brasil deixou de ser um país jovem, e os idosos se concentram em todos
os lugares. O envelhecimento populacional faz parte de toda sociedade, mas cada
país tem características diferentes e expectativas de vida diferente.
O processo de envelhecimento é visto de maneira diferente em cada cultura,
no Brasil é considerado velho o individuo que deixou de produzir economicamente
para a sociedade, o que não ocorre em outros países.
No Japão, por sua experiência que adquiriram ao longo do tempo, em seu
seio familiar recebe cuidado ate o fim das suas vidas, e também são os que obtém
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os cargos mais altos. Muitas sociedades consideram os idosos como depositário de


uma experiência e de um saber único exclusivo, sendo o Japão, as sociedades
indígenas e africanos exemplos.
A importância das pessoas idosas vem crescendo explicitamente em todos os
setores da vida social. Suas características vão se tornando em conjunto da
sociedade através dos meios de comunicação de massa, que tem dado destaque
dos diferentes aspectos da vida do idoso, e a atenção na saúde por que ela pode
representar todo em termo de expansão dos anos vividos com qualidade de vida.
No plano das politicas publicas esses indivíduos interessam a sociedade
como um todo, uma vez que o crescimento dessa população idosa amplia a
demanda para recursos físicos e mentais sem que gerem numerosos custos, e sim
ganho para o poder publico. A grande parcela da população é desprovida da
assistência farmacêutica, sobre tudo nos países subdesenvolvidos, onde o acesso é
marcado pela desigualdade social e econômica.
No Brasil estima-se que 23 % da população consomem 60% da produção que
64,5 milhões de pessoas em condição de pobreza não tem como compra os
remédios necessários. Apesar de ter direito a aposentadoria o salário é insuficiente,
e não cobre o gasto da alimentação e da saúde. E por isso o trabalhado é uma
questão de sobrevivência para a maior parte da população idosa do país.
A expectativa de vida mais alta com baixa escolaridade empurraram o
brasileiro para vida economicamente ativa por muito além dos 60 anos de idade, há
vários casos para em que o trabalho em idade avançada é uma posição da
necessidade econômica.
A terceira idade, nova terminologia do idoso na sociedade contemporânea,
implica na constatação de uma nova etapa de vida compreendida entre a idade
adulta e a velhice. Categoria de idade, como as demais, opera em recorte no todo
social, com direitos e deveres diferenciais característicos dessa população. As
categorias de idade são constitutivas de realidades sociais específicas (BRANDÃO,
2004).
A terceira idade é acompanhada de um conjunto de práticas, instituições e
agentes especializados encarregados de definir e atender às necessidades dessa
população. Foi a partir de 1970 que, na maioria das sociedades europeias e
americanas, o idoso passou a ser visto como vítima da marginalização e da solidão
(DEBERT, 2003).
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Há uma vasta literatura no que diz respeito ao estudo do envelhecimento


devido ao crescimento exacerbado do número de idosos. Cabe a este estudo
destacar a importância da cidadania na promoção dos direitos sociais dessa fração
populacional. A sociedade ainda não está preparada para essa mudança de perfil,
visto que a maioria das pessoas tendem a separar esses indivíduos, segregá-los e
conceituá-los como pessoas inúteis.
Com isso, o exercício da cidadania para os idosos no Brasil se torna cada vez
mais complexo, uma vez que há inúmeros preconceitos e mitos referentes à velhice,
principalmente no que se alude ao mundo do trabalho e às políticas públicas.
(MENDES, 2005).
De fato, envelhecer há 50 anos atrás não constituía um problema; era
encarado como um fenómeno natural, na medida em que não só as pessoas que
envelheciam não eram muitas, como o aproveitamento e imagem que a sociedade
tinha da população que envelhece era diferente daquela que se tem hoje. É nesta
lógica que acreditamos que os processos e percursos de envelhecimento possam
ser alterados.
O envelhecimento, os direitos humanos fundamentais, expressando o direito
de se viver mais, e certamente viver com dignidade. Viver com dignidade faz com
que a sociedade participe de uma rede de serviços capaz de assegurar todas as
necessidades básicas do idoso, assegurando principalmente a ausência da violência
tanto no espaço familiar como no espaço público (VERAS 1994).
Hoje em dia não é raro encontrarmos mais de um membro da família
participando no mercado de trabalho, o que dificulta ainda mais aos familiares os
cuidados adequados ao idoso em casa (RAMOS, 1995).
Em contrapartida a pessoa idosa necessita de alguns cuidados diferenciados
como uma alimentação especial que deve ser balanceada, equilibrada, com pouco
sal, nunca gordurosa e sempre obedecendo a horários rígidos.
Falta preparo da comunidade e das autoridades em geral para esta nova
realidade, pois os idosos não são bem entendidos e com isso passam a receber
atendimentos inadequados. A medicação deve obedecer aos horários prescritos
pelo médico. A higiene pessoal deve ser observada e muitas vezes o idoso
necessita de auxílio para fazê-la. Considerando também o aspecto social existe a
necessidade do convívio com outras pessoas da mesma faixa de idade o que
possibilita assim uma troca de experiências, expectativas e problemas decorrentes
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da própria idade.
A socialização é muito importante para que a pessoa idosa mantenha sempre
vivo o interesse pelos acontecimentos que estão ao seu redor e aguce assim a sua
curiosidade mantendo-o sempre alerta e desperto (VERAS 1994).
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3. CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE O ENVELHECIMENTO.

Envelhecer é um processo natural que se inicia quando nascemos, e


está presente em cada segundo de nossas vidas, sendo percebido ou não. No
entanto, a sociedade, num sentido geral, parece não vê-lo dessa forma, pois, aos
seus olhos, o envelhecimento pode ser degenerativo.
Mas, não obstante a visão seja discriminatória, o envelhecimento
populacional tem sido uma realidade e, por isso, um tema recorrente no mundo todo
porque o contingente de pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos tem
crescido rapidamente. Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS (2002), nos
próximos 50 anos, pela primeira vez na história da humanidade, o número de
pessoas acima de 60 anos vai superar a população infanto-juvenil de até 15 anos.
Neste contexto o Brasil se coloca a passos largos, pois, no início do
século XX, um brasileiro vivia em média 33 anos, mas, hoje sua expectativa de vida,
ao nascer, já alcança os 72,7 anos. (IBGE, 2007). O envelhecimento populacional
significa um crescimento mais elevado da população idosa em relação aos demais
grupos etários. Isso é resultado de suas mais altas taxas de crescimento, dada a alta
fecundidade prevalecente no passado, comparativamente à atual, e também à
redução da mortalidade. Isso se traduz no aumento do número absoluto e relativo de
idosos, no tempo vivido por eles, no envelhecimento de certos segmentos
populacionais, como a População Economicamente Ativa (PEA), no envelhecimento
das famílias (crescimento do número de famílias nas quais existe pelo menos um
idoso) e na mudança nos arranjos familiares. (CAMARANO, 2002, p.26).
Assim, muito embora o envelhecimento populacional seja
amplamente reconhecido por significar uma das principais conquistas sociais do
século XX, o mesmo não se pode afirmar quando o assunto se volta para a
distribuição de renda e de serviços. Em outras palavras, o aumento da expectativa
de vida da população, o controle de muitas doenças infectocontagiosas e fatais,
algumas melhorias na qualidade de vida têm como companheiras as desigualdades
presentes nas diferentes esferas da sociedade pelas quais transitam os idosos.
Uma corrida de olhos pelos grandes centros urbanos e entre as
classes médias e altas permite-nos verificar que as chances de se ter uma velhice
saudável e com condições dignas são maiores do que nas classes mais pobres.
Sabe-se que as condições materiais e objetivas em que vivem as pessoas
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influenciam sobremaneira no processo de envelhecimento, conforme reconhece


