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PROJETO DIDÁTICO “UMA LENDA,

DUAS LENDAS, TANTAS LENDAS...”


O objetivo maior de um projeto sobre lendas é ampliar a capacidade dos alunos
no uso das práticas de linguagem, de modo que se tornem cada vez mais competen-
tes na oralidade, leitura e escrita.
Vale lembrar também que, ao conhecer e apreciar lendas, os alunos podem
com- preender melhor a sua e outras culturas, o que favorece o respeito às
diferenças.
Para que isso se dê, é importante garantir a realização de sequências didáticas,
bem como atividades permanentes, tais como a “Roda de leitura”. Nesse caso, é
inte- ressante que haja momentos específicos para a leitura do professor e outros,
também na escola, para a leitura dos alunos, situações em que poderão escolher qual
lenda lerão entre várias oferecidas.
A “Roda de biblioteca”, ocasião em que devem levar um livro para ler em casa
e devolvê-lo em data combinada, também é importante para garantir a prática da
leitura.
No desenvolvimento das atividades, a discussão temática das lendas – articulan-
do aos textos informações sobre sua origem, região de circulação e personagens – é
fundamental para a recuperação do contexto de produção das mesmas e, em espe-
cial, dos sentidos que veiculam.
Além disso, é importante que o planejamento das atividades fique claro para os
alunos, de modo que eles possam compreender tanto os conteúdos com os quais
vão lidar no projeto, quanto quais serão as suas responsabilidades em cada etapa
do mesmo.

Para saber mais


As lendas são de autoria anônima, transmitidas pela tradição oral através
dos tempos.
Lidam com problemas humanos universais, em que o homem tenta com-
preender e explicar os mistérios do universo tecendo tramas narrativas.
Assim, as lendas foram criadas por homens de diferentes tempos e lugares
como uma maneira de explicar o que não conheciam, como o surgimento da
Terra, o dia e a noite e outros fenômenos da natureza.
Nesse gênero, o bem e o mal se confundem, assim como o humano e o fan-
tástico. Daí o aparecimento de monstros, heróis, deuses e vários seres
imaginários que misturam fatos reais e históricos com outros, irreais,
produtos da imaginação.

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Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
ORGANIZAÇÃO DA SEQUÊNCIA DE TRABALHO
Sugerimos uma coletânea de lendas preferidas da classe como produto final
para este projeto. É interessante providenciar um cartaz a ser construído
coletivamente para anotar o título de cada nova lenda lida no grupo. Essa listagem-
inventário será útil no momento de escolher as lendas que serão selecionadas para
formar a coletâ- nea da classe.
No entanto, o professor tem outras opções, como: gravar lendas lidas em um CD
e presentear pessoas da comunidade ou ainda preparar uma apresentação de lendas
para outra turma ou para os pais, as quais podem ser lidas ou contadas pelos alunos.
Considerando e ampliando os propósitos já descritos, este projeto tem duração
prevista de quatro meses letivos, considerando-se duas aulas semanais. Está organi-
zado em momentos específicos, os quais podem compreender mais de uma atividade,
por estarem vinculadas a um mesmo objetivo. São elas:
1. Levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos.
2. Compartilhamento do projeto com a classe.
3. Ampliação do repertório dos alunos a respeito das lendas.
4. Atividades de apreciação e reflexão sobre a língua a partir de lendas.
5. Atividades de produção escrita.
6. Atividades de revisão de texto.
7. Atividades de edição do material produzido (incluindo-se o estudo e a produ-
ção das ilustrações).
8. Encerramento do projeto.
Ao fazer o levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos é possível saber quais
são os conhecimentos que eles já têm sobre o gênero lendas. É importante que, ao
longo do trabalho, você continue levantando e avaliando o que os alunos já apren-
deram e em que deverá investir nas situações didáticas posteriores. Para que o
proje- to tenha sentido e propósito, os alunos devem compartilhar dos objetivos e
fundamen- tos que o justificam. Assim, compartilhar o projeto com o grupo implica
socializar com os alunos a proposta desse projeto, bem como suas etapas de
realização e tarefas necessárias para se chegar ao produto final escolhido.
Sabendo-se quais são os conhecimentos que os alunos têm sobre o
gênero e tendo partilhado o trabalho com eles, é importante ampliar o repertório que
possuem sobre as lendas. Nesse momento, invista em seu universo literário, lendo
para eles lendas de diferentes épocas e lugares. No entanto, optamos pelas lendas
brasileiras como foco principal do trabalho em leitura e escrita, por permitirem que
os alunos co- nheçam melhor os traços de sua cultura e origens. É importante
lembrar que, embora seja necessário dar a conhecer aos alunos várias lendas já no
início do trabalho, tam- bém é preciso fazê-lo ao longo das aulas, promovendo a
leitura de lendas no início e durante o projeto.
As atividades de apreciação e reflexão sobre a língua a partir de lendas têm o obje- tivo de
tornar observáveis aos alunos os elementos que caracterizam o gênero lendas,
isto é, promover a identificação de semelhanças e diferenças que definem as lendas
tal como são. Além disso, essas atividades também pretendem tornar-se situações de
apreciação de textos bem escritos, em que os alunos possam identificar os acertos do
escritor ao escolher determinados recursos linguísticos.
Nos momentos de produção escrita pretende-se que os alunos observem como
procedem os escritores durante as situações de escrita. Assim, cabe a você ajudá-los
a se organizar para a escrita de textos, apontando-lhes as características da lingua-
gem que se usa para escrever e ajudando-os a controlar o que já escreveram, bem
como o que ainda falta.
Entendendo-se que as etapas descritas não precisam ser necessariamente es-
tanques e podem integrar-se para atingir os objetivos maiores de um projeto de lin-
guagem, optou-se aqui por vincular, em alguns momentos, atividades de ampliação do
repertório de lendas, possibilidades de reflexão sobre a língua e situações de produ-
ção escrita circunstanciais, a fim de atingir metas mais amplas numa mesma situação
didática.
Os momentos de revisão do texto podem ocorrer durante a escrita dos mesmos,
mas é interessante promover também situações posteriores de revisão, em que as
crianças possam distanciar-se do que escreveram, alternando as condições de
pro- dutor da escrita e leitor. Para que a revisão seja produtiva é preciso eleger focos
es- pecíficos, uma vez que os alunos não têm condições de examinar e aprimorar
várias questões ao mesmo tempo. Assim, pode-se escolher, por exemplo, focar a
revisão ora no discurso escrito, ora nas questões de ortografia, pontuação e
paragrafação. Vale também lembrar que, para auxiliar os alunos a desenvolver bons
procedimentos de revisão de texto, a natureza dessa tarefa exige que ela se dê em
vários e diferentes momentos, bem como com diversos textos.
Feito isso, é hora de passar para a edição do material produzido, visando sempre à
conclusão do produto final escolhido. Nessa etapa os alunos devem observar porta-
dores como o que elegeram para ser o produto final, analisando como se organizam
graficamente, como são ilustrados, que informações contêm além do texto, com que
formatos se apresentam.
O encerramento do projeto se dá quando da socialização do produto final com os
destinatários previamente determinados. No caso de uma apresentação, faz-se neces-
sário preparar o espaço em que esta se dará, organizando recursos e materiais, além
de ajudar os alunos a se preparar para as exposições orais que porventura venham a
realizar. Observar e estudar como outras pessoas se apresentam oralmente pode aju-
dar os alunos a se predispor e antecipar como, também eles, devem proceder.
ETAPA 1: LEVANTANDO
CONHECIMENTOS PRÉVIOS SOBRE O
GÊNERO

ATIVIDADE 1: PARA INÍCIO DE CONVERSA

Objetivo
Levantar os conhecimentos prévios dos alunos sobre lendas.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade é coletiva, e é interessante promover
um ambiente acolhedor para a leitura do texto.
Quais os materiais necessários? Texto que será lido – cópia para todos os alu-
nos da folha de Atividade 1.
Qual é a duração? Cerca de 40 minutos.

Encaminhamento
Proponha aos alunos que façam a leitura compartilhada do texto que você vai
ler. Isso significa que eles deverão ler, silenciosamente e em seu material, o
mesmo texto que você lerá em voz alta.
Lembre-se que seu objetivo nesse momento deve ser “convidar” os alunos à
leitura de uma lenda e, para que possam ter prazer em ouvi-la e apreciá-la, é
importante que você se prepare anteriormente para que possa encantá-los, e
assim ler fluentemente, em bom volume e com entonação adequada.
Terminada a leitura, inicie uma roda de conversa, perguntando-lhes se:
J conheciam ou não essa história;
J conhecem uma outra versão dessa história;
J sabem que tipo de história é (observe se vão reconhecê-la como uma lenda);
J conhecem outras lendas;
J sabem algo sobre esse gênero.
Caso os alunos desconheçam esse gênero, é interessante não fazer uma ex-
posição inicial a respeito, mas ajudá-los a observar o que caracteriza esse
tipo de texto. Analise com eles:
J qual é o tema da história;
J que fenômeno explica;
J como o explica: científica ou fantasticamente;
J como organiza essa explicação: que elementos da natureza estão presen-
tes, quem são as personagens, o que fazem na história, a que conclusão
a narrativa conduz o leitor.
Após essa discussão, comente com eles a origem dessa lenda, nomeando-a
como tal. Trata-se de uma lenda venezuelana, que pertence à tradição indígena
dos waraos, que vivem na região Leste da Venezuela, no delta do rio Orinoco.
Explique-lhes que ubá é um tipo de canoa indígena.
Ajude os alunos a elencar as características desse gênero, chamando sua
atenção para o fato de que está ligada ao surgimento do dia e da noite, perso-
nificados pelo sol e a lua.

ATIVIDADE 1: PARA INÍCIO DE CONVERSA

Acompanhe com atenção a leitura do texto que seu professor fará.

O DONO DA LUZ
No princípio, todo mundo vivia nas trevas. Os waraos procuravam o que
comer na escuridão, e a única luz que conheciam provinha do fogo que
obtinham da madeira. Não existiam então nem o dia nem a noite.
Um dia, um homem que possuía duas filhas ficou sabendo que existia um jo-
vem que era dono da luz. Então, chamou a filha mais velha e disse-lhe:
– Vá até onde se encontra o jovem dono da luz e traga-o para mim.
Ela fez sua trouxa e partiu. Mas encontrou pela frente muitos caminhos e
aca- bou tomando um que a levou até a casa do veado. Ali conheceu o
animal e acabou se distraindo a brincar com ele.
Em seguida, voltou à casa do pai, porém sem trazer a luz.
Então o pai decidiu enviar a filha mais nova.
– Vá até onde se encontra o jovem dono da luz e traga-o para mim.
A jovem tomou o caminho certo e, depois de muito andar, chegou à casa do
dono da luz e disse-lhe:
– Vim para conhecê-lo, ficar um pouco com você e obter a luz para meu pai.
O dono da luz lhe respondeu:
– Eu já esperava por você. Agora que chegou, viverá comigo.
Então o jovem pegou um baú de junco que tinha a seu lado e, com muito
cui- dado, abriu-o. A luz iluminou imediatamente seus braços e seus dentes
bran- cos. Iluminou também os cabelos e os olhos negros da jovem.
Foi assim que ela descobriu a luz. O jovem, depois de mostrar a luz à moça,
voltou a guardá-la.
Todos os dias, o dono da luz a tirava do baú para que se fizesse a claridade e ele
pudesse se distrair com a jovem. E assim foi passando o tempo. Até que a
moça se lembrou de que tinha de voltar para casa e levar ao pai a luz que viera
buscar.
O dono da luz, que já tinha ficado amigo da moça, deu a ela, de presente, a luz.
– Tome a luz, leve-a para você. Assim poderá ver tudo.
A jovem regressou à casa do pai e entregou-lhe a luz fechada no baú de jun-
co. O pai pegou o baú, abriu-o e pendurou-o num dos paus que sustentavam
a palafita em que moravam. De imediato, os raios de luz iluminaram a água
do rio, as folhas dos mangues e os frutos do cajueiro.
Quando, nos vários povoados do delta do rio Orinoco, espalhou-se a notícia
de que existia uma família que possuía a luz, os waraos começaram a vir
conhecê-la. Chegaram em suas ubás do rio Araguabisi, do rio Mánamo e do
rio Amacuro. Eram ubás e mais ubás, cheias de gente e mais gente.
Até que chegou um momento em que a palafita já não podia aguentar o
peso de tanta gente maravilhada com a luz. E ninguém ia embora, pois
ninguém queria continuar vivendo na escuridão, já que com a claridade a
vida era mui- to mais agradável.
Por fim, o pai das moças não pôde mais suportar tanta gente dentro e fora
de sua casa.
– Vou pôr um fim nisto – disse. – Todos querem a luz? Pois lá vai ela!
E com um soco quebrou o baú e atirou a luz ao céu. O corpo da luz voou
para o leste, e o baú, para o oeste. Do corpo da luz fez-se o sol, e do baú
em que ela estava guardada surgiu a lua, cada um de um lado.
Mas, como eles ainda estavam sob o impulso da força do braço que as lança-
ra longe, sol e lua andavam muito rápido. O dia e a noite eram, assim,
muito curtos, e a cada instante amanhecia e anoitecia.
Então o pai disse à filha mais nova:
– Traga-me uma tartaruga.
Quando a tartaruga chegou às suas mãos, esperou que o sol estivesse sobre
sua cabeça e lançou-a a ele, dizendo-lhe:
– Tome esta tartaruga. É sua, é um presente que lhe dou. Espere por ela.
A partir desse momento, o sol ficou esperando a tartaruguinha. E, no dia se-
guinte, ao amanhecer, viu-se que o sol caminhava lentamente, como a tarta-
ruga, exatamente como anda hoje em dia, iluminando até que a noite chegue.
(Fonte: Como surgiram os seres e as coisas, Coedição latino-americana, 1987.)

Agora, converse com seus colegas:


Vocês já conheciam essa história ou outra parecida com essa?
Qual é o tema dessa história?
Como ela explica o surgimento do dia e da noite?
Essa é uma explicação científica ou fantástica?
Quem são os personagens que a compõem?
Onde se passa toda a trama?
Por que você acha que os venzuelanos contavam essa história uns aos outros?
Você já ouviu falar na palavra LENDA? Sabe o que significa?

ETAPA 3: AMPLIANDO OS SABERES


SOBRE LENDAS

ATIVIDADE 3A: CONHECENDO UM POUCO


MAIS AS LENDAS (1)

Objetivos
Ampliar conhecimento prévio sobre o gênero, discutindo sua definição e as di-
ferentes origens.
Ampliar o repertório de lendas.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada coletivamente, com so-
cialização de discussões ao final, para sistematização de conhecimentos.
Quais os materiais necessários? Textos a serem lidos, que constam das folhas
da Atividade 3A.
Qual é a duração? Duas aulas de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos para apresentação das finalidades da atividade.
Oriente-os para que abram seu livro na página correspondente à Atividade 3A
e façam a leitura compartilhada de cada uma das lendas apresentadas,
acompa- nhando a leitura do professor
Leia com os alunos a lenda “Santo Tomás e o boi que voava”.
Depois, leia a lenda “Beowulf e o dragão”. Solicite que os alunos acompanhem
a leitura. Aproveite para estabelecer relações com o filme (A lenda de Beowulf),
lançado no começo de 2008. Pesquise sobre os atores, tire cópias de propa-
gandas de lançamento publicadas no jornal, por exemplo.
Para terminar, leia “A lenda da vitória-régia”.
A cada leitura, recupere o contexto de produção das diferentes lendas,
comen- tando com os alunos algumas informações:
J “Santo Tomás e o boi que voava”: lenda que remonta aos primeiros sécu-
los do Cristianismo, quando estas tinham a finalidade de relatar a vida dos
santos ou mártires, de modo a oferecer bons exemplos de vida para as pes-
soas. Sua origem é latina (europeia). Trata-se de uma lenda do tipo religioso.
J “Beowulf e o dragão”: lenda do povo dinamarquês, na qual um herói – Beowulf
– salva a população de dragões assassinos. É uma lenda do tipo em que o
herói é pessoa da comunidade, bravo, corajoso, que enfrenta perigos para

salvar esse povo, tornando-se herói nacional. À diferença dos contos de fa- das, o interesse do herói
não é o bem-estar da princesa, mas de um povo todo. Machado (1994) informa que Beowulf é um herói
típico das culturas primitivas, daqueles que saíam pelo mundo enfrentando perigos e matando
monstros. A origem dessa lenda é nórdica e é do tipo extraordinário ou so- brenatural.
J “A lenda da vitória-régia”: trata-se de lenda indígena que explica o surgimen-
to da vitória-régia. As lendas indígenas, em geral, são muito próximas do
mito, por explicarem aspectos da criação do mundo. Trata-se de uma lenda
naturalista.
Na lousa, vá anotando os comentários relevantes sobre cada uma das lendas,
chamando a atenção dos alunos para que observem:
J a que época essa lenda se refere;
J qual povo a conta;
J qual seria a finalidade da lenda.
Peça que anotem, no quadro correspondente, as observações socializadas co-
letivamente, pois elas serão necessárias na aula seguinte.

SANTO TOMÁS E BEOWULF A LENDA


O BOI QUE EO DA VITÓRIA-
VOAVA DRAGÃO RÉGIA
Época a
qual se
refere
Origem

Propósito

ATIVIDADE 3A: CONHECENDO UM POUCO


MAIS AS LENDAS (1)

1. Acompanhe a leitura que seu professor fará da lenda intitulada “Santo Tomás
e o boi que voava”.
Sabendo que é uma lenda e conhecendo o seu título, de que você acha que
esse texto tratará? Converse com seu professor e demais colegas a esse
respeito.
SANTO TOMÁS E O BOI QUE VOAVA
Contam os fastos da ordem de São Domingos que, achando-se Santo Tomás
de Aquino na sua cela, no convento de São Jacques, curvado sobre obscuros
manuscritos medievais, ali entrou, de repente, um frade folgazão, que foi
ex- clamando com escândalo:
– Vinde ver, irmão Tomás, vinde ver um boi voando!
Tranquilamente, o grande doutor da igreja ergueu-se do seu banco. Deixou a
cela e, vindo para o átrio do mosteiro, pôs-se a olhar o céu, protegendo os
olhos com as mãos. Ao vê-lo assim, o frade jovial desatou a rir com
estrondo.
– Ora, irmão Tomás, então sois tão crédulo a ponto de acreditardes que um
boi pudesse voar?
– Por que não, meu amigo? – tornou o santo. E com a mesma singeleza, fora
da sabedoria: – Eu preferi admitir que um boi voasse a acreditar que um
reli- gioso pudesse mentir.
(Machado, Irene. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994. p. 97.)
2. Converse com seu professor e demais colegas sobre as seguintes questões:
Essa lenda se parece com as lendas que você conhecia? Em quê? Explique.
De que época você acha que é essa lenda?
Qual você acha que é a finalidade dela?
3. Agora, acompanhe a leitura que seu professor fará de outra lenda, intitulada
“Beowulf e o dragão”.
Comente com seus colegas: Você já ouviu falar nessa lenda? Quando? Co-
nhece a história?
Acompanhe a leitura a partir do texto apresentado a seguir.

BEOWULF E O DRAGÃO
Havia um rei dinamarquês que era valente na guerra e sábio nos tempos de
paz. Vivia num castelo esplêndido. Recebia muitos convites e dava festas
ma- ravilhosas. Mas tudo isso era bom demais para durar eternamente.
Um dia, no final de uma festa, todos ouviram um ruído estranho. Era o
dragão Grandel, que saíra do lago e entrara no castelo. Engoliu o primeiro
homem que encontrou e gostou tanto do sangue humano que atacou muitos
outros. Deixou um rastro vermelho como marca de sua passagem.
Desse dia em diante, a vida no castelo mudou completamente. O terrível
Grandel aparecia todas as noites, matava os homens, bebendo seu sangue, e
carregava o corpo para o lago.
Nem mesmo os guerreiros mais fortes conseguiam vencê-lo, e o castelo aca-
bou sendo abandonado.
Depois de doze anos, esta história chegou aos ouvidos de Beowulf, um ca-
valeiro jovem e corajoso, capaz de vencer trinta homens ao mesmo tempo.
Atividade do aluno
Quando soube da desgraça que tinha se abatido sobre os súditos do rei dina-
marquês, ficou comovido e não pensou duas vezes. Escolheu catorze comba-
tentes e partiu para a Dinamarca.
– Quem é você? – perguntou-lhe o rei.
– Sou Beowulf, viemos libertá-lo do terrível Grandel.
O rei sentiu o coração encher-se de esperança. Deu uma grande festa.
Enquanto todos celebravam, um estranho assobio atravessou o castelo.
As portas de ferro caíram por terra e o terrível Grandel entrou pela sala.
Os olhos brilhavam, a boca cuspia fogo e as garras eram espadas que rasga-
vam o chão. Mas antes que ele conseguisse engolir um guerreiro, sentiu uma
dor insuportável.
Beowulf havia se lançado na direção do dragão e apertava sua garganta com
uma força igual a de trinta homens. Grandel se retorceu, urrou, mas não
con- seguiu se soltar. Foi empurrado por Beowulf até o lago e morreu.
O rei agradeceu ao herói e a vida voltou para o castelo. Mas no fundo do
lago, uma velha feiticeira, a mãe de Grandel, resolveu vingar a morte de
seu filho. Penetrou na grande sala do castelo e aprisionou o conselheiro do
rei.
– Caro Beowulf – disse o rei –, preciso novamente de sua ajuda.
Nesse mesmo dia, Beowulf e o rei montaram a cavalo e foram até o lago.
Boiando sobre as águas, estava a cabeça ensanguentada do conselheiro.
Beowulf mergulhou imediatamente, até que chegou no antro dos monstros.
Viu uma mulher horrorosa sentada em cima de ossadas humanas.
Era a mãe de Grandel. A bruxa se atirou sobre ele. Beowulf foi mais rápido.
Sua espada cortou a garganta da velha. Mas ela continuou a atacá-lo.
Nisso, o cavaleiro avistou uma espada gigantesca. Agarrou-a e arrancou a
cabeça da velha. Foi só então que ele viu, ao lado, o corpo monstruoso de
Grandel. Beowulf também lhe cortou a cabeça e carregou-a até a superfície.
Mas depois que Beowulf libertou a Dinamarca desse monstro sinistro, sentiu
muitas saudades de seu próprio país. Seu tio havia acabado de morrer. E
como ele era o único herdeiro, foi coroado rei. Governou durante cinquenta
anos com sabedoria e justiça.
Foi quando novamente recebeu notícias de que um dragão incendiava a
Dinamar- ca. Não perdeu tempo. Convocou sua tropa e viajou para enfrentar o
monstro.
O animal o esperava. De sua garganta saíam chamas envenenadas e uma
fumaça verde. Os cavaleiros de Beowulf apavoraram-se e fugiram;
Beowulf viu-se só diante do monstro. Mas havia alguém a seu lado: Wiglaf, o
mais jo- vem dos homens de sua tropa.
Esquecendo-se da espada, Beowulf atacou o dragão com tanta força que nem
parecia que havia envelhecido. O monstro grunhiu e o sangue escorreu do
ferimento de sua garganta. Mesmo assim Beowulf foi atingi-lo com o golpe
mortal e percebeu que sua espada havia se partido ao meio.
Atividade do aluno
Estava condenado. Então ouviu uma voz:
– Estou a seu lado, meu rei.
Era Wiglaf, que imediatamente atacou o dragão, ferindo-o mortalmente.
O dragão estendeu a pata e atingiu o rei com suas garras venenosas.
Beowulf sentiu o veneno penetrar nas profundezas de seu corpo. Antes que
a vida o deixasse, disse:
– Eu te nomeio rei, fiel Wiglaf. E como prova disso, aqui está o meu
anel. Estas foram as últimas palavras do célebre matador de dragões,
Beowulf.
Ele morreu tranquilo, porque sabia que seu sucessor era o mais corajoso de
todos os homens, o melhor de todos os guerreiros, e que reinaria com
justiça, trazendo felicidade a seu povo.

4. Converse com seu professor e demais colegas sobre as seguintes questões:


Essa lenda é mais parecida com as que você já conhecia? Em quê? Explique.
Em que essa lenda se parece com a que foi lida antes?
De que época você acha que é essa lenda?
De onde vem essa lenda? De que povo?
Qual você acha que é a finalidade dessa lenda?
5. Agora, acompanhe a leitura da “Lenda da vitória-régia”.
Comente com seus colegas e professor: Você já conhece essa lenda? De que
ela trata?

A LENDA DA VITÓRIA-RÉGIA
A enorme folha boiava nas águas do rio. Era tão grande que, se quisesse, o curumim que a contemplava
poderia fazer dela um barco. Ele era miudinho, nascera numa noite de grande temporal. A primeira luz
que seus pequeninos olhos contemplaram foi o clarão azul de um forte raio, aquele que derrubara a
grande seringueira, cujo tronco dilacerado até hoje ainda lá estava.
“Se alguém deve cortá-la, então será meu filho, que nasceu hoje”, falou o caci- que ao vê-la tombada
depois da procela. Ele será forte e veloz como o raio e, como este, ele deverá cortá-la para fazer o ubá
com
que lutará e vencerá a torrente dos grandes rios...”
Talvez, por isso, aquele curumim tão pequenino já se sentisse tão corajoso e capaz de enfrentar, sozinho,
os perigos da selva amazônica. Ele ca- minhava horas, ao léu, cortando cipós, caçando pequenos
mamíferos e aves; porém, até hoje, nos seus sete anos, ainda não enfrentara a torrente do grande rio,
que agora contemplava.
Atividade do aluno
Observando bem aquelas grandes folhas, imaginou navegar sobre uma delas,
e não perdeu tempo. Pisou com muito cuidado – os índios são sempre muito
cautelosos – e, sentindo que ela suportava o seu peso, sentou-se devagar, e
com as mãozinhas improvisou um remo. Desceu rio abaixo.
É verdade que a correnteza favorecia, mas, contudo, por duas vezes quase caiu.
Nem por isso se intimidou. Navegou no seu barco vegetal até chegar a uma
pe- quena enseada onde avistou a mãe e outras índias que, ao sol,
acariciavam os curumins quase recém-nascidos embalando-os com suas
canções, que falam da lua, da mãe-d’água do sol e de certas forças naturais
que muito temem.
Saltando em terra, correu para junto da mãe, muito feliz com a façanha que
praticara:
“Mãe, tenho o barco. Já posso pescar no grande rio?”
“Um barco? Mas aquilo é apenas um uapê; é uma formosa índia que Tupã
transformou em planta.”
“Como, mãe? Então não é o meu barco? Você sempre me disse que eu um
dia haveria de ter meu ubá...”
“Meu filho, o teu barco, tu o farás; este é apenas uma folha. É Naia, que se
apaixonou pela lua...”
“Quem é Naia?”, perguntou curioso o indiozinho.
“Vou contar-te... Um dia, uma formosa índia, chamada Naia, apaixonou-
se pela lua. Sentia-se atraída por ela e, como quisesse alcançá-la, correu,
cor- reu, por vales e montanhas atrás dela. Porém, quanto mais corriam,
mais lon- ge e alta ela ficava. Desistiu de alcançá-la e voltou para a taba.
“A lua aparecia e fugia sempre, e Naia cada vez mais a desejava.
“Uma noite, andando pelas matas ao clarão do luar, Naia se aproximou de
um lago e viu, nele refletida, a imagem da lua.
“Sentiu-se feliz; julgou poder agora alcançá-la e, atirando-se nas águas cal-
mas do lago, afundou.
“Nunca mais ninguém a viu, mas Tupã, com pena dela, transformou-a nesta lin-
da planta, que floresce em todas as luas. Entretanto uapê só abre suas
petalas à noite, para poder abraçar a lua, que se vem refletir na sua aveludada
corola.
“Vês? Não queiras, pois, tomá-la para teu barco. Nela irás, por certo, para o
fundo das águas.
“Meu filho, se se sentes bastante forte, toma o machado e vai cortar aquele
tronco que foi vencido pelo raio. Ele é teu desde que nasceste.
“Dele farás o teu ubá; então, navegarás sem perigo.
“Deixa em paz a grande flor das águas...”
Eis aí, como nasceu da imaginação fértil e criadora de nossos índios, a histó-
ria da vitória-régia, ou uapê, ou iapunaque-uapê, a maior flor do mundo.
(Machado, Irene. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994. p. 105-106.)
6. Agora, converse com seu professor e demais colegas sobre as seguintes

Atividade do aluno
questões:
E essa lenda, é mais parecida com alguma das que você já conhecia? Em quê?
Explique. Com a ajuda de seus colegas e também do professor, preencha o
qua- dro a seguir.

SANTO TOMÁS E BEOWULF A LENDA


O BOI QUE EO DA VITÓRIA-
VOAVA DRAGÃO RÉGIA
Época a
qual se
refere

Origem

Propósito

ATIVIDADE 3B: CONHECENDO UM POUCO


MAIS AS LENDAS (2)
Explique aos alunos que vocês lerão novamente cada uma das lendas da aula an-
terior para seguir a proposição das atividades. Faça a leitura compartilhada das mes-
mas e, depois, releia também com eles o quadro que preencheram sobre a época,
origem e finalidade das lendas.
A seguir, organize os alunos em duplas e explique-lhes que, a partir do quadro
anterior, deverão comparar as três lendas e preencher uma nova tabela, analisando
o que as lendas apresentadas têm em comum e o que têm de diferente. Sugestão de
preenchimento do quadro:

QUADRO COMPARATIVO DAS TRÊS LENDAS


O QUE AS LENDAS TÊM EM COMUM? O QUE AS LENDAS TÊM DE DIFERENTE?
Todas têm um ensinamento a Cada lenda tem uma origem
passar para o leitor: o exemplo diferente.
da crença contra a mentira; o Todas utilizam personagens como
exemplo da coragem e fidelidade exemplos de referência para os
a um povo; o exemplo da crença ensinamentos, mas são muito
enganosa nas aparências. diferentes entre si: um santo,
Nenhuma delas tem autor. um herói guerreiro; uma pessoa
Todas explicam aspectos da comum da tribo.
cultura de um povo. Em duas delas há a presença
Os protagonistas são seres de elemento extraordinário.
humanos comuns.
Os fatos narrados são tratados
como episódios da vida real de um
povo, e não como invenções.
Quando todos tiverem terminado, oriente-os a formar um grande grupo
novamen- te, para que possam socializar o que cada dupla descobriu.

ATIVIDADE 3B: CONHECENDO UM POUCO


Atividade do aluno

MAIS AS LENDAS (2)

Para realizar esta atividade, você lerá novamente, com seu professor, as lendas
da aula anterior.
Depois, reúna-se com seu colega e procure descobrir o que as três histórias têm
em comum e quais são as diferenças entre elas. A seguir, converse com ele e organi-
zem, na tabela abaixo, as informações levantadas.

QUADRO COMPARATIVO DAS TRÊS LENDAS


O QUE AS LENDAS TÊM EM COMUM? O QUE AS LENDAS TÊM DE DIFERENTE?

ATIVIDADE 3C: AMPLIANDO O REPERTÓRIO


DE LENDAS

Objetivos
Ampliar o repertório sobre lendas.
Identificar expressões linguísticas presentes nas lendas.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade inicialmente é coletiva, e os alunos po-
dem permanecer em suas carteiras. Depois, eles se organizarão em duplas,
previamente definidas pelo professor.
Quais os materiais necessários? Texto que será lido, que consta da folha de
Atividade 3C; lendas lidas anteriormente que se encontram no livro do aluno,
caderno de classe, quadro comparativo das três últimas lendas lidas.
Qual é a duração? Uma aula de 60 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos para apresentação das finalidades da atividade.
Oriente-os para que saibam que, no primeiro momento, trabalharão
coletiva- mente e, depois, em duplas indicadas por você. Planeje-as de modo
que os alunos possam colaborar um com o outro; não se esqueça também de
analisar se a interação entre a dupla pode ser efetivamente produtiva.
Leia a lenda com os alunos. Informe-os que é de origem tupi, que era uma
nação indígena que, depois, uniu-se aos guaranis, dando origem à
nação tupi-guarani.
Pergunte a eles se entenderam a lenda, se têm algum aspecto para comentar
e, em seguida, retome o quadro analítico que compara as três lendas lidas na
Atividade 3A, recuperando as características indicadas como comuns aos três
textos. Retome cada ponto e analise “A lenda do papagaio Crá-Crá” em cada
um de seus aspectos:
J O que essa lenda procura explicar?
J Qual aspecto da cultura do povo brasileiro essa lenda revela?
J Quem são os protagonistas, as personagens?
J Os fatos narrados são tratados como episódios comuns da vida das pessoas?
Terminada a leitura e a discussão, lembre-se de registrar o nome da lenda na
lista-inventário elaborada com os nomes das lendas lidas até o momento. Esta
lenda comporá o inventário e, ao final das leituras, será uma das que poderão
– ou não – compor a coletânea da classe. Essa decisão será tomada posterior-
mente, quando o repertório estiver composto.
Após esse momento, inicie a análise coletiva da escrita dessa lenda, salien-
tando a presença da ênclise na utilização dos pronomes, como por exemplo:
assou-os, sapecaram-lhe, comendo-os.
Depois disso, chame a atenção dos alunos para as expressões utilizadas no
texto, como, encontrou em vez de achou; sapecaram-lhe, para dizer que quei-
maram de leve; arranhavam a garganta em vez de machucavam; os frutos em vez
de as frutas etc.
Solicite aos alunos que registrem, em seu caderno, as expressões levantadas
coletivamente por vocês. Quando tiverem terminado de identificar as expres-
sões de “A lenda do papagaio Crá-Crá”, peça-lhes que se reúnam em duplas,
previamente definidas por você, e complementem a lista de expressões anali-
sando também outras duas lendas entre as que foram lidas até o momento.
Quando tiverem terminado, socialize as informações observadas pelos alunos,
registrando, num cartaz, as expressões levantadas. Elas poderão ser úteis
para consultas posteriores, quando as crianças tiverem que reescrever as len-
das para a coletânea.

ATIVIDADE 3C: AMPLIANDO O REPERTÓRIO


Atividade do aluno

DE LENDAS

1. Vocês lerão “A lenda do papagaio Crá-Crá”. Trata-se de uma lenda de origem


indígena – tupi – e, à medida que foi sendo contada, acabou incorporada e
transformada pelo povo, circulando, depois, pelo Brasil todo. Esse modo de
contar, a linguagem presente nessa versão da lenda, é mais típico das
regiões Sul e Sudeste do país.

A LENDA DO PAPAGAIO CRÁ-CRÁ


Conta a lenda que, antigamente, morava em um vilarejo um menino muito
guloso. Tudo que via, queria comer, e a gula era tanta, a pressa de comer
era tamanha, que ele tinha costume de engolir a comida sem mastigá-la.
Uma vez sua mãe encontrou frutos de batoí e assou-os na cinza.
O filho, sem querer esperar, comeu todos os frutos, tirando-os diretamente do
fogo e, como sempre, engoliu-os sem pestanejar.
Os frutos do batoí são frutos cuja polpa viscosa se mantém quentíssima por
muito tempo. Comendo-os tão quentes, sapecaram-lhe a garganta, de forma
que doía muito e queimavam-lhe o estômago.
O menino, tentando vomitar os frutos comidos, começou a fazer força para
expulsá-los. Arranhava a garganta grunhindo crá-crá-crá! Mas os frutos
não saíam... e entalaram na garganta, sufocando-o.
No mesmo momento, cresceram-lhe as asas e as penas e ele tornou-se um
papagaio. Voou pra longe. Até hoje pode-se ouvi-lo vagando pelas matas do
lugar, voando e gritando “crá-crá-crá”!
(Machado, Irene. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994. p. 105-106.)

2. Retome o quadro com as características das lendas analisadas e comente


com seu professor e colegas: essa lenda contém as características comuns
às demais lendas até o momento? Para explicar, procure responder às seguin-
tes questões:
Atividade do aluno
ANALISANDO “A LENDA DO PAPAGAIO CRÁ-
CRÁ”

ASPECTO INFORMAÇÕES OBSERVADAS


S
O que essa lenda procura
explicar?

Esta lenda revela um aspecto


da cultura do povo brasileiro.
Qual é ele?
Quem são os
protagonistas? São
pessoas comuns?
Os fatos narrados são
tratados como episódios
comuns da vida das pessoas?
Explique.
Há outros aspectos
importantes a ser
considerados?

3. Com seus colegas e com a ajuda de seu professor, releia “A lenda do papa-
gaio Crá-Crá” observando as expressões que foram utilizadas para contar a
história. Anote-as em seu caderno.
4. Agora, sente-se com sua dupla de trabalho e procurem, em seu livro, as len-
das que foram lidas. Escolha duas delas para fazer a mesma análise, anotan-
do, cada um em seu caderno, as expressões interessantes que encontrarem.
Depois, compartilhe o trabalho com os demais colegas da turma.

ATIVIDADE 3D: RODA DE LEITURA

Objetivos
Ampliar o repertório de lendas da classe.
Apropriar-se de comportamento leitor nas atividades de apresentação e indica-
ção de textos lidos.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade é coletiva; os alunos deverão ficar em
círculo.
Quais os materiais necessários? Cada aluno com a obra que leu (livro retirado
da Sala de Leitura, caso a escola a possua. Se assim não for, é necessário
que o professor pesquise e indique uma biblioteca pública próxima à escola,
para que os alunos possam fazer o empréstimo de livros). Cartaz de
referência para inventário de lendas, para inclusão das lidas e identificação
das que fo- rem indicadas para a coletânea.
Qual é a duração? Cerca de duas aulas de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos sobre a finalidade da atividade e como ela se desen-
volverá:

Parte A – 1a Aula
Explique aos alunos que deverão ir à Sala de Leitura (ou à biblioteca pública
próxima à escola) e, com ajuda de um bibliotecário ou funcionário responsá-
vel, selecionar um livro que contenha uma ou mais lendas para realizar a lei-
tura (é importante combinar esse momento com antecedência com a pessoa
responsável).
A partir de sua escolha, realizar a leitura tendo claro o objetivo de indicar ou
não o livro lido à sua turma. Para tanto, você, professor, poderá oferecer um
roteiro para essa indicação conforme segue.

ROTEIRO PARA INDICAÇÃO DE LEITURA


1. Apresente a obra que você leu, informando:
a. título;
b. autor;
c. editora;
d. como a obra se organiza (só lendas brasileiras, só apresenta uma lenda
etc.). Nesse momento você pode dar uma lida rápida no índice, se achar
in- teressante para os colegas; não se esqueça também de mostrar-lhes o
livro;
e. se tem ilustrações, de que tipo são – observe se são pinturas, gravuras,
fotografias; se são coloridas, se explicam ou não informações do texto (e
mostre-as para seus colegas) – e dê a sua opinião sobre elas.
2. Comente a lenda que você leu, informando:
a. título;
b. origem da lenda (se houver informação sobre isso no livro);
c. em que região costuma circular;
d. tema, ensinamento ou fenômeno que explica;
e. personagens;
f. mostre as ilustrações da lenda;
g. se há relações que se possa estabelecer com alguma lenda do inventário
da classe ou outra que você conheça.
3. Apresente um pequeno resumo da lenda, comentando:
a. se gostou ou não e por quê;
b. se recomendaria – ou não – para compor a coletânea da classe, esclarecen-
do o motivo de sua afirmação ou negação;
c. se quiser, pode ler um trecho da lenda também ou, pelo menos, aquele
que você considerou mais interessante ou bonito.
Os alunos não precisam registrar por escrito todas essas informações. Mas é
interessante que tenham um mapa de acompanhamento das leituras que fize-
rem de maneira independente, nas atividades de leitura de escolha pessoal,
comentadas na roda.
Para tanto, você pode orientá-los para que tenham colado no caderno, ou arqui-
vado em uma pasta, um roteiro como o da página seguinte. Esse mapa pode
ser de grande valia para você acompanhar o desempenho de seu aluno quanto
a preferências pessoais, extensão de obras que seleciona e complexidade das
mesmas; quais obras ele conseguiu terminar, quais abandonou e por quê.
Na apresentação, esteja atento para o tipo de indicações que o aluno faz so-
bre o material lido, em especial, se ele recomenda que a lenda apresentada
componha a coletânea ou não. Se ele recomendar, pode contar a lenda toda
para a classe.
De qualquer maneira, ao final de cada apresentação, o título da lenda reco-
mendada será registrado no inventário.

Parte B – 2a aula
Organize o revezamento entre eles, pois nem todos contarão o que leram nes-
sa aula. Informe que a roda sempre se organizará pela apresentação de um
dos três (ou quatro) grupos constituídos. Esses grupos, definidos a priori,
deve- rão se apresentar segundo o cronograma combinado previamente.
Defina um máximo de apresentações por dia, considerando o número de alu-
nos da classe e o tempo disponível para essa aula.

ATIVIDADE 3D: RODA DE LEITURA

Atividade do aluno
Agora você irá participar de uma roda de leitura. Você já sabe que, nesses
momen- tos, deve comentar o que leu, recomendando – ou não – para seus
colegas.
Neste momento, estamos estudando lendas, e a sua tarefa foi selecionar uma
obra na sala de leitura ou biblioteca pública e comentá-la, de maneira que essa
obra possa, por um lado, compor nosso inventário de lendas e, por outro, ser
indi- cada para compor a coletânea que a classe organizará.
Segue abaixo um roteiro de indicação de leitura para que você se oriente para
Atividade do aluno
executar essa atividade.

ROTEIRO PARA INDICAÇÃO DE LEITURA


1. Apresente a obra que você leu, informando:
a. título;
b. autor;
c. editora;
d. como a obra se organiza (só lendas brasileiras, só apresenta uma lenda
etc.). Nesse momento você pode até dar uma lida rápida no índice, se
achar inte- ressante para os colegas; não se esqueça de mostrar-lhes o livro
também;
e. se tem ilustrações, de que tipo são – observe se são pinturas, gravuras, fo-
tografias; se são coloridas, se explicam ou não informações do texto (mos-
tre-as para seus colegas) e dê sua opinião sobre elas.
2. Comente a lenda que você leu, informando:
a. título;
b. origem da lenda (se houver informação sobre isso no livro);
c. em que região costuma circular;
d. tema, ensinamento ou fenômeno que explica;
e. personagens;
f. se constam ilustrações da lenda;
g. se há relações que se possa estabelecer com alguma lenda do inventário
da classe ou outra que você mesmo conheça.
3. Apresente um pequeno resumo da lenda, comentando:
a. se gostou ou não e por quê;
b. se recomendaria – ou não – para compor a coletânea da classe, explicando
o motivo de sua afirmação ou negação;
c. se quiser, pode ler um trecho da lenda também ou, pelo menos, aquele
que você considerou mais interessante ou bonito. Ao final da
apresentação, não esqueça de registrar a lenda lida no inventário da
classe, caso ela tenha sido recomendada para compor a coletânea.

ATIVIDADE 3E: LENDAS DE OUTROS TEMPOS


E LUGARES

Objetivos
Ampliar o repertório sobre lendas.
Aprender a recontar oralmente um texto.
Comparar lendas de diferentes épocas e lugares.
Planejamento
Como organizar os alunos? Inicialmente, divida a turma em pequenos grupos
(quatro crianças no máximo, para que o trabalho seja mais produtivo).
Quais os materiais necessários? Textos que serão lidos e constam das folhas
da Atividade 3E.
Qual é a duração? Duas aulas de 40 minutos (é recomendável prever também
um terceiro momento, para avaliar o reconto feito para outras turmas).

Encaminhamento

Parte A – 1a aula
Dividida a turma em grupos e inicie a atividade pedindo que abram seu livro
na página em que se encontram os textos da Atividade 3E.
A seguir, comente com eles que a referida lenda tem o título “Narciso”, e levan-
te possíveis antecipações que possam ser feitas a partir dele (é provável que
já tenham ouvido esse nome ou algo a ele relacionado). Explique que essa
len- da pertence à mitologia grega e é recontada desde a Antiguidade (para
saber mais, leia as informações complementares a seguir). É interessante
também mostrar-lhes, no mapa, onde fica a Grécia.
Solicite-lhes, então, que iniciem, individualmente, a leitura silenciosa da
len- da. Terminada essa leitura, oriente-os a comentar, cada qual em seu
grupo, o que compreenderam da história. Nesse momento, é interessante
determinar um tempo para que ocorra a discussão em grupos, e também para
socializar e listar, na lousa, alguns itens essenciais para orientar a observação
dos alunos:
J De que trata a lenda?
J Quem são os personagens?
J Onde se passa a história?
J O que a lenda procura explicar?
J Que outros comentários poderiam fazer a respeito dessa lenda?
Enquanto os alunos realizam essa discussão, é importante que você circule
pela sala, ouça o que eles dizem e ajude-os a compreender melhor o que le-
ram, mediando a conversa entre eles no sentido de ampliar seus elementos
de análise.
Concluídas as conversas em pequenos grupos, é hora de socializar a análise
do conto, pedindo que cada grupo relate o que foi observado. Nesse
momento, é fundamental que o professor realize a mediação entre o que os
alunos ve- nham a comentar e os aspectos essenciais a serem analisados,
ajudando-os a compreender bem o que leram. Sugerimos que a primeira aula
dessa etapa seja concluída nesse momento.
Para saber mais
A lenda de Narciso, surgida provavelmente da superstição grega segundo a
qual contemplar a própria imagem prenunciava má sorte, possui um simbolis-
mo que fez dela uma das mais duradouras da mitologia grega.
Narciso era um jovem de singular beleza, filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Li-
ríope. No dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso
te- ria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura. Indiferente
aos sentimentos alheios, Narciso desprezou o amor da ninfa Eco – segundo
outras fontes, do jovem Amantis –, e seu egoísmo provocou o castigo dos
deuses.
Ao observar o reflexo de seu rosto nas águas de uma fonte, apaixonou-se
pela própria imagem e ficou a contemplá-la até consumir-se. A flor conhecida
pelo nome de Narciso nasceu, então, no lugar onde ele morrera.
Em outra versão da lenda, Narciso contemplava a própria imagem para re-
cordar os traços da irmã gêmea, morta tragicamente. Foi, no entanto, a ver-
são tradicional, reproduzida no essencial por Ovídio em Metamorfoses, que se
transmitiu à cultura ocidental por intermédio dos autores renascentistas.
Parte B – 2a aula
Na aula seguinte, os alunos retomarão a lenda comentada, primeiramente
acompanhando a leitura que você fará delas no livro de textos.
Explique-lhes que a proposta dessa aula é preparar-se para fazer o
reconto oral dessa lenda para outras turmas. Para isso, é importante
combinar a apre- sentação previamente com outros professores com os quais
se possa fazer parceria para a atividade. Além do mais, é necessário
organizar e combinar com a turma um cronograma de apresentações, a fim
de não interferir na roti- na de trabalho das classes colaboradoras.
Ao se preparar para o reconto, os alunos devem dominar bem o conteúdo da
história, ou seja, devem conhecer em detalhes a lenda que irão recontar.
Para isso, é importante que façam várias leituras da mesma. Sugerimos
algumas modalidades:
J ler duas vezes, silenciosamente, e outra, em voz alta, para os colegas
de seu grupo;
J ler, com os colegas do grupo, dramatizando a lenda (ler assumindo um dos
personagens ou no papel de narrador);
J ler a lenda em casa, como tarefa, para que alguém o ouça.
Dominando a narrativa em si, podem recontá-la aos colegas, primeiro em pe-
quenos grupos, depois para o grupo todo, oferecendo-se espontaneamente. É
importante orientá-los nesse reconto, chamando-lhes a atenção para que ob-
servem:
J todas as partes (começo, meio e fim do conto) e as informações necessá-
rias para que os ouvintes compreendam a história;
J fluência de fala, tom de voz e expressividade ao caracterizar um persona-
gem, diferenciando sua fala da do narrador;
J altura da voz e postura corporal para que todos ouçam a lenda;
J expressões linguísticas próprias da narrativa, que enriquecem o reconto.
Se houver possibilidade, é interessante gravar o reconto dos alunos, para que
possam se ouvir, analisar e aprimorar o trabalho.
Enquanto um colega reconta, os demais devem observá-lo e apontar o
que está adequado, sugerir melhorias e fazer apreciações sobre o modo de
contar. Essa é uma situação interessante, de parceria e troca, mas que exige
combi- nar previamente uma atitude positiva daqueles que se manifestarão a
respeito do reconto alheio. Para isso, devem lembrar-se de incentivar quem
fala, evitan- do risos ou comentários depreciativos.
Pode-se sugerir aos alunos que se caracterizem para a apresentação, prepa-
rando um cenário, vestindo-se a caráter ou providenciando objetos de cena que
representem o ambiente onde a lenda se passa.
A seguir, proceder para o reconto nas respectivas turmas e horários, fazendo
uma posterior avaliação coletiva do mesmo.

