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COLÉGIO TABLEAU TAUBATÉ

TECNICO DE ENFERMAGEM

VITÓRIA MARTINS DIAS DE ARAUJO

GABRIELE LANZILOTI FURTADO

THAYNÁ MAYSSA ALVES

LOHANNY HARUMY WATANABE

CARLOS DANIEL SOARES

TAMIRES CRISTINA GONÇALVES PEREIRA

IDOSO

TAUBATÉ-SP
2021
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................1

2 METODOLOGIA...........................................................................................3

3 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO......................................................4

4 QUALIDADE DE VIDA................................................................................5

5 CONVIVIO SOCIAL ENTRE IDOSOS.....................................................9

6 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO E O SERVIÇO SOCIAL..............16

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................19

8 REFERENCIAS............................................................................................22
RESUMO

O presente trabalho está centrado na importância da convivência social e


familiar para o idoso e de que forma os grupos de convivência podem contribuir
na garantia desse direito, bem como na promoção da longevidade aliada à
qualidade de vida. Na tentativa de compreender o assunto a ser pesquisado,
assim como as temáticas interligadas a este processo, incluindo à discussão de
conceitos necessários para melhor entendimento do objeto, foi necessário
leituras específicas na área de gerontologia, além de temas como: grupos de
convivência; a recente mudança ocorrida quanto a proteção social básica, que
foi o reordenamento dos serviços socioassistenciais; Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos; entre outros questões. Com base neste contexto,
surgiu a necessidade de conhecer os idosos participantes do Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Município de Cruz das Almas, do
grupo denominado "Bom Viver". Para tanto, foi utilizadas as técnicas de
pesquisa de campo, observação participante e entrevistas semi-estruturadas,
através das quais foi possível captar, com os resultados em forma de
respostas, como os idosos avaliam sua participação no Grupo Bom Viver e se
este contribuiu com o fortalecimento dos vínculos sociais e familiares. As
entrevistas foram devidamente permitidas pelos idosos, os quais também foram
esclarecidos previamente quanto aos objetivos e procedimentos da pesquisa.
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1 INTRODUÇÃO
O crescimento da população idosa é um fenômeno mundial, especialmente nos
países em desenvolvimento (MAIA; DURANTE e RAMOS, 2004). No Brasil, os idosos
são definidos cronologicamente como aquelas pessoas que estão com 60 anos ou
mais (BRASIL, 2003). Esse critério já era utilizado como referência a proteção de
direitos especiais pela Organização Mundial da Saúde para analisar o fenômeno do
envelhecimento populacional, com a ressalva da diferença estipulada no seu limite:
para países desenvolvidos, 65 anos, e subdesenvolvidos, 60 anos (BRASIL, 2003).

O Brasil, à semelhança dos demais países latinoamericanos, está passando por


um processo de envelhecimento populacional rápido e intenso. Em 1980, as pessoas
com 60 anos e mais representavam 6,3% da população total, em 2025 passarão para
14%. Em números absolutos será uma das maiores populações de idosos do mundo
(RAMOS et al., 1993).

Esta realidade acarretará um grande problema social, uma vez que esta
população vive, em sua maioria, em situação financeira precária, o que levará a uma
cadeia de problemascom repercussões sobre a qualidade da assistência à saúde
agravando as deficiências atuais nesta área (CHAIMOWICS, 1997).

O censo realizado no Brasil, em 2000, informa que a população brasileira total é


de 169.500.000 habitantes e desses, 15,5 milhões têm 60 anos ou mais (GARRIDO;
MENEZES, 2002).

Atualmente, nos países desenvolvidos, a expectativa de vida supera os 70 anos


e, em alguns, chega até os 80 anos (SALGADO, 2000). Este aumento na expectativa
de vida tem gerado uma série de preocupações e atitudes em relação à melhoria da
qualidade de vida, bem-estar e independência dos idosos (GONÇALVES et al., 2006).

Em determinadas situações, porém, o idoso atinge idade avançada com vários


problemas de saúde, exigindo, assim, a presença do cuidador – familiar ou não –
para auxiliá- lo em suas limitações para o desempenho do autocuidado e das
atividades cotidianas, já que o idoso se torna mais fragilizado, necessitando de
cuidados especiais (COSTA, 2001).

O cuidador é a pessoa que oferece cuidados para suprir a incapacidade


funcional1, temporária ou definitiva (GIACOMIN; UCHOA; LIMA-COSTA, 2005).
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A exigência principal desta atividade está associada à qualificação, ou seja, ser
um cuidador é zelar pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal e recreação
da pessoa atendida. A maior parte dessas pessoas são mulheres e auxiliares em
enfermagem que procuram esta área, devido à identificação pelo trabalho (BRASIL,
2008). Além destas funções, é exigido que o cuidador atue como interlocutor entre o
idoso e a família, auxiliando-o nas situações em que é necessária a compreensão da
fala (reuniões, telefonemas e consultas médicas). Sendo assim, acredita-se que há
mudanças na qualidade de vida2 dos cuidadores, pois além da sobrecarga de
atividades, ocorrem alterações nos relacionamentos familiares e no círculo de
amizades (TEIXEIRA et al., 2006).