Goldman: As condições objetivas de vida da população interferem sobre o
envelhecimento, tanto no aumento quantitativo da expectativa de vida quanto na
qualidade oferecida aos que envelhecem através das políticas sociais. As condições
objetivas de vida da população interferem diretamente sobre o envelhecimento
principalmente nas áreas da saúde, previdência e da assistência. (Apud SILVA,
2008, p.5).
Essa transformação demográfica ocasiona inúmeras preocupações
que estão relacionadas, principalmente, à previdência social e à saúde, constituindo,
portanto, sérios desafios para o Estado, assim como para os setores produtivos e,
ainda, para as famílias. Em meio a esses preocupantes desafios, não seria possível
deixar de mencionar aqueles referidos às políticas públicas que buscam assegurar
que o processo de desenvolvimento econômico e social ocorra de forma contínua
com vistas a se garantir a dignidade humana.
Em 1982, a questão do envelhecimento populacional, pela primeira
vez, tornou-se foco de atenção em uma Assembleia Mundial ocorrida em Viena. Os
resultados dela decorrentes resultaram na aprovação de um Plano de Ação Global
conhecido como Plano de Viena cujos objetivos eram o de garantir a segurança
econômica e social dos indivíduos idosos bem como identificar as oportunidades
para a sua integração ao processo de desenvolvimento dos países. Um dos
principais resultados do Plano de Viena foi o de colocar na agenda internacional as
questões relacionadas ao envelhecimento individual e da população [...] Percebia-se
a necessidade da “construção” e, principalmente, do reconhecimento de um novo
ator social — o idoso — com todas as suas necessidades e especificidades. Parte
das recomendações visava promover a independência do idoso, dotá-lo de meios
físicos ou financeiros para a sua autonomia. (CAMARANO, 2002, p.255).
Quase dez anos depois, mais precisamente, em 1993, naquela
mesma cidade foi realizada a segunda Assembleia, em meio a um cenário político e
econômico diferente da primeira, uma vez que se buscava o fortalecimento das
democracias e o desenvolvimento econômico dos países que participaram da
Assembleia. As diretrizes ali definidas passaram a nortear as decisões das políticas
públicas em muitos países, e também no Brasil. Entre essas duas Assembleias, ou
seja, em quase uma década, muitos foram os avanços na direção da conquista dos
direitos humanos e da cidadania e, como assinala Camarano (2002) “A sociedade
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brasileira já vinha se organizando para se estabelecer como um ator social de


expressão das reivindicações da população idosa”.
Vale registrar que foi nesse período dos anos 80, que ocorreu a
abertura política do Brasil e o processo de redemocratização que possibilitaram a
participação e posicionamento de movimentos sociais, dentre eles o dos idosos.
Os idosos de todas as partes do Brasil demonstraram sua força
política nas galerias do congresso, na Praça dos Três Poderes, nas inúmeras
passeatas de aposentados e pensionistas, dentre outras manifestações públicas.
Parece-nos impossível traçar um quadro completo das lutas populares no processo
constituinte sem ressaltar a mobilização e a organização dos movimentos sociais
constituídos por aposentados e pensionistas urbanos e rurais. (GOLDMAN, 2006, p.
167).
A Constituição de 1988 foi um marco para as políticas sociais
brasileiras, pois introduziu um conceito de proteção social mais abrangente. Até
então, ela baseava-se em princípios estritamente sociais-trabalhistas e
assistencialistas. Sobre o tema Políticas Públicas. (NÉRI, 2005). Nos estados
democráticos modernos, o conceito de política pública tem íntima ligação com o de
cidadania, pensada como o conjunto das liberdades individuais expressas pelos
direitos civis. [...] a concretização da cidadania ocorre através do espaço político,
como o direito a ter direitos. (NÉRI, 2005, p. 09).
Foi reconhecido o direito à proteção social devida pelo Estado como
universal e independente de contribuição prévia ao sistema, além de serem
estabelecidas estruturas organizativas de caráter democrático para o seu
funcionamento, com a ampla participação da sociedade civil. (SILVA, p.5, 2008).
Em relação aos idosos, é importante lembrar que a assistência
social, além de prever ações a serem desenvolvidas pelos governos em todos os
seus âmbitos: federal, estadual, municipal e Distrito Federal, passou a ser regida
pela Lei federal nº 8742, de 7 de dezembro de 1993, conhecida como Lei Orgânica
da Assistência Social – LOAS- que regulamenta os princípios constitucionais
referentes à assistência social. A propósito do assunto, afirma Potyara (s.d):
“estabeleceu-se, a partir do plano legal, a diferença marcante entre a Política Pública
de Assistência Social e “assistencialismo” vulgar praticado indiscriminadamente
como um desvio ou doença da Assistência”.
Entre os benefícios mais importantes proporcionados por essa Lei,
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no Art. 2°, está a garantia de 01 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa
portadora de deficiência e aos idosos que não possuem meios para prover sua
subsistência e nem de tê-la provida por sua família, conforme prescrito no Art. 203
da Constituição Federal vigente.
Mas, apesar das muitas conquistas, ainda haveria de ser elaborada
uma legislação específica para que esses direitos fossem ampliados. Nessa direção,
em 1994, foi criada a Política Nacional do Idoso (PNI), regulamentada pelo Decreto
n° 1.948 de 1996. (Palma 2000).
Até 1994 não existia no Brasil uma política nacional para os idosos;
o que havia era um conjunto de iniciativas privadas e algumas medidas públicas
consubstanciadas em programas (PAI, Papi, Conviver, Saúde do Idoso) destinados
a idosos carentes. Era mais uma ação assistencial em “favor” deles do que uma
política que lhes proporcionasse serviços e ações preventivas e reabilitadoras. (apud
FERNANDES; SANTOS, 2003, p.53).
Já, em 2003, foi criado sob o Decreto nº 4227 de 13 de maio de
2003 o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso - CNDI-, órgão colegiado, de
caráter deliberativo, integrante da estrutura básica da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República - SEDH/PR-, que tem por finalidade
elaborar as diretrizes para a formulação e implementação da política nacional do
idoso, observadas as linhas de ação e as diretrizes conforme dispõe a Lei nº 10.741,
de 1º de outubro de 2003 - Estatuto do Idoso, bem como acompanhar e avaliar a sua
execução. (SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS HUMANOS, 2006).
Em 1° de Outubro de 2003 foi sancionada a Lei n° 10.741 que
dispõe sobre o Estatuto do Idoso. Não se pode esquecer, no entanto, que ela
tramitou no Congresso Nacional por mais de sete anos, o que levou a uma grande
mobilização e participação dos idosos no sentido de se garantir a referida
aprovação. [...] estabelece prioridade absoluta às normas protetivas ao idoso,
elencando novos direitos e estabelecendo vários mecanismos específicos de
proteção os quais vão desde precedência no atendimento ao permanente
aprimoramento de suas condições de vida, até à inviolabilidade física, psíquica e
moral. (CENEVIVA, 2004).
O Estatuto consolida, em uma única lei, diversos direitos já
existentes e assegura outros à pessoa com idade igual ou superior a 60 anos, como
estabelecer punições aos crimes cometidos contra idosos, podendo variar de dois
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meses a doze anos de prisão. Adicionalmente, coloca a proteção social à velhice


como um direito fundamental, regulamenta uma série de direitos da pessoa idosa
entre eles o direito à vida, saúde, educação, cultura, esporte e lazer, assistência e
previdência social, habitação e transporte. Em seu capítulo IV, “Do Direito à Saúde”,
assegura ao idoso o direito à atenção integral em saúde, através do Sistema Único
de Saúde, incluindo, ainda, atenção especial às doenças que afetem
preferencialmente essa parcela da população.
Especificamente, para os idosos, estão previstos no Estatuto, além
de outros direitos comuns aos demais cidadãos, a criação de unidades geriátricas de
referência; atendimento domiciliar com internações domiciliares, caso necessário. É,
ainda, o mesmo Estatuto que proíbe a cobrança diferenciada de valores de planos
de saúde para os idosos, com a justificativa do avanço da idade. Um aspecto de
grande relevância é o seu artigo 19 que trata da obrigatoriedade de comunicação,
por parte dos profissionais de saúde, dos casos de suspeita ou confirmação de
maus tratos contra o idoso, aos seguintes órgãos públicos: autoridade policial,
Ministério Público, Conselho Municipal do Idoso, Conselho Estadual do Idoso, e
Conselho Nacional do Idoso.
O Estatuto prevê, ainda, prioridades, agora relativas ao atendimento
do idoso: serviços de atendimento às vítimas de violência, (inclusive preventivo),
localização de familiares de idosos abandonados em instituições, suporte jurídico-
social, ampliação da participação social no atendimento ao idoso.
No Brasil, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República lançou, em dezembro de 2005, o Plano Nacional de
Enfrentamento à Violência contra o Idoso, no qual se encontram expressas as
competências e ações dos ministérios, bem como a co-responsabilização dos
estados e municípios no desenvolvimento dessas ações em todo o território
nacional.
Na implementação do Plano, vale destacar a criação de Centros de
Apoio à prevenção e ao Enfrentamento a Violência contra Idosos, atividades de
capacitação de gestores públicos, de gestores de instituições de longa permanência
e de representantes do movimento social, além de pesquisas e estudos que
permitem o aperfeiçoamento da ação estatal em beneficio desse grupo populacional.
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4. O SERVIÇO SOCIAL E O DIREITO DO IDOSO