ATIVIDADE 3E: LENDAS DE OUTROS TEMPOS

Atividade do aluno
E LUGARES
1. Leia, silenciosamente, a lenda sobre um conhecido personagem da mitologia
grega chamado Narciso.

NARCISO
Mitologia grega

Há muito tempo, na floresta, passeava Narciso, o filho do sagrado rio Kiphis-


sos. Era lindo, porém tinha um modo frio e egoísta de ser. Era muito
conven- cido de sua beleza e sabia que não havia no mundo ninguém
mais bonito que ele.
Vaidoso, a todos dizia que seu coração jamais seria ferido pelas flechas de
Eros, filho de Afrodite, pois não se apaixonava por ninguém.
As coisas foram assim até o dia em que a ninfa Eco o viu e imediatamente se
apaixonou por ele.
Atividade do aluno
Ela era linda, mas não falava; o máximo que conseguia era repetir as últimas
sílabas das palavras que ouvia.
Narciso, fingindo-se de desentendido, perguntou:
– Quem está se escondendo aqui perto de mim?
– … de mim – repetiu a ninfa assustada.
– Vamos, apareça! – ordenou. – Quero ver você!
– … ver você! – repetiu a mesma voz em tom alegre.
Assim, Eco aproximou-se do rapaz. Mas nem a beleza e nem o misterioso bri-
lho nos olhos da ninfa conseguiram amolecer o coração de Narciso.
– Dê o fora! – gritou, de repente. – Por acaso pensa que eu nasci para ser um
da sua espécie? Sua tola!
– Tola! – repetiu Eco, fugindo de vergonha.
A deusa do amor não poderia deixar Narciso impune depois de fazer uma
coisa daquelas. Resolveu, pois, que ele deveria ser castigado pelo mal que havia
feito.
Um dia, quando estava passeando pela floresta, Narciso sentiu sede e quis
tomar água.
Ao debruçar-se num lago, viu seu próprio rosto refetido na água. Foi naquele
momento que Eros atirou uma flecha direto em seu coração.
Sem saber que o reflexo era de seu próprio rosto, Narciso imediatamente se
apaixonou pela imagem.
Quando se abaixou para beijá-la, seus lábios se encostaram na água e a ima-
gem se desfez. A cada nova tentativa, Narciso ia ficando cada vez mais de-
sapontado e recusando-se a sair de perto da lagoa. Passou dias e dias sem
comer nem beber, ficando cada vez mais fraco.
Assim, acabou morrendo ali mesmo, com o rosto pálido voltado para as
águas serenas do lago.
Esse foi o castigo do belo Narciso, cujo destino foi amar a si próprio.
Eco ficou chorando ao lado do corpo dele, até que a noite a envolveu. Ao
desper- tar, Eco viu que Narciso não estava mais ali, mas em seu lugar havia
uma bela flor perfumada. Hoje, ela é conhecida pelo nome de “narciso”, a flor
da noite.

Agora, comente essa lenda com seus colegas, observando:


De que trata a lenda?
Quem são os personagens?
Onde se passa a história?
O que a lenda procura explicar?
Que outros comentários poderiam ser feitos a respeito dessa lenda?
Agora, acompanhe, com atenção, a leitura que seu professor fará dessa lenda.
A seguir, prepare-se para recontá-la a colegas de outras turmas.
ATIVIDADE 3F: AS LENDAS E O FANTÁSTICO
UNIVERSO INDÍGENA

Objetivos
Ampliar o repertório de lendas.
Descrever um personagem.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade é coletiva e os alunos podem permane-
cer em suas carteiras.
Quais os materiais necessários? Texto que será lido, que consta da folha de
Atividade 3F.
Qual é a duração? Uma aula de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos para apresentação das finalidades da atividade.
Oriente-os informando que, no primeiro momento, trabalharão coletivamente e,
a seguir, em duplas indicadas por você. Planeje-as de modo que os alunos pos-
sam colaborar um com o outro na produção do texto. Não se esqueça também
de analisar se a interação entre a dupla pode resultar efetivamente produtiva.
Leia a lenda com a classe, em voz alta, apresentando as indicações funda-
mentais de sua origem, que constam do texto inicial das atividades dos alu-
nos. Terminada a leitura, converse com eles sobre o que entenderam da
lenda, perguntando-lhes:
J Vocês já conheciam essa história ou outra como essa?
J Qual é o tema dessa história?
J O que essa lenda explica?
J Essa é uma explicação científica ou fantástica?
J Quem são as personagens que a compõem?
J Onde se passa a trama?
J A lenda começa dizendo que “Certo índio da aldeia de Guaraíra, em
momen- to de retorno sentimental à vida selvagem, esquecido das lições
que rece- bia, matou uma criança. Matou e comeu...”. Você imagina por que
ele matou uma criança e a comeu? Já ouviu falar em ANTROPOFAGIA?
J Por que você acha que os portugueses queriam tanto fazer com que os ín-
dios brasileiros abandonassem o hábito canibal?
Essa lenda explica o surgimento do peixe-boi, e o faz de modo fantástico. Traz
também a questão da antropofogia indígena, e é preciso contextualizá-la aos alunos
como o hábito de comer carne humana, também conhecido como canibalismo, elimi-
nado da prática indígena pelo processo de catequização portuguesa. Ao tocar nesse
assunto, é importante eximir-se de conotações moralistas, abordando apenas aspec-
tos culturais e sociológicos, ampliando a concepção dos alunos, provavelmente
funda- mentada no de senso comum (para saber mais, consulte as informações
abaixo). Ao fim da discussão sobre a lenda, faça um levantamento do que os alunos
já sabem a respeito do peixe-boi, se já o viram etc. Depois proponha que realizem, por
escrito, sua descrição. Para isso, deverão sentar-se em duplas predefinidas e
combinar o que irão escrever. Oriente-os a consultar a imagem para ampliar sua
observação.

Para saber mais

LAGOA DAS GUARAÍRAS


Ao chegar ao litoral de Tibau do Sul, próximo ao porto ou no mirante do pór-
tico da cidade, a primeira paisagem que se avista é a das mansas águas
da Lagoa das Guaraíras. Essa lagoa, que já teve suas águas puramente do-
ces e, devido aos desígnios da natureza, foi aberta ao mar, hoje é uma das
principais atrações de Tibau do Sul. Além de servir de rota para a praia de
Malembá e destinos mais distantes, como Natal (pela beira-mar), a lagoa é
base de uma das mais importantes atividades econômicas do município, a
carcinicultura (criação de camarões). As águas das Guaraíras banham quatro
municípios, e a pesca artesanal, feita em canoas, é um show à parte a se
assistir. Mas a Lagoa das Guaraíras também se serve do turismo, com longos
passeios de barco, lancha e canoa, pesca esportiva e até bananaboat. Ela
possui vários portos e ancoradouros em toda a sua extensão e uma história
de batalhas, tragédias e reconstrução, existindo até uma ilha histórica, a do
Flamengo, com ruínas de um forte holandês. A fauna e a flora são privilegia-
das, pois a lagoa tem uma extensa área de mangue, fonte de alimentos e
berço de diversas espécies.

Antropofagia é o ato de consumir uma parte, várias partes ou a totalidade de


um ser humano. O sentido etimológico original da palavra “antropófago” (do
grego anthropos, “homem”, e phagein, “comer”) foi sendo substituído pelo uso
comum, que designa o caso particular de canibalismo na espécie humana.
A prática, conforme afirmam antropólogos e arqueólogos, era encontrada
em algumas comunidades ao redor do mundo. Foram encontradas evidências
na África, América do Sul, América do Norte, ilhas do Pacífico Sul e nas
Caraí- bas (ou Antilhas). Na maioria dos casos, consiste num tipo de ritual
religioso/ mágico como uma forma de prestar seu respeito e desejo de
adquirir as suas características.
Nos dias atuais, os poucos casos de canibalismo de humanos registrados
na história da sociedade ocidental moderna estão ligados a situações-limites,
satisfação do instinto de sobrevivência do indivíduo perante uma opção de
vida ou morte. Exemplo disso ocorreu em 1972, quando um avião da Força
Aérea do Uruguai, que transportava a seleção de rúgbi, despenhou na Cordi-
lheira dos Andes. Apenas 16 pessoas se salvaram. O estoque de alimentos a
bordo acabou rapidamente, e o único meio encontrado pelo grupo para
sobre- viver foi recorrer aos corpos dos colegas mortos.
Do ponto de vista legal, o canibalismo de humanos, quando não se trata de
uma situação-limite, enquadra-se como crime de mutilação e profanação de
cadáver e um grave desrespeito pela dignidade da pessoa humana. Segundo
os valores da sociedade ocidental, é um ato repugnante e imoral.
Na época em que os portugueses chegaram ao Brasil, havia na terra algumas
tribos de índios canibais. Mas os nativos não viam a carne humana como um
mero petisco. Eles devoravam seus inimigos por vingança e acreditavam
que, ao comer seu corpo, adquiriam o seu poder, os seus conhecimentos e
as suas qualidades. Desta forma, não se alimentavam da carne de pessoas
fracas ou covardes. O processo de catequese promovido pelos jesuítas
acabou com o canibalismo no Brasil. Hoje em dia, a tribo dos ianomâmis
ainda conserva o hábito de comer as cinzas de um amigo morto em sinal de
respeito e afeto.
(Disponível em: <http://www. wikipedia.org/>.)

ATIVIDADE 3F: AS LENDAS E O FANTÁSTICO

Atividade do aluno
UNIVERSO INDÍGENA
1. Acompanhe a leitura que seu professor fará de “A lenda da Lagoa das Guaraíras”
Trata-se de uma história da época da colonização brasileira, do tempo em que os
portugueses aqui chegaram. Com eles vieram os padres jesuítas, que começa-
ram a catequizar os índios. Você sabe o que é “catequizar”?
Catequização: instrução que os jesuítas – padres portugueses que vieram para o
Brasil assim que foi descoberto – davam aos índios, para ensinar-lhes a religião
cristã. Essa instrução era dada oralmente, por meio de histórias bíblicas.
No processo de catequização, os portugueses pretendiam que os índios aban-
donassem traços de sua cultura e assumissem os costumes portugueses. Essa
lenda fala um pouco disso: da ameaça que representava para os portugueses a
antropofagia, que era o costume de os índios comerem carne humana, e de
como consideravam importante que esse traço cultural fosse eliminado.
Atividade do aluno
A LENDA DA LAGOA DAS GUARAÍRAS
Certo índio da aldeia de Guaraíra, em momento de retorno sentimental à
vida selvagem, esquecido das lições que recebia, matou uma criança. Matou
e comeu.
O povo e os parentes da pequena vítima
reagiram veementemente. Não preocupa-
vam, àquela altura, se prejudicariam o tra-
balho paciente, mas superficial, dos padres
da Companhia Jesuítica. A família queria
que fossem tomadas providências para
ter- minar com a tradição cultural da
antropofa- gia, que recomeçara sem que
se esperas- se, ameaçando a cultura
branca europeia.
O superior da Missão não pôde se omitir
na circunstância, mas não podia usar de violência, segundo a norma invaria-
velmente adotada nos métodos da catequese dos discípulos de Santo Inácio.
Tinha, porém, que impor o castigo exigido. E mandou que o índio, farto das
carnes da criança, ficasse dentro d’água até que fosse chamado.
Assim, o índio ficou lá, mas quando procurado não foi encontrado. Foi quan-
do começou a aparecer nas águas da lagoa um peixe-boi indo e vindo de um
lado para o outro. Alta noite, o que se ouvia, subindo das águas salgadas da
lagoa, era o gemido pavoroso de tremer, horripilante, dolorido, inesquecível.
O castigo devia perdurar por muitos anos, segun-
do sentença do missionário. Os pescadores iam
pescar e voltavam; a rede, enxuta, sem peixe ne-
nhum. Antes mesmo de eles lançarem a rede, o
peixe-boi aparecia varejando a canoa com toda
a velocidade possível.
De lá de baixo subia o gemido cortante, agonia-
do e rouco, como se alguém estivesse afogando.
Era o índio que devorara a criança. Os gemidos
eram mais feios, mais lancinantes, pungentes,
mais magoados nas noites de luar. E quando a mareta se erguia, via-se ao
reflexo da lua o dorso do peixe-boi que subia à superfície.
O pior era a incerteza. O peixe-boi aparecia em toda a parte. Uma noite es-
tava lá no canto do Borquei. Outra, no córrego das Capivaras. Na Barra do
Tibau, em especial, vinham aos ouvidos os urros tremendamente feios,
medo- nhos, apavorantes!!! Singular destino dessa lagoa. Quando menos se
espera, o mar a devolve. Depois retoma. Tudo é um precioso mistério. Em
Tibau do Sul, Rio Grande do Norte, na Lagoa das Guaraíras.
(Adaptado de “Crônicas” por Hélio Galvão (Derradeiras cartas da praia). Disponível
em: <http://ifolclore.vilabol.uol.com.br/lendas/index.htm>. Acesso em: 27 dez. 2007.
Gravuras de Hans Stadem, Viagens ao Brasil. Marburgo, 1556.)
2. Pense e converse com seus colegas: Esta lenda contém as características co-

Atividade do aluno
muns às demais lendas lidas até o momento? Por que isso acontece?
3. Agora, sente-se com sua dupla de trabalho e, juntos, façam a descrição do
peixe-boi. Vocês podem consultar as imagens para realizar a tarefa.

O PEIXE-BOI

ATIVIDADE 3G: NOVA RODA DE LEITURA

Objetivos
Ampliar o repertório de lendas da classe.
Apropriar-se de comportamento leitor nas atividades de apresentação e indica-
ção de textos lidos.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade é coletiva; os alunos deverão ficar em
círculo.
Quais os materiais necessários? Cada aluno ficará com a obra que leu. Cartaz
de referência para inventário de lendas, para inclusão das lidas e
identificação das que forem indicadas para a coletânea.
Qual é a duração? Duas aulas de 40 minutos.
Encaminhamento
Os mesmos apresentados para a Atividade 3D.
Observação: Não serão apresentadas orientações específicas para a página
do aluno. Siga as orientações que constam da página do aluno prevista para a
Atividade 3D.

ATIVIDADE 3H: COMPARANDO VERSÕES


DE UMA LENDA
Objetivos
Ampliar o repertório de lendas.
Comparar duas versões de uma lenda.
Analisar recursos de linguagem diferenciados para expressar ideias similares.

Planejamento
Como organizar os alunos? Inicialmente, a atividade é coletiva, e os alunos
podem permanecer em suas carteiras. Num segundo momento, eles deverão
reunir-se em duplas indicadas pelo professor. Devido ao volume dos
textos desta atividade e considerando a necessidade de análise detalhada de
recur- sos linguísticos, é importante formar duplas heterogêneas, garantindo
que um par com menor fluência de leitura e compreensão tenha o suporte de
um leitor mais competente.
Quais os materiais necessários? Textos que serão lidos e constam da folha de
Atividade 3H.
Qual é a duração? Duas aulas de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos para apresentação das finalidades da atividade. Orien-
te-os para que saibam que, no primeiro momento, trabalharão coletivamente e,
depois, nas duplas indicadas por você.
Planeje as duplas de modo que os alunos possam colaborar um com o outro
na produção do texto. Não se esqueça também de analisar se a interação en-
tre os componentes da dupla pode resultar efetivamente produtiva.

Parte A – 1a aula
Antes de iniciar a leitura propriamente, reúna os alunos e converse com eles,
contextualizando algumas questões importantes sobre a lenda dessa aula.
J Explique que esta é a mais popular e a única lenda genuinamente gaúcha,
mostrando-lhes a que estado brasileiro se refere. Ela manifesta o repúdio
aos maus-tratos no ser humano. Reflete a consciência do povo gaúcho que
deliberadamente condenou a agressão e a brutalidade da escravidão.
J A lenda do Negrinho do Pastoreio também é contada no Uruguai e na Argen-
tina, lugares onde praticamente a escravidão inexistiu. Essa “exportação”
ocorreu devido à sua beleza e proximidade territorial.
J A versão mais antiga dessa história é a de propriedade de Apolinário Porto
Alegre, “O crioulo do Pastoreio”, de 1875, quando ainda existia a
escravidão no país. João Simões Lopes Neto publicou, em 1913, as Lendas
do Sul, fazen- do algumas alterações, como introduzir o baio, as corujas e
a Nossa Senhora.
J Essas informações podem ser encontradas na obra de J. Simões Lopes
Neto e também em Lendas brasileiras, de Câmara Cascudo.
A seguir, leia a primeira versão da lenda para os alunos, em voz alta, orientando
a análise das expressões e palavras do texto, de modo que possam perceber as
expres- sões típicas da variedade local gaúcha. Saliente que essa é uma marca
interessante das lendas, dado que no texto caracteriza a variedade da região – ou
época – na qual a lenda circula (ou circulou) preferencialmente, em especial, porque
essas lendas são transmitidas de forma oral. É provável que os alunos precisem de
ajuda para compre- ender várias expressões que aparecem nessa versão. É uma boa
oportunidade para acionar estratégias de leitura, como inferir significados pelo
contexto. Explore-os, oral- mente, com os alunos.
Certifique-se que compreenderam questões essenciais, como:
J Qual é o tema dessa história?
J Como ela explica o surgimento desse ícone religioso?
J Essa é uma explicação científica, fantástica ou de fé?
J Eles conhecem alguma outra lenda similar?
J Quem são os personagens que a compõem?
J Onde se passa a trama?
A seguir, peça que se reúnam em duplas previamente definidas e leiam juntos a
segunda versão. Chame a atenção das crianças para que observem que a história é
essencialmente a mesma, mas podem aparecer variações, tanto em relação ao con-
teúdo da história, quanto em relação à linguagem utilizada para construir a
narrativa. Oriente-os para que analisem também as semelhanças entre as duas
versões.

Parte B – 2a aula
Retome com os alunos as duas versões, fazendo uma leitura compartilhada,
mas corrida, das mesmas.
Socialize as variações de conteúdo e linguagem que observaram na aula an-
terior e peça que façam anotações dessas semelhanças e diferenças em seu
caderno, enquanto discutem. A hablidade de discutir e fazer anotações simulta-
neamente é um procedimento interessante, que favorece bons hábitos de
estu- do, mas que precisa de orientação. Por isso, faça o registro escrito, na
lousa,
do que considera importante anotar, enquanto os alunos fazem o mesmo em
seus cadernos.

ATIVIDADE 3H: COMPARANDO VERSÕES DE


Atividade do aluno

UMA LENDA
1. Seu professor lerá para você uma lenda intitulada “O Negrinho do Pastoreio”.
Trata-se de uma lenda meio africana, meio cristã, muito contada no final do sécu-
lo XIX pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular no
Sul do Brasil, em especial no Rio Grande do Sul.

O NEGRINHO DO PASTOREIO
No tempo dos escravos, havia um estancieiro muito ruim, que levava tudo
por diante, a grito e a relho. Naqueles fins de mundo, fazia o que bem
entendia, sem dar satisfação a ninguém.
Entre os escravos da estância havia um negrinho, encarregado do pastoreio
de alguns animais, coisa muito comum nos tempos em que os campos de
estância não conheciam cerca de arame; quando muito, havia apenas
alguma cerca de pedra erguida pelos próprios escravos, que não podiam
ficar para- dos, para não pensar bobagem... No mais, os limites dos campos
eram aque- les colocados por Deus Nosso Senhor: rios, cerros, lagoas.
Pois de uma feita, o pobre negrinho, que já vivia as maiores judiarias nas
mãos do patrão, perdeu um animal no pastoreio. Pra quê! Apanhou uma bar-
baridade atado a um palanque e, depois, cai-caindo, ainda foi mandado pro-
curar o animal extraviado. Como a noite vinha chegando, ele agarrou um to-
quinho de vela e uns avios de fogo, com fumo e tudo, e saiu campeando.
Mas nada! O toquinho acabou, o dia veio chegando e ele teve que voltar
para a estância.
Então, foi outra vez atado ao palanque e dessa vez apanhou tanto que mor-
reu, ou pareceu morrer. Vai daí, o patrão mandou abrir a “panela” de um
for- migueiro e atirar lá dentro, de qualquer jeito, o pequeno corpo do
negrinho, todo lanhado de laçaço e banhando em sangue.
No outro dia, o patrão foi com a peonada e os escravos ver o formigueiro.
Qual não é a sua surpresa ao ver o Negrinho do Pastoreio: ele estava lá, mas
de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a
Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos.
Atividade do aluno
O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu.
Apenas beijou a mão da santa, montou no baio e partiu conduzindo a
tropilha.
Desde aí, o Negrinho do Pastoreio ficou sendo o achador das coisas extra-
viadas. E não cobra muito: basta acender um toquinho de vela, ou atirar
num canto qualquer naco de fumo.
(Domínio público)
2. Converse com seu professor e colegas:
Qual é o tema dessa história?
Como ela explica o surgimento desse ícone religioso?
Essa é uma explicação científica, fantástica ou de fé?
Eles conhecem alguma outra lenda similar?
Quem são os personagens que a compõem?
Onde se passa a trama?
3. Agora você lerá outra versão dessa mesma história. Fique atento e observe
semelhanças e diferenças entre elas, considerando que podem ser de
conteú- do ou na linguagem, isto é, as histórias podem trazer informações
divergentes ou dizer o mesmo de outro modo.
Depois, você registrará suas descobertas no caderno.

NEGRINHO DO PASTOREIO
Era o tempo da escravidão, e um menino negrinho, pretinho que nem
carvão, humilde e raquítico era escravo de um fazendeiro muito rico, mas
por demais avarento. Se alguém necessitasse de um favor, não se podia
contar com este homem. Não dava um níquel a ninguém e seu coração era a
morada de uma pedra, não nutria qualquer sentimento por ninguém, a não
ser por seu filho, um menino tão malvado quanto seu pai, pois, afinal, a
fruta nunca cai muito longe da árvore. Estes dois eram extremamente
perversos e maltratavam o menino-escravo desde o raiar do dia, sem lhe dar
trégua. Este jovenzinho não tinha nome, porque ninguém se deu sequer o
trabalho de pensar algum para ele; assim, respondia pelo apelido de
“Negrinho”.
Seus afazeres não eram condizentes com seu porte físico, não parava o dia
inteiro. O sol nascia e lá já estava ele ocupado com seus afazeres e mesmo
ao se pôr, ainda se encontrava o Negrinho trabalhando. Sua principal ocupa-
ção era pastorear. Depois de encerrar seu laborioso dia, juntava os trapos
que lhe serviam de cama e recebia um mísero prato de comida, que não era
suficiente para repor as energias perdidas pelo sacrificado trabalho.
Mesmo sendo tão útil, considerado mestre do laço e o melhor peão-cavaleiro
de toda a região, o menino era inúmeras vezes castigado sem piedade.
Certa vez, o estanceiro atou uma carreira com um vizinho que se gabava de
possuir um cavalo mais veloz que seu baio. Foi marcada a data da corrida, e

74 Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I


Atividade do aluno
Negrinho ficou encarregado de treinar e montar o famoso baio, pois sabia
seu patrão não haver ninguém mais capaz que ele para tal tarefa.
Chegando o grande dia, todos os habitantes da cidade, vestindo suas roupas
domingueiras, se alojaram na cancha da carreira. Palpites discutidos,
apostas feitas, inicia-se a corrida.
Os dois cavalos saem emparelhados. Negrinho começa a suar frio, pois sabe
o que lhe espera se não ganhar. Mas, aos poucos, toma a dianteira e quase
não há dúvida de que seria vencedor. Mas eis que o inesperado acontece:
algo assusta o cavalo, que para, empina e quase derruba Negrinho. Foi
tempo suficiente para que seu adversário o ultrapassasse e ganhasse a
corrida.
E agora? O outro cavalo venceu. Negrinho tremia feito “vara verde” ao ver a
expressão de ódio nos olhos de seu patrão. Mas o fazendeiro, sem saída,
deve cobrir as apostas e põe a mão no lugar que lhe é mais caro: o bolso.
Ao retornarem à fazenda, o Negrinho tem pressa para chegar à estrebaria.
– Aonde pensa que vai? – pergunta-lhe o patrão.
– Guardar o cavalo, sinhô! – balbuciou bem baixinho.
– Nada feito! Você deverá passar trinta dias e trinta noites com ele no pasto
e cuidará também de mais trinta cavalos. Será seu castigo pelo meu
prejuízo. Mas ainda tem mais. Passe aqui que vou lhe aplicar o devido
corretivo.
O homem apanhou seu chicote e foi em direção ao menino:
– Trinta quadras tinham a cancha da corrida, trinta chibatadas vais levar no
lombo e depois trate de pastorear a minha tropilha.
Lá vai o pequeno escravo, doído até a alma levando o baio e os outros ca-
valos a caminho do pastoreio. Passou dia, passou noite, choveu, ventou e
o sol torrou-lhe as feridas do corpo e do coração. Nem tinha mais lágrima
para chorar e então resolveu rezar para a Nossa Senhora, pois como não
lhe foi dado nome, dizia-se afilhado da Virgem. E foi a “santa solução”, pois
Negrinho aquietou-se e então, cansado de carregar sua cruz tão
pesada, adormeceu.
As estrelas subiram aos céus e a lua já tinha andado metade de seu caminho
quando algumas corujas curiosas resolveram chegar mais perto, pairando no
ar para observar o menino. O farfalhar de suas asas assustou o baio, que se
soltou e fugiu, sendo acompanhado pelos outros cavalos. Negrinho acordou
assustado, mas não podia fazer mais nada, pois ainda era noite e a
cerração, como um lençol branco, cobria tudo. E, assim, o negrinho-escravo
sentou-se e chorou...
O filho do fazendeiro, que andava pelas bandas, presenciou tudo e apressou-
se em contar a novidade ao seu pai. O homem mandou dois escravos buscá-
lo.
O menino até tentou explicar o acontecido para o seu senhor, mas de nada
adiantou. Foi amarrado no tronco e novamente açoitado pelo patrão, que
de- pois ordenou que ele fosse buscar os cavalos. Ai dele que não os
encontrasse!
Atividade do aluno
Assim, Negrinho teve que retornar ao local do pastoreio e para ficar mais
fácil sua procura, acendeu um toco de vela. A cada pingo dela, deitado
sobre o chão, uma luz brilhante nascia em seu lugar, até que todo lugar ficou
tão claro quanto o dia e lhe foi permitido, desta forma, achar a tropilha.
Amarrou o baio e, gemendo de dor, jogou-se ao solo desfalecido.
Danado como ele só e não satisfeito com o que já fizera ao escravo, o filho
do fazendeiro aproveitou a oportunidade de praticar mais uma maldade: dis-
persar os cavalos. Feito isso, correu novamente até seu pai e contou-lhe que
Negrinho havia encontrado os cavalos e os deixara fugir de propósito. A histó-
ria se repete, e dois escravos vão buscá-lo, só que dessa vez seu patrão está
decidido em dar cabo dele. Amarrou-o pelos pulsos e surrou-o como nunca.
O chicote subia e descia, dilacerando a carne e picoteando-a como guisado.
Ne- grinho não aguentou tanta dor e desmaiou. Achando que o havia
matado, seu senhor não sabia que destino dar ao corpo. Enterrá-lo lhe daria
muito trabalho e, avistando um enorme formigueiro, jogou-o lá. As formigas
acabariam com ele em pouco tempo, pensou.
No dia seguinte, o cruel fazendeiro, curioso para ver de que jeito estaria o cor-
po do menino, dirigiu-se até o formigueiro. Qual sua surpresa quando o viu em
pé, sorrindo e rodeado pelos cavalos e o baio perdido. O Negrinho montou-o
e partiu a galope, acompanhado pelos trinta cavalos.
O milagre tomou o rumo dos ventos e alcançou o povoado, que se alegrou
com a notícia. Desde aquele dia, muitos foram os relatos de quem viu o
Negri- nho passeando pelos pampas, montado em seu baio e sumindo em
seguida por entre nuvens douradas. Ele anda sempre à procura das coisas
perdidas, e quem necessitar de seu ajutório, é só acender uma vela entre as
ramas de uma árvore e dizer:

Foi aqui que eu perdi


Mas Negrinho vai me
ajudar Se ele não achar
Ninguém mais conseguirá!

(Disponível em: <http://www.rosanevolpatto.trd.br/lendanegrinhopastoreio.html>.)

ATIVIDADE 3I: MAIS UMA RODA DE LEITURA

Objetivos
Ampliar o repertório de lendas da classe.
Apropriar-se de comportamento leitor nas atividades de apresentação e indica-
ção de textos lidos.

75
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade é coletiva, e os alunos deverão ficar em
círculo.
Quais os materiais necessários? Cada aluno deverá estar com a obra que leu.
Cartaz de referência para inventário de lendas, para inclusão das lidas e identi-
ficação das que forem indicadas para a coletânea.
Qual é a duração? Duas aulas de 40 minutos.

Encaminhamento
Os mesmos apresentados para a Atividade 3D.

Observação: Não serão apresentadas orientações específicas para a página do aluno.


Siga as orientações que constam da página do aluno prevista para a Atividade 3D.

ATIVIDADE 3J: ANALISANDO ASPECTOS


LINGUÍSTICOS DAS LENDAS
Objetivo
Analisar as lendas considerando as características linguísticas presentes no
material lido até o momento:
J Identificar o tema central de cada lenda lida, explicitando o que ela explica
ou pretende ensinar.
J De que maneira começam as diferentes lendas lidas: o que apresentam
no primeiro parágrafo e com quais expressões iniciam?

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada em grupos de quatro.
Quais os materiais necessários? Textos das lendas lidas e questões orientado-
ras da análise (quadro de análise), que consta da folha de Atividade 3J.
Qual é a duração? Cerca de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos sobre o propósito da atividade e a maneira como se
desenvolverá. Oriente-os a respeito da organização em grupos de quatro.
Leia a consigna da atividade e faça, coletivamente, a análise da lenda “O
dono da luz”, para que os alunos se familiarizem com a tarefa. Focalize como a
histó- ria se inicia (“No princípio, todo mundo vivia nas trevas...”), anotando o
título da lenda e seu início na lousa, conforme o quadro a seguir. Lembre-se de
discutir e anotar também o tema da lenda, que explicação ou ensinamento a
caracteriza.
TÍTULO DA LENDA COMO INICIA TEMA CENTRAL
O dono da luz
Santo Tomás e o boi que voava
Beowulf e o dragão
A lenda da vitória-régia
A lenda do papagaio Crá-Crá
A lenda de Narciso
A lenda da Lagoa das Guaraíras
O Negrinho do Pastoreio

A seguir, deixe que os alunos continuem o trabalho. Passe nos grupos e vá


orientando-os de maneira que consigam observar os aspectos importantes.

ATIVIDADE 3J: ANALISANDO ASPECTOS

Atividade do aluno
LINGUÍSTICOS DAS LENDAS
1. Retome as lendas lidas até o momento e analise o modo como as narrativas
começaram, assim como o tema central que cada uma aborda. Para
organizar melhor as informações, preencha o quadro a seguir.
TÍTULO DA LENDA COMO INICIA TEMA CENTRAL
O dono da luz
Santo Tomás e o boi que voava
Beowulf e o dragão
A lenda da vitória-régia
A lenda do papagaio Crá-Crá
A lenda de Narciso
A lenda da Lagoa das Guaraíras
O Negrinho do Pastoreio

2. Apresente as observações do grupo para os demais colegas e o professor,


discutindo-as. A seguir, elaborem, coletivamente, um registro que sintetize as
observações gerais sobre as lendas e as dicas para serem utilizadas na pos-
terior reescrita das lendas.
ATIVIDADE 3K: ANALISANDO O DISCURSO
NAS LENDAS
Objetivos
Ampliar o repertório de lendas.
Analisar as diferenças entre os discursos direto e indireto para poder utilizá-
los em posterior reescrita.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada coletivamente no início
e, depois, individualmente.
Quais os materiais necessários? Texto que consta na página da Atividade 3K.
Qual é a duração? Uma aula de 60 minutos.

Encaminhamento
Proponha a leitura compartilhada da lenda “Maria Pamonha”, mas antes
explo- re com os alunos antecipações possíveis a partir do título: o que sabem
sobre “pamonha”, qual sua relação com o nome “Maria”, qual será o assunto
tratado nessa lenda?
A seguir, acompanhe os alunos na leitura e compreensão do texto, asseguran-
do-se de que entenderam a trama, identificaram os personagens e a ambien-
tação do conto, observaram o “ensinamento” que a lenda procura explicar. É
interessante observar as repetições que aparecem, propositalmente, mas que
também trazem um elemento novo (cintada, espetada, sapatada), e por que
se optou por usar esse recurso.
Concluída a compreensão do texto, oriente-os a reler os trechos sublinhados
e ajude-os a identificar a diferença presente no modo de explicitar o que foi
dito pelos personagens, a fim de que observem as possibilidades presentes no
discurso direto e no indireto. Nesse momento, é importante esclarecer o que
caracteriza um e outro.
A seguir, copie o primeiro trecho na lousa. Peça que identifiquem onde estão
presentes o discurso direto e o indireto: “... Uma tarde, os garotos da
fazenda perguntaram-lhe como se chamava – discurso indireto – e ela respondeu
com um fiozinho de voz: – Maria...” – discurso direto.
Discuta com eles como a conversa entre os garotos e a menina poderia se dar
de modos diferentes, transformando um tipo de discurso em outro:
J Uma tarde, os garotos da fazenda perguntaram-lhe como se chamava – dis-
curso indireto, que poderia ser transformado em direto: Uma tarde, os
garo- tos da fazenda perguntaram-lhe: “Como você se chama?” , ou ainda,
“Qual o seu nome?”.
J E ela respondeu com um fiozinho de voz: “Maria” – discurso direto, que po-
deria ser transformado em indireto: E ela respondeu, com um fiozinho de
voz, que se chamava Maria.
É importante chamar a atenção das crianças para que observem o uso de dois-
pontos e travessão no discurso direto, e sua ausência no indireto, e que
utilizar um ou outro é uma escolha do escritor no momento em que produz
um texto. Assim, também eles poderão fazer uso desses recursos ao
reescreve- rem as lendas para a coletânea.
A seguir, proponha que, no caderno, eles transformem o discurso indireto em
direto e vice-versa dos demais trechos sublinhados no texto do livro. Depois,
so- cialize as possíveis soluções encontradas pelos alunos para que possam
confe- rir a tarefa e também ampliar as possibilidades de construção de
diálogos.

ATIVIDADE 3K: ANALISANDO O DISCURSO

Atividade do aluno
NAS LENDAS
1. Acompanhe, com atenção, a leitura que seu professor fará da lenda “Maria
Pamonha”. Depois, faça o que se pede.

MARIA PAMONHA
Lenda latino-americana

Certo dia apareceu na porta da casa-grande da fazenda uma menina suja e


faminta. Nesse dia, deram-lhe de comer e de beber. E no dia seguinte tam-
bém. E no outro, e no outro, e assim sucessivamente.
Sem que as pessoas da casa se dessem conta, a menina foi ficando, ficando,
sempre calada e de canto em canto.
Uma tarde, os garotos da fazenda perguntaram-lhe como se chamava e ela
respondeu com um fiozinho de voz:
– Maria.
E os garotos, às gargalhadas, fecharam-na numa roda e começaram a debo-
char dela:
– Maria, Maria Pamonha, Maria, Maria Pamonha…
Uma noite de lua cheia, o filho da patroa estava se arrumando para ir a um
baile, quando Maria Pamonha apareceu no seu quarto:
Atividade do aluno
– Me leva no baile? – pediu-
lhe. O jovem ficou duro de
espanto.
– Quem você pensa que é para ir dançar comigo? – gritou. – Ponha-se no seu
lugar! Ou quer levar uma cintada?
Quando o rapaz saiu para o baile, Maria Pamonha foi até o poço que havia
no mato, banhou-se e perfumou-se com capim-cheiroso e alfazema. Voltou
para casa, pôs um lindo vestido da filha da patroa e prendeu os cabelos.
Quando a jovem apareceu no baile, todos ficaram deslumbrados com a
beleza da desconhecida. Os homens brigavam para dançar com ela, e o filho
da pa- troa não tirava os olhos de cima da moça.
– De onde é você? – perguntou-lhe, por fim.
– Ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Cintada –
res- pondeu a garota. Mas o rapaz a olhava tão embasbacado que não
percebeu nada.
Quando voltou para casa, o jovem não parava de falar para a mãe da beleza
daquela garota desconhecida que ele vira no baile. Nos dias que se seguiram,
procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, mas não conseguiu
encontrá-la. E ficou muito triste.
Uma noite sem lua, dez dias depois, o jovem foi convidado para outro baile.
Como da primeira vez, Maria Pamonha apareceu no seu quarto e disse-lhe
com sua vozinha:
– Me leva no baile?
E o jovem voltou a gritar-lhe:
– Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou
quer levar uma espetada?
Logo que o jovem saiu, Maria Pamonha correu para o poço, banhou-se, perfu-
mou-se, pôs outro vestido da filha da patroa e prendeu os cabelos.
De novo, no baile, todos se deslumbraram com a beleza da jovem desconheci-
da. O filho da patroa aproximou -se dela, suspirando, e perguntou -lhe:
– Diga-me uma coisa, de onde é você?
– Ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Espetada – res -
pondeu a jovem. Mas ele nem se deu conta do que ela estava querendo
lhe dizer, de tão apaixonado que estava. Ao voltar para casa, não se
cansava de elogiar a desconhecida do baile.
Nos dias que se seguiram, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados
vizinhos, mas não conseguiu encontrá-la. E ficou mais triste ainda.
Uma noite de lua crescente, dez dias depois, o rapaz foi convidado para
outro baile. Pela terceira vez, Maria Pamonha apareceu em seu quarto e
disse-lhe com aquele fiozinho de voz:
– Me leva no baile?
Atividade do aluno
E pela terceira vez ele gritou:
– Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou
quer levar uma sapatada?
Outra vez, Maria Pamonha vestiu-se maravilhosamente e apareceu no baile. E
outra vez todos ficaram deslumbrados com sua beleza.
O jovem dançou com ela, murmurando-lhe palavras de amor, e deu-lhe de pre-
sente um anel. Pela terceira vez, ele lhe perguntou:
– Diga-me uma coisa, de onde é você?
– Ah, ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Sapatada.
Mas como o rapaz estava quase louco de paixão, nem se deu conta do que
queriam dizer aquelas palavras.
Ao voltar para casa, ele acordou todo mundo para contar como era bela a
jovem desconhecida. No dia seguinte, procurou-a por toda a fazenda e pelos
povoados vizinhos, sem conseguir encontrá-la.
Tão triste ele ficou que caiu doente. Não havia remédio que o curasse, nem
reza que o fizesse recobrar as forças. Triste, triste, já estava a ponto de morrer.
Então Maria Pamonha pediu à patroa que a deixasse fazer um mingau para o
doente. A patroa ficou furiosa.
– Então você acha que meu filho vai querer que você faça o mingau,
menina? Ele só gosta do mingau feito por sua mãe.
Mas Maria Pamonha ficou atrás da patroa e tanto insistiu que ela, cansada,
acabou deixando.
Maria Pamonha preparou o mingau e, sem que ninguém visse, colocou o anel
dentro dele.
Enquanto tomava o mingau, o jovem suspirava:
– Que delícia de mingau, mãe!
De repente, ao encontrar o anel, perguntou, surpreso:
– Mãe, quem foi que fez este mingau?
– Foi Maria Pamonha. Mas por que você está me perguntando isso?
E antes mesmo que o jovem pudesse responder, Maria Pamonha apareceu no
quarto, com um lindo vestido, limpa, perfumada e com os cabelos presos.
E o rapaz sarou na hora. E casou-se com ela. E foram muito felizes.

2. Em seu caderno, copie os trechos sublinhados transformando o discurso dire-


to em indireto e vice-versa. Lembre-se de usar dois-pontos, parágrafo e traves-
são quando necessário!
3. Ao terminar, compartilhe com seu professor e colegas o modo como foi cons-
truindo os diálogos entre os personagens.
ETAPA 4: SELECIONANDO AS LENDAS,
REESCREVENDO-AS E REVISANDO OS TEXTOS

ATIVIDADE 4A: REESCREVENDO


COLETIVAMENTE UMA LENDA

Objetivos
Acompanhar a produção coletiva de um texto, dando ideias sobre o que e
como escrever.
Utilizar expressões próprias da escrita de lendas, fazendo uso de algumas mar-
cas de oralidade e bons recursos linguísticos presentes no texto original.
Ao escrever, garantir a sequência temporal dos acontecimentos do texto.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada coletivamente.
Quais os materiais necessários? Textos lidos e que constam no livro do aluno;
fotocópias do texto que irão reescrever e revisar e/ou projetor para socializá-lo.
Qual é a duração? Duas aulas de 50 minutos.

Encaminhamento
Antes de mais nada, vale retomar com os alunos que reescrever algo não é
reproduzir, fielmente, as palavras de um texto (o que caracterizaria uma có-
pia), e sim reproduzir a trama, o enredo, mas de um modo próprio, com as
suas palavras. Isso garante que, tendo o conteúdo dominado, sabendo o que
devem escrever, os alunos podem dedicar-se a refletir sobre como fazê-lo do
melhor modo.
Para ter sucesso nessa empreitada, precisam pôr em jogo o que já aprende-
ram, como diferentes modos de iniciar a narrativa, quando usar o discurso
direto e indireto, como enriquecer a lenda com descrições de personagens e
ambientes, quais expressões linguísticas e regionalismos são mais ou menos
apropriados, como provocar emoções e manter o interesse do leitor.
É relevante também, enquanto a história é escrita propriamente, auxiliar os alu-
nos a considerarem o leitor e as características das lendas, bem como ir
lendo enquanto escrevem para conferir a intenção comunicativa e também se
não estão esquecendo informações importantes, além de corrigirem possíveis
er- ros ortográficos e gramaticais. Nesse sentido, você deve escrever
exatamente o que e como os alunos lhe ditarem, a fim de poder ajudá-los no
processo de revisão e melhoria do texto, que acontecerá posteriormente.
Parte A – 1a aula
Ao iniciar a atividade, converse com os alunos sobre o propósito da mesma e a
maneira como se desenvolverá.
Explique que farão a releitura de uma das lendas do livro do aluno. A escolha
poderá ser feita por você ou mediante votação no grupo, que precisa saber
que a história escolhida e reescrita será a primeira a compor a coletânea,
inaugurando-a.
Escolhida a lenda, peça que façam a leitura silenciosa da mesma.
A seguir, inicie o processo de reescrita, conversando com a turma sobre a im-
portância de desenvolver bons procedimentos de escrita, de modo que qual-
quer leitor possa compreender o texto. Para isso, combine com os alunos que
o texto será produzido considerando-se algumas etapas:
J Planejar o que se vai escrever, tendo em mente quem serão os leitores da
coletânea e as características que observaram nas lendas que já conhecem
(ver observações abaixo).
J Fazer uma primeira versão, com perspectiva de rascunho (ler enquanto se
está escrevendo para controlar questões de discurso – referentes à
expressão das ideias – e também notacionais – referentes à ortografia e à
pontuação).
J Revisar o texto produzido, observando se está claro e coerente, e corrigir
as- pectos ortográficos e gramaticais.
J “Passar a limpo” a versão final, que comporá a coletânea.
Ao planejar a escrita da narrativa, retome alguns aspectos próprios da escrita
de lendas:
J Iniciar a lenda diretamente, sem definir de forma precisa tempo e lugar e
sem muitas descrições. Para isso, utilizar expressões como “Conta a lenda
que...”; “Contam... que...”; “Havia um...”; “Um certo... em...”.
J Não apresentar explicitamente os ensinamentos e explicações que o texto
pretende passar. Ao contrário, estes devem vir diluídos ao longo do texto.
J As lendas que contêm explicações de fenômenos naturais apresentam me-
nos falas de personagens, organizando-se pelo discurso narrativo, sem refe-
rência às falas propriamente ditas. As demais lendas utilizam discurso dire-
to, marcado de diferentes maneiras: por dois-pontos, parágrafo e travessão;
ou por dois-pontos, parágrafo e aspas.
J É possível utilizar expressões de variedades regionais.
Como o escriba da turma, registre um esquema da lenda, que deverá conter as
ações principais da narrativa e servir de consulta enquanto se procede à redação.
Essa pequena síntese, escrita em itens, precisa conter todas as partes e
informa- ções essenciais para garantir a clareza e a coerência da história. Faça
referência ao esquema constantemente, ajudando os alunos nessa verificação
até concluí- rem a primeira versão da reescrita. Combine com as crianças que o
texto “dormi- rá” por alguns dias para que possam, depois, melhorar a
construção do mesmo.
Parte B – 2a aula
Concluído o rascunho, tem início a revisão. Lembramos a importância de que
realizem essa tarefa decorridos alguns dias da escrita da primeira versão, pois
isso permitirá às crianças alternar os papéis de escritor e leitor.
Para que os alunos possam participar da revisão, todos devem ter acesso ao
texto que será alterado. Desta forma, ele pode ser fotocopiado ou exibido
por meio de outro recurso audiovisual, como o retroprojetor, ou, ainda, um
progra- ma de computador. O importante é que, enquanto você anota as
alterações no original, as crianças possam acompanhá-lo.
Primeiramente, ajude-os a observar se a história está coerente, se tem clareza,
se há repetições desnecessárias de palavras, quais podem ser substituídas
(por sinônimos ou pronomes, por exemplo, bem como usando vírgulas ou su-
primindo o sujeito). Observe com eles se as partes do texto estão articuladas,
se faltam informações, se podem enriquecer a narrativa com alguma
descrição mais detalhada, que expressões linguísticas são mais ou menos
favoráveis para produzir bons efeitos estéticos no texto.
Depois, revise o texto com eles do ponto de vista ortográfico, considerando
as questões estudadas, assim como o uso adequado de maiúsculas e da
pontuação.
Concluída a revisão, decida com os alunos como o texto final será apresen-
tado, como “passarão a limpo” essa versão, podendo optar se vão copiá-lo à
mão ou digitá-lo, quem fará essa tarefa, se haverá ilustração e como será.

