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UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO


BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL

DARA GABRIELLY DE BARROS OLIVEIRA

A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO


SOCIAL JUNTO AO IDOSO

Araripina-PE
2019
UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR

DARA GABRIELLY DE BARROS OLIVEIRA

A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO


SOCIAL JUNTO AO IDOSO

Trabalho de Conclusão de Curso à UNOPAR -


Universidade Pitágoras Unopar, como requisito
parcial para a obtenção do título em Bacharel em
Serviço Social.

Tutor Orientador: Josi da Costa Greffe


Professor Supervisor: Joyce Siqueira de Sá
Delmondes Damascena

Araripina-PE
2019
UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR

Dedico este trabalho primeiramente a Deus,


por ser essencial em minha vida, por ser meu
guia. A minha mãe Cristina, aos meus irmãos
Gustavo e Wanessa, ao meu namorado
Maurício e meus cunhados Irenilda e Irlan que
com muito carinho, não mediram esforços para
que eu chegasse ate aqui, aos amigos de curso
e de vida que estiveram comigo ao longo
desses quatro anos. E por fim, a nossa Tutora
Joyce pela paciência na orientação e pelos
incentivos que contribuíram para a conclusão
deste TCC.
UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR
AGRADECIMENTOS

Ser Assistente Social nem sempre foi um sonho, mas a partir do momento
que ingressei no curso de Serviço Social, me apaixonei completamente pela
profissão. Eu sempre soube que queria cuidar das pessoas, conversar e saber como
ajudar. Não foi um caminho fácil, houve muitos obstáculos, mas sempre os
superando com maestria. E sem Deus e minha família me apoiando, sei que teria
sido bem mais difícil.
Tudo que espero é ser uma profissional que saiba arcar com minhas
obrigações, e tentar transformar pessoas melhores, para podermos ter um mundo
melhor.
Agradeço primeiramente a Deus, por me dar forças para continuar e
enfrentar tudo que apareceu a minha frente. Agradeço a minha família (mãe e
irmãos) pela força e por sempre quererem o melhor de mim. Agradeço a meu
namorado por não me deixar desistir, a minha cunhada que sempre me ajudou no
que pôde.
Agradeço a minha Tutora Joyce pelo apoio, carinho, compreensão e
paciência e pela excelência em nós ensinar. Agradeço ao CAPS Araripina, onde fiz
meu estágio e aos profissionais por terem me ensinado tanto e me colocado na área
da saúde, a qual me apaixonei.
Por fim, agradeço aos meus amigos e colegas de faculdade que sempre
estiveram aqui comigo, diretamente ou indiretamente, na realização desse sonho.
UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR
BARROS OLIVEIRA, Dara Gabrielly de. A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO
SOCIAL JUNTO AO IDOSO. 2019. 27 p. Monografia (Bacharelado em Serviço Social) – Sistema de
Ensino Presencial Conectado. UNOPAR - UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR, 2019.

RESUMO

Atualmente em nosso país tem tido o crescimento acelerado da população idosa e


nesse sentido é preciso ter compromisso com as melhorias nas suas condições de
vida, para que o idoso brasileiro não seja visto como mais um “problema social”. A
atuação do Assistente Social na saúde do idoso vai além das orientações na área de
assistência social, visita domiciliar e encaminhamentos aos serviços especializados.
É necessária a capacitação aos profissionais para refletir sobre suas condutas na
rede de atendimento, e muitas vezes, junto a outros profissionais da saúde, procurar
o bem estar, melhor tratamento e acompanhamento aos indivíduos e às suas
famílias. Este projeto de pesquisa tem como objetivo abordar o trabalho do
assistente social junto ao idoso e tem o cunho qualitativo, onde as informações
apresentadas foram retiradas de pesquisas, tecendo considerações importantes
numa visão crítica e compreensiva.

Palavras-chave: Assistente Social. Idoso. Assistência Integral à Saúde.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 7
1.1 Objetivos 8
1.1.1 Objetivo Geral 8
1.1.2 Objetivos Específicos 8
1.2 Justificativa 8
1.3 Metodologia 9
2 DESENVOLVIMENTO 10
2.1 Breve Histórico do Serviço Social no Brasil 10
2.2 O Profissional do Serviço Social 11
2.3 Idosos 12
2.4 O Estatuto do Idoso 15
2.5 Atuação do Serviço Social e o Idoso 17
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 22
REFERÊNCIAS 23
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1 INTRODUÇÃO

