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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO III

ANA JÚLIA DIAS ALVES (12121PSI012)

Roteiro de Entrevista Teoricamente Fundamentado

Uberlândia

2024
Segue o Roteiro de Entrevista a ser realizado com pessoa idosa integrante de uma Instituição
de Longa Permanência (ILPI): (As perguntas começarão depois de uma familiarização
inicial).

01 – Qual seu nome? Quantos anos o/a senhor(a) tem? - Questões de identificação geral, para
coletar os dados mais simples e fundamentais.

Eixo temático - Políticas públicas, trabalho e aposentadoria da pessoa idosa:

02- Ao longo da sua vida o/a senhor(a) teve algum trabalho ou atividade principal? Se sim,
conte-me um pouco sobre suas principais lembranças desse exercício. - A Psicologia
Histórico-Cultural entende que a atividade dominante ou principal é aquela que reflete a
maneira como o homem se relacionará com a realidade naquele momento e isso produzirá
muitos efeitos na vida do indivíduo. Dessa forma, é muito importante compreender a
atividade realizada e o modo como esse processo se dá, tendo em vista o impacto disso na
história do indivíduo. O trabalho é indispensável à existência humana, quaisquer que sejam as
formas de sociedade. (Reis e Facci, 2015)

03- A medida em que os governos e leis foram mudando, o senhor(a) percebeu alguma
alteração no seu trabalho/atividade principal? Em relação ao salário, oferta de emprego,
jornada de trabalho, etc. - Tendo em vista a organização capitalista e a implementação de leis
trabalhistas nesse sistema, existe uma grande influência do posicionamento político e do
momento histórico sobre as políticas públicas vigentes. Dessa forma, o trabalho do indivíduo,
independente de qual seja, está sempre atravessado por tais políticas e nem sempre isso é
identificado. (Reis e Facci, 2015)

04- O senhor(a) está aposentado(a)? Se sim, como foi, para você, se aposentar? (Um processo
fácil ou difícil) Se não, o que impediu esse processo? - O Estatuto do Idoso, instituído pela
Lei nº 10.741/2003, elabora sobre a importância do acesso à previdência social, buscando
assegurar que os idosos tenham acesso aos benefícios previdenciários de forma equitativa e
sem discriminação. Entretanto, é fato que o processo de aposentadoria depende muito de
questões socioeconômicas e, tendo em vista a importância desse aspecto legal na vida idoso,
é necessário compreender melhor as variáveis contidas no processo de aposentadoria.

Eixo temático: Relações familiares e afetivas do idoso

05- Quais são os valores familiares (união, cuidado, lealdade, etc) que você considera mais
importantes e gostaria de transmitir para as gerações mais jovens? - De acordo com Meneses
et al. (2013) a família é crucial para o idoso, já que é por meio desta que o longevo vivencia a
maior parte de sua experiência de vida, na qual se tem os atravessamentos de sua história e a
ligação com o passado. Tendo em vista o contexto delicado do entrevistado, ao perguntar
sobre os seus valores familiares talvez abra espaço para que conte um pouco sobre a sua
família, uma vez que essa foi a sua principal referência na construção desses valores.

06- O senhor(a) sente que as pessoas têm um maior respeito com a pessoa idosa? Existe um
cuidado e atenção especial? - A posição ocupada historicamente pelo idoso passou por muitas
transformações paralelas às modificações histórico-culturais. Nas tribos indígenas, os mais
velhos eram vistos como importantes sábios, anciões, e deviam ser muito respeitados e
zelados. Essa posição de respeito perdurou por muito tempo, mas foi abalada pela ascensão
do capitalismo superprodutivista, o qual associa o valor individual com o nível de
produtividade. De acordo com Whitaker (2010), os idosos não podem mais contar com o
apoio da extensa parentela que lhes garantia apoio e bem-estar, devem resolver a maior parte
dos seus problemas sozinhos, devem frequentar grupos de terceira idade e ler livros de
autoajuda, porque a depressão é ameaça constante, face às doenças que os ameaçam durante o
envelhecimento. Tal percepção, afeta muito a forma como os idosos sentem-se sozinhos e
sem uma rede de apoio.

Eixo temático: Processo saúde-doença-cuidado

07- O senhor(a) se considera uma pessoa com saúde? Por quê? - A concepção de saúde gera
muitas interpretações afinal o seu próprio conceito é múltiplo, dessa forma não é correto
correlacionar a velhice à ausência de saúde, tendo em vista as possibilidades de bem-estar
existentes nessa fase da vida. Quando a luta por uma perspectiva mais positiva da velhice
começou a ganhar forças, verificou-se uma divisão dos estudiosos em gerontologia que
mantinha de um lado os defensores da velhice como uma fase de perdas e de outro os novos
argumentos sobre este período com possibilidade da manutenção do engajamento ativo com a
vida. (Ribeiro, 2015). Seria interessante, então, ver a perspectiva do idoso sobre si mesmo.

08- Ao longo da sua vida, o senhor(a) pensava em desenvolver hábitos saudáveis para se
preparar para a velhice? Era uma preocupação para você? - Muitos estudos recentes abordam
a temática de um envelhecimento saudável, estudiosos deste modelo demonstraram que os
elementos do envelhecimento bem-sucedido podem ser obtidos com fatores modificáveis no
curso de vida (Ribeiro, 2015). Entretanto, é notório que muitos fatores no contexto social e
individual podem influenciar o nível de preocupação e tempo investido nesses cuidados.
Além disso, vale lembrar que tais estudos são recentes e talvez as pessoas que estão idosas
atualmente não tenham tido acesso a tais informações, sendo interessante compreender a
perspectiva do entrevistado.

09- O que o senhor(a) percebeu como sinais da velhice? Quais hábitos/atividades você
precisou deixar de fazer e quais adicionou? - O envelhecimento é determinado não só por
fatores biológicos, psicológicos e sociais, mas também pelo contexto histórico-cultural com o
qual o indivíduo tem que interagir e adaptar-se (Ribeiro, 2015). Logo, a velhice é vista como
uma fase de perdas e ganhos e cada indivíduo percebe esse processo de uma maneira
singular, existem alterações em nível biopsicossocial e é interessante perceber como a pessoa
idosa enxerga essas transformações e como isso está atrelado à saúde.

Referências:

Reis, C. W. D., & Facci, M. G. D. (2015). Contribuições da psicologia histórico-cultural para


a compreensão da velhice.

Brasil. Lei n. 10.741, de 1° de setembro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá


outras providências. São Paulo: Sugestões Literárias, 2003.

Meneses, D., Júnior, F., Melo, H., Silva, J., Luz V., & Figueiredo, M. (2013). A dupla face da
velhice: o olhar de idosos sobre o processo de envelhecimento. Enfermagem em Foco, 4(1),
15-18. Retirado de http:// revista.portalcofen.gov.br/index.php/enfermagem/
article/view/495/185

Whitaker, D. C. A. (2010). O idoso na contemporaneidade: a necessidade de se educar a


sociedade para as exigências desse" novo" ator social, titular de direitos. Cadernos Cedes, 30,
179-188.

Ribeiro, P. C. C. (2015). A psicologia frente aos desafios do envelhecimento populacional.


Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, 8(SPE), 269-283.

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