ATIVIDADE 4B: REESCREVENDO TRECHOS


DE UMA LENDA

Objetivos
Reescrever o início de uma lenda considerando diversos inícios possíveis.
Fazer uso de recursos de linguagem explorados ao longo do projeto.
Trabalhar em parceria, negociando possibilidade de construção de texto.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada inicialmente em duplas
definidas pelo professor e depois socializada coletivamente.
Quais os materiais necessários? Texto que consta na página da Atividade 4B;
folha pautada para produzir a reescrita.
Qual é a duração? Uma aula de 50 minutos.
Encaminhamento
Peça aos alunos que façam a leitura silenciosa da “Lenda do papagaio Crá-
Crá”. A seguir, comente com eles a história, auxiliando-os a se recordar da
trama e dos personagens.
Oriente-os, então, a reescrever o início dessa lenda, que está em negrito no
texto original. Eles trabalharão em duplas conforme sua indicação e devem pro-
duzir dois textos diferentes que recontem o mesmo trecho da lenda que
leram.
Quando terminarem, devem revisá-lo, corrigindo o que for preciso, seja de dis-
curso, ortografia, pontuação ou gramática. Depois, podem escolher um dos
textos que fizeram para ler para os colegas.

ATIVIDADE 4B: REESCREVENDO TRECHOS

Atividade do aluno
DE UMA LENDA

1. Junto a sua dupla de trabalho, releia silenciosamente “A lenda do papagaio


Crá-Crá”.

A LENDA DO PAPAGAIO CRÁ-CRÁ


Conta a lenda que, antigamente, morava em um vilarejo um menino muito gu- loso.
Tudo que via, queria comer, e a gula era tanta, a pressa de comer era tamanha, que ele
tinha costume de engolir a comida sem mastigá-la.
Uma vez sua mãe encontrou frutos de batoí e assou-os na cinza.
O filho, sem querer esperar, comeu todos os frutos, tirando-os diretamente do
fogo e, como sempre, engoliu-os sem pestanejar.
Os frutos do batoí são frutos cuja polpa viscosa se mantém quentíssima por
muito tempo. Comendo-os tão quentes, sapecaram-lhe a garganta, de forma
que doía muito e queimavam-lhe o estômago.
O menino, tentando vomitar os frutos comidos, começou a fazer força para
expulsá-los. Arranhava a garganta grunhindo crá-crá-crá! Mas os frutos
não saíam... e entalaram na garganta, sufocando-o.
No mesmo momento, cresceram-lhe as asas e as penas e ele tornou-se um
papagaio. Voou pra longe. Até hoje pode-se ouvi-lo vagando pelas matas do
lugar, voando e gritando “crá-crá-crá”!
(Machado, Irene. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994. p. 105-106.)
2. Observem que o início dessa lenda está em negrito. Esse trecho deverá ser
Atividade do aluno
reescrito por vocês de dois modos diferentes. Para isso, utilizem a folha pau-
tada entregue por seu professor.
3. Fiquem atentos às possibilidades de escrita que já foram abordadas em aula,
lembrando-se de que as lendas começam remetendo-se ao passado,
mas sem definir um tempo específico. Vocês poderão optar pelo discurso
direto ou indireto quando acharem mais apropriado, e podem enriquecer a
lenda com descrições de personagens e ambientes.
4. Quando terminarem, façam uma boa revisão do texto, observando se faltam
informações ou se há erros de gramática ou ortografia.
5. Finalmente, escolham a versão que lhes pareceu mais interessante para ler
para os colegas.

ATIVIDADE 4C: SELECIONANDO AS LENDAS


PARA SEREM REESCRITAS, PLANEJANDO
A REESCRITA E REESCREVENDO-AS

Objetivos
Selecionar a lenda que será reescrita.
Planejar a reescrita da lenda, a partir de material de referência e do contexto
de produção.
Reescrever a lenda, considerando o planejado.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada em três etapas: coletiva-
mente, para decidir quem escreverá qual lenda; em duplas, para planejar
cola- borativamente a lenda; individualmente, para a reescrita da lenda
escolhida.
Quais os materiais necessários? Cópia para todos os alunos das recomenda-
ções para reescrita, que constam da Atividade 4A. Folhas avulsas para
planeja- mento e reescrita das lendas.
Qual é a duração? Duas aulas de 50 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos sobre o propósito da atividade e sobre a maneira
como ela será conduzida.
Desenvolva-a por partes, orientando os agrupamentos a cada vez.
Na primeira etapa, organize o coletivo da classe para decidir a respeito de
quem reescreverá qual lenda. Pegue o cartaz com o inventário de lendas e, para
come-
çar, decidam quais das lendas lidas poderão compor a coletânea, de acordo
com a preferência da classe e com os possíveis interesses dos leitores.
A seguir, entre as lendas selecionadas, solicite que os alunos manifestem sua
preferência, escolhendo a que querem reescrever. Anote os nomes dos alunos
ao lado dos títulos das lendas. Assegure-se de que cada um conheça bem a
lenda que irá reescrever. É interessante que leiam antes, para evitar omissão
de informações.
A seguir, retome as indicações que os alunos fizeram sobre o que considerar
quando fossem escrever as lendas, registro elaborado na Atividade 4A.
Retome, depois, o contexto de reescrita da lenda: reescrever aquelas de que
a classe mais gostou, para alunos da 1 a à 4a série, compondo um livro-
coletânea para constituir o acervo da sala de leitura.
Oriente os alunos para considerarem a adequação da linguagem ao leitor, de
modo que ele possa compreender o texto.
Solicite que se organizem em duplas, que você precisará formar de acordo
com a contribuição que possam dar um para o outro. Oriente-os para que
planejem a reescrita, elaborando uma relação dos aspectos que não podem
faltar, na ordem em que devem ser apresentados. Oriente-os, ainda, para
que planejem, juntos, cada um dos textos, como foi feito quando fizeram a
reescrita coletiva.
Depois do planejamento, o trabalho será individual. Cada um, de posse de seu
planejamento, reescreverá a sua lenda. Lembre aos alunos que, enquanto
redi- gem a história propriamente dita, devem considerar o leitor e as
características das lendas, bem como ir lendo enquanto escrevem para
conferir a intenção comunicativa e também se não estão esquecendo
informações importantes, além de corrigirem possíveis erros ortográficos e
gramaticais.
Peça-lhes que, antes de lhe entregar o material, revejam o planejamento e se
os textos estão adequados ao contexto de produção.

Esta é uma tarefa individual, e é importante que as crianças possam traba-


lhar concentradas. Caso precisem de ajuda, oriente-as a levantarem a mão
e aguardar até que sejam atendidas por você, que se dirigirá até elas para
auxiliá-las. Talvez isso seja necessário para lembrá-las de fatos ou trechos da
história.
ATIVIDADE 4C: SELECIONANDO AS LENDAS
Atividade do aluno

PARA SEREM REESCRITAS, PLANEJANDO


A REESCRITA E REESCREVENDO-AS
1. Nesta atividade você realizará quatro tarefas: selecionará as lendas que com-
porão a coletânea do projeto; escolherá a lenda que você irá reescrever;
pla- nejará a reescrita da lenda; reescreverá a lenda. Fique atento para as
orienta- ções de seu professor.
Alguns lembretes para você, quando for planejar e reescrever a lenda escolhida:
Considere que você reescreverá uma das lendas de que a classe mais gostou,
para alunos da 1a à 4a série, compondo um livro-coletânea para constituir o
acervo da sala de leitura.
Considere que seu texto deve estar adequado a essas características o máxi-
mo possível, pois isso garantirá que o leitor o compreenda.
Considere os aspectos abaixo, estudados ao longo das atividades, como orien-
tadores do planejamento e reescrita:
J Iniciar a lenda diretamente, sem definir precisamente tempo e lugar e sem
muitas descrições.
J Utilizar expressões como: “Conta a lenda que...”; “Contam... que...”; “Havia
um...”; “Um certo... em...” ou outra com sentido similar.
J Não apresentar explicitamente os ensinamentos ou explicações que o texto
pretende passar; ao contrário, estes devem vir diluídos ao longo do texto.
J As lendas que contêm explicações de fenômenos naturais apresentam
menos fala de personagem, organizando-se pelo discurso narrativo, sem
referência às falas propriamente ditas. Considere isso na reescrita. As de-
mais lendas utilizam discurso direto, marcado de diferentes maneiras: por
dois-pontos, parágrafo e travessão; ou por dois-pontos, parágrafo, aspas.
J É possível utilizar expressões de variedades regionais e escrever mais à von-
tade se a situação de produção possibilitar, isto é, se considerar que os
leitores pensados compreenderão o texto.
J Elaborar uma relação dos aspectos que precisarão constar na lenda, na or-
dem em que devem ser apresentados.
J Lembre-se que, enquanto redige a história propriamente dita, deve conside-
rar o leitor e as características das lendas, bem como ir lendo enquanto
escreve para conferir a intenção comunicativa e também se não está
esque- cendo informações importantes. Fique atento também para corrigir
possíveis erros ortográficos e gramaticais.
Antes de entregar seu texto para o professor, lembre-se de dar uma conferida
para ver se não está faltando nada do que foi planejado.

ATIVIDADE 4D: REVISANDO AS LENDAS


E EDITORANDO-AS
Objetivos
Revisar os textos escritos, de acordo com o que foi planejado.
Refazer os textos, considerando as necessidades apontadas pelo professor.
Editorar o texto, considerando as especificidades do projeto do livro.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada em três etapas: coletiva-
mente, para que você possa comentar alguma necessidade comum de
aprendi- zagem; em duplas, para a revisão de cada texto; individualmente,
para passar a limpo e fazer a editoração.
Quais os materiais necessários? Cópia para todos os alunos a respeito das
recomendações para reescrita, que constam da Atividade 4A.
Qual é a duração? Duas aulas de 50 minutos.

Encaminhamento
Parte A – 1a aula
Converse com os alunos sobre o propósito da atividade e a maneira como ela
será conduzida.
Desenvolva-a por partes, orientando os agrupamentos a cada vez.
Na primeira etapa, converse com toda a classe a respeito de alguma necessi-
dade coletiva que tenha observado quando fez a leitura dos textos.
Oriente os alunos quanto ao que deverão revisar no texto, observando se fize-
ram uso do que já aprenderam, como pensar em diferentes modos de iniciar
a narrativa, se usaram o discurso direto e indireto e se o fizeram
corretamente, se enriqueceram a lenda com descrições de personagens e
ambientes, se uti- lizaram expressões linguísticas e regionalismos de forma
apropriada, se conse- guiram provocar emoções e manter o interesse do
leitor.
Depois disso, devem verificar e corrigir os trechos assinalados por você, que
terá indicado questões de ortografia, gramática e pontuação a serem corrigi-
das. Avise que trabalharão em duplas e indique quais são os parceiros consi-
derando a possibilidade de contribuição recíproca que apresentem.
Devolva o texto para os alunos e solicite que as duplas o analisem consideran-
do os itens apontados no processo de planejamento – recuperar quadro orien-
tador e planejamento – e as suas observações. Devem analisar um texto
de cada parceiro da dupla separadamente, até terem revisto as duas lendas
que foram reescritas.

Parte B – 2a aula
Quando forem refazer, a atividade será individual. Explique que, tendo o
texto corrigido e revisado, precisarão “passá-lo a limpo”, o que significa
copiá-lo já sem erros ou questões a resolver.
Para isso, combinem se o farão escrevendo à mão ou digitando. Caso utilizem
o computador como ferramenta de trabalho, solicite que coloquem o texto no
padrão decidido: tamanho, tipo de letra, cor etc.

ETAPA 5: EDIÇÃO E PREPARAÇÃO FINAL


DA COLETÂNEA

ATIVIDADE 5A: PRODUZINDO AS ILUSTRAÇÕES

Objetivo
Preparar as ilustrações das lendas da coletânea.

Planejamento
Como organizar os alunos? No início, a atividade será realizada coletivamente;
depois será individual.
Quais os materiais necessários? Livros com várias ilustrações, diversos mate-
riais para a realização de desenhos, fotos de jornais e revistas, materiais para
fazer colagem, tintas e pincéis.
Qual é a duração? Cerca de duas aulas de 50 minutos.

Encaminhamento

Parte A – 1ª aula: Analisando ilustrações em livros diversos


Para realizar as próprias ilustrações de suas lendas, os alunos precisam, pri-
meiro, conhecer diversas ilustrações de outros livros e materiais. Para subsi-
diá-los nessa tarefa, é importante selecionar previamente materiais com dife-
rentes tipos de ilustrações e analisá-las com eles, apontando:
J Que estilos podem ser observados, com a utilização de que técnicas (nos
livros em geral, podemos encontrar ilustrações mais ou menos estilizadas
ou próximas de um desenho de observação, por exemplo. Também
podemos
ver ilustrações que lembram pinturas, ou que são desenhos, ou ainda foto-
grafias e gravuras que utilizam técnicas diversas).
J Ilustrações mais e menos detalhadas, em que se observam desenhos isola-
dos ou cenas completas.
J Ilustrações coloridas e feitas em preto e branco.
Chame a atenção deles para o modo como as ilustrações se relacionam com
o contexto escrito da história, isto é, se apenas complementam a narrativa
ou trazem para o leitor informações e detalhes que não estão descritos na
histó- ria, e por isso têm um papel fundamental na composição final de um
trabalho.
Além disso, a disposição espacial das ilustrações faz diferença, uma vez que
podem estar vinculadas ao texto ou não, estar mais ou menos em evidência,
ocupar uma página ou duas.
Explique aos alunos que tanto a finalidade quanto a técnica de compor as ilus-
trações são escolhas que deverão fazer quando se dedicarem às ilustrações
que realizarão sozinhos, e que poderão utilizar os materiais de referência
para consultar durante o trabalho (por isso, deixe-os disponíveis).
Se for possível, providencie livros em que se possa comparar tipos de ilustra-
ções diferentes de uma mesma lenda.
Quando tiverem terminado de analisar os recursos disponíveis, é hora de pre-
parar um ambiente propício e com materiais artísticos adequados para que os
alunos comecem o processo de ilustração de suas próprias lendas.

Parte B – 2a aula: Ilustrando as lendas da coletânea


Nesse momento, os alunos precisam escolher os materiais com que vão traba-
lhar e dispor-se a isso. No entanto, oriente-os para que façam um esboço de
sua ilustração, considerando o que foi discutido a respeito. Essa é uma etapa
importante, que pode ser alterada caso seja preciso, mas que os ajudará a se
organizar, planejando suas ações.
À medida que forem se sentindo prontos, podem iniciar o processo de ilus-
tração, contando com o auxílio do professor e colegas para aperfeiçoarem o
trabalho.

ATIVIDADE 5B: ORGANIZANDO A COLETÂNEA


Objetivo
Montar o livro-coletânea observando as partes que compõem um livro.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será coletiva no início; depois, os alu-
nos trabalharão em pequenos grupos, por divisão de tarefas.
Quais os materiais necessários? Livros diversos para análise, folhas pautadas
para organizar um rascunho, folhas para passar o rascunho a limpo ou compu-
tadores para digitação e edição final.
Qual é a duração? Duas aulas de 50 minutos.

Encaminhamento
Disponha livros diversos pela classe. Reúna os alunos em roda e oriente o tra-
balho. Explique que, para que possam eles mesmos organizar um livro, preci-
sam antes observar como os livros se apresentam, de que partes são compos-
tos. Para isso, peça que circulem pela sala e observem os materiais, anotando
as seções ou partes que conseguirem identificar nos livros expostos.
Quando tiverem terminado, reúna-os novamente e faça um levantamento
do que descobriram, anotando os itens na lousa. Essa será uma referência
impor- tante para que depois as tarefas possam ser distribuídas nos grupos.
Lembre-se que algumas partes são essenciais e não poderão faltar, pois fa-
zem parte de todos os livros:
J capa, considerando-se as informações que lhe são imprescindíveis:
título, autor e ilustrador;
J página de apresentação;
J índice;
J página de rosto.
Vocês terão que decidir juntos sobre algumas seções que igualmente são co-
muns, mas não imprescindíveis:
J página de apresentação (explicando o projeto, por exemplo);
J dedicatória;
J glossário.
Também deverão combinar se o livro será paginado ou não, relacionando esse
dado com o índice.
Toda essa exploração e tomada de decisões deverá ocorrer na primeira aula
desta atividade. Decidida a organização da coletâna, divida os alunos em gru-
pos e distribua as tarefas, solicitando que cada um se concentre num
primeiro rascunho da parte que lhe cabe: quem fará a capa, o índice, a
página de apre- sentação, a indicação dos autores; se haverá ou não
ilustrações além daque- las feitas individualmente, por lenda, e quem a fará.
Combinem também cores, fonte e tamanho de letra, tipo de material usado
para confeccionar a capa, se o livro será encadernado ou espiralado.
Nesse momento, circule pelos grupos, ajudando-os no que precisarem. Faça o
mesmo na aula seguinte, em que deverão se dedicar a fazer o que foi
combina- do, até que o livro-coletânea esteja pronto.
ATIVIDADE 5C: PREPARANDO A
APRESENTAÇÃO ORAL DA LENDA
Objetivo
Preparar a apresentação oral da lenda.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada coletivamente, em
duplas e individualmente. Coletivamente será organizada a apresentação; em
du- plas será realizado o estudo das lendas que serão apresentadas;
individual- mente serão apresentadas cada uma das lendas, em um ensaio de
estudo.
Quais os materiais necessários? Texto da lenda para estudo. Cartaz para orga-
nização do trabalho de preparação da apresentação oral.
Qual é a duração? Cerca de duas aulas de 50 minutos.

Encaminhamento

Parte 1 – Organizando a apresentação e compartilhando tarefas


Para iniciar, discuta com os alunos como a apresentação será organizada,
quais os materiais que serão necessários e quem será o responsável por cada
trabalho.
Organize em um cartaz um esquema da apresentação: ambientação, com os
livros em exposição; abertura, com a fala de um responsável que explique o
evento; apresentação de envolvidos (decidir quem fala o quê, por exemplo: alu-
nos que comentam o que foi o projeto para eles, seu envolvimento com as
lendas etc.; professor que conta as questões envolvidas e as aprendizagens
realizadas etc.); apresentação oral de algumas lendas; encerramento.
Identifique os materiais necessários para a organização da apresentação e
quem será responsável pela organização de cada aspecto.

Parte 2 – Estudo do texto para apresentação oral


Decida, junto com o grupo, quais serão as apresentações – não é bom que
todos apresentem, pois a cerimônia ficaria muito longa. Assim, sorteie ou
veja quem, espontaneamente, gostaria de recontar sua lenda. Lembre aos
alunos que aqueles que não se apresentarem nesse momento serão
contemplados pela leitura do livro-coletânea.
Forme duplas de estudo: os alunos leem as lendas e, depois, estudam como
melhor apresentá-las oralmente, considerando entonação, gestual, dicção etc.
O que for apresentar estuda e o parceiro apoia, analisa, critica, ajuda a ade-
quar a fala.
Oriente-os para o fato de não ser preciso decorar o texto, mas apenas saber dizê-lo de
maneira adequada e interessante para os convidados.

Parte 3 – Ensaio da apresentação


Depois do estudo, os que vão se apresentar ensaiam diante da classe. Quando um se
apresenta, os demais analisam e auxiliam o colega a se preparar melhor para a apresentação,
dando dicas etc.

95
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
Atividade do aluno
TEXTO 1
A Terra está mesmo doente?

(Fonte: adaptado de Instituto Unibanco/Fundação Victor Civita. Meio ambiente conhecer para preservar – v. 1.
Encarte da revista Escola, São Paulo, n. 161, p. 1A, abr. 2003.)

1. Apresentem as observações para os demais colegas e discutam-nas com a


classe e o professor.
2. Agora, leiam o texto 2 apresentado a seguir.

TEXTO 2
Áreas férteis transformadas em desertos, florestas devastadas, plantas e
bichos ameaçados de extinção, rios, lagos e mares poluídos, substâncias
tóxicas no ar que respiramos... uma diversidade de problemas
decorrentes, unicamente, da falta de cuidado do homem com o planeta.

Que relação vocês percebem entre esse texto e a atitude dos animais do
primeiro texto? Expliquem.
E entre esse texto e as “doenças da Terra”? Junto a seus colegas de grupo,
tente explicar cada um dos tópicos apresentados nesse texto,
identificando seus efeitos na vida das pessoas. Acrescentem a esses
tópicos outros que você e a classe tenham identificado na reflexão
coletiva. Registrem as suas reflexões no caderno.

ETAPA 2: COMPARTILHANDO O PROJETO

ATIVIDADE 2: COMPARTILHANDO O PROJETO


E ORGANIZANDO O TRABALHO

Objetivos
Conhecer o projeto e a maneira pela qual o trabalho será desenvolvido na classe.
Planejar as ações que serão realizadas.

100 Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I


Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada coletivamente.
Quais os materiais necessários? Quadro com planejamento inicial do trabalho,
organizado pelo professor. Quadro para serem registrados os aspectos que os
alunos gostariam de investigar sobre o conteúdo. Os alunos farão anotações
em seus cadernos.
Qual é a duração? Cerca de 50 minutos.

Encaminhamento
Após a escolha do tema e a eleição dos conteúdos a serem estudados pelos
alunos e do texto que será produzido, é hora de compartilhar o objetivo do projeto e
propor aos alunos a sua realização. É nessa etapa que se discutem os propósitos do
trabalho e as possibilidades de produtos finais para destinatários reais (que permi-
tam, preferencialmente, criar laços com a comunidade). Neste caso, propomos como
produto final a realização de um seminário em que os alunos possam socializar o que
aprenderam.
Inicie uma roda de conversa retomando com os alunos os comentários sobre
meio ambiente realizados na aula anterior, procurando envolvê-los no desenvol-
vimento do projeto.
Pergunte se imaginam por que foi feita a pergunta sobre desmatamento de
flo- restas na atividade anterior, entre tantas outras ações humanas que
provocam problemas ambientais graves para o planeta. Explique que o
desmatamento foi selecionado, pois o projeto aprofundará a discussão a
respeito dele, focalizan- do o que vem acontecendo com a mata atlântica, o
bioma mais rico em diversi- dade do planeta.
Explique que para desenvolver o estudo a respeito de um tema é necessário
fazê-lo em etapas e, para isso, precisam distinguir o que já sabem, que
hipóte- ses o grupo tem, para depois identificarem o que ainda necessitam
aprender. Também precisarão, durante o estudo, elencar quais são as
informações mais relevantes e como serão organizadas para a confecção do
produto final.
Organize um cartaz para organização e consulta dessas questões, distinguindo
o que já sabem e o que precisam saber (este item pode já ser redigido em
for- ma de perguntas).
A seguir, levante com os alunos possíveis fontes de informação em que pode-
rão encontrar respostas às suas dúvidas, como livros, revistas, enciclopédias,
internet, textos jornalísticos, documentários. Além disso, poderão
entrevistar especialistas e pessoas da comunidade.
Durante a pesquisa, propriamente, os alunos exercitarão importantes propó-
sitos da linguagem, que se referem a ler para aprender, para se apropriar das
características e da linguagem própria do texto informativo e também farão uso
da escrita com função expositiva. Terão a oportunidade de coletar,
selecionar, organizar e socializar informações, e é interessante combinar
previamente de
que modo farão o registro do que forem aprendendo. Para isso, poderão usar
o caderno, folhas avulsas ou ainda elaborar um pequeno portfólio, em que pos-
sam arquivar os materiais de estudo que levantarem.
Informe que, ao final dos estudos, a classe organizará um seminário a respeito
da questão, o qual terá apresentação dirigida aos alunos da 3a série.
Pergunte se sabem o que é um seminário e colete as informações que pos-
suem a respeito. Explique, de modo geral, o que vem a ser um seminário,
adiantando aos alunos que estudarão o que é um seminário e como organizá-
lo mais à frente.
Ofereça-lhes informações gerais sobre o projeto e, a seguir, defina o desenvol-
vimento das atividades.

O projeto
Tema: “Universo ao meu redor”.
Produto final: seminário temático, que discutirá:
J ações humanas que provocam problemas ambientais;
J consequências dessas ações para a vida das pessoas; o desmatamento;
J os biomas brasileiros principais e a biodiversidade;
J a mata atlântica como um dos biomas mais ricos em diversidade do planeta;
J sustentabilidade: o que é?;
J ações que podem garantir a sustentabilidade da vida na Terra em relação ao
desmatamento.
Finalidade do seminário: informar e conscientizar os demais alunos sobre a im-
portância da sua ação para a organização de uma vida sustentável, perceben-
do as consequências da mesma para a qualidade da vida no planeta, de modo
que se sintam incentivados a mudar suas atitudes.
Público: alunos de todas as 3as séries da escola.

Atividades que serão desenvolvidas no projeto


Estudo dos temas que cada grupo apresentará.
Estudo sobre seminário.
Estudo sobre exposição oral e suas características.
Preparo da exposição oral que será realizada.
Organização final do seminário.
Apresentação do seminário.
Avaliação do trabalho realizado.
ETAPA 3: ESTUDANDO SOBRE MEIO AMBIENTE,
DESMATAMENTO E SUSTENTABILIDADE

ATIVIDADE 3A: DESEQUILÍBRIOS


PROVOCADOS PELO HOMEM

Parte A – 1a aula
Nessa aula, os alunos tomarão contato com alguns verbetes e definições que se
referem ao meio ambiente e esclarecem alguns dos danos causados pelo homem à
natureza.

Objetivos
Ampliar conhecimentos prévios sobre o tema, compreendendo as relações en-
tre homem e meio ambiente.
Conhecer os verbetes, identificando características desse tipo textual.
Ler e compreender textos informativos apresentados na forma de esquemas.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada em pequenos grupos e
depois haverá uma discussão coletiva.
Quais os materiais necessários? Textos e quadro esquemático que constam na
Atividade 3A. Os alunos farão anotações em seus cadernos.
Qual é a duração? Duas aulas de 50 minutos.

Encaminhamento
Explique aos alunos que, para iniciar o estudo, farão uma primeira leitura de
textos que os ajudarão a se familiarizar com o tema.
Comente que, durante a leitura, encontrarão textos com “palavras difíceis”
com as quais é importante se familiarizar. Para compreendê-las, deverão guiar-
se pelo contexto das frases, discutindo o que entenderam com os colegas do
grupo.
Oriente os alunos para que leiam e estudem os verbetes (veja informações
adi- cionais abaixo). Enquanto leem e conversam, passe pelos grupos e vá
orientan- do a leitura e a reflexão dos alunos, no sentido de que percebam:
J que as consequências não estão diretamente ligadas a nenhum problema
porque se encontram ligadas a vários deles ao mesmo tempo; cada uma
das consequências da ação humana acontece por uma combinação de fa-
tores, e não por um fator isolado. Para auxiliá-los nessa reflexão, recorra
ao quadro “Desequilíbrios provocados pelo homem”;
J que o desmatamento é uma ação do homem que acarreta várias consequên-
cias para a vida dele.
Oriente os alunos para que organizem os verbetes no caderno ou em uma pas-
ta, de maneira que possam constituir, de fato, um pequeno dicionário sobre o
meio ambiente.

Parte B – 2a aula
Concluída a leitura dos verbetes e a anotação de observações no caderno,
inicie uma discussão coletiva, solicitando que cada pequeno grupo exponha o
que entendeu a respeito de cada verbete. Esse é um importante momento de
esclarecer dúvidas e ampliar a compreensão dos alunos, que talvez precisem
de ajuda para estabelecer relação entre as definições apresentadas pelos
textos.
Aproveite para retomar, coletivamente, o quadro esquemático da página 107
(Desequilíbrios provocados pelo homem) e verifique as relações de causa e
consequência que o mesmo apresenta, garantindo que as crianças compreen-
deram as noções ali apresentadas.
A seguir, oriente os alunos para que voltem ao quadro inicial de problemas
am- bientais levantados por eles, analisando de que maneira o estudo
contribuiu para a ampliação e o aprofundamento da compreensão do assunto.

Para saber mais


Verbete é o nome que se dá a cada um dos artigos, também chamados entra-
das, de um dicionário, de uma enciclopédia ou de outro livro ou obra de
refe- rência que organiza informações dessa maneira.
Os verbetes de dicionário são entradas, definições de palavras e explicações e
notas sobre algo.
Na organização de uma enciclopédia, os verbetes dão explicações e notas.
Muitas vezes cada artigo de uma enciclopédia é chamado de verbete. Geral-
mente um verbete em uma enciclopédia pode dar uma maior explicação, nota,
organização e melhoramento no texto enciclopédico.
(Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/verbete>.)
ATIVIDADE 3A: DESEQUILÍBRIOS

Atividade do aluno
PROVOCADOS PELO HOMEM
1. Leia com seus colegas de grupo os verbetes sobre o efeito estufa, chuvas áci-
das, desertificação, biodiversidade, ecossistema e erosão. Eles apresentam
uma relação dos problemas ambientais da atualidade, suas causas e também
suas consequências.

EFEITO ESTUFA
A poluição do ar é uma das principais causas do aquecimento. A superfície
terrestre reflete uma parte dos raios solares, mandando-os de volta para o
espaço. Uma camada de gases se concentra ao redor do planeta, formando
a atmosfera, e alguns deles ajudam a reter o calor e a manter a
temperatura adequada para garantir a vida por aqui.
Nas últimas décadas, muitos gases poluentes vêm se acumulando na atmos-
fera e produzindo uma espécie de capa que concentra cada vez mais calor
perto da superfície da Terra, aumentando ainda mais a temperatura global. É
o chamado efeito estufa.
Outro problema que afeta diretamente o clima é a devastação das matas,
pois elas ajudam a manter a umidade e a temperatura do planeta.
Infelizmente, o desmatamento já eliminou quase metade da cobertura
vege- tal do mundo.
(Disponível em: <http://recreionline.abril.uol.com.br/fique_dentro/ciencia/natureza.
conteudo_233685.shtml>. Data de acesso: 17 nov. 2007.)

CHUVA ÁCIDA
Considerada um dos maiores problemas ambientais do mundo contemporâ-
neo. O termo designa genericamente a chuva, neve ou neblina com alta con-
centração de ácidos em sua composição. A principal medida para a redução
desse tipo de fenômeno é o uso de combustíveis alternativos ou a utilização
de carvão com menor teor de enxofre.
(Disponível em: <http://guiadoscuriosos.ig.com.br/index.php?cat_id=50655>.
Acesso em: 17 nov. 2007.)
Atividade do aluno
DESERTIFICAÇÃO
O fenômeno consiste na perda da produtividade biológica e econômica do
solo de uma região. O uso de agrotóxicos, o desmatamento de florestas e o
mau uso da terra são seus principais causadores. Um quarto do planeta está
ameaçado pela desertificação, e pesquisas mostram que 135 milhões de pes-
soas no mundo já tiveram que deixar o local onde moravam por causa dela.
(Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.uol.com.br/glossario/b.shtml>.
Acesso em: 17 nov. 2007.)

BIODIVERSIDADE
O termo abrange toda a variedade das formas de vida, espécies e ecossiste-
mas em uma região ou em todo o planeta. Em todo o mundo, estima-se que
existam pelo menos 14 milhões de espécies vivas. Como não é distribuída
uniformemente pela Terra, ela é maior em ambientes com abundância de
luz solar, água doce e clima mais estável. Segundo a Conservation
International, o Brasil é considerado megabiodiverso, pois possui mais de
70% das espé- cies vegetais e animais do planeta.
(Disponível em: <http://www.faber-castell.com.br/>. Acesso em: 17 nov. 2007.)

O QUE É ECOSSISTEMA?
É o conjunto dos relacionamentos que a fauna, flora, micro-organismos e o
ambiente, composto pelos elementos solo, água e atmosfera mantêm entre si.
Todos os elementos que compõem o ecossistema se relacionam com equilí-
brio e harmonia e estão ligados entre si. A alteração de um único elemento
causa modificações em todo o sistema, podendo ocorrer a perda do
equilíbrio existente. Se, por exemplo, uma grande área com mata nativa de
determinada região for substituída pelo cultivo de um único tipo de vegetal,
pode-se com- prometer a cadeia alimentar dos animais que se alimentam de
plantas, bem como daqueles que se alimentam desses animais.
(Disponível em: <http://www.faber-castell.com.br/>. Acesso em: 17 nov. 2007.)

O QUE É EROSÃO?
A erosão é um processo que faz com que as partículas do solo sejam des-
prendidas e transportadas pela água, vento ou pelas atividades do homem.
A erosão faz com que apareçam no terreno atingido sulcos, que são peque-
nos canais com profundidade de até 10 cm, ravinas, que têm profundidade
de até 50 cm, ou voçorocas com mais de 50 cm de profundidade.
O controle da erosão é fundamental para a preservação do meio ambiente,
pois o processo erosivo faz com que o solo perca suas propriedades nutriti-
vas, impossibilitando o crescimento de vegetação no terreno atingido e cau-
sando sério desequilíbrio ecológico.
2. Quando terminarem a leitura, respondam:

Atividade do aluno
Quantas dessas consequências vocês acham que têm alguma ligação com
desmatamento das florestas? Expliquem.
DESEQUILÍBRIOS PROVOCADOS PELO HOMEM
PRINCIPAIS CAUSASPROBLEMAS DECORRENTES CONSEQUÊNCIAS
AR-CONDICIONADO REFRIGERADORES SPRAYS AEROSSÓIS PRODUÇÃO DE ESPUMA PLÁSTICA
CFC DIMINUIÇÃO DA ÁGUA
BURACO NA CAMADA
CLORO- POTÁVEL
DE OZÔNIO
FLUOR-
CARBONO

AQUECIMENTO GLOBAL
SUPERPOPULAÇÃO, SOLOS MALNUTRIDOS E EROSÕES
CULTIVO E PASTAGENS DIMINUIÇÃO DE
EM EXCESSO ALIMENTOS E
DESEQUILÍBRIO NA
DESMATAMENTO CADEIA ALIMENTAR
DESERTIFICAÇÃO

QUEIMADAS
MATAS E FLORESTAS

MAIS DESERTOS E
MATANÇA DE ANIMAIS EXTINÇÃO DE ESPÉCIES MENOS OXIGÊNIO

FUMAÇA EFEITO ESTUFA


FÁBRICAS

LIXO POLUIÇÃO DO AR
QUEIMA DE COMBUSTÍVEL FÓSSIL
DIMINUIÇÃO DA
CHUVA ÁCIDA BIODIVERSIDADE
PRODUTOS QUÍMICOS NA
AGRICULTURA
POLUIÇÃO DA ÁGUA
ESGOTO LANÇADO NOS RIOS
DOENÇAS E FOME
EM MASSA

ATERROS MUNICIPAIS POLUIÇÃO DO SOLO

LIXO TÓXICO
ENVENENAMENTO DA
USINA NUCLEAR VIDA AQUÁTICA E DA EXTINÇÃO DA VIDA
RADIOATIVIDADE PRODUÇÃO AGRÍCOLA NA TERRA

3. Depois de ter discutido o que entendeu junto a seu grupo, anote em seu
cader- no as informações mais importantes sobre cada um dos temas
apresentados.
4. A seguir, apresente a reflexão do grupo para a classe e discutam-na coleti-
vamente.

ATIVIDADE 3B: O DESMATAMENTO E SUA


INFLUÊNCIA EM DIFERENTES PROBLEMAS
AMBIENTAIS

Objetivos
Ampliar conhecimento prévio sobre o tema, focalizando as consequências do
desmatamento para a vida do planeta.
Utilizar procedimentos de estudo de textos de divulgação científica.
Articular informações de verbetes para resolver dúvidas de compreensão de
texto.
Identificar aspectos principais em trechos de texto, de modo a elaborar sínte-
ses do mesmo.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada de duas maneiras: coleti-
vamente e em duplas.
Quais os materiais necessários? Texto que será lido – folha de Atividade 3B.
Qual é a duração? Duas aulas de 50 minutos.

Encaminhamento
Parte A – 1a aula
Converse com os alunos para apresentação dos propósitos da atividade e
oriente-se quanto ao desenvolvimento do trabalho.
Depois de anunciar que o texto trata de alguns problemas graves do planeta,
leia com os alunos a primeira parte do texto “A escassez da água”, auxilian-
do-os a utilizar os procedimentos de estudo (ensine-os a fazer anotações na
margem esquerda da folha, identificando do que trata o trecho do texto,
grifar tópicos fundamentais para a compreensão do assunto e reescrever, com
suas próprias palavras, o que entenderam de expressões ou termos que
conside- raram “difíceis” durante a leitura). Enquanto leem, comente o que
diz o texto, certificando-se que os alunos compreenderam o que está escrito.
Deixe que as duplas deem prosseguimento à atividade, realizando a leitura da
segunda parte do texto. Oriente-os para que utilizem os mesmos procedimen-
tos de estudo empregados no texto inicial.

Parte B – 2a aula
Depois do estudo em duplas, é hora de os alunos apresentarem o trabalho
aos demais colegas. Peça às duplas que exponham as ideias que julgaram ser
mais importantes, socializando o conteúdo dos demais textos. Certifique-se
que compreenderam o que dizem e ajude-os a identificar as ideias principais,
caso tenham dificuldade em tê-lo feito nas duplas.
No processo de estudo, é importante ouvir os alunos a respeito dos aspectos
que consideram importantes e, sempre que julgar que houve algum equívoco,
problematize a questão, ouvindo outras indicações e estimulando-os a expor
suas ideias. Mesmo que a resposta seja adequada, solicite que o aluno relate
como chegou a ela, explique a sua posição e mostre os procedimentos utiliza-
dos para identificar essa ou aquela informação.
Para finalizar, retome a última questão, solicitando que os alunos
identifiquem qual ação humana está presente como causa de todos os
problemas apresen-
tados no texto. Essa pergunta estabelece relação direta com um dos temas do
projeto, que é o desmatamento.

ATIVIDADE 3B: O DESMATAMENTO E SUA

Atividade do aluno
INFLUÊNCIA EM DIFERENTES PROBLEMAS
AMBIENTAIS
1. Com seu parceiro de trabalho, leia os textos apresentados a seguir. Eles de-
monstram alguns dos problemas ambientais atuais, suas causas e conse-
quências para a vida do planeta. Em cada um, faça anotações nas margens
do texto ou no caderno sobre o que considerar importante e identificando as
ideias principais.

A ESCASSEZ DA ÁGUA
A água disponível na Terra só será suficiente para mais 20 anos.
De todo o líquido hoje disponível no planeta, 97% é água salgada dos mares
e oceanos e 2% corresponde à água doce não disponível por estar solidifi-
cada em geleiras e icebergs. Menos de 1% da água existente na superfície
terrestre é potável.
Apesar de anunciada, essa crise é agravada por diferentes fatores.
O fator mais importante é o crescimento demográfico acelerado. No ano
2000, 6 bilhões de pessoas habitavam a Terra. Na época, essa era a me-
tade da população que, segundo os especialistas, a Terra poderia abrigar.
Essa população mais do que duplicou em 50 anos, pois em 1950 viviam 2,5
bilhões de pessoas na Terra. O crescimento, como se vê, é aceleradíssimo.
Quando se considera, conforme informação da ONU, que hoje cerca de 1,3
bilhão de pessoas não têm acesso à água potável, então só podemos con-
cluir que a situação ficará mais grave.
Outro fator que interfere na escassez de água do planeta é o desfloresta-
mento desenfreado, que compromete as áreas de nascentes e as matas que
ficam à beira dos cursos de água (matas ciliares).
Além desses, há também a ocupação irregular do espaço, que destrói as
regiões dos mananciais e o avanço agrícola, que frequentemente causa as-
soreamento nos leitos dos rios.
(Fonte: adaptado de Instituto Unibanco/Fundação Victor Civita. Meio ambiente conhecer
para preservar – v. 1. Encarte da revista Escola, São Paulo, n. 161, p. 1A, abr. 2003.)
Atividade do aluno
OS DANOS À ATMOSFERA
A atmosfera do nosso planeta funciona como uma capa protetora dele; uma
capa que mantém a temperatura equilibrada tanto de noite como de dia,
permitindo que não escape calor absorvido do Sol e mantendo o planeta
aquecido para que a vida seja possível. É isso que se denomina de efeito
estufa.
Sem esse cobertor natural, a vida na Terra não seria possível, pois a
tempera- tura média do planeta seria de 17 ºC negativos e sua superfície
permaneceria coberta de gelo.
O problema é que essa capa vem sendo agredida tanto pelo desflorestamen-
to quanto pela queimada desenfreada de combustíveis fósseis, como petró-
leo e carvão, pois isso provoca o aumento de gás carbônico na atmosfera e,
dessa maneira, o planeta fica mais quente.
Os pesquisadores afirmam que as maiores consequências desse aquecimen-
to são os invernos cada vez mais rigorosos; a ocorrência de chuvas torren-
ciais e outras perturbações meteorológicas; a diminuição da espessura da
ca- mada de gelo polar no verão. Além disso, também a temperatura dos
oceanos tem aumentado, o que provoca enorme impacto na cadeia da vida
marinha e outros problemas.
Outro problema da atmosfera terrestre é a destruição da camada de ozônio,
que protege contra o câncer de pele e outros efeitos negativos da radiação
ultravioleta emitida pelos raios solares. Segundo os cientistas, os gases emi-
tidos pelos refrigeradores e outros produtos industrializados – clorofluorcarbo-
no (CFC) – têm destruído as moléculas desse escudo protetor, que é a cama-
da de ozônio, provocando o aparecimento de um gigantesco buraco que, em
certas ocasiões, chega a atingir 31 milhões de quilômetros quadrados.

A AMEAÇA À BIODIVERSIDADE
A biodiversidade do planeta tem sido terrivelmente ameaçada nos últimos
tempos, provocando a destruição de inúmeras espécies da flora e da fauna.
No Brasil, campeão mundial em número de espécies, dois ecossistemas en-
contram-se em situação crítica: a mata atlântica e o cerrado, que figuram na
lista dos 25 ambientes mais ameaçados do mundo.
As causas dessa catástrofe são as seguintes: a exploração de madeira, o
avanço das fronteiras agrícolas, a caça e a extração ilegais e a devastação
das florestas.
Atividade do aluno
A LUTA PELA SUSTENTABILIDADE DO PLANETA
Hoje se tem consciência de que o planeta não é apenas a fauna e a fora
excluindo-se delas o homem. O ser humano é uma das espécies que habita a
Terra, relacionando-se com as demais de variadas maneiras. Portanto, meio
ambiente não é algo que se situa fora do homem; ao contrário, o homem
constitui o meio ambiente.
Por outro lado, o planeta não é de um, mas de todos. A natureza não é pro-
priedade de pessoas isoladas que habitam espaços definidos, mas patrimô-
nio da humanidade. Dessa forma, todos têm direito a ar puro, água,
qualidade de vida. Essa compreensão pode estar ainda difusa para
muitas pessoas, mas, a cada dia, fica mais evidente.
Junto com essa compreensão, também é necessário vir a consciência de que
foi a ação de cada um que veio transformando o planeta ao longo dos sécu-
los. Assim, é a ação de cada um, também, que pode reverter esse quadro. É
urgente, então, a mudança efetiva de hábitos e atitudes de todas as pessoas
que habitam esse planeta, na direção de se construir a sustentabilidade da
vida na Terra.

2. Depois de ter lido os textos, comentando-os com seu colega, socialize suas
anotações com o restante da classe.
3. A seguir, responda: Qual é a ação humana apresentada como causa de todos
os problemas de que o texto fala? Explique.

ATIVIDADE 3C: O DESMATAMENTO NO BRASIL


E NO MUNDO
Objetivos
Compreender o que são os hotspots.
Reconhecer a importância dos critérios utilizados para a elaboração do conceito.
Identificar os hotspots brasileiros, caracterizando-os.
Compreender a gravidade da ameaça que o desmatamento apresenta para o
planeta.
Ler infográficos articulando seus elementos verbais (legendas) e extraverbais
(imagens, ícones, representação cartográfica) constitutivos, de modo a cons-
truir significado.
Sintetizar informações de textos lidos, elaborando resumos de estudo.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada, inicialmente, no
coletivo; depois em duplas e, por último, individualmente.
Quais os materiais necessários? Textos que serão lidos – cópia para todos os
alunos da folha de Atividade 3C.
Qual é a duração? Três aulas de 50 minutos.

Encaminhamento

Parte A – 1a aula
Inicie essa aula com o grupo todo reunido. Faça a leitura compartilhada do
enunciado da atividade, discutindo as questões que, na sua avaliação, preci-
sam de auxílio para que sejam compreendidas. Depois, peça que leiam o ver-
bete – sobre espécies endêmicas – e articule-o com o texto do enunciado, que
esclarece a definição de hotspot.
A seguir, faça, com os alunos, uma leitura do infográfico, articulando com ele
os textos-sínteses de cada hotspot. Leia antes a legenda, focalizando os íco-
nes apresentados e o seu sentido, pois é isso que possibilitará a interpretação
correta dos textos com as informações de cada hotspot. Se for possível na sua
escola, utilize os computadores do laboratório de informática e acesse o info-
gráfico na sua versão eletrônica (endereço indicado em nota de rodapé).
Durante a leitura, apresente questões como:
J Qual região conserva a menor área em relação à de origem?
J Quais as ameaças mais frequentes às regiões?
J Qual a área máxima que ainda resiste nas regiões apontadas?
J Qual região tem mais espécies endêmicas ameaçadas?
Oriente os alunos para que leiam o verbete sobre espécies endêmicas, de for-
ma a melhor compreenderem o conceito, articulando-o com o infográfico.
Focalize, na discussão, as características da mata atlântica, tema das próxi-
mas leituras e discussões.

Parte B – 2a aula
Peça aos alunos que se reúnam em duplas e façam, no caderno, o que é pedido:
J Copie do texto o trecho que define hotspot.
J O infográfico que você leu mostra os dez hotspots mais críticos do planeta.
Qual deles se encontra no Brasil?
J Qual é o hotspot que tem mais espécies endêmicas ameaçadas de extinção?
J No infográfico, sublinhe a principal ameaça que assola as montanhas do Su-
deste chinês.
Quando terminarem, socialize as respostas, pedindo que os alunos expliquem
também que recursos utilizaram para encontrar as informações solicitadas.
Essa é uma boa oportunidade de socializar procedimentos de localização de
informa- ções em infográficos, o que pode ajudar alunos que tenham alguma
dificuldade.
Parte C – 3a aula
O objetivo desta aula é que os alunos vivenciem diferentes maneiras de apre-
sentar uma mesma informação. Para isso, deverão reler o infográfico e locali-
zar o hotspot 4, que aborda a ameaça à biodiversidade da costa leste
africana.
Coletivamente, os alunos deverão transformar as informações apresentadas
num pequeno texto informativo, a ser redigido por todos, mas no qual você
será o escriba. Oriente-os a refletir sobre a necessidade de “dizer” as
mesmas informações, porém de um modo mais elaborado. Chame a atenção
deles para o fato de que, em um infográfico, as informações são apresentadas
de forma sucinta, com poucas palavras, e com imagens que funcionam como
legendas. Esse é um modo de favorecer a leitura rápida da informação.
Explique-lhes também que o mesmo pode ser dito sem tanta economia de pa-
lavras, por meio de um texto dissertativo, que explica as informações
utilizan- do frases completas.
Para que possam compreender melhor, faça com eles o exercício de transfor-
mar o hotspot 4 em um pequeno texto informativo. Quando terminarem, peça
que escolham outro hotspot e façam o mesmo, mas agora individualmente.
De- verão realizar essa tarefa no caderno de classe.

