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capítulo
Desenvolvimento
17 Físico e Cognitivo
na Vida Adulta
Tardia
Pontos principais
A velhice hoje
DESENVOLVIMENTO
FÍSICO
Longevidade e
envelhecimento Dave and Les Jacobs/Blend Images LLC
Mudanças físicas
Saúde física e mental
Você sabia que...
DESENVOLVIMENTO
COGNITIVO
Estima-se que em 2040 a população
Aspectos do desenvolvimento de pessoas com 65 anos ou mais no
cognitivo
mundo inteiro será de 1,6 bilhão?
A velhice hoje
No Japão, a velhice é um símbolo de status. Lá, geralmente, quando os
viajantes se registram em hotéis, eles dizem a idade para assegurar que
receberão a deferência apropriada. Em muitas outras culturas, ao
contrário, envelhecer é visto como indesejável. Na pesquisa, os
estereótipos mais consistentes a respeito dos idosos são que, embora de
um modo geral sejam vistos como afetuosos e carinhosos, eles são
incompetentes e de baixo status (Cuddy, Norton, & Fiske, 2005; Cary &
Chasteen, 2015). Esses estereótipos inconscientes sobre envelhecimento,
internalizados na juventude e reforçados durante décadas por atitudes da
sociedade, podem ter se tornado autoestereótipos, que inconscientemente
afetam as expectativas dos idosos em relação ao seu comportamento e
que frequentemente atuam como profecias autorrealizáveis (Levy, 2003).
idadismo
Preconceito ou discriminação contra uma
pessoa (geralmente o idoso) baseado na
idade.
Os países variam com relação à idade das suas populações (ver Figura
17.1). Por exemplo, no Japão, 26,6% da população tinha 65 anos ou mais
em 2015, e projeta-se que o número alcançará 40,1% até 2050. A
população de 65 anos ou mais do Qatar, por outro lado, era de apenas
0,9% em 2015, com crescimento projetado para 22,1% até 2050. Muitas
das populações mais idosas se encontram na Europa e na América do
Norte (Federal Interagency Forum on Aging-Related Statistics, 2019).
Em muitas partes do mundo, a faixa etária que cresce mais rápido é a de
pessoas com 80 anos ou mais. Projeta-se que a população mundial com
mais de 80 anos irá quase triplicar entre 2015 e 2050, de 126,5 milhões
para 446,6 milhões. Por outro lado, a taxa de aumento prevista para
adultos com 65 anos ou mais é de cerca de 1,5 vez os números atuais, e
prevê-se uma mudança percentual quase estável para pessoas com menos
de 20 anos (He et al., 2016). Diferentes países atendem as necessidades
crescentes do envelhecimento das suas populações com diversos níveis
de sucesso (ver Seção Janela para o Mundo).
FIGURA 17.1
Porcentagem da população com 65 anos ou mais: 2015 e 2050.
Projeta- se que a população com 65 anos ou mais crescerá
rapidamente nas próximas décadas. O crescimento será maior em
grande parte dos países em desenvolvimento.
Fonte: He, W., D. Goodkind e P. Kowal. International Population Reports. P95/16-1, An
Aging World: 2015. US Census Bureau, ed. Washington, DC: US Government Publishing
Office, 2016.
envelhecimento primário
Processo gradual inevitável de deterioração
física ao longo da vida.
envelhecimento secundário
Processo de envelhecimento que resulta de
doenças, abusos e maus hábitos físicos e que
pode muitas vezes ser evitado.
atividades da vida diária (AVDs)
Atividades essenciais que são a base da
sobrevivência, como alimentar-se, vestir-se,
banhar-se e realizar tarefas domésticas.
idade funcional
Medida da capacidade de uma pessoa de
funcionar efetivamente em seu ambiente físico
e social em comparação com outras da
mesma idade cronológica.
gerontologia
Estudo dos idosos e dos processos de
envelhecimento.
geriatria
Área da medicina relacionada aos processos
de envelhecimento e aos problemas de saúde
que surgem com a velhice.
verificador
você é capaz de...
Discutir as causas e o impacto do envelhecimento da
população?
Indicar dois critérios usados para identificar a diferença entre
idosos jovens, idosos idosos e idosos mais velhos?
Diferenciar envelhecimento primário de envelhecimento
secundário?
