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Esta unidade do programa oferece subsídios para o estudo das ArtesVisuais que
incluem tradicionalmente o desenho, a pintura, a gravura, aescultura, a
arquitetura, o desenho industrial. Cada uma dessas modalidadesartísticas
revelam-se diferentemente no âmbito visual. Mas, todas secompõem de
expressões e representações da vida, materializadas emformas visivas que
podem ser estáticas e em movimento, bi e tridimensionais.Essa abrangência de
estudos das produções visuais contêm assuntosque podem e devem ser
incorporados nas aulas de Arte, quando os estudantesestiverem expressando-se
visualmente e, ao mesmo tempo, compreendendoas mensagens visuais
vivenciadas no cotidiano.
Os tópicos de estudo propostos a seguir devem acompanhar continuamenteas
elaborações e as observações dos trabalhos artísticos realizadospelos alunos e
por outros autores, nas diversas modalidades visuais.Educar o nosso modo de
ver e observar é importante para transformare ter consciência da nossa
participação no meio ambiente, na realidadecotidiana.Ver significa conhecer,
perceber pela visão , alcançar com a vista osseres, as coisas e as formas do
mundo ao redor.
A visualização ocorre emdois níveis principais. Um deles se refere ao ser que
está vendo , com suavivências , suas experiências. O outro é o que a ambiência
lhe proporciona.Mas, ver não é só isso. Ver é também um exercício de
construção perceptivaonde os elementos selecionados e o percurso visual
podem ser educados.Observar é olhar , pesquisar, detalhar, estar atento de
diferentes maneirasàs particularidades visuais, relacionando-as entre si.Uma
educação do ver , do observar, significa desvelar as nuances ecaracterísticas do
próprio cotidiano.O ato de ver ao ser aprimorado permite- nos observar melhor
o mundo,o ambiente, a natureza.
Um bom observador, investigando detalhes, encontraráparticularidades que
poderão enriquecê-lo.Um outro ponto a se discutir é o referente à
conscientização das diferentesmodalidades visuais, tanto as de ordem pessoal
quanto as de cunhocultural.Conhecer as artes visuais é saber produzir e refletir
estética e artisticamentesobre as imagens visuais, o que implica num
envolvimento cognitivo,perceptível e sensível com as formas dessas
imagens.Desta maneira, pintar, desenhar, gravar, esculpir, fotografar, terão
maisconsistência se tiverem ligações com os estudos que fundamentam
asrelações entre os seus componentes formais.Quando se lida com as formas
em artes visuais convive-se habitualmentecom as relações entre a superfície , o
espaço, o volume, as linhas,as texturas, as cores, a luz. Cada um desses
elementos tem suas própriaspossibilidades expressivas e de significados, tanto
em si mesmo como emrelação aos demais.
E todos eles são intermediados pelos autores e espectadoresdas obras visuais
ao se utilizarem de métodos e técnicas específicospara produzi-las e percebê-
las.Os elementos de visualidade apresentam –se sempre articulados
expressivamentee em situações compositivas indicadas por:
movimentos,direções, ritmos, simetrias/assimetrias contrastes, tensões,
proporção etc.São percebidos por nós nessa totalidade, embora seja possível
discriminálasquando aprendemos a fazer exercícios e análises visuais. O espaço
está ligado à nossa ambiência visual. Quando observamosobjetos, pessoas,
obras arquitetônicas, pinturas etc., o fazemos segundomobilizações de
experiências visuais já decodificadas e referentes à localizaçãodesses objetos,
distâncias e profundidades ocupadas, luminosidadee áreas circundantes.
Assim, às relações de disposição , distância , profundidade, pode-seagregar
outras noções sugestivas de espacialidade: transparência,
superposições,direções , que podem ser bi e tridimensionais.Quando a
organização espacial resulta na integração simultânea entreduas dimensões ou
em um plano, estamos diante de uma superfície.A superfície é também o
próprio suporte do trabalho artístico e ondedeixamos os nossos registros
gráficos, pictóricos, gravações, relevos: é opapel, o muro, a madeira, a tela .Logo
a superfície é um elemento plástico que se articula como plano,área ou pelas
linhas de seus limites, cuja organização pode criar efeitos demaior ou menor
movimento, tensão, repouso.
Nos volumes organização espacial é percebida por massas constituídasde peso e
densidade, que avançam na altura , largura e profundidade.Como volume,
consideramos tanto a estrutura formal, tridimensional, escultórica,como
também partes deste conjunto, com suas massas próprias eespaços interpostos.
Estes últimos são espaços “vazios” delimitados internaou externamente pelas
formas.Além dos volumes definidos por massas reais, pode-se falar em
outrasmodalidades, provocadas pela percepção ótica ou animação de
elementosvisuais:
• Volume virtual, induzido por linhas ou pontos produzidos por luz,gazes,
líquidos ou o próprio movimento de uma forma no espaço. Estamovimentação
pode sugerir a presença de materialidade.
• Volume pictórico, produzido bidimensionalmente, mas que
refletecaracterísticas tridimensionais.
As três concepções – espaço, superfície e volume- foram
apresentadasseparadamente, mas, quando produzimos um trabalho plástico ou
analisamosuma obra artística, percebemos a estreita ligação que existe
entreelas.O elemento visual linha, que traçamos e percebemos, mostra
direcionamento,delimita ou insinua formas, cria texturas.As texturas são
aparências visuais resultantes da materialidade dassuperfícies ou dos
tratamentos gráficos dados aos espaços visivos. Porisso, as texturas podem
apresentar ou então insinuar rugosidades, asperezas,suavidades, brilhos,
opacidades, homogeneidades e diferenciações,possíveis de serem realmente
sentidas pelo tato ou não. Isto significa queas texturas podem constituir-se
simplesmente em simulações visualmentepercebidas.
A cor é um elemento de visualidade que se torna mais perceptívelse próximo de
outras cores. Isto pode ser notado facilmente em nossostrabalhos plásticos e
quando observamos formas coloridas em obras dearte ou no cotidiano.Do
ponto de vista físico e fisiológico, a cor é uma sensação provocadapela
luminosidade. A luz branca sintetiza em si todos os comprimentos deondas
luminosas que podemos perceber.Essa capacidade da luz branca sintetizar todas
as ondas luminosas e,consequentemente todas as cores, permite várias
possibilidades de trabalhocom as luzes. Qualquer objeto, ou superfície branca,
iluminado por umaluz colorida adquire esta cor, que será refletida para os
nossos olhos.
Poroutro lado, se iluminado com duas cores sobrepostas, veremos outra
coloraçãoluminosa.Resumindo, verificamos que é possível perceber-se a
presença deelementos , visuais na arte , no cotidiano, na natureza, na história
culturalda humanidade, onde se apresentam em múltiplas situações
compositivasindicadas por movimentos, direções, ritmos, contrastes tensões,
proporções,simetria/assimetria, dentre outros. Além disso redimensionadas
emdiversas ambiências comunicacionais.
Por isso, precisamos estudar oselementos de visualidade para reconhecê-los em
sua combinações compositivase dimensões estéticas, artísticas e
históricas.Verificamos também, que é necessário vivenciar atividades
práticasnas quais se possa lidar diretamente com a linguagem visual, para
saberfazer, expressar, comunicar, enfim pensar visualmente. Desta forma,
poderemosentender melhor os nossos próprios trabalhos e a dos outros
autores,artistas em variados contextos comunicacionais e ao longo da históriada
humanidade.
Convivemos hoje com outras linguagens visuais, audiovisuais, que
têmespecificidades próprias mas integram o universo da comunicação e
dasartes.Os elementos da visualidade presentes nas imagens fixas e em
movimentodas novas linguagens com dimensões artísticas como a fotografia,
aholografia, a eletrografia, o cinema, a televisão, o vídeo, e os
grafismosinformatizados podem ser analisados e trabalhados em continuidade
aosestudos precedentes.
Relativamente à fotografia tomamos como ponto de referência o fato deela ser
hoje uma das bases de entendimento da sociedade construída noséculo XX,
difundida por vários meios tais como cartazes, revista, jornais,livros,
documentos publicitários, ela é também um modo de registro dacotidianidade
por parte de fotógrafos profissionais e amadores.Com o advento da fotografia,
o mundo passa a ser conhecido commais rapidez, e sendo até confundidos seus
registros como expressões daverdade. Mas a fotografia não é a própria
realidade. Resulta em imagensfixas, quando a realidade é móvel.
Cores, tonalidades, linhas, espaços, volumes, superfícies, texturas
sãoregistrados de maneira diversas, com mais nitidez ou menos nitidez,
maisluminosidade ou menos luminosidade, dependendo da intenção,
sensibilidadee criação de quem os fez.O cinema, como arte de imagens em
movimento, mantém estreitos vínculoscom a fotografia.Os filmes a que
assistimos nas telas de cinema, da televisão e do vídeosão organizados a partir
de uma história roteirizada que determina astomadas filmicas.Através da
intervenção do filmador, do diretor, dos atores, enfim daequipe de filmagem, é
colocada em cena uma parte da visão pessoal decada um.
Assim a aparência da realidade que vemos na tela expressatambém traços
subjetivos/objetivos de seus realizadores.Retomando as manifestações
expressivas, observamos que o mundocotidiano , com todos os seus avanços,
encontra-se de alguma formaevidenciado em nossas atividades artríticas. Isso é
nítido nas representaçõesgráficas, pictóricas, construtivas e no interesse de
todos pelas manifestaçõesartísticas contemporâneas presente momento.Em
outras palavras, as noções, conceitos e praticas abordados nestaunidade de
estudo abrangem essencialidades condutoras de múltiplaspossibilidades, de
outros rumos e novos aprofundamentos no conhecimentoartístico e estético
vividos por nós.
Para complementar os conteúdos apresentados e dependendo das
facilitassesinstitucionais, acreditamos que se deva dar continuidade a
esteprograma detalhando as artes gráficas, a comunicação visual,
desenhotécnico industrial, fotografia, cinema, multimeios, videografia ,
televisão,audio, radio, imagens e sons informatizados, permitindo ainda que
sedesenvolva um fazer artístico e um pensar com sensibilidade e criticidade.Em
síntese, queremos evidenciar a necessidade de estudarmos arteentendendo
que todas as linguagens artísticas estão nos desígnio, oumelhor, nos projetos e ,
evidentemente, na busca de concretizações deuma sociedade que queremos
mais democrática e mais participativa emsuas propostas comunicacionais e
estéticas.
A arte é uma das mais inquietantes e eloquentes produções do homem.Arte
como técnica, lazer, derivativo existencial, processo intuitivo,genialidade,
comunicação, expressão, são variantes do conhecimento arteque fazem parte
de nosso universo conceitual, estreitamento ligado aosentimento de
humanidade.Ao buscarmos definições para a arte, podemos esbarrar em
conceitosaté contraditórios e que foram incorporados pela cultura. Para não
incorrerem desvios de posicionamentos apressados, precisamos aprofundar
estudos,ampliar reflexões, que nos levem à compreensão da arte, com
suasmúltiplas formas, tanto dentro do nosso tempo, quanto em diferentes
épocas.
Além disso, refletir sobre os sentidos, as funções e os significados daarte, é
conduzir necessariamente ao conhecimento do próprio processoartístico, que
inclui o produtor, a obra e suas relações com o público.Transformando coisas e
ideias, o artista vem participando de um modoespecífico do mundo da natureza
e da cultura, interferindo em seu meioambiente. O artista interfere participando
de muitos tipos de reforma, já quea verdadeira essência de seu oficio é
reformar esteticamente o ambienteque o rodeia.Transformando coisas e ideias,
o artista vem participando de um modoespecífico do mundo da natureza e da
cultura, interferindo em seu meioambiente.
O artista interfere participando de muitos tipos de reforma, já quea verdadeira
essência de seu ofício é Reformar esteticamente o ambienteque o rodeia.As
atividades artísticas e estéticas dos artistas são igualmente resultadosde
determinantes sócio- culturais pôr eles apreendidos, conservados
outransformados. Acompanhando a vida e as trajetórias de suas
elaboraçõesartísticas observa-se que eles não são seres a-sociais, a-históricos,
nemdotados de dons especiais como o senso comum lhes atribui.As formas
novas produzidas pelos artistas também marcam, por suavez, suas presenças na
cultura humana na medida em que são resultadosvivos de um trabalho
criador.O principal sentido da obra de arte é, pois, a sua capacidade de
intervirno processo histórico da sociedade e da própria arte e, ao mesmo
tempo,ser por ele determinado, explicitando, assim, a dialética de sua relação
como mundo. Essa maneira de conceber a presença da obra de arte no
processode desenvolvimento da sociedade é analisada por autores como
Hauser(1969), Canclini(1980), Wolff(1982), Pareyson(1984).
Compreender a obra de arte significa conhecer seus autores e apreendê-la em
seu movimento mais amplo, isto é, no contato com o público, ondeo ato criador
se completa.O reconhecimento de que o processo de criação só se completa
durantea recepção ( que recria o fato artístico) faz com que essa não-
passividadedo espectador seja tratada como parte integrante da obra. As
diversasmaneiras e níveis de recepção de obra de arte interferem na forma
( dentrode uma concepção de obra aberta) e significados propostos pelo
autor,atribuindo-lhes novos sentidos. Por exemplo, ao ver uma escultura, ao
ouviruma música, percorremos caminhos de visualização, de sonoridade
muitasvezes não previstos pelos artistas.
A participação do espectador frente aos objetos artísticos caracterizase,pois,
pela manifestação de suas atitudes e habilidades- culturalmenteapreendidas- de
gostar, analisar, compreender os trabalhos de arte e seusautores.Os
conhecimentos explicitados por espectadores, plateias, públicos arespeito de
produções artísticas são também socialmente produzidos, nãose
caracterizando, portanto, como inatos, nem espontâneos.Mas, para o estudo da
recepção cultural, precisamos ter presentes que,ao entrarmos em contato com
os artistas e suas obras, nós os espectadoresestamos sendo também
intermediados por um conjunto de modos dedivulgação e distribuição dos
mesmos. Inclusive os artistas, ao mostraremseus trabalhos para alguém, em
uma exposição, em museus, em galeriasetc., estão igualmente participando de
um sistema que vai lançá-los artisticamente, apresentá-los ao publico ou
divulgá- los.Logo, os modos de divulgação das obras artísticas, vinculando
autorese espectadores e integrando o processo artístico, atendem a
diversosinteresses e necessidades econômicas, sociais, políticas, devendo por
issoser objeto de estudos em cursos escolares de Arte.