A longevidade do ser humano na sociedade contemporânea representa “uma


conquista social, a velhice passou a figurar como uma realidade inconteste em todo
o mundo e nos países da América Latina” (SILVA; YAZBEK, 2014, p.103). O Brasil é
um país que está envelhecendo (BRASIL, 2009; SILVA; YAZBEK, 2014; RIOS;
REIS, 2016, p.148), um reflexo, dentre outros fatores, do aumento da expectativa de
vida devido aos avanços que o sistema de saúde vem conquistando (BRASIL, 2009;
SILVA; YAZBEK, 2014). Segundo o artigo 4.º, da lei 10.741/03, dispõe em sua
redação que "nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência,
discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos,
por ação ou omissão, será punido na forma da lei".
Nesta perspectiva, o Estatuto do Idoso em relação ao direito à vida institui no
Art.8.º “o envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito
social” (BRASIL, 2009, p.10). É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a
proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que
permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade (BRASIL,
2009). Já artigo 3º da lei 10.741/03, diz que “ é obrigação da família, da comunidade,
da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a
efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária”.
A Política Nacional do Idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do
idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação
efetiva na sociedade (BRASIL, 2010). Sendo assim, poder proporcionar companhia
para conversas, jogos e demais formas de lazer, ajuda na saúde e no bem estar
dessa parte da sociedade.
A presença do Serviço Social torna-se importante e necessária, pois esse
público vem aumentando gradativamente e precisa se sentir inserida na sociedade,
também sendo garantido seus direitos e tendo acesso a todos os bens e serviços
que o Estado oferece. Para isso é necessário compreender como desenvolver as
práticas necessárias ao atendimento e acompanhamento do idoso.
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1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral


 O objetivo deste trabalho é analisar sobre o papel do Assistente Social junto
ao idoso.

1.1.2 Objetivos Específicos


 Conhecer a profissão do Assistente Social.
 Apontar a importância do Assistente Social no atendimento ao idoso.
 Falar sobre o idoso e as políticas públicas.
 Conhecer a atuação diferenciada do Assistente Social frente à garantia de
direito dos idosos.

1.2 Justificativa

O desafio do Assistente Social é abrir o diálogo entre as diferentes faixas


etárias a fim de despertar a sensibilidade de todos que sofrem diversas formas de
discriminação, ajudar a resgatar a dignidade e estimular a consciência do idoso e
sua família a cerca dos direitos e necessidades a serem supridas e respeitadas. No
exercício  de sua profissão, ele faz valer as ferramentas constitucionais voltadas à
pessoa idosa, ferramentas essas como os serviços institucionais onde  se busca a
qualidade de vida, inclusão social, atividades lúdicas e saúde.
O Serviço Social deve incentivar e viabilizar redes de relações sociais e
familiares de modo que o envelhecimento seja tomado como processo de
sociabilidade. Para garantir o direito do idoso faz-se necessário o fortalecimento das
políticas de atenção dos idosos (RIOS; REIS, 2016).
O Estatuto do Idoso no Art. 19 afirma que os casos de suspeita ou
confirmação de maus-tratos contra idoso serão obrigatoriamente comunicados pelos
profissionais de saúde aos órgãos especializados. A política de atendimento ao
idoso tem como uma das linhas de ação serviços especiais de prevenção e
atendimento às vítimas de negligência, maus tratos, exploração, abuso, crueldade e
opressão (BRASIL, 2009). Dentre os direitos do idoso relacionados ao Serviço
Social destaca-se a saúde, transporte, proteção contra a violência e abandono,
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entidades de atendimento ao idoso, lazer, cultura e esporte, trabalho, habitação
(BRASIL, 2009).
O Serviço Social contribui para a efetivação de políticas de saúde, orientando
o idoso quanto aos seus direitos junto ao Sistema Único de Saúde - SUS, para que
sejam “atendidos com prioritariamente dentro de um padrão de qualidade digno do
ser humano” (RIOS; REIS, 2016, p.158). O processo de trabalho do Assistente
Social com o idoso deve ser desenvolvido com intuito de “garantir que família e
sociedade respeitem não apenas a legislação brasileira, mas fundamentalmente os
valores humanos, a qualidade de vida e dignidade dos cidadãos que estão em
processo de envelhecimento” (RIOS; REIS, 2016, p.160).
Dessa forma, este trabalho contribui para os estudantes de Serviço Social ao
mostrar informações relevantes ao exercício desta profissão neste segmento.
Contribui também ao que é possível desenvolver ações para que haja orientação ao
idoso e sua família, programas e benefícios e um serviço continuo e eficaz na rede
de serviços na atenção básica, com o objetivo de prestar uma assistência
qualificada ao idoso, garantindo de forma mais efetiva seus direitos.

1.3 Metodologia

A pesquisa caracterizou-se como bibliográfica de cunho qualitativo, através de


pesquisas em publicações impressas e pela internet, em busca de embasamento
para o desenvolvimento do presente trabalho. O intuito foi falar sobre a importância
do Assistente Social junto ao idoso, bem como ressaltar sobre ambos
separadamente dentro do mesmo texto para compreensão do trabalho e melhor
aproveitamento das informações. Sendo assim, foi realizado o uso de muitas
citações de autores sobre o assunto para dar mais embasamento teórico ao
trabalho. Os trabalhos e pesquisas utilizados para este projeto de pesquisa através
da internet foram do Conselho de Saúde, Planalto (site da República), Ministério da
Saúde, publicação do trabalho de Maria Irene Lopes B. Carvalho pela Scielo. Em
relação a obras impressas, foram consultadas obras de Antonio Carlos Gil, Maria
Tereza Leopardi, Maria Cecilia de Souza Minayo, José Paulo Netto, Thamiris Inoué
Rios, Maria do Rosário de Fátima Silva, Maria Carmelita Yasbek e Aldaiza de
Oliveira Sposati.
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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Breve Histórico do Serviço Social no Brasil

