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ADAUCIONE DE OLIVEIRA RAMOS

daucyramos @gmail.com

ESCOLA CIDADÃ INTEGRAL ADRIANO FEITOSA

Defasagens e Desafios do Ensino de Arte nas Escolas Públicas

O presente projeto investiga as lacunas e obstáculos enfrentados no ensino de arte nas


escolas públicas brasileiras, analisando os impactos destas defasagens na formação dos
estudantes e na prática docente. A linha de pesquisa utilizada para abordar essa questão é
“Abordagens teórico-metodológicas das práticas docentes”. Será realizado um
aprofundamento na análise das estratégias pedagógicas adotadas pelos profissionais da área,
bem como dos recursos e instrumentos disponíveis para o desenvolvimento das atividades
curriculares.Busco compreender os métodos e abordagens aplicados e como eles são
influenciados pelas deficiências estruturais e curriculares. A partir de uma análise crítica, o
estudo visa propor estratégias para otimizar a educação artística, ressaltando seu papel
fundamental no desenvolvimento integral do aluno e na construção de uma sociedade mais
crítica e sensível.
Introdução

A arte é uma expressão significativa da humanidade e desempenha um papel essencial no


desenvolvimento cognitivo, social e emocional dos estudantes. No entanto, muitas escolas
públicas enfrentam desafios ao incorporar a educação artística em seus currículos devido a
uma série de defasagens. O presente projeto pretende investigar essas defasagens e os desafios
associados ao ensino de arte nas escolas públicas.
A arte, em suas diversas formas e modalidades, é reconhecida por muitos profissionais da
saúde e estudiosos como uma ferramenta poderosa no tratamento e manejo de distúrbios
emocionais e doenças mentais. Aqui está uma análise de como a arte pode ajudar indivíduos
diagnosticados com depressão e outras condições mentais, com base em pesquisas e literatura
existente:

Expressão Emocional: A arte oferece um meio para a expressão emocional, o que pode
ser especialmente útil para pessoas que têm dificuldade em verbalizar seus sentimentos. Ao
expressar-se através da arte, o indivíduo pode tornar tangíveis suas emoções e experiências
internas.

Catarse: Atividades artísticas podem permitir uma descarga de emoções, uma espécie de
"limpeza" ou catarse, que pode ser terapêutica para indivíduos com distúrbios emocionais.

Foco e Mindfulness: O ato de criar arte pode ser meditativo. Concentrar-se em desenhar,
pintar, esculpir ou qualquer outra forma artística pode ajudar a desviar o foco de pensamentos
negativos e promover a atenção plena (mindfulness).

Vale ressaltar a existência da Arteterapia (ou Terapia Artística), uma forma especializada
de terapia que integra as artes visuais, movimento, som e outras formas de expressão criativa
em um contexto terapêutico. A Arteterapia é frequentemente utilizada para tratar distúrbios
emocionais, traumas e várias condições de saúde mental, incluindo depressão.
Em suma, a arte pode oferecer uma variedade de benefícios terapêuticos para pessoas
com depressão e outras condições de saúde mental. No entanto, é importante notar que,
enquanto a arte pode ser um complemento valioso para o tratamento, ela não deve substituir
tratamentos clínicos estabelecidos e acompanhamento médico quando necessário.

Objetivo(s):

Identificar as principais defasagens no ensino de arte em escolas públicas.


Analisar os desafios enfrentados pelos educadores ao ensinar arte nesse contexto.
Propor soluções pedagógicas para superar essas defasagens e desafios.
Justificativa:
O ensino de arte é um componente fundamental para a formação integral dos alunos,
promovendo habilidades críticas e criativas. No contexto escolar público, com muitos desafios
e limitações, entender essas defasagens torna-se crucial para propor mudanças e melhorias.
No Brasil, o ensino de arte nas escolas públicas é regulamentado e assegurado por diversas
leis e diretrizes. As principais legislações que destacam a arte como componente curricular
obrigatório incluem:

Constituição Federal de 1988:


Art. 208: Garante o "ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a
ele não tiveram acesso na idade própria".

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei nº 9.394/1996:

Art. 26: Estabelece que "Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do
ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de
ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características
regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela".

Art. 26, § 2º: "O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá
componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a
promover o desenvolvimento cultural dos alunos".

Base Nacional Comum Curricular (BNCC):

A BNCC, homologada em 2017, serve como referência para a elaboração dos currículos
escolares nos diferentes estados e municípios. Nela, a arte é destacada como uma das áreas do
conhecimento, sendo dividida em quatro linguagens: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro.
A BNCC estabelece competências, habilidades e conteúdos a serem trabalhados em cada
etapa da educação básica.

