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O PLANEJAMENTO E A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

FOCO EM UM CMEI DE LONDRINA- PR

Ana Claudia Fernandes Lopes1 - UEL-PR


Brenda Francisco Silva2 - UEL-PR
Luana Silvestre Rodrigues3 - UEL-PR
Viviane Apª Bernardes de Arruda4 - CMEI LAURA VERGÍNIA-PR

Eixo – Didática
Agência Financiadora: CAPES- Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior

Resumo

O planejamento dentro da educação infantil necessita ser uma ação sistematizada e


processual, visando que existem várias indagações a respeito do mesmo. Para este estudo,
mediante esta temática, coloca-se a seguinte problemática: Qual a importância do
planejamento e da avaliação na Educação Infantil? Diante deste questionamento feito por
estudantes bolsistas do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), que
ocorreu após o contato com um CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil), situado na
cidade de Londrina, no estado do Paraná e também por meio de estudos e posteriores
reflexões acerca do planejamento na educação infantil, foram realizadas pesquisas
bibliográficas, referentes ao tema de estudo, pautado principalmente ao documento norteador
intitulado como “Caderno de Orientações para a Educação Infantil” do município de
Londrina-Pr, (Versão preliminar), que segue a perspectiva histórico-cultural e a pedagogia
histórico-crítica. O mesmo orienta as ações pedagógicas do docente, articulando sempre a
teoria com a prática, além de apresentar as etapas do ato de planejar e a importância da
avaliação como elemento imprescindível do cotidiano escolar. A análise deste estudo
evidenciou que o planejamento necessita ser norteador ao trabalho do professor na educação
infantil, contribuindo para a aprendizagem e desenvolvimento da criança. Também se fez
importante refletir acerca da avaliação, que precisa ser contínua e processual, respeitando as
especificidades de cada criança. É imprescindível frisar, que a auto avaliação do professor se

1
Estudante do 5º ano de Graduação do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. E-mail: aninhaalopees@gmail.com.
2
Estudante do 3º ano de Graduação do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. E-mail: brenda_s.2@hotmail.com.
3
Estudante do 4º ano de Graduação do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. E-mail: luanasilvestrerodrigues@gmail.com.
4
Graduada em Pedagogia e Pós-graduada em Gestão Escolar pela Faculdade Catuaí- PR e Educação Especial:
Atendimento às necessidades especiais pela Faculdade Iguaçu- PR. Professora da rede municipal de Londrina /
PR e da rede municipal de Cambé/ PR. Supervisora do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
- PIBID Pedagogia UEL. E-mail: vivianebernardesarruda@gmail.com.

ISSN 2176-1396
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faz necessária concomitantemente, contribuindo de maneira significativa à sua prática,


refletindo no seu trabalho com as crianças pequenas, sendo que neste sentido, o professor é o
mediador das relações, o adulto mais experiente que contribuirá de maneira intencional para
que a criança se aproprie da cultura e dos conteúdos acumulados historicamente e se
desenvolva integralmente.

Palavras-chave: Planejamento. Avaliação. Educação Infantil.

Introdução

O presente artigo originou-se a partir de observações, participações e intervenções


desenvolvidas a partir do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID),
realizado em um espaço intitulado como Centro Municipal de Educação Infantil, localizado
na região oeste de Londrina-Pr, que atende crianças de 0 a 5 anos de idade.
Este estudo, tem por objetivo oportunizar ao educador a compreensão do significado
do ato planejar na educação infantil, e sua importância. Considerando o professor como
mediador do processo educativo, é imprescindível a organização e preparação do seu trabalho,
a fim de promover um desenvolvimento integral da criança, tanto no sentido físico como
psicológico e cognitivo. Para Marsiglia (2010), “a aprendizagem precede o desenvolvimento,
o planejamento de ensino deve, então, ser elaborado de maneira a fazer progredir o indivíduo.
”Pensando neste aspecto, é de suma importância a utilização do planejamento como subsídio
para as atividades educacionais, pois, segundo Ostetto (2000), “o planejamento é instrumento
orientador do trabalho docente”.
A autora aborda também a flexibilidade deste instrumento, que possibilita ao docente a
oportunidade de repensar, de rever, e de aperfeiçoar sua prática. Além disso, o professor que
planeja suas ações, é capaz de verificar e identificar se seus objetivos junto às crianças foram
ou não alcançados com sucesso. Portanto:

O planejamento educativo deve ser assumido no cotidiano como um processo de


reflexão, pois, mais do que ser um papel preenchido, é atitude e envolve todas as
ações e situações do educador no cotidiano do seu trabalho pedagógico (OSTETTO,
2000, p. 177).

