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CONCURSO DE REDAÇÃO

1° colocado: Isabella Yumi Vieira Yoshioka

"Ikigai”. Uma palavra japonesa, que significa, em tradução aproximada,


"razão de viver”, “aquilo que te faz levantar todos os dias”. Para o povo japonês, o
simples termo exprime o grande segredo da felicidade e longevidade dos idosos no
país. No cenário do Japão, os mais velhos são vistos como exemplos, devido a
educação milenar de respeito e valorização dos idosos dentro da sociedade.
Entretanto, em outras culturas e países, essa prática não se mostra tão frequente.

Idosos de todo mundo convivem constantemente com o etarismo, o


preconceito associado a estereótipos relacionados à idade. Por muitas vezes, eles
se veem infantilizados ou descredibilizados, recebendo rótulos que pendem a uma
ideia de perda cognitiva ou falta de conhecimento sobre as atuais transformações
do mundo. Infelizmente, essa discriminação pode distancia-los de seus ciclos de
convivência, por se sentirem julgados ou excluidos, o que ,consequentemente,
aumenta as taxas de depressão e solidão entre esse grupo etário.

A partir dessa análise, cabe o questionamento: Como reverter esse cenário?


A principal estratégia para garantir a diminuição das taxas de etarismo, seria
proporcionar ambientes, sendo escolares, empresariais, ou até online, de integração
entre as diferentes gerações. Afinal, preconceitos surgem devido ao estranhamento
daquilo que é diferente ou desconhecido. Ou seja, uma vez que esses grupos
tenham a oportunidade de se aproximar, os mais novos poderão desenvolver uma
mente mais aberta, e verão como as diferenças não são ruins, e inclusive podem
torná-los ainda melhores. A troca de conhecimentos e experiências, ocasionará em
momentos de grandes aprendizagens e demonstrará que, apesar da idade, há
habilidades e valores dos idosos que ainda podem ser aplicados nos tempos atuais.
Mudanças assim, inclusive, já estão acontecendo. Diferentes empresas vem abrindo
cargos de trabalho para o segmento mais velho da população, tanto por serem mais
assíduos e prudentes, como por permitirem o convívio entre as diferentes idades.

Dessa maneira, todos os idosos poderão praticar aquilo que é sua “razão de
viver”, seu “ikigai”, o que os torna felizes e vigorosos. Isso, sem o constante medo

de não se enquadrarem ou serem considerados “velhos demais” para isso. Afinal de


contas, quem é velho demais para fazer aquilo que ama e ser respeitado por isso?

Referências: Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) e #Atualiza: “Guia de boas


práticas de combate ao etarismo”. Outubro, 2021. Disponível em:
https://aba.com.br/wp-content/uploads/2021/10/Guia-Combate-Etarismo-ABA1.pdf

2° colocado: Maria Júlia Gomes Fonseca

Os discípulos de Aristóteles, conhecidos como peripatéticos, caminhavam para ampliar a


capacidade de percepção e reflexão sobre o mundo. Na contemporaneidade, essa
metodologia pode ser útil para discussões como o etarismo, situação de preconceito e
desrespeito aos direitos do cidadão idoso. Sendo assim, percebe-se a necessidade de
transitar pelas causas que sustentam o problema, como valores sociais e esferas
governamentais.

Destaca-se, em primeiro lugar, o preconceito contra pessoas baseado na idade. Segundo o


sociólogo francês Émile Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e pensar,
dotada de coercitividade em relação ao preconceito. Segundo essa linha de pensamento,
observa-se que a discriminação etária pode ser encaixada na teoria desse indivíduo, uma
vez que a sociedade não age de maneira coletiva em relação em bem-estar do idoso.

É indubitável, além disso, que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as
causas do problema. De acordo com o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser utilizada
de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade, algo desafiador
no cenário do etarismo, visto que tal atitude, de egoísmo e preconceito, gera inúmeras
consequências, como diminuição da autoestima, aumento da solidão e até mesmo
depressão.

Desse modo, evidencia-se a importância do reforço da prática da lei como forma de


combate ao etarismo.