O Serviço Social, como profissão está inscrita na divisão social e


técnica do trabalho, situando-se no processo de produção e reprodução das
relações sociais. Assim, o Serviço Social contribui na prestação, elaboração e
criação de uma prática especializada em serviços que atendam às necessidades
sociais básicas da população.
As condições de vulnerabilidade material ocorrem na vida das
pessoas pobres devido a forma como a sociedade capitalista vai se
metamorfoseando para a sua manutenção, criando bolsões de excluídos sociais.
Aqui em particular, temos a forma como a população idosa vivencia no cotidiano de
suas vidas as mais diversas expressões da questão social, situações marcadas pelo
não acesso a recursos básicos para a sobrevivência, tanto na área da saúde,
habitação, meio ambiente como naquilo que entendemos ser básico para a
sobrevivência como sendo a alimentação, remédios, vestuário e um certo conforto
neste período da vida.
Uma realidade social de precarização, vivida por uma grande
maioria das pessoas na terceira idade que se evidência em sofrimento e amargura.
O Assistente Social neste cenário é considerado, portanto para esta população,
como um profissional que possui a capacidade de realizar mediações, auxiliando-o e
subsidiando-o através de encaminhamentos necessários para a concretização dos
direitos. Estes encaminhamentos requerem um trato jurídico exigindo do profissional
conhecimento constitucional e estatutário necessário para a organização social na
vida do idoso. Segundo Faleiros (1985):
As mediações se implicam mutuamente no contexto de relação
histórico-estrutural, constituindo redes de mediações articuladas sob cuja ótica é que
vamos elaborar estratégias de ação, o método é o desdobramento do objeto, das
mediações, nas suas interconexões ou multilateralidade (1985, p. 53).
Entendemos que ao profissional cabe a possibilidade de construir
uma dinâmica que envolva usuário/sociedade/Estado. O profissional nesta dinâmica
compreende melhor o contexto onde está inserido não fragmentando a forma social
que organiza a vida das pessoas em sociedade. Nesse processo, o profissional
estabelece de forma estratégica suas ações, sejam estas no trato com o usuário e
este com a instituição bem como com a comunidade mais ampla ou com outros
26

atores pertencentes as diversas redes. Aqui em questão, temos o assunto


envelhecimento humano e as condições de se viver a terceira idade em uma
sociedade capitalista, marcada pela beleza física, juventude, força, destreza,
rapidez, classe social, poder aquisitivo entre outros elementos. Muitos destes
condicionantes são legitimados e reafirmados por esta mesma sociedade industrial.
Formas de vida construídas para vencer de forma competitiva a
garantia de um espaço na sociedade industrial. Como entender tal fenômeno
biológico e social do envelhecimento, em uma sociedade marcada por preconceitos
e desigualdades, aqui em especial a brasileira? Onde o mais forte prepondera de
forma desigual sobre o mais fraco? Onde a beleza do corpo e o vigor físico ainda
são os elementos que darão sentido de existência ao ser humano para que ele se
mantenha produtivo. Muitas vezes, percebemos que para a sociedade industrial e de
consumo, de modo geral, a juventude e força física são os elementos que compõem
os pré-requisitos para assegurar a sobrevivência, sejam estes espaços o mundo do
trabalho, o contexto comunitário e muitas vezes no próprio contexto familiar,
mostrando o quanto ser idoso na atual sociedade é algo desafiador.
As relações sociais muitas vezes, são vivencias marcadas por
relações conflituosas e tensas, gestadas na forma e na intenção que damos a
determinados significados e valorações que vão definir o comportamento humano e
a sua própria sobrevivência, definindo o perfil do sujeito que deveremos ser e seguir
para termos sucesso. A caminhada humana possui também nuances que se
expressam em ações amorosas e cheias de doações, vínculos, desejos, emoções
que nos fazem pensar na possibilidade de se poder mudar o rumo da caminhada
humana, fazendo romper com as circunstâncias sociais de abandono e de
preconceitos. Dessa maneira, os mais frágeis socialmente e fisicamente vão
sofrendo o abandono social na esteira da vida, permitindo que a humanidade de
modo geral permaneça direcionada no sentido de amadurecer seus valores e
sonhos, suas escolhas, seu modo de ser e hábitos.
O Estatuto do Idoso Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, possui
os seguintes artigos que irão estabelecer as seguintes diretrizes em relação a
garantia dos direitos sociais ao idoso: Art.1º É instituído o estatuto do idoso,
destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior
a 60 (sessenta) anos. Art.2º O idoso goza de todos os direitos fundamentais
inerentes a pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
27

assegurando-se lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e


facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento
moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
Art 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do
Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e convivência familiar e
comunitária.
Ao constatarmos no art.3º, a importância do idoso estar convivendo
com a família e a comunidade, sendo seu direito, evidenciamos enquanto alternativa
a este, a inserção do idoso em grupos de convivência. Será a partir desta garantia
dos direitos dos idosos que iremos estabelecer uma qualidade de vida reafirmando o
que está posto na lei. Acredita-se também que, em cada fase da vida, surgem
conquistas legais que irão estabelecer as condições favoráveis a uma qualidade de
vida na terceira idade, que demandam capacidades criativas para a superação de
limitações que porventura aconteçam, proporcionando um desafio constante.
Acreditamos que é através desta reflexão constante sobre os conceitos
estabelecidos sobre a velhice em sociedade é que novos valores serão construídos
e atribuídos à condição da velhice, resultando em uma nova identidade social.
A Referencia comentada: O Estatuto do Idoso Lei 10.741 – 2003
Este documento legal, revela o esforço da sociedade e do movimento da terceira
idade em dispor de mecanismos legais que venha ao encontro da garantia
minimamente das condições sociais e legais para uma vida digna.

4.1 AS POLÍTICAS PÚBLICAS

É obrigação do estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida, à


saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um
envelhecimento saudável e em condições de dignidade (Artigo 9º, Título II, p. 7).
Cuidar é uma atitude de amor e interesse por outra pessoa. Cuidar
de alguém é geralmente considerado um tributo positivo. Diante de tantas mazelas,
das transformações sociais e o compromisso de responsabilidade de todos na
proteção ao idoso que teve uma vida de trabalho e deve ser respeitado. A
Constituição de 1988 no Artigo 230 diz: A família, a sociedade, o estado tem o dever
28

de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade,


defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhe o direito à vida
(BOSCHETTI, 2004).
As Políticas Sociais, conforme Soares (2001) seria um conjunto dos
princípios e medidas postos em prática por instituições governamentais e outras,
para a solução de certos problemas sociais. Poderemos considerar que elas
representam de forma estratégica um conjunto de ações utilizadas pelo governo
para tentar diminuir as demandas da sociedade em condições de vulnerabilidade
social.
Para SANTOS (1989:35), o autor define política social como sendo:
“(...) o conjunto de atividades ou programas governamentais destinados a remediar
as falhas do laissez-faire”. O autor argumenta que o tema tornou-se lugar comum na
definição de qualquer ação governamental. “Política social é um termo largamente
usado, mas que não se presta a uma definição precisa”. O sentido em que é usado
em qualquer contexto particular é em vasta medida matéria de conveniência ou de
convenção (“...) e nem uma, nem outra, explicará de que trata realmente a matéria”.
A partir das citações dos autores, afirmamos que existem vários caminhos já
percorridos para se definir políticas sociais, necessitando que o Estado e a
sociedade de modo geral cumpram com suas obrigações na materialização das
políticas sociais junto a família carenciada.

