OFICINA 1:
Análise de documento de proposta curricular (Parâmetros Curriculares
Nacionais – História- anos finais do Ensino Fundamental)
2. Escrevam um texto breve tendo por base os três eixos de análise propostos
por Sônia Kramer (1997) para a análise de um currículo (sobre os autores/as da
proposta; sobre o texto da proposta; sobre os/as leitores/as a que se destina);
Kramer, em seu texto “Subsídios para uma leitura crítica das propostas
pedagógicas”1, aponta a necessidade de análise crítica dos currículos escolares para
que se objetive efetivamente a construção de parâmetros curriculares que levem em
conta a complexidade social que este deve abarcar em seu horizonte de
transformação. Para tal, aponta três principais critérios que devem ser observados para
efetivar a análise: o autor, os leitores objetivados e a obra em si.
Sobre os autores, deve-se observar sempre os sujeitos e categorias sociais que
participaram da produção - e aquelas/os que não foram convidadas/os a participar. Isso
envolve pensar se profissionais da educação básica, cientistas, pedagogas/os e outras
categorias fundamentais da educação participaram do processo de criação do texto, e
se foi respeitada a trajetória de construção de propostas curriculares construídas até
então - considerando que a educação e as propostas curriculares devem ser
1
KRAMER, Sonia. Subsídios para uma leitura crítica das propostas pedagógicas. Educação &
Sociedade, ano XVIII, nº 60, p. 15 – 35, 1997.
historicizadas, analisadas através do tempo, e ponderadas com as novidades trazidas
sem um pensamento mecânico de “superação pela superação”.
Sobre o texto da proposta de currículo, a autora afirma que o mais importante é
compreender que a proposta curricular não é um fim em si e nem um lugar
pré-determinado: ela é um caminho, uma orientação geral que deve levar em conta as
condições de aplicabilidade no ensino básico regular, seu referencial teórico, político e
pedagógico, seus objetivos e sua maneira de lidar com as problemáticas das
realidades escolares, além de questionar as formas de inclusão da criança ao universo
escolar.
Por fim, Kramer traz ao centro do debate sobre os leitores que se busca
alcançar na construção de uma proposta de currículo: considerando que a escola é
feita de todos os sujeitos que a constroem e a vivem diariamente (estudantes,
professores, funcionários, pais), deve-se cuidar com a apresentação do conteúdo. É
fácil, segundo a autora, trazer uma proposta mecânica de fora para dentro da escola,
com vocabulário rebuscado e pouco acessível (ou “pedagogês”, como denomina), mas
pouca serventia tem; o difícil é levar em conta os anseios, os sonhos dos sujeitos
sociais que constroem o ambiente escolar em questão, apresentar caminhos para
estes sonhos e propostas de inclusão da própria comunidade no debate sobre o
currículo escolar. É este desafio que Kramer aponta, ele se mostra grande ao
apresentar questionamentos basilares para que os educadores pensem a educação
como projeto em constante construção, aliada às complexidades presentes na
totalidade social que envolve as realidades escolares nos mais diferentes locais do
Brasil.
De acordo com os PCNs, o professor deve ser o agente possibilitador das trocas
de conhecimento, mediador entre o estudante, o conteúdo estudado e o mundo à sua
volta, garantindo assim que os alunos se apropriem de conceitos, noções e métodos de
forma que possam utilizá-los em sua realidade. Esta compreensão passa por perceber
que o historiador está sempre em construção e em movimento junto ao mundo, e que
pensar o mundo historicamente passar por perceber-se enquanto sujeito histórico e
capaz de transformá-lo. A tarefa do professor é, portanto, transmitir saberes críticos e
formas de articular e organizar a análise, para então atuar como mediador na tarefa de
autopercepção e de percepção do outro que o estudante assume ao se apropriar dos
conhecimentos, métodos e conceitos.