Estudos devem ser aprofundados nesta área, na medida em que existem


perspectivas crescentes das pessoas viverem cada vez mais. Por outro lado, também
é real o risco de ficarem mais frágeis, condicionadas às vulnerabilidades que afetam a
vida e a saúde.

Tem-se o pressuposto que o cuidador necessita ter qualidade de vida para


realizar as suas funções e atender as expectativas dos idosos e seus familiares. Neste
sentido, este estudo tem a seguinte questão norteadora: o desenvolvimento das
atividades com os idosos interfere na qualidade de vida dos cuidadores?

O objetivo geral deste trabalho é descrever, de acordo com a literatura


bibliográfica, asalterações fisiológicas do processo de envelhecimento humano e a
qualidade de vida do idoso,convivo social, direito do idoso;identificar os aspectos
relacionados ao perfil do cuidador e suas atividades.
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2 METODOLOGIA

Este trabalho consistiu de pesquisas bibliográficas acerca de temas relacionados à


qualidade de vida dos idosos,convivios sociais, direitos dos idosos. A pesquisa
bibliográfica é entendida como o levantamento da bibliografia publicada sobre
determinada temática, com a finalidade de aproximar o pesquisador com o material
escrito sobre o tema escolhido. Visa-se a resolução de problemas, exploração e
aprofundamento de novas áreas, constituindo-se no primeiro passo da pesquisa
científica (MARCONI & LAKATOS, 2006).

A revisão da literatura considerou os trabalhos publicados no período de 1970 a


2009, utilizou os descritores: qualidade de vida, cuidador de idosos, incapacidade
funcional. Foi feito um levantamento nos bancos de dados da “Literatura
Latinoamericana e Caribe em Ciências da Saúde” (Lilacs), Scielo e Medline. Além
destes, também foi pesquisado o site da Associação Brasileira de Enfermagem
(ABEn). Obteve-se 109 artigos, dos quais 20 foram selecionados, uma vez que
atendiam aos objetivos propostos.
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3 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

O processo de envelhecimento é o caminho que se segue à maturidade criando


marcas específicas sobre o corpo humano em razão do passar dos anos (VIEIRA,
1996).

Para Queiroz e Lemos (2002, p. 101) “a conceituação de envelhecimento é


ampla e complexa,na medida que este processo é multifacetado apresenta diversas
dimensões: cronológica,biológica, social, econômica e cultural”.

Martins (2003) acredita que questões de personalidade, sentimentos diante do


envelhecer, vivência das perdas e lutos, e experiências vividas ao longo da vida, são
fatores subordinados a velhice, uma vez que esta pode ser considerada como um
estado de espírito.

Ladeia (1998, p.22) descreve que “envelhecimento não é um fato isolado: não
seenvelhece só, não é velho só, sempre se é velho em relação aos outros ou em
relação a um conceito do nosso passado, conceito fundado igualmente em grande
parte sobre as bases sociais e coletivas”
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4 QUALIDADE DE VIDA

Qualidade de vida (QV) tem relação com o contexto histórico do processo


saúde- doença e da promoção da saúde, através do movimento por cidades
saudáveis3. Os projetos decidades saudáveis exigem um compromisso das
autoridades governamentais com odesenvolvimento de políticas públicas saudáveis,
que garantam a melhoria da qualidade de vida da população (MENDES, 1996).

O conceito de QV está relacionado à autoestima e ao bem-estar pessoal e


abrange múltiplos aspectos como: a capacidade funcional, o nível socioeconômico, o
estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte
familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais e éticos, a religiosidade, o
estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente
em que se vive (VELARDE; ÁVILA, 2002; BOWLING et al., 2003).

A partir da definição de saúde pela OMS, em 1946, como um estado de


completo bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doenças,
evidencia-se a necessidade de se considerar outros aspectos, além da dimensão
biomédica, no cuidado à saúde. Os componentes subjetivo, psicológico e da saúde
mental são considerados fatores importantes na qualidade de vida dos indivíduos e
dos grupos. Tais aspectos são essenciais e não podem ser omitidos no planejamento
dos cuidados da saúde em qualquer nível (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
1946).

A complexidade em se quantificar os fatores subjetivos não pode, portanto,


excluí-los das considerações acerca da QV. Mesmo que critérios materiais específicos
da experiência cotidiana sejam usados como indicadores, a dimensão subjetiva deve
ser observada, a fim de que se tenha a percepção integral desse conceito
(SLIWIANY, 1997).

Assim, a QV não pode ser tomada como um conceito geral, mas entendida
dentro da experiência cotidiana e pessoal de cada um dos envolvidos. Prover ótimas
condições de sobrevivência não garante a elevação dos níveis de QV, visto que
ela é determinada pelaforma e capacidade da pessoa em perceber e se apropriar
dessas condições. De nada adiantam os recursos se o beneficiário não pode se
favorecer deles. Além disso, viver com qualidade é uma condição que satisfaz as
exigências e demandas que determinada situação inflige aos homens, dentro de um
dado contexto particular (RUEDA, 1997, apud SOUZA, CARVALHO,2003). Qualquer
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fenômeno social deve ser considerado no âmbito de seu contexto histórico e entendido
dentro da conjuntura política, econômica e cultural na qual se processa, inclusive, a
condição de qualidade de vida (SLIWIANY, 1997).