É importante relacionar esses conceitos com manifestações
artísticassignificativas, principalmente as brasileiras, para ampliar os nossos
conhecimentossobre a cultura do nosso país.Estudar a História da Arte não
significa simplesmente estudar períodos,fatos, estilos.Caracteriza-se, pelas
teorizações e praticas de estudos e análises históricase criticas a respeito dos
objetos e criações artísticas produzidas pelahumanidade ao longo dos tempos e
em diversos lugares.É preciso lembrar que os saberes sobre o percurso artístico
e estéticodos povos são elaborados por estudiosos, entre eles os historiadores
daarte, que tombem estão situados em determinadas épocas e
espaçosculturais.Nessas condições, ao estudarmos a História da Arte,
precisamos levarem consideração também os elementos que estão em jogo na
relação artee sociedade.Estes são os pontos que não devem ser esquecidos ao
estudarmosHistória da Arte.Ao nosso ver os momentos da histórias da arte no
Brasil que devemser estudados no curso são os seguintes:
• Arte pré-histórica: arte rupestre brasileira: arte indígena;
• Arte do período colonial : arte missionária e barroco;
• Arte brasileira no século XIX;
• Arte moderna e contemporânea no Brasil.
Tais cortes históricos demarcam situações culturais e artísticas importantese
podem nos ajudar a identificar os estilos, os “modismos”, as tendências,as
características formais, temáticas, as experimentações, asideologias, assumidos
ou propostos na arte de osso país. No entanto, nãoprecisam ser tratados
obrigatoriamente na ordem apresentada. O queimporta é que se tome
consciência da produção artística brasileira, paraidentificar os traços
culturais( regionais, nacionais, internacionais) historicamenteconservados ou
transformados nas obras de arte.O contato com a produção artística do período
pré- histórico (tanto doBrasil e América Latina como de outros países) nos faz
compreender oprocesso artístico humano nas suas origens. Através das
representaçõesgráficas, pictóricas e esculturais que foram encontrados nos
artefatoslíticos, nas cerâmicas e principalmente na arte rupestre( desenhos,
pinturase relevos feitos nas rochas) podemos acompanhar a evolução técnica e
aprocura de nexos formais, simbólicos e ritualisticos de nossos ancestrais.
As gravações e pinturas eram feitas em rochas com pigmentos derivadosde
minerais diluídos com água e acrescidos de vegetais para suafixação.Estas
interpretações da origem da arte por um sentido mágico vãocomplementar-se
com o entendimento da arte como uma forma de trabalho,de construção.
Observando-se as produções artísticas desde os primórdiosnota-se que elas se
relacionam com a comunidade onde se insere. Osinstrumentos artísticos
utilizados no correr dos tempos vão passando desimples objetos coletados da
natureza ou copiados, para novos objetospreparados para as finalidades
artísticas.Uma ultima contastação a ser feita é que a arte indígena pode
oferecermaiores condições de estudo e contatos diretos, enquanto a arte
rupestre,por sua vez, depende de proteção e divulgação do seu acervo.
Os monumentos artísticos dessa época restringem-se basicamente àsigrejas
erguidas nos centros administrativos e às construções oficiais queincorporavam
fortificações, alfândegas, casas da câmara e cadeia ,eresidência dos
governadores.Com relação às edificações religiosas, alguns estudiosos
procuraramreuni-las em grupo a fim de traçar uma visão globalizante do
conjunto. Paraisso, agruparam esses monumentos segundo as suas
características eperíodos construtivos fase barroca-jesuítica, fase barroca e fase
rococó. Aprimeira delas correspondente ao período missionário, caracterizado
tantopelas igrejas da Companhia de Jesus como de outras ordens, que
seassemelham a elas.
O chamado período missionário compreende então as igrejinhas primitivasque
atendiam as necessidades imediatas do culto e da evangelização,de aspecto
uniforme, que variava apenas em pequenos detalhes. Devido àsua fragilidade
construtiva maioria dessas igrejas missionárias desapareceu.Eram construções
rudimentares, algumas em madeira ou taipascobertas de palha, realizadas sem
orientação de arquiteto.As construções religiosas do século XVII já são mais
elaboradas e seguemmodelos arquitetônicos eruditos.Assim como os
arquitetos, os pintores e escultores do período tambémvieram na sua maioria
de fora, para atuar nas igrejas, colégios e conventos.As suas obras de escultura
e pintura relevam a predominância deformas e temas religiosos convencionais
que se sobrepõem a qualquerpropósito regional.
Comparando –se as manifestações artísticas dos séculos XVII e XVIII,nota-se que
neste último período elas se apresentam bem mais diversificadas,distanciando-
se dos modelos europeus, e favorecendo a constituiçãode uma cultura mais
regional.Essas manifestações correspondem ao período denominado
Barroco.Com relação aos aspectos artísticos, o período Barroco, incluindo o
cicloRococó, apresenta mudanças de estrutura e forma, definindo os estilosdo
momento. Os técnicos artesãos e artistas brasileiros vão assumindoposições
mais reconhecidas gradativamente, fazendo da sua arte umespetáculo de
deslumbramento: combinam e fundem os elementos devisualidade.
Além das artes plásticas, podemos ampliar os nossos estudos sobre aarte no
Brasil- Colônia verificando a literatura ou o desenvolvimento damúsica e do
teatro nessa época.Com relação ao século XIX, as manifestações artísticas
podem ser enfocadasa partir dos momentos histórico-culturais vividos no país.
A passagemdo Brasil-Colônia ao Brasil independente caracterizou-se não só
pelasconvulsões políticas internas, mas por todo um clima de ideias e
avançosestimuladores.
A nova geração de intelectuais e artistas procurou, nesseperíodo, os caminhos e
temáticas mais atualizados para a época. Influenciadospela Missão Francesa,
que chegou ao Brasil em 1816, pintoresbrasileiros seguiram os esquemas
neoclássicos adaptando-os aos assuntosnacionais.A influência da Missão
Francesa atingiu também a arquitetura, desenvolvendoconstruções de modelos
sofisticados e eruditos. No Brasil, comona Europa, foi na arquitetura eclética
que a modernidade se fez notar.
Segundo movimento
O segundo movimento expressivo, denominado simbólico,
encontrasemelhanças ou paralelismos com as ideias de teóricos do
desenvolvimentoinfantil, que apontam seu caráter semiótico e
representacional.Piaget, por exemplo, integra o movimento simbólico ao
estágio préoperatório(entre 2 e 7 anos de idade).A função simbólica é o centro
do processo de ensino-aprendizagem,seja formal ou informal. A criança constrói
seus símbolos. Através de suasações e de diferentes formas de linguagem,
representa os objetos e asações sobre eles, representando também seus
conceitos.São representações sobre representações. Fingir beber numa
xícaravazia, por exemplo, representa um significado e tem uma função lúdica
ecomunicativa, implicando uma conversa interna, tornada possível
pelainteriorização da ação e expressada pelas representações verbais,
visuais,gestuais, sonoras.
O início do movimento simbólico nas artes plásticas se dá por meio
dotridimensional. As bolinhas e cobrinhas vão virando objetos. Um lápis podese
transformar numa injeção ou num avião. O jogo do faz-de-conta entrede vez na
vida da criança.Nesse segundo movimento expressivo, a representação centra-
se nomanejar e construir o símbolo em si. Não há a preocupação com a
organizaçãodas cenas no papel, seus desenhos parecem soltos no espaço.
Ascenas se expressam através da fala, da história que a criança conta de
seudesenho.Levamos do segundo movimento expressivo a possibilidade de
inventar,de propor novas relações, de criar a partir de nossas próprias
ideias.Mas se isso não nos foi permitido, nos foi dificultado, é provável que,
emvez de inventar possibilidades, sejamos apenas repetidores de modelos,
desoluções já prontas.
Terceiro movimento
Na continuidade da conquista da forma, a criança viveu o que Gardnerchama de
idade de ouro do desenho, pois aos 4, 5, 6 anos a criança elaborasoluções
criativas para expressar o espaço, a sobreposição, o que tempor baixo ou por
trás das coisas, criando uma lógica e uma coerênciaperfeitamente adequadas
aos seus intentos.Agora a criança tem a intenção de buscar verossimilhança em
sua representação,procurando convenções e regras com uma certa exigência.
O terceiro movimento expressivo corresponde para Piaget ao estágiodas
operações concretas. Apresenta avanços consideráveis na compreensãode
conceitos em profunda relação com a concretude de suas interaçõescom o
mundo, as pessoas e os objetos.Essa concretude é fortemente indicada pelo
aparecimento do ‘chão’ – alinha de base –, onde se apóiam todos os objetos, a
paisagem, as pessoas.Levamos desse terceiro movimento expressivo a invenção
de relaçõese regras que geram critérios próprios, na busca de soluções criativas
quevão alimentando um pensamento criador com maior autonomia.Quem não
produz e inventa ideias dificilmente consegue encontrar soluçõescriativas para
resolver as dificuldades do cotidiano.
Quarto movimento
Duas marcas são representativas na adolescência: a problematizaçãoda
identidade e a gênese do pensamento formal.É quando as palavras de ordem do
‘mundo adulto’ geram um aparentee irreal território a ser conquistado. As
pressões da sociedade e o seu olharmais crítico pedem um confronto consigo
mesmo e com todos os sociusdentro de si. Cada adolescente reage
diferentemente, encontrando caminhospróprios nesse enfrentamento.Na
produção artístico-estética contracenam em oposição ou em alternância:O
prazer de manejar e explorar, a ótica pessoal de ver-pensar-sentir omundo, a
apreensão dos códigos das linguagens artísticas, a procura doestilo pessoal,
mesclando estratégias pessoais e gramáticas culturais,construindo sua
poética.O medo de se expor, a preferência pela repetição de formas
conquistadas,a busca de modelos ou da ótica de outros, o sentimento de
incompetência,a obediência ou abandono de tarefas sem significado.
Outra marca importante na metamorfose adolescente é o que Gardnerchama
de conhecimento conceitual formal. Piaget se refere a esse
períododenominando-o estágio das operações formais. Há um refinamento
dopensamento mais abstrato e metafórico.Nesse momento, se o ensino de arte
não for instigante e voltado para oaprendiz, ele procurará por seus próprios
meios maneiras de investigarmais a linguagem artística preferida. Ou ficará
distanciado da experiênciaestética mais formalizada, até que algo novamente
possa trazê-lo a esseencontro.
A nutrição estética
Com a preocupação de ampliar referências, o educador precisa ter clarezasobre
algumas questões básicas. Quais imagens ou obras – visuais,sonoras, gestuais –
trazer para os aprendizes? Quando mostrá-las?Como? Por quê? Os aprendizes
também não podem selecionar imagensou obras que gostariam de
compartilhar?O objetivo maior de uma nutrição estética é provocar leituras que
possamdesencadear um aprendizado de arte ampliando as redes de
significaçãodo fruidor.Seu foco principal está na percepção/análise e no
conhecimento daprodução artístico-estética, no entanto o centro não está na
informaçãodada, mas na capacidade de atribuir sentido, construir conceitos.
Ampliá-lospelas ideias compartilhadas entre os parceiros, com o professor e, se
for ocaso, com os teóricos que também se debruçaram sobre essa obra,
artistaou movimento.O educador é um mediador entre a arte e o aprendiz,
promovendo entreeles um encontro rico, instigante e sensível. Para isso, é
importante:Escolher cuidadosamente as obras, levando em consideração o
conteúdodos aprendizes e o conteúdo curricular, tendo clareza do foco que
seráabordado.
É preciso cuidar da apresentação das obras, com boas reproduções.Desafiar
leituras com a mesma profundidade para os trabalhos de artistase dos
aprendizes.Promover o aceso a artistas vivos, contemporâneos, brasileiros, não
sópintores, como também escultores, gravadores, músicos,
compositores,bailarinos, atores.Estar consciente de que nem sempre a leitura
da obra precisa gerartrabalhos que a focalizam. Ela pode ampliar referências
para outros trabalhosnum sentido mais amplo.Promover visitas aos museus e
galerias, teatros, salas de concerto.São atividades especialmente provocantes,
quando o caráter de passeio ouvisita é transformado em expedição – artística,
exploratória, científica –planejada anteriormente com os alunos.
ESTÉTICA SIMBÓLICA
A filosofia do simbolismo, de Cassirer, representou uma matriz comuma
diversas correntes da história da arte e da estética do século XX.
Influenciou,especialmente tanto o simbolismo de Susanne Langer e do
“Newcriticism” americano, (...) quanto a iconologia, na acepção de Erwin
Panofsky,e a estética semiótica de Charles Morris.O conceito de “símbolo”, além
de derivar do já citado Cassirer, remete,em Langer, também às análises
linguísticas dos semanticistas americanoscontemporâneos e até ao pai da
semiótica, Charles Sanders Peirce, aquem a autora nem sempre a propósito.
Segundo Calabrese a própriadefinição de cada arte resulta, em consequência,
de uma definição de“variedades específicas”. Por exemplo, uma das diferenças
substanciaisentre as artes consiste na diversidade da “ilusão primária” por elas
criada,entendendo-se por “ilusão primária” uma verdadeira imagem ilusória ou
umprocesso simbólico específico.
A ICONOLOGIA
É a escola crítica que se estabelece sob a formulação de Panofsky. Paraele o
termo tem uma amplitude muito grande, que vai desde a identificaçãodo tema
a uma leitura da obra que liga-se aos emergentes estudos deCassirer sobre a
teoria das “formas simbólicas”. Não esqueça: A história daarte, segundo a
aplicação desta teoria, torna-se história dos fatos estilísticos,concebidos, por
sua vez, como símbolos através dos quais, na mudançadas condições da cultura
durante as várias épocas, exprimem-se processosgerais de abstração da mente
humana (cf. obra de referência).
TEORIAS PSICOLÓGICAS
Uma contribuição à semiótica da arte provém também de um setor dasciências
humanas aparentemente distante, como colocação teórica, dasdisciplinas da
linguagem. O autor está se referindo a Rudolph Arnheim,Ernest Kris, Gyorgy
Kepes e, em geral, aos estudos sobre a arte de matrizpsicológica (que,
juntamente com a iconologia, conduzem às ideias deErnest Gombrich).Por
outro lado, enquanto a contribuição da psicanálise à semiótica daarte parece
hoje pouco relevante, a contribuição da psicologia é maissubstancial, em
especial, a contribuição da psicologia da percepção e daGestalt, não só porque
chamou a atenção ao problema dos “signos icônicos”em geral, mas também
pela renovação que introduziu no campo dahistória da arte.A definição geral de
psicologia da arte, Bullough(1957) é a seguinte:estudo sistemático da
consciência estética. Compreende, de fato, pontos devista opostos e, nem todos
pertinentes à relação arte-comunicação.O estudo sistemático da consciência
estética pode ser feito nas seguintesdireções:
a –o estudo da consciência estética do artista;
b –o estudo daconsciência estética do fruidor-contemplador;
c –o estudo dos objetosartísticos enquanto ponto de encontro de a e b;
d –o estudo da relaçãoentre consciência estética e outras formas de consciência
do mundo interiore exterior.