4.2 POLÍTICA DE SAÚDE


A saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário as ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação. É bom ressaltar que, saúde é fundamental ao homem, a
orientação ainda é a forma viável de se viver, levando sempre em consideração o
ambiente cultural que se insere. O artigo 2º da LOAS Lei Orgânica da Assistência à
Saúde de 19/09/1990 vem reforçar a responsabilidade de não apenas do estado
mas o papel da família, da sociedade como um todo.
A Política Nacional do Idoso e Estatuto do Idoso em seu artigo reza
ser assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do (SUS)
Sistema Único de Saúde, garantindo-lhe acesso igualitário, universal em conjunto,
articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção.
29

Disseminar informações de direitos constitucionais como "direito a


saúde" no âmbito da seguridade social, proteção e defesa a pessoa idosa em todas
suas necessidades imbuída na Lei 10.741 de 01/10/2003, nos artigos 1º ao 9º, a
responsabilidade do estado, municípios e família de dar condições dignas como
alimentação, moradia, lazer, cidadania e respeito na convivência coletiva (BRASIL,
2003).
30

5. O ASSISTENTE SOCIAL E A ATENÇÃO A POPULAÇÃO


IDOSA

Observa-se que, com o desenvolvimento do capitalismo no Brasil,


advém não somente o crescimento econômico, mas também as contradições
presentes nesse modo de produção, quais sejam, a propagação do capital, que traz
com ela um quadro de fragilização das relações de trabalho. Em contrapartida, a
expansão capitalista favorece a aliança da classe dominante com o Estado,
fortalecendo a primeira e, ao mesmo tempo, enfraquecendo a organização da classe
trabalhadora, especialmente no que se refere as suas lutas e reivindicações.
“É neste contexto, em que se afirma a hegemonia do capital
industrial e financeiro, que emerge, sob novas formas, a chamada ‘questão social’, a
qual se torna da base de justificação desse tipo de profissional especializado [...] É a
manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre proletariado e a
burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, mais além da caridade
e repressão”. (IAMAMOTO; CARVALHO, 1983, p.77)
A partir do processo de renovação do Serviço Social, consolidados
nos anos 80, do século XX, o Serviço Social se assenta em duas perspectivas para
a construção do seu exercício profissional: a perspectiva conservadora, que
referenda a função de controle e legitimação do poder dominante, sob a influência
da igreja, reforçando também a lógica do capital. O campo de atuação do assistente
social é da mudança comportamental, aliada a alterações no meio social; e a
perspectiva crítica, que referenda o projeto societário da classe subalterna, em
articulação com os movimentos sociais que expressam esse projeto societário.
Essa perspectiva valoriza a prática política dos profissionais,
entendendo que esta reforça a possibilidade de construção de um projeto de
sociedade articulado a um projeto profissional. Os assistentes sociais que
compartilham dessa direção entendem que seu papel fundamental é o de contribuir
para o fortalecimento e organização social dessa classe na luta por melhores
condições de vida, lutando também pela garantia dos direitos sociais. Portanto, ao
recorrer ao assistente social, o usuário espera que ele seja capaz de construir uma
resposta profissional que dê conta de sua necessidade, mesmo aquelas de caráter
imediato como a ausência de alimentação, a dificuldade de acessar aos serviços
mais complexos na área de saúde pública, a busca por informação e orientação
31

sobre a vida familiar, o acesso aos direitos sociais. Com o segmento idoso, isso não
difere.
Os idosos recorrem ao assistente social para o atendimento as suas
necessidades, tanto aquelas de caráter imediato, relacionadas ao transporte
adaptado, o acesso á rede de atendimento sócio assistencial, entre outras.
Identificam-se necessidades voltadas á garantia dos direitos sociais
e à organização de grupos, com o objetivo de participar das decisões políticas,
relativas à área do envelhecimento. Isto ocorre quando os idosos participam da vida
pública do município onde vivem, quer seja por meios das ações implementadas via
conselho do idoso, quer seja em outras esferas de decisão: sociedade amigos de
bairro, grupos e centros de convivência, universidades e faculdades abertas à 3º
idade, entre outros.
É indispensável á importância dessas ações para a população idosa,
que tem nelas a oportunidade de ampliação de seu universo cultural e de sua
convivência social e familiar.

5.1 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO

“Lei nº 8.842, dispõe a Política Nacional do Idoso” Esta lei tem como
finalidade proteger e assegurar o direito do idoso como assim afirma o Art.1º “A
política nacional do Idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso,
criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva
na sociedade”. Esta lei é uma resposta diante as reivindicações da sociedade, da
qual fizeram parte, idosos ativos, aposentados, profissionais da área gerontologia,
entre várias entidades representativas deste segmento. (Com a Política Nacional do
Idoso PNI), foi instituído o Conselho nacional do Idoso que é responsável pela
viabilização do convívio, a integração e ocupação do idoso na sociedade, através,
inclusive, da sua participação na formulação das políticas públicas, projetos e planos
destinados à sua faixa etária.
O Estatuto, a sociedade e a família têm o papel fundamental para
proteger este cidadão acima de 60 anos, garantindo-lhe a participação na
comunidade, a dignidade e o direito a vida, dentre esses princípio as políticas
públicas governamentais têm procurado programar modalidades de atendimento aos
idosos, com isso foi criado o Centro de Convivência dos Idosos, sendo um espaço
32

destinado à prática de atividade física, educativa, cultural e social. Este Centro de


Convivência tem o objetivo de estimular a criação de casas-lares, oficina de
trabalho, atendimento domiciliar, de maneira que consiga impedir ou reduzir a
descriminação contra o idoso e garante sua dignidade e seu direito a vida, como
rege a lei 8.842.
Outra medida a ser tomada para vislumbrar um melhor atendimento
ao idoso é diante das casas-lazeres, ou abrigos dos idosos, que deve ser vedada a
permanência de portadores de doença ou deficiência que necessite de assistência
médica nesses lugares.
É fundamental, o engajamento de toda a sociedade, com vistas à
transformação da realidade dos idosos e humanização das relações entre viver e
envelhecer. São cada vez mais estudados e conhecidos os fatores da velhice e nos
permitem entende-lo em sua cumplicidade e magnitude, merecendo ainda maior
atenção daqueles que dedicam suas atividades profissionais em prol da promoção,
proteção e recuperação da saúde do idoso.
Ha necessidade de desmistificar e elaborar novos conceitos acerca
do idoso, ancorados na moderna ciência do envelhecimento para a construção de
condições socioculturais propicia para uma velhice digna e prazerosa, são os novos
desafios que requerem uma maior atuação dos governantes na formulação e
execução de políticas publicas que deem conta desta realidade a fim de favorecer o
efetivo cumprimento das diretrizes estabelecidas no estatuto do idoso.
Cuidar do idoso, em especial daqueles semedependente ou
dependente, é uma tarefa difícil, cansativa, que exige muita dedicação e paciência,
mas pode ser fonte de satisfação e auto realização. O comprometimento com a
qualidade das políticas publica aos cidadãos idosos perpassa a disposição de
equipe multifuncional qualificada para o exercício de função, com capacidade
técnica e política, eficácia no desempenho do seu trabalho tendo como
responsabilidade e adesão aos princípios e valores da democracia.
O fato de ser idoso já representa uma situação de vulnerabilidade e
risco o que remete em demanda para o assistente social, como por exemplo, a
violência contra o idoso, a exclusão preconceito, descriminação permeando o
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. A política nacional do idoso diz
como, por exemplo, nas suas ações governamentais em seu artigo 10° que é
competência da assistência social: prestar serviço e desenvolver ações voltadas
33

para o atendimento das necessidades básica do idoso, mediante a participação das


famílias, da sociedade e de entidades governamentais e não governamentais.
Portanto, deve se desenvolver ações compartilhadas com diversos
parceiros que atendem o idoso, realizando estudos com a intenção de promover a
prevenção bem como o tratamento e sua reabilitação. A habitação deve consolidar
as construções destinadas ao idoso, assim, a diminuição de barreiras arquitetônicas
se faz de grande importância, em vez que, o idoso é um ser que não possui sua
força física integra.
Desta forma ações devem estar direcionadas ao idoso com o
objetivo de evitar qualquer situação de descumprimento da lei e em defesa dela,
constituindo um fator essencial para uma maior efetuação dos direitos dos idosos.
34

6. DIREITO DO IDOSO

O aumento do envelhecimento da população tem imposto novos


desafios à sociedade brasileira, marcando uma considerável mudança de valores
em diversas áreas, sejam elas, econômicas, psicológicas, sociais e legais.
A aprovação do Estatuto do Idoso foi um avanço para o sistema
legal brasileiro. A Constituição Federal de 1988 em seu Capítulo VII, Título VIII
(Ordem Social), nos arts. 229 e 230 versa sobre alguns princípios e direitos
assegurados aos idosos. Os artigos expõem que o filho tem o dever de ajudar e
amparar o pai na velhice, enfermidade ou carência e que é um direito do idoso a
participação na comunidade, a dignidade humana e o bem-estar.
Regras mais específicas foram, então, criadas para regulamentar as
leis infraconstitucionais, sempre seguindo os princípios expostos no texto
constitucional.
Positivar um Direito é sempre proporcionar benefícios à sociedade, é
um avanço, pois se poderá utilizar a nova lei como instrumento para validar
reivindicações. O Estatuto do Idoso apresenta um campo fértil e estimulante para
que a sociedade se mobilize e exija efetivação das Leis em benefício do idoso.