ATIVIDADE 3C: O DESMATAMENTO NO BRASIL

Atividade do aluno
E NO MUNDO
1. Junto a seu professor e amigos, leia e discuta o texto abaixo. Depois, analise
e comente com sua turma o infográfico apresentado a seguir, que faz parte
da reportagem “Onde a biodiversidade está mais ameaçada no planeta?”,
publi- cada no site Planeta Sustentável.

Trata-se de material que apresenta – entre 34 pontos indicados por diversas


organizações ambientais – os dez pontos mais críticos do planeta onde a bio-
diversidade se encontra ameaçada.
Esses pontos são chamados de hotspots: são locais que possuem ao menos
1.500 espécies de plantas endêmicas e já perderam 70% ou mais de suas
áreas originais. Juntas, as 34 regiões ocupam menos de 3% da superfície do
planeta, mas concentram 50% de todas as espécies vegetais e 42% de todos
os vertebrados da Terra.
(Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.uol.com.br/noticia/ambiente/
conteudo_239360.shtml>. Acesso em: 5 jan. 2008.)
Atividade do aluno
Esse nome – hotspot – foi criado em 1988 pelo ambientalista britânico Nor-
man Myers para resolver um dos maiores dilemas dos cientistas preocupados
com a conservação do planeta: quais os critérios para criar uma área de pre-
servação do ambiente, mantendo a riqueza de espécies na Terra?
“Ao observar que a biodiversidade não está igualmente distribuída pelo plane-
ta, Myers procurou identificar as regiões que concentram, nesse quesito, os
mais altos níveis, e se perguntou onde as ações de conservação seriam mais
urgentes. Esses locais, os hotspots, são, então, um tipo de pronto-
socorro das espécies, áreas de rica biodiversidade e ameaçadas no mais alto
grau, portanto, prioritárias para os ambientalistas.”
(Disponível em: <http://revistaescola.abril.uol.com.br/online/sequenciadidatica/
PlanoAula_25383.shtml>. Acesso em: 5 jan. 2008.)

Analise os dez pontos indicados no mapa, articulando a ele os textos das legen-
das apresentados a seguir. Depois, descubra:
a. Que região compreende o hotspot brasileiro apontado nesse mapa?
b. O que é que faz dele um hotspot?
c. Qual a principal ameaça à região?
d. Quanto ainda resta da mata original?
e. Quantas espécies endêmicas encontram-se ameaçadas?

ESPÉCIES ENDÊMICAS
São as espécies que só são encontradas em determinadas regiões geográ-
ficas específicas (em geral, nas regiões de origem). Para alguns autores, é
sinônimo de espécie nativa.

2. Reúna-se com seu colega de trabalho e responda, no caderno, as questões a


seguir:
a. Copie do texto o trecho que define hotspot.
b. O infográfico que você leu mostra os dez hotspots mais críticos do
planeta. Qual deles se encontra no Brasil?
c. Qual é o hotspot que tem mais espécies endêmicas ameaçadas de extinção?
d. No infográfico, sublinhe a principal ameaça que assola as montanhas do
Sudoeste chinês.
e. Quando terminarem, contem aos demais o que descobriram e também
como fizeram para encontrar as informações solicitadas.
3. Escolha um dos hotspots do infográfico e, em seu caderno, escreva um texto
que explique as mesmas informações. Lembre-se de usar frases completas, e
não legendas ou palavras-chave.
Atividade do aluno
Legendas Extensão Original
Extensão Atual
Espécies Endêmicas
ameaçadas
Principal ameaça

HOTSPOT 1 HOTSPOT 2
MATA ATLÂNTICA CARIBE

A floresta tropical que cobre grande parte da Concentra diversos ecossistemas


costa brasileira atinge também o território de como florestas tropicais e regiões
nossos vizinhos Uruguai, Paraguai e semiáridas.
Argentina.
229.549 km2.
1.233.875 km2.
22.955 km2 (10% da cobertura original).
99.944 km2 (8,1% da cobertura original).
209.
90.
Desmatamento para a agricultura e
Ocupação humana. inserção de espécies estrangeiras.

HOTSPOT 3 HOTSPOT 4
MADAGASCAR FLORESTAS DA COSTA LESTE AFRICANA

A ilha africana tem grande diversidade de Concentram florestas secas e úmidas que
ecossistemas, como florestas tropicais e abrigam uma grande variedade de primatas.
secas e um deserto.
291.250 km2.
2
600.461 km .
29.125 km2 (10% da cobertura
60.046 km2 (10% da cobertura
original). 12.
original). 169.
Desmatamento para agricultura.
Erosão gerada pelo desmatamento.

HOTSPOT 5 HOTSPOT 6
CHIFRES DA ÁFRICA BACIA DO MEDITERRÂNEO

Região árida, é o hábitat da maioria das Originalmente apresentava uma flora


espécies de antílopes do mundo. quatro vezes maior que todo o continente
europeu.
1.659.363 km2.
2.085.292 km2.
82.968 km2 (5% da cobertura original).
98.009 km2 (4,7% da cobertura
18.
original). 34.
Desmatamento para pastagem e
extração mineral. Ocupação humana.

116 Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I


Atividade do aluno
HOTSPOT 7 HOTSPOT 8
MONTANHAS DO SUDOESTE CHINÊS INDOCHINA
Hábitat original de uma das mais ricas Coberta principalmente pelas florestas
faunas de clima temperado, a região tem tropicais do Sudeste Asiático. Apesar da
altitudes que podem chegar a 7.558 metros. devastação, nos últimos doze anos, foram
descobertas seis novas espécies de
262.446 km2.
mamíferos.
20.996 km2 (8% da cobertura original).
2.373.057 km2.
8. 118.653 km2 (5% da cobertura original).

Caça, extração de madeira e queimada para 78.


criação de pastos.
Desmatamento para agricultura e
extração da madeira.

HOTSPOT 9 HOTSPOT 10
FILIPINAS SUNDALAND
As mais de 7 mil ilhas que compõem o A região, que cobre a Indonésia, a
arquipélago eram compostas originalmente Malásia e outras ilhas do arquipélago do
por extensas florestas tropicais. Sudeste Asiático, é dominada pelas florestas
tropicais.
297.179 km2.
1.501.063 km2.
220.803 km2 (7% da cobertura original).
100.571 km2 (6,7% da cobertura
151.
original). 162.
Extração de madeira.
Extração de madeira.
ATIVIDADE 3D: A MATA ATLÂNTICA
E SUA HISTÓRIA
Objetivos
Ampliar o conhecimento a respeito das características da mata atlântica: sua
extensão, estados que abrange, localização geográfica, paisagens, ações hu-
manas que provocam desmatamento.
Identificar razões para a preservação da mata.
Utilizar procedimentos de estudo de textos de divulgação científica.
Identificar aspectos principais em trechos de texto, de modo a elaborar sínte-
ses do mesmo.
Comparar dois textos para estabelecer semelhanças e diferenças sobre o que
dizem, ampliando as informações a respeito de um determinado tema.
Utilizar definições para estabelecer relações e ampliar o conhecimento sobre
a mata atlântica.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada em vários momentos,
sendo uns de maneira coletiva e outros em duplas.
Quais os materiais necessários? Cópia da Atividade 3D.
Qual é a duração? Cerca de quatro aulas de 40 minutos.

Encaminhamento
Parte A – 1a aula
Solicite que os alunos, em silêncio e individualmente, leiam o texto “Mata
atlântica: da exuberância à devastação”.
A seguir, de maneira coletiva, oriente o estudo do texto. Durante o estudo, vá
dis- cutindo com os alunos, retomando conceitos, detalhando explicações e
amplian- do informações. Enquanto isso, recorra a um mapa com a divisão
política do Bra- sil e indique os estados em que se encontravam a mata
atlântica original e atual.
Lembre-se que os textos informativos têm termos próprios da linguagem cientí-
fica, na qual palavras se referem muitas vezes a conceitos. Frequentemente,
é preciso auxiliar os alunos a compreenderem o que dizem, explicitando
relações com informações que nem sempre, sozinhos, teriam condições de
compreen- der. Alguns exemplos são termos como floresta original, Produto
Interno Bruto (PIB), relação predatória e supressão de florestas, entre outros.
Depois disso, oriente-os para que se organizem em duplas (pense sempre em
quem pode colaborar efetivamente com o outro – agrupamentos produtivos).
Solicite que elaborem uma síntese que contemple as seguintes informações:
J desde quando a mata atlântica vem sendo devastada, por quem e como;
J extensão da mata atlântica original;
J motivos que têm provocado o desmatamento.

117
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
Na ficha de atividades é solicitado aos alunos que elaborem uma síntese es-
quemática sobre o assunto. Antes de proceder a essa parte da atividade, con-
verse com eles, explique o que são os esquemas (ver abaixo) e oriente-os a
respeito de como elaborar uma síntese esquemática.

Esquemas são representações gráficas sintéticas de ideias, fatos, conceitos,


princípios, modelos, processos, entre outros conhecimentos. Visam eviden-
ciar e, assim, facilitar a compreensão e a comunicação das relações estru-
turais, hierárquicas ou de causalidade entre os diversos elementos que com-
põem essas informações.
(Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/esquema>.)

Solicite que os alunos – mais uma vez em duplas – leiam o texto seguinte, bus-
cando complementar as informações do texto anterior.

Parte B – 2a aula
Explique aos alunos que na atividade a seguir, em duplas, farão uma compa-
ração entre dois trechos do texto e que, nessa tarefa, é possível identificar
semelhanças e diferenças entre as informações quando se estabelece um pa-
ralelo entre elas. Mostre-lhes que, ao comparar dados, é comum usar termos
como: Enquanto uns... outros...; ao mesmo tempo em que uns..., os
demais...; para uns e para outros... ou ainda, Tanto para..., quanto para...,
assim como palavras e expressões afins, que revelem que se estabelece um
paralelismo entre as informações.
A seguir, solicite a apresentação das ideias de cada dupla e discuta-as cole-
tivamente. Os alunos deverão, depois da discussão, retomar suas anotações
para complementá-las.

Parte C – 3a aula
Peça aos alunos que leiam as definições de BIOMA e ECOSSISTEMA e ajude-os
a estabelecer relações entre os aspectos fundamentais entre elas. Aqui, vale
destacar com eles que um bioma abrange diferentes ecossistemas, e que a
fauna e a flora compõem as comunidades biológicas de um bioma.

Parte D – 4a aula
Para terminar a atividade, a ideia é discutir sobre a questão “Por que é neces-
sário preservar a mata atlântica?”. Os textos lidos até o momento oferecem
referências suficientes para essa discussão. Se você considerar necessário,
amplie a lista consultando as referências apresentadas.
Leia o texto apresentado, evidenciando outros aspectos importantes sobre a
preservação da mata. São questões que podem contribuir para a ampliação
da síntese final, a ser elaborada coletivamente, tendo você como escriba, e
regis- trada posteriormente pelos alunos, no caderno.
Atividade do aluno
ATIVIDADE 3D: A MATA ATLÂNTICA
E SUA HISTÓRIA

MATA ATLÂNTICA: DA EXUBERÂNCIA À DEVASTAÇÃO


Diogo Dreyer
A mata atlântica foi, muito provavelmente, uma das primeiras visões que a tri-
pulação de Cabral teve quando chegou ao Brasil. Nessa época, a
exuberância da mata se estendia desde o Rio Grande do Norte até o Rio
Grande do Sul e ocupava mais de 1 milhão de quilômetros quadrados.
Os primeiros desbravadores das terras tupiniquins descreveram, durante
anos, a mata atlântica como uma floresta intocada, de enorme riqueza
natu- ral, que levou muitos dos que aqui chegaram no início da colonização
a acre- ditar que o “paraíso na Terra” estava nas Américas.
A floresta era ocupada por grupos indígenas tupis relativamente numerosos,
como os tupinambás, que já praticavam a agricultura, mas em perfeito estado
de harmonia com a vida vegetal e animal.
Em contrapartida, a relação do colonizador com a floresta e seus recursos
foi, desde o início, predatória. Os colonos não percebiam a importância dos
benefícios ambientais que a cobertura florestal nativa trazia, além de serem
motivados pela valorização da madeira e do lucro fácil. Esses fatores leva-
ram à supressão de enormes áreas da floresta para a expansão de
lavouras e assentamentos urbanos e à adoção de práticas de exploração
seletiva e exaustiva de espécies como o pau-brasil – o que aconteceu antes
mesmo da exploração do ouro e das pedras preciosas.
[...]
“Terra Brasilis”, como ficou conhecida a nova colônia de Portugal, teve a
ori- gem de seu nome diretamente ligada à exploração do pau-brasil e,
portanto, ao início da destruição da mata atlântica. Calcula-se que 70
milhões de árvo- res foram levadas para a Europa. Atualmente, a espécie
vive graças ao traba- lho de grupos ambientalistas que fazem seu replantio.
Novo Mundo: sinônimo de riqueza fácil
A exploração predatória da mata atlântica não se limitou ao pau-brasil. Outras
madeiras de alto valor para a construção naval, edificações, móveis e outros
usos – como tapinhoã, canela, canjerana e jacarandá – foram intensamente
exploradas. Segundo relatórios da virada do século XIX, em Iguape, cidade
do
Atividade do aluno
litoral sul do estado de São Paulo, não havia mais dessas árvores num raio
de sessenta quilômetros da cidade. O mesmo se repetiu em praticamente
toda a faixa de florestas costeiras do Brasil. A maioria das matas considera-
das “primárias” e hoje colocadas sob a proteção das unidades de conserva-
ção foram desfalcadas já há dois séculos.
[...]
Além da exploração dos recursos florestais, existia também um significativo
comércio exportador de couros e peles de onça (que chegaram ao valor de
6 mil-réis, o equivalente ao preço de um boi na época), veado, lontra, cutia,
paca, cobra, jacaré, anta e de outros animais; de penas e plumas e de cara-
paças de tartarugas. Não é à toa que quase todas esses animais estão em
processo de extinção.
A esse modelo predatório de exploração dos recursos da flora e da fauna
somou-se o sistema de concessão de sesmarias por parte de Portugal, favo-
recendo a combinação altamente destrutiva da mata atlântica. O proprietário
recebia gratuitamente uma sesmaria e, após explorar toda a mata e
consumir seus recursos, a passava adiante por um valor irrisório, solicitando
outra ao governo; ou simplesmente invadia terras públicas. Firmava-se o
conceito de que o solo era um recurso descartável, pois não fazia sentido
manter uma propriedade e zelar por suas condições naturais e sua
fertilidade, já que ela poderia ser substituída por outra sem custo. Destruir,
passar a propriedade adiante e receber outra era um excelente negócio.
“Em se plantando, tudo dá.”
No mesmo período de extração do pau-brasil, as terras férteis do Nordeste
do país e que estavam na mata atlântica eram utilizadas para a produção do
açú- car. A floresta ia sendo derrubada e, em seu lugar, surgiam imensos
canaviais. A madeira ia para fornos a lenha, usados no processo de
fabricação de açúcar, além de servir para fazer caixotes para o embarque do
produto para a Europa.
Depois do século XVII, a floresta continuou sendo derrubada para outros usos
da terra. No século XVIII, a descoberta do ouro em Minas Gerais abriu gran-
des feridas na mata, mas foi o Ciclo do Café que mais a devastou. O Ciclo
co- meçou a se expandir ainda naquele século e se arrastou até a metade do
sé- culo XIX, principalmente em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e
Paraná.

Resultados catastróficos
A exploração madeireira da mata atlântica teve importância econômica nacio-
nal até muito recentemente. Segundo dados do IBGE, em meados de 1970, a
mata atlântica ainda contribuía com 47% de toda a produção de madeira em
tora no país, num total de 15 milhões de metros cúbicos – produção drasti-
camente reduzida para menos da metade (7,9 milhões) em 1988 devido ao
esgotamento dos recursos ocasionado pela exploração não sustentável.
Atualmente, a mata atlântica sobrevive em cerca de 100 mil km2. Seus
princi- pais remanescentes concentram-se nos estados das regiões Sul e
Sudeste,
Atividade do aluno
recobrindo parte da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira, onde o processo
de ocupação foi dificultado pelo relevo acidentado e pela pouca infraestrutura
de transporte.
Segundo estudos recentes – realizados pela Fundação SOS Mata Atlântica
em parceria com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e o Insti-
tuto Socioambiental e publicados em 1998 –, entre os anos de 1990 e 1995,
mais de meio milhão de hectares de florestas foram destruídos em nove es-
tados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que concentram aproximada-
mente 90% do que resta da mata atlântica no país. Uma extensão equivalen-
te a mais de 714 mil campos de futebol foi literalmente eliminada do mapa
em apenas cinco anos, a uma velocidade de um campo de futebol derruba-
do a cada quatro minutos. Essa destruição foi proporcionalmente três vezes
maior do que a verificada na floresta amazônica no mesmo período.
Se isso continuar a acontecer, em 50 anos, o que sobrou da mata atlântica
fora dos parques e outras categorias de unidades de conservação ambien-
tais será eliminado completamente. Vale lembrar que esses desmatamentos
não estão ocorrendo em regiões distantes e de difícil acesso. Ao contrário,
derruba-se impunemente enormes áreas de florestas a poucos
quilômetros de cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Da mata atlântica original, sobraram 456 manchas verdes, irregularmente
dis- tribuídas pela costa atlântica brasileira. Embora isso represente apenas
7% da floresta original de 100 milhões de hectares praticamente contínuos,
ainda é uma vasta área, equivalente aos territórios da França e da Espanha
juntos.
Além disso, salvar a mata atlântica é uma questão de “sobrevivência econô-
mica”: em suas imediações, vivem hoje cerca de 100 milhões de pessoas e,
pela sua delimitação geográfica, circulam 80% do Produto Interno Bruto nacio-
nal (PIB).
O que chamamos de mata atlântica são, na verdade, várias matas que têm
em comum o fato de estarem próximas ao oceano Atlântico e em áreas de
campos e mangues. São lugares bastante úmidos, onde chove muito durante
todo o ano. Isso garante a permanência constante de rios e riachos e a
imensa manu- tenção da variedade de espécies vegetais e animais, a
biodiversidade.
Por causa das condições exclusivas que a floresta proporciona, muitos ani-
mais só são encontrados na mata atlântica, um refúgio para espécies que,
fora dela, já teriam desaparecido.
(Disponível em: <http://www.educacional.com.br/reportagens/mataatlantica/default.
asp>. Acesso em: 2 dez. 2009.)

1. Junto a seu colega, em seu caderno, elabore uma síntese – que pode ser es-
quemática – e que contenha:
J desde quando a mata atlântica vem sendo devastada, por quem e como;
J manifestações históricas que demonstraram preocupações com o meio am-
biente;

122 Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I


J extensão da mata atlântica original e atual;
Atividade do aluno
J motivos que têm provocado o desmatamento.
2. Releia o trecho a seguir.
A floresta era ocupada por grupos indígenas tupis relativamente numerosos,
como os tupinambás, que já praticavam a agricultura, mas em perfeito estado
de harmonia com a vida vegetal e animal.
Em contrapartida, a relação do colonizador com a floresta e seus recursos
foi, desde o início, predatória. Os colonos não percebiam a importância dos
benefícios ambientais que a cobertura florestal nativa trazia, além de serem
motivados pela valorização da madeira e do lucro fácil. Esses fatores
levaram à supressão de enormes áreas da floresta para a expansão de
lavouras e as- sentamentos urbanos e à adoção de práticas de exploração
seletiva.
3. Agora, junto com seu par de trabalho, façam uma comparação entre o modo
como índios e portugueses lidavam com a floresta, estabelecendo semelhan-
ças e diferenças entre eles. Anotem suas ideias abaixo, para depois discutir
com a turma.

4. Leia as definições de bioma e ecossistema, relacionando as informações que


têm em comum ou aquelas que estão relacionadas.

BIOMA
Bioma é um conjunto de diferentes ecossistemas. [...] são as comunidades
biológicas, ou seja, as populações de organismos da fauna e da flora intera-
gindo entre si e interagindo também com o ambiente físico.
[...]
O Brasil tem seu território ocupado por seis biomas em terra firme e um bio-
ma marinho.
(Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Biomas_brasileiros>.
Acesso em: 2 dez. 2009.)
Atividade do aluno
ECOSSISTEMA
Ecossistema é o conjunto dos relacionamentos que a fauna, a flora, micro-
-organismos e o ambiente, composto pelos elementos solo, água e atmosfe-
ra, mantêm entre si.
Todos os elementos que compõem o ecossistema se relacionam com equilí-
brio e harmonia e estão ligados entre si. A alteração de um único elemento
causa modificações em todo o sistema, podendo ocorrer a perda do
equilíbrio existente. Se, por exemplo, uma grande área com mata nativa de
determinada região for substituída pelo cultivo de um único tipo de vegetal,
pode-se com- prometer a cadeia alimentar dos animais que se alimentam de
plantas, bem como daqueles que se alimentam destes animais.
(Disponível em: <http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Ecossistema>.
Acesso em: 2 dez. 2009.)

Converse com seu professor e colegas e discutam: Por que a mata atlântica é
um importante bioma brasileiro?
5. Considerando o que foi lido até o momento sobre a mata atlântica, leia o
texto abaixo e converse com a classe sobre o seguinte aspecto:
J Por quais motivos é importante cuidar da mata atlântica, impedindo a sua
devastação?

POR QUE SALVAR A MATA ATLÂNTICA?


Não faltam razões para salvar a mata atlântica. Seus mananciais abastecem
as cidades e comunidades do interior.
Sua presença contribui para regular o clima, a temperatura, a umidade e as chu-
vas, proporcionando melhor qualidade de vida a 70% da população
brasileira.
Além disso, a mata atlântica é campeã em biodiversidade de espécies ani-
mais e vegetais. E só esse aspecto justificaria a preservação.
Um hectare de floresta no Nordeste dos Estados Unidos contém dez espécies
de árvores, enquanto um hectare da mata atlântica abriga 450 espécies.
(Adaptado de Instituto Unibanco/Fundação Victor Civita. Meio ambiente conhecer para
preservar – v. 5. Encarte da Revista Escola, edição 161. São Paulo: Editora Abril, 2003.)

6. Para concluir este estudo, elabore, junto com seus colegas e professor, uma
síntese sobre a necessidade de preservar a mata atlântica. Registre suas con-
clusões no espaço abaixo.

124 Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I


ATIVIDADE 3E: O SÍMBOLO DOURADO
DA MATA ATLÂNTICA

Objetivos
Conhecer o animal símbolo da preservação da mata atlântica.
Relacionar desmatamento e regeneração da mata.
Utilizar procedimentos de estudo de textos informativos: fazer antecipações a
partir do título, selecionar ideias relevantes, produzir uma ficha técnica, elabo-
rar sínteses, levantar fontes de informação

Planejamento
Como organizar os alunos? Eles trabalharão individualmente no início, depois
em duplas e, por último, coletivamente.
Quais os materiais necessários? Folhas da Atividade 3E para todos os alunos.
Qual é a duração? Duas aulas de 40 minutos

Encaminhamento

Parte A – 1a aula
Peça aos alunos que leiam o título do primeiro texto. Levante com eles possí-
veis antecipações a respeito do tema e do que será lido e o que imaginam
que o texto trará de novas informações. Depois, peça que leiam o texto
silenciosa- mente para confirmar ou não suas hipóteses.
Quando tiverem terminado, socialize o resultado: as antecipações foram
corre- tas? Que novas informações o material apresentou? De onde essas
informa- ções foram retiradas? Quem as organizou para que pudéssemos lê-
las?
Oriente-os a fazer um resumo para registrar o que aprenderam com a leitura,
lembrando-os de não esquecerem o título e as informações principais
tratadas no texto.

Parte B – 2a aula
Agora que já sabem quem é o símbolo da mata atlântica, convide a turma a
conhecer um pouco melhor esse animal. Peça que leiam, silenciosamente, o
segundo texto e depois se reúnam em dupla para preencher a ficha técnica
desse animal e responder as perguntas.
Antes, explique que a ficha técnica apresenta as ideias principais de um tema
ou estudo, como acontece no resumo. Mas, diferentemente deste, a ficha se
caracteriza pelo registro breve das informações, que são escritas em itens,
por categorias ou subtemas.
No caso do mico-leão, os recortes temáticos já estão definidos, e para preen-
cher essa ficha, os alunos precisarão selecionar as informações no texto.
Depois, devem responder, no caderno, as questões cujas respostas também
exigem seleção de informações.

ATIVIDADE 3E: O SÍMBOLO DOURADO

Atividade do aluno
DA MATA ATLÂNTICA
1. Leia o texto abaixo e depois converse com seu professor e colegas a respeito
das informações que ele traz.
Quando terminar, faça um resumo em seu caderno, lembrando-se de indicar o
título e as ideias principais.

O MICO-LEÃO-DOURADO AJUDANDO
NA PRESERVAÇÃO DA MATA

O mico-leão-dourado está para a mata atlântica assim como o semeador


está para a plantação. A espécie é um importante dispersor de sementes e,
ao de- sempenhar esse papel, auxilia na regeneração da mata – cujo
desmatamento é o principal problema associado a sua extinção. Além de ser
um grande con- sumidor dos mais diversos tipos de frutos, esse pequeno
primata espalha as sementes por onde passa, podendo ligar áreas isoladas
de mata.
Originário do Rio de Janeiro, o mico-leão-dourado habitava toda a baixada
litorânea do estado, mas, atualmente, pode ser encontrado em apenas seis
municípios. Para proteção da espécie foram criadas três unidades de con-
servação, e uma delas é a Reserva Biológica União. Ela foi transformada
em reserva pelo Ibama em 1998 pelo fato de ter recebido seis grupos de
mico-leões-dourados advindos de áreas isoladas e ameaçadas pela escas-
sez de mata. Hoje, já são mais de trinta grupos, com uma média de seis
animais cada, contribuindo para manter e aumentar a variabilidade genética
da espécie.
O consumo de grande quantidade e variedade de frutos faz do mico-leão-
dou- rado um importante dispersor. Após uma “refeição”, o mico-leão-dourado
leva entre uma hora e uma hora e meia para defecar. Um intervalo curto
como esse faz com que o animal se alimente várias vezes ao dia e defeque
nos lo- cais mais diversos.

125
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
Atividade do aluno
O mico engole grande parte das sementes dos frutos, que saem intactas nas
fezes e em condições de germinar. A outra parte é cuspida pelo animal e,
mesmo dessa forma, a atuação do mico é benéfica, pois, ao ingerir a polpa,
ele diminui os riscos de mortalidade da semente por fungos e predadores.
Para as sementes, é importante que sejam depositadas longe da árvore-mãe
para haver menor competição por espaço e menos chance de predação. O
mico-leão-dourado costuma defecar em locais distantes daquele onde se ali-
mentou, numa média de 105 metros, podendo alcançar quase um
quilômetro. “Apenas 5,8% das sementes foram depositadas até 10 metros do
local de origem, enquanto 82,02% ficaram entre dez e duzentos metros,
distância con- siderada favorável para a germinação”, explica a
pesquisadora Aline Moraes.
Além disso, ela comenta que os micos-leões-dourados alocam a grande maio-
ria das sementes em lugares adequados para a germinação. Ou seja, se o
fruto é originário de uma região mais úmida, o mico costuma levar a
semente para um local de condições semelhantes. Esse comportamento
também favo- rece a germinação.
O mico-leão-dourado é um dos primatas mais ameaçados de extinção do
mundo. Estudos sobre seu comportamento irão contribuir para a preservação
da espécie, de seu hábitat, e da própria Reserva Biológica União, uma das
poucas áreas remanescentes de mata atlântica.
(Texto adaptado de Agência USP de Notícias. Original disponível em:
< http://www.usp.br/agen/bols/2006/rede1949.htm>.)

Agora que você já descobriu qual é o animal símbolo da mata atlântica, que tal
saber um pouco mais sobre ele?
2. Leia o texto abaixo em silêncio. Junte-se a seu colega de trabalho e converse
com ele sobre o que descobriu.

MICO-LEÃO-DOURADO
O mico-leão-dourado é o símbolo da luta pela conservação da mata
atlântica. Isso porque ele é um importante dispersor de sementes, o que
auxilia na re- generação das florestas.
Esse raríssimo primata é um animal pequeno, que mede cerca de sessenta
centímetros. Possui um belo pelo dourado e uma juba em torno da cabeça,
o que deu origem ao seu nome. Seus pelos são sedosos e, ao sol, adquirem
um belíssimo brilho.
O mico-leão também é conhecido por sauí, sagui, sagui-piranga, sauí verme-
lho e mico.
É um dos mais raros primatas do planeta, encontrado apenas em pequenas
áreas florestais do Rio de Janeiro. Lá, vive nas copas das árvores,
procurando seus alimentos preferidos.
Atividade do aluno
O mico-leão-dourado gosta de viver em grupos de aproximadamente seis indi- víduos, tem
hábitos diurnos e é onívoro:
come frutos, insetos, ovos, pequenos pássaros e lagartos.
Quando o macho encontra uma fêmea, fica com ela por toda a vida. Entre os micos-leões, o
recém-nascido não pas- sa mais do que quatro dias pendurado à mãe. Depois disso, é o pai
quem o car- rega, cuida dele, o limpa e penteia. A mãe só se aproxima na hora da mamada.
Cada fêmea dá à luz de um a três filhotes em cada gestação, que pode ocorrer até duas vezes
por ano.
O mico-leão vive, em média, quinze anos.
O tráfico de animais fez com que fosse muito caçado para servir como animal de estimação e
ser exibido em zoológicos. Por causa disso, e também pela destruição de seu hábitat, está
ameaçado de extinção. Atualmente, ganhou uma área especial de proteção: a Reserva
Biológica de Poço das Antas, no Rio de Janeiro.
(Fontes: Revista Recreio, v. 1, Mata atlântica – Coleção De Olho no Mundo
e site www.saudeanimal.com.br.)

3. A seguir, completem a ficha técnica do mico-leão-dourado e respondam as per-


guntas.

Corpo
Alimentaçã
o
Hábitat
Hábitos
Longevidad
e
a. Por que o mico-leão-dourado é o símbolo da preservação da mata atlântica?
b. Copie o trecho do texto que cita outros nomes pelos quais o mico-leão-
-dourado é conhecido.
c. Escreva uma informação que você ache interessante sobre a vida em fa-
mília desse animal.

Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I 127


ATIVIDADE 3F: A VIDA NA MATA

Objetivos
Conhecer a fauna e a flora da mata atlântica.
Selecionar informações.
Aprender a fazer uma pesquisa, em classe.

Planejamento
Como organizar os alunos? Num primeiro momento, os alunos trabalharão indi-
vidualmente. Depois, em duplas
Quais os materiais necessários? Texto descrito na página da Atividade 3F, li-
vros, revistas, computador e outros materiais para pesquisa.
Qual é a duração? Duas aulas de 50 minutos

Encaminhamento

Parte A – 1a aula
Peça aos alunos que abram seu livro na página em que se encontra a Atividade
3F e oriente-os a ler o título do texto, levantando suposições a respeito de
que tratará a aula.
Antes de procederem à leitura, propriamente, comente com eles que Ilha Grande
é um município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro, e tem praias maravilhosas.
Seria interessante mostrar imagens da internet ou mapas e folders do lugar.
Converse com eles e procurem levantar, antes da leitura, que relações é possí-
vel estabelecer entre esse lugar e a mata atlântica. Explore com eles também
o significado das palavras fauna e flora.
Quando tiverem concluído, peça que comecem a leitura do texto em silêncio.
Ele deverá ser comentado coletivamente, antes do final da aula.
A seguir, peça que completem o quadro de fauna e flora, classificando os
seres que aparecem segundo o conceito de fauna e flora.

Parte B – 2a aula
Retome o assunto da aula anterior explicando aos alunos que nessa aula vo-
cês farão uma pesquisa para ampliar o conhecimento sobre a fauna e a flora
da mata atlântica.
Para isso, selecione previamente materiais diversos para pesquisa, como li-
vros, revistas científicas, enciclopédias e álbuns de animais. Caso seja possí-
vel, providencie também um computador com internet, bom aliado no processo
de busca de informações.
Essa aula será destinada a ensiná-los a fazer pesquisa, a encontrar informa-
ções específicas, mais do que ampliar o repertório dos alunos a respeito da
flora e da fauna. Para que isso aconteça, é necessário que você oriente os
alu- nos em relação à possibilidade de guiar-se pelo índice, índice remissivo,
quan- do houver, títulos e subtítulos, paginação, seções em revistas, uso de
legen- das, bem como ensinar a acessar a internet.
Sugerimos que inicialmente lembre os alunos a respeito dos objetivos da pes-
quisa, de forma que não percam de vista a intencionalidade da leitura. Tam-
bém pode fazer uma breve explanação sobre as fontes de pesquisa e como
usá-las. De todo modo, ao longo do trabalho, é imprescindível que você
circule entre as duplas e ajude os alunos nas dúvidas que apresentarem.

ATIVIDADE 3F: A VIDA NA MATA

Atividade do aluno
1. Leia o texto abaixo e conheça alguns importantes representantes da fauna e
da flora brasileiras.

MATA ATLÂNTICA NA ILHA GRANDE


A Ilha Grande abriga rica fauna e flora representativas da região, muitas espé-
cies de aves – papagaio, pica-pau, tiés, sabiás, saracuras etc. Diferentes ma-
cacos, esquilos, tatus, pacas, ouriços, águas-vivas, cobras, lagartos etc. Algu-
mas espécies já ameaçadas de extinção, como é o caso do macaco bugio. A
fauna endêmica é formada principalmente por anfíbios (grande variedade de
anuros), mamíferos e aves. É uma área em que chove muito, por causa das
elevações do planalto e das serras.
A variedade da flora da mata atlântica sempre despertou o interesse de via-
jantes, artistas, naturalistas e comerciantes estrangeiros. Na Ilha Grande,
al- gumas espécies da flora brasileira acabam se destacando, como os
jequiti- bás, por seu porte majestoso, o gravatá, as orquídeas e as
bromélias, pelo vistoso e muitas vezes inesperado colorido, e as
quaresmeiras, que, no prin- cípio do ano, salpicam de um roxo muito vivo as
encostas e vales. No caso do pau-brasil, no entanto, foram as razões
históricas e econômicas que o coloca- ram em destaque.
A Constituição Federal de 1988 coloca a mata atlântica como patrimônio nacio-
nal, junto com a floresta amazônica brasileira, a Serra do Mar, o Pantanal mato-
-grossense e a zona costeira. A derrubada da mata secundária é
regulamenta- da por leis posteriores; já a derrubada da mata primária é
proibida. ONGs e lide-

129
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
Atividade do aluno

ranças comunitárias vêm pressionando os órgãos públicos para que implemen-


tem medidas legais que deem à Ilha Grande um mínimo de sustentabilidade.
(Texto adaptado de: <http://www.ilhagrande.org/sys>.)

2. A partir do que leu, preencha o quadro abaixo.

FAUNA E FLORA DA MATA ATLÂNTICA


FAU FLO
NA RA

3. Agora, junto com seu professor e amigos, faça uma pesquisa e amplie o qua-
dro, completando-o com outros animais da mata atlântica que não aparecem
no texto.
Lembre-se de consultar o índice e os subtítulos presentes nos livros e revis-
tas. Você também pode fazer uma busca na internet. As legendas de fotos e
imagens podem ajudá-lo.

ATIVIDADE 3G: DESMATAMENTO


E SUSTENTABILIDADE

Objetivos
Compreender as causas do desmatamento.
Relacionar desmatamento com sustentabilidade.
Identificar ações que podem ser praticadas para garantir a sustentabilidade do
planeta em relação à preservação da biodiversidade.
Elaborar uma definição de sustentabilidade.
Utilizar procedimentos de estudo de textos de divulgação científica.
Articular informações de dois textos para construir um conceito.
Identificar aspectos principais em trechos de texto, de modo a elaborar sínte-
ses do mesmo.
Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada em vários momentos: al-
guns de maneira coletiva e outros em duplas.
Quais os materiais necessários? Folha da Atividade 3G para todos os alunos e
caderno de classe.
Qual é a duração? Cerca de quatro aulas de 40 minutos.

Encaminhamento

Parte A – 1a aula
Solicite que os alunos leiam o texto “Algumas causas do desmatamento”. De-
pois da leitura, organize o estudo do texto, tal como previsto nas atividades
anteriores, socializando o que descobriram com a leitura. Quando
terminarem, solicite que registrem no caderno as principais ideias do texto.

Parte B – 2a aula
Oriente a leitura dos excertos das falas de alguns dos conselheiros do movi-
mento Planeta Sustentável. Depois da leitura, coordene uma roda de
conversa orientada pelas questões propostas na atividade. Você poderá
assistir aos ví- deos citados para ter ideia do todo das declarações. Caso sua
escola tenha uma sala do ACESSA, você pode, também, levar os alunos para
assistir esses vídeos. Esta é uma oportunidade interessante para promover a
pesquisa em diversas fontes de informação.

Parte C – 3a aula
Depois da conversa, faça a leitura compartilhada e o estudo do texto “Trilha
da sustentabilidade”. Faça, primeiro, uma leitura integral do texto. Depois,
comece a leitura de estudo, discutindo com os alunos aspectos importantes
contidos em cada parágrafo.
Sugestão:
1o parágrafo: Elaboração do conceito de sustentabilidade: anos 1980. Aceita-
ção mundial.
2o parágrafo: ONU conclui que é preciso mudar padrões de produção e consu-
mo mundiais. Isso gera movimento mundial.
3o parágrafo: Filantropia, responsabilidade social e sustentabilidade. Sustenta-
bilidade: cuidar.
4o parágrafo: Sustentabilidade: compromisso com o futuro; caminho; prever im-
pactos da ação humana.
5o parágrafo: Sustentabilidade: exercício cotidiano de responsabilidade.
Depois desse estudo, oriente os alunos para que, considerando o texto lido
e as ideias que apresenta, assim como a análise das falas dos conselheiros,
elaborem uma definição de sustentabilidade. Organize-os em grupo com quatro
participantes e determine o tempo que será utilizado para essa tarefa. Ao final,
solicite que apresentem a definição do grupo e consolide a reflexão de todos
em uma única definição coletiva que contemple aspectos constitutivos das
vá- rias definições.

Parte D – 4a aula
Ajude os alunos a identificar, na vida cotidiana, situações em que podem con-
tribuir para uma relação sustentável com o mundo ao seu redor.
Reúna-os em quartetos e solicite que andem pela escola, pensando como po-
dem ajudar na sustentabilidade dentro da instituição. Algumas formas estão
relacionadas com a coleta seletiva de lixo, com o reaproveitamento de papel,
evitando desperdício, com o consumo cuidadoso de água e energia. Solicite
que anotem suas ideias para depois socializarem com os colegas. A seguir,
peça que façam o mesmo em sua casa e também compartilhem as ideias com
a classe.

ATIVIDADE 3G: DESMATAMENTO


Atividade do aluno

E SUSTENTABILIDADE
1. Temos conversado, até o momento, sobre o desmatamento e as ações hu-
manas que costumam provocá-lo. Neste momento, vamos estudar um pouco
mais a esse respeito. Para tanto, leia o texto apresentado a seguir. Depois,
anote as ideias principais de cada subtema em seu caderno.

ALGUMAS CAUSAS DO DESMATAMENTO


O modelo econômico adotado
Para sobreviver e desenvolver-se, os seres humanos, desde sua origem, pre-
cisaram produzir seus próprios meios de subsistência, transformando a na-
tureza ou intervindo nela. Isso começou a partir das economias primitivas
baseadas na caça, na pesca e no extrativismo madeireiro. Prosseguiu com
o desenvolvimento da agricultura pecuária, acentuando-se ainda mais com o
processo de urbanização e industrialização.
O modelo de desenvolvimento econômico escolhido tem influência direta na
forma e intensidade de utilização dos recursos naturais. O processo de indus-
trialização baseado na exploração de recursos como água, petróleo, madeira
Atividade do aluno
e minerais, entre outros, bem como na concentração da população nos cen-
tros urbanos e na agropecuária predatória, provocou profundas mudanças no
meio ambiente, caminhando para o esgotamento de recursos indispensáveis
à própria sobrevivência da humanidade. [...]
O modelo de desenvolvimento e as ações governamentais que favorecem a
exploração desenfreada de recursos naturais contribuem para o aparecimen-
to de uma cultura de desrespeito ao meio ambiente, expressa em atitudes
como jogar lixo nas ruas, praias e parques, na destruição de áreas verdes,
frequentemente substituídas por cimento e azulejo nos imóveis e condomí-
nios residenciais, na pavimentação sem planejamento de ruas e estradas, no
desperdício de água e energia elétrica.
Muitas coisas que compramos contribuem para a devastação da floresta tro-
pical. Madeiras nobres, como mogno, peroba e imbuia, são exemplos clás-
sicos. Plantações de frutas tropicais são frequentemente encontradas em
áreas onde no passado havia uma floresta tropical ou mata nativa.

O crescimento da população mundial


O crescimento da população mundial intensifica a necessidade de áreas
cada vez maiores para a produção de alimentos e técnicas que aumentem a
produ- tividade da terra, o que diminui as florestas e amplia as áreas
destinadas a lavouras de monocultura e criação de animais, com
consequente diminuição da diversidade de espécies animais e vegetais.

A urbanização
A urbanização contribui para a diminuição das áreas florestadas na periferia
das cidades, agravando o desequilíbrio do meio ambiente, principalmente quan-
do o desmatamento e a ocupação ocorrem em áreas de mananciais ou de ris-
co, poluindo e diminuindo a água potável disponível na região. A destruição
da floresta decorre do desmatamento de encostas dos morros, assim como
do incontrolável corte de madeira, da agricultura, da produção de carvão
vegetal e da ocupação imobiliária desordenada. Algumas companhias estão
ainda envol- vidas em grandes projetos industriais que destroem a floresta
tropical.
Algumas áreas da floresta tropical são ricas em metais preciosos, como o
ouro e a prata. Grandes depósitos de alumínio, ferro, zinco e cobre também
são encontrados. A exploração industrial de minérios e a afluência de minei-
ros nas áreas de matas não exploradas resultam inevitavelmente em desflo-
restamento. A contaminação pelo mercúrio (usado na extração de ouro)
tam- bém é comum. [...]

As queimadas
As queimadas, amplamente utilizadas para limpar o terreno na expansão das
fronteiras agrícolas, visando à instalação de projetos agropecuários,
geral-
Atividade do aluno
mente de monocultura, como a soja ou cana-de-açúcar, aceleram o
processo de empobrecimento do solo. Segundo o Instituto Nacional de
Pesquisas Espa- ciais (Inpe), em 1991, a área devastada da Amazônia chega
a 11.100 km2, ou seja, 0,3% da floresta. No Amapá e em Rondônia, a metade
da área cultivável foi devastada. As queimadas, nesse ano, provocaram
nuvens de fumaça que alcançaram a África e a Antártida. [...]

Rodovias e hidroelétricas
A construção de grandes hidroelétricas também causa a destruição de matas
e produz profundas alterações no meio ambiente.
A abertura de grandes rodovias, como a Transamazônica, sem planejamento de
preservação ambiental, favorece a instalação de projetos agropecuários e
in- dústrias de mineração industrial que provocam poluição e aumentam a
deman- da de carvão vegetal, ampliando, dessa forma, o desmatamento e a
destruição da fauna e da fora. Estimula ainda a expansão do garimpo, que,
por sua vez, contribui para a ocupação descontrolada e a devastação das
florestas.
2. Agora, mais uma vez, junto a seu professor e demais colegas, você vai
estudar o texto. Pegue lápis e o marca-texto e mãos à obra! Seu professor vai
orientá-lo.
3. Leia, a seguir, o que pensam algumas autoridades no assunto sobre sustenta-
bilidade. Os textos que você vai ler foram transcritos de um vídeo dos conse-
lheiros do movimento Planeta Sustentável.

OPINIÕES DE ALGUNS CONSELHEIROS, AO


RESPONDEREM SOBRE O QUE É
SUSTENTABILIDADE:
“É você agir de forma ecologicamente correta, socialmente justa e economica-
mente viável. [...] Trata-se de uma solução para um problema que a
gen- te causou por não prestar atenção nisso. É a gente imaginar agora que a
gente está construindo o futuro.”
(Caco de Paula – coordenador do Planeta Sustentável)

“É a gente perceber o nosso papel de habitantes provisórios do mundo [...]


porque a gente tem que deixar pras próximas gerações um mundo um pouco
melhor. [...] É respeito conosco, com nossos sonhos, com nossos desejos e
com tudo que nos cerca, que nos diz respeito e que nos toca. É a natureza,
o respeito urbano, é a gentileza, é separar lixo. É o maior tema da nossa
época e o tema mais global que pode existir, porque diz respeito a nós
mesmos e aos outros.”
(Leandro Sarmatz – redator-chefe de Vida Simples)

“É projeto conjunto, para ser construído em conjunto. [...] Todo mundo pensa
que não tem nada a ver com essa palavra. E tem! Eu tenho a ver, você tem
Atividade do aluno
ver. A forma como eu consumo água, como eu consumo roupa, como eu con-
sumo energia elétrica, sapato, carro, tudo isso é sustentabilidade. É a forma
como nós atuamos no mundo. Ou nós somos sustentáveis, ou não. Sustenta-
bilidade pra mim é isso. É você se colocar no mundo pensando em qual é o
papel que você tem aqui.”
(Zulmira de Souza – Repórter Eco – TV Cultura)

4. Converse com seus colegas e professora:


a. De quais depoimentos você mais gostou? Por quê?
b. O que todos eles têm em comum? Explique.
c. Que recado você acredita que os conselheiros quiseram dar às pessoas
com seus depoimentos?
d. Que relação você vê entre as causas do desmatamento e a ideia de susten-
tabilidade?
5. Você irá, agora, elaborar no seu caderno, junto com seus colegas de grupo,
uma definição de sustentabilidade. Consulte, para tanto, o texto
apresentado a seguir, que você deve estudar, orientado pelo professor.

TRILHA DA SUSTENTABILIDADE
Adalberto Wodianer Marcondes

[...] Nos anos 80 a Organização das Nações Unidas (ONU) encomendou um


estudo à então primeira-ministra da Noruega, Gro Brundtland. [...] Foi a pri-
meira vez que um conceito para sustentabilidade foi expresso e
mundialmen- te aceito. De acordo com o relatório, “ser sustentável é
conseguir prover as necessidades das gerações presentes sem comprometer
a capacidade das gerações futuras em garantir suas próprias necessidades”.
Foi também a primeira vez que um estudo patrocinado pela ONU chega à
con- clusão de que é preciso mudar os atuais padrões de produção e
consumo adotados pelas diversas sociedades da Terra, de forma a preservar
os recur- sos e serviços ambientais necessários à sobrevivência humana.
Desde en- tão existe um grande movimento de governos, empresas e ONGs
que buscam criar parâmetros para o desenvolvimento sustentável. [...]
Existe na Bíblia um antigo provérbio que muito bem se aplica na definição
dos conceitos de Filantropia, Responsabilidade Social e Sustentabilidade:
dar o peixe a quem tem fome é Filantropia, ensinar a pescar para garantir
o alimento é Responsabilidade Social, no entanto, cuidar da qualidade da
água do rio, preservar suas margens e suas nascentes, cuidar para que
não seja poluído e nem assoreado, e que existam peixes para sempre, é
Sustentabilidade.