Assim, temos análises do instinto produtor individual, das leisgerais de relação
de fruição do objeto estético, e ainda análises que considerama relação de
interação entre produtor e fruidor, ou entre objeto efruidor.Mais estritamente
pertinente a uma semiótica da arte é a posição, nofundo derivada das premissas
enumeradas, da psicologia da forma. Oprincípio fundamental das teorias de
Kofka, Wertheimer, Köhller (e depoisArnheim) é que a percepção não funciona
“atomisticamente”, isto é, pelasomatória das partes menores dos objetos
percebidos, mas por totalidade.Arnheim, e outros psicólogos da forma,
diferencia-se totalmente dastentativas anteriores de analisar a arte ou a visão
sob a ótica psicológica.
Enquanto antes tendia-se a considerar a percepção visual como fruto
doselementos individuais em contato com a consciência ou com o
pensamento,a nova perspectiva entende a percepção como uma totalidade e
define oprocesso cognitivo como dependente da atividade do sujeito nos
embatesdaquela totalidade e, sobretudo, de sua atitude (cf. obra de
referência).No âmbito dos estudos situados entre as disciplinas psicológicas
econceitos “estruturais”, coloca-se também o trabalho de Gyorgy Kepes
(Alinguagem da visão, 1944).
O húngaro Kepes passou por dois tipos deexperiência paralelas no campo do
estudo da visão: se por um lado ele defato pode ser considerado como um
herdeiro da tradição de Bauhaus, um“artista” que se ocupa dos problemas da
visão de um ponto de vista operativo-projetual e didático, de outro, pode ser
classificado entre os cultores dapsicologia da forma, na área de Arnheim, no que
concerne à arte, ou nocampo dos psicólogos gestálticos, no que diz respeito às
leis de organizaçãovisual.Kepes dá grande espaço à análise da estrutura e da
função da imagemgráfica na pintura, na fotografia e nas outras formas de
comunicação visual.Partindo dos mais ousados paralelos entre as formas de arte
e formaspersuasivas ou tecnológica (publicidade, fotografia, Layout), investiga
commétodo científico as leis da organização visual e as diversas
técnicasrepresentativas de artistas de todos os tempos, particularmente dos
expoentesda vanguarda contemporânea.
TEORIAS PSICANALÍTICAS
A psicanálise da arte, oriunda de uma interpretação errônea dos trabalhosde
Freud sobre Leonardo e Michelângelo, foi inicialmente uma psicanálisedo autor,
que substituía as indicações psicológicas da relação terapêuticapelas
provenientes da biografia do artista. Algumas pesquisasclássicas, demonstram,
com seus próprios erros, a insubstitubilidade dodado analítico atual. Freud, por
exemplo, enganado por uma tradução denarrativas autobiográficas de Leonardo
(a palavra “abutre” substituída pelapalavra “milhafre”0, acabou por interpretar
a Gioconda e Santana, A Virgeme o Menino como signos da homossexualidade e
da relação edípica com amãe.
Em tempos mais recentes, teve início a revisão dos juízos a esserespeito, bem
como da ideia das possibilidades de aplicação da psicanáliseà arte, não mais
como psicanálise do artista, mas como exame do “inconsciente”da obra, ou
seja, de sua estrutura. Entre os revisores mais atentos econvincentes,
assinalam-se Ernest Gombrich, que entende os ensaios deFreud como um
“romance psicanalítico”; Jean Starobinsk, que recusa aideia de que Freud
quisesse fazer psicanálise aplicada e sustenta que eleprocurava material idôneo
para a exemplificação da teoria, e Oscar Mannoni,que vê no Leonardo um
simples esboço daquela que será depois ateoria das pulsões.ERNST GOMBRICHÉ
inegável que muitos estudiosos, de diversas escolas consideramGombrich, ainda
hoje, como o pai e o melhor expoente da semiótica dasartes, o que, embora não
exagerando o valor do autor de Arte e ilusão, fazpensar, por contraste, na
exiguidade dos desenvolvimentos ulteriores.
SOCIOLOGIA DA ARTE
A sociologia opera sobre problemas mais gerais e a história social considerao
aspecto social, mas apenas a partir de um objeto já tido comolegítimo (a
história da arte). A sociologia pesquisa, enfim, os tempos breves;a história
social, os tempos longos da história.Duas tendências devem ser destacadas:
macrossociológica e microssociológica.A tendência macrossociológica está
relacionada a uma história“na qual o mecanismo de mudança não era
autóctone, autonecessário eauto-suficiente, não brotava a nível das próprias
formas, mas situava-se emrelação às estruturas profundas de uma sociedade”.
(Castelnuovo, cf. obrade referência).A essa tendência contrapõem-se uma
tendência microssociológica,mais orientada para a observação das mudanças
artísticas no interior defenômenos mais particulares, e não na dependência dos
“grandes” fatoshistóricos. Castelnuovo situa nessa segunda categoria Ernest
Gombrich etambém Francastel, o primeiro que se voltou para o dilema da arte
comodependente das macroestruturas sociais ou como um campo
autônomo,que manifesta a mudança através de códigos.
Na primeira propositurasitua-se Hauser e Antal.Não esqueça: Pertencem à
primeira categoria, por exemplo, os estudosorganizados de acordo com
esquemas típicos da sociologia geral (produção,distribuição, consumo;
instituição, cultura, personalidade) ou segundooutro esquema, como os
orientados para a análise das estratégias dasimagens, da dominação simbólica,
da cultura visual, para os hábitos perceptivosou para os sistemas de expectativa
e assim por diante. À segundapertencem métodos diferentes, como os
dedicados aos vários sujeitossociais que são protagonistas da troca artística,
como os comitentes, opúblico, as instituições, os artistas, as obras; ou como
aqueles destinados abuscar os momentos de condensação na história de tramas
sociais particulares.
SEMIÓTICA E ESTÉTICA
Não esqueça: A semiótica da arte parte do pressuposto de que tanto aqualidade
estética quanto o juízo de valor sobre as obras podem nascerapenas do objeto
material que são as próprias obras.Entre os semiólogos, apenas Humberto Eco
propõe uma abordagem diferentepara a análise das obras de arte e para a
análise das estéticas e aenquadra na perspectiva geral de uma teoria dos signos.
Outras correntes,caracterizam-se, ao contrário, pela tentativa específica de se
construir umaverdadeira estética semiótica, isto é, uma estética que tire os
própriosprincípios da consideração de que o valor da arte depende de fatos
lunguísticos.Nesta corrente estão:Charles Morris e o Pragmatismo
Americano;Roman Jakobson e o Formalismo e Estruturalismo; e na mesma
linha, IanMurakovsky.Deste modo, discute-se no campo da semiótica e da
estética, as EstéticasInformacionais (uma tentativa de conjugar o estudo
humanístico comas teorias científicas modernas); O Caso Italiano: O Encontro
De DiversasTradições. É assim denominado por tratar-se do nascimento de uma
verdadeiraescola italiana. Fazem parte dessa tendências os seguintes autores
epensamentos: Galvano Della Volpe e a relação entre maxismo e
estruturalismos;Gillo Dorfles e a ampliação da estética; Emilio Garroni e a
estéticaneokantiana; Renato Barilli e a “culturologia”. Mas, deve ser destacado
que,segundo Calabrese, o verdadeiro elemento impulsionador (não só
dasemiótica, como também de uma nova estética semiótica), na Itália, e,
semdúvida, Umberto Eco.
AS TENDÊNCIAS ATUAIS
O debate mais recente é caracterizado por uma cautela muito maior noplano da
criação de teorias gerais e, ao mesmo tempo, da verificação denovos
instrumentos de pesquisa.A noção que parece ser mais produtiva nos últimos
anos é a de texto.Os estudos a respeito não permitem dar uma definição rígida
e unívoca:naquilo que nos toca, contentar-nos-emos com uma definição
genérica, eentenderemos por texto um “enunciado linguístico acabado”, isto é,
umaentidade comunicativa percebida como auto-suficiente, caracterizada
porum funcionamento que Eco compara a “uma máquina
semânticopragmáticaque precisa ser atualizada em um processo interpretativo
ecujas regras de geração coincidem com as próprias regras de
interpretação”.Nesse sentido, os contos e romances obviamente são textos,
mastambém o são as mensagens publicitárias, as fotografias, a arquitetura,
asrepresentações teatrais, os filmes, as obras de arte.
O MODELO GREMASIANO
Do ponto de vista teórico geral, Greimas considera a semiótica visualou
semiótica plástica (por se contrapor a uma semiótica da imagem)
comoplenamente compreendida por uma semiótica geral. A semiótica geral a
queGreimas se refere é, obviamente, uma semiótica da significação e não
umasemiótica da comunicação e, com base nisto, compreende-se a recusa
dasemiótica da imagem, característica dos anos 60 e condicionada pelapesquisa
tipológica dos signos a partir de uma pressuposta natureza ou apartir da
natureza do canal que os veicula.Calabrese analisa o título Semiótica
Neopeirciana, abordagens do fenômenoartístico que, em alguma medida,
remontam ao pensamento deCharles Sanders Peirce. Mas diz: é necessário
advertir que o adjetivo “neopeirciana” é bastante impróprio, pois não se trata,
de fato, de uma semióticaque ciclicamente retorna a Peirce para retornar, sob
uma nova ótica, talvezde escola, suas indicações teóricas. Na base de todo esse
pensamentoestá a lógica.Não esqueça: qualquer referência a Peirce remete à
ideia da lógica.Ela é a base do pensamento do Pesirce.
A ARTE NA PÓS-MODERNIDADE
A pós-modernidade constitui-se numa situação social na qual a vidaeconômica,
política, de organização e inclusive pessoal se organiza emtorno de princípios
muito diferentes dos da modernidade. A pósmodernidade,entre outras
reflexões, abriu portas à importância de olhar a“arte” como uma representação
de significados. Uma possibilidade deverificar as diferentes formas de
interpretação. Alguns conceitos que caracterizama pós-modernidade segundo
Hernández são:
• a arte é uma forma de produção e reprodução cultural quesó pode ser
compreendida dentro do contexto e dos interessesde suas culturas de origem e
apreciação. O pósmodernistatrata de dissolver os limites entre a arte de
“alta”cultura e o popular e condena o ecletismo;
• a comunidade profissionoal da arte é vista como um reflexoda sociedade, por
exemplo, influenciada pelo capitalismo epela industrialização, e propõe que se
atue como uma formade crítica cultural, o que significa responder à
sociedadedentro da qual está imersa.Os estilos pós-modernos são plurais,
inclusive ecléticos e sujeitos amúltiplas leituras e interpretações;O ecletismo e
apropriação histórica refletem um interesse pela integraçãodo passado e do
presente.
A REALIZAÇÃO DE UM PORTFÓLIO
Estabelecer de maneira explícita por parte do docente, o propósito doportfólio
no curso.Estabelecer as finalidades de aprendizagem por parte de cada
estudante.Integrar evidências e experiências.Selecionar as fontes que compõem
o portfólio.Refletir sobre o que se aprende da reordenação.Também não se
esqueça do seguinte: o portfólio é propriedade do estudante.
OS COMPONENTES DO PORTFÓLIO
O propósito de cada trabalho selecionado deverá demonstrar o seuprogresso.
Deve ser um fio condutor (sequência), e especificar o porquê daescolha.
Segundo Hernández, Collins distingue quatro tipos de evidênciasque podem
fazer parte de um portfólio: artefatos, reproduções, testemunhose produções,
que são definidos do seguinte modo: Artefatos são os trabalhosproduzidos
durante o curso, e outros selecionados; Reproduções sãoregistros, anotações,
documentos; Atestados (testemunhos) são documentossobre o trabalho do
aluno preparados por outras pessoas. Exemplo:comentários, avaliações feitas
pelos professores; Reproduções são documentosespecificamente preparados
para dar forma e sentido ao portfólio, eincluem três tipos de materiais:
explicações e metas, reflexões e cabeçalhoou títulos.Outros informações
importantes:Explicações e metas têm o propósito de definir metas de
realização;Reflexões são parte do processo de elaboração do portfólio,
apresentandoas estratégias usadas pelo estudante;Anotações são legendas,
anotações que acompanham cada documento;Continente é o lugar
determinado para armazenar os documentos.Exemplo, uma caixa, um CD-ROM
etc.
ARTE É CONHECIMENTO
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394),aprovada em
20 de dezembro de 1996, estabelece em seu artigo 26, parágrafo2º.: O ensino
da arte constituirá componente curricular obrigatório,nos diversos níveis da
educação básica, de forma a promover o desenvolvimentoculturas dos
alunos.Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Arte: São
característicasdesse novo marco curricular as reivindicações de identificar aárea
por arte (e não mais por educação artística) e de incluí-la na estruturacurricular
como área de conteúdos próprios ligados à cultura artística, e nãoapenas como
atividade.Portanto, passa a tratar a arte como conhecimento. Pensando
assim,chega-se à ideia de que cada ser humano é portador de
experiências.Essas experiências, no entanto é que nos levam a atribuir sentidos
e significadosàs coisas.
E isto nos leva a outro ponto importante que é o dasimbologia, e,
consequentemente, a necessidade de representação simbólica.Naturalmente, a
maneira de representar varia de acordo com as referênciasculturais do
“produtor” de símbolos (imagens, palavras, sonsetc).Não esqueça: para as
autoras, a leitura de imagens ou de palavras écarregada de sentidos que tanto
estão presentes na imagem como napalavra e no seu leitor. Veja, que, para
Platão, o homem só era capaz deproduzir mimeses, isto é, simulacros, meras
aparências, pois a criaçãoperfeita só era possível a Deus. Para Aristóteles,
discípulo de Platão, oconceito de mimese estava ligado à ideia de reprodução
seletiva. É comose o artista, com sua techné, buscasse o mais característico de
uma pessoa,de uma coisa, criando um realismo sublimado.
O trecho seguinte é outra “chave” para a compreensão desta obra: Asproduções
artísticas são ficções reveladoras, criadas pelos sentidos, imaginação,percepção,
sentimento, pensamento e a memória simbólica do serhumano. Este, quando se
debruça sobre o seu universo interior e exterior,une a techné, sua capacidade
de operar os meios com sabedoria, com apoiesis, sua capacidade de criação,
desvelando verdades presentes nanatureza e na vida que ficariam submersas
sem sua presentificação. Dessemodo, o ser humano poetiza a sua relação com o
mundo (cf. obra de referência).
A LÍNGUA DO MUNDO
Quando falamos em linguagem, logo nos vêm a mente a fala e a escrita.Mas
usamos muito mais que isso. Pode-se dizer que a linguagem é umsistema
simbólico e toda linguagem é um sistema de signos. Somos rodeadospor
ruidosas linguagens verbais e não-verbais –sistemas de signosqueservem de
meio de expressão e comunicação entre nós.