É por meio dessa perspectiva que se buscou em textos bibliográficos de cunho


qualitativo elencar os princípios do planejamento como ato de instrução do professor em
busca de bons resultados. Almeja-se mostrar os subsídios que o planejamento pode trazer para
a prática pedagógica de um professor, aliados a uma exposição de princípios que podem ser
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utilizados na elaboração de um planejamento, tendo o Município de Londrina- Pr, como


referência neste estudo.
O artigo teve como suporte teórico os autores: ARAÚJO (2010); ARRUDA et al,
(2016); BARBOSA, HORN, (2008); CUNHA; MEDEIROS; MALVEZZI, (2016); HAIDT,
(2011); HOFFMANN, (2012); JESUS; GERMANO (2013); LUCKESI, (1995);
MARSIGLIA, (2010); OSTETTO, (2000); além de contribuições mediante a análises
documentais.

A importância do planejamento pedagógico como reflexão da ação docente

Primeiramente, ao planejar, deve-se partir da análise da realidade da criança, da


comunidade e da instituição, possibilitando a verificação dos limites, das possibilidades e das
necessidades. E ao planejar na educação infantil, se faz necessário contemplar as seguintes
dimensões: o educar, o cuidar e o brincar, além dos elementos da rotina.
Portanto, compreendendo o ato de planejar como meio facilitador do trabalho docente,
pretendeu-se conhecer e desenvolver essa prática amparadora. Desta forma, Jesus e Germano
(2013), consideram que a teoria histórico-cultural articula as ideias que trabalham a interação
da criança e o meio, ou seja, quanto maior a diversidade de contato com temas gerais, as
crianças terão uma aprendizagem mais significativa, e essa aprendizagem irá ocorrer pela
mediação do adulto facilitador.
Ao se considerar o adulto como mediador do processo de aprendizagem, coloca-se em
discussão a atenção que todo professor precisa ter, pois, para exercer a sua prática, o docente
precisa reconhecer os conteúdos a serem ensinados, além de buscar uma didática com
recursos diferenciados e facilitadores, para que a compreensão ocorra de forma integral para
todas as crianças.
Para Jesus e Germano (2013), ao tratar a educação das crianças como um ato
essencial, considera-se que elas sejam sujeitos ativos da sociedade, que refletem e desejam, e
para que sua educação seja contemplada de forma intencional, o trabalho do educador seguirá
linhas organizadas, a fim de coordenar sua prática no ensino.
Em linhas gerais, o professor possui a escolha do recurso de planejar. Para Araújo
(2010, p. 9):
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Atualmente, planejar, é traçar, delinear, programar, elaborar um roteiro na tentativa


de desenvolver conhecimentos, de interação, de experiências múltiplas e
significativas para com os alunos. Por isso não é algo que se encontre pronto, como
uma receita. Ao contrário, o planejamento é flexível e, como tal, permite ao
educador repensar, revisando e buscando novos significados para a sua prática
pedagógica.

Nesse sentido, o planejamento assume um papel reflexivo, pois, a partir desse meio, o
professor pode se orientar, se dirigir aos alunos, e corrigir os seus erros. Jesus e Germano
(2013), entendem o ato de planejar como uma condução do trabalho educativo. Assim, o
planejamento irá interferir no ato da intencionalidade, valorizando a intenção de programar,
documentar e orientar.

O planejamento na Educação Infantil é um momento que possibilita o professor


encontrar soluções para obter avanços no desenvolvimento cognitivo, afetivo e
social da criança, por isso deve ser uma atividade contínua, onde o professor não
somente escolhe os conteúdos a serem passados, mas faz todo um processo de
acompanhamento onde diagnostica os avanços e dificuldades de toda a turma e
também de forma individual, já que é fundamental o professor levar em
consideração as peculiaridades e as especificidades de cada criança, já que cada uma
tem seu modo de agir, pensar e sentir (JESUS; GERMANO, 2013, p. 3).

