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A cultura escolar como objeto histórico

Dominique Julia

A cultura escolar é descrita como um conjunto de normas que definem


conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e em conjunto de práticas que
permitem a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses
comportamentos; normas e práticas coordenadas a finalidades que podem
variar segundo épocas (finalidades religiosas, sociopolíticas ou simplesmente
de socialização). (JULIA, p.9)

Objetivo do texto: Discutir a cultura escolar como objeto histórico.


Recorte temporal: Século XVI ao XIX.
Justificativa para o recorte temporal (Modernidade – Contemporaneidade):
 Houve, no século XVI, a estruturação de um espaço escolar físico até então
inexistente para o que hoje chamamos de ensino secundário.
 Mesas; cadeiras; edifícios.
 Esta estrutura só existia, desde o século XV, para as universidades.
 “O período moderno e contemporâneo vê instaurar-se a mudança decisiva dos
cursos em classes separadas; cada uma delas marca uma progressão de nível”.
Influência de Comenius?
 “É a partir do século XVI que nascem os corpos profissionais que se
especializaram na educação: eles podiam tomar a forma de corporações ou de
congregações religiosas” (p.14). Retirar da Igreja a responsabilidade da educação
das elites e dos pobres provocou a preocupação com a formação de professores.
Estrutura do texto (eixos definidos pelo autor):
 Normas e finalidades que regem a escola;
 Avaliar o desempenho pela profissionalização do trabalho do educador;
 Análise dos conteúdos ensinados e das práticas escolares.

1. A cultura escolar – definida na citação acima – mantém relações conflituosas com


outras culturas, como a cultura religiosa, a cultura política e a cultura popular.
2. Qual a diferença, então, entre cultura escolar e tradição?
3. Para compreender a cultura escolar, também é preciso analisar o corpo profissional dos
agentes que obedecem a tais ordens, os dispositivos pedagógicos, a formação de
professores. Saindo da escola, outros aspectos que devem estar na pauta da análise
acerca da cultura escolar são os modos de pensar e agir em sociedade. Na escola, há a
expectativa da aquisição de conteúdos e habilidades, fora dela, esta concepção não
existe no que se entende pelos processos de escolarização. Por fim, é necessário
compreender as culturas infantis.
4. Julia aponta um desconhecimento acerca do estudo das práticas escolares. (p.11)
5. Houve, nos anos 70, uma grande influência sociológica aos historiadores no que diz
respeito à análise destas práticas. Tal influência adveio de Bourdieu Passeron.
6. O fruto destes percursos do pensamento sociológico concebia a escola como o meio
inventado pela burguesia para adestrar e normalizar o povo. (p.11).
7. Esta visão, então, fadava à escola sob uma visão polarizada.
8. Nos anos 80, houve uma influência da pedagogia normativa.
9. Julia aponta que é precise entender, também, o funcionamento interno da escola, para
além do caráter de uma compreensão externalista. Neste sentido, faz uma crítica ao
percurso traçado pelas tentativas de estudo da escola: estas foram, em geral, o estudo da
história das ideias pedagógicas (p.12).
10. Outra crítica é à história das instituições, pois ao fazer este tipo de historicização, é
possível compara-la à história das intuições militares, políticas etc. Em outras palavras,
não se concebe a escola nela mesma, mas sim de uma maneira externa e geral.
11. “A história das populações escolares, que emprestou métodos e conceitos da
sociologia, interessou-se mais pelos mecanismos de seleção e exclusão social praticados
na escola que pelos trabalhos escolares, a partir dos quais se estabeleceu a
discriminação” (P.12).
12. Para o autor, a história das disciplinas escolares é quem procura preencher a lacuna
deixa pelas análises destas últimas histórias citadas.
13. História das disciplinas escolares:
 Identificar o núcleo duro que pode constituir uma história renovada da educação.
 Como? Por meio das práticas de ensino utilizadas na sala de aula e dos grandes
objetivos que presidem a constituição das disciplinas.

Uma questão preliminar: quais fontes de arquivos?


1. “A história das práticas culturais é, com efeito, a mais difícil de se reconstruir porque
ela não deixa traço: o que é evidente em um dado momento tem necessidade de ser dito
ou escrito?” (p.15).
2. As produções escritas escolares, como os exercícios, são desprezadas por muitos.

Não é certo, infelizmente, que as cópias dos alunos estejam melhor


conservadas no século XX, em razão tanto da expansão da escolarização para
o conjunto da sociedade quanto da exiguidade dos locais escolares, a despeito
do interesse que atualmente psicólogos e sociólogos da educação
demonstram por este gênero (cf. Lahire,1994; Beaud, 1994): regularmente,
como se diz, é preciso “arranjar espaço” e os documentos não são nem
mesmo transferidos para depósitos de arquivos que deveriam legalmente
recebê-los. Seria conveniente, em cada um dos países que representamos,
fazer uma coleta similar de documentos idênticos, perguntando-nos a cada
vez sobre a representatividade que lhes podemos atribuir.
3. O autor defende Arquivos para esta produção propriamente escolar. Eles existem no
Brasil? Há leis sobre isso?
4. Aqui, o autor discutiu fontes em potencial.

Análise das normas e das finalidades que regem a escola


1. O estudo sobre as normas da escola é muito comum, pois é mais fácil obter acesso aos
textos reguladores e os PPP’s do que à realidade.
2. É nos momentos de crise que se pode captar ou, pelo menos, refletir sobre a finalidade
da escola.
Um exemplo: a elaboração do Ratio studiorum jesuíta
1. Ratio studiorum é um texto (programa de estudo) que teve difusão europeia, editado
definitivamente em 1599 e norteador às normas dos colégios jesuítas até a supressão da
Companhia em 1773.
2. Ratio studiorum: autores a serem estudados; partes da gramática a serem aprendidas;
exercícios a serem feitos.
3.

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