A QV pode basear-se em três princípios fundamentais: capacidade funcional,


nível socioeconômico e satisfação (GONZÁLEZ, 1993). Também pode estar
relacionada com os seguintes componentes: capacidade física, estado emocional,
interação social, atividade intelectual, situação econômica e autoproteção de saúde
(HORNQUIST, 1990).

Paim, (1986) aborda que por outro lado, muitas pessoas procuram associar
qualidade de vida com o fator saúde. Nesse sentido, saúde, independente de
qualquer definição idealista que lhe possa ser atribuída, é produto das condições
objetivas de existência. Resulta das condições de vida biológica, social e cultural e,
particularmente, das relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza,
através do trabalho.

Assim, como é difícil conceituar QV, a sua medida também o é, já que ela pode
sofrer influência dos aspectos culturais, éticos e religiosos, bem como de valores e
percepções pessoais (GAÍVA, 1998).

Portanto o caráter de subjetividade que reveste o conceito de QV baseia-se na


realidade individual que converge no subjetivismo, constituindo-se, assim, num
conceitomuito complexo e de difícil avaliação (HORNQUIST, 1990; SEGRE &
FERRAZ, 1997).

Na perspectiva dos idosos, a QV é avaliada mais por seu nível de função e


capacidade de manutenção da independência do que pelos diagnósticos específicos
de seus médicos (GURALNIK et al., 1995).

A QV depende da funcionalidade do idoso e incide sobre quatro áreas


sobrepostas e interrelacionadas, a saber: competência comportamental; condições
ambientais, QV percebida e bem-estar psicológico, descritas a seguir (LAWTON,
1983, apud IRIGARAY, TRENTINI,2009).4

Segundo os autores citados acima a competência comportamental representa a


avaliação sócio-normativa do funcionamento pessoal quanto à saúde, à
funcionalidade física,à cognição, ao comportamento social e à utilização do tempo.
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Concernente às condições ambientais, a QV na velhice tem relação direta com a


existência de condições ambientais que permitam aos idosos desempenhar
comportamentos biológicos e psicológicos adaptativos. Jáa QV percebida se refere a
dimensão subjetiva, depende estreitamente dos julgamentos do indivíduo sobre a sua
funcionalidade física, social e psicológica e sobre a sua competência comportamental.
E, finalmente, o bem-estar psicológico reflete a avaliação pessoal sobre as três áreas
precedentes e depende da continuidade do self, da capacidade do indivíduo para
adaptar-se às perdas e de sua capacidade de recuperar-se de eventos estressantes
do curso de vida individual e social, tais como: desemprego, doenças, desastres,
mortes em família,enchentes, violência urbana, crises econômicas, guerras, e da sua
capacidade para assimilar informações positivas sobre si mesmo.

Então, QV na velhice é a avaliação multidimensional referenciada a


critérios sócio- normativos e intrapessoais, a respeito das relações atuais,
passadas e prospectivas entre o indivíduo maduro ou idoso e o seu ambiente
(LAWTON, 1983 apud IRIGARAY, TRENTINI, 2009).

Em se tratando de saúde, o termo QV está associado à relação custo-


benefício inerenteà manutenção da vida, principalmente de pessoas com
doenças crônicas e terminais. É focalizada tanto do ponto de vista do bem-estar
e dos direitos individuais, quanto dos interesses e valores da sociedade (NERI,
2001).

Estudo realizado em Veranópolis (RS), entre idosos com 80 anos ou mais,


concluiuque a qualidade negativa de vida seja equivalente a perda de saúde. Já a QV
positiva pode equivaler a pluralidade maior de categorias como: atividade, renda, vida
social e relação coma família, consideradas diferentes de sujeito para sujeito. O
aspecto saúde parece ser um bom indicador da QV, porém, insuficiente para mensurar
a velhice bem sucedida (XAVIER et al., 2003).

A incorporação da promoção da QV como meta assistencial a ser alcançada


pelos profissionais da saúde no atendimento aos usuários desses serviços, tem origem
no processo tecnológico que tem favorecido a cura e/ou o prolongamento da vida de
muitos pacientes, no caráter crônico que têm assumido algumas doenças, bem como
na crítica ideológica aomodelo estritamente biológico na assistência à saúde
(NORDENFELT, 2002).
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No tocante à avaliação da QV do idoso, deve-se ressaltar a complexidade da
tarefa e, como tal, reforçar a importância da utilização de critérios de avaliação
híbridos, como os contemplados na escala de Flanagan, que permitam clarificar
aspectos intersubjetivos que têmmaior probabilidade de ocorrência em idosos do que
em adultos jovens, tais como: doenças, perdas de papéis ocupacionais e perdas
afetivas (NERI, 1993).

A Escala de Flanagan5, elaborada nos Estados Unidos, foi traduzida e validada


para o Brasil (NASSAR & GONÇALVES, 1999). Trata-se de uma escala ordinal do tipo
Likert, comsete níveis para pontuação, descritos a seguir. A EQVF busca avaliar a
qualidade de vida utilizando as seguintes expressões linguísticas:

Muito Insatisfeito Pouco Indiferente Pouco Satisfeito Muito

insatisfeito insatisfeito satisfeito Satisfeito

1 2 3 4 5 6 7

Às expressões linguísticas são atribuídos escores que variam em uma faixa de


1 a 7 pontos, conforme indicado acima.

