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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS-CCH


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA - DEHIS
CADEIRA DE METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA
DOCENTE: AVOHANNE ARAÚJO

DISCENTE: HANNAH MONIRÊ FRANÇA RIBEIRO

FICHAMENTO DE CITAÇÃO

“Durante muito tempo, os historiadores ligados à chamada história tradicional


privilegiaram como fontes de reprodução do conhecimento histórico os documentos
escritos e oficiais. O documento era o lugar da História.” (p. 324)

“[...] os livros difundiam, basicamente, a história política institucional, a história


econômica, religiosa, os fatos, os dados, os personagens marcantes. Essa crença e
valorização do documento como espelho fiel da realidade, ‘comprovação do
acontecido’, foram desconstruídas ao longo do século XX. As novas correntes
historiográficas ampliaram o conceito de documento histórico. Passaram a ser
consideradas e utilizadas como fontes as evidências, registros da experiência
humana.” (p. 324)

“A utilização de documentos numa perspectiva metodológica dialógica propicia o


desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem que tem como
pressupostos a pesquisa, o debate, a formação do espírito crítico e inventivo.” (p.
325)

“O texto dos PCNs de História (Brasil 1998, p. 86) registra algumas questões que
podem orientar atividades com documentos em sala de aula:

1) O documento não fala por si mesmo, isto é, ele precisa ser interrogado a partir do
problema estudado, construí do na relação presente-passado;
2) Para interrogar o documento, é preciso fazer a escolha de um método, isto é,
escolher procedimentos que orientem na observação, na identificação de ideias,
temas e contextos, na descrição do que foi identificado, na distinção de relações de
oposição, associação e identidade entre as informações levantadas e na
interpretação dos dados, considerando a relação presente passado;

3) Os métodos mais adequados são aqueles que possibilitam extrair dos


documentos informações de suas formas (materiais, gráficas e discursivas) e de
seus conteúdos (mensagens, sentidos e significados) e que permitam compreendê-
los no contexto de sua produção.” (p. 326)

“No clássico livro Didactique de l'histoire (1993), Henri Moniot, citando Gadler,
Leclerc e Limouzin (1991), sintetiza os seguintes momentos (não lineares) na análise
e no comentário de um documento: I) descrever o documento, destacar e indicar as
informações que ele contém; 2) situar o documento em relação ao contexto e à
autoria; 3) Identificar e explorar a natureza do documento; 4) mobilizar os saberes,
os conhecimentos; 5) explicar o documento, associar as informações aos líderes
relevantes; e 6) retirar, remover os limites, os interesses, criticar documento.” (p.
327)

“Portanto, os diferentes autores apontam a necessidade de rigor e de postura crítica


dos historiadores e professores diante dos registros do passado, aos contextos, aos
modos de produção e leitura dos documentos. O exercício de seleção e adequação
didática são extremamente relevantes nesse processo.” (p. 327)

“Essa atividade foi desenvolvida com algumas turmas de 8ª série, hoje 9º ano do
ensino fundamental, na disciplina História, em diferentes escolas públicas.
Desenvolvi também com futuros professores nas aulas de Metodologia do Ensino
de História e em cursos e oficinas de formação continuada de professores de
História. O objetivo foi propiciar a leitura e a discussão de documentos históricos
produzidos em diferentes momentos e circunstâncias, por diversos sujeitos,
possibilitando a ampliação dos conhecimentos históricos, o diálogo e a reflexão do
tema em sala de aula.” (p. 328)

“A atividade foi desenvolvida, com variações, da seguinte maneira: 1) em círculo,


realizávamos um debate sobre a educação no Brasil, apresentando diversos
problemas, hipóteses e desafios da educação, em particular os problemas
vivenciados na escola. As questões que: mais apareceram foram registradas; 2) as
turmas foram divididas em quatro grupos, e todos os alunos receberam as cópias da
seleção de documentos da forma como transcrita a seguir; 3) foi solicitado que cada
grupo lesse, confrontasse e discutisse os documentos - todos eles foram
contextualizados nos grupos; 4) os alunos elaboraram uma apresentação do tema,
relativa a um dos documentos, com suas conclusões; 5) a turma toda elaborou um
texto coletivo sobre a educação nas diferentes épocas, no presente e no passado,
recuperando as questões iniciais que haviam sido registradas pela própria turma. A
professora acompanhou e orientou os diversos grupos, problematizando e
motivando o trabalho investigativo, sugerindo atividades de leitura e criação. Foi
entregue e discutido um roteiro de trabalho, antes de começar a atividade.” (p. 328)

“Em diversas situações, utilizando a mesma seleção de documentos, vivenciei


experiências de ensino e aprendizagem singulares. Em uma turma de 8ª série, por
exemplo, após leituras, questionamentos e debates, os quatro grupos apresentaram
suas conclusões utilizando cartazes com histórias em quadrinhos e charges,
representando situações escolares nas diferentes épocas estudadas. Em outra
turma, os textos serviram de fonte para a construção de um roteiro e apresentação
de uma peça teatral com personagens caracterizados, cenários, representações das
relações professor-aluno. Em cursos de formação continuada, vivenciei a
elaboração de vários projetos de ensino para diferentes séries e níveis de ensino.”
(p. 332)

“Essa experiência reforçou em nós a convicção da possibilidade de: a)


desenvolvimento de trabalhos de pesquisa nas aulas de História; b) utilização de
documentos de forma problematizadora; c) incorporação/utilização/desenvolvimento
de diferentes linguagens nas aulas de História; d) construção/sistematização de
conhecimentos; e) estabelecimento de um diálogo crítico intertextual; f)
redimensionamento das relações entre diferentes temporalidades.” (p. 333)

“Portanto, os documentos não mais falam por si mesmos, mas sugerem-nos


inúmeras questões, possibilidades de diálogos constitutivos do processo de leitura
e reconstrução permanente da História.” (p. 333)

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