Os objetivos das atividades ganham mais produtividade e sentido quando ocorre o


planejamento. Araújo (2010) acrescenta dizendo que esse instrumento, nos leva a organização
do trabalho, por trazer elementos que contemplem as decisões pedagógicas do professor,
sobre o que ensinar.

Ao projetar ações para o futuro o professor demonstra seus objetivos e consegue


identificar junto com as crianças se estes foram ou não alcançados com êxito, além
de considerar necessidades de mudanças para que o processo se torne ainda mais
rico (JESUS; GERMANO, 2013, p. 3).

O planejar pode ser feito individualmente por cada professor ou de modo participativo,
ele pode passar por mudanças no decorrer das aulas e deve ser desenvolvido diferentemente
para cada turma, respeitando as especificidades de cada criança, atentando-se também a faixa
etária atendida. Se faz necessário lembrar, que o planejamento é flexível e pode sofrer
alterações no ato de sua execução, como quando surgem imprevistos inesperados, em que, os
objetivos podem não ser atingidos conforme o planejado.
Araújo (2010) qualifica o planejamento participativo, quando há a participação do
supervisor ou coordenador pedagógico, sendo eles essenciais para ajuda da construção do
planejamento e para que ele seja realizado constantemente em aula, “pois, desta forma,
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havendo cumplicidade entre esses profissionais haverá maior segurança para que esta linha de
trabalho pedagógico tenha êxito” (ARAÚJO, 2010, p. 13).
Jesus e Germano (2013, p. 4), afirmam que é preciso,

aprofundar-se no estudo de teorias e concepções que abordem de maneira diferente o


processo de ensino condiciona liberdade na prática diária deste profissional que
atuará com intencionalidade e compreensão de suas ações, planejando uma rotina
flexível, que considera as necessidades de surjam, mas que esteja norteada numa
concepção de educação e infância que criem condições de desenvolvimento para a
criança baseadas no desafio de promover e possibilitar as máximas qualidades
humanas no sujeito.

Diante esses aspectos, planejar irá garantir melhores resultados ao profissional e


preparará o docente para ensinar de forma intencional e significativa, visando uma educação
de qualidade ao educando.

Elaboração do planejamento pedagógico

Atualmente o município de Londrina possui um documento norteador para sua prática


pedagógica, ainda em estudo, uma versão preliminar que se intitula “Caderno de Orientações
para a Educação Infantil”, formulado no ano de 2016, por diretores, coordenadores,
professores e equipe da gerência da Educação Infantil desse Município. Este documento
possui como objetivo orientar o professor durante sua prática diária, e aliar essa prática a
teoria. A proposta pedagógica do município e, portanto, este material de estudo possui
embasamento na perspectiva histórico-cultural e na pedagogia histórico-crítica.
As instituições municipais de Educação Infantil de Londrina, e consequentemente o
CMEI observado durante o estudo, utilizam o “Caderno de Orientações para a Educação
Infantil” como base para seu trabalho pedagógico. Ressaltando que a escolha do CMEI se
deu de forma espontânea, devido envolvimento das bolsistas do PIBID com esta instituição,
com o contato a partir do estudo deste documento, além da elaboração de planejamentos para
o atendimento das crianças deste CMEI.
O caderno de orientações, ou seja, o material orientador trabalha a partir da
metodologia de projetos, esta que considera o interesse da criança como ponto de partida, e o
vê como contexto para os componentes curriculares (ARRUDA et al, 2016).
Este respectivo documento, aborda a figura do professor como mediador, pois este
deve planejar com intencionalidade, buscando uma maior apropriação de conteúdo, ou seja, a
criança não escolhe o que irá aprender, cabe ao professor, ao propor as atividades, considerar
a maneira com que a criança vê o mundo, aliando os saberes contextuais com os saberes
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fundamentais.