Serviço Social é entendido como uma prática social que se desenvolve com
responsabilidade social, solidariedade social junto aos sujeitos, aos seus direitos
individuais, junto à humanidade, aos seus direitos coletivos, prospectivos e de bem-
estar (CARVALHO, 2011).
Historicamente a profissão foi se estruturando até romper com o Serviço
Social tradicional e conquistar sua dimensão teórico crítica, após o movimento de
reconceituação. O movimento de reconceituação põe o trabalho social num
processo de ruptura com o assistencial beneficente, passando a ser visto como um
trabalho politicamente orientado, crítico ao capitalismo e à exploração, levando o
serviço social a se articular com movimentos sociais, na busca de um serviço social
alternativo, voltado para o popular, para o criativo, rompendo com a burocracia,
observando o ser humano como um sujeito histórico (NETTO, 2001).
Uma matéria no site da Universidade Católica de Brasil conta um pouco sobre
a história do Serviço Social no Brasil:
“A história do Serviço Social no Brasil surgiu na década de 1930. Nesse período, o
país passava por um período turbulento, com diversas manifestações da classe
trabalhadora, que reivindicava por melhores condições de trabalho e justiça social.
Com a pressão, o governo decide controlá-la através da criação de organismos
normalizadores e disciplinares das relações de trabalho, como o Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio. Nos anos 1940 e 1950, o Serviço Social brasileiro
passou a receber grande influência norte-americana, sendo muito marcado pelo
tecnicismo. Nessas décadas, se destacou uma base positivista e funcionalista e
sistêmica, que bebia na fonte da psicanálise e da sociologia. Entre os anos 60 e 70,
iniciou-se um movimento de renovação da profissão, que buscou a reatualização do
tradicionalismo profissional e uma ruptura com o conservadorismo. Já no final da
década, em 1979, ocorreu o Congresso da Virada, um marco para o Serviço Social
no Brasil. Nesse evento, a profissão se tornou laica e passou a fazer parte das
Ciências Sociais. Já na década de 90, o Serviço Social começou a tomar grandes
dimensões no mundo e no Brasil, especialmente em relação a questões sociais e
que ferem os direitos a cidadania, moral e ética. Com a ampliação de seus campos
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de atuação, ele passou a atuar no chamado terceiro setor, nos conselhos de direitos
e a ocupar funções de assessoria. Nessa mesma época, devido às mudanças
ocorridas tanto na sociedade, quanto e na categoria, a profissão foi regulamentada
pela Lei 8662, de 7 de junho de 1993, que legitima o Conselho Federal de Serviço
Social e os Conselhos Regionais.Nos anos 2000, aumentou a discussão em torno
da eficiência das políticas sociais e do agravo da questão social. Com isso, também
cresceu o número de cursos de graduação pensando em garantir uma ampliação da
categoria do Serviço Social, nos mais diversos setores da sociedade”.

