Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes - SEHLA/G
Departamento de História - DEHIS/G
Nome: João Caleber Batista Martins
Disciplina: Teoria da História II Professora: Beatriz Olinto Atividade: Disserte sobre o texto A ideologia Alemã de Karl Marx e Friedrich Engels.
Sendo um texto fundamental para compreender o pensamento marxiano, A ideologia
Alemã reúne dissertações sobre o idealismo e a realidade material a fim de teorizar sobre a História e as diferentes interações entre as forças produtivas dos homens e a produção da vida material. A obra deixa mais evidente o materialismo histórico dialético pensado por Karl Marx e Friedrich Engels à medida que se constrói críticas ao idealismo desenvolvidos pelos jovens hegelianos como o pensamento materialista de Feuerbach. Sobre Feuerbach, a crítica ao seu materialismo se dá pois, para Marx e Engels, ele mantém a condição abstrata da consciência humana. Para Marx, a dialética aconteceria no plano material, sendo na vida material que se originam as ideias que partiriam da infraestrutura. A consciência humana não seria um mero produto da abstração, tendo em vista a reflexão das ideias a partir da realidade material. Essa crítica será ampliada aos demais discípulos tardios de Hegel que aceitaram a crença de que o mundo real é produto do mundo ideal. Dessa forma, cabe discorrer alguns pontos importantes desta obra, como a teorização da História partindo do materialismo e o estabelecimento das ideologias a partir do pensamento dominante, a fim de dissertar um pouco sobre o pensamento marxiano. Nesse sentido, trazendo uma teoria da História, Marx e Engels entendem que a História humana se move na medida em que os homens buscam produzir condições para a sua sobrevivência. Para sobreviver na natureza o homem precisa transformá-la, interferindo no meio e usando de sua força produtiva para produzir sobrevivência. Entretanto, para dominar a natureza as forças produtivas individuais precisam passar por uma relação de produção mais ampla, dado que individualmente elas possuem pouco potencial transformador. A transformação, no pensamento marxiano, expõe a libertação do homem das condições impostas na natureza, sendo a libertação um ato histórico de transformação material da vida. Com isso, para produzir transformação que gera a sobrevivência humana é necessário a soma das forças produtivas (individuais) às relações de produção (integração das forças produtivas individuais) resultando no que Marx intitula de modo de produção, que seria a forma na qual essas relações integrariam essas forças produtivas. A História, então, partiria dessas relações sociais que produziram a materialidade da vida. Compreendido o estabelecimento da História humana a partir das relações sociais entre os homens, Marx e Engels entendem que o motor dela seria a dialética entre os modos de produção. Cada momento da realidade humana condicionou um modo de produção que, no curso das mudanças econômicas e sociais (infraestrutura), foi suplantado por outro derivado de alguns aspectos de seu funcionamento. No caso do modo de produção capitalista, este deriva-se dos comerciantes burgueses que habitavam em torno dos feudos no medievo. A sua afirmação como modo de produção se dará com as mudanças observadas na baixa Idade Média, marcando-se definitivamente com a Revolução Industrial na Inglaterra. No modo de produção capitalista os meios de produção passam a ser controlados pela burguesia, onde o proletariado vende a sua força produtiva em troca de um salário. Não só os meios de produção passam a ser privados, mas também, outros meios de sobrevivência passam a ser propriedade da burguesia. Assim, o capital passa a coordenar as relações de produção, onde o indivíduo, agora, vende sua força produtiva e perde a capacidade de controlar todas as etapas de produção, ficando alienado do processo de produção e exposto a mais-valia. Dado a materialidade da História e o controle do modo de produção pelos burgueses, Marx e Engels compreendem que se a infraestrutura da vida material passa a ser dominada por uma classe, as ideias também passam a ser definidas partindo da ideologia dessa classe dominante. Dessa forma, a ideologia dominante ao assumir o processo de produção acaba, segundo Marx, dominando o Estado. A ideologia dominante cria uma falsa realidade, estabelecendo as suas ideias como verdade para os dominados que se alienam de sua própria consciência. Consequentemente, na reflexão dos autores, a ideologia estabelecida, ao alienar, impõe interpretações da realidade definindo, de alguma forma, o sentido de vida dos dominados que veem na produção e no trabalho a sua finalidade. O proletariado viveria na ilusão da realidade estabelecida pela ideologia burguesa tanto no modo de produção quanto na vida prática. Todavia, como materialismo histórico é dialético, a própria classe dominada (os proletários) acabaria por superar o modo de produção capitalista em busca da liberdade de acabar com a exploração gerada pela alienação e mais-valia. Sendo a libertação um ato histórico de transformação, para Marx e Engels, o modo de produção capitalista será substituído pelo comunismo, onde uma nova sociedade será formada a partir de uma revolução geral que acabará com a divisão de classes sociais. Portanto, a História para Marx e Engels teria um sentido, passando por etapas de produção, e um fim, o comunismo.