SIGNO-OBJETO
A palavra carro, o desenho de um carro, o esquema de um carro, a fotografiade
um carro, a escultura de um carro, são todos signos do objetocarro. Não
esqueça: Segundo a noção de Peirce, um signo é alguma coisaque representa
uma outra coisa: seu objeto (ideia da coisa) para alguémsob algum aspecto ou
qualidade. Tanto a palavra, ou o desenho, ou afotografia não são o próprio
carro, são signos dele. Como o signo representaseu objeto para alguém,
representa para um intérprete.
SIGNO-OBJETO INTERPRETANTE
Ao ser comunicado a alguém, o signo produz na mensagem desse intérpreteum
segundo signo que traduz o significado do primeiro. Não esqueça:chama-se o
signo assim criado de interpretente do primeiro signo.Isso ocorre porque há
uma relação entre o próprio signo (um representante),o objeto (aquilo a que o
signo se refere e é por ele representado) e ointerpretante (conceito, imagem
mental construída na mente do receptor dosigno). E assim, volta-se para o
domínio da linguagem.A arte é uma forma de criação de linguagens. Toda
linguagem artísticaé um modo singular de o homem refletir. Na feitura da
linguagem da arte,do seu sistema sígnico, o homem leva ao extremo sua
capacidade deinventar e ler signos com fins artístico-estéticos. Preste bem
atenção notrecho a seguir, ele tem tudo a ver com a proposta de integração de
linguagensque deve ser seguida em educação infantil.Toda linguagem artística é
um modo singular de o homem refletir –reflexo/reflexão – seu estar-no-mundo.
Quando o homem trabalha nessalinguagem, seu coração e sua mente atuam
juntos em poética intimidade.
Na feitura da linguagem da arte, do seu sistema sígnico, o homem leva
aoextremo sua capacidade de inventar e ler signos com fins artísticoestéticos.O
que isso significa?Vamos imaginar a seguinte situação. Você está na sala de aula
e vêalguém à sua frente. A linguagem do corpo desse alguém diz por meio
deuma ação corporal visível –o gesto e a postura- o que esse alguém
estáfazendo. Você lê os signos (gesto/postura) dessa linguagem e interpreta
oque esse alguém está pensando. Isso lhe é comunicado por um modo
deexpressão não-verbal, uma forma de linguagem, a linguagem corporaldesse
alguém. Evidencia-se, assim, a complexidade do trabalho com artequando
pensamos em domínio de linguagens. E no trabalho com crianças,isso fica ainda
mais evidente.
PRODUÇÃO E LEITURA EM ARTE
Vivemos em um mundo de imagens que estamos
permanentementeproduzindo, lendo e decodificando. Na linguagem da arte há
criação, construção,invenção. A criação artística desvela em imagens –sonoras,
visuais,cênicas- o nosso modo singular de captar e poetizar a realidade. É
praticamenteimpossível falar de arte e de suas significações sem falar de
tempo,mesmo porque a obra artística é feita por e para seres humanos,
cujasvidas são, também, indissociáveis do fator tempo. Mas é importante
destacarque o desenvolvimento de novas tecnologias contribui para haver
umaaproximação entre a arte de diversos tempos e os fruidores de arte.
Poroutro lado, segundo Walter Benjamin, a tecnologia retira a aura da
irreprodutibilidadeda obra. Isto porque, para ele, a relação com uma obra
original,é muito mais intensa do que com uma reprodução da mesma.
PERCEPAÇÃO ESTÉTICA
A percepção não é somente a coleta de dados sensoriais, pois o
corpoperceptivo entrelaça-se com o sensível do mundo, em significações do
seuser-no-mundo. A percepção é a fusão entre pensamento e sentimento
quenos possibilita significar o mundo. Assim, o ser humano é a soma de
suaspercepções singulares, únicas. Valorizar o repertório pessoal de
imagens,gestos, “falas”, sons. Estimular o olfato, tato, visão, audição tec, são
maneirasde contribuir para o aumento da percepção. Não esqueça: A
percepçãoestética e a imaginação criadora são o passaporte sensível para a
aventurano mundo da arte.
A NUTRIÇÃO ESTÉTICA
Como dizia Picasso, “A arte alimenta a própria arte”. Mas como se dáesta
alimentação? Segundo as autoras, com a preocupação de ampliarreferências, o
educador precisa ter clareza sobre algumas questões básicas.Quais imagens ou
obras –visuais, sonoras, gestuais- trazer para osaprendizes? Quando mostrá-las?
Como? Por quê? Os aprendizes tambémpodem selecionar imagens ou obras
que gostariam de compartilhar? Estasperguntas podem ser respondidas do
seguinte modo: o educador é ummediador entre a arte e o aprendiz,
promovendo entre eles um encontrorico, instigante e sensível. Não esqueça
disso.
AVALIAÇÃO
Este tema sempre foi e será polêmico. Mas não esqueça que: critériosde
avaliação não surgem do nada. São frutos de uma sociedade, de umaideologia,
de determinada visão social de mundo, de uma época ou país;cada um
refletindo práticas, teorias e concepções pedagógicas diferentes.A avaliação
tem de ser transparente, tanto para o educador quanto para osseus aprendizes.
Na avaliação em arte, todos participam, discutindo regrase critérios, tendo
clareza dos pontos de partida e pontos de chegada.
PROJETOS NA ESCOLA
Alguns autores utilizam os termos pedagogia de projetos, projetos detrabalho e
projetos de ação. Entretanto, mais do que uma técnica ou umaestratégia sujeita
a regras predeterminadas, os projetos refletem umaatitude pedagógica
fundamentada numa concepção de educação quevaloriza a construção do
conhecimento. É uma outra forma de planejar oensinar/aprender arte.PILLAR,
Analice D. (Org.). A Educação do olhar no ensino das artes.Porto Alegre:
Mediação, 2001. cap. 1, 2, 7.A escola e a ReleituraA leitura e a releitura de
imagens e obras de arte começaram a fazerparte das práticas educativas a partir
da década de 80.LeituraPode-se dizer que a leitura de imagens seria uma forma
de traduzir algocom formas, cores, texturas e volumes.Essa tradução acontece
de acordo com quem olha, porque por trás dapessoa estão seus conhecimentos
prévios, ideias, valores, experiênciasanteriores, fantasias, interpretações, etc.O
que vemos é a interpretação de algo segundo nós mesmos (o quesomos).
A leitura da obra de arteSeguindo as ideias apresentadas acima, a leitura de
uma obra de arteseria perceber, compreender, interpretar as tramas, volumes,
formas ecaracterísticas que constituem a imagem, estabelecendo significado,
sentidoe compreensão a obra.É fundamental variar nosso modo de ver.Isso
altera nossas visões da realidade. Onde ver uma imagem é saboreá-la nos seus
diversos significados, gerando interpretações distintas.ReleituraA autora define
releitura como a reinterpretação, através da pintura, colocandonossos
propósitos num outro contexto com um novo sentido.Deve ser claro que
releitura não é cópia.A diferença entre as duas se dá na dimensão de que na
releitura hácriação (no sentido de transformar algo que foi interpretado da obra
de arte)e na cópia não.Na releitura, o artista parte de uma obra para criar o seu
trabalho.
A compreensão do desenvolvimento estéticoEstudos realizados nos Estados
Unidos definiram tipos de leitores deobras de arte, em estágios definidos como:
1. Estágio Accoutive (descritivo narrativo) é uma leitura egocêntrica,pois é
considerado apenas o ponto de vista do próprio leitor.
2. Estágio Construtive (construtivo) é o julgamento baseado naquiloque o leitor
acredita ser verdade, tentando dissociar-se do objeto artístico.
3. Estágio Classifying (classificativo) é um olhar comparado a um
diagnóstico,tendo um lado subjetivo e arbitrário, com associações das
própriasexperiências. É uma análise menos sensual e mais passiva.
4. Estágio Interpretative (interpretativo) é a resposta estética
individualizada,baseada nas informações da imagem, como também na
memóriacarregada de afetos.
É importante ressaltar que a medida que o leitor evolui, evoluem tambémsuas
habilidades de leitura.Essa evolução se dá por toda a vida.Tecnologias,
produção artística e sensibilização dos sentidosAs tecnologias atuais estão
transformando as relações entre os artistase a produção de arte.Há um número
muito maior de recursos computacionais que criam possibilidadesinfinitas.O
artista troca seu ateliê e oficina por laboratórios ligados à informáticacom
recursos computacionais e multimídia, e elementos científicos,
articulandointerdisciplinarmente os conceitos operacionais e não mais
ideológicos.Entende-se a relação entre Arte e tecnológica como toda prática de
conotaçãoartística que se serve das novas tecnologias, tendo em vista umfim
artístico.Nas instalações tecnológicas, ocorrem mudanças e trocas de
energiasdo corpo e a artificial dos aparelhos. Nestas mobilidades o artista
propõe osrecursos de vídeo e os recursos computacionais.
As instalações multimídicas e vídeoinstalações exploram as tecnologiasde vídeo
e interface eletroeletrônico, propiciando a inclusão do participantenas
imagens.A Internet é um veículo de trabalhos de artistas, produções
interativas,museus virtuais, galerias planetárias, etc.Com isso, somam-se as
produções às técnicas interativas, a robótica eas redes de comunicações.As
relações Arte/Tecnologia no Ensino da ArteA relação entre arte e tecnologia se
dá no artista contemporâneo, quevai incorporando novas ferramentas,
invadindo as inovações, dispositivostecnológicos e avanços científicos, robótica,
revelando ao homem percepçõesextra corporais, chamando o expectador a
participar e ser co-autor desua obra.
Convocações multissensoriais da Arte do século XXNa passagem do século XIX
para o século XX é possível apontar:Na pintura a fragmentação analítica das
imagensQue a escultura alcançou a tridimensionalidade através da
bidimensionalidadepictórica.Que a música, som, dança e movimentos ganharam
especificidadesnuma complexa reunião intersemiótica.O objetivo do artista é
re-humanizar os homens, recolocando as tecnologiasa seu serviço, mostrando a
serventia, modos e finalidades da arte.As Escuelas da Pintura al Aire Libre do
México: Liberdade, Forma eCulturaA primeira Esculela al Aire Libre foi criada em
1913. Elas se multiplicaramcomprovando as diversidades raciais e sociais dos
alunos, exibindo asobras produzidas de crianças e adolescentes.
Educação estética, arte e cultura do cotidianoPara o movimento de busca
equilibrada na vida são vitais as interatividadesentre espaços e tempos estéticos
do cotidiano.Considera-se atualmente que a estética é uma conexão direta da
obrade arte e fundamental para formação de outras formas de experiências.O
que se coloca enquanto principal é integrar a arte, educação e a culturaàs
necessidades de nosso povo.Devemos ressaltar a importância da sensibilidade e
da emoção para seresgatar a cultura e as interações, na construção do
conhecimento estético.Grandes pensadores como Ítalo Calvino e Paulo Freire
(1977) reconhecemque o olhar pede: reciprocidade, paixões e parcerias
solidárias,multifocadas e intensas.As transformações das imagens na literatura
infantilÉ só através dos contos (histórias) que existe a possibilidade de
sermosiguais ou parecidos com os personagens.
Há três formas ancestrais denarrativa: a mitológica, a folclórica e a fábula.Ao
retomar o processo histórico é possível verificar que houve umamudança na
concepção de infância e uma mudança na literatura.Temos, nos dias atuais, um
espaço enorme do cotidiano infantil sensopreenchido pela literatura.Ao ilustrar
um livro, alguns ilustradores buscam referências em obrasconsagradas, como
elementos para os seus trabalhos.101 Dálmatas - amizade e
preconceitosAnalisando o desenho referido é possível verificar que a política
deidentidade utilizada por Disney, onde o racismo, os padrões de
beleza,gênero, valorização do trabalho intelectual e as relações de poder
econômicose encontram na trama e construção dos personagens.
Esse apontamento se faz necessário pelo grande número de criançasque
assistem inúmeras vezes os desenhos da Disney e acabam reproduzindoos
conceitos e ideias ali apresentados.A infância e a Imaginação - O papel da Arte
na Educação InfantilPara Jean Piaget e Gaston Bachelard o conhecimento
significa pensálocomo atividade, ação, exercício e movimento. Piaget defende
que oprimeiro organizador é a ação sobre o objeto, transformando-o, e
descobrindoas leis que regem suas transformações.Quando se cria situações e
espaços para o exercício da liberdade, acriança age e faz da matéria e do tempo
momentos da ação. São três ostipos de conhecimento figurativo: a percepção, a
imitação e a imagemmental.Introduzir a arte na vida das crianças é
fundamental, pois no fazer artísticodo desenvolvimento da criança se
estabelece nos jogos de ficção ejogos de construção, fundamentais para seu
desenvolvimento.
Assim o jogo de exercício é o primeiro que aparece na criança. Depoissurge o
jogo simbológico, que a medida que a criança cresce transformagradualmente
em representações, tanto bidimensionais quanto tridimensionais.Essa vivência
fará a criança assimilar, de forma espontânea, o real.Se faz necessário realizar
com as crianças pequenas experiências estéticasonde elas coloquem em jogo o
faze, o compreender, a concentraçãoe a espontaneidade.
Avaliação.
A avaliação compreende o conhecimento por parte do professor decomo os
conteúdos estão sendo assimilados pelos estudantes e o que érelevante o aluno
praticar e saber da matéria desenvolvida. A avaliaçãodeve compreender
também o modo de se ensinar os conteúdos em questão,isto é, não deve ser
uma avaliação unilateral, onde apenas o trabalhodo aluno vem a ser “julgado”,
mas de forma que contribua para que suaspróximas aulas e avaliações
melhorem cada vez mais.Os conteúdos devem ser trabalhados de forma que o
aluno articule edesenvolva uma resposta pessoal, que expresse suas ideias e
que elepossa comparar depois o seu progresso com o de seus colegas.
Os alunosdevem acompanhar não só a sua avaliação, mas também a de seus
colegas,inclusive opinando durante o processo para que cada um
possaaprender que ser avaliado é um ato social em que a classe e a escola
comoparte do ambiente de convívio da criança, reflita uma comunidade de
serespresentes e responsáveis.A escola e professor devem também criar
situações para que o aluno etambém o próprio professor façam uma auto
avaliação do que tenha sidoestudado até o presente momento, criando meios e
orientando-se para umareflexão de seus atos e o que deva ser melhorado no
futuro.
Avaliação no Ensino Fundamental.
