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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

NO ENSINO DE HISTÓRIA

Profa. Liamar I. Tuon


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BITTENCOURT, Circe. Ensino de História: fundamentos


e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.
ENSINO TRADICIONAL
• Métodos utilizados desde o fim do século XIX
• Método = concepção + forma de execução
• Até os anos 60 – influência da Escola Nova (concepção: o
conteúdo das disciplinas escolares era apenas um meio para
conseguir determinado tipo de aprendizado).
• Fim dos anos 60 – renovação metodológica
• Anos 70 – a inovação das técnicas educacionais foram tidas
como sinônimo de métodos de ensino inovadores. (uso do
vídeo, laboratórios, palavras cruzadas, caça-palavras, etc.)
Escola Caetano de Campos
Foto 1 – alunas em 1900. Foto 2 – Normalistas em 1909.
Foto 3 – Alunas em 1962. Foto 4 – Alunos em 1965
Moda entre os estudantes Anos 80
nos anos 60/70

Anos 90/2000 As escolas militares atuais


NÃO CONFUNDIR:

• MÉTODO DE ENSINO

• TÉCNICA DE ENSINO

• ADOÇÃO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS DE ENSINO


MÉTODO TRADICIONAL

• Geralmente associado à lousa, giz, livro didático e aula


expositiva;
• O aluno recebe uma carga de informações que passa a ser
repetida mecanicamente de forma oral ou escrita e com
resposta de exercícios;
• Relação professor-aluno é autoritária;
• Hierarquia do saber: Universidade  Livro didático /
professor  aluno;
• Maio de 68 / ditadura cívico-militar no Brasil

• Anos 80: amplo debate sobre o ensino tradicional


TRANSFORMAÇÕES DOS ANOS 80

• Renovação de conteúdos e métodos, pois:


• Alunos de curso noturno com deficiências de escolarização;
• Reconhecimento de que os alunos são portadores de
determinados conhecimentos históricos, pela sua história de
vida;
• Era impossível exigir que os alunos dos cursos noturnos
comprassem livros;
• Problemas com a extensão dos conteúdos;
“TRADIÇÃO ESCOLAR”

• Está sedimentada na sociedade, na família, nos professores


e na escola;
• Há uma idéia de que é sempre preciso “inventar a roda”;
• Aspectos do “tradicional” devem ser mantidos, pois, mundo
do que chamamos “tradicional” é importante para a
formação dos alunos, não devendo ser abolidos em nome de
tudo o que é “novo”.

• “Há que haver cuidado na relação entre permanência e


mudança no processo de renovação escolar” (BITTENCOURT,
2004, p. 229)
• O método é sempre uma consequência da concepção de
aluno e aprendizado de cada período da História:
• Na concepção tradicional – o aluno é aquele que absorve e
repete o que o professor ensina.
• Essa concepção pode ser utilizada, inclusive, com recursos
tecnológicos modernos.

• Principal crítica aos métodos tradicionais:


• A INSUFICIÊNCIA DE TAIS MÉTODOS NA FORMAÇÃO
INTELECTUAL OU NO DESENVOLVIMENTO DO ESPÍRITO
CRÍTICO DOS ALUNOS. (p. 230)
MÉTODO DIALÉTICO

• “[...] Corresponde a um esforço para o progresso do


conhecimento que surge no confronto de teses opostas: o pró
e o contra, o sim e o não, a afirmação e a negação. O
confronto de teses opostas possibilita a elaboração da crítica”.
• Base: contradições que envolvem todos os processos
históricos.
• “ [...] o ponto inicial é identificar o objeto de estudo para os
alunos e situá-lo como um problema (com prós e contras) a
ser desvendado com a utilização da análise (a decomposição
dos elementos), para posteriormente esse objeto voltar a ser
entendido como um todo”. (p. 232)
MÉTODO DIALÉTICO

• Formulação de “obstáculos pedagógicos” (Gaston Bachelard)


• É preciso saber formular um problema sobre o objeto e jamais se
contentar em ter apenas opiniões formuladas sobre ele.
• Pela ciência, o aluno deixaria o conhecimento empírico e passaria
ao conhecimento científico

• Paulo Freire – “dialogismo” ou “Método Dialógico”


• Valoriza o conhecimento empírico, pois com ele encontramos
toda a história de vida do aluno.
• O professor conhece mais sobre o objeto de estudo, mas
reaprende o conteúdo mediante o processo de estudá-lo com os
alunos
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