DESENVOLVIMENTO FÍSICO
Longevidade e envelhecimento
Expectativa de vida é a idade máxima que uma pessoa nascida em um
determinado período e lugar provavelmente viverá, considerando-se a
idade atual e a saúde dessa pessoa. A expectativa de vida baseia-se na
média de longevidade, ou quanto tempo vivem os membros de uma
população. Ganhos em expectativa de vida refletem declínio nas taxas de
mortalidade (a proporção de uma população ou de certos grupos de idade
que morre em um dado ano). O tempo de vida humano é o período mais
longo que os membros de nossa espécie podem viver. O tempo de vida
mais longo documentado até hoje é o de Jeanne Clement, uma francesa
que morreu aos 122 anos de idade.
expectativa de vida
Idade máxima que uma pessoa em uma
determinada coorte provavelmente viverá
(dada a sua idade atual e condições de
saúde), com base na média de longevidade de
uma população.
longevidade
Duração da vida de um indivíduo.
tempo de vida
O período mais longo que os membros de
uma espécie podem viver.
senescência
Período da vida marcado por declínios no
funcionamento físico, normalmente associados
à idade; começa em idades diferentes para
pessoas diferentes.
teorias de programação genética
Teorias que explicam o envelhecimento
biológico como resultado de uma programação
geneticamente determinada.
limite de Hayflick
Limite geneticamente controlado, proposto por
Hayflick, sobre o número de vezes que as
células podem se dividir em membros de uma
espécie.
radicais livres
Moléculas ou átomos instáveis e altamente
reativos, formados durante o metabolismo,
que podem causar danos físicos internos.
curva de sobrevivência
Curva em um gráfico que mostra a
porcentagem de pessoas ou animais vivos em
diversas idades.
pesquisa em ação
OS IDOSOS MAIS VELHOS
verificador
você é capaz de...
Comparar dois tipos de teorias de envelhecimento biológico e
discutir suas implicações e evidências?
Discutir as descobertas feitas em pesquisas sobre extensão
da vida e suas limitações em seres humanos?
Mudanças físicas
Algumas mudanças físicas normalmente associadas ao envelhecimento
são óbvias para um observador casual. A pele mais velha tende a se
tornar mais pálida e menos elástica, e conforme a gordura e os músculos
atrofiam, a pele fica enrugada. São comuns varizes nas pernas. O cabelo
fica mais fino, grisalho e depois branco, e os pelos do corpo tornam-se
mais ralos.
Adultos mais velhos diminuem um pouco de tamanho em razão da
atrofia dos discos entre as vértebras da coluna. Além disso, a composição
química das alterações ósseas traz um risco maior de fraturas. Mudanças
menos visíveis, mas igualmente importantes, afetam os órgãos internos e
o organismo em geral, o cérebro e o funcionamento sexual, motor e
sensorial.
MUDANÇAS ORGÂNICAS E SISTÊMICAS
As mudanças no funcionamento orgânico e sistêmico são altamente
variáveis. Alguns organismos declinam rapidamente, outros quase nada
(Figura 17.3). No entanto, ocorrem declínios típicos relacionados à idade
na maioria das pessoas. Os pulmões, por exemplo, se tornam menos
eficazes devido a reduções de volume, atrofia dos músculos envolvidos
com a respiração e reduções na capacidade dos cílios (estruturas
parecidas com pelos que removem o muco e a sujeira dos pulmões) de
funcionar com eficácia (Lowery, Brubaker, Kuhlmann, & Kovacs, 2013).
Apesar de ocorrerem declínios relacionados à idade normativos no
funcionamento do sistema imunológico, o estresse pode exacerbar o
processo, o que faz com que os idosos sejam mais suscetíveis a infecções
respiratórias (Kiecolt-Glaser & Glaser, 2001). A saúde cardíaca também
é prejudicada. Os idosos estão mais propensos a sofrer de arritmia
(frequência cardíaca irregular), as paredes do músculo cardíaco podem se
espessar e as válvulas que controlam o fluxo de sangue que entra e sai do
coração podem não se abrir mais completamente. Essas alterações
cardíacas levam a deficiências na capacidade de bombear sangue e,
assim, diminuem o condicionamento cardiovascular (Lee, Huang, &
Shen, 2011). O estresse crônico em adultos mais velhos também está
relacionado à inflamação crônica de baixa intensidade, o que os torna
mais vulneráveis a doenças (Bauer, Jeckel, & Luz, 2009; Heffner, 2011).