6.1 POLITICAS SOCIAIS E LEGAIS

Conforme Kinoshita (2004), as Políticas Sociais devem estar


voltadas a resgatar a dívida com os excluídos do processo de desenvolvimento. E
comenta que uma política voltada para o idoso é mais do que uma política de
cuidado ou uma política de sistemas de aposentadorias. É política do cuidado tem
de também incluir outros aspectos além do financeiro. A política para o idoso é a
política do estar saudável. O significado de política, na concepção de está
relacionado a tudo o que se refere à cidade e, consequentemente, o que é urbano,
civil, público e até mesmo sociável e social.
Em continuação à analise do autor, a política pública trata da
alocação de recursos para a sociedade. Isto ocorre em um ambiente de disputa por
recursos escassos, que precisam ser rateados pelo governo, para atender as
inúmeras demandas e prioridades postas pela Sociedade.
A partir desse enfoque, entende-se por Política Pública um conjunto
35

de formulações e uma organização de vários programas e serviços que contemplem


ações nas áreas econômicas, sociais, ambientais, culturais etc.
Apesar dos avanços que a Sociedade Civil tem dado por meio das
organizações sociais, no sentido de expressar suas vontades políticas, econômicas
e sociais, pressionando os órgãos públicos para atender às demandas sociais, cabe
ao Estado a regulamentação social das Políticas Públicas (RODRIGUES, 2000).
As Políticas Sociais na área da Gerontologia, na opinião de Silveira,
devem atender às necessidades de uma população com mais de 60 anos de idade.
Elas precisam contemplar projetos e ações na área da seguridade social, tais como
saúde, previdência e assistência social, e em outras áreas como habitação,
educação, trabalho, cultura e lazer (SILVEIRA, 1990).
É somente com a Constituição de 1988 que estas ações são
transformadas em Direito. As Políticas Sociais na área da Gerontologia efetivadas
pelo Estado brasileiro se consolidam em dois momentos distintos: o primeiro
contempla as políticas de Previdência Social; possuem um caráter mais de proteção
social. O segundo tem seu marco inicial com a Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988, trabalhando na perspectiva da seguridade social (BRASIL, 1988).
A referida Constituição permitiu a projeção de duas leis, a saber: a
Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) nº 8.742 de 07.12.1993, tratando o tema
do envelhecimento na ótica do Direito; e a Política Nacional do Idoso (PNI) Lei nº
8.842 de 04.01.1994, discutindo a questão do envelhecimento como um problema
que deve ser abordado por todos os segmentos da sociedade. A conquista expressa
na LOAS representa um marco na história da justiça social e da evolução política
dos reconhecimentos dos direitos sociais e humanos pela primeira vez, o cidadão é
invocado como titular de direitos (SEIFFERT, 2001).
Continuando com o autor, não há como negar que a sociedade
brasileira está ficando idosa, jamais houve tantos indivíduos atingindo a longevidade.
Contudo, a maioria dos idosos brasileiros envelhece mal, por causa da pobreza e da
falta de acesso a aposentadorias dignas e serviços de saúde adequados. Não é
somente importante acrescentar anos a vida, mas também acrescentar vida aos
anos. Isso pode ser assegurado com a execução, na prática, dos direitos sociais dos
idosos, previstos nas leis e estatuto outrora mencionados. Assim, o Brasil poderá
garantir um envelhecimento saudável para a população idosa, sobretudo para o
idoso frágil que tem igual direito de gozar uma velhice digna.
36

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 dispõe alguns itens


sobre o idoso e seus direitos:
Artigo 194º - A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de
iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Artigo 201 - § 4º - É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar- lhes,
em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.
Artigo 203º - A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Artigo 229º - Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os
filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade.
Artigo 230º - A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas
idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e
bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
§ 1º - Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em
seus lares.
§ 2º - Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos
transportes coletivos urbanos (BRASIL, 1988).
Kinoshita (2004) declara que a legislação posteriormente estipulou leis e
decretos, criados para se fazer cumprir Constituição.
• Lei nº. 8.112 de 11.12.1990: Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civil da
União das autarquias e das Fundações Públicas Federais.
• Lei nº. 8.212 de 24.07.1991: Organização da Seguridade Social e Plano de
Custeio.
• Lei nº. 8.213 de 24.07. 1991: Planos de Benefícios da Previdência Social.
• Lei nº. 8.742 de 07.12.1993: Organização da Assistência Social (LOAS)
• Lei nº. 8.842 de 04.01.1994: Política Nacional do Idoso cria o Conselho
Nacional do idoso.
Os programas de assistência ao idoso devem elaborar critérios que garantam
o acesso do idoso à moradia popular; desenvolver condições habitacionais
adaptadas às condições de acesso e locomoção, que podem ser limitadas pela
37

idade; e diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas.


Para possibilitar ao idoso a participação em eventos culturais, os preços de
ingressos devem ser reduzidos em todo o território nacional; devem ser estimulados
a desenvolver atividades culturais e de lazer; a transmissão de suas habilidades e
informações ao público jovem deve ser incentivada, como forma de preservar e
continuar a identidade cultural (PAGLIARUSSI, 2012).
Por fim, é assegurado ao idoso o direito de dispor de seus bens, pensões e
benefícios, exceto em casos de incapacidade judicialmente comprovada. É dever de
todo cidadão denunciar qualquer maltrato negligência ou desrespeito infligido ao
idoso.
A Lei é enfática na questão da divulgação de informações a comunidade
sobre os diversos aspectos do envelhecimento, não direcionada apenas à população
idosa, mas para que as gerações mais jovens se preparem para etapas futuras a fim
de que o esclarecimento substitua o preconceito no convívio da sociedade com o
idoso (PAGLIARUSSI, 2012).
38

7. O FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS FAMILIARES

A família tem grande importância na vida do idoso, pois é nela que


ocorrem as relações de afeto e cumplicidade entre as gerações. Apesar dos conflitos
que possam existir nas famílias, é nela que os idosos se sentem à vontade, com
privacidade e intimidade para falar de seus medos, desejos, sonhos, enfim, para
compartilhar com seus familiares sua visão do mundo.
A interação entre a família e o idoso, pode colaborar em reações
favoráveis, principalmente em caso de doenças, podendo absorver de forma positiva
as mudanças impostas no caso de essas doenças serem crônicas, diminuindo assim
seus efeitos deletérios. Nessas circunstancias, os familiares passam a colaborar
com o idoso doente, para assim enfrentarem as mudanças que ocorreram em suas
vidas, ou seja, o enfrentamento de suas limitações advindas do seu estado de
saúde. Mas, podem também haver uma resposta inadequada, quando ninguém quer
ou não pode acompanhar o idoso em suas atividades diárias, ou ate mesmo em
hospital, ou quando os filhos jogam um para o outro essa responsabilidade ou
mesmo quando só um filho assume a responsabilidade, isso pode gera uma
confusão de papeis, atritos, e sentimento de isolamento por parte do idoso. O
membro da família que for responsável pelo idoso deve ser orientado sobre seu
papel na função de cuidador, suas responsabilidades e compromissos, para quando
for necessário, saber reproduzi-los, de forma adequada, nos seus lares, quando
estiver cuidando de seu idoso
Segundo Karsch (2003, p. 21) existem quatro fatores que influenciam
na escolha do cuidador do idoso: “o parentesco com o idoso; o gênero do cuidador
(na maioria das vezes mulheres); a distância entre o idoso e o cuidador (quanto mais
próximo maior a possibilidade de cuidar bem); a proximidade afetiva (pais e filhos,
por exemplo)”.
No caso da pessoa idosa, o “Cuidador” geralmente é um papel
assumido pelas mulheres, esse papel é visto como natural, pois está socialmente
inscrito no papel de mãe. Cuidar dos familiares idosos, portanto, é mais um dos
papeis que a mulher assume na esfera domestica. Muitas das vezes os familiares
recebem ajuda da comunidade, de igrejas, e organizações de voluntários que
contribuem para o desempenho desse papel, que na verdade é uma obrigação da
família. Cuidados por parte das famílias, amigos e vizinhos são fundamentos de
39

qualquer rede de cuidados comunitários para idosos.


