___________________________________________________________________
São Luis - MA
2022
KARLA RAFAELA SILVA GALVÃO
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO
CONTEXTO FAMILIAR
São Luis - MA
2022
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
This work addresses the issue of domestic violence against children and adolescents
in the family nucleus, as a violation of their human rights. To deal with violence,
especially domestic violence, it is necessary to involve relevant issues about the
family and different professionals who interact with children and adolescents. Based
on this, it is pointed out that family violence against this public presents itself, in the
current context, as one of the main expressions of the social issue. However, it does
not represent a phenomenon constructed at the present time; this form of violence is
revealed throughout the history of childhood and adolescence on the world stage,
being permeated by cultural and structural values that contribute to the confirmation
of cycles of violence that permeate history and are currently asserted. In its different
faces, physical violence, neglect, sexual violence and psychological violence, a
problem that has been demanding from society, from professionals working in the
area and, in general, from the various governmental spheres, not only the affirmation
of its existence, but, mainly, actions that can reduce its consequences and contribute
to its elimination. In this sense, the present work aims to discuss the problem of
family violence against children and adolescents, pointing out, for that purpose,
concepts that facilitate its understanding, its main characteristics and expressions, as
well as contextualizing the panorama of this violence in the family context. In the
research methodologies were applied in the development of the literary review was
the bibliographic research and in the constructive practices of the theme based on
principles of reflection-action, dialectical, qualitative and descriptive was applied. As a
justification, it shows that the approach to domestic violence is a matter of paramount
importance for the contemporary social debate, and it needs to be worked
assiduously from emerging demands from the context of life of the target population
in order to strengthen the fight and call for society's attention to this blatant
controversy regarding the need to subsidize more plausible means of preventing and
rooting out this type of violence, as well as others.
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10
2 CONCEITOS DE INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA.................................................12
2.1 Infância.................................................................................................................13
2.2 Adolescência........................................................................................................15
3 ALGUNS ASPECTOS ACERCA DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA INFANTIL........18
3.1 Contextualizando a violência doméstica no âmbito familiar................................21
4 OS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE...........................................29
4.1 Proteção dos direitos das crianças e adolescentes no Brasil..............................29
4.2 A Constituição Federal de 1988...........................................................................35
4.3 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)......................................................37
4.4 Dos demais mecanismos de proteção à criança e ao adolescente.....................39
5 CONCLUSÃO.........................................................................................................45
10
1 INTRODUÇÃO
fenômeno em si.
Assim sendo, para compreender as mudanças relativas aos direitos voltados
às crianças e aos adolescentes no contexto brasileiro, faz-se indispensável refletir os
conceitos de infância e adolescência, pontuando as especificidades inerentes a
estas fases da vida e a importância de compreendê-las, no intuito de promover a
proteção integral a estes sujeitos.
2.1 Infância
A infância, como etapa da vida humana, tem sido objeto central de diferentes
visões e pesquisas. Baseado nesse viés, vem sendo estudada e discutida em
diversas áreas do campo científico na atualidade. Além das ciências biológicas, que
determinam as fases e o estudo da vida, destacam-se, principalmente, as ciências
sociais e humanas, ao entender o ser criança como um sujeito histórico e de direitos,
partindo como eixo investigativo do registro de suas "falas”, as quais vão originar as
relações entre sociedade, infância e demais elementos fundamentais de sua
formação, que conforme Kuhlmann (2012) explica,
Diante dessa análise, segundo Corsaro (2003, citado por MAIA, 2012 )
reforça, pode-se afirmar que a busca pela interpretação das representações infantis
de mundo é um objeto de estudo relativamente novo, visando à compreensão
multifacetada do processo de construção social da infância e o papel destacado que
a escola vem desempenhando diante desta invenção da modernidade, ou seja, do
conceito de infância.
Considerando que os primeiros anos de vida de uma criança exigem
cuidados e educação de excelência, a infância não pode mais ser considerada
apenas como um período definido biologicamente como parte do início da vida, mas
sim, produto de uma construção cultural, social e histórica, distinta em períodos por
diferentes representações.
Ainda se apoiando nos estudos de Corsaro (2003), todo o cuidado
14
A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte
de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma
determinada cultura, em um determinado momento histórico. [...] As
crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres
que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações
que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhe são próximas e com
o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender
o mundo em que vivem as relações contraditórias que presenciam e, por
meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão
submetidas e seus anseios e desejos. (BRASIL, 1998, p. 21).
Desse modo, fica nítido que a criança é um ser humano que ainda não
chegou à fase da puberdade. É, portanto, uma pessoa em uma fase especifica,
ainda muito jovem. Em um sentido mais amplo, a infância contempla todas as idades
da criança: do bebê à pré-adolescência. O desenvolvimento da criança abrange todo
um conjunto de aprendizados que serão as chaves para compreender diferentes
contextos mais tarde, quando adulto. Portanto, a fase da infância tem como um
importante ponto a educação, concretizada tanto na família, na sociedade, como na
escola.