Avaliação em Artes Visuais: o professor deverá avaliar se o aluno:• Produz
formas no espaço bi e tridimensional, valorizando oaperfeiçoamento do aluno;•
Sabe argumentar sobre o valor e o gosto em relação as imagensproduzidas por
si próprio e seus colegas;• Reconhece elementos da linguagem visual em
objetos quepodem ser naturais ou fabricados;• Relaciona e aprecia com
curiosidade e respeito diferentestrabalhos;• Valoriza, respeita e reconhece o
direito à preservação de diferentesfontes de documentação, trabalhos e objetos
de arte.Avaliação de dança: o professor deverá avaliar se o aluno:• Compreende
a estrutura e o funcionamento do corpo e oselementos que compõem seu
movimento;• Interessa-se pela dança como atividade coletiva;• Compreende a
aprecia as diversas danças como manifestaçõesculturais.Avaliação de música: o
professor deverá avaliar se o aluno:• Interpreta, improvisa e compõe
demonstrando alguma habilidadeou capacidade;• Reconhece a aprecia os seus
trabalhos musicais, de colegase de músicos através de suas próprias reflexões,
emoções econhecimento sem qualquer tipo de preconceito;• Compreende a
música como um produto cultural em evoluçãoe sua importância no decorrer da
história.Avaliação em teatro: o professor deverá avaliar se o aluno:•
Compreende e está habilitado para se expressar na linguagemdramática;•
Compreende o teatro como ação coletiva;• Compreende e aprecia as diversas
formas de teatro produzidasnas culturas.
CONCEITO
Margot Berthold informa que para Marcel Marceau “pantomima é a artede
identificar o homem com a natureza e com os elementos próximos denós. Para
ele a mímica pode criar a ilusão do tempo. O corpo torna-se uminstrumento que
substitui uma orquestra inteira, uma modalidade paraexpressar a mais pessoal
e, ao mesmo tempo, a mais universal mensagem”(cf. obra referida). Note bem o
destaque dado ao corpo. Isto se justificaplenamente, pois Marceau trabalhava
sempre com pantomima.
FONTES GERADORAS
Aqui Margot Bertold chama a atenção para aquilo que motivou o surgimentodo
teatro. Várias são as fontes que podem ser apontadas historicamentecomo
geradoras dessa expressão de arte. Para a autora citada,entre as várias fontes
que podem ser apontadas é possível destacar oestudo das tribos aborígenes (e
seus ritos mágicos); o estudo das pinturasdas cavernas (registro pictórico); o
estudo das danças mímicas e costumespopulares (cf. obra referida). Veja bem; a
autora cita ritos, registro pictóricoe estudo, costumes.Mas o que está de fato
relacionado com as bases do teatro primitivo?Aquilo que a autora chama de
ALICERCES, ou seja: o teatro primitivoassenta-se em: impulsos vitais, primários,
retirando deles seus misteriosospoderes de magia, conjuração, metamorfose;
encantamentos da caça dosNômades da Idade da Pedra, das danças de
fertilidade e colheita dosprimitivos lavradores dos campos, dos ritos de
iniciação, totemismo examanismo e dos vários cultos divinos (cf. obra referida)..
FORMA E CONTEÚDO
No teatro, forma e conteúdo são condicionados pelas necessidades davida e
pelas concepções religiosas. Ex: o homem, por intermédio do
teatro,personificou os poderes da natureza.
AS SEMENTES
A manifestação teatral como estamos vendo possui percurso. MargotBerthold
usa a expressão sementes, para nos dar uma ideia de germinação,de
desenvolvimento, e informa que os festivais de Dionísio da antigaAtenas, a pré-
história, a história da religião, a etnologia e o folclore oferecemmaterial
abundante sobre danças rituais e festivais das mais diversasformas que
carregam em si as sementes do teatro (cf. obra referida).
O SENTIDO DA MÁSCARA
Veja a seguinte informação: Aquele que usa máscara perde a identidade.Ele
está preso – literalmente “possuído”- pelo espírito que personifica, eos
espectadores participam dessa transformação (cf.obra referida). Observebem.
Esta descrição nos conduz perfeitamente ao entendimento da ideiade teatro
exposta por Margot Berthol. Isto é, que o teatro é pura representaçãoque se faz
com o consentimento e a cumplicidade do público.
ESTÍMULOS
Entre os vários modos de produzir estímulos no teatro primitivo destacam-se os
aromas inebriantes e os ritmos estimulantes.
O PALCO
Cuidado com esta informação porque ela é muito importante no estudodo
espaço cênico. O palco no teatro primitivo é uma arena aberta em terrabatida.
Seus equipamentos de palco (cenografia) podem incluir um totemno centro, um
feixe de lanças espetadas no chão, um animal abatido, ummonte de trigo,
milho, arros ou cana-de-açucar. Repare que são todoselementos referenciais,
simbólicos.
VESTÍGIOS
Margot Berthold informa que podemos identificar vestígios de teatroprimitivo
em manifestações de cultura popular como a dança em volta domastro de maio
ou da fogueira de São João. Para ela o teatro ocidentalteve seu início nas danças
do templo de Dionísio junto a Acrópole.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
A autora indica como elementos constitutivos do teatro primitivo, alémda dança
coral e do teatro na forma de arena, as procissões e as celebraçõesrituais de
magia. A respeito do conteúdo jocoso observa-se que emtodos os lugares e
épocas, o teatro incorporou tanto a bufonaria grotescaquanto a severidade (cf.
obra referida). Podemos encontrar elementos dafarsa nas formas mais
primitivas.
MESOPOTÂMIA
No segundo milênio a .C., o povo da Mesopotâmia descobria que operfil de seus
deuses severos e despóticos estava ficando mais suave.Estes estavam descendo
à terra, tornando-se participantes dos rituais. Oque deve ser destacado aqui é o
seguinte: e com a descida dos deuses,vem o começo do teatro.
FORMA E CONTEÚDO
Conforme bem destaca Margot Berthold, em forma e conteúdo os
diálogossumérios se constituem na aprendizagem de cada personagem, cadaum
por sua vez, exaltando seus próprios méritos e subestimando os dooutro.
Apresentam forte influência dos mitos.
AS CIVILIZAÇÕES ISLÂMICAS
É importante destacar que hoje se sabe, em virtude de pesquisas
arqueológicas,que houve manifestações de circo e combate de gladiadores.O
que Margot Berthol mais destaca é o fato do teatro islâmico existir naforma de
teatro de sombras, além de manifestações populares do tipofolclóricas
baseadas nos mimos.Como característica informa: Mediante ouso dos heróis-
bonecos Karagöz e Hadjeirat no teatro de sombras, a proibiçãodo islã à
representação das imagens de seres humanos era astuciosamenteludibriada.
(cf. obra referida).
OS BONECOS
Os heróis, corporificados em bonecos, eram feitos de couro de cameloe eram
manuseados por meio de varas. Possuíam buracos sem suasarticulações através
dos quais a luz brilhava – quem poderia acusá-los deserem humanos?
CONTEÚDO
A paixão e a farsa, associadas em contraditória união nos mistérios
europeus,permaneceram como irmãos hostis sob a lei do Alcorão.
Ambastornaram-se teatro encontrando uma plateia entre gente comum.
PÉRSIA
O taziyé é também a manifestação teatral da Pérsia. Durante o festivalde
Muharram, na manhã do décimo dia os espectadores dirigem-se àspressas para
o pátio da mesquita para a tekie (monastério) onde um palcoao ar livre é
montado para a taziyé.
INTÉRPRETES E FIGURINOS
Os intérpretes são amadores, dão o texto a partir de um roteiro, emboraa maior
parte seja representada em pantomima, enquanto um sacerdoteque é ao
mesmo tempo organizador e diretos, comenta a ação. Ele secoloca no meio do
palco, acima dos atores, e recita também a introdução eos textos de conexão.
Papéis femininos são executados por homens. Osfigurinos são feitos de
qualquer material disponível.
TURQUIA
Quatro fatores principais influenciaram o desenvolvimento histórico ecultural
da Turquia e, portanto, também o teatro turco: os rituais xamânicose da
vegetação trazidos da Azia Central; a influência da antiguidade; arivalidade com
Bizâncio; e, iniciando o século X, a influência decisiva doislã.
SONOPLASTIA E ATORES
Os músicos , com oboé e tímpano, ficam acocorados no limite da áreada
atuação, e o público permanece em pé em volta. O administrador,diretor, ator
improvisado e protagonista é o personagem Pischekar. Comeloquência floreada
e uma matraca de madeira ele abre a apresentação.
CONTEÚDO
Cômico, baseia-se na variedade de tipos étnicos representados, todosfalando o
turco, cada um em seu modo particular.
A MODERNIDADE
O primeiro teatro turco com fosso para a orquestra e um cenário
mecanicamenteoperado surgiu na primeira metade do século XIX,
organizadosegundo os padrões francês e italiano.
AS CIVILIZAÇÕES DO INDO-PACÍFICO
Segundo Margot Bertold, na tradição indiana o próprio Brahma, criadordo
mundo, criou também a arte do drama. Brahmanismo, jainismo e
budismoemprestaram suas formas específicas ao culto e sacrifício, à dança,
àantomima exorcística e à recitação dramática. Não esqueça o seguinte:Deuses
e heróis dominam o palco do panteão celestial tanto quanto o palcoda realidade
terrena, principalmente por causa da conceituação antropomórficados deuses
segundo esclarece Margot Bertold, na obra citada.
ÍNDIA
A origem do teatro hindu está na ligação estreita entre a dança e o cultono
templo. Os estudiosos atualmente aceitam que Brahma tenha escritonuma
época em que as formas primitivas de dança ritual, mimo e
entretenimentopopular começavam a amalgamar-se na nova forma de arte
dodrama. O que deve ser destacado é o seguinto: Bharata assentou a
pedrafundamental da arte do teatro hindu: dispôs todas as suas regras
artísticas,sua linguagem e suas técnicas.
O SURGIMENTO
Bharata conta que um dia Indra pediu a Bhrama que inventasse umaforma de
arte visível e audível e que pudesse ser compreendida por homensde qualquer
condição ou posição social. Então, Bhrama considerou oconteúdo dos quatro
vedas, os livros sagrados da sabedoria hindu, e tomouum componente de cada:
a palavra falada do Rig Veda, o canto do SamaVeda, o mimo do Yajur Veda e a
emoção do Atharva Veda. Todos essesele combinou num quinto Veda, o Natya
Veda, eu comunicou aso sábiohumano, Bharata. E Bharata, para o bem de toda
a humanidade, escreveuas regras divinas da arte da dramaturgia do
Natyassastra, o manual dadança e do teatro. É assim que Margot Bertolde
apresenta o assunto.
O PRIMEIRO DRAMA
De acordo com Bharata, o primeiro drama foi montado numa
celebraçãocelestial em honra ao deus Indra. Quando a peça se aproximava
doseu clímax, a vitória dos deuses sobre os demônios, espíritos do mal
nãoconvidados paralisaram subitamente os gestos, a mímica, o discurso e
amemória dos artistas. Muito irritado, o deus Indra ergueu o mastro
incrustadode sua bandeira e atacou os demônios. Os atores voltaram
novamente àvida. E o deus Bhrama prometeu à sua arte realidade eterna, que
resistiriaa qualquer rivalidade.
TÉCNICAS DE ATUAÇÃO
Bharata requer, tanto do dançarino quanto do ator, concentração extremaaté
as pontas dos dedos, de acordo com uma lista precisamentedetalhada. Seu
manual arrola 24 variantes de posições para os dedos, 13movimentos de
cabeça, sete de sobrancelhas, seis de nariz, seis de bochechas,nove do pescoço,
sete do queixo, cinco do tórax e 36 dos olhos. Notebem: não há espontaneidade
no teatro indiano. Para os pés do ator, Bharataindicava 16 posições sobre o solo
e 16 no are um sem número de maneirasespecíficas de andar, destinadas a
retratar vários tipos de personalidade:a passo largo, miudinho, arrastando os
pés.
LINGUAGEM
O estrito código de gestos de Bharata é emparelhado por regras
correspondentespara a linguagem – o sânscrito para as classes educadas;
oprakrit para os incultos – pela definição de vários papéis típicos, figurinos
emáscaras, como também regras para tonalidade da palavra falada e para
oacompanhamento musical. Dessa forma, seu código culmina na
classificaçãodas espécies de drama. Como vemos, é tudo o resultado de
aplicaçãode técnicas.
ARQUITETURA
Um terreno retangular deveria ser dividido em duas áreas: um auditórioe um
palco. Quatro colunas sustentarão as vigas do teto. O esquema dascores deve
seguir estritamente o simbolismo tradicional: a coluna brancasimboliza os
brâmanes; a vermelha, o rei e a nobreza; a amarela, os cidadãos;as azuis-negras,
a casta dos artesãos, ladrões e operários. (Estassão as mesmas cores do bastão
de Indra). Na Índia há também o teatro desombras. A caverna de Sitabenga tem
seu lugar na história do teatro hindu.
GÊNEROS
O Drama clássico engloba toda a extensão da vida, na terra e no céu.O conteúdo
é formado por baladas, que eram recitadas antifonicamente nosritos sacrificiais
sagrados. Seu conteúdo dramático – o amor do rei humanoPurunas pela ninfa
celestial Urvasi, e o conflito com seus oponentes, ospoderes obscuros e míticos,
fornecem material para o tratamento teatral, ena verdade para a grande
ópera.O Drama clássico da Índia é contemplativo. O autor situa suas
personagensnuma atmosfera de emoção, não na arena das paixões. Os
diretoresteatrais hindus eram muito conscientes na montagem de suas peças.
Afarsa e o burlesco também ocupam um espaço próprio no palco
indiano.Provavelmente desenvolveram-se bastante cedo, ao lado do drama
clássico.
SÉCULO XX
Graças a Rabindranaht Tagore, o drama indiano ganhou mais uma vezrenome
mundial. O poeta também foi vigoroso dramaturgo e produtor. Eleprovocou,
tanto na antiga tradição sânscrita quanto no moderno dramaideológico, o
desenvolvimento de um estilo indiano novo específico, que,como relata Margot
Bertold na obra que ora se analise, pode ser descritocomo de enredo livre,
carregado de simbolismo e expresso numa linguagemlírica e romântica.
INDONÉSIA
Quando o hinduismo atinge a Indonésia desenvolve-se em Java a maisbela e
formosa das formas teatrais do sudeste da Ásia, o teatro de sombrasou
wayan.Figuras planas, recortadas em couro transparente, e os bonecos
esculpidosem madeira, em relevo inteiro ou semi-relevo, com seus olhos
estreitose enigmáticos – são hoje altamente valorizados pelos curadores
demuseus e colecionadores particulares. Estas eram as figuras que
representavamas estórias, que absorveram os mitos védicos.
CARACTERÍSTICA
Margot Bertold aponta as seguintes características do teatro na Indonésia:as
figuras habilmente cortadas e perfuradas são geralmente feitasem couro de
búfalo. Em relação a forma: o rosto é sempre mostrado deperfil, o corpo
geralmente em posição meio frontal; os pés apontam para oslados, seguindo a
direção do rosto. Outras característica muito importantessão: a figura é
firmemente montada sobre varetas feitas de chifre de búfalo;seus membros e
cotovelos são móveis e podem ser guiados com a ajudade duas varetas finas.