[...] Dentro do ambiente escolar quando os saberes e conhecimentos fundamentais


são ensinados à criança, considerando o contexto e a interdisciplinaridade, a
aprendizagem ocorre de forma mais significativa e, consequentemente, o
desenvolvimento (CUNHA; MEDEIROS; MALVEZZI, 2016, p.8).

O documento fala a respeito da flexibilidade dos projetos, pois este não é única fonte
de apropriação de conhecimentos e saberes da instituição, devido ao fato da criança aprender
também por meio de todas as atividades diárias, além de vivenciar inúmeras outras
experiências, que não precisam obrigatoriamente estarem relacionadas ao projeto da turma,
como jogos e brincadeiras. Para definir o projeto da turma, o professor deve ouvir e observar
as crianças, conhecendo seus interesses, para posteriormente fazer um levantamento dos
saberes e conhecimentos que se enquadram no projeto de escolha (ARRUDA et al, 2016).
De acordo com esse referencial, é importante compreender que o professor utiliza os
saberes apropriados pelas crianças para definir suas ações após os primeiros anos de vida,
pois inicialmente, o professor se embasa primordialmente na teoria, conforme se aumenta a
idade das crianças e consequentemente a apropriação de conhecimento, a teoria vai abrindo
espaço para se aliar com saberes das crianças.
Assim como em todas as áreas da vida, para alcançar os objetivos traçados para a
educação infantil, é necessário realizar o planejamento, para isso, é preciso conhecer
previamente as especificidades da faixa etária a ser trabalhada, portanto, além de ser
indispensável o domínio teórico/metodológico do professor, é preciso que este, ao planejar
tenha antecipadamente estudado e refletido a respeito dos conteúdos e saberes (ARRUDA et al,
2016).
Todas as atividades e ações vivenciadas pelas crianças dentro da instituição devem
possuir intencionalidade pedagógica, portanto, o planejamento deve compreender toda a
rotina da criança dentro da instituição, desde a chegada até a saída, pois:

O planejamento eficaz possui clareza e detalhamento, apresentando objetivos


focados na aprendizagem e no desenvolvimento infantil, saberes e conhecimentos
fundamentais evidenciados, experiências incentivadoras, metodologia que
especifique a condução das ações, materiais, tempo e espaços essenciais (ARRUDA
et al., 2016, p. 21).

Desta forma, o município trabalha com elementos fundamentais para a elaboração do


planejamento na educação infantil e pensando então na elaboração do planejamento, o
caderno de orientações, apresenta uma estrutura pré-elaborada contendo as atividades que
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envolvem a ação docente e, portanto, proporcionam a aprendizagem. Esta estrutura, tem como
objetivo auxiliar a prática docente, podendo ser alterada de acordo com as necessidades da
instituição.
O primeiro conceito desta estrutura consiste na acolhida, ou seja, a chegada das
crianças, que segundo o documento, não devem ficar ociosas, portanto o professor deve
planejar visando à interação delas com os pares e com objetos. Em seguida, a estrutura
apresenta a necessidade de objetivos específicos, ou seja, um ou dois objetivos a serem
alcançados pelas crianças por meio das experiências vivenciadas, visando garantir e favorecer
o seu desenvolvimento. Além de estarem de acordo com as especificidades da criança (faixa
etária) os objetivos necessitam estar relacionados aos saberes e conhecimentos e a avaliação,
sendo que, o objetivo nesta estrutura de planejamento se refere ao que a criança é capaz de
fazer ou poderá fazer, tendo o professor como um adulto mais experiente, para mediar as
experiências vivenciadas no dia a dia da Instituição de Educação Infantil.
A escola deve buscar proporcionar à criança a apropriação de saberes e conhecimentos
sociais e historicamente acumulados pertinentes à faixa etária atendida, ou seja, os conteúdos
fundamentais, que se dividem em conteúdos de formação operacional (constituição de novas
habilidades) e formação teórica (conhecimentos científicos).
Consecutivamente a estrutura apresenta as experiências, estas que devem ser
selecionadas e organizadas com intencionalidade pelos professores, devem ser selecionadas
partindo das necessidades e dos interesses das crianças, pensando nas suas especificidades.
As experiências propostas para a criança, de acordo a rede municipal deve-se fazer referência
à teoria histórico-cultural, além de se relacionarem com os objetivos do planejamento. O
professor precisa estar ciente da abrangência deste conceito.
Pensando na organização do planejamento, a estrutura elenca também a importância
da metodologia, que consiste no trajeto a ser seguido, na descrição da proposta, na forma de
organização, ou seja, deve-se traçar os planos de ação, levantando questionamentos e
problematizações, visando deixar o seu planejamento o mais claro possível, para que se
necessário, outro profissional o aplique. É preciso acrescentar também um levantamento dos
materiais a serem utilizados como recurso, e suas quantidades, além de ponderar também a
respeito da organização do tempo que considera necessário para a atividade, e qual o espaço
viável para a experiência.
Logo em seguida, o documento aborda a importância do registro, o professor necessita
propiciar o registro por parte da criança, possibilitando a utilização de diferentes linguagens e
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formas de representações a respeito dos saberes presentes na experiência, o registro, portanto