Entende-se, portanto, a necessidade de medidas para reduzir o problema. Para isso, a


escola, formadora de cultura e cidadania, deve elaborar projetos educativos sobre etarismo,
por meio de aulas especiais sobre discriminação etária, para que haja mudança no
comportamento cultural do cidadão. Ademais, o Governo Federal, gerenciador do país,
deve propor um plano de implementação legislativa para essa discriminação, com o
propósito de alertar a população sobre as consequências de tal ato. Feito isso, haverá,
gradativamente, o equilíbrio social proposto por Aristóteles.
3° colocado: Helena Siqueira Martins
4° colocado: Lais Bedin Siebel
5° colocado: Gabriela de Almeida Hammerschmidt

Estar idoso pode ter muitos significados, como sentir-se sábio, saudável, fortalecido,
autônomo, triste, solitário, isolado, derrotado... quando os sentimentos são potencialmente
negativos pode-se estar diante do etarismo. Esta discriminação, preconceito e aversão
contra as pessoas idosas, pelo simples fato de serem idosas, divide a sociedade,
enfraquece o coletivo, separa famílias e gerações. O etarismo se manifesta de diversas
formas, principalmente em locais com desigualdade social.

A inversão quanto a valorização das pessoas idosas como utilidade, mercadoria ou


funcionalidade, esconde a pior carência do ser humano, impossibilitado de compreender
que todos que respiram brevemente vão vivenciar esta etapa do ciclo de vida. Trata-se de
erro gravíssimo negar a existência do etarismo na sociedade, pois esse reconhecimento,
por humanidade exige ação.

Ao olhar as pessoas idosas como o futuro, percebe-se a esperança no amanhã, mediante


mudanças imediatas para melhorias que revelarão o futuro eu. Acreditando nesse “segredo
futuro”, aos meus 14 anos desenvolvo ações de integração entre gerações, prezando pelo
direito de todos envelhecer com dignidade. Acredito que as transformações envolvem ações
individuais, quando somadas promovem práticas coletivas fomentadoras do viver em
espaços integrados. Devemos aproveitar o momento demográfico em que muitas pessoas
idosas convivem ao nosso redor, historicamente poucas gerações tiveram este benefício.

A invasão, conquista e inclusão das pessoas idosas nas redes de relações dos
adolescentes, possibilita visualizar compreensões de mundo, comportamentos, histórias e
trajetórias, emergindo sentimentos de respeito, admiração e compreensão.

Os benefícios obtidos com a vivencia próxima aos idosos, estimulam comportamentos de


promoção a cultura do envelhecimento, possibilitando releitura da história que assombra o
futuro inconcluso, excludente e desmotivador.

Com 1/4 da idade dos idosos, vivendo dias em que se valoriza a velocidade, aparência,
imediatismo, tenho coragem de escrever que precisamos abandonar esta imprudente
concepção de separação, em que adolescentes são um grupo e idosos outro. Estamos
todos juntos neste planeta, a união nos tornará mais fortes, potencializará a vida e as
relações. A geração de adolescentes deve ser representante da cultura do envelhecimento,
devemos isso a nossa ancestralidade. Vamos refletir, olhar no espelho da vida, agir hoje é
projetar o amanhã!
6° colocado: Larissa Silva Sakai
7° colocado: Gabriel Henrique Vasconcelos Gonçalves

Após as revoluções industriais ocorridas a partir do século XVIII, marcadas pelo aumento da
produção, criou-se uma noção de invalidade atribuída aos idosos, pelo fato desses serem
incapazes de adequar-se totalmente ao sistema. Tal ideia, embora possua suas raízes há
mais de dois séculos, ainda permeia as relações sociais da atualidade, visto que indivíduos
de idade avançada sofrem com o preconceito e a discriminação. Logo, é de extrema
importância analisar os fatores que permitem a ocorrência dessa prática e as suas
consequências dentro do tecido social.

Em primeira análise, é importante ressaltar que as frágeis relações familiares contribuem na


permanência desse impasse. Na maioria das ocasiões, indivíduos que possuem
experiências desgastadas com a família no passado sofrem de abandono e maus-tratos na
velhice, sendo tratados com indiferença e sem os devidos cuidados. Além disso, com a
chegada da melhor idade, é sempre destacada a perspectiva de incapacidade, fraqueza e
dependência da pessoa idosa, o que alimenta essa prática discriminatória.