Veja bem, aqui estamos falando da técnica de manipulaçãodas figuras.
CHINA
Na China o que impulsionou o drama (teatro) foi o protesto, a
rebeliãocamuflada com o domínio mongólico. Desse modo, durante os séculos
XIIIe XIV, o drama chinês celebrou seus triunfos não no palco, mas nos
textosdos livros impressos. Os dramaturgos eram eruditos, médicos,
letrados,cujos discípulos se reuniam em torno do mestre ao abrigo das salas
particularesde recitais. Sua mensagem sediciosa era passada de mão em
mãoem livros de impressão artesanal, elegantemente encadernadas.Observe o
seguinte: na China também havia o teatro de sombras. Osbonecos de Pequim,
feitos de couro transparente de burro ou búfalo,transmitiam uma impressão da
imaginativa riqueza de ações e dos personagensépicos dos mitos folclóricos (cf.
Margot Bertold, obra de referência).
PERÍODO MING
Um palco vazio, destituído de cenário ou elementos decorativos, o ator–que era
ao mesmo tempo cantor, recitador e dançarino- dava vida aomundo mágico,
perfumado das peônias, flores de pêssego e roseiras; ummundo no qual
amantes infelizes unem-se como borboletas, mas em que aespada flamejante
da vingança também cobra seu tributo..
ÓPERA DE PEQUIM
O estilo do Ópera de Pequim combina os dois elementos dominantesdo teatro
chinês: a perfeição uniforme do conjunto e também o desempenhoindividual
singular do ator principal. O ator atua num palco vazio. Nãoconta com nenhum
acessório externo para ajudá-lo. Tem de criar tudounicamente por intermédio
de seus movimentos, a ação simbólica, comotambém a ilusão espacial. É ele que
sugere o cenário e torna visíveis osacessórios cênicos inexistentes.
JAPÃO
Para Margot Bertold, o teatro japonês pode ser descrito como
celebraçãosolene, estritamente formalizada, de emoções e sentimentos, indo
dainvocação pantomímica dos poderes da natureza às mais sutis
diferenciaçõesda forma dramática aristotélica. Sua mola propulsora está no
podersugestivo do movimento, do gesto e da palavra falada. Não esqueça: a
arteteatral do Japão moderno não é resultado de uma síntese; resulta de
umpluralismo multifacetado, de séculos de desenvolvimento (Margot
Beltold,obra de referência).As citações a seguir, todas encontradas na obra
referida são esclarecedoras.Os estilos distintos do teatro japonês constituem ao
mesmo tempoum marco importante. Cada um deles reflete as constâncias
históricas,sociológicas e artísticas de sua origem. As danças kagure do
primeiromilênio testemunham o poder de exorcismo dos ritos mágicos
primordiais.Os gikagu, peças de máscaras refletem a influência dos conceitos
religiososbudistas, emprestados da China nos séculos VII e VIII. As peças nô
dosséculos XIV e XV glorificam o ethos do samurai. As farsas kiogen,
apresentadascomo interlúdios grotescos e cômicos entre as peças nô, anunciam
acrítica social popular. O kabuki dos inícios do século XVII foi encorajadopelo
poder crescente dos mercadores. NO final do século XIX, o simpa, soba
influência ocidental, trouxe pela primeira vez temas atuais com umatendência
marcadamente sentimental ao palco. No shingeki do século XX,os jovens
intelectuais japoneses finalmente tomaram a palavra.Margot Bertold destaca,
ainda, o seguinte: Todas essas formas básicasdo teatro japonês – incluindo
também o buranku, teatro de bonecos deOsaka – permanecem vivas até hoje,
simultaneamente e lad a lado. Cadaqual tem seu público p’roprio e específico,
seu próprio teatro, seu valoratemporal (cf. obra de referência).
GRÉCIA
A história do teatro ocidental começa na Grécia. Suas origens encontram-se nas
ações recíprocas de dar e receber que em todos os tempos elugares, prendem
os homens aos deuses e os deuses aos homens.Para a Grécia de Homero isso
significava os sagrados festivais báquicos,menádicos, em homenagem a Dioniso,
o deus do vinho, da vegetaçãoe do crescimento, da procriação e da vida
exuberante. Quando os ritosdionisíacos se desenvolveram e resultaram na
tragédia e na comédia, elese tornou o deus do teatro. Observem bem: na
Grécia, o público participavaativamente do ritual teatral, religioso, inseria-se na
esfera dos deuses ecompartilhava o conhecimento das grandes conexões
mitológicas (cf. obrade referência).
TRAGÉDIA
Segundo Margot Bertold duas correntes se combinaram e deram origema
tragédia: uma delas provém do legendário menestrel da Antiguidaderemota, a
outra dos ritos de fertilidade dos sátiros dançantes. Dioniso, aencarnação da
embriaguez e do arrebatamento, é o espírito selvagem decontraste. Ele é a
fonte da sensualidade e da crueldade letal. Essa duplanatureza do deus, um
atributo mitológico, encontrou expressão fundamentalna tragédia grega.Repare
bem no próximo relato porque ele é essencial para compreendera origem e a
evolução do teatro.Margot Bertold eslcarece: Em março de 534 a .C., Psistrato
(tirano deAtenas) trouxe de Içaria para Atenas o ator Téspis, e ordenou que
eleparticipasse da grande Dionisíaca. Téspis teve uma nova e criativa ideiaque
faria história. Ele se colocou à parte do coro como solista, e assim criouo papel
do hypokrites (“respondedor” e, mais tarde, ator), que apresentavao espetáculo
e se envolvia num diálogo com o condutor do coro. Essainovação,
primeiramente não mais do que um embrião dentro do rito dosacrifício, se
desenvolveria mais tarde na tragédia, etimologicamente,tragos (bode) e ode
(canto).Os principais representantes da tragédia são: Ésquilo, a quem a
TragédiaGrega deve a perfeição artística e formal. Os componentes
dramáticosda tragédia arcaica eram um prólogo que explorava a história prévia,
ocântico de entrada do coro, o relato dos mensageiros na trágica virada
dodestino e o lamento das vítimas. A princípio, ele antepunha ao coro
doisatores e, mais tarde, com Sófocles, três.Sófoclores, amigo de Ésquilo e trinta
anos mais jovem ganhou dezoitoprêmios dramáticos. Deu alma às personagens
em suas tragédias. Ele osdespiu da arcaica vestimenta tipificante. Pôs em cena
personalidades quese atreveram –como a pequena Antígone, cuja figura cresce
por força dasobrigações assumidas por vontade própria – a sesafiar o ditame
dos maisfortes.Eurípedes. Com ele teve início o teatro psicológico do Ocidente.
“Euapresento os homens como devem ser, Eurípedes os apresenta como
elessão”, disse Sófoclores certa vez. Enquanto Ésquilo via a tentação do
heróitrágico para a hybris com um engano que condenava a si mesmo
pelospróprios excessos, e enquanto Sófocles havia superposto o destino
damalevolência à disposição humana para o sofrimento, Eurípedes rebaixou
aprovidência divina ao poder do cego acaso (cf. obra de referência).
COMÉDIA
A comédia as rãs, de Aristóteles, pode ter funcinado como as exéquiasda
tragédia Ática. Em as rãs, Aristóteles presta testemunho das tensõesartísticas e
políticas do final do século V, dos conflitos internos da polisfragmentada e do
reconhecimento de que o período clássico da arte datragédia havia se
convertido em história. Nesta peça, Dioniso, o deus doteatro, avaliará os
méritos concernentes a Ésquilo e Eurípedes, mas ele serevela tão indeciso,
vacilante e suscetível quanto o público e os juízes nacompetição (cf. obra de
referência).
AS ORIGENS DA COMÉDIA
A origem da comédia, de acordo com a Poética de Aristóteles, residenas
cerimônias fálicas e canções que, em sua época, eram ainda comunsem muitas
cidades. A palavra “comédia” é derivada de komos, orgiasnoturnas nas quais os
cavalheiros da sociedade Ática se despojavam detoda a sua dignidade por
alguns dias em nome de Dioniso, e saciavam todaa sua sede de bebida, dança e
amor. O grande festival dos komasts eracelebrado em janeiro (mais tarde época
de concurso de comédias) nasLaneias, um tipo ruidoso de carnaval que não
dispensava a palhaçada e ohumor licencioso (cf. obra de referência).
A COMÉDIA ANTIGA
Margot Bertold esclarece que a comédia “antiga” precede aquilo queviria a ser
denominado, muito depois, caricatura política, charivari e cabaré.Seus quatro
maiores representantes são: Crates, Cratino, Eurípedes,Aristófanes, o maior de
todos.
A COMÉDIA MÉDIA
Antífanes foi o mais perfeito autor destas comédias. Com a morte
deAristófanes, a era de ouro da comédia política antiga chegou ao fim. Tudo
oque veio depois de Aristófanes ficou conhecido pela denominação
“ComédiaMédia”.
A COMÉDIA NOVA
Segundo Margot Bertold, Menandro assinala um segundo momentomuito
importante da comédia da Antiguidade: a nea (nova comédia), cujaforça residia
na caracterização, na motivação das mudanças internas, naavaliação cuidadosa
do bem e do mal, do certo e do errado. A personagem,conforme ele diz em sua
comédia A Arbitragem, é o fator essencial nodesenvolvimento humano e
portanto também no curso da ação (cf. obra dereferência).
ROMA
O teatro romano fundamenta-se no mote político panem et circenses –pão e
cirdo – que os estadistas astutos têm sempre tentado seguir. Tantoem suas
características dramáticas quanto arquitetônicas, o teatro romanoé herdeiro do
grego. Dois períodos devem ser considerados. No que dizrespeito ao
florescimento da literatura dramática de Roma, este períodocorresponde aos
séculos III e II a .C., quando prosperaram a peças históricase as comédias (em
palcos temporários de madeira), e, no tocante aoperíodo da glorificação
arquitetural da ideia de teatro, os séculos I e II d.C.(cf. obra de referência).
OS LUDI ROMANI
Margot Bertold esclarece muito bem a importâncias destes. Para ela osLudi
Romani foram instituídos em 387 a. C., e desde então celebradosanualmente
em setembro, com quatro dias de espetáculos teatrais. Osromanos anexavam a
propriedade expeiritual, tanto quanto a terrena,daqueles que conquistavam,
juntamente com o direito de exibi-la em público,para o prazer de todos e para a
maior glória da res oublica (cf. obra dereferência).
COMÉDIA ROMANA
Plauto e Terêncio são os dois maiores representantes da comédia
romana.Paulto possuía suficiente prática teatral para selecionar as cenasmais
eficazes de seus modelos. Ao fazê-lo, não hesitava em encaminhar ostemas de
várias peças, se isso ajudasse a realçar o efeito. Trabalhou nãomenos com
perícia do que com sorte no princípio da “contaminação”, emque seria igualado
uma geração mais tarde por Terêncio – o segundogrande poeta cômico romano,
conforme relata Margot Bertold em sua obra.Note bem: esta utilização de peças
diferentes para a obtenção de umresultado satisfatório é o que caracteriza o
princípio da contaminação.
O TEATRO ROMANO
Note bem: os dois traços característicos do Império Romano eram asíntese e o
exagero, que podem também ser encontrados nas formasespecíficas de um
teatro romano. No coração do Império, construíram oanfiteatro
especificamente romano, desenhado para espetáculos de massa.Este
combinava os requisitos da arena do circus com o princípio da unidadeteatral
contida em si mesma, numa solução de imponente grandeza (cf.obra de
referência).
A FÁBULA ATELANA
O declínio do drama romano e a extinção da comédia abriaram as portasdo
teatro estatal romano para um espécie rústica de farsa conhecidacomo fábula
atelena que, como as peças satíricas da Grécia, davam umfinal cômico, grotesco
[exodium] às apresentações de peças históricassérias e às tragédias nos Ludi
Romani, uma retaguarda alegre, como relataMargot Bertold.
MIMO
Ao contrário dos atores atelanos, os mimos romanos não usavam máscaras.O
mimo não necessitava de nada mais do que de si próprio, suaversatilidade e sua
arte de imitação.
MIMO CRISTOLÓGICO
Satirizava o cristianismo e a crucuficação.
BIZÂNCIO
O teatro bizantino nunca produziu um drama próprio. Segundo MargotBertold
contentava-se com o caleidoscópio colorido das variedades, darevista, e com
espetáculos de solistas que já vinham prontos e com extratosde diálogos e
peças líricas que eram recitadas no palco por declamadoresem “atitude trágica”
(cf. obra de referência).
TEATRO DE ARENA
Mimos, pantomimas, cantores, dançarinos e trágicos participavam
ativamentedos espetáculos do teatro bizantino, mas não eram seus
representantesprimordiais. A primeira atração nos “deleites para os olhos e
ouvidos”oferecidas do hipódromo e nos anfiteatros do Império consistiam em
combatesde animais e jogos de gladiadores, especialmente nas
festividadesoficiais do Ano Novo que duravam seis dias, como informa Margot
Bertold.
O TEATRO NA IGREJA
Apesar da decisão do Imperador Teodósio II, no Concílio de Cartago,de que
todos os espetáculos teatrais deveriam ser proibidos nos feriadossantos, a
instrumentação da liturgia dentro da própria igreja bizantinaganhou cada vez
mais ressonância.O esplendor da liturgia na Haga Sophia, as aclamações
dramáticas,evocações dos profetas e cantos antifonais, a riqueza colorida das
vestimentaseclesiásticas, as procissões solenes – todos esses
elementosprocuram, por meios inteiramente teatrais, satisfazer a necessidade
deespetáculo de massa (cf. obra de referência).
A IDADE MÉDIA
O teatro medieval é colorido, variado e cheio de vida e contrastesquanto os
séculos que acompanha. Margot Bertol destaca as seguintescaracterística:
Diálogo com Deus e o diabo, apóia seu paraíso sobre quatropilares e move todo
o universo com um simples molinete. Carrega a herançada Antiguidade na
bagagem como viático, tem o mimo como companheiroe traz nos pés um
rebrilho do ouro bizantino. Provocou as proibições daigreja.As representações
religiosas contemplavam as celebrações cênicas noaltar; o Auto Pascal na igreja;
Estações, Procissões e teatro de carros. Apaixão no palco (o drama), simultâneo
em espaços abertos, os mistérioscom cenários, simultâneo no palco-plataforma,
o auto de Natal, os autosprofanos, autos de carnaval, as farsas, as alegorias e
moralidades. Todoeste universo compôs o teatro da Idade Média.
A RENASCENÇA
Este é um período de muitas transformações. Como diz Margot Bertold,se
fóssemos escolher um marco para a “Renascença” do teatro, a dataseria 1486. É
o ano em que a primeira tragédia de Sêneca foi montada emRoma pelos
humanistas e a primeira comédia de Plauto pelo duque deFerrara. E foi nesse
mesmo ano também que saiu do prelo a De Architetus(Dez livros sobre
Arquitetura) de Vitúvio, uma contribuição essencial paraplasmar o palco e o
teatro segundo o modelo da Antiguidade.