Plano Nacional de Educação (PNE) – Lei nº 13.005/2014:

Este plano estabelece diretrizes, metas e estratégias para a política educacional no período
de dez anos. Dentro de suas metas e estratégias, há considerações sobre a formação cultural e
artística.
Essas leis e diretrizes enfatizam a importância da arte como componente curricular
obrigatório e como meio de promover o desenvolvimento cultural dos alunos. Elas orientam
sistemas de ensino, escolas e professores sobre a inclusão e abordagem da arte no ambiente
educacional.Esta pesquisa pretende contribuir para a melhoria da educação artística em
escolas públicas e, assim, influenciar positivamente a formação dos alunos.
Fundamentação Teórica:
A relação entre arte e educação é discutida por diversos autores. Eisner (2002) destaca o
papel vital da arte no desenvolvimento do pensamento crítico. Freire (1987) fala sobre a
educação como prática da liberdade, onde a arte pode ser uma ferramenta de conscientização.
Dewey (1934) explora a relação entre arte, experiência e educação.

Ambas as citações também sugerem que a arte tem o poder de nos fazer refletir sobre
nossas vidas, nossos costumes e hábitos. Dewey, ao mencionar a arte como uma forma de
comunicação, implica que ela pode refletir e transmitir aspectos de nossa existência. Greene
expande essa ideia, indicando que a arte pode fazer mais do que apenas refletir; ela pode
desafiar e modificar nossas percepções e entendimentos.

"A finalidade da arte é despertar o que pode estar adormecido e adormecido nas nossas
vidas, em nossos costumes, em nossos hábitos de aceitação." — Variations on a Blue Guitar,
Maxine Greene:

Estas citações reiteram a ideia de que a arte não é apenas uma forma de expressão, mas
um meio poderoso de educação e autodescoberta, capaz de moldar e refletir a cultura e a
identidade humanas.

"As artes constituem a culminação da natureza humana: como criamos, como usamos
símbolos, como reagimos esteticamente, como formamos padrões e sistemas, como damos
sentido à experiência e como nos expressamos de formas que os outros podem compreender e
até se identificar." — Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences, Howard
Gardner.

Ao mencionar que "as artes constituem a culminação da natureza humana", Gardner


posiciona a arte como uma expressão primordial e central da humanidade, que abrange e
sintetiza vários aspectos da nossa existência. Gardner enfatiza ainda a capacidade única dos
seres humanos de "criar" e "usar símbolos". Isso sugere que, através da arte, nós não apenas
produzimos algo novo, mas também empregamos símbolos que carregam significados
profundos, permitindo-nos comunicar ideias, sentimentos e experiências complexas.

Ele também se refere a como os humanos "reagem esteticamente", apontando para nossa
inata capacidade de responder emocional e intelectualmente às experiências artísticas, seja
como criadores ou espectadores.

Em resumo, Gardner sugere que a arte não é apenas uma forma de expressão ou
entretenimento; ela é uma manifestação intrínseca e essencial da condição humana que
engloba criação, simbolismo, estética, organização, interpretação e comunicação.
Esses autores, entre outros, servirão como alicerce teórico para a pesquisa.
Metodologia:

1.Pesquisa Bibliográfica: Análise de literatura existente sobre o ensino de arte e seus


desafios em escolas públicas.

2.Estudo de Caso: Visita a escolas públicas selecionadas para observação e coleta de


dados.

3.Entrevistas: Conversas com educadores, gestores escolares e alunos sobre suas


experiências e percepções em relação ao ensino de arte.

4.Análise dos Dados: Processamento e análise dos dados coletados, utilizando métodos
qualitativos.

Cronograma:
1º Semestre:
Revisão bibliográfica
Seleção de escolas para estudo de caso
Planejamento da coleta de dados

2º Semestre:
Início do estudo de caso: visitas e observações
Início das entrevistas com educadores e alunos

3º Semestre:
Conclusão das entrevistas
Análise preliminar dos dados
Elaboração de propostas pedagógicas

4º Semestre:
Conclusão da análise dos dados
Redação da dissertação
Preparação para a defesa do trabalho
Referências:

 DEWEY, John. Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
 DEWEY, John, "Democracy and Education: An Introduction to the Philosophy of
Education", New York:The Macmillan Company,1916.
 EISNER, Elliot W. O educado visual. Porto Alegre: Artmed, 2002.
 FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1987.
 GREENE Maxine.Variations on a Blue Guitar: The Lincoln Center Institute Lectures
on Aesthetic Education.New York:Teachers College Press, 2001.
 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Art. 208.
 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei nº 9.394/1996:
 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Art. 26; Art. 26, § 2º.
 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF:
MEC, 2017.
 BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 26 jun. 2014.

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