2.2 O Profissional do Serviço Social

Na atualidade, o Assistente Social deve ser um profissional qualificado,


mostrando uma dimensão investigativa, por meio de pesquisas e apreensão da
realidade social. Capacita-se para criar, desempenhar e avaliar serviços, programas
e políticas sociais que possam promover a ampliação dos direitos humanos e justiça
social. Esta profissão é regulamentada pela Lei nº 8.662/93, sendo o seu exercício
profissional regido pelo Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais,
resolução do Conselho Federal de Serviço Social.
É a profissão que atua no campo das Políticas Sociais com o compromisso de
defesa e garantia dos Direitos Sociais da população, usando o fortalecimento da
Democracia. Além de garantir os direitos sociais à população tem como atribuições:
planejar, assessorar, executar, avaliar programas e projetos em políticas públicas de
saúde. O Assistente Social norteia também suas ações na Política Nacional de
Assistência Social, que tem como função a inserção, prevenção e promoção dos
assistidos enquanto cidadãos de direito (BRASIL, 1993).
O Assistente social é responsável por fazer uma análise da realidade social e
institucional, e intervir para melhorar as condições de vida do usuário. A adequada
utilização desses instrumentos requer uma contínua capacitação profissional que
busque aprimorar seus conhecimentos e habilidades nas suas diversas áreas de
atuação. (CRESS, 2019).
As atividades estão prioritariamente concentradas nos seguintes campos de
atuação: ações em caráter emergencial, atendimento especializado, planejamento e
assessoramento, promoção em saúde (BRASIL, 1993). Assim, o Profissional do
Serviço Social pode estar inserido em diversas áreas atuando de várias formas junto
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a outros profissionais, integrando equipes e contribuindo para melhor serviço
prestado, visando sempre a efetivação de qualidade em suas atribuições ao mesmo
tempo garantindo o direito das pessoas que precisam de seus serviços.
É uma profissão que considera uma questão ética o submeter-se a processos
transparentes, públicos, na medida em que se publica e defende princípios de
democracia e de probidade. Mercado de Trabalho: as instituições que têm
contratado o Assistente Social, em geral são prefeituras, associações, entidades
assistenciais e de apoio à luta por direitos, sistema judiciário e presidiário, sistema
de saúde, empresas, sindicatos, sistema previdenciário, ONGs, centros
comunitários, escolas, fundações, universidades, centros de pesquisa e assessoria
(CRESS, 2019).
Segundo Sposati (2014) a atuação do profissional também está inserida em
um contexto de permanentes desafios como a exclusão social, o desemprego, a
violência, as situações de risco social. Neste contexto, o profissional de Serviço
Social deve em seu trabalho procurar compreender a realidade social, facilitando a
inclusão do cidadão nas políticas públicas.
A intervenção do Serviço Social está associada aos direitos do homem e
constituiu-se como um potencial de cidadania, entendido como participação do
indivíduo e dos grupos, enquanto membros de pleno direito da sociedade. Os
princípios, normas e valores inscritos no Código de Ética da profissão (APSS, 1994)
clarificam a intervenção social, na relação com os clientes, instituições, colegas e
outros grupos profissionais. Mas estes princípios e normas decorrem de certas
necessidades identificadas em determinado contexto, que se vão modificando, fruto
das transformações societárias. (Carvalho, 2011).
O Serviço Social deve conjuntamente com os profissionais da equipe
multidisciplinar somar esforços nas ações cotidianas e no fortalecimento de
parcerias para a concretização dos direitos dos idosos, sobretudo garantindo o tripé
da seguridade social:“saúde, previdência e assistência social” (RIOS; REIS, 2016,
p.157).