Ademais, as vítimas do problema podem ter sua saúde mental impactada. A partir do
momento que é atribuída uma carga negativa sobre elas, essa parcela da população acaba
sentindo-se inferior às outras pessoas, podendo até mesmo adquirir quadros de depressão
severa. Já no âmbito financeiro, o etarismo está presente na recusa das empresas à
contratação de funcionários mais velhos, enxergando-os como incompetentes e fracos
(tanto físico quanto mentalmente) para realizar determinada função.

Portanto, verifica-se que medidas devem ser tomadas para combater esse preconceito tão
arraigado na sociedade. Dessa forma, os órgãos legislativos devem atuar na criação de leis
que condenem essa prática, uma vez que essa discriminação raramente recebe punições.

Outrossim, as mídias, principalmente as redes sociais, devem destacar a experiência dos


idosos e a sua importância, visando ao menos diminuir a ocorrência desse tipo de
atitude. Somente assim, poder-se-á alcançar um convívio pleno, justo e mais
igualitário.
8° colocado: Maria Luiza Godoi Oliveira

Ao analisar o atual cenário brasileiro, é notório um massivo número de abandono de idosos,


os quais são negligenciados não apenas pelo Estado, mas também pela sociedade,
comprovando, assim, que as relações sociais são voltadas para um egoísmo contra essa
parte da população. O médico Robert Neil Butler, defensor dos direitos dos idosos, cunhou
e desenvolveu o termo Etarismo, a fim de ressignificar o preconceito dirigido a pessoas
idosas e o descreve como “Um processo de estereotipação sistemática e discriminação
contra pessoas por elas serem velhas”.

No entanto, mesmo com diversos estudos e reflexões nessa área, o problema ainda
persiste. De início, é válido ressaltar que os idosos, em sua grande maioria, são
inferiorizados pela coletividade, sendo vítimas constantes de piadas, infantilização e
atitudes de exclusão em decorrência de sua idade. Esse preconceito é muito bem retratado
no filme “O curioso caso de Benjamin Button”, de David Fincher, no qual o personagem
principal nasce com 80 anos e rejuvenesce ao longo do tempo, sendo possível observar a
exclusão que passou enquanto idoso, tendo de esperar o rejuvenescimento para que
pudesse se relacionar com o amor de sua vida.

Logo, é fato que todo esse cenário retratado na obra de Fincher pode ser intimamente
articulado com a realidade das pessoas que vivem na atual sociedade, sobretudo quando
buscam técnicas de rejuvenescimento para viverem determinados momentos da vida.
Ademais, é evidente a invisibilidade e até mesmo a irrelevância com que alguns idosos são
tratados no cotidiano. No âmbito profissional, por exemplo, a taxa de contratação de idosos
é extremamente baixa; mesmo que estes tenham competência para cumprir com as
obrigações de um cargo, acabam enfrentando maior resistência na seleção, apenas por
pertencer a uma faixa de idade avançada. Tamanha discriminação etária resulta em sérios
problemas psicológicos a suas vítimas, podendo causar até mesmo morte precoce.

Portanto, é essencial que haja medidas para que o etarismo seja minimizado. Desse modo,
cabe ao Ministério Público, responsável pelo bem-estar da população, promover ações
como palestras de conscientização que visem a reduzir o preconceito contra idosos. Tal
projeto deve ser promovido em escolas e lugares abertos ao público, além de campanhas
publicitárias divulgadas em redes sociais, como Instagram e Facebook, que alcançam um
maior número de pessoas, a fim de orientar a população sobre esse mal mascarado e
diminuir, principalmente, o sentimento de inferioridade das vítimas. Feito isso, os direitos
dos cidadãos poderão ser assegurados na prática e os conceitos de Butler, seguidos.
9° colocado: Rafaela Bortolotto Zolet

O Etarismo é um tema pouco falado, mas muito presente na sociedade,


como podemos ver no filme estreado pela HBO: “Os Estagiários”, em que os
dois protagonistas são convidados a participar da triagem de funcionários da
empresa Google. Eles, durante as provas, são julgados incapazes pelos jovens
por serem “muito velhos”. Esta representação não está só fazendo uma crítica
social, como está mostrando a todos que há um estigma contra idosos na
sociedade, assim, desvalorizando-os.