Já a OMS elaborou o WHOQOL Brief, que é um instrumento para avaliar a


qualidade de vida, autoaplicável e possui 26 questões, divididas em quatro domínios:
físico, psicológico,social e ambiental, além de duas questões que formam o domínio
Global (FLECK et al. 1999).
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5 CONVIVIO SOCIAL ENTRE IDOSOS

Os idosos tendem relacionar-se junto aqueles que enfrentam os mesmos


dilemas do cotidiano, desejo de reconquistar a autoestima e o respeito e a vontade
ocupar espaços que no passado não ocupavam são comuns entre idosos.

Nas décadas 60 e 70 os idosos comumente eram vistos em praças, ruas,


jogando baralho ou domino, enfim, procurando ocupar-se e relacionar-se com pessoas
que se encontrava na mesma situação. Na década de 1970 governo cria os grupos de
convivência para idosos, por meio do Programa de Assistência ao Idoso (PAI), sob a
gerência da Legião Brasileira de Assistência (LBA) que consistia “[...] na organização
e implementação de grupos de convivência para idosos previdenciários, nos Postos de
atendimento do Instituto o Nacional de Previdência Social “( INPS)(RODRIGUES,
2001, p.2) os objetivos desses grupos de convivência vão bem além que um
agrupamento de pessoas, mais sim uma relação de vínculo entre elas. Este programa
criado na época da ditadura civil-militar continha uma direção ideológica cuja
finalidade era minimizar as tensões sociais por meio do assistencialismo
(POLTRONIERI; COSTA; SOARES, 2015).

Nesta década verifica-se a mobilização da sociedade civil com vistas a defesa


dos direitos da pessoa idosa, tendo como destaque a criação da União dos
Aposentados e Pensionistas do Brasil (UAPPB) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia (SBGG) e o trabalho desempenhado pelo Serviço Social do Comércio
(SESC). A partir das mobilizações ocorreram três seminários regionais (São Paulo,
Belo Horizonte e Fortaleza) e um Seminário Nacional com a temática “Estratégias de
Política Social para o Idoso no Brasil”que ficou sob os cuidados do Ministério da
Previdência e Assistência Social (MPAS). A partir destes seminários foi elaborado um
documento “Diretrizes para uma política social para a pessoa idosa”, com algumas
propostas. No ano de 1982 ocorreu em Viena um evento promovido pela Organização
das Nações Unidas (ONU) “Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento”, cujo
resultado ficou conhecido como o “Plano Internacional de Ação para o
envelhecimento”, no qual os países periféricos e centrais acordaram a executar e
implementar políticas de atenção à pessoa idosa (CAMARANO, 2004; POLTRONIERI;
COSTA; SOARES, 2015).

O Brasil foi um dos seguidores do Plano e em 1982 teve-se a criação do


Decreto 86.880, da Comissão Nacional sobre a Pessoa Idosa, em
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1982(CAMARANO,2004). A década de 80 período em que ocorreu a Assembleia em
Viena, coincide com o processo democrático do pais no qual as reivindicações e
protagonismo da sociedade civil organizada em prol dos direitos sociais da categoria
idosa adquire um visibilidade e o tema do envelhecimento no texto constitucional de
1988.

Um dos direitos assegurados pela Constituição Federal e pelo Estatuto do Idoso


é o direito a convivência social e familiar, por entender a necessidade dessas
instituições no processo de envelhecimento na garantia de uma vida mais prazerosa,
bem como, contribuição com o sentimento de pertencimento, evitando assim o
isolamento social do idoso e/ou a sua institucionalização.

Os grupos de convivência para idosos representam, por tanto, uma das


alternativas de espaço institucionalizado onde os/as idosos/as podem desenvolver-se,
socializar com outras pessoas, além de contribuir com a autoestima e melhoria da
qualidade de vida, pelo sentimento de pertencimento, não apenas ao grupo, mas
também a sociedade esta sensação é de:

[...] de pertencimento, de fazer parte de um grupo, é fundamental para a pessoa


idosa, como é, aliás, para qualquer uma. Mas, no idoso, essa necessidade pode se
acentuar em face da exclusão que gradualmente passa a acompanhar seu processo
de envelhecimento. (DAL RIO;; MIRANDA 2009, p. 37).

Sendo assim é responsabilidade da família cuidar do idoso e fornecer sua


subsistência, quando esta não tiver recursos de sustentar o idoso, na ausência da
mesma cabe a sociedade e posteriormente ao Estado zelar pelo bem-estar do idoso.
No Art. 14 do Estatuto, estabelece: “Se o idoso ou seus familiares não possuírem
condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse
provimento, no âmbito da assistência social” (BRASIL, 2003). No entanto, o que se
observa é um distanciamento do poder público no trato dessa questão. Em síntese, é
possível constatar o progresso dos direitos da pessoa idosa, que deixa de ser
considerado filantropia passando para o campo das leis.