2.3 Idosos

Pode-se dizer que definir o que é ser idoso nos dias atuais contribui para
quebrar alguns preconceitos sociais sobre a condição do idoso no Brasil, no entanto
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é uma tarefa difícil, dada as alterações nos padrões sociais e, principalmente,
culturais que contribuem para que, a cada geração, novas características venham se
juntar ao rol de situações que definem o que é ser idoso (CAMARANO; PASINATO,
2004).
Ninguém pode ter dúvidas de que o período histórico em que estamos
situados é marcado por diversas transformações societárias, e que afetam
diretamente o conjunto da vida social em qualquer canto do globo terrestre. O
aumento do número de pessoas idosas constitui-se em uma realidade inexorável.
Não há em nenhuma parte de nosso ambiente geográfico que, em alguma medida,
não esteja vivenciando a presença cada vez maior de demandas postas pelo
envelhecimento humano. Mas será que essas demandas estão sendo atendidas
pelos governos e cidadãos? (Pitico, 2016).
Os autores Camarano e Pasinato (2004) colocam em discussão a
necessidade do conceito de idoso, pois, consideram que a classificação permite
distinguir idosos de não idosos e relacionam o conteúdo da classificação a um
determinado público. “A velhice, como as categorias etárias, étnicas, raciais ou de
gênero, é uma forma de segmentar e classificar uma população, mas também de
construir uma hierarquia entre diferentes segmentos assim constituídos” (DEBERT,
2011, p. 548).
Assim, não se pode perder de vista a importância de cada uma delas no que
concerne a uma percepção mais abrangente do indivíduo idoso, haja vista que o
processo de envelhecimento apresenta peculiaridades bem diversificadas. Por isso
que, os fatores envolvidos no envelhecer implicam uma multiplicidade de fatores
biológicos, sociais e emocionais que vislumbram a pessoa em sua individualidade.
Considerar isoladamente aspectos fisiológicos e psicológicos constitui uma
abstração uma vez que são processos interdependentes (NERI, 1991)
O Brasil possui a quinta maior população idosa do mundo, com cerca de
29,3 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Desse total, 69,9% são
independentes para o autocuidado e 30,1% têm alguma dificuldade para realizar
atividades da vida diária, segundo estudo de 2017 (Lima-Costa, MF et al, com base
em dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013). Dessa parcela, 17,3% tem muita
dificuldade com atividades instrumentais, que são aquelas diárias, como preparar
alimentos, cuidar da casa, se deslocar; e outros 6,8% apresentam dificuldades com
atividades básicas, como vestir-se e alimentar-se. Preocupa também o avanço das
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doenças crônicas nessa população. Atualmente, entre os idosos de 60 a 69 anos,
25,1% tem diabetes, 57,1% foram diagnosticados com hipertensão, além de a
maioria estar com excesso de peso (63,5%) e 23,1% com obesidade. (Ministério da
Saúde, 2017).
Estas mudanças físicas, psicológicas e sociais alteram a maneira do idoso
se relacionar consigo mesmo, com os outros e com o ambiente. Segundo pesquisa
encomendada pela empresa Senior Concierge para a MC15 Consultoria, 49% dos
idosos se preocupam em ser um peso para a família. Eles esperam ser tratados
como qualquer adulto com capacidade de discernimento e poder de decisão, e
ficam incomodados quando as pessoas os tratam como crianças, tomam decisões
sem os consultar ou ignoram a sua própria vontade. (EXAME, 2016). Este é um
processo natural, progressivo e irreversível, que provoca modificações
morfológicas, fisiológicas e bioquímicas que se manifestam tanto por mudanças
corporais externas como flacidez muscular, rugas, entre outros, quanto internas,
alterações no metabolismo basal e funcionamento irregular de órgãos vitais. Muitas
vezes, essas transformações orgânicas comprometem o funcionamento as
capacidades físicas, relacionando novas fragilidades, inclusive psicológicas e
comportamentais (MORAES, 2008).
As modificações fisiológicas que se produzem no decurso do
envelhecimento resultam de interações complexas entre os vários fatores
intrínsecos e extrínsecos e manifestam-se por meio de mudanças estruturais e
funcionais. Seja qual for o mecanismo e o tempo de envelhecimento celular, este
não atinge simultaneamente todas as células, tecidos, órgãos e sistemas (SOUSA,
2002).
Já o psicológico relaciona-se às modificações cognitivas e afetivas
transcorridas ao longo do tempo, mas o “[...] envelhecimento não é um processo
homogêneo. Cada pessoa vivencia esta fase da vida de forma diferente,
considerando sua história particular e todos os aspectos estruturais relacionados à
vida dela: classe social, gênero, etnia”. Homens e mulheres sofrem perdas,
preconceitos e estereótipos, mas os recursos com que contam para enfrentar a
velhice são distintos. (MINAYO; COIMBRA JR., 2002, p. 14).
No processo de envelhecimento, estão envolvidas, portanto, dimensões
psicológicas, influenciadas por fatores que contribuem para a percepção de
aspectos subjetivos, que irão determinar o enfrentamento e a qualidade de vida do
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idoso. Neste sentido, entende-se que o envelhecimento é marcado por
peculiaridades vivenciadas de cada indivíduo (MINAYO; COIMBRA JR., 2002).
Nem sempre os filhos têm a opção de dar total autonomia para os pais.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2015 pelo IBGE, indicam que
17,3% das pessoas acima de 60 anos apresentam limitações para exercer
atividades diárias como utilizar meios de transporte, cuidar do próprio dinheiro ou
fazer compras. Nesse estágio, a família que não se preparou para assumir a
responsabilidade de ajudar na manutenção de vida do idoso, é pega de surpresa. E
mesmo cuidados simples como levar para fazer compras no supermercado ou
acompanhar em uma consulta médica podem se transformar em uma tarefa
complicada para os filhos, devido ao excesso de trabalho e a vida agitada das
grandes cidades. (EXAME, 2016).
Pode-se inferir que é preciso haver uma mudança de valores, sobretudo no
que tange à imagem que a sociedade propaga dos idosos, de fragilidade e
dependência. Entre as necessidades dos idosos, está sim a iminência destes
serem incluídos nas decisões a seu respeito e na sociedade a qual fazem parte.
Pois, além das tradicionais representações que associam o envelhecimento ao
descaso, surgem novas imagens e práticas que atrelam o processo de
envelhecimento a novos hábitos, novos vínculos afetivos, satisfação pessoal, que
ampliam o entendimento de envelhecimento (SILVA, 2008).
Ter paciência e procurar compreender um familiar idoso é fundamental, pois
um bom tratamento e qualidade de vida contribui para o bem estar do idoso. As
políticas públicas também são de suma importância para o futuro do país, pois
cada vez mais a população vai envelhecendo e o país estando preparado para
essa etapa da vida humana faz muita diferença.