Uma boa porção de idosos relaciona-se com igrejas e organizações de
voluntários, e em caso de doença recebem sua atenção. Entretanto, a presença
sistemática desses recursos de apoio dificilmente aparece nos levantamentos
domiciliares das ajudas praticadas e pessoais fornecidas a idosos. Para a prática da
assistência cotidiana, os idosos precisam mesmo de suas famílias, eventualmente
de seus vizinhos, e, para terem algum apoio, as cuidadores familiares quando
possível, se utilizam de serviços e ajudantes particulares geralmente pagos.
(KARSCH, 2003, p. 108).
A família como única provedora de cuidados de seus idosos
dependentes é um pressuposto da sociedade brasileira. Família esta que apresenta
necessidades materiais que incluem recursos financeiros, questões de transportes,
moradia e acesso a serviços de saúde com qualidade; necessidades emocionais, ou
seja, uma rede de cuidados que liguem a família aos serviços de apoio que
garantam a qualidade de vida para o cuidador e, mesmo, necessidades de
informação sobre como realizar os cuidados e adaptação do ambiente de convívio
da pessoa idosa. Ao apresentarmos a família como única provedora de seus idosos,
não estamos com isso reforçando as politicas focalistas e privatista nos moldes
sugeridos pelo ideário neoliberal, que buscam retirar do Estado à responsabilidade
de prover politicas publicas que garantem assistência à população idosa, ao
contrario entendemos que o Estado deve promover politicas para assistir as famílias,
para que elas tenham condições de permanecer com seus idosos em casa.
Embora o cuidado familiar seja um aspecto importante, ele não esta
presente para todos os idosos. Existem idosos que não tem família. Há outros cujas
famílias são muitos pobres e seus familiares precisam trabalhar e não podem parar
para cuidar deles. Há também, aqueles idosos que residem só, o que tem sido um
indicador de risco de mortalidade e decréscimo na qualidade de vida. A inexistência
de um familiar ou a falta de estrutura deste para cuidar do idoso constitui um dos
principais fatores para institucionalização dos idosos.
A importância da família na vida do idoso é fundamental para o
estreitamento dos laços familiares, fortalecendo o sentimento de pertencimento e
acolhimento dado pela família. Quando os idosos não estão juntos de seus
familiares, eles se sentem esquecidos, abandonados, isolados, sem perspectiva e
esperança para continuar a viver, sendo motivo de tristeza e depressão. A
40

construção e a manutenção do vinculo afetivo são consideradas elementos


importantes para se entender a motivação de abandono por parte das famílias em
relação ao seu idoso. Mesmo quando não ocorreu ao longo da vida a construção do
vinculo familiar, o que se deve esperar da família em relação ao idoso e que se
tenha, no mínimo, a compaixão e o respeito nessa fase da vida.
41

8. O SERVIÇO SOCIAL E O FORTALECIMENTO DE VINCULOS

O Serviço Social é uma profissão de caráter sócio-político, critico e


interventivo, que se utiliza de conhecimento multidisciplinar das Ciências Humanas e
Sociais para analise e intervenção nas diversas refrações da “questão social”, isto é,
no conjunto de desigualdades. É fundamental que o trabalho busque levar as
famílias a se transformarem em sujeito ativo, isto e, sujeitos que consigam fazer
questionamentos a cerca da realidade em que se encontra inserido.
Para tanto, e preciso que os assistentes sociais avaliam sua própria
pratica apropriando-se das possibilidades teóricas – praticas e da dinâmica da
realidade, portanto, (...) articular a profissão e a realidade é um dos maiores
desafios, pois se entende que o serviço social não atua apenas sobre a realidade,
mas atua na realidade. Nesta perspectiva compreende-se que as analises de
conjuntura.
Com o foco privilegiado na questão social, não são apenas o plano de
fundo que emolduram o exercício profissional; ao contrario, são partes construtivas
da configuração do trabalho do serviço social, devendo ser apreendidas como tais.
O esforço esta (...) em romper qualquer relação de exterioridade entre profissão e
realidade atribuindo-lhe a centralidade que deve ter no exercício profissional (...).
(IAMAMOTO, 2003, p. 55)
Diante de tais complexidades das questões sociais, a atuação
profissional do assistente social defronta-se com situações cotidianas múltiplas e
diversificadas, de acordo com o aspecto de trabalho ao qual o profissional esta
inserido. Um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente, é
desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de
trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas
emergentes no cotidiano. (IAMAMOTO, 2006, p. 46)
Diante dessa realidade, surgem indagações sobre: como o Serviço
Social pode contribuir para que haja a reconstrução de vínculos familiares dos
idosos, visto que não é possível através de mecanismos jurídicos obrigarem um filho
a demostrar afeição pelos pais idosos? Enfim, como a prática profissional do
assistente social pode contribuir na efetivação dos direitos dos idosos. O
atendimento aos idosos sempre teve relevância, o seu caráter caritativo e
assistencialista de proteção aos idosos fragilizados (por questões socioeconômicas
42

e/ou abandono de familiares) e esse atendimento sofre modificações no decorrer da


historia.
A prática profissional do Serviço Social deve garantir a plena
informação e discussão sobre as possibilidades e consequências das situações
apresentadas aos usuários, levando-os a refletir sobre sua importância na vida do
idoso, respeitando democraticamente as decisões dos usuários. A categoria é
comprometida com os interesses de seus usuários e desenvolvem ações de cunho
socioeducativo, tais como: ações que visam promover mudanças nos valores e
modo de vida dos seus usuários, através da informação, reflexão e da relação, e
dessa forma “desempenhar um papel fundamental buscando promover o
fortalecimento dos vínculos afetivos, sociais e emocionais entre a família e o idoso
através de uma pratica competente” miotto (2002 p. 27). Ser um profissional
competente e Ético é o alicerce de atuação de um profissional qualificado para
exercer sua prática.
O conceito de competência consiste em: Uma construção do sujeito
que trabalha, numa relação direta com contexto do qual está inserido e nas relações
de poder que ai estão postas, fica claro que não é somente necessário a
qualificação adquirida na formação (teórica, metodológica e técnica), mas algo que
está para além, talvez ligado as capacidades múltiplas que emergem de uma
situação particular de trabalho. (SOUZA E AZEREDO, 2004, p. 10).
Assim, o Serviço Social na prática de intervenção busca trabalhar no
corpo das possibilidades de seu espaço, num campo de investigação, propostas e
criatividades, para enfrentar as questões emergentes da sua área de atuação não se
limitando apenas aos saberes adquiridos na formação. Ao desenvolver sua pratica
com entrevista, reuniões, visitas domiciliares, o assistente social aperfeiçoa sua
intervenção, com a finalidade de buscar mudanças nesta realidade.
Diante do nosso espaço de atuação cotidiana devemos ter duas
posturas diferenciadas. A primeira diz respeito à necessidade de dizer não ao senso
comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos cotidianos que nos cercam: a
segunda diz respeito à capacidade de interrogar sobre o que são as coisas, os fatos,
etc., mas também os porquês. Essas duas posturas constituem o que poderíamos
chamar de atitude critica frente à realidade de trabalho. (SOUZA E AZEREDO, 2004,
p. 55).
O Serviço Social com uma prática profissional competente pode
43

possibilitar modificações no curso de vida da família, contribuindo para a melhora