135
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
Atividade do aluno

A sustentabilidade é um compromisso com o futuro, não é uma meta que pos-


sa ser atingida, mas um caminho que [...] [se deve] trilhar em busca de melho-
res soluções para os problemas humanos, sejam eles econômicos, sociais ou
ambientais. Este compromisso com o futuro se expressa de diversas manei-
ras e em distintos graus [...]. O fundamental é que esteja sempre
permeando qualquer decisão [...]. Nenhuma ação humana [...] está isenta
de impactos e todos eles devem estar previstos de forma a poderem ser
neutralizados ou minimizados.
Ser sustentável é, portanto, o exercício cotidiano da responsabilidade.
(Fonte: Jornal Envolverde. Disponível em: < http://rbb.org.br/portal
pages/publico/ expandir/fbb>. Acesso em: 10 jan. 2008. O autor é diretor de
redação da Agência Envolverde, recebeu em 2006 o Prêmio Ethos de Jornalismo.)

6. Para finalizar nossos estudos sobre o tema, reúna-se com seu grupo. Vocês
circularão pela escola, procurando identificar como podem contribuir para
a sustentabilidade. Anotem as ideias no caderno para contribuir com sua
turma.

ETAPA 4: ESTUDO E
PLANEJAMENTO DO SEMINÁRIO

ATIVIDADE 4: PLANEJANDO O SEMINÁRIO

Objetivo
Planejar, uma a uma, todas as tarefas do seminário, definindo os responsáveis.

Planejamento
Como organizar os alunos? No início a atividade é coletiva; depois, os alunos
serão divididos em grupos.
Quais os materiais necessários? Quadro com as características de um seminá-
rio (escrito na lousa ou em papel pardo); quadro para que sejam indicadas as
tarefas e seus responsáveis (a ser afixado na classe também).
Qual é a duração? Cerca de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos a respeito do propósito da atividade e da maneira
como será desenvolvida.
Para começar, retome as características do seminário, discutidas na Atividade
2, e organize-as em um cartaz afixado na classe. Retome, ainda, o quadro do
projeto.
Para explicar aos alunos o que é um seminário e como se organiza e apresen-
ta, aponte os seguintes aspectos:
J Para iniciar os trabalhos, cada grupo deve reunir-se e elaborar um plano ge-
ral: que assuntos serão tratados (é interessante definir isso coletivamente,
retomando com os alunos o que estudaram e acreditam ser interessante
ex- por para a 3a série), de quais fontes de pesquisa dispõem, como será
feita a divisão de tarefas (eles precisam considerar quem redigirá a
exposição por escrito, quem fará os cartazes; podem fazer também
transparências, apre- sentações de Power Point ou usar outros recursos
audiovisuais), o que cada membro do grupo fará, quem responderá às
perguntas dos alunos ouvintes).
J Pode-se elaborar fichas-guia para a apresentação oral. Essas fichas contêm
um esquema com os tópicos que serão abordados e não devem apresentar
frases redigidas, uma vez que sua função é apenas servir de lembrete, de
guia para a exposição oral.
J A exposição oral deverá ser “ensaiada” e cronometrada, para que o seminá-
rio seja bem apresentado e não ultrapasse o tempo disponível.
J Um membro apenas ou todos do grupo podem participar da exposição oral.
No caso de todos os membros participarem da exposição, cada um “ensaia-
rá” sua parte, tendo o cuidado de não quebrar o encadeamento dos tópicos
do Sumário.
É importante fazer um roteiro inicial planejando essas questões, e você deve
acompanhar os alunos nesse processo.
Oriente-os para a elaboração de uma lista de tarefas que devem ser desen-
volvidas pela classe para a realização do seminário. A seguir, comece, com os
alunos, a planejar o trabalho e definir responsabilidades.
Comece pelos temas que serão tratados. Solicite que os alunos levantem te-
mas possíveis e vá anotando na lousa. Considerando o estudo feito, os seguin-
tes temas parecem adequados:
J ações humanas que provocam problemas ambientais e as consequências
dessas ações para a vida das pessoas;
J o desmatamento como causa comum a muitos dos desequilíbrios provoca-
dos e o conceito de hotspot;
J a mata atlântica: história, extensão, população, paisagens, causas do des-
matamento, fauna, flora e demais características;
J desmatamento: causas gerais;
J sustentabilidade.
A seguir, divida a classe em seis grupos e peça para que cada integrante esco-
lha um tema. Juntos, definam, por fim, um título para o seminário e iniciem
o planejamento em pequenos grupos.
ETAPA 5: ESTUDO E PLANEJAMENTO
DA EXPOSIÇÃO ORAL

ATIVIDADE 5A: INVESTIGANDO SABERES


DOS ALUNOS A RESPEITO DE UMA
EXPOSIÇÃO ORAL

Objetivos
Compreender como se organiza e realiza uma exposição oral.
Por meio de uma produção inicial – planejamento e apresentação de uma ex-
posição oral a respeito do tema do seminário que coube ao grupo –, tomar
ciência do que já sabem sobre uma exposição oral e o que ainda precisam
aprender.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada de duas maneiras: em
gru- po, para planejamento da exposição; no coletivo, para apresentação à
classe.
Quais os materiais necessários? Textos estudados na sequência de atividades
de leitura e anotações que os alunos fizeram no decorrer do trabalho.
Qual é a duração? Duas aulas de 50 minutos.

Encaminhamento
Solicite que os alunos se reúnam nos grupos definidos para o seminário e pla-
nejem a fala do grupo sobre o tema que lhes coube, considerando o tempo,
os interlocutores (alunos da 3a série) e as finalidades do evento (exposição
oral sobre o tema).
Oriente-os para que prevejam, inclusive, recursos extraverbais (cartazes, ima-
gens, vídeos, mapas, esquemas, entre outros) que usariam para apresentar.
Defina o tempo a ser utilizado para tanto.
Solicite que resolvam de que maneira a apresentação acontecerá: se por um
dos integrantes apenas, se por mais de um. Oriente-os para que utilizem
recur- sos de apoio para a fala (anotações esquemáticas, por exemplo).
Esse momento é apenas de investigação a respeito do que os alunos já sabem
sobre como realizar uma exposição oral. A sua função é investigar esses sabe-
res selecionando os aspectos que merecem mais atenção, mais investimento
e, na medida do possível, colocá-los em evidência para os grupos. Serão apre-
sentadas várias atividades com a intenção de trabalhar os diferentes aspec-
tos que implicam a produção de uma exposição oral. No entanto, você não
precisará trabalhar todas, apenas as que forem mais adequadas para atender
às necessidades de aprendizagem de seus alunos. Assim, utilize a pauta de
observação apresentada a seguir para identificar os saberes já constituídos
pe- los seus alunos e as necessidades de aprendizagem em função dos
objetivos colocados: realizar uma exposição oral.

EXPOSIÇÃO ORAL – PAUTA DE OBSERVAÇÃO

Aluno:

ASPECTO SIM NÃO ÀS


S VEZES
O expositor...
... estabeleceu um bom contato
com a audiência?
... procurou incentivar a
audiência a ouvir sua exposição
por meio de
perguntas intrigantes, curiosas,
exemplos incentivadores ou outros
recursos?
... delimitou bem o tema, procurando
esclarecer a audiência a esse
respeito?
... apresentou em sua conclusão
algum aspecto reflexivo para o
interlocutor?
... utilizou recursos de apoio que o
auxiliaram para não se perder na
fala?
... ajustou a sua linguagem e
recursos à audiência?

Os alunos realizarão a exposição e você observará cada uma delas, a partir
dessa pauta. Ao término das exposições (que podem ser seis, uma por grupo),
você terá um mapa inicial da proficiência da classe para o gênero, com uma
re- presentação interessante, posto que, ainda que apenas um integrante de
cada grupo fale, os alunos trabalharam em grupo.
De posse das observações, você analisará as informações e selecionará, entre
as atividades propostas na sequência que virá a seguir, aquelas que conside-
rar mais apropriadas para trabalhar com seus alunos, em função das necessi-
dades de aprendizagem deles.
RECOMENDAÇÕES AO EXPOSITOR
Aspectos que um expositor deve incorporar à sua fala:
Quando iniciar a exposição, ser simpático, cativar o grupo. Isso fará com que
prestem mais atenção;
falar do tema que vai ser apresentado, colocando uma questão que provoque
curiosidade nos ouvintes. Isso também fará com que fiquem atentos para o que
vai ser apresentado, além de incentivar a reflexão sobre o tema;
mostrar aos ouvintes, com clareza, o caminho que será percorrido durante a ex-
posição. Isso deixa a audiência preparada para o que vem e auxilia na hora de
fazer as anotações sobre o que for exposto;
apresentar o caminho utilizando esquemas de apoio, como um cartaz ou transpa-
rência que indique o que será tratado. É uma boa estratégia, pois deixa a fala
do expositor mais clara;
usar recursos gráficos, cartazes, imagens, vídeos e mapas, pois isso não só aju-
da a entender o tema como faz a audiência prestar mais atenção.
Aspectos que um expositor deve evitar:
Entrar logo no assunto, sem explicar a maneira como a fala vai se organizar. Isso
deixa o ouvinte sem saber o que vai acontecer, sem orientação para organizar
as anotações sobre a fala;
ficar muito preso aos esquemas de apoio, pois isso faz com que o expositor perca
contato com o grupo, dispersando-o. Para que isso não aconteça, deve-se estudar
muito bem o que vai ser dito, o que dá mais segurança no momento da
exposição;
fazer toda a exposição sem utilizar recursos extraverbais;
não prestar muita atenção aos ouvintes, para verificar se estão com “cara de
dúvida”. Esse procedimento permite ao expositor ajustar sua fala, replanejar
ex- plicações.

ATIVIDADE 5B: ANALISANDO RECURSOS


DA ORGANIZAÇÃO INTERNA DE UMA
EXPOSIÇÃO ORAL

Objetivos
Estudar diferentes expressões que podem ser utilizadas para articular as diver-
sas partes de uma exposição oral, encadeando-as adequadamente para:
J apresentar o tema;
J apresentar o plano de exposição;
J introduzir exemplo;
J introduzir explicações sobre termos difíceis;
J sintetizar a exposição realizada e preparar para a conclusão;
J concluir.
Analisar o propósito das expressões nos diferentes enunciados, relacionando
as escolhas feitas à finalidade e ao sentido produzido.
Constituir um repertório de expressões que podem ser utilizadas no planeja-
mento da exposição oral.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada em duplas, com momen-
tos de discussão coletiva.
Quais os materiais necessários? Cópia para todos os alunos da folha de Ativi-
dade 5B.
Qual é a duração? Cerca de 50 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos sobre o propósito da atividade e a maneira como se
desenvolverá.
Distribua a folha de atividades e solicite aos alunos que, em duplas, realizem
cada uma das tarefas propostas. Vá orientando as duplas, passando pelas car-
teiras, problematizando aspectos que pareçam equivocados.
Na discussão da ordem a ser estabelecida entre os trechos que contêm as
expressões, solicite que cada dupla justifique suas escolhas, explicando as fi-
nalidades de cada um.

ATIVIDADE 5B: ANALISANDO RECURSOS

Atividade do aluno
DE ORGANIZAÇÃO INTERNA DE UMA
EXPOSIÇÃO ORAL
1. Conversamos, em atividades anteriores, sobre a maneira pela qual uma
expo- sição oral se organiza.
Considerando esse estudo, leia com seu colega as expressões apresentadas
a seguir e numere-as na ordem em que devem aparecer na exposição oral.
Atividade do aluno
ORDEM EXPRESSÕES ARTICULADORAS DA FALA
Agradeço muito a atenção de vocês e espero que eu tenha
contribuído para...
Hoje vou conversar com vocês sobre..., assunto muito importante
para...
Para tanto, vou começar falando de...; depois, vou abordar a
questão de... e, para terminar, apresentarei a vocês...

Para terminar, gostaria ainda de dizer que...

Então, vamos lá. Pra começar vamos falar de..., quer dizer... Um
exemplo disso é...
Bom, eu poderia, então, resumir essa fala em três pontos: o
primeiro... o segundo... o terceiro...

2. Agora, explique: com qual finalidade cada uma dessas expressões seria utili-
zada em uma exposição oral?
3. Analise os excertos de exposições orais apresentados a seguir.

Bom, a minha exposição será sobre as causas do desmatamento da mata


atlântica, tema importante não só pra se compreender o que é que as
pessoas vêm fazendo que têm provocado esse efeito, mas também pra gente
poder parar de continuar fazendo. Só assim esse cenário muda.

Então eu gostaria de dizer que a minha fala será sobre a mata atlântica.
Sabe, afinal, hoje ela só tem 8% da sua extensão original, e o prejuízo da
sua destruição não só pro Brasil, mas pra humanidade, é muito grande.

Então... vocês já ouviram falar na mata atlântica, certo? Mas vocês sabiam
que hoje só 8% dela ainda permanece? Sabiam que todo o resto já foi destruí-
do? Então... é sobre isso que vou falar hoje, sobre o desmatamento da mata
atlântica.

Vou falar pra vocês de um assunto que me preocupa muito: o desmatamento


da mata atlântica. Vocês sabiam que mais de 80% dela já foi destruído? Que-
rem saber como? Então, é exatamente sobre isso que vou falar hoje.

Agora, responda:
Qual a finalidade de cada um desses trechos na exposição oral?
Qual maneira de falar você achou mais interessante? Por quê?
Atividade do aluno
4. Leia os trechos de fala apresentados a seguir. Analise para que serve cada um.

“A mata atlântica é rica em espécies endêmicas, quer dizer, aquelas espécies


que só existem na mata atlântica, entende? Em nenhum outro lugar mais.”

“A destruição das florestas provoca, também, a disseminação de doenças en- dêmicas, isto é,
aquelas doenças que só existiam em determinada região, que ficavam restritas àquela parte
da floresta, lá escondidas... Se a mata não existe mais, as doenças se alastram...”

“Os hotspots, entende, as regiões mais devastadas e, ao mesmo tempo, mais


ricas em espécies endêmicas, entende, deixa eu falar, aquelas espécies que
só existem naquele lugar mesmo, e não em outro...”

Responda:
Qual a preocupação do expositor, em cada um?
Observe a expressões que foram utilizadas para introduzir o exemplo. Que ou-
tras você conhece que também poderiam ser utilizadas no mesmo lugar? Faça
uma lista delas.

ATIVIDADE 5C: PLANEJANDO


UMA EXPOSIÇÃO ORAL

Objetivo
Planejar uma exposição oral, considerando todos os aspectos discutidos até o
momento.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será, inicialmente, coletiva e, depois,
em grupos.
Quais os materiais necessários? Todo o material utilizado no projeto.
Qual é a duração? Três aulas de 50 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos sobre o propósito da atividade e sobre a maneira
como se desenvolverá.
Retome, com eles, todos os materiais que serão utilizados no planejamento da
exposição, explicitando quais as contribuições de cada um para esse
processo.
Ressalte a necessidade de retomarem o conteúdo estudado para que não co-
metam nenhuma incorreção sobre o tema.
Estude o quadro apresentado a seguir e ofereça-lhes referências a respeito de
como planejar.

PLANEJAMENTO DA EXPOSIÇÃO ORAL


Recursos necessários: retroprojetor, lâminas, cartazes, vídeo.
ETA CONTEÚD RECURSO
PA O
Introdução do Apresentação do tema: ações Lâmina de
tema humanas que provocam problemas retroprojetor com
ambientais e as consequências dessas o título e com
ações para a vida das pessoas. imagens dos
diferentes
problemas.
Apresentaçã Apresentação das partes da exposição: Lâmina de
o do plano a. retroprojetor com
da b. quadro contendo
exposição c. os tópicos.
Desenvolviment Parte 1: Lâmina com
o do tema Apresentar pergunta que problematize a quadro
esquemático.
primeira questão, do tipo: “O que
aconte- ce com o planeta quando você
joga óleo de cozinha no ralo da pia?
Você sabe?”.
Explicar o que acontece.
Relacionar com o fato de que a cada
ação nossa tem uma consequência
para a vida do planeta.
Apresentar esquema de
desequilíbrios provocados pela
ação humana.
Falar sobre a relação entre ação,
dese- quilíbrio e problema
ecológico.
(...) (...)

Terminado o planejamento, oriente-os a tomarem as decisões a respeito de


quem, no grupo, ficará responsável por cada tarefa: solicitar recursos
técnicos; elaborar cartazes, quadros; elaborar a síntese para conter no
convite do even- to; expor.
Depois, é hora de ensaiar a fala: os alunos podem elaborar fichas de apoio
para a exposição e ensaiar, procurando articular a fala com recurso extraver-
bal, ainda que não o tenha em versão final (é só imaginarem que estão apre-
sentando).
Esse ensaio deve ser previsto em grupo e, depois, em classe, para análise e
contribuição dos demais colegas.
No ensaio é importante estar atento para aspectos como: clareza na pronúncia
das palavras, ritmo de fala, altura de voz, gestual e atitude corporal.
A seguir, oriente os alunos para que respeitem os prazos de elaboração dos
materiais e planejem um último ensaio.
Não se esqueça de marcar as reuniões com os grupos, inclusive com o respon-
sável pela elaboração do convite. Providencie para que seja produzido e
repro- duzido com antecedência, de forma que os alunos possam se preparar
para o estudo.
Cuide para que a organização do seminário garanta que, nesse processo, os
grupos consigam compartilhar saberes construídos por meio de recursos diver-
sos que contemplem as práticas de leitura, escrita e oralidade.

Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I 147


Atividade do aluno
ETAPA 2: CONHECER A MATA ATLÂNTICA

ATIVIDADE 2: PROCURANDO INDICAÇÕES


DE PASSEIOS QUE INCLUAM CONHECER
A MATA ATLÂNTICA

Objetivos
Definir critérios de busca de indicações que incluam conhecer a mata atlântica.
Identificar nas indicações encontradas as que atendem ao critério definido.
Ler as recomendações e selecionar um passeio para ser feito.
Desenvolver procedimentos de leitura inspecional.
Desenvolver capacidades de localizar, inferir e generalizar informações.
Conhecer meios e recursos para pesquisar sobre possibilidades de lazer colo-
cadas para o paulistano.
Construir procedimentos de pesquisa de informações a partir de referências
específicas de conteúdo.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada coletivamente e os alu-
nos poderão estar dispostos em círculo.
Quais os materiais necessários? Material de leitura utilizado na Atividade 2.
Qual é a duração? Cerca de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos para apresentação dos propósitos da atividade e de
como se desenvolverá. Oriente-os para que retomem o material de leitura já
investigado e procurem quais dessas indicações de passeios incluem conhecer
a mata atlântica. Comece por solicitar-lhes que, considerando a lista de tipos
de indicações e atividades de lazer encontradas em aula anterior, digam onde
precisam procurar; na relação de quais tipos de passeios pode haver algum
que inclua conhecer a mata atlântica. Espera-se que eles deduzam que precisa
ser na parte em que estão relacionados passeios a parques.
Em seguida, oriente-os a fazer a busca. Organize um círculo de leitura dos pas-
seios escolhidos e solicite que todos leiam as indicações que encontraram.

148 Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I


Provavelmente encontrarão várias indicações de passeio a parques, mas sem
referências sobre a possibilidade de se visitar a mata atlântica. Isso é preciso
tematizar: pergunte aos alunos, depois de lerem a indicação, se é possível sa-
ber se o parque está em uma região de mata nativa.
É possível que os alunos cheguem à conclusão de que os parques de São Pau-
lo terão, necessariamente, mata nativa, já que a cidade está numa região de
mata atlântica. No entanto, é preciso problematizar essa questão: trazer à tona
o fato de que nos parques pode ter havido reflorestamento, e esse pode
incluir espécies vegetais não nativas. Além disso, é importante informá-los
também que alguns parques e reservas ambientais abertas ao público
conservam vege- tação de mata secundária, e não nativa, pois o
reflorestamento se fez neces- sário para garantir a sobrevivência de espécies
ameaçadas de extinção.
Assim, deve-se ter informações precisas a respeito da vegetação local.
Terminada a leitura da indicação, é necessária uma pesquisa a esse respeito.
Evidentemente, não se tomará para pesquisar qualquer das indicações lidas,
mas apenas aquelas que tiverem pistas sobre a possibilidade de haver mata
nativa no parque.
Aqui, você tem duas possibilidades: ou orienta os alunos para que eles mes-
mos façam a pesquisa ou você a realiza previamente e oferece o material
para que eles analisem.
Na primeira possibilidade, você pode proceder assim:
J Selecione os parques mais prováveis e levante as formas de se realizar
essa pesquisa. Possivelmente, as indicações recairão sobre Jardim
Botânico, Pico do Jaraguá, Parque Estadual da Cantareira, Parque Ecológico
do Guarapiranga, Parque Ecológico Tietê. Os mais citados nas indicações
dos jornais e revistas costumam ser Jardim Botânico e Zoológico, com
outras indicações sazonais.
J Depois dessa seleção, oriente-os para que definam modos de se realizar
a pesquisa. Alguns deles:
a. guia de São Paulo, impresso;
b. sites eletrônicos;
c. visita à Secretaria de Turismo para coleta de informações.
Os meios mais práticos, por não requererem saída da escola, são os dois
primeiros. Assim, organize com os alunos uma pesquisa a esse respeito.
J Divida a classe em dois grupos de representantes, cada um com a incumbên-
cia de pesquisar em um suporte. O que for pesquisar na internet precisará
contar com o apoio do professor orientador de informática educativa. O
outro grupo precisará encontrar os guias para obter as informações. Cada
grupo co- leta as informações e traz para a classe para discussão, na aula
seguinte.
J Sugestão de sites:
a. http://www.saopaulo.sp.gov.br/saopaulo. Nesse endereço, entrar em
“CONHEÇA SÃO PAULO” e, depois, em “TURISMO”. Nessa página, entrar
em “PARQUES” e, depois, selecionar o parque sobre o qual deseja infor-
mações. Imprimir as informações sobre cada um dos parques
selecio-
nados e levar para classe para leitura. As informações disponíveis, no
entanto, podem ser insuficientes.
b. http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/mapa_verde/asp/home.asp. Nesse ende-
reço pode-se ter acesso a todos os parques da cidade de São Paulo. As
informações, no geral, estão mais completas nesse endereço, mas só so-
bre os parques municipais.
c. http://www.ibot.sp.gov.br/educ_ambiental/educar_conservar.htm. Esse é
o endereço para realizar pesquisas sobre o Jardim Botânico. Site
comple- to, apresenta inclusive os projetos de ecologia e educação
desenvolvidos.
J Feita a pesquisa, os alunos representantes socializam as informações com
os colegas e, depois, você orienta a escolha do melhor parque. Sugerimos
o Jardim Botânico. Inicialmente, porque é uma unidade de conservação e,
depois, dada a própria finalidade dos jardins botânicos. Você poderá, nesse
momento, ler o texto que se encontra no site do parque a esse respeito:

O PAPEL DOS JARDINS BOTÂNICOS


O contato com o mundo natural cada vez mais está menor, devido o crescen- te processo de
urbanização. Travar um contato direto com a beleza e a diver- sidade encontradas na natureza
é um dos meios eficazes para aumentar o conhecimento e sensibilizar as pessoas na religação
do ser humano com seu meio natural.
Os jardins botânicos têm papel fundamental nesse processo educacional, cujo objetivo é
ensinar a importância da vegetação, conservação da biodiver- sidade, pesquisas científicas e
do desenvolvimento sustentável.
Há mais de 1.600 jardins botânicos no mundo e, atualmente, 29 estão situa- dos no território
brasileiro, que juntos mantêm a maior coleção de espécies vegetais fora da natureza.
(Disponível em: t.
Acesso em: 9 jan. 2008.)

UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
Áreas territorialmente definidas, criadas e regulamentadas legalmente (por meio de leis e
decretos), que têm como um dos seus objetivos a conservação in situ da biodiversidade.

CONSERVAÇÃO IN SITU/EX-SITU
Conservação in situ – “a conservação de ecossistemas e hábitats e a manu- tenção de
populações viáveis de espécies em seus ambientes naturais e, no caso de espécies
documentadas ou cultivadas, nas áreas onde elas desen- volveram suas propriedades
diferenciadoras”. Conservação ex-situ – significa conservação de componentes da
diversidade biológica fora de seus hábitats.
(Disponível em: t>.)
Além disso, há que se considerar que o Jardim Botânico desenvolve projetos
educacionais relacionados com o trabalho de preservação do meio ambiente,
inclusive com visitas monitoradas previstas.
Depois disso, você anuncia que nas próximas aulas se aprofundarão no estudo
do passeio.
Na segunda possibilidade, você anuncia a sua escolha, informando que já efe-
tuou a pesquisa. Pode contar aos alunos como fez, por exemplo, onde pesqui-
sou, o que descobriu etc.

ETAPA 3: PASSEIO AO JARDIM BOTÂNICO

ATIVIDADE 3: ESTUDANDO O PASSEIO


AO JARDIM BOTÂNICO
Objetivos
Definir critérios de busca de indicações que incluam conhecer a mata atlântica.
Identificar nas indicações encontradas as que atendem ao critério definido.
Ler as recomendações e selecionar um passeio para ser feito.
Desenvolver procedimentos de leitura inspecional.
Desenvolver capacidades de localizar, inferir e construir e generalizar informações.
Conhecer meios e recursos para pesquisar sobre possibilidades de lazer colo-
cadas para o paulistano.
Construir procedimentos de pesquisa de informações a partir de referências
específicas de conteúdo.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada ora em duplas, ora cole-
tivamente.
Quais os materiais necessários? Folha da Atividade 3 para todos os alunos.
Qual é a duração? Quatro aulas de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos para apresentação das finalidades da atividade e de
como se desenvolverá.

1a aula
Refere-se ao estudo do Jardim Botânico enquanto instituição; sua finalidade, seu
envolvimento com a educação, sua localização geográfica.
Peça aos alunos que leiam os textos 1 e 2, respectivamente “Histórico do Jar-
dim Botânico de São Paulo” e “Projetos desenvolvidos”.
Leia com os alunos a primeira parte do texto, auxiliando-os a fazer uso dos pro-
cedimentos de estudo (anotações na margem esquerda da folha,
identificando do que trata o trecho do texto, grifar tópicos fundamentais
para a compreen- são do assunto etc.). Deixe que as duplas deem
continuidade à atividade de estudo do texto.
Defina um tempo para a leitura e, ao final, solicite que cada um apresente
para a turma o que considerou importante no conteúdo do texto lido.

2a aula
Nessa aula, retome as informações da aula anterior lembrando a experiência
constante no texto 2, em que foi relatada uma visita monitorada ao Jardim
Botânico. Considere com os alunos a importância dessa zona de preservação
da mata atlântica e proponha que sua turma também realize uma visita moni-
torada a esse lugar. Para encaminhar esse trabalho, converse com eles sobre
o que é uma visita monitorada, já que é fundamental para que planejem uma
possível visita.
Para começar, proponha a leitura compartilhada do texto 3 (“Visitas monitora-
das”), chamando a atenção dos alunos para os aspectos práticos dessa visita-
ção, como horários, preços e outras informações.
Depois, faça com eles um estudo do Roteiro de Visita, que inclui um mapa
com todos os pontos previstos para visita. Faça a exploração desse mapa co-
letivamente, articulando o estudo do mesmo com as informações dos textos
complementares. Chame a atenção dos alunos para as legendas, os pontos de
referência, os possíveis trajetos, os nomes que aparecem em cada estação do
passeio. Estude também com os alunos possíveis roteiros.
Quando terminarem, faça com eles uma lista das providências que devem ser
tomadas para que o passeio seja possível.

3a aula
Nessa aula serão conhecidos melhor alguns pontos da visita.
Proponha que os alunos se reúnam em duplas para ler os textos 1, 2, 3 e 4
(respectivamente “Trilha da nascente do Jardim Botânico”, “Conjunto estrutural
A paz e a liberdade”, “Museu Botânico Dr. João Barbosa Rodrigues” e o
último, sem título), e peça que assinalem, com marca-texto, as informações
que julga- rem mais importantes em cada um.
Quando terminarem, peça que conversem sobre as questões que seguem os
tex- tos, compartilhando suas ideias e opiniões posteriormente, com o grupo
todo.

4a aula
Nessa aula os alunos descobrirão modos possíveis de chegar ao Jardim Botâni-

Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I 161


co. Ainda que exista a possibilidade de a turma fazer o passeio coletivamente, saindo

160 Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I


juntos da escola, é interessante que cada um pense em como ir ao Jardim Botânico a
partir da sua residência, caso queira fazer o passeio com a família.
Proponha a exploração do mapa de localização e as indicações de itinerários
apontados na atividade. Esse momento será coletivo, mas depois as crianças
poderão sentar-se em duplas para elaborar um possível roteiro de ida e volta,
considerando alguns aspectos essenciais:
J horário de saída de casa;
J conduções que precisariam pegar, em sequência;
J horário de chegada ao Jardim Botânico;
J horário de saída do Jardim Botânico;
J conduções que precisariam pegar para voltar para casa, em sequência;
J horário provável em que chegariam em casa, de volta.
Para finalizar, oriente a organização do dossiê do passeio, recomendando
que estejam atentos para os horários de funcionamento do parque e, ainda,
para o que não é permitido em uma Unidade de Conservação, como o Jardim
Botânico.

ATIVIDADE 3: ESTUDANDO O PASSEIO

Atividade do aluno
AO JARDIM BOTÂNICO
1. Vamos conhecer melhor uma importante zona de preservação da mata
atlânti- ca. Faça a leitura silenciosa dos textos 1 e 2, lembrando-se de:
a. ler cada um dos parágrafos e, usando seu lápis ou marca-texto, anotar, na
margem esquerda do texto, palavras-chave que sintetizem o conteúdo;
b. quando terminar a leitura dos textos, circular, nas anotações da margem,
aquelas que você considera como as mais importantes. Esse procedimento
vai auxiliá-lo quando for apresentar para a classe;
c. conversar com sua turma sobre o conteúdo do seu texto, comentando o
que mais lhe chamou a atenção. Ouça também as apreciações e, quando
con- siderar que são essenciais e você não as observou, faça anotações
para complementar sua leitura.
Todos os textos que serão lidos foram retirados do site oficial do Jardim Botânico.
(Disponível em: <http://www.ibot.sp.gov.br/educ_ambiental/>. Acesso em: 9 jan. 2008.)
Atividade do aluno
Texto 1
HISTÓRICO DO JARDIM BOTÂNICO DE SÃO PAULO

FERNANDES DIAS PEREIRA


Jardim de Lineu – Viveiro de plantas do Jardim Botânico

No final do século 19 a área do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga era


uma vasta região com mata nativa, ocupada por sitiantes e chacareiros.
Por ordem do governo as desapropriações na área vinham ocorrendo desde
1893, visando à recuperação da floresta, à utilização dos recursos hídricos e
à preservação das nascentes do Riacho do Ipiranga.
Em 1917 a região tornou-se propriedade do governo, passando a deno-
minar-se Parque do Estado. Até 1928, serviu para captação de águas, que
abasteciam o bairro do Ipiranga. Nesse mesmo ano o naturalista Frederico
Carlos Hoehne foi convidado para construir um Horto Botânico na região.
O Jardim Botânico de São Paulo foi oficializado em 1938 com a criação do
Departamento de Botânica, na época órgão da Secretaria da Agricultura, In-
dústria e Comércio de São Paulo. Em 1969, o Parque do Estado, onde o Insti-
tuto de Botânica está localizado, passou a denominar-se Parque Estadual das
Fontes do Ipiranga.
[...]
O Jardim Botânico de São Paulo pertence ao Instituto de Botânica que está
inserido no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEF) situado na cidade
de São Paulo, a 10 quilômetros do centro, fazendo divisa com o município
de Diadema e outros bairros da capital.
O PEF abrange uma área de 526 hectares, dos quais cerca de 345 ha são
ocupados por vegetação remanescente de mata atlântica e 36,3 ha em área
de visitação do Jardim Botânico.
Integra 24 nascentes de água, dois aquíferos e é considerada a terceira
maior reserva do município de São Paulo.

162 Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I


Atividade do aluno
Sua flora contém espécies de grande importância científica, ornamental, me-
dicinal, econômica, assim como raras e endêmicas e em perigo de extinção.
A fauna é representada por muitas espécies de animais que, devido à preser-
vação da mata, encontram alimento e refúgio para sobreviverem.

Texto
2
PROJETOS DESENVOLVIDOS
Projeto Jardim Botânico vai à escola
O Jardim Botânico de São Paulo, administrado pelo Instituto de Botânica, da
Secretaria de Estado do Meio Ambiente, foi contemplado no segundo semes-
tre de 2005, por intermédio da Rede Brasileira de Jardins Botânicos, com o
projeto “Jardim Botânico vai à escola”, coordenado pela pesquisadora Tânia
Maria Cerati, da área de educação ambiental.
Para participar do projeto foi selecionada a Escola Estadual “Valentim Gentil”
de Ensino Fundamental (Ciclo I), que funciona nos períodos manhã e tarde,
tem 29 professores, totaliza 900 alunos e está situada próxima ao Jardim
Botânico de São Paulo.
O principal objetivo é estabelecer um processo educativo com a comunidade
escolar por meio de ações de educação ambiental, de forma a divulgar o pa-
pel dos jardins botânicos na conservação da biodiversidade e na promoção
da sustentabilidade socioambiental.
Com visitas monitoradas ao Jardim Botânico de São Paulo, os alunos recebe-
ram informações sobre a vegetação e o meio ambiente. Para a realização de
subprojetos, os professores tiveram curso de capacitação com palestras e
oficinas, além de material didático de apoio para que pudessem desenvolver
o projeto com seus alunos.
Uma grande festa realizada no dia 25 de novembro de 2005 marcou o
encerra- mento do projeto “Jardim Botânico vai à escola” (nesta escola) com
exposição de trabalhos produzidos pelos alunos, apresentação de danças,
teatro, jogo da memória com tema ambiental, além do filme ecológico O
Jardim Botânico. O projeto foi iniciado em agosto de 2005 e teve duração
de um semestre.
De acordo com a bióloga, “as crianças passaram a ver o meio ambiente com
outro olhar, os professores se sentiram muito satisfeitos com o projeto e
acham que ele deve continuar”.
Sendo um projeto itinerante, tem como linhas principais o enfoque
participa- tivo, o reconhecimento do saber local, a interdisciplinaridade e a
flexibilidade para adaptações regionais.
Para dar continuidade ao projeto em 2007, estamos buscando parcerias com
a iniciativa privada para a participação de outra escola do entorno.
Os interessados podem contatar a instituição, pelo telefone 5073-6300,
ramais 229 e 252.
2. Nesta aula você vai conhecer melhor o Jardim Botânico, explorando o mapa
Atividade do aluno

do lugar. Como você já sabe, é possível fazer visitas monitoradas, mas antes
é preciso obter informações importantes a respeito do funcionamento do
par- que. Leia o texto e o mapa, e depois ajude seu professor e colegas a
elabora- rem uma lista de providências necessárias para fazer esse passeio.

Texto 3
VISITAS MONITORADAS
O Jardim Botânico de São Paulo oferece às escolas e grupos organizados visi-
tas monitoradas em toda sua área de visitação.
Alunos e professores recebem informações sobre: espécies da mata atlânti-
ca, plantas ameaçadas de extinção, plantas úteis para o homem,
importância da conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos.
A visita percorre importantes áreas como: Museu Botânico “Dr. João Barbosa
Rodrigues”, estufas, Lago das Ninfeias, bosques e Jardim dos Sentidos.
Durante a visita o grupo tem um acompanhamento de monitores especializa-
dos, além de contar com segurança em toda a área do Jardim Botânico.
Horário de funcionamento:
Quarta a domingo, das 9 às 17 horas.
Fechado: Sexta-feira Santa, Natal e 1o de ano.
Horário das visitas monitoradas:
Período da manhã: iniciadas às 9h10.
Período da tarde: iniciadas às 14 horas.
Duração: de 1 a 2 horas, dependendo da faixa etária.
Ingressos:
Crianças até 10 anos e adultos acima de 65 anos e portadores de necessida-
des especiais mentais: isentos
Estudantes R$ 1,00
Público em geral R$ 3,00
Visitas monitoradas:
estudantes R$ 3,00 + valor do ingresso
demais grupos R$ 6,00 + valor do ingresso
Estacionamento:
carro de passeio R$
5,00 ônibus R$ 10,00
O pagamento é realizado na bilheteria do Jardim Botânico.
Procedimentos para visitas escolares (somente com agendamento) Informações:
Os interessados em agendar uma visita deverão ligar para o telefone
(11) 5073-6300, ramais 229/252, procedendo conforme as informações abaixo:
Atividade do aluno
Agendamento:
A escola deverá enviar um ofício, via fax, para o agendamento da visita com
antecedência de 15 dias. Esse ofício deverá ser em papel timbrado da esco-
la e conter: data da visita, período, número de alunos, série, telefone e fax
para contato.
A escola poderá optar pela visita com monitoria ou sem
monitoria. Acompanhantes: 1 para cada 15 alunos (professor, pais,
outros) Termo de responsabilidade:
A Seção de Educação Ambiental enviará à escola, após o agendamento, um
termo de responsabilidade que deverá ser assinado pelo diretor da unidade
escolar e entregue na bilheteria do Jardim Botânico no dia da visita. Esse
ter- mo deverá ser enviado à escola, via fax, juntamente às demais
informações de valor de ingresso e monitoria.
Todas as instituições devem apresentar o Termo de Responsabilidade, devida- mente
assinado, no momento da entrada do grupo.
3. Com seu professor, estude, ponto a ponto, todos os lugares pelos quais
você passará se for realizar essa visita, desde quando entra no parque até
quando sai.
Para mais informações sobre alguns dos pontos pelos quais você passará, ob-
serve o mapa com atenção.
JARDIM BOTÂNICO DE SÃO PAULO
Roteiro de Visitação

1 - Estacionamento 16 - Portão histórico


2 - Entrada do Jardim Botânico de São Paulo 17 - Lago dos Sentidos
3 - Alameda Fernando Costa 18 - Bosque dos Xaxins, das Samambaias
4 - Lanchonete e sanitários e Lago do Bugio
5 - Espaço Cultural 19 - Conjunto Escultural A Paz e a Liberdade
6 - Área de Exposições e Serviços 20 - Bosque dos Passuarés
7 - Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues” 21 - Brejo natural
8 - Escadarias 22 - Lago das Nascentes do Riacho do
9 - Jardim de Lineu e Espelho d’água Ipiranga e Obelisco
10 - Estufas Dr. Frederico Carlos Hoehne 23 - Bosque das Guaricangas
11 - Orquidário Dr. Frederico Carlos Hoehne 24 - Túnel de Bambu
12 - Palmeto histórico 25 - Trilha da Nascente
13 - Lago das Ninfeias 26 - Castelinho
ILUSTRAÇÃO: ANA MARIA V. A. MARTINEZ 14 - Sanitários 27 - Mirante
15 - Bosque das Imbuias 28 - Bosque do Pau-Brasil

4. Agora que já conhece um pouco mais sobre o Jardim Botânico, os projetos


que desenvolve e sobre a visita monitorada que se pode fazer, vamos conhe-
cer um possível roteiro de visitação. Após a leitura dos textos a seguir,
respon- da às questões correspondentes.

166 Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I


Atividade do aluno
Texto 1

TRILHA DA NASCENTE DO JARDIM BOTÂNICO


A trilha da nascente do Riacho do Ipi-
ranga, inaugurada no dia 4 de junho
de 2006, está instalada no Parque
Esta- dual das Fontes do Ipiranga
(PEF), um dos últimos remanescentes
de mata atlântica bem preservada na
região me- tropolitana de São Paulo.
Aberta no interior da reserva florestal,
com 360 metros de extensão e três
áreas de observação, o visitante vai per-
correr inicialmente um trecho de mata
em recuperação, seguindo para uma
área com elevada diversidade de espé-
cies, como samambaias, bromélias e
palmitos, além de árvores imensas.
No final do percurso, o visitante
chega- rá a uma das nascentes do
Riacho do Ipiranga.
Com um deque de madeira apoiado
em uma estrutura de eucalipto
tratado, a trilha, utilizada Vista aérea do Jardim Botânico
anteriormente apenas
para pesquisa científica, foi construída de forma a não causar impactos
nega- tivos na mata, pois é totalmente elevada, chegando a atingir quatro
metros de altura em alguns trechos, o que evita contato dos visitantes com o
solo, mas que propicia aos mesmos chegar bem próximo às copas das
árvores.
Trata-se de uma trilha projetada obedecendo às normas de acessibilidade
da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, permitindo o acesso a
pes- soas com mobilidade reduzida, como idosos, usuários de cadeira de
rodas, entre outros. A duração do percurso é aproximadamente de 40 minutos.
[...]

Texto 2
CONJUNTO ESCULTURAL “A PAZ E A LIBERDADE”
Dentro da área de visitação do Jardim Botânico de São Paulo e próximo aos
lagos formados pela água das nascentes que formam o Riacho do Ipiranga e
ao Bosque dos Passuarés, pode-se contemplar o belíssimo conjunto escultu-
ral “A paz e a liberdade”, do artista plástico Luiz Antônio Cesário.
As quatro esculturas representam os elementos da natureza: ar, fogo, terra,
água, essenciais para a sobrevivência humana.
Atividade do aluno
O conjunto que desperta a atenção para a paz e a liberdade integra-se à pai-
sagem do Jardim Botânico de São Paulo, dando oportunidade ao público de
apreciar a expressão da arte em meio à natureza.

Texto 3

MUSEU BOTÂNICO “DR. JOÃO BARBOSA RODRIGUES”


O contato com o mundo na- tural está cada vez menor, devido ao crescente proces- so de

FERNANDES DIAS PEREIRA


urbanização. Travar um contato direto com a beleza e a diversidade encontradas na natureza é
um dos meios efi- cazes para aumentar o conhe- cimento e para sensibilizar as pessoas na
religação do ser humano com seu meio natural.
Os jardins botânicos têm papel fundamental nesse processo educacional, cujo objetivo é
ensinar a importância da vegetação, conservação da biodiver- sidade, pesquisas científicas e
do desenvolvimento sustentável.
Há mais de 1.600 jardins botânicos no mundo e, atualmente, 29 estão situa- dos no território
brasileiro, que juntos mantêm a maior coleção de espécies vegetais fora da natureza.

Texto 4
No Museu Botânico encontram-se inúmeras amostras de plantas da flora bra-
sileira, uma coleção de produtos extraídos de plantas, fibras, óleos, madei-
ras, sementes e também quadros e fotos representativos dos diversos ecos-
sistemas do Estado. No conjunto arquitetônico-cultural do Jardim Botânico
destacam-se, além do museu, o Jardim de Lineu – inspirado no Jardim Botâni-
co de Uppsala, na Suécia –, as estufas históricas, o portão histórico de 1894
e o marco das nascentes do Riacho Ipiranga.
(Disponível em: <http://www.saopaulo. sp.gov.br/saopaulo/
turismo/cap_parq_botan.htm>. Acesso em: 9 jan. 2008.)

Converse com seus colegas:


a. O que você achou do roteiro?
b. De que parte você não desistiria, de jeito nenhum?
c. Se tivesse que priorizar alguns itens – por causa do tempo, por exemplo –,
quais você priorizaria?
d. Você acha que conseguiria realizar a visita sozinho, sem monitoria?

168 Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I


5. Agora, vamos descobrir como chegar até o Jardim Botânico.
Atividade do aluno

Estudem o mapa da localização do parque e, a seguir, as indicações de trans-


portes que podem ser utilizados para se chegar até ele.

Metrô
São Judas

Complexo
A Viário
Maria
v Bandeirantes Maluf
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o
s Av.
Metrô Eng
Conceição . R
A o Jardim Botânico
d
rm o
v
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Metrô .P i ue
e ag lE
Jabaquara re n st Zoológico
t r
a
e é ano
r
i s f
Parque Estadual das
Fontes do Ipiranga

Localizado na Av. Miguel Estéfano, 3.031 – Água Funda, próxima às Avenidas


dos Bandeirantes e Ricardo Jafet (ao lado do zoológico)
CEP 04301-902 - São Paulo - SP - Brasil
Metrô:
Estação São Judas
Ônibus:
Ida – Jardim Clímax (4742)
sai da Estação São Judas do Metrô
Volta – Metrô São Judas (4742)
Ida – Jardim São Savério (475-C)
passa pela Praça da Árvore
Volta – Term. Pq. D. Pedro II (475-C)
Ida – Zoológico (4491)
Volta – Term. Pq. D. Pedro II (4491)
Considerando onde você mora, se você não fosse com um veículo próprio da

Atividade do aluno
família, quantos ônibus, metrô ou trem teria que utilizar?
Sente com mais um colega e, juntos, elaborem os roteiros da ida e da volta
ao Jardim Botânico, indicando:
a. horário de saída de casa;
b. conduções que você pegaria, em sequência;
c. horário de chegada ao Jardim Botânico;
d. horário de saída do Jardim Botânico;
e. conduções que você pegaria, em sequência;
f. horário que chegaria na sua casa, de volta.
Converse sobre o roteiro com os demais colegas de classe e professor.
6. Agora você está pronto para finalizar o planejamento da visita. Tome cada
um dos levantamentos que você fez e organize um dossiê do passeio. Você
pode conversar com seus pais sobre esse passeio, analisando a sua
viabilidade.
Não se esqueça de incluir nesse levantamento final os dias possíveis para se
realizar a visita e, ainda, o horário de funcionamento do Jardim Botânico. As-
sim você pode prever a que horas terá que lanchar, por exemplo, para não se
atrasar na hora da saída, pois tem que considerar a hora que o local fecha.

ETAPA 4: REINVESTINDO O CONHECIMENTO


APRENDIDO

ATIVIDADE 4: RECOMENDAÇÕES PARA


OUTRO PASSEIO
Objetivos
Retomar procedimentos de planejamento de passeio desenvolvidos durante as
atividades anteriores.
Consultar informações em sinopses de recomendação, sabendo em quais por-
tadores é possível obtê-las.
Pesquisar sobre o lugar, levantando dados sobre suas características, localiza-
ção geográfica, acessibilidade.
Fazer levantamento de meios e tempo de transporte necessários para chegar
ao local.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada em duplas.
Quais os materiais necessários? Folhas das atividades realizadas até o mo-

169
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
mento, para que os alunos possam recuperar os procedimentos, computado-
res com internet. Caso isso não seja possível, o professor poderá entrar pes-
soalmente no site recomendado e providenciar fotocópias das páginas neces-
sárias para a realização da atividade.
Qual é a duração? Cerca de 60 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos para apresentação dos propósitos da atividade e de
como se desenvolverá. Retome com eles todas as atividades realizadas, regis-
trando-as na lousa, para que possam tomá-las como referência na elaboração
das recomendações.
Oriente os alunos para que se organizem em duplas e, considerando todas as
atividades realizadas, elaborem um texto que apresente recomendações para
planejamento de passeios. Considere quem serão os destinatários possíveis,
que podem ser leitores de uma revista ou jornal para crianças, ou ainda cole-
gas de outras classes. Lembre que a finalidade será auxiliar os leitores a pla-
nejar adequadamente um passeio.
Para realizar a atividade, além dos materiais explorados até aqui, será neces-
sário acessar a internet. Isso pode ser feito pelas duplas diretamente (no site
<http://www.ambiente.sp.gov.br/parquevillalobos/>), se sua escola tiver clas-
ses do ACESSA. Caso não seja possível, você poderá providenciar fotocópias
das páginas necessárias para a realização da tarefa.
Convide a turma para planejar a recomendação de um passeio a outro interes-
sante parque de São Paulo: o Villa-Lobos.
Oriente-os que para elaborar essas recomendações deverão retomar todos
os procedimentos que utilizaram em cada atividade, pois serão fundamentais
para auxiliar os leitores a planejar adequadamente o passeio.
Na avaliação, retome com eles, um a um, os procedimentos de cada atividade
e verifique se constam das recomendações.

