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Desenvolvimento humano

Profa. Dra. Angela Helena Marin


Aula 11
Ciclo vital – Parte 7
Temas que serão abordados nesta aula:

01. Terceira idade


A velhice não representa o fim - consiste na integração
de todas as outras etapas do desenvolvimento.

Envelhecer é um processo natural do crescimento do ser


humano, que se inicia com o nascimento.

O processo de envelhecimento é determinado por


múltiplos fatores físicos, emocionais e sociais e atinge
maior amplitude na fase da velhice.

(PAPALIA, MARTORELL, 2022) Fonte: Pixabay (2022)


No mundo, há cerca 1,1 bilhão de
idosos, com projeção de 3,1 bilhões
em 2100.

O Brasil contava com 29,9 milhões de


idosos em 2020 e previsão de 72,4
milhões em 2100.
(HAMMERSCHMIDT, SANTANA, 2020)

A partir de 1970 que o Brasil teve seu


perfil demográfico transformado:
redução das taxas de mortalidade e
queda das taxas de natalidade.

(MIRANDA et al., 2016)


O fenômeno do envelhecimento cresce contínua e exponencialmente, trazendo desafios
em todos os níveis da organização humana - do individual-familiar ao político-
econômico.

Apesar do envelhecimento populacional ser uma realidade, percebe-se pouca valorização


dessa parcela da população: visão preconceituosa, estigmatizada e estereotipada,
instigando o ageísmo.

O avanço na idade como dado isolado não é sinônimo de adoecimento nem de chegada
da morte. Porém, o medo da velhice, por vezes, é identificado como o medo da morte.
Saúde do Idoso

▪ Tripla carga de doenças com forte ▪ Busca pela ênfase do protagonismo dos idosos
predomínio das condições crônicas. em atividades econômicas, sociais, culturais,
intelectuais, físicas, cívicas e políticas.
▪ Cerca de 22% apresentam duas doenças
e/ou agravos crônicos e 13% apresentam ▪ O Centro Internacional de Longevidade do
três ou mais. Brasil reforça os quatro pilares do
envelhecimento ativo: saúde, aprendizagem ao
▪ 68,7% apresentam pelo menos uma doença longo da vida, participação e segurança.
ou agravo não transmissível: 53,3%
hipertensão; 24,2% artrite; 17,3% doenças do
coração; 16,1% diabetes e 12% depressão.

▪ No entanto, o envelhecimento não é Envelhecimento como um processo positivo e


sinônimo de incapacidades, mas de maior a velhice como uma etapa da vida que pode
vulnerabilidade. ser acrescida de saúde, bem-estar, prazer e
qualidade de vida.

(BRASIL. 2014; CAMPOS et al., 2015)


Envelhecimento Ativo

O imperativo a uma vida ativa ganhou força a partir da publicação do Marco Político de
Envelhecimento Ativo pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Caráter multidimensional do envelhecimento ativo em contraposição às abordagens


recorrentes: participação na sociedade em atividades sociais, culturais, intelectuais, físicas,
cívicas, políticas e econômicas.

Independência funcional, capacidade cognitiva, saúde mental, percepção de saúde e


funcionamento familiar representam fatores importantes para a ação política do
envelhecimento ativo.

Estudos mostram que o envelhecimento ativo está relacionado à maior longevidade dos
idosos, boa participação social, melhoria nas condições de saúde e cuidado, com manutenção
ou melhoria da qualidade de vida.

(CAMPOS et al., 2015)


As oportunidades para desfrutar de uma velhice ativa e saudável estão
distribuídas de forma desigual. As evidências revelam desigualdades sociais
significativas na forma de envelhecer dos brasileiros segundo sexo, raça/cor da
pele, nível de escolaridade, renda familiar e posse de plano privado de saúde

O marco do envelhecimento ativo foi revisado em 2015 pelo Centro Internacional de


Longevidade do Brasil. O documento reforça a necessidade de se examinar o
envelhecimento considerando a urbanização, globalização, migração e a crescente
desigualdade social.

(MENEZES et al., 2018)


Pesquisa sobre envelhecimento ativo com
2.052 brasileiros com idade média de 70,9 anos

Qualidade de vida como preditor mais forte para envelhecimento ativo.

Relação diretamente proporcional entre envelhecimento ativo e participação


comunitária.

O envelhecimento ativo foi significativamente diferente entre os gêneros: padrões


socioculturais e comportamentais.