consiste na forma com que a criança irá expressar e elaborar o seu entendimento sobre o
assunto.
Posteriormente, o referencial traz a importância de se colocar no planejamento o
tempo de espera, ou seja, tempo de transição dentre um momento e outro, pois, todas as ações
que as crianças realizam, devem possuir intencionalidade por parte do professor, por meio de
um objetivo e de um saber que a criança precisa se apropriar.

Todos os momentos da criança no Centro de Educação Infantil são promotores do


desenvolvimento desde que proporcionem qualidade de interações e representem
algo que a criança está para conquistar em termos de aprendizagem (ARRUDA et al,
2016, p.32).

É de extrema importância elencar os elementos da rotina dentro do planejamento, ou


seja, as inúmeras experiências que as crianças vivenciam nas instituições de ensino, como: os
momentos de alimentação, higiene, sono, organização dos pertences e da sala de referência,
entre outros que servem para a promoção de aprendizagens específicas.
O documento contempla da mesma forma a avaliação, esta que é contínua e se
fundamenta por meio da observação da criança durante todo o processo de aprendizagem. Por
fim, o documento traz a possibilidade de anotar eventuais mudanças no tópico de
observações, visto que o planejamento possui flexibilidade.
Contudo, com a participação das estudantes bolsistas do PIBID, em observações e
intervenções ocorridas no CMEI em que se sucedeu este estudo, além do estudo do Caderno
de Orientações e demais referenciais bibliográficos, tornou-se possível fazer uma análise
reflexiva em relação ao planejar, dada a sua importância para a aprendizagem e
desenvolvimento do sujeito, traçando um paralelo entre a teoria e a prática vivenciada,
contribuindo para a formação e atuação docente das mesmas, além de contribuições referentes
ao atendimento da criança pequena.

A avaliação na educação infantil: Alguns apontamentos

Nos últimos anos é possível perceber uma ampliação de discussões acerca da


intencionalidade e significado da avaliação na Educação Infantil. Portanto se faz necessário
buscar compreender e refletir a respeito desta temática e sua importância na aprendizagem e
no desenvolvimento da criança. Esta que no planejamento, se encontra em uma posição
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conclusiva, relacionando-se diretamente com os objetivos propostos, pois é por meio dela que
ocorre a verificação do alcance dos objetivos.
A Educação Infantil tem como principal finalidade o desenvolvimento integral da
criança. A partir disto, a avaliação deve ser vista como meio de conquista desta intenção, pois
como Luckesi (1995, p.81) coloca, a mesma “deve ser assumida como um instrumento de
compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno. ” Ela por sua vez, tem
o intuito de direcionar as práticas pedagógicas a fim de acompanhar o trajeto de vida da
criança, pois, segundo Hoffmann (2012, p. 13): neste percurso “[...] ocorrem mudanças em
múltiplas dimensões com a intenção de favorecer o máximo possível seu desenvolvimento”.
Torna-se importante compreender que a ação de acompanhamento deve possuir
constância e assiduidade, por certo então, este ato deve ser frequente e sistemático, sendo
necessária a utilização de diversos instrumentos avaliativos, possibilitando assim um maior
detalhamento das aprendizagens, como: observação, análise e registro (BARBOSA; HORN,
2008).
Isso se dá por meio de um processo de investigação constante, onde o professor deve
respeitar a singularidade e a individualidade de cada criança, para que esta se desenvolva
integralmente. “A observação é uma das técnicas que o professor dispõe para melhor
conhecer seus alunos, identificando suas dificuldades e avaliando seu avanço nas várias
atividades realizadas e seu progresso na aprendizagem” (HAIDT, 2011, p.224)
Desta maneira, a avaliação ocorre “mediante acompanhamento e registro do
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino
fundamental” (BRASIL, 1996, p.22).
Os instrumentos avaliativos excedem o objetivo de acompanhamento de
aprendizagens, e podem ser compreendidos também como referencial para auto avaliação
docente, servindo como documentação do processo pedagógico, instigando uma reflexão da
própria formação e prática. (BARBOSA; HORN, 2008).

