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Subsídios à elaboração de provas

História

Ensino Fundamental II
6º ano — 2º bimestre/2019

APRESENTAÇÃO

Com a intenção de contribuir de forma mais efetiva para a elaboração de


instrumentos de avaliação, coerentes com a abordagem metodológica
adotada em nosso sistema de ensino, os autores de nosso material didático
produzem, bimestralmente, estes “Subsídios”. Trata-se de sugestões que
podem ser utilizadas nas avaliações, mas têm como principal destinatário o
próprio professor.
Por esse motivo, será necessário que você analise cada uma das
propostas, verificando o nível de adequação delas, de acordo com as
necessidades de seus alunos.
Sabendo das particularidades de cada região, de cada escola e respeitando
a dinâmica e as características de cada professor, salientamos que a utilização
das atividades sugeridas depende exclusivamente de sua decisão.
CONSIDERAÇÕES E ORIENTAÇÕES GERAIS
Considerando-se os objetivos do 6º ano, a avaliação pode utilizar questões que
permitam aferir o desenvolvimento das seguintes habilidades:
 leitura e interpretação de texto;
 compreensão de contexto;
 comparação;
 identificação de características;
 domínio de informações essenciais;
 relação entre informações.
Temas abordados no Caderno 1 articulam-se com os seguintes objetivos:
 tomar contato com as noções de tempo histórico e tempo cronológico;
 entender que as linhas do tempo (formas de organização do tempo histórico e
cronológico) variam de um povo para outro;
 conhecer algumas hipóteses sobre a chegada dos primeiros grupos humanos à
América;
 perceber o caráter dinâmico das descobertas arqueológicas;
 continuar o trabalho de compreensão de mitos entendidos como fontes históricas;
 reconhecer os atuais povos indígenas do Brasil como descendentes dos primeiros
povoadores do continente;
 conhecer os diversos grupos pré-cabralianos que viveram no atual território
brasileiro;
 compreender e problematizar o conceito de etnocentrismo;
 conhecer os conceitos de civilização, império e Estado;
 conhecer a origem do povo inca, a ocupação da cidade de Cuzco e as fontes que
revelam a história desse povo;
 continuar a explorar o mito como fonte de informação histórica;
 conhecer as primeiras formas de organização social incaica (ayllu);
 conhecer o processo de formação do império inca, distinguindo as estratégias de
cooptação (reciprocidade) e conquista militar;
 compreender os mecanismos de legitimação e exercício do poder centralizado do
Sapa Inca;
 conhecer a complexidade e a hierarquia da sociedade incaica;
 conhecer as relações tributárias entre o Sapa Inca e a população (mita);
 tomar contato com alguns aspectos da cultura incaica: o desenvolvimento na área
de construções de grande porte, os conhecimentos matemáticos, a religião.
Neste segundo ciclo de Subsídios às avaliações, queremos avançar na
fundamentação das provas operatórias. Acreditamos tratar-se de instrumentos preciosos
de avaliação, que permitem ao aluno utilizar os conteúdos iniciais como base para
análises, reflexões e um entendimento mais amplo dos contextos em questão.

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TEXTO-BASE:

A título de contribuição, reproduzimos abaixo um trecho do livro A prova operatória:


A prova operatória tem o grande mérito de romper com a clássica forma (leia-se
fôrma) de perguntas e respostas, interrompendo de maneira drástica com o ciclo
maniqueísta que só estabelece o certo e errado, o falso e verdadeiro.
Esta prova (...) tem a intenção de orientar o aluno passo a passo, deixando sempre
muito claros os objetivos das questões.
Parte delas podem ser apresentadas a partir de um texto a ser cuidadosamente
lido. O texto tem como meta apresentar o contexto, tornando a análise
obrigatoriamente mais profunda e abrangente. As questões não são mais isoladas,
fragmentadas ou subtraídas do contexto.
Tal contextualização impressa nas questões impõe ao aluno que deixe de lado a
simples ação de memorização, para poder colocá-la a serviço e em função do que foi
lido. A relação que se estabelece já não é mais leitor-pergunta mas, leitor-contexto, via
texto.
A ação da memorização, assim, passa a ser um meio e não um fim em si mesma.
(...) Na prova operatória há que se ler um pequeno texto. Este exibe e expõe um
contexto e sobre ele pede-se, posteriormente, uma reflexão.
Em poucas palavras: o importante é o texto a ser lido, o contexto a ser
compreendido e depois interpretado na resposta a ser dada. Nesta prova, ler torna-se
exercício obrigatório.
A prova operatória pode ser composta de perguntas e de problemas. A pergunta é
bem mais simples, menor, menos complexa. Pedem-se respostas imediatas, únicas,
baseadas, muitas vezes, no exercício da memória. A pergunta evidencia parte do
conteúdo básico que o indivíduo deve saber para que possa, depois, alçar vôos mais
altos nas reflexões que venha a fazer.
Já o problema, geralmente escrito em forma interrogativa, é mais complexo, às
vezes maior, de amplo alcance, exigindo respostas mais elaboradas, com maior
composição e combinações. Os problemas são sempre formados por uma ou mais
“palavras operatórias”. Estas indicam qual a habilidade operatória que se quer observar
na resposta que o aluno venha a dar. Por exemplo: analise, classifique, compare,
critique, imagine, serie, levante hipótese, justifique, explique, interprete, suponha,
reescreva, descreva, localize, opine, calcule, determine, comente, substitua, exponha,
construa, relacione, sintetize e outras.
RONCA, Paulo A. e TERZI Cleide A.. A prova operatória. São Paulo: Edesplan, 1991, pp. 37-39.