Contudo, o distanciamento entre a Lei e a realidade dos idosos no Brasil é algo


comum de se presenciar no cotidiano. Esse assunto precisa ser debatido nos
espaços públicos, para que possa acontecer uma sensibilização tanto por parte do
governo
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como da sociedade para conscientizar e mobilizar a todos na luta pela composição de


uma nova ótica no que se diz a respeito do processo de envelhecimento.

O direito a convivência social e familiar é um dos direitos previstos na


Constituição e pelo Estatuto do Idoso é, por entender o valor dessas relações no
processo de envelhecimento e na prerrogativa de uma vida mais aprazível, fazendo
com que o idoso desenvolva um sentimento de pertencimento que se sinta parte
daquele grupo neutralizando o isolamento social do idoso.

O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) é uma proposta


de políticas públicas do Governo federal, sobre a responsabilidade Ministério de
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), desenvolvido em caráter nacional
com execução prática nas unidades do CRAS.

A origem SCFV deu-se por meio da Medida Provisória de número 238 de 2005
e da lei 11.129 de 2005, ratificado na lei 11.692 de 2008. Quando ainda era conhecido
por “Projovem adolescente” que atendia jovens entre 14 e 17 anos. Em 2013 o MDS
decide ampliar o serviço devido a “situação de vulnerabilidade social decorrente da
pobreza [...] e, ou, fragilização de vínculos afetivos - relacionais e de pertencimento”
características também identificadas em outras faixas etárias (PNAS, 2004, p. 33).

De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais,

O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Idosos é um


Serviço da Proteção Social Básica que tem por foco o desenvolvimento de atividades
que contribuam no processo de envelhecimento saudável, no desenvolvimento da
autonomia e de sociabilidades, no fortalecimento dos vínculos familiares e do convívio
comunitário e na prevenção de situações de risco social (CNAS n. º 109/2009).

A intervenção social deve respeitar as características, necessidades e


demandas dessa faixa etária dando prioridade as particularidades sociais e culturais
onde o serviço é ofertado. Desse modo a compreensão da expressão “Gestão Social”
é essencial para a assimilação da aplicabilidade na execução dessa política pública.

Os grupos de convivências do SCFV tem por finalidade contribuir para um


processo de envelhecimento ativo, saudável e autônomo; além de assegurar espaço
de encontro para os idosos e encontros intergeracionais de modo a promover a sua
convivência familiar e comunitária. Essas ações contribuirão no desenvolvimento da
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autonomia social dos usuários. A dignidade humana como foco principal do


ordenamento jurídico brasileiro, instigou a população a buscar direitos fundamentais
que configuram como essenciais para a garantia do fundamento constitucional e para
a busca da desta dignidade (BRASIL,2010).

Art. 4° inciso l do decreto nº1948 de 1996 estabelece a funcionalidade do Centro


de Convivência,

“Centro de Convivência: local destinado à permanência diurna do idoso, onde são


desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas, culturais, associativas e de
educação para a cidadania (BRASIL,2012).’’

Os municípios devem oportunizar aos idosos uma assistência eficiente, que


ultrapasse o âmbito da caridade e da discriminação.

Alguns dos estereótipos e atitudes negativas associadas aos idosos classificam-


se como inflexíveis, solitários, improdutivos, doentes, depressivos, senis, frágeis e sem
energia .Estudo realizados pela OMS revelam que atitudes negativas ou
discriminatórias contra idosas prejudicam a saúde física e mental dessa população, a
garantia dos direitos das pessoas idosas é um fator essencial para a democracia.

A discriminação sofrida pelos idosos se manifesta em de diversos segmentos,


exteriorizando os rótulos criados pela sociedade. A vida sexual ativa nessa fase da
vida é vista como tabu, a maioria dos idosos preferem nem falar sobre namoro e
sexualidade.

Antigamente classificar o idoso como “caduco” era muito comum, mas hoje,
consta que as confusões mentais e facilidade de esquecer alguns acontecimentos
recentes ou antigos comuns em algumas pessoas idosas está associada ao
Alzheimer. Cerca de 40% das pessoas com mais de 80 anos são diagnosticadas, a
doença afeta a memória e outros comportamentos cognitivos. O diagnóstico precoce
pode retardar avanço da doença melhorando a qualidade de vida do idoso.

Os grupos de convivência funcionam como uma válvula de escape, inicialmente


os idosos procuram bem-estar, através de exercícios físicos. A compreensão da
qualidade de vida está pontualmente relacionada à autoestima e ao bem-estar, que
estão correlacionados à boa saúde física e mental, a práticas saudáveis, a lazer, e
especialmente à continuidade da capacidade funcional do ser humano. Neste
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segmento, esses grupos são uma maneira de convívio, inclusão social e um resgate
da autonomia, de viver com honestidade no âmbito de ser e estar saudável.

Os grupos não têm objetivo lucrativo no sentido de geração de rendimentos,


mas de prazer por meio de atividades fisicas e lúdicas como dança, teatro, viagens,
artesanato até mesmo aprender uma nova profissão enfim tudo que faça com que a
pessoa vivencie novas experiências, ainda que estas atividades supostamente não
tenham significado nesta altura da vida.