Procedimentos avaliáveis
Consultar informações em sinopses de recomendação, sabendo em quais por-
tadores é possível obtê-las.
Pesquisar sobre o lugar, levantando dados a respeito de suas características,
localização geográfica, acessibilidade.
Fazer levantamento de meios e tempo de transporte necessários para se che-
gar ao local.
Avaliar as etapas do passeio – quando for o caso –, elaborando uma lista de
prioridades, caso haja necessidade de desistir de algumas.
Avaliar procedimentos recomendáveis e não recomendáveis para o passeio,
considerando sua natureza e especificidade.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA “LENDO NOTÍCIAS
PARA LER O MUNDO”

Por que uma sequência que envolve a leitura de notícias?


Não há discordâncias a respeito de que uma das melhores maneiras de nos infor-
marmos é lendo ou ouvindo as notícias no rádio, jornais da TV ou impressos, jornais
eletrônicos e revistas.
Desde que não seja “escolarizando” o portador, trabalhar com o jornal na escola
é uma oportunidade ímpar de favorecer aos alunos o desenvolvimento de habilidades
de leitura e escrita por meio de textos diversos, como notícias, entrevistas, tirinhas,
propa- gandas, classificados, entre outros. São situações de comunicação real nas
quais os alunos podem transitar, seja lendo, escrevendo ou revisando o que
escreveram.
Adquirir o hábito de ler o jornal, informando-se a respeito do que acontece, per-
mite que os alunos desenvolvam senso crítico vivenciando situações em que podem
tecer opiniões a respeito do que leram, argumentando e verificando a necessidade
de compromisso com a veracidade dos fatos, sem a manipulação de informações.
Com- parar, por exemplo, a mesma notícia publicada em jornais diferentes contribui
para que se possa “ler entrelinhas” dos fatos noticiados.
Além disso, a leitura de jornal é frequentemente prazerosa. Uma vez que não é ne-
cessariamente linear, permite que o leitor escolha o que quer ler. Pode-se ler apenas
as manchetes ou aprofundar em alguma notícia em que se tenha mais interesse.
Podemos ler crônicas ou tirinhas para nos divertir, por exemplo, ou escolher
cadernos específi- cos, lendo-os por inteiro ou ainda apenas trechos. De todo modo,
mesmo quando não nos detemos numa leitura mais profunda, conseguimos ficar
minimamente informados.
Também podemos nos informar a respeito de algo, selecionando informações
que são relevantes segundo nossa intenção de leitura.
Para transitar bem nesse portador, é interessante conhecer sua organização,
além das convenções típicas desse gênero, como o uso de léxicos e conectivos pró-
prios do texto jornalístico.
Do mesmo modo, é preciso identificar os cadernos que o compõem e reconhecer
os tipos textuais que acompanham o texto e também são fontes importantes de
infor- mação, como os gráficos e as tabelas.
A proposta de uma sequência didática para o trabalho com notícias tem como
finalidade a constituição das proficiências ligadas às práticas de leitura e escrita.
Uma ressalva também precisa ser feita: a notícia, quando retirada do seu con-
texto específico de publicação – a data em que foi publicada, o momento histórico
no qual diferentes fatos se articulavam e, por isso mesmo, foram noticiados e
agrupados na página do jornal dessa ou daquela maneira –, acaba sendo
descaracterizada. Toma- remos, então, a notícia como um documento que se busca
estudar e compreender, re- cuperando, o melhor possível, o contexto no qual foi
produzida, como condição mesmo de compreensão e interpretação de seu conteúdo.
No jornal, a notícia articula-se com o entorno da página em que foi
publicada, com a seção na qual se encontra, com os recursos extraverbais utilizados
para compô-
-la, como fotografias, desenhos, gráficos, entre outros recursos, constituindo seus sen-
tidos de maneira inevitável.
Espera-se que ao desenvolver essa sequência os alunos:
possam se familiarizar com o jornal e como é sua estrutura organizativa;
identifiquem semelhanças e diferenças entre jornais e revistas;
passem a ler frequentemente jornais e revistas, reconhecendo os diferentes
veículos como fontes de informação a respeito dos acontecimentos que cer-
cam nosso cotidiano;
reconheçam que as notícias não são textos neutros, mas orientados pelas
crenças e valores dos veículos que as produziram;
reconheçam a importância da análise do contexto de publicação da notícia
para a composição de seu sentido.

ORGANIZAÇÃO GERAL DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA:


DETALHAMENTO
Eta Ativida
pa de
1 Apresentação da Atividade 1A: Identificando notícias.
sequência didática Atividade 1B: Lendo e estudando uma notícia.
e investigação Atividade 1C: Explorando os cadernos do jornal.
inicial da Atividade 1D: Recuperando o contexto de produção de uma
proficiência do notícia.
aluno Atividade 1E: As partes que compõem uma notícia –
visão geral.
2 Estudo de Atividade 2A: As marcas do contexto de produção no
características da título e no texto das notícias.
linguagem escrita Atividade 2B: Compartilhando diferentes notícias.
do gênero Atividade 2C: As declarações e os efeitos que
provocam no leitor.
Atividade 2D: O olho da notícia.
Atividade 2E: O lead e a sua função na organização
da notícia.
Atividade 2F: A ordem dos fatos em uma notícia.
Atividade 2G: Reescrevendo uma notícia.
ETAPA 1: APRESENTAÇÃO DA SEQUÊNCIA
DIDÁTICA E INVESTIGAÇÃO INICIAL DA PRO-
FICIÊNCIA DO ALUNO

ATIVIDADE 1A: IDENTIFICANDO NOTÍCIAS


Objetivos
Conhecer a proposta de trabalho e seus objetivos.
Saber quais os conhecimentos do grupo sobre o que vem a ser uma notícia.

Planejamento
Como organizar os alunos? Esse deve ser um momento coletivo.
Quais os materiais necessários? Cópia dos textos que serão analisados.
Qual é a duração? Cerca de 50 minutos.

Encaminhamento
Num primeiro momento, faça uma roda de conversa para investigar os co-
nhecimentos que os alunos já têm sobre o jornal, socializando as ideias que
surgirem.
J O que é o jornal e para que serve.
J Como se organiza.
J Quem já leu ou costuma ler o jornal.
J Quais jornais as crianças já conhecem.
Depois, esclareça os alunos sobre os objetivos desta atividade, que focaliza
uma investigação sobre a notícia e como ela se desenvolverá.
Proponha a leitura compartilhada dos textos apresentados. Recupere as informa-
ções de cada texto, discutindo com eles os seus sentidos. Pergunte quais dos
textos lidos podem ser considerados uma notícia. Solicite que expliquem por que
consideram tais textos como notícia e vá registrando as explicações na lousa.
Para diferenciar as notícias dos demais textos, procure ressaltar – entre outros
– os seguintes aspectos:
J a notícia fala de um fato acontecido (ou que acontecerá);
J no texto da notícia sempre estão presentes informações sobre a data do
acontecimento (palavras como ontem, hoje, indicação do dia da semana,
por exemplo);
J as notícias sempre tratam de fatos que são importantes não apenas para
uma pessoa, mas para um grupo delas;
J elas podem ser muito breves, desde que informem o leitor sobre o que
acon- teceu, onde, com quem, quando. Esclarecer que alguns jornais –
especial- mente os eletrônicos – até mantêm uma seção de notícias breves.
Termine a atividade recuperando as justificativas pertinentes e deixando-as afi-
xadas em um cartaz.

ATIVIDADE 1A: IDENTIFICANDO NOTÍCIAS


Atividade do aluno

1. Leia os textos apresentados a seguir e descubra quais deles são notícias.


A seguir, explique as razões pelas quais você considera cada texto indicado
como uma notícia.

Texto 1
NARIZ E ORELHAS NUNCA PARAM DE CRESCER
O tecido cartilaginoso, que forma o nariz e as orelhas, não deixa de crescer
nem mesmo quando o indivíduo torna-se adulto. Daí por que o nariz e as ore-
lhas de um idoso são maiores do que quando era jovem. A face também
enco- lhe porque os músculos da mastigação se atrofiam com a perda dos
dentes.
(Disponível em: <http://www.terra.com.br/curiosidades/>. Acesso em: 5 dez. 2007.)

Texto 2
GREENPEACE CRITICA A INDÚSTRIA, MAS POUPA OS CARROS
CLÁUDIO DE SOUZA
Enviado especial a Frankfurt, Alemanha

O grupo internacional ecológico Green- peace faz um protesto bem à porta do 62 o


Salão de Frankfurt, na Alemanha, maior evento mundial da indústria auto- motiva,
que abriu nesta quinta (13) ao público e vai até dia 23.
Compõem a cena três carros (Audi, BMW e Volkswagen, todos alemães) ca-
racterizados como porcos – pintados de rosa e com focinhos de mentira – e uma
espécie de escultura imitando uma fumaça negra, estampada com o símbolo CO2
(dióxido de carbono, o gás emitido pelos carros). Perto dali, na torre de uma igreja,
uma faixa com o desenho de outro rosado carrinho-porco.
Tudo isso encimado com a acusação de “porcos do clima”. A referência,

Atividade do aluno
mais do que aos carros, é à indústria automobilística.
“Tudo que está sendo dito ou mostrado no salão em termos de soluções am-
bientais para os carros nós já adiantamos há 11 anos”, disse ao UOL o encar-
regado de assuntos automobilísticos do Greenpeace, Günter Hubmann.
Para ele, o que se discute agora já deveria ter sido pensado há pelo menos
duas décadas. [...]
(Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/carros/especiais/frankfurt/2007>.
Acesso em: 1 dez. 2007.)

Texto 3
FIGURINHAS BRILHANTES DO ÁLBUM DA COPA DE 2006
Descrição
Tenho todas as figurinhas brilhantes do álbum da Copa do Mundo de 2006.
Uma de cada. Se você ainda não completou o seu álbum, essa é sua chance.
Dados adicionais da oferta
Conservação: novo
Estado de origem: São Paulo
Cidade: São José dos Campos
Preço: R$ 1,00 cada
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E-mail: lqs_luquinhas@yahoo.com.br
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(Disponível em: <http://www.anunciosgratis.com.br/detail.php?siteid=62172&ab>.
Acesso em: 18 nov. 2007.)

Texto 4

Escorpião (23/10 a 21/11)

Quando quer algo ou alguém, você não desiste, nem mesmo ao enfrentar obstá- culos. No
entanto, se está a fim de um gato, evite contar com a sorte no come- ço do mês. Depois da
primeira semana, aí sim, tudo de bom. Oportunidades de paquera e conquista vão rolar aos
montes. Capriche no visual! Além de marcar presença, você vai mandar bem na azaração e irá
arrasar numa aproximação.
Ele: O romance com o fofo estará superprotegido. Mais cativante do que nun- ca, o gato vai
ganhar seu coração, se é que ainda não ganhou. Uma grande paixão pode pintar na área.
Prepare-se!
(Disponível em: t>.
Acesso em: 5 dez. 2007.)
Atividade do aluno
Texto 5
ÁSIA: TIGRES MATAM VISITANTE EM ZOOLÓGICO NA ÍNDIA
Um visitante foi morto em zoológico na Índia ao se aproximar de jaula para
tirar uma foto de tigres de bengala. Os dois animais conseguiram alcançar o
homem, arrancando sua mão esquerda, o que causou hemorragia fatal.
O ataque ocorreu no recinto dos tigres de bengala do zoológico de
Guwahati, Nordeste da Índia. A família do homem, identificado como
Jayaprakash Bezba- ruah, cinquenta anos, e dezenas de visitantes assistiram
à cena.
“O homem ignorou alerta dos tratadores, passando pela primeira barreira de
proteção e colocando sua mão dentro do recinto que abriga um macho e
uma fêmea”, disse Narayan Mahanta, responsável pelo zoológico.
Com agências internacionais.

ATIVIDADE 1B: LENDO E


ESTUDANDO UMA NOTÍCIA
Objetivo
Recuperar alguns aspectos do contexto de produção de diferentes notícias,
identificando os elementos que o constituem.

Planejamento
Como organizar os alunos? Esse deve ser um momento coletivo.
Quais os materiais necessários? Cópia do texto que será lido.
Qual é a duração? Cerca de 50 minutos.

Encaminhamento
Esclareça os alunos a respeito do objetivo da atividade.
Informe sobre a forma de desenvolvimento da atividade, que será coletiva.
Leia as primeiras informações sobre a “cabeça” do site e faça as perguntas
indicadas, procurando as pistas que permitam ao aluno antecipar a quem se
destinam as notícias do site, que assunto costumam tratar. É importantíssimo
que os alunos percebam para quem está orientado o trabalho do site não ape-
nas pela indicação “para crianças”, mas pelo título, por exemplo, bem-humora-
do e chamativo.
Informe os alunos de que lerão uma notícia, publicada no site referido, com o
título que está indicado no material impresso. Solicite a eles que antecipem
possíveis conteúdos para aquela notícia a partir do título.
Nesse processo de antecipações, espera-se que os alunos possam:
J relacionar a ideia de ciência (assuntos tratados no site) e a palavra “Dino”,
com dinossauro;
J realizar alguma antecipação relacionada ao termo “saci”, procurando relacio-
nar o que marca o saci (a falta de uma perna) e o que poderia marcar,
igual- mente, o Dino;
J antecipar que, por se tratar de um fóssil de dinossauro, só podem encontrar
ossadas, pois se refere a um animal extinto, e se o que falta ao saci é uma
perna, deve faltar à ossada o osso respectivo.
Se os alunos não chegarem a essas antecipações, mesmo com sua interven-
ção, não tem problema. É preciso que todas sejam registradas para que, de-
pois, você possa, com os alunos, checá-las quando da leitura do texto.
Leia a nova notícia com os alunos, estudando seu conteúdo. Nesse estudo,
discuta com eles, uma a uma, as respostas às questões apresentadas, procu-
rando garantir que os alunos compreendam:
J que o Dino Saci é o fóssil do dinossauro encontrado no Rio Grande do Sul,
assim chamado por tratar-se de um dinossauro cujo fêmur esquerdo não foi
encontrado (por isso a referência ao Saci, personagem do folclore brasileiro);
J que o fóssil recebeu um nome de brincadeira, dado pelos cientistas que o
encontraram, que foi Sacisaurus agudoensis. O primeiro dos nomes é com-
posto por saci, que se refere ao personagem do folclore brasileiro; e por
saurus, que significa lagarto. Daí, “lagarto saci”. O segundo nome – agudo-
ensis – refere-se ao lugar em que a ossada foi encontrada, Agudo. É impor-
tante chamar a atenção para o boxe que contém essa explicação sobre o
local, assim como sobre os nomes científicos, dando as pistas para que os
alunos estabeleçam as relações adequadas;
J que os cientistas não chamaram o lagarto simplesmente de “lagarto-
saci agudense” porque nomes científicos são dados em latim e não em
portu- guês, e os paleontólogos quiseram que ficasse parecendo com essa
língua, até para ficar mais engraçado mesmo. É importante chamar a
atenção dos alunos para o boxe que explica o que é nome científico, dando
pistas para que estabeleçam as relações necessárias;
J que o Sacisaurus, por ter vivido na época em que os dinossauros começa-
vam a se firmar na Terra, pode dar uma ideia de como seriam os primeiros
herbívoros do grupo dos ornitísquios. Além disso, o achado reforça as sus-
peitas de que os dinossauros tenham origem na América do Sul;
J que na época do surgimento dos dinossauros os continentes do planeta
intei- ro estariam reunidos em uma única grande massa de Terra conhecida
como Pangeia (“terra inteira”, em grego). Assim, segundo o texto, alguns
afirmam que a aparente origem sul-americana poderia ser mero resultado
do fato de que, por aqui, as rochas da idade certa se mantiveram no lugar,
enquanto parte delas foi arrastada pela erosão, constituindo outros
continentes.
Para finalizar o estudo do texto, retome as antecipações feitas pelos alunos a
respeito do conteúdo da notícia, verificando se foram confirmadas ou não pela
leitura.

ATIVIDADE 1B: LENDO E


Atividade do aluno

ESTUDANDO UMA NOTÍCIA


1. Você vai ler, agora, uma notícia publicada em um site eletrônico. Antes, porém,
dê uma olhada na identificação do site apresentada na primeira página:

O SITE QUE COLOCA CIÊNCIA NAS SUAS IDEIAS

Divulgação científica para crianças


2. Com seu professor e colegas de classe, converse sobre as seguintes questões:
a. Quem você acha que são os leitores aos quais este site se destina?
b. Como você descobriu?
c. Que tipos de assuntos são tratados nesse site?
d. Como você percebeu?
3. Você lerá, a seguir, uma notícia apresentada nesse site, intitulada “Dino Saci
encontrado no Brasil”.
Considerando as informações discutidas acima, a que você acha que se
refere essa notícia? No caderno, anote as suas hipóteses.
Atividade do aluno
DINO SACI ENCONTRADO NO BRASIL (8/11/2006)
Calma lá! Não vá pensando que o bicho saía por aí pulan- do em uma perna só! O fóssil,
encontrado por paleontólogos gaúchos, foi batizado com o nome científico de Sacisaurus
agudoensis por brincadeira. Sacisaurus ou “lagarto saci” porque seu fêmur (osso da
perna) esquerdo não foi en-
contrado. O bicho está entre os mais antigos do mundo já descobertos.
(Disponível em: t
pulganews/descricao.php?cod=23>.)

Paleontólogo é um detetive do passado, que estuda a flora e a fauna tentan- do descobrir como
era a vida milhões de anos atrás. Ele procura “conhecer a evolução dos seres vivos, a idade
relativa para o lugar onde os fósseis foram encontrados, reconstituir o ambiente em que o fóssil
viveu, contar a história da Terra e, finalmente, identificar as rochas que podem conter
substâncias minerais, como o carvão e petróleo”.
(Adaptado do site “Pulga na Ideia”)

COMO ERA O BICHINHO?


O Sacisaurus agudoensis viveu há cerca de 220 milhões de anos. Ele media
aproximadamente 1,5 metro de comprimento (do focinho à cauda) e 0,5 me-
tro de altura. Era um herbívoro, ou seja, um belo comedor de plantas.
Por que o Dino Saci está agitando a galera da ciência?
O Sacisaurus viveu em uma época em que os dinossauros começavam a se
firmar na Terra. Seu jeito desengonçado dá uma ideia de como seriam os
pri- meiros herbívoros do grupo dos ornitísquios, que se desenvolveriam até
ani- mais gigantescos como o Triceratops, com seus três chifres, ou
Stegosaurus, dono de imensas placas nas costas.
Ornitísquios: grupo de dinossauros ao qual pertenciam animais gigantescos
como os Triceratops e Stegosaurus.
O achado reforça as suspeitas de que os dinossauros tenham origem na Amé-
rica do Sul. Mas como na época os continentes do planeta inteiro estavam
reu- nidos numa única grande massa de Terra conhecida como Pangeia
(“terra in- teira”, em grego), há gente que critica a ideia, dizendo que a
aparente origem sul-americana poderia ser mero resultado do fato de que
por aqui as rochas da idade certa foram preservadas, tendo sido erodidas em
outros continentes.

179
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
Atividade do aluno

A mandíbula do Sacisauro agudoensis foi encontrada em Agudo (RS), pelo


pa- leontólogo Jorge Ferigolo em 2000. Só depois de seis anos é que as
escava- ções terminaram e a busca pelo fóssil se completou.
(Fonte: Folha On-line, 2/11/2006)

4. Agora, vamos estudar a notícia. Junto com seus colegas e professor,


converse sobre os seguintes aspectos:
a. O que é o Dino Saci a que o título se refere?
b. Os cientistas deram um nome científico de brincadeira para o fóssil encon-
trado. Explique:
J o primeiro nome dado foi Sacisaurus. Esta palavra é composta por dois
nomes diferentes. Explique quais são e o que cada um quer dizer;
J o segundo nome foi agudoensis. Por que será que os paleontólogos de-
ram esse sobrenome ao fóssil do dinossauro?;
J o nome Sacisaurus agudoensis é o nome científico que os paleontólogos
deram ao fóssil. Por que você acha que eles simplesmente não
usaram “lagarto-saci agudense”?
c. O texto aponta dois aspectos que caracterizariam a importância de se ter
encontrado fóssil na América do Sul. Quais são eles?
d. Segundo o texto, que crítica se faz à possibilidade de os dinossauros terem
surgido na América do Sul?
e. Retome as suas anotações feitas no caderno. Confira: a notícia tratou do
assunto que você imaginava? Explique.

ATIVIDADE 1C: EXPLORANDO OS CADERNOS


DO JORNAL

Objetivos
Observar que o jornal possui uma estrutura própria.
Familiarizar-se com os cadernos que compõem o jornal.
Identificar quais são as nomenclaturas com que os diferentes jornais se refe-
rem aos mesmos cadernos.

Planejamento
Como organizar os alunos? Primeiro em círculo, coletivamente; depois, os alu-
nos trabalharão em pequenos grupos.
Quais os materiais necessários? Vários jornais completos.
Qual é a duração? Uma aula de 50 minutos.
Encaminhamento
Distribua os diferentes jornais pela classe. Considere a quantidade de alunos
que você tem e providencie um jornal completo para cada grupo, pois eles
pre- cisarão vê-lo inteiro e, a seguir, analisar os cadernos que o compõem.
Faça um círculo de conversa e oriente-os: quando estiverem em pequenos gru-
pos, devem manusear o jornal, observando que, internamente, vem dividido em
partes, chamadas cadernos. Chame sua atenção também para a parte supe-
rior da primeira página do jornal, de cada caderno e de cada página, identifi-
cando o que têm de semelhanças e diferenças.
Peça que deem uma “passada de olhos” em cada caderno para descobrir de
que tratam, trocando os cadernos entre si até que todos do grupo tenham vis-
to todos eles.
Quando terminarem, deverão anotar, na página referente à Atividade 1C do livro
do aluno, os nomes dos cadernos que descobriram e de que trata cada um.
Quando todos tiverem concluído, reúna a turma para socializar o que aprende-
ram, e anote, na lousa, os diferentes nomes de cadernos e assuntos tratados
que conseguiram identificar. Peça que os alunos complementem o que escreve-
ram na própria página do livro do aluno.

ATIVIDADE 1C: EXPLORANDO OS CADERNOS

Atividade do aluno
DO JORNAL
1. Depois de ter folheado o jornal e visto como se organiza, anote suas observa-
ções sobre os cadernos. A seguir, comente com seu professor e colegas o que
descobriu. Mas fique atento ao que seus companheiros vão dizer e anote as
informações complementares que podem contribuir para seu aprendizado.

EXPLORANDO OS CADERNOS DO
JORNAL
Nome do caderno Assunto que trata
ATIVIDADE 1D: RECUPERANDO O CONTEXTO
DE PRODUÇÃO DE UMA NOTÍCIA

Objetivos
Identificar as características de dois portadores de informação: a revista e o
jornal.
Comparar revista e jornal, observando semelhanças e diferenças entre eles.
Observar diferenças entre portador e veículo de informação.

Planejamento
Como organizar os alunos? Primeiro coletivamente e, depois, em duplas.
Quais os materiais necessários? Diferentes jornais e revistas destinados a di-
ferentes públicos, nos quais sejam publicadas notícias, conforme quadro que
consta na Atividade 1C.
Qual é a duração? Cerca de 50 minutos.

Encaminhamento
Esclareça os alunos a respeito do propósito da atividade e informe-os sobre a
maneira como ela será desenvolvida.
Distribua entre eles diversos jornais e revistas, procurando variar o público-
-alvo e as funções de leitura a que se destinam (revistas para crianças e para
adultos, revistas científicas e de variedades, jornais para adultos e outros
para crianças, jornais distribuídos nos faróis, basicamente contendo
propagandas, jornais de bairro).
Peça que folheiem vários deles, observando formato, conteúdos e leitores pos-
síveis para cada um dos materiais, segundo sua intenção de leitura.
Proponha que analisem os diferentes materiais, estudando sua organização:
a constituição da primeira página do jornal, os diferentes cadernos (jornais) e
seções (revistas), a capa das revistas, os recursos extraverbais presentes nas
páginas, a presença de propaganda, a forma de distribuição dos textos em um
jornal e em uma revista, os tamanhos das letras, entre outros aspectos.
Quando tiverem terminado, reúna-os em círculo novamente e socialize as des-
cobertas que fizeram.
Ao orientar essa conversa coletiva, inicie a exploração pelo portador: primeiro
jornais, depois revistas. Essa exploração pode ser feita por meio de questões
orientadoras, como:
J O que mais, além dos textos escritos, existe nas páginas dos jornais?
J De que maneira os textos estão distribuídos nas páginas?
J O tamanho das letras é sempre o mesmo? Por que você acha que isso acontece?
J Como é organizado o jornal (ou a revista) inteiro?
J De que maneira a primeira página de um jornal é organizada?
J Que tipo de informações ela contém? Por que você acha que a organização
é feita dessa forma?
J De que maneira é organizada a capa de uma revista? Parece com a primeira pá-
gina de um jornal? Por que você acha que a organização é feita dessa
forma?
J Há propagandas nos jornais? Muita ou pouca? E nas revistas? Por que
você acha que há propaganda nesses portadores? As propagandas são as
mes- mas nos diferentes veículos? Como você explica isso?
Dessa discussão, procure garantir que os alunos compreendam que:
J Nas páginas de jornais e revistas são publicados textos de gêneros diver-
sos, como editoriais, crônicas, anúncios, propaganda, notícias, curiosida-
des, tirinhas, histórias em quadrinhos, entre outros.
J Além desses textos, nos jornais e revistas são encontradas muitas fotogra-
fias, ilustrações, gráficos, infográficos, ícones, entre outros.
J As notícias – assim como os demais textos – são dispostas em colunas
tan- to nos jornais, quanto em revistas; nos textos, os títulos sempre são
escri- tos com letras maiores e mais visíveis, de forma a orientar e seduzir
o leitor.
J Um jornal é organizado em diferentes cadernos que abordam assuntos espe-
cíficos (esportes, política, culinária, saúde, cotidiano, entretenimento, mun-
do, Brasil, meio ambiente, ciências, literatura, classificados, empregos,
ne- gócios, entre outros). Assim, pode-se dizer, também, que há
segmentos de público aos quais cada caderno se destina prioritariamente,
de maneira que o jornal seja o mais abrangente possível, atingindo os mais
variados interes- ses; da mesma forma, e por razões semelhantes, as
revistas se organizam em diferentes seções, com variedades temáticas; no
entanto, sua abrangên- cia é sempre menor que a de um jornal.
J A primeira página de um jornal – e a capa de revista, de maneira semelhante
– traz informações sobre tudo o que o jornal contém, funcionando como
uma espécie de índice que serve tanto para organizar a leitura do leitor
quanto para ser uma espécie de chamariz de leitores: as manchetes são
importan- tíssimas nessa página.
J A propaganda ocupa muito espaço do jornal, podendo chegar mesmo a uma
porcentagem de 60% do total de suas páginas. Os anunciantes pagam para
que a propaganda seja veiculada, o que significa que os jornais – e revistas
– ganham dinheiro com isso e encontram estratégias cada vez mais
eficazes para garantir que um número sempre crescente de pessoas
compre o jornal e a revista para manter e ampliar o seu lucro.
J Os jornais e revistas nem sempre veiculam as mesmas propagandas.
Essas são definidas em função do perfil do leitor de cada veículo, incluindo
seu poder de compra.
183
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
Depois, parta para a discussão sobre os contextos de publicação das notícias,
diferenciando portador e veículo de informação. Leiam juntos e discutam a afir-
mação a seguir, estabelecendo a diferenciação entre eles.

Revistas, jornais e livros são portadores textuais que podem ser impressos,
televisivos, eletrônicos, radiofônicos.
Os veículos são vários: revistas Época, Superinteressante, Ciência Hoje, entre
outras; jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, Metrô News,
entre outros; jornais televisivos Jornal Hoje, Jornal Nacional, SBT Notícias, en-
tre outros.

Nesse momento, procure garantir que os alunos compreendam que:


J Notícias podem ser publicadas em revistas e jornais impressos, assim como
em jornais e revistas eletrônicos, televisivos e, ainda, radiofônicos.
J Os veículos são vários (revistas: Época, Superinteressante, Ciência Hoje,
Nos- so Amiguinho, Recreio etc.; jornais: Folha de S.Paulo, O Estado de S.
Paulo, O Globo, Metrô News, Agora etc.; jornais televisivos: Jornal Hoje,
Jornal Nacio- nal, SBT Notícias, Jornal da Cultura, Metrópolis etc.).
J Os leitores podem ser vários: crianças (Ciência Hoje das Crianças, Recreio,
Nosso Amiguinho etc.); jovens, adultos, público feminino adulto (Cláudia,
Ca- ras, Ana Maria, Boa Forma etc.); adolescentes meninas (TodaTeen,
Atrevida, Capricho etc.).
Quando tiverem terminado, peça-lhes que, em duplas, preencham o quadro do
livro do aluno para sistematizar a comparação entre jornais e revistas.

ATIVIDADE 1D: RECUPERANDO O CONTEXTO


Atividade do aluno

DE PRODUÇÃO DE UMA NOTÍCIA


1. Após ter analisado vários jornais e revistas, observando as semelhanças e
diferenças entre esses portadores, preencha o quadro abaixo com o auxílio
de seu colega.

JORNA REVIS
L TA
SEMELHANÇAS

DIFERENÇAS
ATIVIDADE 1E: AS PARTES QUE COMPÕEM
UMA NOTÍCIA – VISÃO GERAL

Objetivo
Investigar características gerais de uma notícia no que se refere à sua organi-
zação interna.

Planejamento
Como organizar os alunos? Primeiro em grupos e, depois, coletivamente.
Quais os materiais necessários? Uma notícia da Atividade 1A (“Greenpeace cri-
tica a indústria, mas poupa os carros” ou “Ásia: tigres matam visitante em
zoológico na Índia”); a notícia da Atividade 1B (“Dino Saci encontrado no Brasil”).
Qual é a duração? Cerca de 50 minutos.

Encaminhamento
Esclareça os alunos a respeito do propósito da atividade e informe sobre a ma-
neira como ela se desenvolverá.
Solicite que formem grupos de, no máximo, três pessoas, tendo com eles os
textos indicados.
Oriente-os para que analisem as partes que compõem uma notícia, registran-
do-as no quadro da atividade, focando em aspectos como: título,
subtítulo, indicação de data e autoria, fotografias, boxes complementares.
Após terem observado aspectos iniciais, peça que analisem outras questões
de organização da notícia, indicando:
J Qual é o fato noticiado?
J Onde ocorreu?
J Como aconteceu?
J Quando aconteceu?
J Quem eram os envolvidos?
J Por que ocorreu?
O olho e o lead ainda podem não ser observáveis para os alunos, mas isso não
tem importância, dado que serão abordados em atividades posteriores. Além
disso, os alunos podem não reconhecer o título como manchete, o que tam-
bém não tem importância nesse momento.
Oriente-os a socializarem as observações feitas, comparando-as. Enquanto os
alunos vão registrando as observações no livro, vá fazendo o mesmo na lousa,
em um quadro semelhante.
ATIVIDADE 1E: AS PARTES QUE COMPÕEM
Atividade do aluno

UMA NOTÍCIA – VISÃO GERAL


1. Em grupos, estudem as notícias prestando atenção nas partes em que estão
organizadas e façam um registro. Listem todos os itens de que as notícias são
compostas e marquem no quadro. Depois, compartilhem com seus colegas e
professor as observações feitas e completem seu quadro com as contribui-
ções dos outros grupos.

ANALISANDO A ESTRUTURA DAS NOTÍCIAS


“Ásia: tigres matam
“Dino Saci
visitante em zoológico
encontrado no
na Índia”
Brasil”
Título

Subtítulo

Data

Autoria da notícia

Possui fotografias?
Possui boxes
complementar
es?
Qual é o fato noticiado?

Onde ocorreu?

Como aconteceu?

Quando aconteceu?

Quem eram os
envolvidos?
Por que ocorreu?
ETAPA 2: ESTUDO DE CARACTERÍSTICAS DA
LINGUAGEM ESCRITA DO GÊNERO

ATIVIDADE 2A: AS MARCAS DO CONTEXTO


DE PRODUÇÃO NO TÍTULO E NO TEXTO DAS
NOTÍCIAS

Objetivos
Identificar nos títulos e no texto de notícias marcas linguísticas que revelem o
leitor ao qual se destinam.
Compreender a necessidade de adequar o texto que escreve ao público ao
qual se destina, de maneira a ajustá-lo aos interesses desse leitor e às suas
possibilidades de compreensão.
Compreender a necessidade de ajustar a linguagem do texto às características
do portador e do veículo, assim como às finalidades colocadas.
Reconhecer que as palavras que compõem uma manchete não são aleatórias,
mas resultado de uma escolha intencional, feita com a finalidade de
interessar o leitor para o conteúdo da notícia.
Reconhecer que essa escolha acaba por revelar os valores do veículo a respei-
to do fato e as imagens que tem do leitor.

Planejamento
Como organizar os alunos? Os alunos trabalharão ora coletivamente, ora em
duplas.
Quais os materiais necessários? Folha de Atividade 2A e a notícia “Dino Saci
encontrado no Brasil” (Atividade 1B).
Qual é a duração? Três aulas.

Encaminhamento
Esclareça os alunos sobre o propósito da atividade e a maneira pela qual se
desenvolverá. Solicite que se organizem em duplas. Considerando o mapea-
mento dos saberes que eles têm sobre as características da notícia, forme
parcerias de alunos que possam contribuir mutuamente para as aprendizagens
pretendidas.

Parte 1 – 1a aula
Os alunos trabalharão, inicialmente, em duplas, para só depois socializarem a
reflexão que fizeram.
Leia o texto com a classe, discutindo as ideias principais e, depois, solicite
que trabalhem em duplas.
Quando terminarem, convide-os a compartilhar sua reflexão com os demais.
Nessa primeira parte, espera-se que os alunos se sensibilizem para o fato de
que o texto precisa ser ajustado às possibilidades de compreensão do leitor.

Parte 2 – 2a aula
Proceda do mesmo modo: leia a questão em voz alta, com a colaboração de
to- dos. Determine um tempo para discussão e, depois, oriente-os para que
com- partilhem suas reflexões com os demais colegas.
Nos itens 2 e 3 espera-se que os alunos indiquem que o primeiro título parece
ser de matéria destinada aos adolescentes; o segundo, aos interessados em
questões relativas à agropecuária; o terceiro, às crianças; o quarto, a pessoas
adultas e aos de mais idade; e o quinto, a quem se interessa por manter a
forma.
É importante articular às respostas dos alunos as indicações das fontes, pois
assunto e fonte são as pistas para a identificação de leitores possíveis e isso
precisa ser explicitado a eles.
No item 4, espera-se que os alunos identifiquem as informações
diferentes que constam dos títulos (profissão da pessoa, identificação de
quem retirou o corpo, identificação de qual corpo – segundo o momento do
processo de pro- cura dos corpos –, recomeço da busca). Espera-se que eles
reconheçam que, por exemplo: a escolha de começar por bombeiros ou por
segundo focaliza a notícia no item que se considera como mais importante
informar ou o que vai mais chamar a atenção do leitor; dizer mais um corpo
ou o segundo faz dife- rença: por um lado, mais um corpo não é tão preciso;
por outro, carrega uma carga pejorativa, de desconsideração para com o outro;
dizer corpo de bacharel faz diferença porque não se trata do corpo de um
cidadão qualquer, mas de alguém com um título.
Espera-se, finalmente, que reconheçam que essas escolhas podem ter
sido decorrentes do que os escritores/editores consideraram relevantes para
seus leitores. Além disso, a forma de tratamento revela valores por meio dos
quais o veículo interpreta o fato.

Parte 3 – 3a aula
Retome com os alunos a reportagem indicada (“Dino Saci”) e oriente a
reflexão coletiva sobre os itens pontuados.
No item 5, espera-se que sejam identificadas, de modo geral:
J a maneira como o texto foi começado, chamando a atenção para um item
do título, fazendo uma brincadeira que dota o texto de bom humor;
J os subtítulos, que trazem as expressões “bichinho”, “galera”,
aproximando a linguagem do texto do jeito de falar das crianças, dando
leveza a um texto de caráter de divulgação científica.
Parte 4
Recupere com os alunos a discussão a respeito de todas as atividades anterio-
res, procurando salientar que:
J é muito importante, para quem vai escrever – e não apenas uma notícia –,
considerar quem vai ler, qual será o melhor jeito de aproximar esse leitor
do texto, fazendo com que ele queira lê-lo, assim como considerar o que
esse leitor já sabe sobre o assunto para que se decida se alguma
informação adi- cional precisa ser apresentada ou não;
J exemplificar, citando o fato de que à notícia lida foram agregados vários
bo- xes com informações adicionais para auxiliar o leitor na compreensão
do tex- to. Além disso, foram usados recursos – o humor – e expressões,
como as gírias, para deixar o texto mais leve – já que ele teria,
necessariamente, que apresentar vocabulário mais técnico e científico,
dada a sua natureza e fina- lidade: divulgação científica;
J concluir, considerando que ajustar o texto a esses aspectos é, portanto,
fun- damental: garante que mais leitores o compreendam.

ATIVIDADE 2A: AS MARCAS DO CONTEXTO

Atividade do aluno
DE PRODUÇÃO NO TÍTULO E NO TEXTO
DAS NOTÍCIAS
Parte 1 – Reflexão inicial
Uma notícia não é escolhida aleatoriamente para compor um jornal, mas de
acordo com o possível interesse que o público do jornal ou da revista em que
será publicada (sejam impressos, da TV, do rádio ou eletrônicos) possa ter no
assunto.
Como já estudamos, um jornal ou uma revista organiza as matérias em
cadernos, seções que se destinam a assuntos que possam interessar a públicos
específi- cos. Um jornal, por exemplo, sempre tem o caderno de esportes, de
política, de economia, o que se destina ao tratamento de assuntos do cotidiano,
ao entreteni- mento (filmes e espetáculos em cartaz, lançamentos de CDs,
livros...), aos classi- ficados de empregos, entre outros. Cada uma dessas partes
do jornal tem um pú- blico específico, dentro de um público mais amplo que lê
o que aquele veículo de comunicação publica, que compra aquele jornal. Esse
público tem um perfil que mostra, de maneira geral, qual é a sua maneira de
ver e viver a vida, o mundo e as pessoas, quais seus interesses gerais.

Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I 189


1. Considerando isso, responda:
Atividade do aluno

a. Por que é importante que o jornalista que vai escrever essa matéria para
um jornal saiba disso?
b. Converse com seu colega e, depois, anote suas observações.
c. Quando todos terminarem, socialize a reflexão da dupla com o professor e
demais colegas de classe.

Parte 2 – As indicações sobre o leitor presentes no título


2. Para estudarmos um pouco essa questão, leia os títulos das matérias e iden-
tifique a qual público parece destinar-se. Converse com seu colega e explique
como é possível saber isso.
J “Beep é nova arma de paquera no Japão” (Folha de S.Paulo, 8 jun. 1998).
J “Piracicaba sedia eventos de ovinos e caprinos” (O Estado de S. Paulo,
24 jan. 2007).
J “Pedala, menino!” (Folhinha, 20 jan. 2007).
J “Velhice, envelhecimento, desamparo” (Revista E, dez. 2006).
J “As armadilhas que engordam” (Boa Forma, jan. 2007).
3. Apresente suas conclusões para os demais colegas de classe e professor.
4. Leia os títulos das notícias apresentadas a seguir.
a. “Busca recomeça e mais um corpo é retirado do
metrô” (O Estado de S. Paulo, 17 jan. 2007).
b. “Bombeiros retiram segundo corpo da cratera”
(Folha de S.Paulo, 17 jan. 2007).
c. “Segundo corpo é retirado da cratera de Pinheiros”
(Jornal da Tarde, 17 jan. 2007).
d. “Corpo de bacharel é retirado da cratera” (Todo Dia, 17 jan. 2007).
Todos os títulos se referem à mesma notícia: a retirada de corpos de pessoas
soter- radas no desabamento das obras de uma das linhas do metrô, em janeiro
de 2007.
Os títulos, porém, são diferentes, pois as notícias foram publicadas em jornais di-
ferentes. Analisando cada um, converse com seus colegas de classe e professor
e responda:
Que informações são diferentes em cada título?
As quatro manchetes falam de corpos que foram retirados da cratera. Que
dife- rença faz identificar o corpo como sendo de um bacharel, tal como
aparece no título d?
Que diferença há entre a forma de iniciar os títulos b e c? Que efeito de senti-
do isso provoca em quem lê?
O título a diz que mais um corpo foi retirado da cratera. Que diferença há
entre informar o leitor de que mais um corpo foi retirado e informar que o
segundo corpo foi retirado?
Por que você acha que os jornalistas e editores do jornal fizeram essas escolhas?
Parte 3 – As pistas sobre o leitor e o veículo presentes no interior do texto

Atividade do aluno
5. Junto com seu professor e colegas de classe, retome a notícia “Dino Saci en-
contrado no Brasil”.
Já vimos que o site de onde a notícia foi retirada tem como leitores
fundamentais as crianças.
Considerando isso:
Identifique, no texto, expressões e recursos utilizados que indiquem quem são
os leitores preferenciais do texto.
Reflita e responda: que efeito você acha que essas expressões e recursos pro-
duzem em quem lê o texto? Se elas não fossem usadas, o efeito seria o mes-
mo? Explique e exemplifique.
Imagine, por exemplo, se o texto começasse a partir de “O fóssil”, excluindo-se o
trecho “Calma lá! Não vá pensando que o bicho saía por aí pulando em uma per-
na só”. Qual das duas maneiras de iniciar o texto é mais instigante para o leitor?
Além disso, o texto também apresenta palavras em latim e outras mais
técnicas, como fóssil herbívoro, Stegosaurus, ornitísquios, entre outros. A que
se deve a presença desse tipo de palavra nessa notícia?

Parte 4 – Registrando reflexões finais


6. Para terminar essa reflexão, registre no caderno as conclusões mais
importan- tes do que você estudou.

ATIVIDADE 2B: COMPARTILHANDO


DIFERENTES NOTÍCIAS

Objetivos
Relacionar jornal escrito e falado.
Ler e socializar notícias com os colegas.
Treinar a leitura em voz alta, preparando-se para ler para uma audiência.

Planejamento
Como organizar os alunos? Coletivamente no início; a seguir, em pequenos
grupos.
Quais os materiais necessários? Notícias de jornal, uma para cada grupo da
classe. É preciso também providenciar o número correspondente de cópias da
mesma notícia para os integrantes do grupo (uma para cada criança).
Qual é a duração? Três aulas de 50 minutos.

191
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
Encaminhamento
Divida a classe em pequenos grupos. Explique que a proposta final da ativida-
de é promover uma leitura de notícia em voz alta, como acontece nos jornais
televisivos. Como essa atividade exige preparação, ocorrerá em três aulas.
Na primeira aula, os alunos lerão uma notícia e deverão comentá-la, garantindo
que todos do grupo a compreenderam bem. A seguir, precisarão dividir o
texto e combinar quem lerá qual parte.
É interessante que, para introduzir essa aula, vocês assistam juntos trechos
de telejornais, analisando como os apresentadores se comportam. Peça que
observem o modo como falam, como se vestem, como dispõem as mãos, o
corpo. Caso isso não seja possível, é importante levantar com os alunos o que
sabem dos telejornais que já assistiram, pois deverão ler sua notícia aos de-
mais representando um deles.
Lembre que, nos jornais de TV, as notícias muitas vezes são acompanhadas
de fotos, imagens, vídeos, entrevistas. Assim, também eles, ao distribuir
quem fará o que no grupo, podem combinar quem se responsabilizará por
apresentar os complementos da notícia, que podem ser simulados por meio
de cartazes, com figuras coladas, por exemplo. Podem também providenciar
uma mesa que se aproxime dos cenários televisivos e vestir-se de modo
semelhante. Saliente, porém, que o foco principal do trabalho é ler a notícia
em voz alta.
Na segunda aula, peça aos alunos que se reúnam em seus respectivos grupos
para “treinar” a leitura. Enquanto isso, circule entre eles, ajudando-os a aper-
feiçoar aspectos da leitura em voz alta, fornecendo-lhes dicas.
Considere que os grupos devem ser heterogêneos no que diz respeito à leitura,
mas não de modo discrepante, para não expor os alunos que ainda têm ques-
tões de leitura a ser resolvidas.
Na terceira aula os alunos lerão suas notícias para o grupo, que deverá fazer
anotações sobre a leitura dos colegas para socializar no final, numa avaliação
do trabalho.

ATIVIDADE 2C: AS DECLARAÇÕES E OS


EFEITOS QUE PROVOCAM NO LEITOR

Objetivos
Compreender o papel que as declarações desempenham em uma notícia: con-
ferir veracidade à informação.
Identificar as diferentes maneiras de se apresentar uma declaração em um
tex- to de notícia: por meio de discurso direto e por meio de discurso
indireto, cada uma das maneiras provocando efeitos de sentido diferentes no
leitor.
Planejamento
Como organizar os alunos? Em duplas.
Quais os materiais necessários? Folha da Atividade 2C.
Qual é a duração? Cerca de 50 minutos.