Os problemas de deglutição, refluxo gástrico, indigestão, síndrome do
intestino irritável, constipação e absorção reduzida dos nutrientes
tornam-se mais comuns com a idade (Grassi et al., 2011). Isso aumenta o
risco de desnutrição para os idosos (Harris, Davies, Ward, e Haboudi,
2008), especialmente se têm doenças crônicas ou se dependem de
terceiros para auxílio com as suas atividades diárias (Ülger et al., 2010;
Saka, Kaya, Ozturk, Erten, & Karan, 2010).
FIGURA 17.3
Declínio no funcionamento de órgãos.
As diferenças na eficiência funcional dos vários sistemas do corpo
são mínimas na idade adulta jovem, mas aumentam na velhice.
Fonte: Katchadourian, 1987.
capacidade de reserva
Capacidade dos sistemas e órgãos de
acrescentar de 4 a 10 vezes mais energia do
que o normal em situação de estresse agudo;
também chamada de reserva orgânica.
verificador
você é capaz de...
Resumir as alterações e variações comuns no
funcionamento sistêmico que ocorrem na velhice?
Algumas áreas do cérebro se tornam mais ativas com a idade para
compensar. Por exemplo, há aumentos na atividade pré-frontal (associada
com tarefas controladas e que envolvem esforço) com a idade (Eyler,
Sherzai, Kaup, & Jeste, 2011; Park & Reuter-Lorenz, 2009). O resultado
é uma mudança na direção da “cognição semantizada” nos idosos. Em
outras palavras, os adultos mais velhos utilizam suas enormes reservas
de conhecimento para fortalecer estrategicamente suas capacidades
reduzidas de processamento, o que lhes permite compensar com uma
tomada de decisões mais lenta, ainda que muitas vezes melhor (Spreng &
Turner, no prelo).
Na vida adulta tardia, o cérebro aos poucos diminui de volume e de
peso, especialmente nas regiões frontal e temporal (Fjell & Walhovd,
2010; Lockhart & DeCarli, 2014). O hipocampo, a sede da memória,
também encolhe (Raz, Ghisletta, Rodrigue, Kennedy, & Lindenberger,
2010). Também há uma redução na espessura cortical (Lemaitre et al.,
2012). Esse encolhimento gradual antes foi atribuído à perda de
neurônios (células nervosas). No entanto, a maioria dos pesquisadores
agora concorda que – exceto em certas áreas específicas do cérebro,
como o cerebelo, que coordena a atividade sensorial e motora – a perda
neuronal não é substancial e não afeta a cognição (Burke & Barnes, 2006;
Finch & Zelinski, 2005). Quando aumenta o ritmo dessas mudanças no
cérebro, declínios cognitivos são cada vez mais prováveis (Carlson et al.,
2008).
Outra mudança característica é a diminuição na quantidade, ou
densidade, do neurotransmissor dopamina devido à perda de sinapses
(conexões neuronais). Os receptores de dopamina são importantes na
medida em que ajudam a regular a atenção (Park & Reuter-Lorenz,
2009). Esse declínio geralmente resulta em um tempo de resposta mais
lento.
Já aos 50, a bainha de mielina, que permite a rápida transmissão dos
impulsos neuronais entre regiões do cérebro, começa a diminuir
(Natrajan et al., 2015; Hinman & Abraham, 2007). Essa deterioração da
mielina do cérebro, ou substância branca, está associada ao declínio
cognitivo e motor (Andrews-Hanna et al., 2007; Finch & Zelinski, 2005).
Exames pós-morte do tecido cerebral constataram danos significativos
ao DNA em certos genes que afetam a aprendizagem e a memória na
maioria das pessoas muito velhas e algumas de meia-idade (Lu et al.,
2004). Essas mudanças estão associadas com doenças neurodegenerativas
e demência (Madabhushi, Pan, & Tsai, 2014). Embora adultos com mais
de 90 anos tenham uma probabilidade mais de 25 vezes maior de
desenvolver demência do que adultos entre 65 e 69 anos (Brayne, 2007),
essa deterioração não é inevitável.
