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Revista de Psicologia
LÚDICAS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS
Vol. 16, Nº. 24, Ano 2013
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
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Por outro lado, idosos saudáveis que vivem em instituições, por carecerem de
apoio social, podem apresentar deficiências em habilidades sociais, além de baixa
qualidade de vida e, consequentemente, níveis mais elevados de depressão. A depressão
pode ter diversas causas as quais podem atuar em conjunto. Algumas pessoas podem ser
geneticamente predispostas a ela devido a um desequilíbrio bioquímico no cérebro, sendo
que acontecimentos estressantes ou solidão podem dispará-la. Os idosos muitas vezes
sentem que a colocação numa clinica é sinal de rejeição, e os filhos geralmente internam
seus pais com relutância, cheios de desculpas e com muita culpa. A questão dos esquemas
de vida torna-se mais premente quando um ou ambos ficam debilitados, enfermos ou
inválidos, ou quando um dos cônjuges morre. (CARNEIRO et al., 2007; PAPALIA; OLDS,
2000). Desta forma, como destacam Papalia e Olds (2000), se os idosos já não dispõem de
possibilidades de manejo do próprio ambiente físico, é necessário que os membros da
família ou das instituições por eles frequentadas cuidem desses aspectos. Neri (2001)
assinala que, a adoção de providências que visem facilitar e promover a interação física,
social e psicológica do idoso com o ambiente pode aumentar a sua eficácia e assim a
qualidade de vida real e percebida do idoso.
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2. MÉTODOS
Foram analisados seis participantes, de ambos os sexos, com idades entre 60 e 80 anos. Os
critérios de inclusão foram idosos institucionalizados, que apresentavam preservação
cognitiva para desenvolver atividades lúdicas, como por exemplo: participar da “hora do
conto”, conseguir identificar figuras, jogos, etc. Idosos que apresentassem
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Comportamentos observados antes das atividades lúdicas Antes Depois das atividades
Apatia 6 3
Isolamento 5 2
Inativade 5 3
Desejos de morte 4 2
Desânimo 6 3
Desesperança 6 3
3. RESULTADOS
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Gráfico 1. Representação gráfica em dois momentos do trabalho na instituição: a linha azul representa os
relatos antes da intervenção e a linha em vermelho evidencia os relatos após as atividades.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos primeiros encontros o que realmente chamou a atenção, foi o fato de estarem isolados
entre si, logo, um duplo isolamento, pois estando em uma Casa de Repouso, o primeiro
isolamento que ocorre, é com a sociedade, com o mundo exterior, fora daquele local, e, o
segundo isolamento, entre si, uma vez, que pelas dificuldades motoras e psíquicas ali
encontradas, a comunicação já se torna prejudicada. Pode-se observar que como estão de
certa maneira, há muito tempo, naquele tipo de ambiente, teria que primeiro observá-los e
percebê-los em seu meio, apenas uma observadora empírica de uma realidade específica,
não aceitariam uma “invasora”, a maioria deles, são reservados e sistemáticos, até mesmo
como garantia para serem respeitados em sua privacidade, afinal, não é algo simples nesta
altura da vida, acostumar-se com o coletivo e com as regras impostas pelo local, podendo
levar o idoso “a atitudes de não aderência ou à falta de cooperação” (MIGUEL et al.,
2007).
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Não estão desprovidos dos cuidados materiais e físicos, banho, comida, fraldas,
medicação, mas das relações humanas, portanto, estabelecer a rotina de visita e tratá-los
de forma individual e única, dispondo-me a ouvi-los, e dentro do retorno oferecido por
cada um, um contato físico como um abraço ou um beijo, foi o elo que tornou possível os
primeiros contatos. Para tanto, a inserção de maneira sutil no ambiente, no tempo e
espaço concedido por cada um deles, tornou possível estabelecer vínculos sem que se
dessem conta, até porque para o idoso torna-se difícil abrir espaço para pessoas estranhas,
e para alguns ali, que estão em situação de dependência, é ainda mais constrangedor, sua
privacidade está limitada, também seus direitos e desejos tem horários para se
concretizarem. Se inicialmente mostravam-se apáticos e distantes, ao longo dos encontros
e das rodas de conversa, fora possível perceber certa expectativa e motivação pelas
atividades.
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Daniel Bartholomeu
Psicólogo, Mestre e Doutor em Avaliação
Psicológica em Contexto de Saúde Mental pela
Universidade São Francisco. É colaborador do
Laboratório de Pesquisa em Psicologia do Esporte
(Lepespe) e coordenador do Laboratório de
Psicodiagnóstico e Neurociências Cognitivas
(LaPeNC). Atualmente leciona no Centro
Universitário Salesiano de Americana.
Janaina S. G. Fernandes
Mentranda do Programa de Pós Graduação
UNIFIEO.
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