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FICHAMENTO DE CITAÇÃO
"Uma concepção mais ampla e atual parte que os materiais didáticos são
mediadores do processo de aquisição de conhecimento, bem como facilitadores
da apreensão de conceitos, do domínio de informações e de uma linguagem
específica da área de cada disciplina - no nosso caso, da História"(p. 296).
"A produção dessa literatura didática [livros didáticos] tem sido objeto de
preocupações especiais de autoridades governamentais, e os livros escolares
sempre foram avaliados segundo critérios específicos ao longo da história da
educação"(p. 299-300).
"A familiaridade com o uso do livro didático faz que seja fácil identificá-lo e
estabelecer distinções entre ele e os demais livros. Entretanto, trata-se de objeto
cultural de difícil definição, por ser obra bastante complexa, que se caracteriza
pela interferência de vários sujeitos em sua produção, circulação e consumo.
Possui ou pode assumir funções diferentes, dependendo das condições, do lugar
e do momento em que é produzido e utilizado nas diferentes situações escolares.
É um objeto de 'múltiplas facetas', e para sua elaboração e uso existem muitas
interferências"(p. 301).
"No Brasil, também os livros didáticos de História têm sido os mais investigados
pelos pesquisadores, e foram igualmente muito comuns análises dos conteúdos
escolares em uma perspectiva ideológica. Aos poucos, as abordagens ideológicas
foram sendo acrescidas de outros aspectos referentes aos conteúdos, como
defasagens ou clivagem entre a produção acadêmica e a escolar ou ausências ou
estereótipos de grupos étnicos ou minoritários da sociedade brasileira"(p. 304).
"As funções atuais do livro didático são: avaliar a aquisição dos saberes e
competências; oferecer uma documentação completa proveniente de suportes
diferentes; facilitar aos alunos a apropriação de certos métodos que possam ser
usados em outras situações e em outros contextos"(p. 307).
"As obras resultante desse processo [de alterações nos livros destinados às
primeiras e quartas séries do ensino fundamental] revelam maior cuidado no
tratamento dos conceitos básicos da área, como os de tempo e espaço, e
incluem temas ligados ao multiculturalismo, havendo mesmo aquelas
especialmente produzidas para a história local, algumas das quais apresentadas
sob o formato de paradidático. Observa-se também nessa produção mais recente
maior preocupação quanto às atividades a seu realizadas pelos alunos,
destacando-se uma variedade de exercícios lúdicos"(p. 308-309).
"Os livros didáticos, ao longo dos séculos XIX e XX, foram organizados de
maneira que tivessem uma seqüência linear, segundo a lógica cartesiana que
conformava a estrutura da obra a capítulos, compostos de exercícios, perguntas,
resumos e quadro cronológico que seguiam as 'lições' "(p. 309).
"O livro, como mercadoria, obedece a critérios de vendagem, e por essa razão
as editoras criam mecanismos de sedução junto aos professores. Oferecem-lhes
cursos, criam materiais anexos que acompanham as obras e esmeram-se em
apresentar o livro como um produto 'novo', seguidor das últimas inovações
pedagógicas ou das propostas curriculares mais atuais"(p. 312).
"Um problema considerado como dos mais graves em relação ao livro didático é a
forma pela qual apresenta os conteúdos históricos. O conhecimento produzido
por ele é categórico, característica perceptível pelo discurso unitário e simplificado
que reproduz, sem possibilidade de ser contestado, como afirmam vários de seus
críticos"(p. 313).
"O livro didático procura universalizar leitores distintos e estabelecer uma 'cadeia
de transferências' do conhecimento histórico sem divergências"(p. 314).
"A escrita de um texto didático requer cuidados, por se tratar de uma produção de
adultos destinada a um público de outra faixa etária e outra geração. A
terminologia empregada não pode ser complexa, mas requer precisão nas
informações e nos conceitos. Da mesma forma, as explicações não podem ser
extensas, devendo ser simples sem simplificar"(p. 314).
"A análise do discurso veiculado pelo livro didático é indissociável da análise dos
conteúdos e tendências historiográficas de que é portador"(p. 314-315).
"Embora não se possa negar e omitir o papel dos valores e da ideologia nas obras
didáticas, as conclusões de leitura desse material têm apontado para a
importância das representações sociais na apreensão do seu conteúdo e método.
A recepção feita pelos usuários é variada, até porque o público escolar não é
constituído por um grupo social homogêneo"(p. 317).
"O livro didático pode ser o único material a que professores e alunos recorrem no
cotidiano escolar ou pode ser apenas uma obra de consulta eventual. Mas é
importante destacar que a distinção essencial entre essa prática de leitura e as
outras reside na interferência constante do professor e sua mediação entre o
aluno e o livro didático. O professor escolhe-o, seleciona os capítulos ou partes do
capítulo que devem ser lidos e dá orientações aos alunos sobre como devem ser
lidos"(p. 317).
"Esse material oferece condições para o aluno ter maior domínio sobre a leitura e
a escrita e ampliar seu conhecimento sobre vários assuntos e temas, mas,
paradoxalmente, limita esse domínio, ao direcionar a leitura para determinadas
formas de ler e utilizar as informações apreendidas"(p. 317-318).
"O aluno estuda no livro didático para as avaliações, para cumprir determinada
tarefa que o professor ordenou, para fazer uma pesquisa escolar, mas dificilmente
recorre a ele para uma leitura livre, para adquirir espontaneamente
conhecimentos"(p. 318).
"Uma proposta para um uso diferenciado do livro didático deve, então, começar
pelo princípio básico de leitura de uma obra. É importante fazer uma
apresentação do livro para os alunos em sua integralidade, pedindo-lhes que
elaborem uma ficha bibliográfica da obra, com nome do autor, título, editor, local
de edição, etc"(p. 320).
"Refletem igualmente o fato de o livro didático pode ser usado como material de
pesquisa, como referencial para busca de informações, além de poder ser
constantemente usado em outras pesquisas, em outros momentos do processo
de escolarização"(p. 320).