A avaliação é instrumento de reflexão sobre a prática pedagógica na busca de


melhores caminhos para orientar as aprendizagens das crianças. Ela deve incidir
sobre todo o contexto de aprendizagem: as atividades propostas e o modo como
foram realizadas, as instruções e os apoios oferecidos às crianças individualmente e
ao coletivo de crianças, a forma como o professor respondeu às manifestações e às
interações das crianças, os agrupamentos que as crianças formaram o material
oferecido e o espaço e o tempo garantidos para a realização das atividades
(BRASIL, 2009, p. 16- 17).
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Portanto, as intencionalidades das crianças devem ser registradas pelo professor, pois,
ao acompanhá-las, o mesmo poderá perceber os avanços e/ou dificuldades de seus alunos.
Além de garantir ao professor uma boa organização sob suas propostas.
Barbosa e Horn (2008), ressaltam a importância dos instrumentos de planejamento,
acompanhamento e registro para a elaboração de uma documentação pedagógica coerente e
qualificada. As autoras citam, detalhadamente, alguns destes instrumentos, elencando a
magnitude e abrangência desses para o processo avaliativo.
A variedade destes instrumentos é ampla, abrange as anotações individuais de cada
criança como registro de frases, manifestações, brincadeiras, pensamentos, registro de suas
particularidades afetivas, e também as próprias interpretações pessoais do professor enquanto
docente. As anotações do professor, com base em entrevistas, em conversas, em fotografias, e
em depoimentos dos pais, também são de fundamental importância para esse processo.
Outro instrumento relevante para a avaliação da educação Infantil é o uso do portfólio,
que de acordo com as autoras, consistem em pastas que guardam as atividades e os trabalhos
produzidos pela criança, possibilitando uma análise periódica da aprendizagem, com as
crianças e com os pais, proporcionando uma discussão a respeito dos progressos pessoais de
cada criança, além de possibilitar a constatação, por parte do professor, da área que se deve
trabalhar para desenvolver as potencialidades, os avanços, auxiliando na superação de
obstáculos e consequentemente propondo novos desafios, contribuindo para a verificação dos
avanços significativos.
É imprescindível também compreender que o portfólio, não consiste apenas em uma
seleção de atividades para se guardar, pois, segundo Barbosa; Horn (2008) para a criação
deste “é preciso apreciar, analisar, interpretar, construir sentidos, planejar o futuro, criar uma
narrativa final. ” Nele devem estar expressas uma variedade de vozes, dos pais, das crianças e
dos professores, além de se fazer necessário a transformação dos eventos coletivos em
experiências singulares, mostrando particularidades.
Contudo, se faz necessário, ao fim de cada intervenção e experiência, dentro do
próprio planejamento, um registro avaliativo elaborado pelo professor, em forma de texto,
concluindo sua ação em determinada atividade, consistindo em uma descrição sobre o
desenvolvimento da criança no ambiente escolar, nesta descrição, deve-se compreender os
avanços e conquistas da criança em relação aos saberes e conhecimentos, e aos objetivos
propostos.
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É importante mencionar as capacidades desenvolvidas e as aprendizagens em