Encaminhamento
Informe os alunos a respeito do propósito da atividade que será realizada.
Oriente-os para que se organizem em duplas e explique a maneira pela qual a
atividade se desenvolverá.
Apresente a primeira parte da atividade contextualizando a notícia e solicitando
aos alunos que realizem antecipações. Anote as antecipações realizadas para
conferi-las após a leitura.
Deixe que os alunos leiam, individualmente – mas podendo consultar o parcei-
ro de dupla –, a notícia apresentada:
J No item 2, solicite que cada aluno converse com seu parceiro sobre a notí-
cia, a partir das perguntas apresentadas na atividade. Depois, coordene a
discussão coletiva da notícia.
J No item 3, é importante conduzir a discussão de modo que os alunos per-
cebam que as declarações conferem maior confiabilidade aos fatos. Afinal,
é o próprio envolvido se manifestando, são as suas palavras em destaque.
Isto não significa que ele fale a verdade dos fatos; ao contrário, é um pon-
to de vista que está sendo apresentado na notícia, um ponto de vista que
o veículo (o jornal ou a revista em questão) quer corroborar ou descartar,
mas sempre o escolhido pelo veículo, o que revela sua orientação sobre o
acontecido. No entanto, apresentar declarações verbais confere ao texto um
“efeito de verdade”, maior confiabilidade, que acaba por dotar o texto de cer-
ta objetividade reiterada ou esclarecida pela declaração.
J No item 4, é importante, antes de qualquer coisa, contextualizar a notícia,
esclarecendo sobre o fato ocorrido no começo de 2007. Para tanto, é possí-
vel recorrer ao site de onde a notícia foi retirada (conferir endereço); porém,
não é preciso tanto aprofundamento, pois a questão em foco não é
propria- mente temática. Em seguida, pretende-se que o aluno analise
diferentes ma- neiras de apresentar declarações em uma notícia para se
saber qual a me- lhor forma de influenciar o leitor.
Evidentemente, espera-se que os alunos percebam que as palavras dos en-
trevistados são sempre muito eficientes para dotar o texto de confiabilidade,
pois não se trata apenas da palavra do repórter, mas da palavra de alguém
reproduzida tal como foi dita. O discurso do repórter, ao contrário, apresenta
uma interpretação das palavras do outro, expressas indiretamente no texto.
J No item 5, registrar os aspectos mais importantes da discussão realizada.
De modo geral, referir-se a:
a. finalidades da apresentação de declarações em uma notícia;
b. maneiras de apresentação de declarações em uma notícia;
c. efeitos que as diferentes maneiras provocam no leitor.

ATIVIDADE 2C: AS DECLARAÇÕES E OS


Atividade do aluno

EFEITOS QUE PROVOCAM NO LEITOR


1. A seguir será apresentada uma notícia que relata um fato ocorrido na cidade
de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
O título da notícia é “Enfermeira ajuda animais a ganharem novos lares em
Santa Maria”, publicada no jornal Zero Hora, um dos maiores daquele
estado. Considerando esse título, converse com seus colegas e professor e
responda:
a. De que forma uma enfermeira pode ajudar os animais?
b. Que informações você imagina que a notícia trará a respeito do fato?

ENFERMEIRA AJUDA ANIMAIS A GANHAREM NOVOS LARES EM SANTA


MARIA

Mulher recolheu em dois meses cerca de 60 cães e gatos abandonados nas ruas da
cidade

O amor da enfermeira Marlise Flach Werle pe- los animais tem salvo a vida de gatos e ca-
chorros abandonados em Santa Maria. Em dois meses, ela já recolheu das ruas da cidade cerca
de 60 animais, cuidou deles e encontrou um novo lar para os bichinhos.
Desde junho, Marlise participa da sessão “Mascotes”, do jornal Diário de Santa Maria, na
qual anuncia os animais para adoção. Ela conta que a ideia de procurar o jornal come-
çou quando encontrou uma cadela que aca- bara de parir sete filhotes.
– Quando voltei lá, a mãe dos cachorros estava morta; tive que trazer todos para casa.
Mexendo um pouco mais no local em que eles estavam, vi que havia mais, ao todo
eram 20 cachorros abandonados – conta ela, que carrega ração no seu carro.
Atividade do aluno
Aos poucos, Marlise começou a buscar os cachorros e os colocar para ado-
ção. Para a sorte deles e a alegria de Marlise, todos foram encaminhados a
novos lares. Além de buscar, cuidar e encontrar uma nova casa para os ani-
mais, Marlise ainda faz um acompanhamento depois que eles são adotados.
– Faço uma triagem antes de doar porque uma doação malfeita é pior do
que o abandono – avalia ela.
O cuidado e a atenção com os animais já rendeu boas histórias para Marlise.
Ela conta que certa vez foi passear na sua cidade, Pirapó, e ficou sabendo
de um cachorro que havia sido atacado por um ouriço e não conseguia
comer nem beber água. Vendo o sofrimento do animal, Marlise contratou um
laçador de rodeio, capturou o cão e tirou os espinhos.
– Agora ele está bem, feliz e forte, ainda ficou meu amigo – conta Marlise,
que recentemente foi mordida no braço por um pitbull, mas garante que vai
continuar com o trabalho que faz.
(Disponível em: <http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp>.)

2. Converse com seu parceiro e, depois, com os demais colegas e professor so-
bre as seguintes questões:
a. Que tipo de animais recebem a atenção da enfermeira Marlise?
b. O que ela faz por eles?
c. De que forma a enfermeira auxilia os animais?
d. Quando foi que ela teve a ideia de ajudá-los?
e. A enfermeira afirma que faz uma triagem antes de doar “porque uma
doação malfeita é pior que o abandono”. O que você acha que ela quis
dizer com isso?
f. Você acha que o trabalho de Marlise é importante? Por quê?
g. Retome as anotações que seu professor fez antes de ler a notícia e
responda: Quais antecipações que você fez se confirmaram? Quais não se
confirmaram?

3. Releia o seguinte trecho da notícia:


“– Quando voltei lá, a mãe dos cachorros estava morta; tive que trazer todos
para casa. Mexendo um pouco mais no local em que eles estavam, vi que havia
mais, ao todo eram 20 cachorros abandonados – conta ela, que carrega
ração no seu carro.”

a. Analise: de quem é essa declaração?


b. Por que você acha que uma notícia contém declarações dos envolvidos no
fato?
c. Você acha que para o leitor faz diferença se a notícia utiliza ou não
declara- ções? Explique.
4. Agora leia mais uma notícia. Trata-se de informações sobre o acidente
Atividade do aluno

que aconteceu na estação Pinheiros do metrô de São Paulo, que se


encontrava em construção na época. Ocorreu um desabamento nas
escavações realizadas e muitas pessoas foram vítimas.

BOMBEIROS RETIRAM MAIS DOIS CORPOS


EM CANTEIRO DO METRÔ

APU GOMES/FOLHA IMAGEM


Os bombeiros retiraram
nesta quinta-feira mais dois
corpos da cratera deixa-
da pelo desabamento nas
obras da estação Pinheiros
do metrô, zona oeste de
São Paulo. No total, desde
a última sexta (12), dia do
acidente, cinco corpos fo-
ram localizados.
Segundo o governador José Serra (PSDB), um dos corpos encontrados hoje é
do motorista do micro-ônibus soterrado, Reinaldo Aparecido Leite, 40. O outro
cor- po – de um homem – ainda não foi identificado. Serra entrou na cratera
vestindo uma máscara equipada com um equipamento que anula o odor
gerado pela de- composição dos cadáveres. Serra ficou poucos minutos no
local e classificou o trabalho dos bombeiros como “incrível”.
Para o Corpo de Bombeiros, uma vítima do acidente permanece
desapare- cida, mas a hipótese de o office boy Cícero Augustino da Silva, 58,
estar na cratera não é descartada. “Enquanto houver essa expectativa,
vamos procu- rá-lo”, disse o capitão Mauro Lopes, dos bombeiros. A Polícia
Civil investiga o paradeiro do office boy.
A chuva que atingiu a cidade durante a madrugada atrasou as buscas, pois
os trabalhos foram temporariamente suspensos. Pela manhã, o capitão Lo-
pes disse que, devido à lama, as máquinas não conseguiam tração para pu-
xar o micro-ônibus – ligado a um cabo de aço. Mais tarde, informou que os
trabalhos haviam avançado, que o poste que prendia o micro-ônibus havia
sido retirado e que o veículo seria serrado para a retirada das vítimas. [...]
(Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u130672.shtml>.
Acesso em: 10 nov. 2007.)

Converse com seus colegas e professora a respeito das seguintes questões:


a. No terceiro parágrafo do texto da notícia você encontra uma declaração
do capitão dos bombeiros Mauro Lopes. Leia-a e diga: do que se trata?
b. Leia o quarto parágrafo e responda: que diferença você nota na forma de
apresentar as declarações do capitão? Explique.
c. Que efeito provoca no leitor cada uma das formas de apresentar as
declara- ções do capitão? Explique.
5. Considerando o que você analisou e discutiu, elabore, com o professor e de-
mais colegas, um registro a respeito do papel das declarações nas notícias.
Explique, também, de que forma elas podem ser apresentadas no texto.

ATIVIDADE 2D: O OLHO DA NOTÍCIA


ENFERMEIRA AJUDA ANIMAIS A GANHAREM
NOVOS LARES EM SANTA MARIA –
(TÍTULO)
Mulher recolheu em dois meses cerca de 60 cães e
gatos abandonados nas ruas da cidade – (olho)
O olho tem a mesma função do subtítulo, mas se distribui entre três a cinco
linhas. Ele apresenta mais detalhes em relação ao título e introduz informa-
ções novas, que serão aprofundadas no corpo da notícia.
Objetivos
Identificar o olho na composição de uma notícia.
Compreender que a notícia pode recorrer ao olho na sua organização, mas que
este não é elemento indispensável a toda notícia.
Reconhecer que o olho de uma notícia também tem a finalidade de chamar a
atenção do leitor, destacando mais algumas informações que, na leitura, são
acrescentadas ao título.

Planejamento
Como organizar os alunos? A princípio em duplas para discutir a questão; a
seguir, coletivamente, para socializarem a discussão realizada com o restante
da classe.
Quais os materiais necessários? Folha da Atividade 2D, notícias das atividades
anteriores e – eventualmente – as demais analisadas em aula.
Qual é a duração? Cerca de 40 minutos.

Encaminhamento
Informe os alunos a respeito do propósito da atividade que será realizada.
Oriente-os para que se organizem em duplas e explique a maneira pela qual a
atividade será desenvolvida.
Oriente-os para que retomem a notícia indicada logo no início da atividade e
analisem o olho. A intenção é que percebam o tipo de informação que o olho
apresenta e a sua finalidade nas notícias. Para tanto, é importante
apresentar questões como: As informações do olho são as mesmas que
aparecem no títu- lo? Espera-se que os alunos consigam chegar à conclusão
de que o olho tem a
finalidade de chamar a atenção do leitor, assim como o título, oferecendo um
pouquinho mais de detalhes sobre o noticiado:
J No item 2, espera-se que os alunos comparem a nova notícia (sobre ladrões
no Masp) com a anteriormente lida (sobre a enfermeira que ajuda animais),
identi- ficando o olho e analisando o tipo de informações que ele contém. É
importan- te salientar que o olho da segunda notícia é mais extenso que o
da primeira, e que isso se deve à importância da notícia e, ainda, a sua
extensão (salientar, nesse momento, que o texto do material é apenas um
trecho da notícia).
J No item 3, é preciso retomar com os alunos outras notícias lidas anterior-
mente para que eles possam observar se elas possuem olho. É importante
recorrer às notícias já lidas para que não se perca tempo com novas leitu-
ras. Mas sempre se pode recorrer, ainda, ao jornal do dia, o que é bastante
interessante.
J No item 4, o que se espera é que os alunos registrem o que puderam obser-
var a respeito do olho. A saber:
a. que nem todas as notícias têm olho. Desta forma, quando se vai produzir
uma notícia é preciso saber que se pode recorrer a esse procedimento,
mas que ele não é obrigatório;
b. que o olho tem a finalidade de chamar a atenção do leitor, assim como o
título, a manchete;
c. que as informações do olho apresentam mais detalhes em relação ao título e
introduzem informações novas, que serão aprofundadas no corpo da notícia.

ATIVIDADE 2D: O OLHO DA NOTÍCIA


Atividade do aluno

1. Retome a notícia intitulada “Enfermeira ajuda animais a ganharem novos


lares em Santa Maria”. Logo abaixo do título é apresentado um texto,
destacado do corpo da notícia por estar escrito em negrito e com um
tamanho de letra dife- rente. Esse pequeno texto chama-se “olho”:

Mulher recolheu em dois meses cerca de 60 cães e gatos


abandonados nas ruas da cidade

a. Que tipo de informação esse olho apresenta?


b. Que relação essas informações estabelecem com o título e com o corpo da
notícia?
2. Agora, leia a próxima notícia e analise: ela também possui olho? Caso
possua, o tipo de informação que esse olho contém é do mesmo tipo que na
notícia anterior? Explique.
Atividade do aluno
LADRÕES INVADEM O MASP E LEVAM
OBRAS DE PICASSO E DE PORTINARI
Crime demorou três minutos; bando usou pé de cabra e macaco
hidráulico para invadir o museu mais importante da América Latina
É a primeira vez em seus 60 anos que o Masp tem alguma
obra furtada; não há previsão de quando o museu será reaberto
AFRA BALAZINA
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
REPRODUÇÃO

Com a ajuda de um macaco


hidráuli- co e de um pé de cabra,
ladrões leva- ram dois quadros, dos
pintores Pablo Picasso e Candido
Portinari, do Masp (Museu de Arte
de São Paulo), o mu- seu mais
importante da América La- tina. O
crime demorou cerca de três
minutos – os seguranças do museu
nada perceberam.
Foram furtadas as telas Retrato de Suzanne Bloch (1904, óleo sobre tela,
65 x 54 cm), do artista espanhol Picasso (1881-1973) e O lavrador de café
(da década de 30, óleo sobre tela, 100 x 81 cm), do pintor brasileiro
Portinari (1903-1962).
O museu, cujo acervo é avaliado em mais de US$ 1 bilhão e inclui obras de
Claude Monet e Vincent Van Gogh, não possui alarme nem sensores em suas
obras. A segurança era feita por quatro vigias desarmados. Esse foi o maior
roubo de arte na história do país em razão da importância das obras e de
seu valor de mercado. [...]
A direção do Masp não quis dar entrevistas. Por meio de nota, afirma que
“ao longo dos seus 60 anos de atividades ininterruptas [...] nunca sofreu
uma ocorrência desta natureza, razão pela qual foi instaurada uma sindicân-
cia interna”.
O texto diz ainda que, como as obras estavam “em salas separadas e distan-
tes”, eram alvos específicos da ação. “Ações semelhantes, infelizmente,
têm ocorrido não só em grandes museus do mundo como também nos
brasileiros, razão pela qual o Masp está acionando, além de nossa polícia
local, a Inter- pol, a Polícia Federal e o Itamaraty para as providências
devidas”, diz a nota.
(Fonte: Folha de S.Paulo, Caderno Cotidiano, 21 dez. 2007.)

3. Retome, agora, todas as notícias que você leu até o momento nesse estudo e
analise:

199
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
a. Todas as notícias possuem olho?
b. Por que é importante termos essa informação?

200 Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I


4. Converse com seu professor e colega sobre as suas observações e anote-as
no caderno, de forma que possam orientá-lo quando for produzir uma notícia.

ATIVIDADE 2E: O LEAD E A SUA FUNÇÃO


NA ORGANIZAÇÃO DA NOTÍCIA
Lead – Abertura de um texto jornalístico. Pode apresentar sucintamente o
as- sunto, destacar o fato principal ou criar um clima para atrair o leitor
para o texto. O tradicional responde a seis questões básicas: o quê, quem,
quando, onde, como e por quê.

Objetivos
Identificar as informações que costumam compor o primeiro parágrafo de uma
notícia.
Reconhecer a finalidade do primeiro parágrafo de uma notícia, que é chamar
a atenção do leitor para a notícia, apresentando, de maneira destacada, mais
algumas informações sobre o que será noticiado.
Identificar o nome que se costuma dar a esse primeiro parágrafo.

Planejamento
Como organizar os alunos? Estarão, inicialmente, discutindo em duplas para,
depois, socializarem a discussão realizada com o restante da classe.
Quais os materiais necessários? Folha da Atividade 2E, notícias das atividades
anteriores, indicadas na atividade e – eventualmente – as demais analisadas
em aula.
Qual é a duração? Cerca de 30 minutos.

Encaminhamento
Informe os alunos a respeito do propósito da atividade que será realizada.
Oriente-os para que se organizem em duplas e explique-lhes a maneira pela
qual a atividade será desenvolvida.
Solicite que os alunos retomem as notícias indicadas, relendo os primeiros pa-
rágrafos de cada uma delas. Após a leitura, solicite que identifiquem os aspec-
tos indicados. A intenção é orientar a observação dos alunos a respeito do
tipo de informações que o primeiro parágrafo das notícias costuma conter:
Para saber mais
O lead (ou, na forma aportuguesada, lide) é, em jornalismo, a primeira parte
de uma notícia, geralmente posta em destaque relativo, que fornece ao leitor
a informação básica sobre o tema e pretende prender-lhe o interesse. É uma
expressão inglesa que significa “guia” ou “o que vem à frente”.
Na teoria do jornalismo, as seis perguntas básicas do lead devem ser
respon- didas na elaboração de uma matéria; são elas: “O quê?”, “Quem?”,
“Quando?”, “Onde?”, “Como?”, e “Por quê?”. O lead, portanto, deve informar
qual é o fato jornalístico noticiado e as principais circunstâncias em que ele
ocorre.
Já o lead do texto de reportagem, ou de revista, não tem a necessidade de
responder imediatamente às seis perguntas. Sua principal função é oferecer
uma prévia, como a descrição de uma imagem, do assunto a ser abordado.
O lead deve ser mais objetivo, evitando a subjetividade e pautar mais para
exatidão, linguagem clara e simples. Isso não significa, porém, que o lead deva
ser burocrático. O leitor ganha interesse pela notícia quando o lead é bem
elaborado e coerente.

J Pretende-se, nos itens 2 e 3, que os alunos compreendam os aspectos rela-


tivos ao tipo de informação que o parágrafo contém, assim como sua finali-
dade – aspectos focalizados no excerto do último item. Nesse, são sistemati-
zadas as observações que os alunos devem ter feito e, além disso, apresen-
tadas informações novas a respeito do assunto. É necessário focalizá-las e
orientar os alunos para a revisão de suas anotações anteriores, caso consi-
derem necessário.

ATIVIDADE 2E: O LEAD E A SUA FUNÇÃO

Atividade do aluno
NA ORGANIZAÇÃO DA NOTÍCIA
Continuando nosso estudo sobre o jornal, vamos analisar mais uma parte mui-
to interessante dele: o primeiro parágrafo, que vem depois do título ou do olho,
se houver.
1. Retome as seguintes notícias:
a. “Ladrões invadem o Masp e levam obras de Picasso e de Portinari”;
b. “Bombeiros retiram mais dois corpos em canteiro do metrô”;
c. ”Enfermeira ajuda animais a ganharem novos lares em Santa Maria”.
Releia os primeiros parágrafos de todas essas notícias e identifique em cada
Atividade do aluno
um deles:
a. Quem fez?
b. O que fez?
c. Quando fez?
d. Onde fez?
Foi possível identificar essas informações em todos os primeiros parágrafos?
2. Considerando essa análise, o que se pode dizer que todos os primeiros pará-
grafos das notícias têm em comum? Anote suas reflexões no caderno.
3. Leia o trecho seguinte e, depois, retome as suas reflexões registradas, com-
plementado-as, caso considere necessário.

“O primeiro parágrafo de uma notícia recebe o nome de lead. Em inglês,


lead significa ‘conduzir’. Como o próprio nome já diz, esse primeiro
parágrafo tem a intenção de atrair os leitores, destacando os fatos mais
importantes ou algo que cause certa sensação no leitor, com o objetivo de
levá-lo (conduzi-lo) à leitura do restante da notícia.
O tipo de lead mais usado nas notícias que circulam nos jornais brasileiros,
chamado de noticioso, apresenta um resumo dos fatos contados. Esse tipo
de lead objetiva informar sobre o assunto, respondendo a questões do tipo
‘Quem?’, ‘Fez o quê?’, ‘A quem?’ (ou ‘O que aconteceu a quem?’), ‘Onde?’,
‘Quando?’, ‘Como?’, ‘Por quê?’ e ‘Para quê?’.”
(Fonte: Barbosa, J.; Grupo Graphe. Notícia. São Paulo: FTD, 2001. p. 72-73.
(Coleção Trabalhando com os Gêneros do Discurso. Relatar)

ATIVIDADE 2F: A ORDEM DOS FATOS


EM UMA NOTÍCIA

Objetivo
Reconhecer o critério de organização das informações em uma notícia – o de
relevância –, e não o de sequência temporal dos acontecimentos.

Planejamento
Como organizar os alunos? Estarão, inicialmente, discutindo em duplas para,
depois, socializarem a discussão realizada com o restante dos colegas.
Quais os materiais necessários? Atividade apresentada a seguir, notícias
das atividades anteriores indicadas na atividade e – eventualmente – as
demais analisadas em aula.
Qual é a duração? Cerca de 30 minutos.
Encaminhamento
Informe os alunos a respeito do propósito da atividade que será realizada.
Oriente-os para se organizarem em duplas e explique-lhes a maneira pela
qual a atividade será desenvolvida.
Distribua as folhas de atividade e, antes que iniciem, leia com eles e explique
qual é a proposta, orientando quanto ao preenchimento do quadro. Caso seja ne-
cessário, faça o desenho na lousa e preencha, coletivamente, o primeiro quadro.
Deixe que as duplas realizem a análise, fazendo intervenções junto àquelas
que precisarem mais de sua ajuda. É importante orientar a reflexão para que
ela possibilite aos alunos compreenderem que na notícia as informações vão
sen- do apresentadas aos poucos, aprofundando, cada vez mais, o relato com
maior detalhamento. Isso possibilita ao leitor acompanhar a notícia até onde
estiver satisfeito com o nível de informações, dispensando-o da leitura integral
do texto.

ATIVIDADE 2F: A ORDEM DOS FATOS

Atividade do aluno
EM UMA NOTÍCIA
1. Leia a notícia apresentada a seguir.

TERREMOTO EM MINAS É O 1o A REGISTRAR MORTE


NO PAÍS, AFIRMA ESPECIALISTA
O terremoto de 4,9 graus na escala Richter no norte de Minas Gerais é o pri-
meiro a registrar uma morte, segundo o Obsis (Observatório Sismológico de
Brasília), da UnB (Universidade de Brasília). O tremor foi sentido na comunida-
de rural de Caraíbas, distante 35 quilômetros de Itacarambi (MG), segundo o
governo de Minas. Uma criança de cinco anos morreu esmagada pela parede
de sua casa, que não resistiu ao abalo e caiu. Outras duas pessoas tiveram
traumatismo craniano e quatro foram internadas com ferimentos leves.
Se- gundo o governo de Minas, o tremor ocorreu na madrugada deste
domingo e atingiu também, de forma mais leve, a cidade de Itacarambi e
alguns pontos de Manga e Januária. Informações preliminares do Cedec
(Coordenadoria Es- tadual de Defesa Civil) mostram que no total sessenta
casas foram atingidas. A Cedec informou que as famílias que tiveram suas
casas destruídas serão removidas. Elas receberão cestas básicas, colchões e
cobertores. A coorde- nadoria estuda ainda se outras remoções serão
necessárias.
(Fonte: adaptado de: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/

203
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
2. Junto com seus colegas de classe e professor, converse sobre a notícia, pro-
Atividade do aluno

curando responder a questões como:


a. Que fato é noticiado?
b. Quando aconteceu?
c. Onde aconteceu?
d. Onde foi publicado?
e. Quem se interessaria por uma notícia como essa? Expliquem.
f. Por que vocês acham que esse fato virou notícia?
3. Vamos, agora, estudar a organização da notícia. Para tanto, reúna-se
com mais um colega e juntos façam uma lista dos fatos relatados na notícia.
De- pois, numere-os, na ordem em que foram acontecendo na realidade.
Regis- trem suas observações no caderno para depois compartilhar com o
professor e demais colegas.
4. Considerando que:
uma notícia é escrita para informar os leitores sobre fatos que tenham impor-
tância para os mesmos;
o jornal deve possibilitar ao leitor uma informação rápida sobre o fato ou mais
detalhes à medida que se lê o texto,
respondam:
a. Por que a notícia foi organizada dessa maneira? Registrem suas reflexões
no caderno e depois socializem com o restante da turma.

ATIVIDADE 2G: REESCREVENDO UMA NOTÍCIA


Objetivos
Reescrever uma notícia fazendo uso das questões linguísticas estudadas.
Revisar a produção escrita, observando aspectos discursivos e normativos.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade ocorrerá a princípio coletivamente e
de- pois em duplas, sendo que cada dupla receberá apenas um papel.
Quais os materiais necessários? Notícias trabalhadas no livro do aluno.
Qual é a duração? Duas aulas de 40 minutos.

Encaminhamento
Reúna os alunos e proponha a reescrita de uma notícia, como se eles fossem
os jornalistas.
Retome, oralmente, as notícias lidas no livro, listando-as na lousa. Divida os
alunos em duplas heterogêneas e peça que cada uma escolha qual das notí-
cias da lista deseja reescrever.
Feito isso, encaminhe-os para o trabalho, mas antes lembre-os de que:
J A primeira versão será um rascunho, que será revisado e corrigido posterior-
mente.
J Antes de se lançarem a escrever a notícia propriamente, deverão reler a
que foi escolhida e planejar o que e como vão reescrever, considerando:
a. Quais são os aspectos fundamentais do acontecido que devem aparecer
e em que ordem?
b. Haverá ou não depoimentos de entrevistados?
c. Se houver, como serão os turnos de fala entrevistador/entrevistado?
d. Haverá imagens?
e. Como organizarão o título?
f. Haverá ou não olho da notícia?
g. Como será o lead?
Tendo essas respostas em mente, oriente-os para reescrever a notícia.
Na aula seguinte, peça que as duplas troquem as notícias entre si, para que
corrijam uns aos outros. Oriente-os a observarem com atenção aspectos de
discurso (coerência e clareza do texto, omissão de informações que compro-
metam a compreensão do leitor, adequação da escrita ao texto jornalístico) e
também de ortografia, gramática e pontuação.
Quando os textos tiverem sido revisados pelos alunos, você deverá corrigi-los e
devolvê-los às respectivas duplas para que façam as adequações necessárias.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA “ESTUDO


DE PONTUAÇÃO”
DISCURSO DIRETO E DISCURSO INDIRETO EM GÊNEROS DA ESFERA
LITERÁRIA: CONTOS, CRÔNICAS, LENDAS, FÁBULAS
A pontuação que marca a fala do personagem, quando introduzida no discurso
do narrador, comumente tratada como “pontuação de diálogo”, costuma ser
trabalhada em classe de maneira linear e com a utilização de apenas um tipo de
recurso gráfico: o travessão.
Essa sequência didática busca retomar o assunto, mostrando a diversidade de
possibilidades de utilização de recursos, assim como a diferença de emprego de um
mesmo recurso por diferentes autores, revelando de que maneira as questões
relacio- nadas a estilo pessoal também interferem nesse processo.
Nos textos desta sequência de atividades são apresentadas três possibilidades
de utilização de sinais gráficos para marcar a pontuação de diálogo, combinando al-
guns recursos: dois-pontos, parágrafo e travessão inicial; dois-pontos e aspas; dois-
-pontos, parágrafo e aspas. Essas possibilidades referem-se aos usos
empregados por dois autores de crônicas: Luis Fernando Verissimo e Carlos Eduardo
Novaes.
Na sequência há também atividades que buscam apresentar maneiras
fundamen- tais de introdução dos turnos de narração, em que se foca o discurso do
personagem
e do narrador: o discurso direto e o indireto, orientando a reflexão do aluno para a
per- cepção das diferenças de efeitos de sentido que os usos de um ou outro
implicam: o direto possibilita maior aproximação do leitor das reações efetivas do
personagem; o indireto provoca maior distanciamento entre ambos, pelo fato de o
narrador interpretar as intenções, reações e emoções do personagem.
Discutidas essas maneiras de introdução dos discursos direto e indireto, passa-
-se para a reflexão sobre as marcas linguísticas dos dois turnos de narração e, só de-
pois, para a pontuação do discurso direto.
Além disso, a reflexão sobre as atividades também focaliza as diferentes manei-
ras de se indicar, textualmente, de quem é a fala no discurso direto: as fórmulas de
se anunciar quem vai falar, as de se comentar quem está falando e as de se indicar
quem acabou de falar, com as devidas marcas gráficas sinalizando-as.
Foram utilizadas duas crônicas como referência para esse trabalho: uma de Novaes
e outra de Verissimo. Nessa perspectiva, considerando que os textos de referência
precisam ser interpretados e compreendidos, é fundamental que os contextos de
pro- dução dos textos sejam recuperados junto aos alunos e, para tanto, o professor
pre- cisa estar informado a respeito dos autores, seus estilos e a temática de suas
obras, assim como das características do gênero, pois a escolha da pontuação
também é decorrente da intenção de significação que se tem, o que também se
relaciona com os conteúdos dizíveis pelo gênero, de modo geral.

ORGANIZAÇÃO GERAL DA SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES

ATIVIDADE TAREFA
1 Lendo uma crônica para Ler o texto apresentado, ativando o
contextualizar o estudo. conhecimento prévio sobre autor e
gênero, para poder realizar
antecipações a respeito do conteúdo.
Discutir o conteúdo do texto,
buscando a compreensão mais
aprofundada do mesmo.
2 Estudando maneiras de introduzir Analisar duas maneiras de se
as falas dos personagens. introduzir a fala de personagem no
discurso
do narrador – o discurso direto e
indireto –, reconhecendo os efeitos
de sentido que produzem e
nomeando-os adequadamente.
3 As marcas linguísticas do discurso Identificar a marca de primeira pessoa
direto e indireto. no discurso direto e de terceira pessoa
no discurso indireto, relacionando-a
com os efeitos de sentido decorrentes,
discutidos na atividade anterior.
4 Ampliando a reflexão sobre as Identificar duas possibilidades de
marcas do discurso direto. marcar no texto quem está falando:
utilizando dois-pontos e aspas; ou
dois-pontos, parágrafo e travessão.
Reconhecer que há três
possibilidades de explicar, no texto,
quem está falando, identificando as
marcas gráficas que são utilizadas
em cada uma dessas possibilidades.
Compreender que, em um diálogo, se
não forem apresentadas as
explicações textuais sobre quem fala,
só é possível identificar o autor se
forem duas as pessoas a falar e se
souber a quem pertence pelo menos
uma das falas do diálogo.
Reconhecer que indicar textualmente
as falas facilita a leitura.
5 As aspas e mais uma possibilidade Identificar a maneira que o autor
de uso. utiliza as aspas para marcar discurso
direto no texto lido, comparando-a
com a maneira encontrada no texto
lido na atividade anterior, pontuando
as diferenças.
Constituir um repertório de
marcas gráficas possíveis de serem
utilizadas para marcar o discurso
direto.
6 Reinvestindo o conhecimento Reinvestir o conhecimento aprendido,
aprendido – pontuando diálogos. pontuando diálogos em um trecho de
crônica, identificando, entre as
diferentes possibilidades estudadas, a
que julgar mais adequada para criar os
efeitos de sentido que pretender,
considerando
o tema e as finalidades do texto
e mantendo a coerência de
emprego.
7 Alterando o discurso em um conto. Aplicar o que foi aprendido com
uma crônica em um conto
conhecido.

ATIVIDADE 1: LENDO UMA CRÔNICA PARA


CONTEXTUALIZAR O ESTUDO

Objetivo
Contextualizar os enunciados que serão tomados como referência para o estu-
do da introdução da fala do personagem no discurso do narrador.
Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade é coletiva e os alunos podem permane-
cer em suas carteiras (a leitura da crônica será individual).
Quais os materiais necessários? Texto que será lido – cópia para todos os alu-
nos da folha de Atividade 1.
Qual é a duração? Cerca de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos sobre o propósito da atividade e sobre como estarão
organizados para desenvolvê-la. Apresente para a classe as primeiras
ques- tões, relativas à recuperação do contexto de produção do texto. Essas
ques- tões tematizam aspectos referentes a:
J conhecimentos que os alunos possam ter (ou não) sobre o autor;
J conhecimentos que os alunos possam ter (ou não) sobre o gênero crônicas:
que costumam tratar de aspectos do cotidiano; que tomam os aspectos
do cotidiano para elaborar uma crítica a eles; que podem utilizar o humor
para isso.
Peça que leiam o texto que se encontra na Atividade 1, e, depois, discuta seu
conteúdo, verificando se as antecipações realizadas se confirmaram e, ainda,
aprofundando o tema a partir das questões apresentadas na atividade.

ATIVIDADE 1: LENDO UMA CRÔNICA PARA


Atividade do aluno

CONTEXTUALIZAR O ESTUDO
1. A crônica apresentada a seguir foi escrita por Carlos Eduardo Novaes. Você
conhece esse autor? E uma crônica, você já leu?
2. O livro de onde foi retirada a crônica que você lerá intitula-se A cadeira
do dentista e outras crônicas. Em sua opinião, esse título combina com
crônicas? Por quê?
3. Agora, imagine: do que tratará uma crônica chamada “O marreco que pagou
o pato”?
4. Converse com seu professor e seus colegas sobre cada uma das questões
apresentadas.
5. Agora, leia a crônica apresentada a seguir.
Atividade do aluno
O MARRECO QUE PAGOU O PATO
Carlos Eduardo Novaes

Semana passada, São Paulo, apesar de toda fama de que não pode parar,
parou. E não foi num congestionamento. Parou para discutir o caso do
marre- co Quércia e sua marreca Amélia, presos e engaiolados durante 24
horas sob a acusação de poluírem o meio ambiente. Diante do fato eu fico
aqui pensan- do que os paulistas já devem ter resolvido todos os seus
grandes problemas urbanos. Sim, claro: quando um povo começa a prender
marrecos é porque não tem mais nada para fazer.
O marreco Quércia – deixa-me explicar – ganha a vida honestamente como
relações-públicas da casa Agro Dora, na Rua da Consolação, 208. Em seu
trabalho passa os dias inteiros circulando pela calçada e atraindo fregueses
para a loja. Na segunda-feira o gerente da loja foi surpreendido com a pre-
sença de um fiscal, que muito compenetrado perguntou se o marreco era de
sua propriedade. Diante da resposta positiva, virou-se para o gerente e pediu:
“Seus documentos?”. Leu atentamente um por um, devolveu-os e disse: “Ago-
ra deixe-me ver os documentos do marreco”.
– O marreco não tem documentos – respondeu o gerente.
– Nenhum? Nem título de eleitor? Certificado de reservista? Nada? Então eu
acho que vou ter que prender o seu marreco.
– O senhor não pode fazer uma coisa dessas – ponderou o gerente. – Não há
nenhuma lei que obrigue marrecos a ter documento.
– Não há? – desconfiou o fiscal. – Então espere um momentinho.
Foi ao telefone e ligou para o chefe da repartição: “Alô, chefe? Encontrei
um marreco passeando pela rua sem documento”.
– Que está esperando? – vociferou o chefe. – Prenda-o por vadiagem.
– Mas, chefe, é um marreco. Precisamos de uma lei para enquadrá-lo. O se-
nhor sabe qual é o número dessa lei?
– Não tenho a menor ideia.
– Então pergunta se alguém aí sabe.
– Alguém aí sabe – perguntou o chefe, voltando-se para os funcionários da re-
partição – quais são os documentos que um marreco necessita para transitar
livremente pelas ruas?
Não. Ninguém sabia. O chefe então sugeriu que o fiscal procurasse outro
mo- tivo para prender o marreco. “Mas que motivo?”, perguntou o fiscal,
que era meio duro de imaginação.
– O marreco está nu? – indagou o chefe. – Então prenda-o por atentado ao
pudor.
Atividade do aluno
O fiscal parou um pouco, pensou e não se lembrou de ter visto jamais um
marreco vestido. Não, essa era demais. O chefe, já pensando no almoço de
domingo, insistiu: “O marreco está parado em cima da calçada?”.
– Está.
– Então prenda-o por estacionar em local proibido.
“Boa ideia”, pensou o fiscal. Voltou ao gerente, que estava parado na
calçada ao lado do marreco, disfarçou, disse que iria perdoar a falta de
documentos, “mas infelizmente tenho que levar o seu marreco por estar
parado em local não permitido”.
– Está certo – concordou, irritado, o gerente –, mas então chama o guincho.
– Pra que guincho?
– Meu marreco só sai daqui rebocado.
Formou-se a maior confusão em torno do marreco. O fiscal querendo levá-lo
de qualquer maneira, e o gerente, apoiado por dezenas de populares,
defen- dendo a inocência do marreco. Nisso, chegou um segundo fiscal
pouquinha coisa mais inteligente que o primeiro e decretou: “O marreco não
pode ficar solto, é um agente da poluição”.
– Agente de quem? – espantou-se um balconista da loja. – Garanto que não.
O Quércia trabalha aqui há mais de dois anos.
– E daí? – interveio um popular que estava do lado do fiscal. – Ele pode
ter dois empregos. Vai ver que quando sai daqui faz um bico em alguma
agência.
– E você acha que o marreco, com esse bico, ainda precisa fazer outro?
– A acusação é injusta – interrompeu o gerente –, o marreco não pode ser
acusado de poluir. Se eu tivesse aqui um elefante soltando fumaça pela
trom- ba está certo, mas o Quércia nem fuma.
– Não interessa – afirmou o segundo fiscal, meio agressivo –, isso o
senhor explica lá para o chefe.
O marreco entrou na sede da Administração Regional da Sé cheio de ginga.
Imediatamente o chefe destacou um funcionário para qualificá-lo: nome,
en- dereço, estado civil, essas coisas.
De gravata e camisa de manga curta, o burocrata sentou-se à máquina e co-
meçou: “Nome?”. O gerente com o marreco no colo respondeu: “Quércia”.
– Quércia de quê?
– De nada.
– Como de nada? Ele não tem família?
– Tem. É da família dos anatídeos.
– Então – prosseguiu o funcionário batendo na máquina –, Quércia Anatídeo.
Terminada a ficha o burocrata abriu uma gaveta e, enquanto procurava o ma-
terial para tirar as impressões digitais, disse ao gerente:
– Me dá aí o polegar do marreco.
Atividade do aluno
– O marreco não tem polegar – desculpou-se o gerente.
– Não? – disse o funcionário já contrariado porque não encontrava as almofa-
das para carimbos. – Então me dá o indicador.
– O marreco também não tem indicador.
– E o anular, tem?
– Também não, senhor.
– Poxa – chateou-se o burocrata –, então me dá aí qualquer dedo que estiver
sobrando.
O gerente precisou explicar que marreco não tinha dedo. Tinha pata. Ainda
assim o funcionário já meio perturbado entendeu que o gerente se referia à
companheira do marreco e perguntou: “Uma pata?”.
– Não. Duas.
– E ele vive bem com as duas?
Custou pouco para desfazer a confusão. Encerrada essa fase, o funcionário
encaminhou-se para outra sala, onde o marreco teria que tirar umas
fotos três por quatro de identificação.
O fotógrafo, repetindo gestos tão automáticos quanto a máquina, mandou o
marreco subir na cadeira, esticar bem o pescoço, olhar para a frente e não
se mexer. O marreco, mesmo sem entender nada, seguiu as instruções do
fotógrafo. Quando o fotógrafo enfiou a cabeça por debaixo do pano preto –
a máquina era daquelas antigas –, observou pelo visor que alguma coisa
esta- va errada. Tornou a levantar a cabeça e indagou do funcionário: “Nós
vamos fotografá-lo assim?”.
– Assim como? – indagou o funcionário sem entender.
– Sem gravata?
– Não sei – disse o funcionário meio reticente –, mas eu acho que
marreco não precisa botar gravata.
– Acho melhor botar uma gravata nele – retrucou o fotógrafo –, você sabe
como é o chefe: já disse que foto só de gravata.
O funcionário tirou sua gravata, pediu um paletó emprestado a um datilógrafo,
tiraram as fotos necessárias e depois engaiolaram o marreco. E não é que no
dia seguinte a poluição em São Paulo diminuiu sensivelmente...
(Fonte: Novaes, C. E. A cadeira do dentista e outras crônicas.
São Paulo: Ática, 1996. p. 77-81.)

6. Você deve ter conversado com seu professor e colegas que a crônica sempre
toma um fato do cotidiano para poder fazer uma crítica – ainda que com
muito humor – de algo que atinge todas as pessoas. Pensando nisso,
responda:
a. Que aspectos dessa crônica a tornaram engraçada?
b. Você acha que a última afirmação do autor do texto é verdadeira?
c. Que aspecto da vida das pessoas o autor critica com essa crônica?

211
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
ATIVIDADE 2: ESTUDANDO MANEIRAS DE
INTRODUZIR AS FALAS DOS PERSONAGENS

Objetivos
Analisar duas maneiras de se introduzir o discurso do personagem na fala do
narrador: o discurso direto e o indireto.
Reconhecer os efeitos de sentido que cada uma dessas maneiras produz no
leitor.
Nomear cada uma das maneiras, com os termos linguísticos adequados (dis-
curso direto/indireto).

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada em duplas, com sociali-
zação de discussões ao final, para sistematização de conhecimentos.
Quais os materiais necessários? Texto que será lido – cópia para todos os alu-
nos da folha de Atividade 2.
Qual é a duração? Cerca de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos para apresentação dos propósitos da atividade. Orien-
te-os a se organizarem em duplas para realizar as atividades.
Antes de encaminhar os alunos para o trabalho em duplas, peça que leiam os
enunciados e verifiquem se têm alguma dúvida. Quando estiverem prontos,
dê início aos trabalhos, mas acompanhe a reflexão de cada dupla,
problematizan- do-a sempre que necessário.
As intenções da atividade são que o aluno perceba que o discurso direto apa-
renta retratar com mais fidelidade as reações e emoções de quem fala, do
personagem. Já no discurso indireto temos essas emoções e reações inter-
pretadas pelo narrador. Dessa forma, as reações do personagem são “limpas”
pela fala do narrador, provocando um efeito de distanciamento entre o leitor
e o personagem.
No último momento da atividade, acolha todas as reflexões das diferentes du-
plas, orientando-as para as conclusões acima expostas.
ATIVIDADE 2: ESTUDANDO MANEIRAS DE

Atividade do aluno
INTRODUZIR AS FALAS DOS PERSONAGENS
1. Releia o trecho apresentado a seguir.

Leu atentamente um por um, devolveu-os e disse: “Agora deixe-me ver os do-
cumentos do marreco”.
– O marreco não tem documentos – respondeu o gerente.
– Nenhum? Nem título de eleitor? Certificado de reservista? Nada? Então eu
acho que vou ter que prender o seu marreco.
– O senhor não pode fazer uma coisa dessas – ponderou o gerente. – Não há
nenhuma lei que obrigue marrecos a ter documento.
– Não há? – desconfiou o fiscal. – Então espere um momentinho.
Foi ao telefone e ligou para o chefe da repartição: “Alô, chefe? Encontrei um
marreco passeando pela rua sem documento”.

2. Compare com o trecho abaixo e responda: o que há de diferente nesse segun-


do trecho?

Leu atentamente um por um, devolveu-os e pediu ao gerente para ver os do-
cumentos do marreco.
O gerente avisou que o marreco não tinha documentos. O fiscal ficou
surpreso e disse que, então, teria de prender o marreco.
O dono do marreco ponderou que o animal não poderia ser preso, pois não
havia nenhuma lei que o obrigasse a ter documentos.
Diante disso, o fiscal ligou para a repartição e explicou o caso ao seu chefe.

3. Qual das maneiras de escrever você acha que dá a impressão de retratar


com mais fidelidade as reações do falante diante da situação? Qual maneira
de contar a história deixa o leitor mais distante das reações da
persona- gem? Explique.
4. Se você tivesse que relacionar cada um dos trechos a uma das denominações
apresentadas a seguir, que ligações estabeleceria? Explique.

( 1 ) Trecho 1 ( ) Discurso Indireto


( 2 ) Trecho 2 ( ) Discurso Direto
Registre a sua explicação, conforme modelo a seguir:
Atividade do aluno

O primeiro trecho seria denominado de discurso porque

O segundo trecho seria denominado de discurso porque

5. Apresente a reflexão da dupla aos demais colegas e professores, discutindo-


-a e revendo suas anotações, se for necessário.

ATIVIDADE 3: AS MARCAS LINGUÍSTICAS


DO DISCURSO DIRETO E INDIRETO

Objetivo
Identificar a marca de primeira pessoa no discurso direto e de terceira pessoa
no discurso indireto, relacionando-as com os efeitos de sentido decorrentes,
discutidos na atividade anterior.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será realizada em duplas, com sociali-
zação de discussões ao final, para sistematização de conhecimentos.
Quais os materiais necessários? Trechos do texto que serão lidos, que cons-
tam da folha da Atividade 3.
Qual é a duração? Cerca de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos para apresentação dos propósitos da atividade. Orien-
te-os a se organizarem em duplas para realizar a tarefa.
Antes do desenvolvimento das atividades, leia-as uma a uma com os alunos,
orientando a sua reflexão. Depois, problematize com as duplas aspectos que
considerar necessários. A intenção é que os alunos percebam que só no dis-
curso direto aparecem verbos em primeira pessoa; o narrador reproduz
literal- mente, no seu texto, a fala do personagem. Entretanto, quando o
narrador con- ta como o personagem falou algo, o verbo sempre vem na
terceira pessoa.
Ao final, depois que os alunos tiverem realizado as tarefas propostas, solicite
que apresentem suas reflexões para todos, discutindo-as e orientando o regis-
tro da descoberta.
Caso você considere que para os seus alunos é melhor realizar toda a ativida-
de coletivamente, altere o modo de organização dos alunos.
ATIVIDADE 3: AS MARCAS LINGUÍSTICAS

Atividade do aluno
DO DISCURSO DIRETO E INDIRETO
1. Retome os dois trechos da crônica apresentados na Atividade 2.

Trecho 1

Leu atentamente um por um, devolveu-os e disse: “Agora deixe-me ver os do- cumentos do
marreco”.
O marreco não tem documentos – respondeu o gerente.
Nenhum? Nem título de eleitor? Certificado de reservista? Nada? Então eu acho que vou ter
que prender o seu marreco.
O senhor não pode fazer uma coisa dessas – ponderou o gerente. – Não há nenhuma lei que
obrigue marrecos a ter documento.
Não há? – desconfiou o fiscal. – Então espere um momentinho.
Foi ao telefone e ligou para o chefe da repartição: “Alô, chefe? Encontrei um marreco
passeando pela rua sem documento”.

Trecho 2
Leu atentamente um por um, devolveu-os e pediu ao gerente para ver os do-
cumentos do marreco.
O gerente avisou que o marreco não tinha documentos. O fiscal ficou
surpreso e disse que, então, teria de prender o marreco.
O dono do marreco ponderou que o animal não poderia ser preso, pois não
havia nenhuma lei que o obrigasse a ter documentos.
Diante disso, o fiscal ligou para a repartição e explicou o caso ao seu chefe.

2. Analise as palavras e expressões grifadas no primeiro trecho: há palavras com


dois traços e outras com um traço só. Todas indicam, por exemplo, coisas
que a gente faz ou sente.
a. Qual a diferença entre as que estão grifadas com um traço e as que estão
grifadas com dois traços?
b. Quando é que aparece no texto cada um dos tipos de
palavra? Para refletir sobre isso, leia a dica apresentada a
seguir:
“Eu faço”: o verbo – faço – está na primeira pessoa do singular – eu.
“Ele faz”: o verbo – faz – está na terceira pessoa do singular – ele.
3. No segundo trecho há alguma palavra com a mesma característica das que
foram grifadas com dois traços? Grife-as. O que você acha que explica isso?
4. Considerando a dica apresentada, reflita e complete:
O discurso indireto é escrito em pessoa.
O discurso direto pode estar escrito em e pessoa.
5. Apresente as conclusões a que você e seu colega chegaram e discuta-as com
a classe e o professor. Reveja-as, caso considerar necessário.