Durante os primeiros anos de sua vida, a criança deve desenvolver sua
curiosidade sobre o mundo, sua linguagem e depois aprender a ler e escrever
15
seguindo os ciclos da vida, coloca Maia (2012). Desse modo, com o tempo, a
educação da criança pertence não apenas aos pais, mas também à escola, onde
adquire o conhecimento que a sociedade considera essencial para o
desenvolvimento e o treinamento das pessoas. Durante esse processo educacional,
a criança assimila os valores de sua cultura e a concepção em vigor de moralidade e
ética (MAIA, 2012).
Baseado nesse contexto, compreende-se que infância é assim, uma fase
que exige proteção integral, seja, quando é apenas um bebê e depende
completamente de outro ser humano para viver. Ou quando se torna um pouco
maior quando necessita desenvolver habilidades de socialização, valores e
diferentes competências solicitadas para que exerça sua cidadania nas fases
seguintes.
2.2 Adolescência
próprio, mas ao mesmo tempo sente algo novo que se aproxima e do qual ele não
pode escapar.
A mudança para a criatividade ou destrutividade depende dos próprios
recursos narcísicos, autoestima e também a qualidade das reuniões com pessoas,
expressa Ribeiro (2011). Os efeitos do paradoxo dessa fase da vida, portanto,
variam de acordo com a confiança de que os adolescentes dão às suas capacidades
individuais e seu apoio relacional. A maioria dos adolescentes não têm motivos para
duvidar de seus pontos fortes ou da qualidade dos vínculos com seu ambiente,
sobre isso Ribeiro coloca que: o paradoxo é resolvido sem dificuldade real, graças a
comportamentos exploratórios e criativos.
Ainda, segundo algumas pesquisas, assumir riscos como fumar, fazer uso
de álcool ou de excesso de velocidade, pode acontecer como parte do
desenvolvimento normal do adolescente, que está em conflito com o crescer e
assumir responsabilidades. E apresenta-se como elemento que deve, se estiver
ocorrendo dentro do limite do salutar, passar sem maiores danos.
Diante desse entendiemnto, compreende-se que na sociedade
contemporânea é que parece oferecer um leque de possibilidades, na verdade há
uma acentuação da dificuldade das escolhas a serem feitas pelos adolescentes. E
este elemento aumenta seus momentos de dúvida, hesitação e vulnerabilidade
social.
Portanto, diante disso, o adolescente se sente, muitas vezes, confuso, e
assim, necessita de orientação e proteção de sujeitos capazes: da família, da
sociedade e do Estado. A proteção deve ser garantida à todos os seus direitos, para
que seu desenvolvimento ocorra da melhor forma possível.
18
[...] todo ato ou omissão praticado por pais, parentes ou responsáveis contra
crianças e/ou adolescentes que sendo capaz de causar dano físico, sexual
e/ou psicológico à vítima implica de um lado numa transgressão do
poder/dever de proteção de adulto e, de outro, numa coisificação da
infância, isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes têm
de ser tratados como sujeitos de direitos e pessoas em condição de
desenvolvimento (AZEVEDO e GUERRA, 1995, p. 36).
[...] todo ato ou omissão praticado por pais, parentes ou responsáveis contra
crianças e/ou adolescentes que sendo capaz de causar dano físico, sexual
e/ou psicológico à vítima implica, deum lado, numa transgressão de
poder/dever de proteção do adulto e, de outro, numa coisificação da
infância, isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes têm
de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de
desenvolvimento.
estes fatores, destaca-se que uma gravidez não aceita torna mais difícil o
estabelecimento de laços de afetividade entre adultos, crianças e adolescentes.
Com isso, pode surgir o isolamento familiar onde as famílias mostram-se resistentes
em inserir socialmente seus filhos, gerando assim possíveis conflitos entre o casal.
Características dessa natureza, podem interferir, muitas vezes, na unidade familiar,
passando a delinear relações familiares conflituosas, onde acriança ou o
adolescente está incluído também a falta de diálogo que fragiliza o relacionamento
entre pais/responsáveis e filhos, proporcionando brechas para a configuração do
abuso de poder e do autoritarismo, comprometendo os princípios de confiança e
segurança, necessários nessa relação.
Outros fatores que podem contribuir para a emergência da violência no meio
familiar são o desemprego, a precarização das condições de trabalho e as dívidas
constantes que trazem à tona sentimentos como frustração e angústias, e muitas
vezes, o estresse, interferindo decisivamente nas relações familiares e
proporcionando situação em que a violência pode se manifestar. Fatores que, de
maneira alguma, justificam atos dessa natureza, principalmente contra pessoas que
não podem se defender.