Nem todas as mudanças no cérebro são destrutivas. Os pesquisadores
descobriram que cérebros mais velhos podem criar novas células
nervosas a partir de células-tronco – algo considerado impossível no
passado. Evidências de divisão celular foram encontradas no hipocampo,
uma região do cérebro envolvida na aprendizagem e na memória (Seib &
Martin-Villalba, 2015; Chaker et al., 2016). Parece provável que, em
seres humanos, a atividade física combinada aos desafios cognitivos
possa promover o crescimento de novas células (Kempermann, 2015; Di
Benedetto, Mueller, Wenger, Duezel, & Pawelec, 2017). Além disso, os
idosos que mantêm um senso de propósito no final da vida preservam um
volume maior de substância cinzenta no córtex insular do que os adultos
sem essa orientação (Ryff, Heller, Schaefer, Van Reekum, & Davidson,
2016). Esse tipo de achado destaca a plasticidade e a possibilidade de
mudanças positivas no cérebro em processo de envelhecimento, mesmo
em idades bastante avançadas.
verificador
você é capaz de...
Identificar várias alterações no cérebro relacionadas à idade
e seus efeitos nas funções cognitivas e sociais?
Visão e audição Olhos mais velhos precisam de mais luz para ver, são
mais sensíveis ao brilho e podem ter problemas para localizar e ler
sinais. Assim, dirigir veículos pode tornar-se perigoso, especialmente à
noite. Adultos mais velhos podem ter dificuldade com a percepção de
profundidade ou de cor, ou com atividades diárias como ler, costurar,
fazer compras e cozinhar (Desai et al., 2001).
Perdas na sensibilidade de contraste visual podem ocasionar
dificuldades para ler letras muito pequenas ou impressos muito claros
(Owsley, 2011). Problemas de visão também podem causar acidentes e
quedas (Lord, Smith, & Menant, 2010). Muitos adultos mais velhos em
residências comunitárias relatam dificuldade para tomar banho, vestir-se
e andar pela casa, em parte porque estão visualmente debilitados (Desai,
Pratt, Lentzner, & Robinson, 2001; Kempen, Ballemans, Ranchor, van
Rens, & Zijlstra, 2012).
Pessoas com perdas visuais moderadas geralmente podem ser ajudadas
por lentes corretivas ou mudanças no ambiente. Apenas 2,3% dos adultos
norte-americanos de 40 a 49 anos de idade têm algum comprometimento
visual, mas aos 80 anos, 50% dos adultos (hoje, cerca de 1,61 milhão de
pessoas) precisam de óculos para enxergar bem. As mulheres têm
probabilidade cerca de um terço maior de ter um compromentimento
visual do que os homens (Varma et al., 2016). Globalmente, estima-se
que 1,3 bilhão de pessoas sofra de alguma forma de comprometimento
visual (World Health Organization, 2018k).
A catarata, área turva ou opaca no cristalino dos olhos, é comum em
adultos mais velhos e, por fim, causa visão embaçada (Iroku-Malize &
Kirsch, 2016). Cerca de 26 milhões de norte-americanos são afetados
pela catarata atualmente (Wittenborn & Rein, 2014); em nível mundial,
94 milhões de pessoas têm compromentimentos visuais e 20 milhões são
cegas por causa da catarata (Lee & Afshari, 2017; Pascolini & Mariotti,
2012). A cirurgia de remoção de catarata é uma das operações mais
comuns entre norte-americanos idosos e quase sempre é bem-sucedida. A
cirurgia de catarata está associada com uma redução de até 60% no risco
de mortalidade (Tseng et al., 2017; Tseng, Yu, Lum, & Coleman, 2016).
Supostamente, a redução do risco de mortalidade é consequência de
diversos fatores relacionados à visão, como maior facilidade e precisão
no uso de medicamentos, maior probabilidade de permanecer fisicamente
ativo e menor risco de acidentes.
catarata
Áreas turvas ou opacas no cristalino dos olhos
que causam visão embaçada.
glaucoma
Dano irreversível ao nervo óptico causado pelo
aumento da pressão nos olhos.
adequação funcional
A capacidade de realizar as atividades físicas
da vida cotidiana.
