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UFES – UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO

SANTO
CCJE – CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E
ECONÔMICAS
BIBLIOTECONOMIA
LUCAS MARTINS IZOTON

A CONCEPÇÃO MATERIALISTA DA HISTÓRIA: O


pensamento de Karl Marx.

VITÓRIA – ES

2013
LUCAS MARTINS IZOTON

A CONCEPÇÃO MATERIALISTA DA HISTÓRIA: O


pensamento de Karl Marx.

Trabalho apresentado ao curso


de Biblioteconomia da
Universidade Federal do
Espírito Santo, para a
obtenção de pontos na média
da disciplina Sociologia Geral,
ministrada pela professora
Antônia Colbari.

VITÓRIA – ES

2013
A Concepção materialista de Marx

A análise da sociedade feita por Karl Marx se centra numa investigação das
principais engrenagens que movem à sociedade capitalista e nas contradições inerentes
a tal contexto. Ele observa a sociedade como fruto dos seus meios de produção, sendo
sua estrutura superficial (ideologias, religiões, cultura) moldada com base nos meios
que tais sociedades têm de produzir seu sustento. A história é fruto das contradições
decorrentes dos meios de produção, e seu movimento depende da existência de seres
humanos vivos. Esta é a condição primária para o movimento da história humana, e
parte fundamental da visão materialista de Marx.
A história, como Marx a percebeu, é fruto da ação humana, passível de
transformação por meio da ação política. Na sociedade capitalista, o sujeito realizador
das transformações políticas é o proletariado, que é a classe sujeita ao domínio da
burguesia.
A participação humana na transformação da história caminha lado a lado com a
análise dos processos de produção nas bases do pensamento sociológico marxista. Os
meios de produção são as formas pelas quais os seres humanos garantem sua
perpetuação enquanto espécie, por meio do atendimento às suas carências elementares.
Karl Marx centra sua análise nos meios que os seres humanos utilizam para produzir o
seu sustento. Marx apregoava que, para se conhecer uma sociedade, basta que se
conheça seus aspectos produtivos.
O ser humano produz o seu sustento pelo processo do trabalho, onde ele
transforma matérias primas em produtos e mercadorias, por meio de sua ação. No ato de
prover-se, o ser humano precisa adquirir domínio sobre as circunstâncias naturais, e
nesse contexto, ele acaba organizando-se socialmente. Com isto, surgem novas
necessidades que, embora não sejam fundamentais para a sobrevivência do indivíduo,
acabam figurando como exigência da nova sociedade que aí se forma. Os estágios de
desenvolvimento das sociedades são medidos com base nos estágios de
desenvolvimento de suas forças produtivas. Estas são as designações dos meios pelos
quais as sociedades garantem o seu sustento, incorporando aqui o grau de evolução
técnico-científica e de controle sobre o ambiente. As relações sociais de produção são as
formas nas quais os indivíduos de uma determinada sociedade se organizam entre si
para garantir o seu sustento em determinada época da história. Esta definição abrange
desde divisão do trabalho até apropriação privada dos bens de produção. A análise da
sociedade capitalista mostra que há a apropriação dos meios de produção pelos
capitalistas, na forma de propriedade privada, e conseqüente subjugação daqueles que
não os possuem, os proletários. Embora haja entre eles uma relação de
interdependência, também existe aí uma relação conflituosa.
Marx teoriza que em toda a sociedade onde houve apropriação dos meios de
produção por uma determinada classe social, houve a formação de sociedades
estratificadas, estando os estratos sociais determinadas pelo grau de acesso dos
indivíduos à propriedade. Marx conclui que a sociedade capitalista, embora erguida
sobre os escombros de outras duas que a precederam, perpetuou alguns de seus
aspectos, colocando-os em novas roupagens e contextos. A desigualdade entre os
indivíduos é o combustível para as contradições entre a riqueza de uns e a pobreza de
outros, a criação de tecnologias para acelerar o trabalho e o esgotamento físico e mental
do homem. Parte da análise da Infra-estrutura e da superestrutura o pensamento
sociológico de Marx.
Entendem-se como infra-estrutura todos os meios de produção do sustento de
uma determinada sociedade e as relações sociais inerentes a tais dinâmicas, e como
superestrutura, o conjunto de crenças, ideologias políticas, códigos morais e jurídicos,
sistemas de ensino, conhecimento científico, entre outros, inerentes à determinada
sociedade em determinado momento histórico. De acordo com a concepção materialista
de Marx, os meios de produção têm como efeitos colaterais os aspectos superestruturais.
Em sociedades onde há a propriedade privada estabelecida, as crenças, os
costumes e as instituições, de acordo com a dialética materialista, adotam uma forma
que propicie a defesa dos privilégios dos detentores da propriedade privada e sua
dominação sobre o proletário. A superestrutura de uma sociedade, em épocas de
alterações nos padrões da produção do sustento de determinadas sociedades, tende a se
alterar violentamente, na medida em que as bases sobre as quais o edifício social se
ampara se alteram e se destroem. Essa ruptura violenta com um determinado padrão de
sociedade, de acordo com Marx, é fruto da luta de classes. Na medida em que, em
sociedades onde houve apropriação privada dos meios de produção e que em tais
sociedades houve o estabelecimento de classes sociais, sempre houve conflitos entre
elas. Tais litígios permearam a história humana em diversos estágios, sendo
protagonizados por patrícios e plebeus, escravos e senhores, aprendizes e mestres,
servos e senhores feudais, sendo velados ou abertos, e terminaram ou no colapso das
classes em luta, ou na subjugação daquela que outrora estava no poder e conseqüente
ascensão da outra que se encontrava dominada, culminando na criação de uma
sociedade totalmente diferente da anterior. Marx teorizava que da luta de classes na
sociedade capitalista, fatalmente o proletariado sairia vencedor, advindo daí a mudança
social. Assim como as sociedades escravista e feudal encontraram seu ocaso, também a
sociedade capitalista encontraria a sua morte, sendo os proletários, de acordo com Marx,
os seus coveiros. Da revolução que se seguiria, nasceria a ditadura do proletariado. Ela
duraria apenas o tempo necessário para dar ao povo a propriedade comunal dos meios
de produção. A partir daí iniciar-se-ia sociedade comunista, uma sociedade igualitária
na qual já não seriam mais necessários os mecanismos de repressão. Marx reconhece,
porém, que a sociedade comunista só se fará possível após uma mudança radical da
consciência humana.
REFERÊNCIAS

MONTEIRO DE OLIVEIRA, Márcia G.; QUINTANEIRO, Tânia;


OLIVEIRA BARBOSA, Maria Lígia, Um Toque de Clássicos: Marx,
Durkheim, Weber, Editora UFMG, Belo Horizonte, 2003.

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