2.4 O Estatuto do Idoso

A Política Nacional do Idoso, Lei n. 8.842, de quatro de janeiro de 1994, tem


por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover
sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.
Instituído pela Lei 10.741 em outubro de 2003, o Estatuto do Idoso visa à
garantia dos direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos
(art. 1º). Aborda assim, questões familiares, de saúde, discriminação e violência
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contra o idoso. Também estabelece que: “O envelhecimento é um direito
personalíssimo e a sua proteção, um direito social, e é dever do Estado garantir à
pessoa idosa a proteção à vida e à saúde mediante a efetivação de políticas
públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade”.
Adota-se, assim nesta pesquisa, a definição de idoso que considera o critério
etário como marco do envelhecimento. É uma definição da Política Nacional do
Idoso, Lei 8.842, de 4 de janeiro de 1994, endossada pelo Estatuto do Idoso, Lei
10.741, de 1º de outubro de 2003, que define idoso como aquelas pessoas com 60
anos ou mais de idade (BRASIL, 2003).
Em 2012, a população com 60 anos ou mais era de 25,4 milhões. Os 4,8
milhões de novos idosos em cinco anos correspondem a um crescimento de 18%
desse grupo etário, que tem se tornado cada vez mais representativo no Brasil. As
mulheres são maioria expressiva nesse grupo, com 16,9 milhões (56% dos idosos),
enquanto os homens idosos são 13,3 milhões (44% do grupo), em contraste aos 15
milhões em 2003, quando foi promulgado o estatuto.
Segundo as projeções anteriores do IBGE (revisão 2013), o Brasil se
tornaria um país idoso em 2029, quando haveria 39,7 milhões de jovens (0-14 anos)
e 40,3 milhões de idosos (60 anos e mais). Nesta data, o IE seria maior do que 100,
ou seja, haveria 101,6 idosos para cada 100 jovens.
Mas com as novas projeções do IBGE (revisão 2018), o envelhecimento vai
ocorrer um pouquinho mais tarde, no ano de 2031. No ano 2010, havia 48,1 milhões
de jovens de 0 a 14 anos e 20,9 milhões de idosos com 60 anos e mais. O Índice de
Envelhecimento (IE) era de 43,4 idosos para cada 100 jovens, conforme mostra o
gráfico 2. Em 2018, o número de jovens caiu para 44,5 milhões e o de idosos subiu
para 28 milhões, ficando o IE em 63 idosos para cada 100 jovens.
O envelhecimento é uma característica humana. Como assegura o art. 8º da
Lei 10.741/2003, é um direito personalíssimo. Não obstante, sua proteção é um
direito social. Dessa forma, é obrigação tanto da sociedade, de modo, geral, garantir
a efetivação desse direito de forma digna. Mas também é uma obrigação do Estado
a efetivação de políticas que contribuam para a garantia desses direitos aos idosos.
O estatuto busca, assim, a persecução de princípios e direitos fundamentais à
vida humana. Entre eles, visa, principalmente, garantia da dignidade humana,
princípio consubstanciado na Constituição Federal em seu art. 1º, inciso III. E,
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consequentemente, assegurar a existência digna acerca da qual dispõe o art. 170,
CF. PAZ e GOLDMAN (2006) fala o seguinte:

Entendemos que o Estatuto do Idoso deve ser socializado, principalmente


entre os idosos, seus familiares e para os profissionais que lidam com eles,
mas também à sociedade em geral. Há algumas entidades como a Ordem
dos 20 Advogados do Brasil (OAB) e inúmeras iniciativas dos governos
federal, estaduais, municipais, Assembleias legislativas e câmaras
municipais que fazem circular exemplares do Estatuto, porém insuficientes
para prover a população. Alguns endereços eletrônicos disponibilizam o
conteúdo integral do Estatuto como o do Senado Federal, dentre outros,
mas uma parcela da população não tem acesso a recursos eletrônicos e
familiaridade em lidar com os mesmos. Inclusive os idosos que não foram
socializados com os impactos das novas tecnologias.

É de suma importância a divulgação desses direitos, bem como a atuação do


Assistente Social e demais profissionais que lidam com a pessoa idosa para
assegurar e garantir a efetivação dos mesmos e dispor de qualidade em seu
trabalho a favor do público idoso, pois se há outros estatutos que asseguram os
direitos de outros públicos da população, este também é necessário para se fazer
valer as leis que resguardam o idoso, pois “analisar a velhice como uma etapa
específica do ciclo de vida é essencialmente analisar a transformação das formas de
solidariedade e as transformações da família da qual emergem novas formas de
prestação de cuidados e gestão da velhice – que acompanhou o progresso do
capitalismo” (DEBERT, 1999).
O reconhecimento da condição da pessoa idosa na sociedade brasileira
supõe a garantia de esforços que promovam a cidadania, autonomia, integração e
participação efetiva do idoso na sociedade (SILVA; YAZBEK, 2014).

2.5 Atuação do Serviço Social e o Idoso

O Serviço Social constitui uma profissão inserida na divisão social e técnica


do trabalho, tendo como gênese as relações contraditórias entre capital e trabalho,
observadas no Brasil na década de 30, geradoras das expressões da questão social,
sendo esta última o objeto de trabalho deste profissional. A profissão passou por
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inúmeras modificações no processo histórico, e no seu princípio tinha caráter 197
caritativo, assistencial e benemerente; atrelado à religião impunha aos assistentes
sociais uma dimensão de missão caritativa de benevolência para com os em
situação de carência (IAMAMOTO, CARVALHO, 2008).
A política de atendimento ao idoso é realizada por meio do conjunto articulado
de ações governamentais e não governamentais da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, sendo linha de ação de atendimento políticas e programas
de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que necessitarem de
serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas de negligência, maus-
tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão (BRASIL, 2009). Infelizmente, ainda
existem tais práticas cruéis que ferem os direitos dessas pessoas, ora sendo
praticados por algum familiar da vítima, ora sendo por “lares geriátricos”.
Em relação ao direito à saúde o estatuto do idoso considera no Art. 15:

É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do


Sistema Único de Saúde - SUS, garantindo-lhe o acesso universal e
igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a
prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a
atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos
(BRASIL, 2009, p.13).