A maturidade e a estabilidade financeira que a aposentadoria pode proporcionar


têm estimulado os idosos a explorarem diferentes horizontes de ambições,
pretensões, propósitos antes adormecidos, podendo compartilharem suas
experiências e saberes.

Culturalmente quando a pessoa se aposenta dirigir-se ao tédio e à sensação de


depreciação, consequente à falta de funções sociais e laborais, assim, estar um
ambiente de trabalho garante ao indivíduo um valoroso convívio social, que ao ser
perdido germina um vazio enorme.

Contudo, o idoso enfrenta dificuldades em diversas parcelas da sociedade,


especialmente com pessoas que ainda não sabem conviver com os mais velhos. A
nossa sociedade não foi preparada para compreender o oposto, tendo como exemplo
o deficiente e o idoso.

Recentemente alguns segmentos têm demostrado preocupação com o destino


dos idosos eles estão aproveitando-se sabiamente disso e apostam no bem estar e
satisfação; destacando o interesse por exercícios físicos, atividades de lazer, cursos
de artesanato, culinária e os encontros de idosos que realizam os bailões onde os
idosos se reúnem para dançar e relembrar do passado, como dispositivos que
proporcionam a idealização de novos sentidos à vida de quem anteriormente só tinha
a possibilidade frequentar lugares que tinham funcionalidades unicamente e
exclusivamente assistenciais.

O Centro de Referência da Assistência Social – CRAS é uma unidade pública


estatal de base territorial, localizado em áreas de vulnerabilidade social, que abrange
um total de até 1.000 famílias/ano. Executa serviços de proteção social básica,
organiza e coordena a rede de serviços socioassistenciais locais da política de
assistência social (PNAS,2013).
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O CRAS atua com famílias e indivíduos em seu contexto comunitário. É


incumbido pela oferta dos programas de atenção integral às famílias, o trabalho com
famílias deve considerar a compreensão dos diferentes modelos familiares, superando
a família nuclear.

De acordo com a PNAS os serviços de proteção básica de assistência social


são:

a) Programa de Atenção Integral às Famílias.

b) Programa de inclusão produtiva e projetos de enfrentamento da pobreza.

c) Centros de Convivência para Idosos.

d) Serviços para crianças de 0 a 6 anos, que visem o fortalecimento dos vínculos


familiares, o direito de brincar, ações de socialização e de sensibilização para a defesa
dos direitos das crianças.

e) Serviços socioeducativos para crianças, adolescentes e jovens na faixa etária de 6


a 24 anos, visando sua proteção, socialização e o fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários.

f) Programas de incentivo ao protagonismo juvenil, e de fortalecimento dos


vínculos familiares e comunitários.

g) Centros de informação e de educação para o trabalho, voltados para jovens


e adultos (PNAS,2013).

Segundo o livro de Orientações Técnicas para o Centro de Referência de


Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome:

CRAS é uma unidade de proteção social básica do SUAS, que tem por objetivo
prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidades e riscos sociais nos territórios,
por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, do fortalecimento de
vínculos familiares e comunitários, e da ampliação do acesso aos direitos de
cidadania. Esta unidade pública do SUAS é referência para o desenvolvimento de
todos os serviços socioassistenciais de proteção básica do Sistema Único de
Assistência Social – SUAS, no seu território de abrangência. Estes serviços, de caráter
preventivo, protetivo e proativo, podem ser ofertados diretamente no CRAS, desde que
disponha de espaço físico e equipe compatível. Quando desenvolvidos no território do
15

CRAS, por outra unidade pública ou entidade de assistência social privada sem fins
lucrativos, devem ser obrigatoriamente a ele referenciados (BRASIL, MDS, 2009a, p.
9).

Ao interagir com diversos grupos o idoso fortalece a sensação de estar ativo e


ter seus direitos validados, frequentar as reuniões semanais nos grupos colabora para
a realização pessoal, possibilitando que se sintam integrantes respeitáveis nas
atividades do grupo.

A interação com outras pessoas é uma particularidade do ser humano. Uma vez
que desde cedo tende a buscar maiores vínculos com os demais a sua volta,
construindo ligações afetivas e sociais, motivados por valores culturais do seu
ambiente (DORON ,1998).

Interação consiste na ação recíproca entre duas ou mais pessoas, com da troca
de experiências, com mediação do ambiente social. A participação de idosos em
grupo de convivência é indispensável para a sua saúde, proporcionando inúmeros
benefícios, dentre eles a valorização da pessoa idosa e a elevação da autoestima.
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6 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO E O SERVIÇO SOCIAL

Na contemporaneidade a longevidade da humanidade, joga luz na realidade do


envelhecimento colocando o idoso como sujeito de direitos, reivindicando do Estado
políticas públicas que atendam às necessidades básicas desse fragmento da
população (SILVA,2016; ALVINO, 2015)

Na realidade a pessoa idosa não quer ser conceituada como aquele que requer
de cuidados tempo todo, de fato o processo de envelhecimento precisa ser
pesquisado, para que possa promover mudanças.

A Constituição Federal de 1988 expõe em seu artigo 1º no inciso III, o


fundamento da dignidade da pessoa humana,

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos

I - A soberania;

II - A cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - O pluralismo político (BRASIL, 1988).