FUNÇÕES SEXUAIS
Ao contrário do que afirmam os estereótipos, um número significativo de
adultos permanece sexualmente ativo na velhice. Em uma pesquisa
nacional, 38,9% dos homens norte-americanos de 75 a 85 anos e 16,8%
das mulheres declararam ser sexualmente ativos (Lindau & Gavrilova,
2010). Os homens mantêm mais desejo sexual, mas tanto homens quanto
mulheres informam um declínio no desejo sexual com a idade
(Aggarwal, 2013), sendo que as mulheres relatam um declínio maior em
atividade sexual (Lee, Nazroo, O’Connor, Blake, & Pendleton, 2016). O
idadismo e os estereótipos sobre os idosos podem influenciar
negativamente o desejo sexual (Heywood et al., 2017), mas coortes mais
recentes informam uma atitude mais positiva em relação à sexualidade
na velhice, maior satisfação com as suas vidas sexuais, menos disfunção
sexual e maiores índices de atividade sexual do que as coortes anteriores
(DeLamater, 2012).
O sexo na vida adulta tardia é diferente do que era antes. Geralmente,
os homens levam mais tempo para ter uma ereção e ejacular, podem
precisar de estímulo manual, podem vivenciar intervalos mais longos
entre as ereções ou podem ter dificuldade para obter uma ereção. As
mulheres informam mais dificuldades para ficarem excitadas e atingir o
orgasmo, intumescimento dos seios e outros sinais de excitação sexual
menos intensos do que antes, e podem ter problemas com a lubrificação
(Lee et al., 2016; Lindau et al., 2007). Problemas de saúde costumam
afetar mais a vida sexual das mulheres do que a dos homens, mas saúde
mental precária e insatisfação com o relacionamento estão associadas à
disfunção sexual tanto nos homens quanto nas mulheres (Laumann, Das,
& Waite, 2008).
Familiares e cuidadores devem considerar as necessidades sexuais dos
idosos. A satisfação com a vida, o bom funcionamento da cognição e o
bem-estar psicológico estão profundamente relacionados com o interesse
pelo sexo (Trudel, Villeneuve, Anderson, & Pillon, 2008). Entretanto, os
preditores mais consistentes são as condições de saúde e a presença de
um parceiro (Schick et al., 2010; DeLamater, 2012). Os médicos devem
evitar prescrever medicamentos que interfiram no funcionamento sexual
se houver alternativas disponíveis e, quando o medicamento tiver de ser
ingerido, o paciente deve ser alertado sobre seus efeitos. Como raramente
usam preservativos (Schick et al., 2010), é preciso conversar com os
idosos sexualmente ativos sobre saúde sexual e infecções sexualmente
transmissíveis.
verificador
você é capaz de...
Descrever alterações características nas funções sensório-
motoras, na necessidade de sono e dizer como elas podem
afetar o dia a dia?
Resumir as mudanças que ocorrem nas funções sexuais e
as possibilidades de atividade sexual na velhice?
CONDIÇÕES DE SAÚDE
Uma saúde precária não é consequência inevitável do envelhecimento.
Em torno de 78% dos norte-americanos adultos com 65 anos ou mais
consideram que têm saúde entre boa e excelente (Federal Interagency
Forum on Aging-Related Statistics, 2016). Assim como acontece antes na
vida, a pobreza está intimamente relacionada à saúde precária e ao acesso
e uso limitado de assistência médica (National Center for Health
Statistics, 2018b). Por exemplo, a pobreza está relacionada a uma maior
incidência de artrite, diabetes, pressão alta, doença cardíaca, depressão e
AVCs nos idosos (Menec, Shooshtari, Nowicki, & Fournier, 2010). Os
adultos que vivem na pobreza são menos propensos a engajar-se em
comportamentos saudáveis, tais como atividades físicas no lazer, evitar o
tabagismo e manter um peso apropriado (Schoenborn & Heyman, 2009).
A exposição a palavras que evocam
estereótipos de idosos leva pessoas jovens a
caminharem mais lentamente. Como esses
estereótipos afetam alguém que é idoso?
Bargh, Chen, & Burrows, 1996
verificador
você é capaz de...
Resumir a condição de saúde de adultos mais velhos e
identificar doenças crônicas comuns na velhice?
verificador
você é capaz de...