cognitiva do idoso, desenvolvendo o respeito e, consequentemente, a reconstrução
dos vínculos familiares.
No entanto, sabemos que esse desafio é uma tarefa árdua devido às
tensões e conflitos presentes no contexto das famílias, levando o profissional do
Serviço Social a criar alternativas para trabalhar nessa realidade, em busca de uma
solução eficaz. Isso só é capaz através de um saber teórico, critico e do
conhecimento da realidade das famílias, trabalhando na perspectiva de ampliação e
consolidação da cidadania para uma possível mudança da realidade.
Em relação à prática profissional do Serviço Social, em caso de
abandono do idoso, descumprimento dos direitos dos mesmos, falta de atenção e
afeto, um caminho do Serviço Social para a reconstrução dos vínculos familiares
seria promover encontros individuais com cada família do usuário, para
compreender a problemática da vida familiar desses usuários, sua historia, seus
conflitos e seus questionamentos. Após a compreensão desse momento de escuta,
o assistente social desenvolveria uma ação reflexiva, informando sobre as
transformações no cotidiano do idoso ao ser abandonado.
[...] Assim sendo, á pratica profissional tem caráter essencialmente
político: surge das próprias relações de poder presentes na sociedade. Esse caráter
não deriva de uma intenção do Assistente Social, não deriva exclusivamente da
atuação individual do profissional ou do seu “compromisso”. Ele se configura na
medida em que sua atuação é polarizada por estratégia de classes voltadas para o
conjunto da sociedade que se corporificam através do Estado, de outros organismos
da sociedade civil, e expressam nas políticas sociais publicas e privadas e nos
organismos institucionais nos quais trabalhamos como Assistentes Sociais.
(IAMAMOTO, 1992, p.122)
Assim o Serviço Social e a família do idoso iriam tentar solucionar essa
ausência juntos, respeitando a opinião e escolhas democraticamente, fazendo com
que esse momento de escuta, reflexão e discussão, proporcione a melhor alternativa
de um comprometimento com o idoso, promovendo o sentimento de pertencimento
do idoso e o estreitamento dos laços, afetos, e/ou respeito por parte da família.
Compete ao Assistente Social desenvolver uma ação educativa junto
às diversas categorias geradas na dinâmica da estrutura de classe presente na
nossa sociedade. Devemos entender que a ação educativa se fundamenta numa
44

ação reflexiva junto à população, de modo a estimular a participação, que consiste


num” (...) processo de criação do homem ao pensar e agir sobre os desafios sociais,
nos quais ele próprio está situado (...)” (Souza, 1987, p. 81).
Não podemos desconsiderar um fato primordial que ainda não
despertamos plenamente para a noção de nos organizarmos democraticamente em
defesa dos nossos direitos. De modo geral, temos em mente que compete ao
Estado à tarefa de nos garantir e defender.
Os assistentes sociais buscam contribuir para a reconstrução de uma
nova sociedade, articulando sua prática profissional aos interesses, anseios e
necessidades dos usuários de seus serviços. Mas uma prática direcionada para a
criação de relação solidaria, horizontais, democrática, que não se encontra
concluída. É resultante das relações sociais estabelecidas entre os diferentes
sujeitos; uma relação que tem como principio fundamental a aceitação e o respeito
às diferenças existentes. Essas diferenças estão visíveis no dia-a-dia de cada
cidadão, sendo idosos ou não, assim o profissional de serviço social desenvolvera
ação para uma intervenção dentro das possibilidades cabíveis, para uma melhor
efetivação dos direitos dos seus usuários.
Torna-se premente a tomada de consciência que se resume num
instrumento de defesa na luta travada contra a efetivação dos direitos do idoso, pois
todos deveriam ter acesso a esses direitos. Para assim perceberem que estão
excluídos de tais direitos percebam essa exclusão. E assim juntamente com os
profissionais de serviço social lutar na efetivação desses direitos que lhes são
garantidos por um estatuto.
Os assistentes sociais que buscam contribuir para a construção de
uma nova sociedade, deverão articular sua prática profissional aos interesses,
anseios e necessidades dos usuários de seus serviços. Assim sabe-se que compete
ao profissional de serviço social, a responsabilidade e o dever de transmitir para os
movimentos sociais instituições publicas e privadas as informações inacessíveis,
pois trabalhar no campo da informação pode ser um ponto de partida no
enfrentamento da realidade.
Assumir uma prática que busque uma contribuição na efetivação dos
direitos dos idosos, usuários do serviço social como sujeitos políticos coletivos,
portadores de um projeto de classe, superando os desafios para um desempenho
resguardado na ética profissional e uma questão de conhecimento teórico/pratico.
45

Devemos destacar também a dimensão educativa da prática profissional articulada à


prestação de serviços, bem como a visão da instituição enquanto espaço de luta;
assim como a reciclagem dos conhecimentos técnicos na perspectiva de uma práxis
organizada e elaborada de transformação.
Enfatizamos também, a ampliação de campo de trabalho para o
profissional de serviço social, entre eles a terceira idade, pois a temática abre
caminho para novos estudos, novos conhecimentos e novas concepções acerca da
velhice, trazendo assim um novo e sensível olhar de profissionais que entrarão na
luta pelo cumprimento e respeito dos direitos dessa população idosa.
46

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante desta pesquisa bibliográfica podemos concluir que, diante de


tantas indefinições, qualidade de vida é uma questão de educação. Buscar um
equilíbrio social é saber lidar com as situações tendo controle sobre a própria vida.
O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo no qual, há
modificações morfológicas, biológicas, psicológicas, que determinam perda
progressiva da capacidade de adaptação do indivíduo, ao meio ambiente
(PAPALÉO, 2002).
Envelhecer é a perda da capacidade de adaptação, só que ainda
não se tem uma causa definida de como se ocorre à velhice, porque acontecem as
mudanças físicas e biológicas (LEME, 2008). Não se pode colocar em dúvida o peso
dessa afirmação de Leme, essa perca de capacidade é tudo que se relaciona as
modificações biológicas e físicas, como alteração do corpo, flacidez muscular,
cabelos brancos, perca da elasticidade da pele. Se os seres humanos, ao longo de
toda a existência para a espécie, respeitassem sua própria capacidade orgânica e
mantivessem condições ambientais e um estilo de vida compatível com a
preservação da capacidade orgânica, provavelmente atingiria a idade de 120 anos
ou mais, dependendo do seu relógio biológico (NETO, 1998).
Os reflexos que adquirimos ao longo dos anos e as condutas do
cotidiano social, da riqueza natural, das diversidades, da emergente conscientização
do futuro do planeta que depende de cada um de nós.
A vida é muito distinta, não como se apresenta, alguns são velhos
com trinta, outros jovens com sessenta anos. Não é a idade cronológica que torna
uma pessoa idosa e sim a sua forma de viver.
As profissões não podem ser tomadas apenas como resultados dos
processos sociais macroscópicos devem também ser tratados cada um como corpos
teóricos e práticos que, condensando projetos sociais, articulam respostas aos
mesmos processos sociais.
O assistente social precisa promover na prática das políticas sociais,
articulando a busca de uma profissão que faça valer a integridade do idoso,
assegurando a universidade aos bens e serviços com compromisso ético-político
expressos no código de ética da profissão. Tem-se observado que as intervenções
perpassem as mazelas, as exclusões, desrespeitos e, muitas das vezes pela
47

escassez de recursos cabíveis que são desviados gerando ainda mais a pobreza
pelo descaso aos menos favorecidos.
De acordo o LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social), lei nº 8.742
de 07/12/1993 a política de assistência social mostra a organização, os princípios
que rege seu cumprimento, ou seja, é dever do estado e direito do cidadão (BRASIL,
2003). Trabalhar com o idoso, como assistente social é muito interessante. Os
idosos são pessoas carinhosas e gentis. Ele necessita-se sentir útil, amado e sentir-
se bem. O assistente social deve fazer valer as leis estatutárias, as quais deixam
muito a desejar.
Entretanto, deve-se reivindicar dos governantes locais melhor
qualidade de vida, realizando ações que possam envolver os idosos, tais como
academia, clubes, locais seguros para que eles possam fazer caminhadas e
desenvolver atividades socioculturais. A atuação do assistente social depende,
fundamentalmente, de uma estratégia da parceria com a comunidade local e
instituições de proteção aos direitos dos idosos.
É importante destacar o papel do profissional de assistência social
como um profissional preparado para atuar nas políticas públicas de amparo a
pessoa idosa, visando a garantir seus direitos, no cumprimento das Leis
estabelecidas no Estatuto do Idoso e demais leis de amparo ao idoso. Os
assistentes sociais têm intensificado suas ações em busca de conscientizar a todos
quanto à importância do idoso para a sociedade e colocar em prática todo esse
aparato legislativo.
Criar leis, estatutos e instituições sem oferecer ao idoso uma vida
digna como cidadão é o mesmo que não fazer nada. Faz-se necessária uma
intervenção segura quando preciso, na busca de melhor qualidade de vida para o
idoso.
Ao assistente social está incumbida a responsabilidade de detectar
ameaças contra o idoso e sempre que necessário, fazer valer todos os direitos e
deveres em relação ao idoso, assegurando seu bem-estar social e qualidade de
vida. O profissional de serviço social está capacitado a cuidar, promover seu bem-
estar, incentivar a cultura e a educação, cuidar da saúde.
Ao analisarmos o histórico de vida dos idosos, descobrimos a
importância da família nesse momento de mudanças e transformações. Diante
dessa realidade, cabe ao Assistente Social em sua prática profissional cumprir o
48