O estilo de vida que não leva em consideração os filhos, onde o tempo no
cuidado destes é insuficiente e onde há ausência física, moral ou simbólica dos
pais/responsáveis, podem ser apontados também como fatores no acometimentos
dessa violência. O que, por um lado, caracteriza a conjuntura neoliberal e de
globalização em que se vive, a qual exige maior disponibilidade para o trabalho e,
por outro, revela a banalização das relações interpessoais, tanto no meio familiar
quanto no meio social, e o abuso de substâncias lícitas (álcool) ou ilícitas como por
exemplo a cocaína, maconha, entre outras, que podem desencadear
comportamentos violentos, tendo em vista que abre espaço para condutas
antissociais.
Para enfrentar essas violências, se faz relevante realçar as políticas já
existentes que precisam ser urgentemente fortalecidas, para que assim se possa
construir respostas favoráveis em favor ao público infantil e que reduzam as
violências sofridas por eles, bem como aquelas que são alimentadas e praticadas no
contexto familiar de maneira frequente.
No que tange as causas, de acordo com uma publicação da Revista do
Conselho Nacional de Saúde realizada em 2020, estão em destaque as violências e
25
Sobre as consequências na vida das vítimas, que são ainda piores, 60%
responderam que a violência doméstica causa traumas para o resto da vida; 10%
culpa, sentimento de vingança contra o agressor, 20% depressão, agressividade,
baixa autoestima e 10%mudança de comportamento, rebeldia. (IPEA, 2020).
Segundo Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social Indagados
se acreditam que a criança ou adolescente, ao sofrerem algum tipo de violência
doméstica revelam a alguém, 60% disseram que não, pois a vítima tem medo,
vergonha, se cala, sofre ameaças do agressor e 40% responderam que sim, a vítima
conta a alguém de sua confiança. (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 2020).
28
4.1 Proteç
ão dos direitos das crianças e adolescentes no Brasil
O Brasil fez um grande esforço para melhorar a proteção dos direitos das
crianças e adolescentes, com bons resultados em diferentes áreas, como educação,
mortalidade infantil e pobreza. No entanto, é importante frisar que estes resultados
podem ser revertidos com muita facilidade e é indispensável está sempre atento,
fiscalizando o que tem sido feito ou não e o que ainda pode-se melhorar.
Na enfase dessas palavras, Lister (2003, p. 34) aponta que as
particularidades culturais de uma nação e também uma variedade de divisões, como
classe, gênero e etnia são elementos importantes da cidadania vivida e do cidadão
em treinamento e devem ser levados em consideração na criação e
desenvolvimento de políticas públicas.
O Brasil avançou em suas políticas públicas voltadas para as crianças e
adolescentes a partir do proposto na Convenção Internacional sobre os Direitos da
Criança aprovado pela ONU em 1989 e assinada e retificado pelo país em 1990.
Com a promulgação do Decreto nº 99.710, consta a concepção de proteção integral
e a defesa dos princípios propostas na convenção:
Observa-se com esse argumento que, no país, que a proteção dos direitos
de meninas, meninos e adolescentes está diretamente relacionada à ideia de
sistema. O sistema representa um conjunto interdependente de atores estatais e
sociais, entre os quais o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que
ocupa um papel de destaque na representação e luta pela defesa dos direitos das
crianças e adolescentes. Segundo Perez e Passone (2010) um sistema de proteção
abrangente requer que esse conjunto de atores esteja articulado e interagindo na
busca pelo gerenciamento da política pública que possibilite a garantia desses
direitos.
No que se refere as conquistas com bons resultados, como já pontuado,
tem-se que na educação, o Brasil avançou na inclusão de estudantes (crianças,
adolescentes e até adultos) na educação básica. No entanto, os pobres, os afro-
descendentes e os indígenas continuam em situações de maior exclusão escolar
(PEREZ; PASSONE, 2010). Todavia, esses índices têm caido ano após ano, num
31
Das mais de 100 mil escolas rurais que existiam no brasil em 2002, 17 mil
foram fechadas, segundo pesquisa da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar). enquanto isso, as matrículas no ensino médio aumentaram de
289.101 mil para 359.353 mil, segundo o censo escolar.
Para que estes direitos sejam contemplados, segundo o artigo 54, o ECA
também estabelece os deveres do Estado, que são eles:
1
é o braço nacional da World Childhood Foundation, organização criada em 1999, por S. M. Rainha
Silvia da Suécia, com o objetivo de defender os direitos da infância e promover melhores condições
de vida para crianças em situação de vulnerabilidade em todo o mundo.
41
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
FALEIROS, V.P. O Que é Política Social? Coleção: Primeiros Passos. São Paulo:
Brasiliense, 1996.
INSTITUTO LADO A LADO PELA VIDA, saiba o que é uma pandemia. Disponível
em: Acesso em: 15/09/2022.
MENEZES, AJ, Sales MCV. Violência contra crianças no cenário brasileiro. Cien.
Saude Colet 2018; 21(3):871-880.
Sites consultados:
www.brasil.escola
www.folha de São Paulo.
Revista: Proteja Brasil - Tipos de Violência (UNICEF)