Apresentar evidências da importância dos exercícios e da
nutrição para a saúde e a longevidade?
demência
Deterioração no funcionamento
comportamental e cognitivo em razão de
causas fisiológicas.
mal de Alzheimer
Distúrbio cerebral, progressivo, irreversível e
degenerativo, caracterizado por deterioração
cognitiva e perda do controle das funções
corporais, e que leva à morte.
mal de Parkinson
Distúrbio neurológico degenerativo,
progressivo e irreversível, caracterizado por
tremores, rigidez, movimentos lentos e postura
instável.
emaranhados neurofibrilares
Massas retorcidas de fibras de proteína
encontradas nos cérebros das pessoas com
mal de Alzheimer.
placa amiloide
Massas cerosas de tecido insolúvel
encontradas nos cérebros de pessoas com
mal de Alzheimer.
reserva cognitiva
Fundo hipotético de energia que pode
possibilitar ao cérebro deteriorado continuar
funcionando normalmente.
verificador
você é capaz de...
Resumir o que se conhece sobre ocorrência, sintomas,
causas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento do mal de
Alzheimer?
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Aspectos do desenvolvimento cognitivo
A velhice “acrescenta conforme tira”, de acordo com o poeta William
Carlos Williams em um de seus três livros de poesia que produziu entre
seu primeiro AVC aos 68 anos e sua morte aos 79. De acordo com a
sugestão dada pela abordagem evolutiva do ciclo de vida de Baltes, a
idade traz ganhos e perdas. Primeiro vamos analisar a inteligência e as
habilidades gerais de processamento, depois a memória, e então a
sabedoria, que é popularmente associada com a idade mais avançada.
INTELIGÊNCIA E HABILIDADES DE
PROCESSAMENTO
Será que a inteligência diminui na vida adulta tardia? A resposta depende
de quais habilidades estejam sendo medidas, e como. Algumas
habilidades, como a velocidade de processamento mental e o raciocínio
abstrato, podem declinar com a idade, mas outras tendem a melhorar ao
longo da maior parte da vida adulta. Embora mudanças nas habilidades
de processamento possam refletir uma degeneração neurológica, existe
uma grande variação individual, que sugere que o declínio das funções
não é inevitável e pode ser prevenido.
Medindo a inteligência de adultos idosos Para medirem a
inteligência de adultos mais velhos, os pesquisadores geralmente usam a
Escala Wechsler de Inteligência Adulta (WAIS, na sigla em inglês). A
WAIS é uma medida padronizada que permite a avaliação do
funcionamento intelectual de um indivíduo em diferentes idades. O
número de pontos nos subtestes da WAIS revela um QI verbal, um QI de
execução e um QI total. Adultos idosos tendem a não ter um desempenho
tão bom na WAIS quanto os adultos mais jovens, mas a diferença ocorre
principalmente na velocidade de processamento e no desempenho não
verbal. Nos cinco subtestes da escala de execução (como identificar a
parte que falta de uma figura e resolver um labirinto), os resultados
diminuem com a idade; mas nos seis testes da escala verbal –
particularmente os testes de vocabulário, informação e compreensão – os
resultados sofrem uma queda muito leve (Figura 17.4). Isso é chamado
de padrão clássico de envelhecimento (Botwinick, 1984). Essa
disparidade etária no desempenho, especialmente para a velocidade de
processamento, é menor nas coortes mais recentes (Miller, Myers, Prinzi,
& Mittenberg, 2009). A variabilidade nas pontuações – ou seja, algumas
pessoas têm pontuações maiores do que as outras – aumenta com a idade,
especialmente em áreas nas quais os declínios médios são mais evidentes
(Wisdom, Mignogna, & Collins, 2012).
FIGURA 17.4
Padrão clássico de envelhecimento na versão revisada da Escala
Wechsler de Inteligência Adulta (WAIS-R).
Pontuações nos subtestes de execução declinam bem mais
rapidamente do que pontuações nos subtestes verbais.
Fonte: Botwinick, 1984.
verificador
você é capaz de...
Comparar o padrão clássico de envelhecimento na WAIS
com aquele do Estudo Longitudinal de Seattle em relação às
alterações cognitivas na velhice?
Citar evidências da plasticidade das habilidades cognitivas
na vida adulta tardia?
Discutir a relação entre solução de problemas práticos (do
cotidiano) e idade?
verificador
você é capaz de...
Discutir as descobertas sobre a diminuição na velocidade do
processamento neural e sua relação com o declínio
cognitivo?
Discutir a relação de inteligência com saúde e mortalidade?