O exercício profissional com pessoas idosas integra dilemas éticos que urge
que o Serviço Social reflita, pois são cada vez em maior número as pessoas que
vivem sós, ou com doenças degenerativas e incapacitantes que as impedem de
exercer os seus direitos: liberdade, autonomia e participação. Cabe aos profissionais
debater e aprofundar os melhores princípios a seguir tendo em vista o bem-estar,
sobretudo daqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade ou fragilidade
social. (Carvalho, 2011).
Todos esses fatores contribuem para que o idoso tenha sua autoestima
afetada, muitos rejeitam o próprio envelhecimento em virtude da imagem que fazem
de si mesmo em decorrência das imposições sociais e que são perpetuadas pela
mídia. Para muitos idosos, a realidade de exclusão foi presente no decorrer de toda
a sua trajetória de vida e se acentuou ainda mais na velhice. Estas condições trazem
repercussões ainda piores, ao se pensar que na única fase que estes acreditavam
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alcançar a dignidade e respeito, tornam-se vítimas de um sistema opressor e
excludente (MINAYO; COIMBRA JUNIOR, 2011).
No entanto, tratar a velhice, da perspectiva da decadência física e da
ausência de papeis sociais, remete pensar na necessidade de uma socialização
progressiva da gestão do envelhecimento, que foi por muito tempo considerado
próprio da esfera familiar, bem como de instituições privadas ou filantrópicas. Porém
por questões culturais e até mesmo demográficas o tema de envelhecimento tornou-
se uma questão pública (DEBERT, 2000).
A intervenção do Serviço Social está atenta a esses problemas e
proporciona práticas sociais alternativas que valorizam as pessoas idosas dentro da
sociedade e dentro do grupo familiar: por exemplo, prestando informação sobre
direitos, incentivando a participação através de grupos de autoajuda ou promovendo
serviços de proximidade como o voluntariado (ONU, 1999, p. 85-86).
O planejamento e a adoção de medidas com amplitude de cobertura nas
“áreas da educação, saúde, assistência social, segurança alimentar, habitação,
trabalho e emprego, mobilidade e acessibilidade” se faz necessário para qualificar a
trajetória do idoso e das futuras gerações (SILVA; YAZBEK, 2014, p.109).
Os desafios principais vivenciados pelo Profissional do Serviço Social para a
garantia do idoso aos seus direitos estão mais relacionados à falta de recursos
humanos e financeiros; ao compromisso e respeito dos cuidadores; a não aplicação
do estatuto do idoso, além de falta de participação e conhecimento dos idosos na
luta dos seus direitos.
O Assistente Social deve dispor de condições adequadas e dignas,
asseguradas pelas instituições contratantes, que lhes permitam proceder à escuta,
reunião, aos contatos e encaminhamentos necessários à atuação técnica-operativa,
em cumprimento aos artigos 4º. e 5º. da Lei 8662/93, das competências e
atribuições profissionais (CRESS, 2019).
A realidade atual, cada vez mais, tem exigido do Assistente Social o
desenvolvimento de seu processo de trabalho junto a outros profissionais
(psicólogos, médicos, advogados, economistas, entre outros), de forma
interdisciplinar, desenvolvendo ações coletivas. Nesse contexto, o profissional é
desafiado a desenvolver sua intervenção profissional de forma a garantir que suas
habilidades e conhecimentos teórico-metodológicos, associados à sua sensibilidade,
lhe permitam uma interpretação certa da ação e realidade, dos processos sociais e
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de sua competência profissional, que o distinga dos demais, na qual as ações
relacionadas com as expressões da questão social são realizadas, preservando a
unidade da diversidade (KIST, 2008, p. 48).
O trabalho em equipe requer um processo de ajuste constante e diário entre
os vários profissionais. Este é uma prática construída no cotidiano e que envolve um
entendimento e disponibilização de cada um. A formação e capacitação de
profissionais identificados com a prática de atendimento ao idoso possibilitará uma
maior facilidade na sua constituição e desenvolvimento. A atuação multiprofissional
pode possibilitar melhoria na qualidade de atendimento aos idosos, pois:

Proporcionar cuidados à saúde do idoso significa propiciar-lhe atendimento


biopsicossocial preventivo. O idoso em abrigo, como pessoa especial (daí
tratamento personalizado), é o que necessita de cuidados multiprofissionais.
A entidade, se não dispuser de equipe específica para o atendimento
necessário, deve diligenciar um trabalho externo nas diversas áreas e
segundo as exigências de atendimento apresentadas pelo idoso (VILAS
BOAS, 2005, p. 122).