Seguindo essa linha de pensamento, indaga-se: “Velhice, doença de


vida ou bagagem de experiências? ”. Assim como citado pelo filósofo
Aristóteles “Velhice não deveria ser entendida como doença, pois não é algo
contrário à natureza”. Ou seja, pode-se perceber que há muitas pessoas que
tratam a velhice como uma doença e, com isso, acabam criando um
preconceito em cima dela, afetando mentalmente e comportamentalmente, os
indivíduos que estão o vivendo.

Levando em conta o observado, a neuropsicanalista Priscila Gasparini


Fernandes diz: “O estereótipo de que a idade é um problema afeta muito a vida
dos idosos, o medo de falhar e ser julgado faz com que eles se afastem do
convívio social”. Provando, assim, a tese de que esses estigmas podem sim
causar efeitos profundos na mente de quem o sofre, tais como depressão e
isolamento social. Com essa exclusão, encontram-se mais idosos com a saúde
mental prejudicada, o que mais tarde pode desencadear em mais preconceito
ainda.

Tendo isso em vista, faz-se papel do governo junto com o Estatuto do


Idosos criarem oportunidades de troca de experiências para acabar com o
estigma. Isso pode ser feito por meio de encontros de gerações e palestras
vindas principalmente por parte dos idosos, com objetivo de suprir a
negligência causada pela sociedade. Desta forma, os lares de idosos não
estariam tão cheios. Por fim, assim como no filme “Os Estagiários”, dar uma
chance aos idosos muitas vezes pode trazer conhecimentos surpreendentes.
10° colocado: Júlia Beatriz Cunha de Farias

A princípio, o etarismo - preconceito contra os idosos, simplesmente pela idade que


possuem - é um mal latente na sociedade brasileira atual, e um comportamento que logo
deve ser mudado. Nesse sentido, tal situação, de maneira errônea, afeta a dignidade e a
vida de qualidade da população mais velha, os quais são direitos assegurados pelo
documento de maior valia no solo nacional: a Constituição Federal de 1988. Logo,
fatores como o saneamento etário nas instituições brasileiras, e a precariedade na inclusão
dos idosos na comunidade são mazelas sociais que contribuem para o infeliz fortalecimento
do etarismo no país.

Diante desse contexto, atualmente, o saneamento etário é o corte de trabalhadores idosos


das instituições brasileiras, isso devido a ideias preconceituosas de que a idade determina o
desempenho e a qualidade profissional. Nesse viés, há uma exemplificação da negligência
social causada pelo etarismo, e o fatal comprometimento do bem-estar -nesse caso, dos
idosos- que, segundo o filósofo contemporâneo Thomas Hobbes, deveria ser assegurado
pelo Estado. Portanto, tendo em vista a dimensão do problema e a maneira como ele,
cruelmente, atinge os mais velhos cidadãos, é evidente que esse preconceito representa
um “tiro” no calcanhar de Aquiles da comunidade envelhecida: a vida digna e de qualidade.

Além disso, com o inesperado advento da pandemia, iniciada em 2020, verificou-se a


necessidade de adaptação dos ambientes laborais, como através do forte uso da
tecnologia. Sendo assim, com isso, tem-se o fatal comportamento discriminatório por meio
das empresas, uma vez que os idosos não foram ensinados e integrados ao mundo digital
de seus ambientes de trabalho, sendo, dessa forma, cruelmente esquecidos e deixados à
margem do entrave, juntos de suas excelentes habilidades profissionais. Essa situação, em
resumo, é uma realidade descrita na obra Modernidade Líquida, do sociólogo Zygmunt
Bauman, a qual afirma que, na atualidade, as relações sociais, econômicas e de produção
são frágeis, fugazes e maleáveis, tal qual os líquidos; ou seja, a empatia é um sentimento
raro por parte dos cidadãos, lamentavelmente.

Assim sendo, o Governo Federal - tendo em mente o seu dever de garantir o bem-estar
social -, em parceria com o Ministério das Comunicações, deve criar propagandas
televisivas que reforcem, diariamente, a importância de valorizar a contribuição do idoso na
sociedade e nas empresas, haja vista suas excelentes habilidades. Isso deverá ocorrer por
meio da destinação correta e eficaz da verba vinda dos impostos pagos pelos cidadãos.

Desse modo, o péssimo comportamento preconceituoso de etarismo será, pouco a pouco,


acabado, e a vida de qualidade assegurada pela Carta Magna se tornará uma realidade
para todos, inclusive os idosos, parcela importantíssima da comunidade brasileira.

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