A dignidade da pessoa humana é um princípio universal que está previsto nos


Direitos Humano, mas conceituar o que é a dignidade da pessoa humana não é nem
um pouco fácil. A Constituição Federal de 1988, enumera um repertório, de direitos
individuais e sociais ligados ao princípio da dignidade da pessoa humana.

Diante disso a Constituição Brasileira estabeleceu diretrizes inerentes à pessoa


idosa, posteriormente a Constituição avanços na defesa aos direitos do idoso passam
ser observados. O idoso tem sido violado cada vez mais com o passar dos anos, onde
em 2015 e 2016 foram registradas “68,7% de violações por negligência, 59,3% de
violência psicológica, 40,1% de abuso financeiro/econômico e violência patrimonial,
sendo para esta população o maior índice desta violação, e 34% de violência física”.
(Disque Direitos Humanos Disque 100).
17

O Estatuto veio para reforçar todos os outros dispositivos legais que defendem
o idoso. Em vista disso, a divulgação do mesmo é primordial para que toda pessoa
idosa tenha conhecimento de seus direitos e possa reivindicar por eles.

A violação de direitos da pessoa idosa é uma realidade presente em nossa


sociedade, quando se chega à velhice, a pessoa começa a enfrentar vários desafios
tanto nos aspectos físicos quanto aos de ordem social, esta é uma fase de novas
descobertas e conhecimentos.

De acordo com Raul Carvalho e Marilda Iamamoto (1983, p. 77).

A questão social não é senão as expressões do processo de formação e


desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da
sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do
Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o
proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além
da caridade e repressão

A reflexão de Carvalho e Iamamoto coloca em evidencia a visão que a


sociedade capitalista tem das pessoas idosas, a massa capitalista não reconhece o
idoso como um sujeito de direitos. As violações de direitos do idoso exigem do Serviço
Social projetos, ações de pesquisa e intervenção, que atendam às necessidades
básicas para a sobrevivência e garantia de direitos dos idosos.

Considerando a amplitude do entendimento de questão social, percebe-se que


diversas profissões têm suas atuações definidas por ela: o médico que atende males
de saúde ocasionado por fome, vítimas de violência doméstica, etc.; como exemplo
disso temos o engenheiro que elabora habitações com custos acessíveis; o advogado
que contribui da defesa dos direitos das pessoas sem recursos; enfim, existe uma
gama profissionais que, também, atuam nas expressões da questão social
(FALEIROS,1997, p. 37).

Iamamoto ao analisar o trabalho do assistente social reporta-se a questão social como


elemento balizador das desigualdades sociais engendradas pelo modo de produção
capitalista.

Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas
expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na
18

família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc. Questão


social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam
as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da
desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes
sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não é
possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. [...] a questão
social, cujas múltiplas expressões são o objeto do trabalho cotidiano do Assistente
Social (IAMAMOTO, 1997 apud LEMOS;FACEIRA, 2016, p. 3).

Questão social e suas expressões e suas expressões são as bases de


fundamentação do assistente social, em outras palavras, ela pode ser considerada o
componente fundamental da conexão profissional e realidade.

Nesse contexto, o assistente social tem a missão de criar meios para intervir
nas relações sociais quotidiana, buscando igualdade social e a manutenção da
garantia dos direitos civis, políticos e sociais aos que vivem em situação de
vulnerabilidade social (crianças, idosos, deficientes físicos ou mental, mulheres,
negros, homossexuais etc.).

O crescimento do número de pessoas desempregadas, aumento da pobreza, a


introdução das mulheres em novos campos de trabalho, as novas configurações
familiares (famílias monoparentais, homoparentais, adotivas etc.) tendem a colocar os
indivíduos em situação de extrema vulnerabilidade social e exclusão que se piora
diante a atual regressão de direitos sociais.

O projeto ético-político que norteia o Serviço Social tem como fundamentos


legitimar direito à liberdade como valor central e dar ao indivíduo a autonomia do
social. Ele é a favor da equidade, na universalização de direitos, na ampliação e
consolidação de cidadania. Falando da atuação do profissional, o projeto preconiza a
evolução profissional com relação ao usuário, é fundamental confiança e dedicação
para consequentemente ofertar um serviço qualificado para os usuários, além da
participação dos mesmos nas decisões institucionais.
19

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O propósito deste trabalho foi apresentar a realidade da vida do isoso com o


objetivo de discutir sobre a efetivação das Políticas e o Sistema de Proteção
destinadas ao Idoso. O trabalho também vem abordar todo um contexto histórico no
Brasil em relação à Proteção Social,qualidade de vida e convivo social e vem
identificar as principais problemáticas do idoso dentro do contexto familiar,
respeitando suas particularidades e diferenças individuais. Diante de várias lutas no
processo de democratização, foram constituídos novos projetos de emancipação
política como a Constituição Federal Brasileira, grande marco pelo qual proporcionou
à população idosa um grande avanço no que se refere à conquista de direitos.

A Política Nacional de Idoso representou grande reconhecimento da


importância do envelhecimento populacional no Brasil, regulamentada pela Lei nº
8.842/94 que veio com a finalidade de garantir autonomia ao idoso, integração e sua
efetiva participação na sociedade. (BRASIL, 1994).