desafio de esclarecer as famílias a sua importância na vida do idoso em situações


de dependência, possibilitando o desenvolvimento, respeito e afeto dos mesmos
nessa fase da vida, promovendo o bem-estar do idoso.
O Serviço Social tem como princípio pautado em seu projeto ético
político profissional o compromisso com a consolidação da cidadania aquela que
visa além da “cidadania burguesa liberal”, uma cidadania com vistas à garantia dos
direitos civis, sociais e políticos dos idosos. Tendo como um de seu princípio o
comprometimento na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando
assim o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados
e à discussão das diferenças, para a compreensão do idoso como parte integrante e
importante da sociedade.
O Assistente Social deve agir além do discurso, e atuar com a
prática, pregando a cidadania através de seus projetos e programas sociais, de
forma que a verdadeira cidadania seja visada primordialmente pelos usuários.
Importante destacar a necessidade da articulação das demais
políticas, para que junto com a assistência social a Política Nacional do Idoso e as
demais legislações relacionadas a essa demanda sejam verdadeiramente efetivadas
na sua integralidade.
Ao profissional do Serviço Social se requer comprometimento ético
com valores de justiça social, pluralismo, democracia, equidade e mais do que
nunca respeito a diversidade humana. Neste sentindo a intervenção do Assistente
Social não deve ser pautada por escolha de faixas etárias, mas pelo
comprometimento com sujeitos que devem ter seus direitos respeitados.
Cada idoso e, consequentemente, determinadas regiões, processam
o envelhecimento de forma distinta, conforme fatores biológicos e culturais,
constituindo um desafio individual e estrutural para a efetivação de políticas que se
caracterizem, conforme as necessidades de atendimento local, pela igualdade.
Com a elevação da expectativa média de vida, que tem ocorrido nos
últimos anos em diversos países, inclusive no Brasil, o contingente das pessoas
idosas tem aumentado consideravelmente. Dessa forma, há necessidade de maior
atenção da sociedade para com os idosos, para intensificar seu direito de participar
de forma condigna da vida social. Os problemas por que passam as pessoas idosas
têm um ponto em comum com todas as pessoas socialmente marginalizadas, que
sofrem algum tipo de restrição ou de discriminação. Em vista de limitações físicas ou
49

mentais, não são raros os casos em que são abandonadas pela própria família ou
esquecidas em Lares de Longa Permanência.
Não é recente a preocupação com as pessoas de idade mais
avançada. As pessoas idosas têm direito a que suas necessidades especiais sejam
levadas em consideração em todos os estágios de planejamento econômico e
social. Por isso, a Constituição preocupou-se em evitar discriminações em razão da
idade e, ao mesmo tempo, indicou a necessidade de proteção às pessoas idosas
quando impôs à família, à sociedade e ao Estado o dever de ampará-las,
assegurando-lhes participação na comunidade e defendendo-lhes a dignidade, o
bem-estar e o direito à vida.
Todos os seres humanos necessitam de um mínimo de segurança,
assim como são necessários os vínculos afetivos que lhe deem uma identidade e
um sentido de pertencimento ao seu meio social. Essa preocupação se realiza e
materializa na ênfase em políticas sociais que valorizem e fortaleçam os vínculos
dos familiares e da sociedade com seus idosos, não em um tipo de família ou
comunidade específica, pois cada vez mais se rompem vínculos sociais, e é
justamente nessa frágil sociedade que o Serviço Social começa a enraizar suas
ações de resgate e emancipação dos sujeitos.
A maioria das medidas que podem ser almejadas na defesa das
pessoas idosas dependem de uma política governamental fundada em sólidos
investimentos. As medidas supõem, sobretudo, fiscalização de seu efetivo
cumprimento. Os Conselhos, Secretarias e Ministério Público devem defender o
expressivo contingente de pessoas idosas conforme preconiza a legislação. É
matéria inserida dentro das atribuições do Ministério Público zelar para que os
Poderes Públicos e os serviços de relevância pública observem os princípios
constitucionais de proteção aos idosos, especialmente nas questões de abrangência
coletiva e até difusa, a justificar não apenas a intervenção, como até mesmo a
iniciativa ministerial.
Fica evidente a responsabilidade primordial dos governos de
promover e prestar serviços básicos facilitando seu acesso deve ser resgatado,
tendo presentes as necessidades específicas dos idosos. Há necessidade de
trabalho com as autoridades locais, sociedade civil, idosos, famílias, comunidade,
bem como associações de idosos para fortalecimento de movimentos em prol das
políticas voltadas a esse segmento social.
50

Ainda há necessidade de maior conhecimento da população acerca


dos direitos, no sentido de que haja uma melhor preparação das famílias, dos
profissionais e da sociedade em geral para lidar com o processo de envelhecimento
da população brasileira, “bem como um reconhecimento dos próprios idosos
enquanto seres autônomos, capazes de desenvolver o exercício pleno dos seus
direitos de cidadania” (KIST, 2008, p. 32).
A atuação do assistente social junto as pessoas idosas deve estar
relacionada ao projeto ético da profissão com uma postura crítica que atua num
movimento de negação ao senso comum, aos julgamentos e preconcepções em
favor de um pensamento investigativo, curioso e que busca meios de compreender a
realidade e os sujeitos envolvidos na ação.
As ações do serviço social devem trabalhar com questões de cunho
educativo e não moralizador, buscando sempre que possível a integração entre as
gerações, para que os mais novos tenham a oportunidade de conhecer e aprender a
respeitar as pessoas idosas, quebrando tabus e estigmas oriundos do termo velhice,
criando laços sociais entre as diferentes gerações e promovendo mudanças
culturais.
A questão do envelhecimento populacional no Brasil é
extremamente relevante, uma vez que o aumento da população exige que as
políticas sociais de atenção à pessoa idosa sejam repensadas, no âmbito da
garantia de direitos e que estas sejam implementadas, objetivando a redução das
desigualdades sociais, contemplando todo ciclo de vida da pessoa para contribuir
não só para que mais indivíduos cheguem a essa etapa da vida, mas que possam
vivê-la de forma digna.
Existem leis que asseguram os direitos da pessoa idosa, mas é
importante também que haja a efetiva mobilização popular, já que a maioria das
pessoas desconhece seus direitos e o Estado deixa muitas lacunas no atendimento
ao cidadão, pois as políticas de promoção e proteção social à pessoa idosa só serão
efetivadas quando governo, sociedade e a família tiverem consciência das suas
responsabilidades perante este segmento populacional.
Também é fundamental o conhecimento por parte dos usuários de
seus direitos, para que possam exigir a prestação de contas por parte dos
governantes, mas em contrapartida também é preciso que o profissional de Serviço
Social continue refletindo e discutindo sobre a sua prática profissional, buscando um
51

projeto ético-político consistente, com ações interventivas que busquem a defesa e


garantia de direitos da pessoa idosa.
Concluímos que o Serviço Social através de sua prática pode
colaborar para que seja garantida e respeitada a dignidade do individuo idoso
perante seus familiares e a sociedade. O profissional de Serviço Social pode
trabalhar para o resgate dos vínculos afetivos, proporcionando um melhor
relacionamento entre as famílias e os idosos. E em caso de necessidade o
Assistente Social poderá encaminhar essas famílias juntamente com o idoso para
algum órgão competente, de acordo com as necessidades apresentadas pelos
usuários, Apoiando-se no Código de Ética profissional.
52

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