andamento, da mesma forma relatar a respeito da interação da criança com os colegas e com
os objetos, além de descrever a forma com que ela se expressa, com suas falas significativas
que indicam compreensão, ou seja, deve haver descrições de como as crianças reagiram às
propostas e se as mesmas atingiram os objetivos, abrangendo as ações e os comportamentos
de cada uma. É importante evitar expressões referentes ao julgamento comparativo das
crianças com seus colegas, como dizer que uma criança está se desenvolvendo mais ou menos
que outra. (LONDRINA, 2016).
Portanto, a avaliação realizada pelo professor, aliada ao planejamento, após a
realização de sua proposta, tenciona-se à verificação dos objetivos que foram alcançados por
meio das ações realizadas, pois, a mesma é colocada como constante observação das reações
das técnicas pedagógicas realizadas pelo educador para com as crianças, de forma que se é
analisado o processo de aquisição da aprendizagem e desenvolvimento da criança no decorrer
do tempo, em seu dia a dia.

Considerações finais

Considera-se que o planejar com intencionalidade, é imprescindível ao educador, que


tem como foco principal, a aprendizagem e desenvolvimento dos educandos. O mesmo deve
analisar todos os momentos, desde a hora da chegada até a hora da saída, e criar estratégias
metodológicas que possam promover a aprendizagem e desenvolvimento constante da
criança. Neste sentido, ao planejar o professor necessita levar em consideração as
subjetividades e singularidades de cada criança, a fim de fazer com que as mesmas possam se
desenvolver.
Embasando-se no estudo do documento que contribui para o trabalho do professor, na
rede municipal de Londrina, o Caderno de Orientações para a Educação Infantil, se torna
importante, enfocando a relevância da aplicabilidade da proposta do planejamento, além da
avaliação e relatos das crianças que o professor realizará.
A avaliação ou o relato das crianças dentro do planejamento consiste em analisar a
proposta aplicada, ou melhor, analisar o desenvolvimento e aquisição da criança naquela
proposta. Visando que, cada criança tem sua especificidade, o professor ao analisá-la pode
relatar sobre a sua interação e como a mesma reagiu aos objetivos propostos. Este momento é
de suma importância, pois o professor irá acompanhar o desenvolvimento de cada criança no
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decorrer das propostas e poderá perceber as dificuldades e progressos de cada uma, além de
fazer com que o mesmo reflita ao que se refere a sua prática.
Contudo, todo planejamento é avaliação, o mesmo se torna um aprendizado constante,
ressalta-se aí a necessidade de pesquisa e estudo, essencialmente a respeito do
desenvolvimento infantil, afim de subsidiar o trabalho do professor e a qualidade do ensino
destinado às crianças.

REFERÊNCIAS

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ARRUDA, A. P., et al. Planejamento. In: LONDRINA, Caderno de Orientações para o


Trabalho Pedagógico na Educação Infantil, 2016.

BARBOSA, M. C. S.; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos pedagógicos na educação


infantil. Porto Alegre: Grupo A, 2008.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares


nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB,
2009.

______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de


dezembro de 1996.

CUNHA, A. R.; MEDEIROS, L. D.; MALVEZZI, R. A. B. Encaminhamentos metodológicos


do trabalho na educação infantil. In: LONDRINA, Caderno de Orientações para o
Trabalho Pedagógico na Educação Infantil, 2016.

HAIDT, R. C. C. Curso de Didática Geral. 1 ed. São Paulo: Ática, 2011.

HOFFMANN, J. Avaliação e Educação Infantil: um olhar sensível e reflexivo sobre criança.


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JESUS, D. A. D; GERMANO, J. Importância do planejamento e da rotina na educação


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LONDRINA. Secretaria Municipal de Educação. Caderno de Orientações para o Trabalho


Pedagógico na Educação Infantil, 2016.

LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar: critérios e instrumentos. 9. Ed.


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MARSIGLIA, A. C. G. Relações entre desenvolvimento infantil e o planejamento de ensino.


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contemporâneos e alternativas necessárias [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo:
Cultura Acadêmica, 2010. 191 p. ISBN 978-85-7983-103-4.

OSTETTO, L. E. (Org.). Planejamento na educação infantil mais que a atividade, a criança


em foco. In: OSTETTO, L. E. (Org.). Encontros e encantamentos na educação infantil:
partilhando experiências de estágios. Campinas: Papirus, 2000.

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