Em 2003 foi sancionado o Estatuto do Idoso, que significou um marco legal no


sistema de proteção do idoso, regulamentando leis constitucionais e trazendo grandes
benefícios no que se refere à formulação de política social, a destinação de recursos
públicos, a prioridade no atendimento público e privado, a manutenção do idoso com
sua própria família; possibilitou também ao idoso a sua participação ativa em
conselhos, grupos comunitários como benefício de alargar suas relações e vínculos
sociais, além de esclarecer a esta população sobre como ter um envelhecimento
saudável e uma boa qualidade de vida como idoso, outra conquista é a garantia no
acesso à rede de saúde e assistência social, dessa forma verifica-se uma maior
qualidade nas condições de vida da população idosa.

A abordagem do envelhecimento é um assunto tratado por diversas áreas do


conhecimento. A categoria vem recebendo relativa importância na área acadêmica. O
lócus da pesquisa situou-se a partir de dados textuais, referências bibliografias,
internet, notícias veiculadas em jornais, entre outros meios de comunicação.

A abordagem do Trabalho pretende contribuir ao público idoso e a população


em geral que busca conhecimento sobre esta área, como também tratar e
compreender como a questão da violência e a proteção social .
20

A violência e a violação de direitos contra a pessoa idosa é um fenômeno que


vem ganhando visibilidade e ainda um problema de omissão por parte do Estado
diante do tratar do Idoso em relação a maior conhecimento do problema, leis e
políticas mais efetivas como também a falta de estratégias de prevenção mais
eficazes, como: planejamento público com mais qualidade, viabilizar formas
alternativas de participação do idoso e seu convívio social na comunidade, destinar os
recursos humanos e materiais na implementação de sua politica, priorizando o
atendimento preferencial e prioritário conforme o que é garantido no Estatuto do
Idoso, Lei 10.741/03.

Diante do contexto histórico já exposto, a questão da velhice até os dias de hoje


é uma proposta de discussões no âmbito de planejamento das políticas publicas e
sociais. Devido ao crescente do número de idosos na sociedade brasileira despertou
grande desafio para a sociedade, no que se refere ao reconhecimento desta categoria,
descobrindo sua importância como também sua integração com a sociedade, um
compromisso de cidadania, e uma obrigação dada à gestão pública.

É importante salientar que o art.1 inciso III da Constituição Federal (BRASIL,


1988) garante que um dos fundamentos do Estado democrático é a dignidade da
pessoa humana. E isto significa que todo idoso tem direito a dignidade humana, e
qualquer afrontação constituirá violação de direitos.

Analisar esse processo de estigmatização do idoso perpassa por todos os


elementos em relação à construção social da velhice, questão de identidade social e
visibilidade do idoso no espaço social em que se encontra. A análise do
envelhecimento inclui necessariamente a analise dos aspectos culturais, políticos,
econômicos, relativos a valores e preconceitos que permeiam a história das
sociedades. A descriminação aos velhos é o resultado dos valores típicos de uma
sociedade de consumo e de mercantilização das relações sociais. O exagerado
enaltecimento do jovem como algo útil para a sociedade e o velho como algo
descartável, além do descrédito sobre o saber adquirido com a experiência de vida,
são inevitáveis as consequências desses valores.

Nessa perspectiva de reconhecimento é fundamental garantir a participação dos


idosos na vida econômica, política e social, participação como cidadãos em plenos
direitos e desenvolver plenamente seu potencial como Idoso em todos os
21

aspectos sociais, culturais, entre outros. Para eliminar a violência e a discriminação, é


necessário garantir a igualdade entre gêneros e criar mecanismos de proteção social.É
necessário que haja uma nova consciência social e valorização deste segmento da
população tão importante que contribui ao longo de suas vidas para formação e
democratização de uma sociedade mais justa e humana, e muitas vezes são deixados
de lado, tornando-se marginalizados e isolados socialmente.

Considerando toda complexidade de fatores determinantes que envolvem essa


“questão social”, é necessário que se faça uma discursão mais detalhada, sendo que
tal apresentação do objeto de discurso possibilite maior compreensão para que possa
se analisar e refletir as formas de enfrentamento da Política e o sistema de proteção
diante da realidade no município de Natal. O estudo permitiu também analisar e
apresentar a estrutura e a efetivação da rede de proteção social do Idoso no Município
de Natal, no entanto veio aprofundar o debate em relação às implicações da realidade.
Percebe-se a necessidade de avançar na Política do Idoso, na medida em que é
negado ou um direito de um idoso é violado por falta de recursos, preparação dos
profissionais, falta de articulação das redes de proteção, é preciso dar prioridade para
essas políticas para que se estruture e fortaleça esse segmento.

O desafio se coloca para além dos recursos humanos e materiais, é um


processo de luta constante, é um resultado de lutas de classe que percorre por vários
anos de emancipação política. Esperamos que estas contribuições possam dar um
novo olhar crítico, um norte para futuras pesquisas, de modo que possa possibilitar
novas reflexões e que mediante novas transformações dada pela sociedade possa
assim garantir um novo cenário onde a população idosa possa garantir seus direitos
com mais efetividade através de uma política pública social de qualidade.
22

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