Fatores comportamentais foram preditores positivos para homens. Mulheres com


renda superior, sem quedas e com participação social obtiveram escores melhores.

(CAMPOS et al., 2015)


Década do Envelhecimento Saudável nas Américas (2021-2030)
Em dezembro de 2020, a Assembleia Geral da ONU declarou 2021-2030
a Década para um Envelhecimento Saudável.

Áreas de ação:

I - Mudar a forma como pensamos, sentimos e agimos com relação à idade e ao


envelhecimento.

II - Garantir que as comunidades promovam as capacidades das pessoas idosas.

III - Entregar serviços de cuidados integrados e de atenção primária à saúde centrados na


pessoa e adequados à pessoa idosa.

IV - Propiciar o acesso a cuidados de longo prazo às pessoas idosas que necessitem.


Avaliação

Funcionamento adaptativo (FA): conjunto de habilidades


conceituais, sociais e práticas que são aprendidas e
executadas por pessoas em suas vidas diárias (AAIDD,
2012).

Corresponde à capacidade de a pessoa alcançar padrões


de sua comunidade em termos de independência pessoal
e responsabilidade social em comparação a pares com
idade e antecedentes socioculturais similares (APA,
2014).

Nas definições da APA e da AAIDD, o construto


compreende três domínios: conceitual, social e prático.

(MECCA et al., 2015)


Impactos da pandemia de COVID-19

Estudo transversal realizado com idosos brasileiros que participaram de um inquérito de saúde (n = 9.173)
realizado por meio de questionário autopreenchido.

Durante a pandemia, houve diminuição da renda em quase metade dos domicílios dos idosos.

O distanciamento social total foi adotado por 30,9% dos idosos. Idosos que não trabalhavam antes
da pandemia aderiram em maior número às medidas de distanciamento social total.

Grande parte apresentou comorbidades associadas ao maior risco de desenvolvimento da forma grave
de COVID-19.

Sentimentos de solidão, ansiedade e tristeza foram frequentes entre os idosos, especialmente entre
as mulheres.

A pandemia da COVID-19 aprofundou a desigualdade ao afetar os idosos mais vulneráveis.

(ROMERO et al., 2021)


Referências bibliográficas
American Association on Intellectual and Developmental Disabilities. Definition of intellectual disability. http://www.aaidd.org

American Psychiatric Association (2014). Diagnostic and statistical manual of mental disorders – DSM-5. Washington, DC: APA.

Brasil. Ministério da Saúde. (2014). Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no sus: proposta de modelo de atenção integral.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_cuidado_pessoa_idosa_sus.pdf

CAMPOS, A., FERREIRA, E., VARGAS, A. Determinantes do envelhecimento ativo segundo a qualidade de vida e gênero. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, p. 2221-
2237, 2015.

HAMMERSCHMIDT, K., SANTANA, R. Saúde do idoso em tempos de pandemia COVID-19. Cogitare Enfermagem, v. 25, 2020.

MECCA, T. P. et al. Funcionamento adaptativo: panorama nacional e avaliação com o adaptive behavior assessment system. Psicologia: Teoria e Prática, v.
17, n. 2, p. 107-122, 2015 .

MENEZES, J. N. R.; MONTE COSTA, M. de P.; SILVA IWATA, A. C. do N.; MOTA DE ARAUJO, P.; OLIVEIRA, L. G.; DE SOUZA, C. G. D.; DUARTE FERNANDES, P. H. P.
A visão do idoso sobre o seu processo de envelhecimento. Revista Contexto & Saúde, v. 18, n. 35, p. 8-12, 2018.

MIRANDA, G., MENDES, A.; & SILVA, A,L. O envelhecimento populacional brasileiro: desafios e consequências sociais atuais e futuras. Revista Brasileira de
Geriatria e Gerontologia, v. 19, n. 3, p. 507-519, 2016.

PAPALIA, D. E; MARTORELL, G. Desenvolvimento humano. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2022.

ROMERO, D. E. et al. Idosos no contexto da pandemia da COVID-19 no Brasil: efeitos nas condições de saúde, renda e trabalho. Cadernos de Saúde Publica, v. 37,
2021.

TORRES, T., CAMARGO, B., BOULSFIELD, A., & SILVA, A. Representações sociais e crenças normativas sobre envelhecimento. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n.
12, p. 3621-3630, 2015.

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