• Para Serge Moskovici as representações sociais constituem


“[...] um corpo organizado de conhecimentos bem como
uma das atividades psíquicas pelas quais os homens tornam
a realidade física ou social inteligível, inserem-se em um
grupo ou estabelecem uma relação cotidiana de trocas e
comunicação”. (p. 236)
• Na educação, é importante identificar os conhecimentos
adquiridos pela vida, pela mídia, etc.
• O conceito de representação social permite repensar o
conteúdo escolar e identificar o que os alunos “já sabem” de
maneira positiva e útil.
TRABALHANDO COM REPRESENTAÇÕES

1. Escolher um tema:
2. Escreva de 6 a 10 palavras que lembrem o tema escolhido.
3. Faça uma lista com palavras e solicite que os alunos
selecionem aquelas que estão relacionadas ao tema.
4. Escreva uma série de frases e solicite que os alunos,
primeiro circulem as palavras que não conhecem e depois
selecionem as frases que eles pensam corresponder ao
tema.
5. Debate entre os alunos
6. Produção de texto.
USO DIDÁTICO DE DOCUMENTOS
MÉTODOS E ANÁLISES DE DOCUMENTOS

• “O saber histórico é o produto de fontes, todas elas vindas


do passado, de uma crítica, vinda do historiador, um
especialista que explora seu conteúdo! [...]”. (p. 328)
• Quando selecionamos as fontes, já temos conhecimento
histórico sobre o período e domínio dos conceitos e das
categorias fundamentais para a análise histórica;
• Na situação didática de uso de documentos, o aluno não
está produzindo um texto historiográfico, ele está
aprendendo História.
MÉTODOS E ANÁLISES DE DOCUMENTOS

• Alguns problemas:
• O documento pode apresentar linguagem difícil de ser
interpretada (documentos de séculos anteriores)
• O tamanho do documento – é preciso levar em conta o
“tempo pedagógico” das aulas
• Inadequação à idade dos alunos
MÉTODOS E ANÁLISES DE DOCUMENTOS

• “O objetivo é favorecer sua exploração pelos alunos de


maneira prazerosa e inteligível, sem causar muitos
obstáculos iniciais”. (p. 330)

• “A escolha deles em qualquer situação ou nível escolar,


deve favorecer o domínio de conceitos
É importante, para a compreensão do documento, que se faça uma
análise dele como sujeito de uma ação e também como objeto,
formulando três níveis de indagação:

1. Sobre a existência em si do documento: o que vem a ser


documento? O que é capaz de dizer? Como podemos recuperar
o sentido do seu dizer? Por que tal documento existe? Quem o
fez, em que circunstâncias e para que finalidade foi feito?

2. Sobre o significado do documento como objeto: o que significa


como simples objeto (isto é fruto do trabalho humano)? Como
e porque foi produzido? Para que e para quem se fez essa
produção? Qual é a relação do documento (como objeto
particular) no universo da produção? Qual a finalidade e o
caráter necessário que comanda sua existência?
3. Sobre o significado do documento como sujeito: por quem
fala tal documento? De que história particular participou?
Que ação e que pensamento estão contidos em seu
significado? O que fez perdurar como depósito da memória?
Em que consiste seu ato de poder? (Marson, 1984, p. 52)
A utilização de documentos na sala de aula:

• Ajuda a desenvolver o pensamento histórico;


• Facilita a compreensão do processo de produção do
conhecimento histórico pelo entendimento de que os
vestígios do passado se encontram em diferentes lugares,
fazem parte da memória social e precisam ser preservados
como patrimônio da sociedade.
Como recursos didáticos, distinguem-se três tipos de
documentos:

• Escritos
• Materiais
• Visuais ou audiovisuais
DESCREVER o documento,
isto é, destacar e indicar as
informações que ele contém MOBILIZAR os
saberes e
conhecimentos
prévios
para

EXPLICAR o documento, isto


é, associar essas
IDENTIFICAR a natureza
informações aos saberes
desse documento e
anteriores SITUAR o
também explorar esta
documento no
característica
contexto e em
relação ao seu autor

Identificar os LIMITES e o
PARA CHEGAR A interesse do documento, isto
é, criticá-lo
DOCUMENTOS ESCRITOS

• Jornais
• Revistas
• Trechos literários
• Poemas
• Letras de música
• Cordel
• Documentos oficiais
Documentos não escritos na sala de aula

• Objetos museológicos
• Praças, monumentos, cemitérios, etc.

• Objetos de arte
• Fotografia
• Filmes
• Documentários
IMPORTANTE:

• Interdisciplinaridade
• Diversificação de atividades
• Relação do uso dos recursos didáticos com os referenciais
teórico-metodológicos
• Maior interesse dos alunos nas atividades desenvolvidas.

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