ATIVIDADE 4: AMPLIANDO A REFLEXÃO


SOBRE AS MARCAS DO DISCURSO DIRETO

Objetivos
Identificar duas possibilidades de marcar, no texto, quem está falando: utilizan-
do dois-pontos e aspas; ou dois-pontos, parágrafo e travessão.
Reconhecer que há três possibilidades de explicar, no texto, quem está falan-
do: anunciando quem irá falar antes de apresentar a fala do personagem;
indi- cando quem está falando, no meio da fala do personagem; comentando
quem acabou de falar, ao final da fala do personagem.
Identificar as marcas gráficas que são utilizadas em cada uma dessas possi-
bilidades.
Compreender que, em um diálogo, se não forem apresentadas as explicações tex-
tuais sobre quem fala, só é possível identificar o autor se forem duas as
pessoas a falar, e se souber a quem pertence, pelo menos, uma das falas do
diálogo.
Reconhecer que indicar textualmente as falas facilita a leitura.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade será inicialmente em duplas, em segui-
da, coletivamente.
Quais os materiais necessários? Texto que será lido – cópia para todos os alu-
nos da folha de Atividade 4.
Qual é a duração? Cerca de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos para apresentação do propósito da atividade. Oriente-
-os a se organizarem em duplas para realizar as atividades.
Da mesma forma que na atividade anterior, peça que eles leiam o enunciado
das atividades e solicite que conversem com seus parceiros a respeito das
questões focalizadas. Problematize com as duplas aspectos que considere ne-
cessários, orientando a reflexão dos alunos.
Ao final, solicite que socializem as reflexões, discutindo-as coletivamente.
Procure garantir que os alunos compreendam que, nos trechos analisados:
J há duas possibilidades de marcar quem está falando: utilizando dois-pontos
e aspas; ou dois-pontos, parágrafo e travessão;
J há três possibilidades de explicar, textualmente, quem está falando: anun-
ciando quem irá falar antes de apresentar a fala do personagem; indican-
do quem está falando, no meio da fala do personagem; comentando quem
acabou de falar, ao final da fala do personagem. A cada uma dessas possi-
bilidades correspondem marcas gráficas. As que foram indicadas no texto
correspondem à utilização do travessão medial e inicial, que são utilizados
para separar – ainda que articulando – a fala do personagem do restante do
texto. No entanto, também seria possível marcar com aspas. É interessante
selecionar exemplos, caso queira, e mostrar aos alunos.
Além disso, procure garantir que os alunos:
J compreendam que, em um diálogo, se não forem apresentadas as explica-
ções textuais sobre quem fala, só é possível identificar o autor se forem
duas as pessoas a falar e, além disso, se for possível saber a quem perten-
ce, pelo menos, uma das falas do diálogo;
J reconheçam que indicar textualmente as falas é um recurso interessante
que auxilia a compreensão do leitor.

ATIVIDADE 4: AMPLIANDO A REFLEXÃO

Atividade do aluno
SOBRE AS MARCAS DO DISCURSO DIRETO
1. Releia o trecho apresentado a seguir.

O marreco entrou na sede da Administração Regional da Sé cheio de ginga.


Imediatamente o chefe destacou um funcionário para qualificá-lo: nome,
en- dereço, estado civil, essas coisas. De gravata e camisa de manga curta,
o bu- rocrata sentou-se à máquina e começou: “Nome?”. O gerente com o
marreco no colo respondeu: “Quércia”.
– Quércia de quê?
– De nada.
– Como de nada? Ele não tem família?
– Tem. É da família dos anatídeos.
– Então – prosseguiu o funcionário batendo na máquina –, Quércia Anatídeo.
2. Agora, responda:
Atividade do aluno

a. No primeiro parágrafo desse trecho, de que maneira são marcadas as falas


de um personagem?
b. E no segundo?
c. Que diferença você vê entre marcar de um jeito ou de outro? Explique.
3. Na última linha há o seguinte trecho: “prosseguiu o funcionário batendo na
máquina”.
a. Quem é que está apresentando essa informação?
b. De que maneira é possível saber isso?
c. Se não houvesse esse trecho, seria possível saber quem está falando? De
que maneira? Qual das maneiras você considera mais próxima do leitor?
Por quê?
4. Leia os trechos apresentados a seguir. Em todos eles há explicações sobre
quem está falando.
a. Em quais a maneira de apresentar essa explicação é semelhante à estuda-
da no item 3? Por quê?
b. Em quais é diferente? Por quê?

Trecho 1
– Está certo – concordou, irritado, o gerente –, mas então chama o guincho.

Trecho 2
– O marreco não tem documentos – respondeu o gerente.

Trecho 3
– A acusação é injusta – interrompeu o gerente –, o marreco não pode ser
acusado de poluir. Se eu tivesse aqui um elefante soltando fumaça pela
trom- ba está certo, mas o Quércia nem fuma.

Trecho 4
Terminada a ficha, o burocrata abriu uma gaveta e, enquanto procurava o ma-
terial para tirar as impressões digitais, disse ao gerente:
– Me dá aí o polegar do marreco.

5. Relacione cada trecho com o que pareça mais adequado:


Explicação do Trecho 1 ( )
Explicação do Trecho 2 ( ) ( A ) Indica quem está falando.
Explicação do Trecho 3 ( ) ( B ) Anuncia quem vai falar em
Explicação do Trecho 4 ( ) seguida. ( C ) Comenta quem acabou
de falar.
6. Agora vamos registrar algumas reflexões realizadas ao longo dessa atividade:

Primeira reflexão:
As falas de um personagem podem ser indicadas no texto com os seguintes
grupos de sinais:
e
Segunda reflexão:

Atividade do aluno
Os sinais gráficos marcam a fala de um personagem. Além disso, é possível
explicar de quem é a fala de três maneiras: anunciando as falas, indicando
quem está falando ou, então, comentando quem falou. Essas maneiras são
as seguintes:

Terceira reflexão:
Quando o texto não anuncia quem vai falar nem explica quem está falando
ou acabou de falar, é possível identificar quem fala da seguinte maneira:

ATIVIDADE 5: AS ASPAS E MAIS UMA


POSSIBILIDADE DE USO
Objetivos
Identificar a maneira pela qual o autor utiliza as aspas para marcar o discurso
direto no texto lido, comparando-a com a maneira encontrada no texto anterior
e pontuando as diferenças.
Constituir um repertório de marcas gráficas possíveis de serem utilizadas para
marcar o discurso direto.

Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade é coletiva e os alunos podem permane-
cer em suas carteiras.
Quais os materiais necessários? Texto que será lido – cópia para todos os alu-
nos da folha de Atividade 5.
Qual é a duração? Cerca de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos a respeito do propósito da atividade e de como ela se
desenvolverá.
Leia a crônica, contextualizando-a para os alunos, perguntando se conhecem o
autor, se já leram alguma de suas obras, se gostam das obras que leram.
Sobre o autor, Luis Fernando Verissimo, é possível obter fartas informações a
respeito de sua vida e obra no seguinte endereço: http://portalliteral.terra.com.
br/verissimo. A obra da qual a crônica foi coletada – que faz parte do acervo
das salas de leitura das escolas da rede municipal – também apresenta infor-
mações biográficas do autor.

219
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
Além de comentar sobre o autor, pergunte aos alunos o que imaginam encon-
trar em um texto com o título “Comunicação”, considerando que se trata de
uma crônica de humor. Enfim, procure fazer perguntas que ativem o
repertório dos alunos, de modo que eles antecipem possíveis sentidos do
texto.
Em seguida, leia, com eles, o trecho da crônica e provoque uma reflexão a
par- tir das questões apresentadas na atividade. Levante hipóteses com os
alunos a respeito de que objeto seria o referido no texto e, depois, leia a crônica
intei- ra com eles, verificando, em cada trecho, as hipóteses levantadas,
confirman- do-as ou não.
No item 2, solicite que os alunos analisem o trecho apresentado identificando
de que maneira são marcadas as falas dos personagens. Espera-se que
identifi- quem as aspas como outras marcas gráficas possíveis, identificadoras
das falas.
A seguir, solicite que comparem essa pontuação com a do texto anterior, mar-
cando a diferença de uso feita pelos dois autores: o primeiro não utiliza pará-
grafo para introduzir falas e o segundo, sim.
Solicite aos alunos que façam registro da descoberta feita e chame a aten-
ção deles para o fato de que já estão constituindo um repertório de maneiras
possíveis de se introduzir a fala do personagem no discurso do narrador. Você
poderá, inclusive, montar um quadro no qual constem as diferentes maneiras
estudadas e deixar afixado na classe, disponível para consulta.

ATIVIDADE 5: AS ASPAS E MAIS UMA


Atividade do aluno

POSSIBILIDADE DE USO
1. Leia, agora, mais um trecho de crônica. Dessa vez, o autor é Luis Fernando
Ve- rissimo. A sua crônica intitula-se “Comunicação”, e você lerá a parte inicial
dela.

COMUNICAÇÃO
Luis Fernando Verissimo

É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o
que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como
é mesmo o nome?
“Posso ajudá-lo, cavalheiro?”
“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...”
“Pois não?”
“Um... como é mesmo o nome?”
Atividade do aluno
“Sim?”
“Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por
comple- to. É uma coisa simples, conhecidíssima.”
“Sim, senhor.”
“O senhor vai dar risada quando
souber.” “Sim, senhor.”
“Olha, é pontuda, certo?”
“O quê, cavalheiro?”
“Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, as-
sim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie
de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que esta é mais fechada.
E tem um, um... Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco
onde se encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio,
entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?”
(Fonte: Crônicas. São Paulo: Ática, 1994. p. 35-36. (Para gostar de ler, v. 7)

Bom, não sabemos se o vendedor já descobriu o que o homem deseja com-


prar... E você? Já tem alguma ideia?
Converse com seus colegas de classe e professor. Depois disso, seu profes-
sor lerá com vocês o restante da crônica. Vamos ver se vocês descobrem o
que ele quer comprar. Vá juntando as pistas.
2. Agora, volte ao trecho lido e analise:
a. De que maneira são marcadas as falas dos personagens? Explique.
b. Em que essa maneira difere da que usa o mesmo sinal gráfico no texto “O
marreco que pagou o pato”? Explique.
3. Registre sua descoberta no caderno.

ATIVIDADE 6: REINVESTINDO O
CONHECIMENTO APRENDIDO – PONTUANDO
DIÁLOGOS

Objetivo
Reinvestir o novo conhecimento sobre discurso direto e discurso indireto, pon-
tuando diálogos em um trecho de crônica, identificando, entre as diferentes
possibilidades estudadas, a que julgar mais adequada para criar os efeitos de
sentido que pretende, considerando o tema e as finalidades do texto e
manten- do a coerência de emprego ao longo do texto.
Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade é individual e os alunos podem per-
manecer em suas carteiras. Contudo, podem consultar-se mutuamente
caso tenham dúvidas.
Quais os materiais necessários? Texto que será lido – cópia para todos os alu-
nos da folha de Atividade 6.
Qual é a duração? Cerca de 40 minutos.

Encaminhamento
Converse com os alunos sobre o propósito da atividade e sobre a maneira
como será desenvolvida.
Retome com eles o quadro de possibilidades pelas quais é possível introduzir
fala de personagem no discurso do narrador.
Oriente-os sobre a necessidade de escolherem os recursos – dois-pontos, pa-
rágrafo e aspas; dois-pontos e aspas, sem parágrafo; dois-pontos, parágrafo e
travessão – de acordo com o efeito de sentido que considerarem mais adequa-
do para o texto e suas finalidades.
Oriente-os para não alterarem o texto, o que implicará a escolha de discurso
direto. Restará a eles, então, a escolha do recurso de pontuação e a maneira
de utilizá-lo.
Oriente-os, ainda, para manter no texto inteiro a coerência de escolha, quer op-
tem por uma possibilidade apenas, quer articulem duas delas, como Novaes,
na primeira crônica.
Leia em voz alta o texto todo com os alunos, de modo que possam compreen-
der qual a crítica que a crônica apresenta, o que poderá auxiliá-los a tomar a
decisão sobre o recurso a ser utilizado.
Depois, solicite que retomem o trecho e o organizem, pontuando-o adequa-
damente.
Na revisão, procure marcar para os alunos a coerência de uso nas diferentes
pontuações realizadas por eles. Se, por exemplo, optaram por dois-pontos, pa-
rágrafo e travessão, é preciso que se mantenha essa organização em todo o
texto; se a opção foi pelo emprego das aspas para marcar a fala dos persona-
gens, também é preciso manter a coerência em todo o texto. É interessante
discutir que a opção por uma ou outra forma de pontuar tem relação com os
efeitos de sentido que o autor desejou empregar no texto.
ATIVIDADE 6: REINVESTINDO O

Atividade do aluno
CONHECIMENTO APRENDIDO – PONTUANDO
DIÁLOGOS
1. Considerando suas anotações, reescreva o trecho a seguir pontuando os diá-
logos de maneira adequada. Trata-se de mais uma crônica de Carlos Eduardo
Novaes, intitulada “No país do futebol”. Nela, um personagem presente em
outras crônicas do autor, Juvenal Ouriço, famoso por ser “econômico”, tenta
assistir a um jogo de futebol na TV da vitrine de uma loja de
eletrodomésticos. Depois, seu professor lerá o restante da crônica para

NO PAÍS DO FUTEBOL
Carlos Eduardo Novaes

Juvenal Ouriço aproximou-se de um vendedor parado à porta de uma loja de eletrodomésticos


e perguntou Qual desses oito te- levisores os senhores vão ligar na hora do jogo? Qualquer um
disse o vendedor desinteressado. Qualquer um não. Eu cheguei com duas horas de
antecedência e mereço certa consideração. Pra que o senhor quer saber? Para já ir tomando
posição diante dele.
O vendedor apontou para um aparelho. Juvenal observou os ângulos, pegou a almofada que o
acompanha ao Maracanã e sentou-se no meio da calçada. Ei, ei, psiu, chamou um mendigo
recostado na parede da loja, como é que é meu irmão? Que foi? Perguntou Juvenal. Quer me
botar na miséria? Esse ponto aqui é meu. Eu não vou pedir esmola. Então senta aqui a meu
lado. Aí não vai dar pra eu ver o jogo. Na hora do jogo nós vamos lá para casa. Você tem TV a
cores? Claro. Você acha que eu fico me matando aqui pra quê?
(Fonte: Crônicas. São Paulo: Ática, 1994. p. 67-68. (Para gostar de ler, v. 7)

vocês.

ATIVIDADE 7: ALTERANDO O DISCURSO


EM UM CONTO

Objetivo
Transformar discurso direto em indireto e vice-versa.

Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I 223


Planejamento
Como organizar os alunos? A atividade é individual e os alunos podem per-
manecer em suas carteiras. Contudo, podem consultar-se mutuamente, caso
tenham dúvidas.
Quais os materiais necessários? Texto que consta da folha de Atividade 7.
Qual é a duração? Cerca de 40 minutos.

Encaminhamento
Peça aos alunos para que abram o livro na página da Atividade 7. Comente
com eles que esse texto é um trecho da história “João e Maria” e proponha a
leitura compartilhada do mesmo.
Quando terminarem, explique que deverão observar os trechos em negrito e,
depois, fazer o que se pede.
Ao término da atividade, proponha a correção na lousa, socializando as manei-
ras diferentes com que podem ter resolvido o exercício.

ATIVIDADE 7: ALTERANDO O DISCURSO


Atividade do aluno

EM UM CONTO
1. Com seu professor e amigos, leia um trecho do conto “João e Maria”. Obser-
ve que há trechos com marcas diferenciadas, que serão usados por você a
seguir.

JOÃO E MARIA
A vida sempre fora difícil na casa do lenhador, mas naquela época as coisas
haviam piorado ainda mais: não havia pão para todos.
– Minha mulher, o que será de nós? Acabaremos todos por morrer de necessi-
dade. E as crianças serão as primeiras…
– Há uma solução… – disse a madrasta, que era muito malvada. – Amanhã daremos a
João e Maria um pedaço de pão, depois os levaremos à mata e lá os abandonaremos.
O lenhador disse que não queria nem ouvir falar de um plano tão cruel, mas a
mulher, esperta e insistente, conseguiu convencê-lo.
No aposento ao lado, as duas crianças tinham escutado tudo, e Maria desa-
tou a chorar.
Atividade do aluno
– João, e agora? Sozinhos na mata, estaremos perdidos e morreremos.
João a tranquilizou e pediu para que não chorasse. Explicou que tinha uma
ideia que poderia salvá-los.
Esperou que o pai e a madrasta dormissem, saiu da cabana, catou um pu-
nhado de pedrinhas brancas que brilhavam ao clarão da lua e as escondeu
no bolso. Depois voltou para a cama.
No dia seguinte, ao amanhecer, a madrasta acordou as crianças.
– Vamos cortar lenha na mata. Este pão é para vocês.
Partiram os quatro. O lenhador e a mulher na frente e as crianças atrás.
A cada dez passos, João deixava cair no chão uma pedrinha branca, sem que
ninguém percebesse. Quando chegaram bem no meio da mata, a madrasta
disse:
– João e Maria, descansem enquanto nós vamos rachar lenha para a lareira. Mais
tarde passaremos para pegar vocês.
Após longa espera, os dois irmãos comeram o pão e, cansados e fracos
como estavam, adormeceram. Quando acordaram, era noite alta e, do pai e
da madrasta, nem sinal.
– Estamos perdidos! Nunca mais encontraremos o caminho de casa! –
solu- çou Maria.
– Esperemos que apareça a lua no céu e acharemos o caminho de casa –
consolou-a o irmão.
Quando a lua apareceu, as pedrinhas que João tinha deixado cair pelo
atalho começaram a brilhar; seguindo-as, os irmãos conseguiram voltar até a
cabana.

2. Releia apenas os trechos em negrito. Eles mostram o diálogo entre os perso-


nagens escritos pelo discurso direto. Em seu caderno, reescreva-os, passando
para o discurso indireto.
3. Agora, observe os trechos sublinhados. Eles revelam a fala dos personagens
de modo indireto. Imagine que você é o personagem que fala e reescreva-os,
passando para o discurso direto.
4. Depois, partilhe suas ideias com o professor e os colegas e veja como eles
resolveram essas questões.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA “ESTUDO


DA ORTOGRAFIA”
As sequências didáticas para trabalhar com as questões de ortografia são ade-
quadas especificamente para o trabalho com as regularidades. Elas devem ser desen-
volvidas com todos os alunos da classe quando você identificar essa necessidade em
suas escritas, ou seja, quando parte significativa de seus alunos escreverem inade-
quadamente palavras com as terminações focadas.

Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I 225


Com essa sequência de atividades pretende-se dar continuidade a uma discus-
são iniciada na 3a série do Ciclo I, envolvendo a escrita de palavras em que a
grafia correta depende de um conhecimento gramatical. São palavras cuja definição da
grafia correta depende de uma análise da classe gramatical a que pertencem. Trata-
se das regularidades morfológico-gramaticais (Morais, 1998), ou seja, possíveis de
ser inferi- das a partir de um conhecimento – ainda que intuitivo – da categoria
gramatical da pa- lavra. Por isso, ao longo do trabalho, recorra aos conceitos de
substantivo e de verbo
– assim como de tempo verbal – já construídos pelos alunos, para orientá-los nas suas
análises. Eles poderão, inicialmente, utilizar expressões como “nome” – para referi-
rem-se a substantivo – ou “palavra que mostra as coisas que a gente faz” – para fala-
rem de verbo.
Posteriormente, mais ao final da sequência didática – ou em outras atividades –,
você poderá apresentar os alunos à metalinguagem.
Nessa sequência os alunos vão refletir sobre palavras terminadas com -ISSE/-ICE
e -ANSA/-ANÇA, em atividades que vão conduzindo a observação do aluno para o as-
pecto em análise, tematizando as diferentes nuances a ser consideradas na
inferência da regra subjacente à escrita.
A finalidade principal desse trabalho é possibilitar ao aluno a análise da
regulari- dade de escrita das palavras terminadas em -ISSE/-ICE e -ANSA/-ANÇA, a
elaboração da regra respectiva e o uso da regra em escritas posteriores.

PARA SABER MAIS SOBRE O TRABALHO COM ORTOGRAFIA, CONSULTE O GUIA DE


ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS PARA O PROFESSOR DO 2o ANO. LÁ VOCÊ
ENCONTRARÁ ORIENTAÇÃO PARA O TRABALHO COM ORTOGRAFIA E UMA DI-
VERSIDADE DE PROPOSTAS DIDÁTICAS PARA O TRABALHO COM AS IRREGU-
LARIDADES E VÁRIAS REGULARIDADES.

Expectativas de aprendizagem
Espera-se que os alunos compreendam a regularidade que orienta a escrita de
palavras: as terminadas com -ISSE e -ICE e as terminadas com -ANSA e -ANÇA, de ma-
neira a possibilitar a tomada de decisão sobre a ortografia correta.

PALAVRAS TERMINADAS EM -ISSE E -ICE

Organização geral da sequência didática

ATIVIDAD
ES
1 Lendo o poema e comentando
2 Estudando palavras do poema e ampliando o repertório
3 Testando as descobertas
4 Completando o quadro de descobertas
ATIVIDADE 1: LENDO O POEMA
E COMENTANDO
Objetivo
Contextualizar, por meio da leitura de um texto, as palavras de referência.

Planejamento
Quando realizar? Após uma primeira leitura do texto, para desencadear a
refle- xão sobre a questão ortográfica focalizada, de maneira a
contextualizar pala- vras de referência.
Como organizar os alunos? Os alunos trabalharão coletivamente.
Quais os materiais necessários? Folha da Atividade 1 desta sequência.
Qual é a duração? Uma aula de 50 minutos.

Encaminhamento
Esclareça os alunos sobre os propósitos e desenvolvimento da atividade. Para
iniciar o trabalho, leia o texto com eles.
Na leitura do texto inicial, é importante o trabalho com a antecipação de con-
teúdo em função de autor e título do texto. Fale um pouco da obra de
Bandei- ra, situando os alunos em relação à temática de sua produção.
Esse procedimento é importantíssimo para que o texto contextualizador da
questão ortográfica não seja tratado apenas como pretexto para trabalho gra-
matical. Além disso, é fundamental o trabalho de apreciação da obra, seja
pelo viés do conteúdo, seja da forma. Assim, apresente aos alunos os
excertos de Mariana e Edivaldo e solicite que os alunos comentem,
comparando com o que acharam do texto lido. Comparar impressões sobre
um texto é comportamento leitor fundamental.

ATIVIDADE 1: LENDO O POEMA


E COMENTANDO Atividade do aluno
Manuel Bandeira é um grande poeta brasileiro. Você já leu alguma obra dele?
O poema que se encontra apresentado a seguir fala da impressão que uma na-
morada causa em seu namorado. O que será que diz?

Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I 227


1. Converse com seus colegas e professor sobre isso e, depois, leia o poema.
Atividade do aluno

NAMORADOS
Manuel Bandeira

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:

Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara. A moça olhou de lado e
esperou.
Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagartixa lis- tada?

A moça se lembrava: – A gente fica olhando… A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:

Antônia, você parece uma lagartixa listada. A moça arregalou os olhos, fez exclamações. O
rapaz concluiu:
– Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
(Fonte: Bandeira, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro:
Livraria José Olympio Editora, 1979.)

Mariana e Edivaldo também leram esse poema. Veja o que acharam dele.
“Eu achei um poema engraçado... como é que se pode achar alguém
parecido com uma lagarta? Deve ser porque a namorada era alta e
desengonçada! Ou então porque ainda não tinha virado borboleta... ah... já
sei... ela devia ser engraçada porque ainda era adolescente, mas ia ficar
uma moça linda...! Que nem a lagarta que vira borboleta...”
(Mariana, 10 anos)

“Esse poema fala de uma coisa que acontece, às vezes, com a gente: a gen-
te vê uma coisa e não consegue tirar os olhos e não sabe bem por quê... só
sabe que gosta... É como o namorado... e como eu quando li esse poema...
Ele é estranho, assim, simples, mas tem alguma coisa de bonito...”
(Edivaldo, 11 anos)

2. E você? Qual a sua opinião sobre o poema? Concorda com Mariana? Com Edi-
valdo? Com os dois? Com nenhum deles? Converse com seus colegas e pro-
fessor sobre isso.
ATIVIDADE 2: ESTUDANDO PALAVRAS
DO POEMA E AMPLIANDO O REPERTÓRIO
Objetivo
Desencadear o processo de reflexão sobre o aspecto ortográfico, buscando a
construção da regularidade e organizando os primeiros registros.

Planejamento
Quando realizar? Depois da leitura, focalizando as palavras de referência.
Como organizar os alunos? Os alunos trabalharão em duplas.
Quais os materiais necessários? Reprodução da atividade apresentada a seguir.
Qual é a duração? Uma aula de 50 minutos.

Encaminhamento
Esclareça os alunos sobre os propósitos e desenvolvimento da atividade. Dis-
cuta com eles o significado da palavra meninice, caso você considere necessá-
rio. A intenção é que não trabalhem com nenhuma palavra que não
conheçam.
Oriente-os para que organizem palavras em dois grupos, tendo como referência
o que observaram nas palavras MENINICE e DISSE. A intenção é orientar a
observação pensando nas classes gramaticais a que pertencem as palavras,
pois trata-se de uma regularidade morfológica: substantivos com essa termi-
nação são escritos com C e verbos com SS (conjugados no pretérito, segunda
pessoa do singular).
Num primeiro momento, deixe que observem e apontem tais regularidades na
maneira como as palavras foram escritas (SS ou C). Depois, ressalte a dica
apresentada: é para focalizar o olho do aluno para o tipo de palavra (verbo).
A seguir, chame a atenção dos alunos para o fato de que DISSE é um verbo
(eles podem definir como ALGUMA COISA QUE ALGUÉM FEZ) e MENINICE é um
subs- tantivo (o NOME DE ALGUMA COISA)
Vá orientando as duplas na sua reflexão e, depois, solicite que cada uma re-
gistre suas primeiras conclusões no caderno. Os alunos devem registrar a ma-
neira como conseguiram perceber, mesmo sem a utilização de
metalinguagem, como substantivo ou verbo.

229
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
ATIVIDADE 2: ESTUDANDO PALAVRAS
Atividade do aluno

DO POEMA E AMPLIANDO O REPERTÓRIO


1. Vamos estudar duas palavras que foram utilizadas no poema que você acabou
de ler: meninice e disse.
Antes de qualquer coisa, reflita: o que significa meninice? Veja as possibilida-
des abaixo e converse com seu colega sobre quais sentidos seriam mais ade-
quados de acordo com o poema:
a. significa que a namorada fez uma brincadeira de menina;
b. significa que, apesar de a namorada ser moça, naquela hora ela pareceu
criança;
c. significa que ela se lembrou de uma situação que viveu quando era criança.
2. Agora, vamos pensar sobre a forma como essas palavras foram escritas.
Você deve ter percebido que, quando as falamos, ambas terminam com o
mesmo som. Mas quando as escrevemos, utilizamos letras diferentes, não é
mesmo? Por que será?
3. Leia as palavras a seguir e, depois, organize dois grupos: palavras escritas
com -ISSE e palavras escritas com -ICE.
mesmice – fugisse – tolice – doidice – fingisse – partisse – meninice – caretice burrice
– meiguice – chatice – saísse – visse – ouvisse – risse – velhice
4. Junto a seu colega, analise: além de serem escritas da mesma forma, o que
as palavras de cada grupo têm em comum?
Uma pista:

DIZER  DISSE

ATIVIDADE 3: TESTANDO AS DESCOBERTAS

Objetivo
Possibilitar que os alunos experimentem utilizar o seu registro – que deve cor-
responder à regularidade observada – de modo a validar suas observações.

Planejamento
Quando realizar? Depois do primeiro registro de observação.
Como organizar os alunos? Os alunos trabalharão em duplas.
Quais os materiais necessários? Reprodução da atividade apresentada a seguir.
Qual é a duração? Uma aula de 50 minutos.

Encaminhamento
Organize os alunos em duplas. Esclareça sobre os propósitos e desenvolvimen-
to da atividade. Esse será o momento de os alunos analisarem se suas obser-
vações realmente ajudam a tomar a decisão sobre a ortografia, reajustando-as,
caso seja necessário.
Depois de realizada a atividade, solicite às duplas que apresentem suas con-
clusões para todos, lendo seu registro e explicando se tiveram que modificá-
lo ou não.
Para checar se a ortografia está correta, oriente os alunos a, depois de
realiza- rem todos os exercícios, consultarem o dicionário. Caso esteja correta,
concluir com a elaboração da regra escrita. Para isso, peça aos alunos que
ditem a regra ao professor, que será o escriba e, ao mesmo tempo, mediador
da cons- trução dessa norma.
Depois de validado o registro, pode-se recorrer ao uso de uma boa gramática
para comparar a regularidade observada pelos alunos com a especificada na
gramática. Esse procedimento valida e valoriza a produção dos alunos. Ao
final da atividade, retome o registro e interfira de maneira que os alunos
utilizem a metalinguagem, pois sua utilização é questão tanto da
sistematização de um conteúdo quanto de economia nas atividades de
reflexão sobre a língua e a linguagem.

ATIVIDADE 3: TESTANDO AS DESCOBERTAS

Atividade do aluno
Vamos testar as descobertas feitas?
1. Complete as frases a seguir utilizando a ortografia correta. Use as suas desco-
bertas para tomar a decisão sobre a ortografia.
a. Mas que ! Eu jamais iria imaginar que ela iria à
festa com um sapato de cada cor! (doidice/doidisse)

b. Antes que ele latindo atrás dos carros no-


vamente – que tristeza! –, minha mãe tratou logo de prender o bichinho pela
coleira. (fugisse/fugice)

231
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
Atividade do aluno

c. Aquela festa estava mesmo uma ! (chatisse/chatice)

d. Antes que ela os cabelos, resolveram


fazer o teste pra ver se ela não tinha alergia ao produto. (colorice/colorisse)
Deu certo?
Volte ao seu registro e o complete, caso considere necessário.

Agora você já sabe: quando uma palavra terminar como essas que estudamos, para decidir
se utilizamos SS ou C, é só lembrar que:

quando a palavra for um , utilizamos -ISSE;

quando for um , empregamos -ICE.

ATIVIDADE 4: COMPLETANDO O QUADRO


DE DESCOBERTAS

Objetivo
Organizar o registro final da regularidade observada, de modo a elaborar ma-
terial que ofereça pistas para o aluno tomar as decisões adequadas sobre a
regularidade ortográfica estudada.

Planejamento
Quando realizar? Depois do ditado de reinvestimento.
Como organizar os alunos? Os alunos trabalharão individualmente.
Quais os materiais necessários? Reprodução da atividade apresentada a seguir.
Qual é a duração? 20 minutos.

Encaminhamento
Esclareça os alunos sobre os propósitos da atividade. Retome, com eles, a re-
gularidade observada, relendo a regra que elaboraram coletivamente.
Leia o quadro que deverão completar, explicando as informações de cada
colu- na a partir do exemplo de referência.
Solicite que cada um escreva a primeira parte da regularidade, a relativa aos
substantivos. Determine um tempo para isso e, a seguir, peça para que os
alu- nos se manifestem, relatando como organizaram o registro. Nesse
processo, complete o referido quadro para deixá-lo afixado na classe.
Depois disso, proceda da mesma forma em relação às palavras que são verbo.
Deixe o quadro afixado na classe até que perceba certa autonomia dos alunos
em relação ao procedimento de consulta para tomar as decisões a respeito da
ortografia dessas palavras. O importante não é apenas os alunos
memorizarem a regra, mas se apropriarem de procedimentos de consulta às
regularidades.
Paralelamente a esse quando, você também poderá organizar um índice públi-
co – afixado na classe – das regularidades estudadas, que será complemen-
tado a cada estudo realizado. Assim, mesmo depois de retirados os quadros-
-síntese, os alunos saberão que, se aquela regularidade foi estudada, podem
recorrer ao caderno de descobertas.
A seguir, exemplo de registro possível.

ORTOGRAFIA – QUADRO-SÍNTESE DE REGISTRO DE DESCOBERTAS


ESCRIT
DÚVIDA EXPLICAÇÃO COMO SABER?
A
CORRE
TA
Campo ou CAMPO Sempre que a sílaba Consultand
canpo? Tambor TAMBOR seguinte começar com P o a regra.
ou com B, usa-se M para
ou tanbor? CONTENTE
nasalizar. Quando
Contente ou ANTES começar com qualquer
comtemte? outra consoante – T, por
Antes ou amtes? exemplo
– usa-se a letra N.
Meninice MENINICE Quando se tratar de Consultar a
ou CRIANCIC substantivos, a regra.
meniniss terminação será sempre Buscar um
E VELHICE
e? -ICE. exemplo de
Criancice ou palavra
criancisse? semelhante.
Velhice
ou
velhiss
e?
Saísse ou saíce? SAÍSS Quando a palavra for Consultar a
Fugisse ou E verbo, a terminação será regra.
sempre Buscar um
fugice? Risse ou FUGIS
-ISSE. exemplo de
rice? SE
palavra
RISSE semelhante.

ATIVIDADE 4 – COMPLETANDO QUADRO


Atividade do aluno

DE DESCOBERTAS
1. Considerando o que foi estudado nas atividades anteriores, complete o qua-
dro a seguir com suas descobertas.
Dê uma olhada no registro de uma regra que você já conhece para redigir a
sua nova descoberta.
Na primeira coluna você pode incluir quantos exemplos quiser.
Atividade do aluno

ORTOGRAFIA – QUADRO-SÍNTESE DE REGISTRO DE DESCOBERTAS


ESCRIT COMO
DÚVIDA EXPLICAÇÃO
A SABER?
CORRE
TA
Campo ou CAMPO Sempre que a sílaba seguinte Consultan
canpo? Tambor TAMBOR começar com P ou com B, usa- do a
se M para nasalizar. Quando regra.
ou tanbor? CONTENTE
começar com qualquer outra
Contente ou ANTES consoante – T, por exemplo –
comtemte? usa-se a letra N.
Antes ou amtes?

PALAVRAS TERMINADAS EM -ANSA E -ANÇA

Organização geral da sequência didática

ATIVIDAD
ES
1 Lendo o poema e comentando
2 Estudando a ortografia das palavras selecionadas
3 Ampliando a análise das palavras
4 Testando as descobertas

ATIVIDADE 1: LENDO O POEMA


E COMENTANDO

Objetivo
Contextualizar, por meio da leitura de um texto, as palavras de referência.

Planejamento
Quando realizar? Após uma primeira leitura do texto, a fim de desencadear a
reflexão sobre a questão ortográfica focalizada, de maneira a contextualizar pa-
lavras de referência.
Como organizar os alunos? Os alunos trabalharão coletivamente.
Quais os materiais necessários? Reprodução da atividade apresentada a seguir.
Qual é a duração? Uma aula de 50 minutos.
Encaminhamento
Esclareça os alunos sobre os propósitos e desenvolvimento da atividade. Para
iniciar o trabalho, leia o texto com eles.
Na leitura do texto inicial, é importante o trabalho com a antecipação de con-
teúdo em função de autor e título do texto. Fale um pouco da obra de
Quinta- na, situando os alunos em relação à temática de sua produção. Esse
procedi- mento é importantíssimo para que o texto contextualizador da questão
ortográ- fica não seja tratado apenas como pretexto para o trabalho
gramatical.
Depois, trabalhe com as impressões que os alunos tiveram do texto, de manei-
ra a tematizar possíveis aspectos que não foram muito bem compreendidos.
Você pode discutir, por exemplo, o sentido de “claros” no texto, articulando
com a segunda parte da atividade.

ATIVIDADE 1: LENDO O POEMA

Atividade do aluno
E COMENTANDO
1. Você já leu alguma obra dele? Veja só o que ele pensava sobre livros de poe-
mas e crianças.

Mário Quintana é outro grande poeta brasileiro. Era gaúcho, morava em Por-
to Alegre, em um hotel que até hoje existe. Ele mesmo se dizia “um homem
fechado e solitário”, mas era pessoa de grande sensibilidade e escrevia com
muita delicadeza e simplicidade.

DA PAGINAÇÃO
Os livros de poemas devem ter margens largas e muitas páginas em bran-
co e suficientes claros nas páginas impressas, para que as crianças
possam enchê-los de desenhos – gatos, homens, aviões, casas, chaminés,
árvores, luas, pontes, automóveis, cachorros, cavalos, bois, tranças,
estrelas – que passarão também a fazer parte dos poemas...
(Fonte: Quintana, Mário. Apontamentos de história sobrenatural: poesias.
São Paulo: Círculo do Livro, 1992. p. 228.)

2. Você já viu algum livro de poemas como esse que Quintana descreveu?
3. Como os livros costumam ser? Que diferença faria para quem lê, se fosse
possível desenhar cada poema apresentado em um livro?
4. Você gostaria que os livros de poemas fossem assim? Por quê?
5. Converse com seus colegas e professor sobre isso.
6. Agora, vamos fazer um ensaio? Imagine que a página seguinte é uma página
desse livro imaginário. Nela há um “claro” bem grande, como queria o poeta...
Desenhe o poema da página, de modo que seu desenho passe a fazer parte
dele. Experimente...!
Atividade do aluno
NOTURNO ARRABALEIRO
Os grilos... os grilos... Meu Deus, se a gente
Pudesse
Puxar
Por uma
Perna
Um só
Grilo,
Se desfariam todas as estrelas!
(Fonte: Quintana, Mário. Apontamentos de história sobrenatural: poesias.
São Paulo: Círculo do Livro, 1992. p. 99.)

ATIVIDADE 2: ESTUDANDO A ORTOGRAFIA


DAS PALAVRAS SELECIONADAS
Objetivo
Desencadear o processo de reflexão sobre o aspecto ortográfico, buscando a
construção da regularidade e organizando os primeiros registros.

Planejamento
Quando realizar? Depois da leitura, focalizando as palavras de referência para
desencadear a reflexão sobre a questão ortográfica estudada, de maneira a
contextualizar as palavras de referência.
Como organizar os alunos? Os alunos trabalharão em duplas.
Quais os materiais necessários? Reprodução da atividade apresentada a seguir.
Qual é a duração? Uma aula de 50 minutos.

Encaminhamento
Organize os alunos em duplas.
Esclareça-os sobre o propósito da atividade e seu desenvolvimento.
Oriente-os para que agrupem as palavras de acordo com a sua ortografia. A
finalidade desse primeiro agrupamento é focalizar que só alguns verbos são
escritos com S (amansa, descansa, cansa), mas nenhum substantivo o é.
Num segundo momento, espera-se refinar a reflexão dos alunos, tematizando
o agrupamento das palavras escritas com Ç. A ideia é que agrupem várias pa-
lavras por classe gramatical, colocando de um lado substantivos e, de outro,
verbos. Por isso a dica de colocação do artigo foi apresentada: só
substantivos podem ser precedidos de artigo, não os verbos.
Oriente os alunos para que deem um nome para cada um dos grupos, pen-
sando nos tipos de palavras que são. Podem nomear o primeiro grupo como
“nomes”, por exemplo, e o segundo como “coisas que a gente faz” ou
“ações”; não é necessário que utilizem a metalinguagem. Nesse momento,
pergunte a eles se tiveram dificuldade em colocar determinadas palavras
em um úni- co agrupamento (dança, lança, balança). Explique que,
dependendo do texto, essas palavras podem estar em ambos os grupos, pois
podem ser verbo ou substantivo.
Dê alguns exemplos e diga que, se quiserem, podem colocar essas palavras
nos dois grupos ou podem criar um terceiro, somente para as palavras que
pertencem, simultaneamente, a ambos os grupos.
Nesse momento – a segunda tarefa – pretende-se que os alunos
percebam que os substantivos são sempre escritos com Ç, mas que alguns
verbos po- dem, também, ser escritos com Ç (dança, avança, alcança, lança,
balança).
Para finalizar a atividade, oriente-os para que elaborem novos registros – com-
plementares dos anteriores – sobre a questão estudada.

ATIVIDADE 2: ESTUDANDO A ORTOGRAFIA

Atividade do aluno
DAS PALAVRAS SELECIONADAS
1. Retome o primeiro poema. Vamos estudar duas palavras que constam dele:
tranças e crianças. Você alguma vez teve dúvida para escrever palavras que
terminam como essas? Ficou pensando se era com S ou Ç?
Para tentar ajudar você a resolver esse tipo de dúvida, vamos estudar esse
assunto.
Para começar, leia as palavras a seguir e depois organize dois grupos no seu
caderno: um de palavras escritas com Ç e outro com S.
dança – esperança – avança – matança – andança – aliança
poupança – cansa – descansa – amansa – alcança – herança
segurança – liderança – lança – festança – balança
2. Junto com seu colega, você terá duas tarefas.
a. Descubram o que têm em comum as palavras escritas com S, além do fato
de serem escritas da mesma forma. Relacionem essa descoberta com a
escrita dessas palavras e registrem sua conclusão no caderno.
b. Analisem as palavras escritas com Ç e separem-nas em dois grupos, preen-
chendo um quadro em seu caderno, conforme modelo a seguir.
Atividade do aluno
Dica
Coloquem os artigos A, O, UM, UMA na frente de cada palavra. Vejam o que
acontece.

PALAVRAS ESCRITAS COM


Ç
GRUPO 1: GRUPO 2:

3. Deem um título para cada grupo, de modo que indique o tipo de palavra que
está presente em cada um.
4. Vocês devem ter encontrado palavras que cabem nos dois grupos, não é? Por
que vocês acham que isso aconteceu?
5. Relacionem essa descoberta com a escrita dessas palavras e registrem sua
conclusão no caderno.
Quando uma palavra termina com o som -ANSA/-ANÇA, sempre escrevemos
com Ç quando a palavra for um

Os também podem ser escritos com Ç.

ATIVIDADE 3: AMPLIANDO A ANÁLISE


DAS PALAVRAS

Objetivo
Aprofundar a reflexão sobre a regularidade ortográfica, de maneira a ampliar
perspectivas e aprofundar a reflexão, chegando à compreensão da regularidade
e à constatação de quais são as exceções.

Planejamento
Quando realizar? Depois da elaboração dos primeiros registros de observação
dos alunos, de maneira a aprofundá-los e ampliá-los, conduzindo à
elaboração de regularidades.
Como organizar os alunos? Os alunos trabalharão em duplas, com socialização
final de registros.
Quais os materiais necessários? Reprodução da atividade apresentada a seguir.
Qual é a duração? Uma aula de 50 minutos.
Encaminhamento
Organize os alunos em duplas. Esclareça-os sobre o propósito da atividade e
seu desenvolvimento.
Nesse momento, pretende-se ampliar a reflexão dos alunos e aprofundá-
la, possibilitando-lhes a percepção da regularidade e a constatação das
exceções. Para tanto, a atividade oferece aos alunos algumas pistas que
poderão auxi- liá-los nessa tarefa. É preciso orientá-los no uso das
informações apresenta- das. Por exemplo: se apenas três verbos são escritos
com S, se apenas um substantivo é escrito com S e se apenas um adjetivo é
escrito com S, então, pode-se memorizá-los e deduzir que a regra é sempre
grafar com Ç as palavras terminadas com -ANÇA, com exceção das palavras
cansa, amansa, descansa, gansa e mansa. Pondere com eles a utilização dos
demais substantivos, que são raros e, portanto, quase nunca utilizados.
Converse com os alunos sobre o porquê de se ressaltar, nas dicas, os verbos
no infinitivo. Explique que só se encontram no dicionário nessa forma; por
isso, precisam ser pesquisados assim. Sabendo sua terminação, pode-se
deduzir que haverá as formas descansa para ele/ela/você descansa, por
exemplo.
Oriente-os para que voltem aos seus registros e os reorganizem, considerando
as dicas apresentadas. Nesse momento, antes de realizar o registro, devem
socializar a discussão que tiveram.

Indicação de possível registro:


Quando as palavras terminarem em -ANÇA/-ANSA:
 se for um substantivo, escrevemos sempre com Ç;
 a maioria dos verbos se escreve com Ç;
 só escrevemos com S se a palavra for um dos três verbos seguintes: cansa,
descansa, amansa; se for o substantivo gansa, ou se for o adjetivo mansa.

239
Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o Professor da 4a série – Ciclo I
ATIVIDADE 3: AMPLIANDO A ANÁLISE
Atividade do aluno

DAS PALAVRAS
NOME:
DICA 1
DATA: / TURMA:
No Novo Dicionário Aurélio Eletrônico (versão 5.11a), os únicos verbos com
a terminação em estudo que são escritos com S são os seguintes: cansar,
descansar, amansar.
DICA 2
Também no Dicionário Aurélio, os únicos substantivos com a terminação em
estudo que são escritos com S são os seguintes: gansa, hansa, kansa, mi-
mansa, sansa, ansa.
DICA 3
O mesmo dicionário mostra que há um adjetivo com essa terminação, que
se escreve com S: mansa.
Alguns dos substantivos indicados são muito pouco usados, como hansa,
kansa, mimansa, sansa e ansa. Se você desejar, pode procurar o significado
dos mesmos no dicionário.

1. Leiam as dicas apresentadas a seguir:


2. Releiam suas descobertas e registrem em seu caderno suas conclusões fi-
nais, considerando tudo o que vocês analisaram.

ATIVIDADE 4: TESTANDO AS DESCOBERTAS


Objetivo
Possibilitar que os alunos experimentem utilizar o seu registro – que deve cor-
responder à regularidade observada – de modo a validar suas observações.

Planejamento
Quando realizar? Depois do aprofundamento dos estudos sobre a regularidade
e da elaboração dos registros finais a respeito do aspecto estudado.
Como organizar os alunos? Os alunos trabalharão em duplas, com socialização
final de registros.
Quais os materiais necessários? Reprodução da atividade apresentada a seguir.
Qual é a duração? 20 minutos.
Encaminhamento
Organize os alunos em duplas. Esclareça sobre o propósito da atividade e seu
desenvolvimento. Nesse momento, os alunos deverão tomar decisões a
respei- to da ortografia correta, utilizando os registros elaborados.
Ao final da atividade, podem conferir se acertaram utilizando o dicionário, o
que validará suas constatações.
Além disso, você também poderá consultar, com os alunos, uma gramática,
com a finalidade de validar e valorizar o estudo realizado por eles.

ATIVIDADE 4: TESTANDO AS DESCOBERTAS

Atividade do aluno
Vamos testar as descobertas feitas?
1. Complete o texto a seguir utilizando a ortografia correta. Use as suas desco-
bertas para tomar a decisão sobre a forma certa de escrever.
Depois de completar, se quiser, consulte o dicionário para conferir.

Frederica estava com muito medo. Ela tinha medo de que aquela égua não
fosse nada (mança/mansa). Ainda tinha
(lembransa/lembrança) do tombo que
levara do potro chucro de seu avô, naquelas primeiras férias no sítio.

Seu avô lhe explicara que até o animal ter


(confiança/confiansa) nos humanos levava um bom tempo, que até se
conse- guir (amansar/amançar) o bicho era um custo!

Mas ela não podia deixar de montar, senão ia virar assunto na


(vizinhança/vizinhansa) por muito
tempo. O jeito era afastar o medo, botar a cabeça em outro lugar, mas
tomar muito cuidado e se segurar muito bem.

Esse Zé Paulo...! Por que é que tinha que fazer a festa de aniversário justo
numa chácara, com direito a passeio a cavalo?

E então, deu certo? Suas descobertas o auxiliaram a tomar as decisões?


Agora, se achar que é necessário, volte aos seus registros e reformule-os.

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