A Política Nacional de Assistência Social (PNAS), tem em suas diretrizes a


proteção social básica e proteção social especial, destinadas aos segmentos sociais
prioritários entre os quais se inclui os idosos(SILVA; YAZBEK, 2014).
O seu trabalho tem como principal objetivo responder às demandas dos
usuários dos serviços prestados, garantindo o acesso aos direitos assegurados na
Constituição Federal de 1988 e na legislação complementar. Para isso, o assistente
social utiliza vários instrumentos de trabalho, como entrevistas, análises sociais,
relatórios, levantamento de recursos, encaminhamentos, visitas domiciliares,
dinâmicas de grupo, pareceres sociais, contatos institucionais, entre outros (CRESS,
2019). Para que essas atividades sejam realizadas de forma qualificada há
necessidade de que:

Agentes conheçam o território; conhecer a realidade econômica e


sociocultural das famílias, as características da rede, as características de
organização e mobilização comunitária do território, promover a inclusão de
pessoas com deficiência, a superação de demandas identitárias
subalternizadas, especialmente as relacionadas ao ciclo de vida, as
questões de gênero, étnico-raciais e de orientação sexual. Devem ser
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concluídos com as famílias planos de ação que concretizem projetos de
vida, valorizem a cultura do diálogo e direitos, combatendo as formas de
violência, discriminação, estigmatização e estimulem praticas participativas
e solidárias (DORNELLES; AGUINSKY; PRATES; MENDES; SILVA;
SANTOS, 2009, p. 17).

A assistência social, pela mediação dos seus programas, pode criar


condições efetivas de participação de seus usuários e, ao mesmo tempo, a
emancipação dos seus assistidos, considerando que tem como objetivo previsto o
direito do cidadão e o dever do Estado como política de seguridade social não
contributiva. Tem como meta o provimento de mínimos sociais, realizada por meio
de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para
garantir o atendimento às necessidades básicas. Visa à proteção à família, à
maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e
adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a
habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua
integração à vida comunitária; a garantia de um salário mínimo de benefício mensal
à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a
própria manutenção ou tê-la provida por sua família. A assistência social ainda deve
realizar de forma integrada às políticas setoriais, visando o enfrentamento da
pobreza e o provimento de condições para atender contingências sociais e a
universalização dos direitos sociais. (BRASIL, 1993).
Mais do que qualquer indicação, cabe ao profissional um comprometimento
ético e real com a pessoa idosa, tendo interesse e empatia pela mesma, pautado em
conhecimento situacional e teórico que proporcione a garantia de respeito à
dignidade e valorização na ampliação de direitos coletivos referentes a uma vivência
saudável e digna. Enfim, o envelhecimento como processo natural em algum
momento perpassa a vida de todos, pois segundo Roberto (2002, p. 1) "a vida é o
bem fundamental do ser humano, pois sem a vida, não há que se falar em outros
direitos, nem mesmo os de personalidade".
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No Brasil, o número de idosos está crescendo de forma acelerada, devido à


redução da natalidade e aumento da expectativa de vida do cidadão. De acordo com
Berzins (2003), as projeções para o ano de 2050 apontam uma população idosa que
deverá superar a população menor de 14 anos. Segundo o IBGE (Censo 2000), a
maioria da população não alfabetizada no Brasil é composta por pessoas de idade
mais avançada, ou seja, idosos e adultos mais velhos, especialmente as mulheres,
os negros e afrodescendentes, os indígenas e os residentes nas áreas rurais e na
região Nordeste. 
Nessa situação, o Assistente Social que atua com idosos, encontra vários
desafios para fazer valer os direitos, entre eles: as políticas sociais fragmentadas e
insuficientes; a lógica capitalista de submissão das necessidades humanas ao
capital que incentiva o individualismo e a competitividade entre os indivíduos; a
naturalização das desigualdades sociais e a política local. Nessa perspectiva
Iamamoto (2010, p.149) reflete que “vale reiterar que o projeto neoliberal subordina
os direitos sociais à lógica orçamentária, a política social à política econômica, em
especial às dotações orçamentárias. Observa-se uma inversão e uma subversão: ao
invés do direito constitucional impor e orientar a distribuição das verbas
orçamentárias, o dever legal passa a ser submetido à disponibilidade de recursos.
São as definições orçamentárias – vistas como um dado não passível de
questionamento – que se tornam parâmetros para a implementação dos direitos
sociais implicados na seguridade, justificando as prioridades governamentais”.
Desde a Constituição Federal de 1988, o Brasil vem avançando no
desenvolvimento de políticas públicas e de instrumentos de ação voltados para a
população idosa. Como síntese das garantias constitucionais no campo das políticas
destinadas ao público idoso, foi promulgada em 1994 a Política Nacional do Idoso,
lei nº. 8.842, que traz no seu artigo 1º como objetivo a necessidade de se “assegurar
os direitos sociais do idoso, criando condições para prover a sua autonomia,
integração e participação efetiva na sociedade” (BRASIL, 1994). Entretanto, o
Profissional do Serviço Social necessita constatar não somente seus limites, mas
também suas possibilidades para efetivar os direitos sociais dos idosos e promover
a independência e autonomia na vida social e luta por seus direitos, pois só assim,
poderá haver mais inclusão do idoso junto à sociedade.
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