O TEATRO HUMANISTA
Margot Bertold faz questão de enfatizar as comparações.Comparada à pompa
cênica dos palcos simultâneos do medievo tardio,o teatro dos primeiros
humanistas parecia muito modesto. O texto interessavamais que quaisquer
esforços artísticos em relação aos efeitos dopalco. Sêneca, Terêncio e Plauto
eram dominantes como mestres dalinguagem latina e do discurso fluente,
protótipos de um modo de vida comopadrão de tudo o que o drama tinha a
contribuir para a imagem do homem(em que Plauto era o modelo da pronta e
vivaz resposta de espírito eTerêncio, de uma inteligência urbana e polida).O
teatro dos humanistas desenvolvido a partir da atividade de ensino epromovido
por sociedades acadêmicas especialmente fundadas para essepropósito, foi
visto com alta consideração. Universidades e escolas latinasarmaram palcos
improvisados em seus pátios. Príncipes e cardeais compraziam-se em ser
patronos do teatro.A arte do discurso dramático, domesticada pelo teatro
escolar, paraaplicação didática e pedagógica, era combinada com os padrões da
procissãoe da homenagem ba programa das festividades cortesãs. Nas
peçaspastorais, revestia-se de graça sentimental. Na tragédia, era submetida
àsregras recém-redescobertas das unidades aristotélicas e,
eventualmente,ajudou que os primeiros temas históricos relacionados com a
atualidade daépoca ganhassem a luz do palco.Margot Bertold faz questão de
destacar que a tragédia humanista, surgiunuma trilha sombria. Na tentativa de
punir seus heróis com o destino daantiga perdição e ruína, chafurdou em
sangue e terror (cf. obra de referência).
A COMÉDIA HUMANISTA
Os príncipes de Ferrara sabiam manter a posição de mecenas da
comédialiterária renascentista. Ludovico Ariosto foi um dos seus
grandesrepresentantes. Na verdade, no início de sua carreira, do mirrado
poeta,dotado de luxuriante fantasia, mas vivendo em circunstâncias
apertadas,mal se ofereceu a oportunidade de colher a mancheias, como relata
MargotBertold. E por isso mesmo sentiu-se tanto mais incitado a enriquecer
asfestas cortesãs com comédias de sua autoria. Em 1509, escreveu sua
obrateatral mais famosa, Isuppositi (Os Impostores) diretamente inspirada
emPlauto, tanto nos tipos quanto na técnica cênica. Entre 1518 e 1521,
pessoasilustres rivalizavam como autores de comédias, encorajadas pelo
papaLeão X, cujos Gaudeamus (canto litúrgico) de alegria terrena estendia-
setambém ao teatro.
A PEÇA PASTORAL
Era quase uma fuga em busca de um mundo irreal e idealizado, de
“purahumanidade”, um mundo “no coração da natureza”.Por toda a Europa, a
emocionante estória de amor relatada da peçaArminta, de Tasso, com sua
louvação à Idade do Ouro, converteu-se emmodelo, muitas vezes copiado, da
peça pastoral.A ação de Arminta reúne todos os elementos da alegoria bucólica:
oprólogo é apresentado pelo amor, em traje pastoril. O pastor Arminta, netode
Pan, corteja em vão a fria ninfa Sílvia. A prestativa intervenção de Dafne– assim
como a de animais, a de um sátiro impertinente e a de um providencialarbusto
de espinhos, ajudam o fiel Arminta a conquistar sua felicidade,tão arduamente
enfrentada. São essas as descrições apresentadaspor Margot Bertold em sua
obra.
O PALCO EM PERSPECTIVA
No primeiro período da Renascença, as representações em Roma eFerrara
presumivelmente ainda adotavam cenários relativamente modestos,em forma
de ruas achatadas. Mas por volta de 1513, o cenário ganhoualguma
profundidade em perspectiva. Em 1518, Baldassare Peruzzi criouum cenário tão
bem-feito, para a representação de uma peça )Calandra, docardeal Bibiano),
que parecia “não ser de faz-de-conta, mas tão verdadeiroquanto possível, e a
praça não uma coisa pintada e pequena, mas real emuito ampla”. Peruzzi havia
transformado o bastidor unicamente pintado defundo em uma utilizável área de
atuação a projetar uma profundidade real.Isso foi conseguido pela combinação
entre um cenário com praticáveis noproscênio e uma parede de fundo pintada
em perspectiva plena.De acordo com as três categorias do teatro humanista,
Serlio (o grandeteórico e arquiteto que foi discípulo de Peruzzi) estabeleceu três
tiposbásicos de cenário: uma arquitetura de palácio para a tragédia
(scneatrágica); a vista de uma praça para a comédia (scena cômica) e uma
paisagemarborizada para a pastora (scena satírica).
OS FESTIVAIS DA CORTE
Eram ocasiões utilizadas para divertir o povo.Segundo Margot Bertold,
Maquiavel considerava mais vantagem paraum príncipe ser temido do que
amado. Contudo, uma de suas recomendaçõesem O Príncipe era a de que este,
“nas estações convenientes do ano,deve manter o povo ocupado com festivais e
mostras”, uma prática que foiabundante no tempo da Renascença (cf. obra de
referência).
O TEATRO ELIZABETANO
O tema principal da Renascença, o indivíduo consciente de si mesmo,
alcançouseu ponto máximo de perfeição artística no teatro elizabetano.
SobElizabeth I – filha de Henrique II e Ana Bolena, que desprezava o papado
eera antagonista de Maria Stuart – o teatro encontrou seus
pressupostosartísticos, seus temas e seu sentido. O novo lema da Inglaterra
elizabetanaera: livre da França, livre do Papado, um orgulhoso reino insular.
O BARROCO
Palavra, rima, imagem, representação, fantasmagoria e aplicações
pedagógicasuniam-se agora à música, que emergia , de mero elemento
deacompanhamento do teatro, para uma arte autônoma. O barroco viu
onascimento da ópera. Essa é a opinião de Margot Bertol, expressa em suaobra
de referência.Partindo da improvisada sala de espetáculo dos patronos da arte,
opasso seguinte levou à casa de ópera independente e autônoma: o
teatroarquitetonicamente ornamentado, com seu auditório de fileiras e
galerias,com um camarote do soberano e articulado de acordo com a
hierarquiaáulica dos espectadores. O palco assumira a forma de lanterna
mágica,emoldurado por um esplêndido arco de proscênio. Cariátides
suportamarquitraves, querubins seguravam cortinas de estuque. O recém
desenvolvidosistema de bastidores laterais alternados possibilitam a ilusão
deprofundidade e as frequentes trocas de cenas.Transformação é a palavra
mágica do barroco. A metamorfose tornouseo seu tema favorito, inexorável
sem suas potencialidades de exaltaçãoglorificante. O universo é o grande teatro
do mundo cujos papéis são atribuídospelos mais poderosos dos mestres de
cena. Calderón desnuda oavesso da hybris do barroco, num símbolo apropriado
de sua era: a imagemdo teatro no teatro.
O TEATRO JESUÍTICO
Margot Bertold inicia este assunto dando destaque ao espetáculo quefoi a
inauguração de uma igreja, o que denota a importância do teatroJesuítico.O
teatro barroco na França é marcado pela tradição clássica e pelacomédia de
caracteres. O problema mais discutido e controvertido eraapresentado pela
regra das três unidade, que Aristóteles de modo algumhavia estabelecido tão
inequivocamente quanto seus intérpretes posterioresalegavam. Todos
concordavam sobre a requerida unidade de ação – porém,em relação à unidade
de lugar e à unidade de tempo, não se sabia sedeveriam ou não, e em que
extensão, ser consideradas obrigatórias. Essaúltima questão estava no cerne
dos debates teóricos que formavam o climaintelectual no qual a tragédia
classique francesa se desenvolvia.A comédia francesa deve-se sobretudo a
Molière e data de 1661 seuinício. Entre as muitas criações de Molière estão: A
decepção Amorosa eEscola de Maridos. Estes são os comentários e análises que
Margot Bertoldapresenta em sua obra.
COMMEDIA DELL’ART
É a comédia de habilidade, isto é, arte mimética segundo a inspiraçãodo
momento, improvisação ágil, rude e burlesca, jogo teatral primitivo talcomo na
Antiguidade os atelanos haviam apresentado em seus palcosintinerantes, o
grotesco de tipos segundo esquemas básicos de conflitoshumanos,
demasiadamente humanos, a inesgotável, infinitamente variávele, em última
análise, sempre inalterada matéria-prima dos comediantes nogrande teatro do
mundo. É o que diz Margot Bertold.Quando o conceito de commedia dell’art
surgiu na Itália no começo doséculo XVI, inicialmente significava não mais que a
delimitação em face doteatro literário culto, Os atores dell’art, no sentido
original da palavra, artesãosde sua arte, a do teatro. Foram, ao contrário dos
grupos amadoresacadêmicos, os primeiros atores profissionais (cf. obra de
referência).
A ERA BURGUESA
No século XVII o teatro tentou contribuir com sua parte para a formaçãodo
século que seria tão cheio de contradições. Tornou-se uma plataformado novo
autoconhecimento do homem, um púlpito da filosofia moral,uma escola ética,
um tema de controvérsias eruditas e também um patrimôniocomum
conscientemente difundido. Lê Père de Famil;e (O Pai deFamília), de Diderot, foi
o grande modelo do novo drama de classe média.Estas são as conclusões de
Margot Bertold.
DO NATURALISMO AO PRESENTE
Segundo informa Margot Bertold, na concepção naturalista, o dever
dodramaturgo era levar ao palco uma realidade que explicasse todo o
comportamentohumano conforme determinado pela “raça, meio-ambiente
emomento”. Èmile Zola, cunhou uma senha programática para a nova
abordagemque se tornou a divisa de luta social contra a burguesia
convencional,em sua obra. O naturalismo no teatro, 1881. “A arte tende a
tornar-sede novo natureza. Ela o faz até o Maximo de seus recursos, em
qualquerépoca dada”, disse Arno Hotz, o pioneiro defensor alemão do
naturalismoconsequente, sob a influência de Zola.Margot Bertold destaca:No
drama naturalista, o próprio quarto estado esguia sua voz, uma vozde acusação,
sofrimento e revolvta. Tostói, Gorki, Gerhart Hauptmamdesceram aos bairros
dos oprimidos e humilhados. A coletividade mais queo indivíduo, era agora o
herói do drama (cf. obra de referência).
A EXPERIMENTAÇÃO
Segundo Margot Bertold o Teatro de Arte de Moscou é marco de
mudança,tornou-se a casa de Tchekhov. Os cuidados prodigalizados desde
oinício ao planejamento de todos os detalhes artísticos e
organizacionaispermaneceram características do teatro de Moscou durante
todo o seufuturo desenvolvimento (cf. obra de referência).
SIMBOLISMO
O que caracteriza o simbolismo e a imaginação e a iluminação. O
realismocênico, como proposta programática, originou-se em Paris, e foi
daFrança também que proveio como reação, o abandono deliberado
donaturalismo: o simbolismo.
O TEATRO ENGAJADO
Esta é mais uma importante parte da história do teatro e Margot
Bertoldprocura mostrar a dinâmica dos fatos e a atualidade do pensamento
políticoe artístico.Com a Revolução Russa, o teatro assistiu a uma ruptura das
mais elementares,radicais e duradouras com a tradição. Nos anos
imediatamenteposteriores a 1917, uma violenta pressão foi exercida para levá-
lo à mobilizaçãopolítica. Edwin Piscator em 1919, em seu manifesto endereçado
aostrabalhadores de Berlim, conclama-os à criação de um “teatro
proletário”.Piscator utilizou-se das ideias vindas de Moscou para produzir
arte,umapropaganda efetiva, para conquistar as massas ainda politicamente
limitadase indiferentes.O drama da era científica, como via Brecht, entende o
homem comoparte daquele mecanismo inteiramente calculável que mantém
em funcionamentoa história mundial; trata o homem como um instrumento
dosórgãos executivos que o manipulam a seu bel-prazer.Brecht, tornou-se
oexemplo clássico do novo teatro didático. É desta maneira que MargotBertold
chama a atenção para a importância desse tipo de teatro, um teatrode
militância.
BROADWAY
Em relação a este assunto tudo pode ser resumido ao seguinte: A formulaçãode
Max Reinhart para o teatro de Nova York era “divertimentocomo negócio”. Isto
é Broadway.
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INTRODUÇÃO
A resistência de algumas pessoas em interagir com as máquinas, ouseja, com a
tecnologia, está trazendo limitações para as tarefas cotidianasdeste final de
século. É necessário que acreditamos que tudo o que nósconstruímos será para
o nosso bem futuramente, por isso é necessário nãoimpedir o avanço das
tecnologias, mas sim compreender a sua presença equais os efeitos que trará
para a nossa vida.Ao observar a nossa história passada, percebemos que as
descobertastecnológicas são inventos que foram se acumulando e servindo de
basepara os próximos, a civilizações nunca regrediram, e ao passo que
asdescobertas tecnológicas avançavam, avançava também a nossa
capacidadede processar informações.É possível encontrar conceitos, em artistas
e teóricos, que nos levam apensar na humanização das tecnologias.A revolução
eletrônica invade todos os campos da atividade humana,pois hoje tudo passa
pelas tecnologias.
Esses campos estão utilizandointensamente as redes de comunicação, a
informação computadorizada eem decorrência destes avanços tecnológicos, a
humanidade está marcadapelos desafios políticos, econômicos e sociais. Em
virtude disto, a artetecnológica também leva o homem, a repensar sua própria
condição humana,oferecendo situações sensíveis com tecnologia. Novas formas
deprodução de arte vão tomando lugar de técnicas tradicionais, reavaliandoos
conceitos artísticos e afastando a arte como mercadoria.Ainda ignorando as
modificações que trazem a revolução eletrônica edas telecomunicações, a
maior parte da arte que vem sendo feita e estabelecidacontinua sendo uma arte
à base da manualidade, sendo acima detudo, uma arte que trata da
permanência.
Muito embora a arte que se fazcom tecnologias interativas, tem como
pressupostos básicos, a mutabilidade,a conectividade, a colaboração, a não
linearidade, ou seja, a arte tecnológicainterativa pressupõe parcerias e o fim de
verdades acabadas, dolinear e do imutável.Hoje, o artista não é mais um autor
solitário de suas peças, pois alémde estreitarem seus laços com cientistas e
técnicos no processo de produçãoda arte, trabalhando num sistema de
colaboração, ele utiliza circuitoseletrônicos, dialoga com memórias, entre outras
coisas.A forma mais conhecida hoje de redes de comunicação, como forma
dedivulgação da arte, é a Internet, que fez com que aumentasse drasticamenteo
número de websites artísticos, onde alguns deles possuem interatividade.Esse
fator fez com que os conhecimentos da arte fossem disseminados.