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PROPOSTA 1

OBJETIVOS

Avaliar a capacidade do aluno de:


 ler e interpretar texto;
 dominar informações essenciais;
 analisar contexto.

QUESTÕES

Leia o texto a seguir e responda às questões.


Em 2 de setembro de 2018, o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São
Cristóvão, Rio de Janeiro, foi atingido por um grande incêndio que destruiu a maior
parte de suas instalações. O incêndio teve uma grande repercussão: o Museu é a mais
antiga instituição científica do país e seu acervo era composto por mais de 20 milhões
de itens, divididos em coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia,
antropologia, biologia, arqueologia e etnologia.
Um dos itens de maior destaque no acervo é um crânio denominado de Luzia.
Achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974, trata-se de uma mulher que
morreu entre os 20 e os 25 anos de idade e foi uma das primeiras habitantes do país.

A reconstituição do crânio de Luzia, feito a partir do fóssil encontrado, era exposto


no Museu Nacional, até setembro de 2018.

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Em outubro de 2018, o fóssil foi encontrado em meio às ruínas do Museu. No
entanto, parte dele estava danificado.

a) Por que o encontro do fóssil de Luzia reforçou uma das hipóteses sobre a
chegada dos humanos à América?

b) Além da nova interpretação, baseada no fóssil de Luzia, quais são as outras


teorias sobre o povoamento da América?

c) Por que a perda de acervos de Museus como o Nacional provoca grandes danos
à pesquisa e à memória histórica?

COMENTÁRIOS E RESPOSTAS

A proposta utiliza um acontecimento de grande repercussão no Brasil – o incêndio


do Museu Nacional – para aferir se o aluno apreendeu informações essenciais sobre as
teorias de povoamento da América e se reteve informações trabalhadas desde o
Caderno 1 sobre as pesquisas históricas e suas fontes.
a) O fóssil que foi chamado de Luzia tinha traços negroides (e não asiáticos),
reforçando a hipótese de vinda ondas migratórias da Austrália por meio do Oceano
Pacífico. (0,3)
b) Há a hipótese de Bering, que explica a passagem humana da Ásia para a
América, com pessoas caminhando através do estreito entre os dois continentes, que
estava congelado na última glaciação; a hipótese de travessia da Ásia para a América
por meio de navegação próxima ao litoral e a hipótese da travessia da Europa para a
América do Norte, por meio da navegação no Oceano Atlântico. (0,4)
c) Espera-se que o aluno utilize o que aprendeu sobre a importância das fontes
históricas para o conhecimento do passado e comente que perdas de acervos como os
do Museu Nacional eliminam vestígios por meio dos quais podemos conhecer a nossa
e outras sociedades em outros tempos. (0,3)

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PROPOSTA 2
OBJETIVOS

Avaliar a capacidade do aluno de:


 ler e interpretar texto;
 dominar informações essenciais;
 analisar contexto.

QUESTÕES

Em uma reportagem publicada no jornal digital Nexo, a antropóloga Carla Dias


criticou o “dia do índio”, no Brasil. Segundo ela, as comemorações da data:
“[...] reforçam [...] uma imagem única, de um índio que fala uma língua, mora em
um determinado lugar, quando eles falam quase 300 línguas, moram em diversos
lugares e as casas têm diversos tipos de arquitetura; seus corpos são pintados com
diversas tintas e grafismos e com várias gamas de conhecimento sobre o mundo e a
natureza. Essas comemorações são feitas de maneira a não prever isso tudo, ao
contrário. A passar uma visão chapada e superficial.”
Disponível em: </www.nexojornal.com.br/expresso/2018/04/19/Por-que-e-por-quem-o-
%E2%80%98dia-do-%C3%ADndio%E2%80%99-%C3%A9-contestado>. Acesso em: 19 jan. 2019.

a) Por que a antropóloga critica a forma como o “dia do índio” é comemorado no Brasil?

b) Comente a diversidade indígena no Brasil.

c) Aponte dois grandes problemas que ameaçam os grupos indígenas no Brasil.

COMENTÁRIOS E RESPOSTAS

Além de aferir a capacidade do aluno ler e interpretar texto (parte das respostas está
nele), a proposta pretende avaliar a apreensão do aluno acerca da diversidade dos
indígenas do Brasil e das ameaças que sofrem.
a) Segundo ela, a comemoração do “dia do índio” se faz como se o indígena fosse
de um tipo único, sem as muitas diferenças que caracterizam as centenas de grupos
que vivem no Brasil. Isso reforça uma visão “chapada e superficial” da questão. (0,3)
b) Com base no que estudou e no próprio texto da questão, o aluno deve
mencionar que vivem no Brasil mais de 300 grupos indígenas e que eles possuem
idiomas, tradições culturais, formas de organização econômica e social e expressões
artísticas próprios. (0,3)
c) O aluno pode mencionar a falta de demarcação de muitas terras indígenas,
deixando os grupos que nelas vivem vulneráveis às ameaças econômicas: invasões,
mineração, extração de madeira, etc. Também podem mencionar grupos que perderam
a maior parte de suas terras, vivendo confinados em pequenas áreas, nas quais não
podem praticar seu modo tradicional de produção e sobrevivência nem algumas de
suas tradições culturais; a falta de respeito à sua identidade cultural, ou a forma como
os consideram inferiores ou tentando descaracterizá-los como indígenas para não
reconhecer seus direitos constitucionais. (0,4)
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