A história da arte é basicamente uma história de meios e linguagens eque as
tecnologias eletrônicas deste final de século XX, acrescentam outrasqualidades
e circunstâncias para o pensamento artístico.A palavra-chave para o próximo
milênio é interatividade, pois com a arteinterativa surge um “espectador” mais
participativo, sendo uma artetotalmente avessa à inércia. A obra interativa pede
a participação, a colaboraçãoe só existe realmente quando é ativada e
modificada, dando respostasao espectador que a experimenta.Com a
interatividade própria das tecnologias digitais e comunicacionaissurge a
metáfora da “porta aberta”, ou seja, se pode entrar nas informações,pois não
são mais fechadas e as obras de arte se abrem para mudançasda natureza
física.A interatividade sempre gera uma informação que resulta da
colaboraçãomútua entre o homem e a máquina.
Quando se fala de interatividade éimportante ressaltar que existem diferentes
graus de interação e maneirasde participar, sendo, portanto, a única constante
na interatividade o temporeal, pois as transformações se dão exatamente no
momento em queparticipante determina uma ordem para o sistema que a
entende e a devolvetransformada.A base da criação artística na interatividade é
a metamorfose, no entanto,para que estas trocas físicas sejam possíveis através
do diálogo dohomem com as máquinas ou de máquinas com máquinas são
necessáriosdispositivos de acesso ou interfaces, pois são estes dispositivos que
sãoresponsáveis por registrar, traduzir e transmitir o comportamento do
homemcom a máquina e da máquina com o homem ou de uma máquina
comoutra, já as interfaces, podem ser entendidas como os contatos em
superfíciesdiferentes que se conectam de alguma forma, fazendo com que
corposdiferentes compartilhem da mesma decisão.A dimensão comportamental
das tecnologias interativas coloca-nos diantedo pós-biológico. O participante da
experiência está diretamenteconfrontado com dispositivos virtuais que aceitam,
transformam e respondemàs ações do corpo biológico. Estas interfaces
movimentam estruturascerebrais e manipulam dados biológicos como calor e
movimento.
Com este panorama de arte tecnológica interativa, deve-se pensar noslimites da
arte e de um corpo tecnologizado já demarcado por fronteiras dosterritórios
digitais, porém não a configuração biológica do corpo que alteraestas
tecnologias, mas sim a sua capacidade de processar informações eforam
também, estas tecnologias que ampliaram o campo de percepção pornovas de
existir antes não permitidas por um corpo somente biológico.E mais importante,
é que com as tecnologias computadorizadas, o homemestá cada vez mais
deixando as máquinas modificar o seu pensamento,uma vez que as máquinas
estão tendo capacidades humanas além denós.Os artistas estão em perfeita
sintonia com as grandes transformaçõescolocadas ao longo da história para a
condição humana. É preciso levar emconta que, ao passar do tempo, muito que
era ficção científica passou a serrealidade, sendo assim, arrisca-se que no
terceiro milênio estará cada vezmais interagindo em muitos momentos de sua
vida e usando muitas interfaces.
6 ESPELHOS TRANFORMADORES
Para David Rokeby, “uma tecnologia é interativa na medida em que refleteas
consequências de nossas ações ou decisões, devolvendo-as paranós”. Sendo
assim, a tecnologia interativa é o meio pelo qual nós noscomunicamos consigo
mesmo, como se fosse um espelho.Em alguns trabalhos, essa ideia do espelho,
aparece explicitamentecomo no caso das viodeoinstalações, ao contrário da
maioria dos outrostrabalhos interativos onde os interagentes são refletidos para
eles mesmos.Nesses trabalhos interativos explícitos, a imagem do interagente é
odispositivo por meio do qual o comportamento interativo é explorado,
sendoque as transformações da imagem de alguém são as chaves para a
compreensãodo mundo retratado na tela do vídeo.O que o interagente pode
ver o seu reflexo na tela do vídeo de formasestereoscópia, uma vez que cada
olho vê uma imagem diferente.Segundo Rokeby, “um trabalho de arte interativa
apresenta, na formade reflexo transformado, uma imagem do eu partindo de
outro ponto devista, que da mesma forma produz um tipo de tensão
estereoscópia”.
7 MACHINE R US...
Segundo o texto de Tom Sherman:
1. As máquinas somos nós...nas máquinas confiamos: consideramosque as
máquinas são mais confiáveis que as pessoas, porém na medidaem que
conectamos nossas máquinas, a outras máquinas, temos a sensaçãode que
estamos sendo observados, vigiados por pessoas estranhas,através das nossas
próprias máquinas, estamos vulneráveis à observaçãoindesejada e vemos isso
como um grande problema, pois temos medo dainvasão de privacidade. A
questão não é se gostamos ou não, se temosmedo ou não de nossos visitantes,
se não o queremos lá, significa que sãointrusos e nos incomoda saber que esses
intrusos chegam até nossasmáquinas.
2. O homem usava óculos escuros, mascava chiclete, mas não dizianada:
Sherman relata o fato de um homem sempre estar sozinho com suamáquina,
não deixando nenhum visitante entrar, e suas máquinas tambémficam sozinhas,
pois estão sob o seu controle.
3. Só porque as coisas no lado de dentro não podem ser medidas nãosignifica
que não sejam reais: Sherman disse “me conheço melhor do queninguém, mas
levo tão pouco do que sei à superfície – ao lugar onde aspalavras estão. Minha
autoconsciência. A maior parte daquilo de que tenhoconsciência me vem à tona
quando interajo com minhas máquinas. Interagirnão é bem palavra. Eu uso
minhas máquinas para descobrir coisas sobremim”.
4. Quando saio, nunca viajo sozinho: “Eu me movo com uma de
minhasmáquinas e vou o mais longe e o mais rápido que ela pode me
levar.Estamos estreitamente ligados e caminhamos passo a passo. Quando
aspessoas me encontram vêem a nós”.
5. Sou um ser humano muito particular: Sherman se considera um serhumano
particular, pois age instintivamente deixando a lógica e a razãopara as
máquinas, sendo assim, ele não tenta se lembrar de detalhes pormais tempo do
que o necessário.
6. A memória substituiu a lógica no mundo de hoje: acreditamos naquiloque
consideramos e lembramos ser verdadeiro, mas como lembramos depouca
coisa sozinhos, nos utilizamos de nossas máquinas para dar substânciaao
passado, pois as máquinas tem uma capacidade de memorizarque é bem
extensa e precisa. Ao passo que estamos ancorados na nossamemória, no
sentimos perdidos sem nossa máquina.
7. A interatividade e a identidade formam um casal interessante: tudo oque
Sherman está dizendo, está ligado à relações, a existência de relaçõese quando
alguém se encontra numa relação com uma máquina, sendo queé uma máquina
que ele controla, a interatividade acontece.
8. Minhas máquinas são pacientes comigo quando estou com dificuldadepara
me encontrar
9. Por que eu chamo meus aparelhos tecnológicos pessoas de
minhasmáquinas?: Sherman considera que a arquitetura doméstica é como
umamáquina para reforçar e transmitir um profundo e escondido espaço
interior.Os aparelhos tecnológicos individuais caracterizam em detalhe o
espaçointerior de uma pessoa e a tarefa desta máquina chamada casa é
permitirque alguém seja ele mesmo e revele aos outros o que é.
10. Nós somos quem nós vemos, seja quando for: a maioria das pessoasé
preocupada em saber como elas estão sendo percebidas, ao passoque existe
uma minoria que se interessa por saber em como elas percebemos outros e até
mesmo o mundo em que vivemos. Quando se trata demoldar a percepção,
pode-se dizer que as máquinas podem desempenharum papel importante.
11. Eu já voei bastante em minha vida: Sherman afirma que passougrande parte
de sua vida voando, seja em vôos domésticos ou em traslados,e por muitas
vezes encontrou as mesmas pessoas, portanto ele dizque depois de viajar por
tanto tempo, “você descobre que conhece todomundo um pouquinho-e, na
maioria dos casos, esse pouquinho é mais doque o suficiente”.
12. Eu conhecia este homem, ele era meu amigo: Sherman relata a históriade
uma grande amigo, que depois de um certo tempo ele encontrou eem virtude
dos problemas que havia passado, onde tudo deu errado, esseamigo havia
perdido o senso humor e deixado de acreditar que as coisasmelhorariam.
13. Uma maneira de estar sozinho sem estar sozinho: para Shermanuma
maneira de estar sozinho, sem estar sozinho realmente é trabalhandocom suas
máquinas.
14. Não se pode ensinar novos truques a uma máquina velha: as novasmáquinas
interativas exigem nossa completa atenção e participação direta,porém o
problema com essas tecnologias interativas é que não se podefazer mais nada
ao mesmo tempo, por isso as atividades paralelas estãosuspensas.
15. Não existe mais um centro para a auto-identidade: o corpo deixoude ser o
endereço permanente que costumava ser, isso porque as construçõesda
memória externa substituem o corpo.
10 O TEMPO REENCONTRADO
O tempo das máquinasPara Michel Bret, “o tempo das máquinas é aquele da
execução, aexecução de uma tarefa, de um programa escrito por humanos”,
mas alémdisso, “o tempo das máquinas é também aquele que foi necessário
paraconstruí-las, para fazer os programas, e é também o tempo que foi
necessáriopara servir-se delas”.O tempo das imagensA imagem pintada ou
filmada envelheceu, pois os vernizes descascam,os pigmentos se descolorem,
entre outras coisas, porém sua duração devida mesmo com estas limitações
está garantida.Já a imagem numérica, que pode se mostrar sob a forma
eletrônica,pode ser gravada exatamente e definitivamente.A imagem sintética é
um processo, e como um, tem a duração de vidado processo.A imagem
interativa, antes de ser uma imagem sintética, é a simulaçãode uma relação
entre o humano e a máquina.A imagem das realidades virtuais, além de ser uma
imagem, é umasensação, seu tempo é aquele da vida, mas o tempo de uma vida
simulada,isto é, de uma réplica simbólica do mundo real.
O tempo da simulaçãoSimular é substituir o real por um modelo abstrato,
levando em contaalgumas de suas propriedades. O tempo da simulação tem,
sobre o tempodo mundo real, uma vantagem muito importante e decisiva: ele é
reversível.Ao passo que a realidade somente nos oferece um caminho linear
nolabirinto dos possíveis, a simulação nos propõe escolhas múltiplas.As
realidades virtuaisNós percebemos o real e construímos modelos dele para
poder manipulá-lo, prevê-lo, comunicá-lo, imaginá-lo.As realidades artificiais
sintetizadas podem ser percebidas da mesmaforma que as realidades naturais.
As realidades virtuais não dependem deuma ilusão perceptiva, não mais
questionam a noção de realidade, masalargam o campo da percepção, até
então limitado somente aos fenômenosfísicos, estendendo-o aos mundos
simulados.
22 ESPÉCIES DE ESPAÇOS
Segundo o texto de Dominique de Bardonnèche, “a arte deixou
progressivamenteo espaço secreto do templo, o espaço sagrado e coletivo
daigreja, o espaço consagrado e público do museu, o espaço privado dagaleria e
do colecionador, pelos muros descascados da cidade, mundo doar livre e do
cotidiano que se sacraliza pelas virtudes do grafite”.Se a arte transborda o
espaço o espaço de sua apresentação tradicional,a própria representação nos
impôs todos os deslocamentos possíveis,pois a representação inventa um
espaço a partir dos dados do mundo quelhe é contemporâneo, aqueles da
ciência, da técnica, da sociedade e dopensamento. Nesta perspectiva, a
representação é um dispositivo querecorre à experiência e à cultura de uma
época que permite construir umarealidade a partir de um mundo que escapa
sempre.O espaço ligado ao tempo nos permite uma certa configuração
domundo. As novas técnicas hoje trazem consigo uma modificação de
nossoespaço que se encontra ligado ao tempo técnico, à velocidade.
Nossoespaço está comprimido pelas possibilidades que nos dá a velocidade.No
trabalho com a máquina, o contexto espaço/tempo se altera. A máquinanão dá
acesso ao mundo, mas a seu mundo, aquele dos dados.Mundo fechado sobre o
mundo onde o olho perde seu poder de organizar oespaço e onde a própria
sensação visual é recuperada através da máquina.O espaço da imagem não se
desdobra mais numa relação com a formae com a matéria, ele existe somente
porque há outra coisa: ele é umadimensão que contém o tempo.
34 CORPO E REDES
O milenar ponto de vista, onde o qual o corpo não é apenas a origemdo pecado
mas também princípio de todo erro e de todo falso conhecimentose inverte,
pois somente o corpo permite que colhamos a verdade daprofundidade e que
nos abramos para a autêntica compreensão de todo oser.Neste texto de Mario
Costa, ele leva adiante a hipótese sobre a qualele trabalha há 15 anos, “que a
relativa dissolução do corpo e do eu induzida pela neotecnologia e o paralelo
desenvolvimento das redes podemprovocar, e estão de fato provocando,
juntamente com o declínio da individualidadefísica e mental, o desenvolvimento
de uma dimensão mentalcomum que não é mais somente uma forma da
interioridade, mas umexterior e material órgão da espécie destinado a crescer e
desenvolver-se”.
38 CULTIVANDO O HIPERCÓRTEX
Segundo Roy Ascott, as novas tecnologias inteligentes estão exercendoum
enorme ciberestresse sobre a velha Cultura da Representação, umapressão
sentida no nível tanto político quanto pessoal. O impacto da telepresença,o
conhecimento distribuído, a criatividade colaborativa e a vidaartificial no
sentido de eu, nosso sentido do que é natural, do que é serhumano, realmente
do status e legitimidade da realidade diária, é mais doque os discursos mais
tradicionais podem conter.Para ele, a cultura telemática diz respeito à
conectividade global daspessoas, dos lugares, mas acima de tudo, da mente. A
internet é a infraestruturacrua de uma consciência emergente, um cérebro
global. A Netreforça o pensamento associativo, hipermediado, o pensamento
do artista.É a inteligência das redes neurais e isto é o que ele chama de
hipercórtex.A cultura é em primeiro lugar, sempre uma questão de consciência
e asquestões de consciência e a construção da realidade estão no centro
dequalquer discussão de status, papel e potencial da arte na
ciberculturaemergente.Roy afirma que “nossa identidade não é mais fixa; não
temos posiçãofixa, nem estada fixa. Somos telenômades, constantemente em
movimento,entre diferentes ponstos de vista, diferentes “eus”, diferentes
modos de vero mundo e um ao outro. Nosso universo é um campo
transformador depotencialidades, não linear, e no qual todas as trajetórias são
incertas.