MEMÓRIA E ENVELHECIMENTO
A falha de memória geralmente é considerada um sinal de
envelhecimento. A perda de memória é a principal preocupação relatada
por idosos norte-americanos (National Council on the Aging, 2002). Um
pouco menos de 19% dos adultos com 65 anos ou mais sofrem
diminuição da capacidade cognitiva sem demência (Langa et al., 2017).
Memória de curto prazo Pesquisadores avaliam a memória de curto
prazo pedindo que a pessoa repita uma sequência de números, seja na
ordem em que lhe é apresentada (série direta de dígitos) ou na ordem
inversa (série inversa de dígitos). A habilidade para memorizar a série
direta de dígitos se mantém com a idade avançada (Craik & Jennings,
1992; Poon, 1985; Wingfield & Stine, 1989), ao contrário do
desempenho na habilidade de memorizar a série inversa de dígitos (Craik
& Jennings, 1992; Lovelace, 1990). Por quê? Uma razão pode envolver a
diferenciação entre memória sensorial e de trabalho. A memória
sensorial envolve o breve armazenamento de informações sensoriais. Por
exemplo, quando vê o rastro deixado por um fogo de artifício, o que você
está enxergando é os traços deixados pela sua memória sensorial. A
memória de trabalho envolve o armazenamento de curto prazo de
informações que estão sendo ativamente processadas, como quando você
calcula a gorjeta do garçom de cabeça. Alguns teóricos defendem que a
repetição direta exige apenas a memória sensorial, que preserva a sua
eficiência por toda a vida. Entretanto, a repetição inversa exige a
manipulação da informação na memória de trabalho, cuja capacidade
diminui gradualmente com a idade (Hale et al., 2011).
memória sensorial
Armazenamento temporário, breve, inicial das
informações sensoriais.
memória de trabalho
Armazenamento de curto prazo das
informações que estão sendo ativamente
processadas.
memória episódica
Memória de longo prazo de experiências ou
acontecimentos específicos, ligados a tempo e
lugar.
Andar de bicicleta requer memória de procedimento. Uma vez
aprendidas, as habilidades procedurais podem ser ativadas sem
esforço consciente, mesmo após um longo período de desuso.
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verificador
você é capaz de...
Identificar dois aspectos da memória que tendem a declinar
com a idade e dar razões para esse declínio?
Discutir as alterações neurológicas relacionadas à memória?
Explicar como problemas de codificação, armazenamento e
recuperação podem afetar a memória na vida adulta tardia e
discutir como os fatores emocionais podem afetar a
memória?
SABEDORIA
A sabedoria já foi definida como “amplitude excepcional e profundo
conhecimento sobre as condições de vida e assuntos humanos e
julgamento reflexivo sobre a aplicação desse conhecimento”. Talvez
envolva insight e consciência da natureza paradoxal e incerta da
realidade e leve à transcendência, afastamento da preocupação consigo
mesmo (Kramer, 2003, p. 132). Em outras palavras, sabedoria é a
capacidade de navegar pelas complicações da vida. Envolve entender
como as pessoas trabalham e como cumprem suas metas. De acordo com
os psicólogos, as pessoas sábias também estão à vontade com a incerteza
e entendem que pessoas diferentes têm pontos de vista diferentes e que,
às vezes, não há uma única resposta certa.
A pesquisa mais extensa sobre sabedoria como habilidade cognitiva foi
feita pelo já falecido Paul Baltes e colaboradores. Em uma série de
estudos, Baltes e seus associados do Instituto Max Planck, em Berlim,
pediram a adultos de várias idades e ocupações que pensassem em voz
alta sobre dilemas hipotéticos. As respostas foram classificadas de
acordo com sua demonstração de um amplo conhecimento factual e de
procedimentos sobre a condição humana e sobre as estratégias para lidar
com os problemas da vida. Outros critérios foram a consciência de que o
contexto circunstancial pode influir nos problemas, de que os problemas
tendem a apresentar múltiplas interpretações e soluções, e de que as
escolhas das soluções dependem de valores, objetivos e prioridades
individuais (Baltes & Staudinger, 2000; Pasupathi, Staudinger, & Baltes,
2001).
A sabedoria não é necessariamente uma propriedade da velhice – ou de
qualquer idade. Ao contrário, parece ser um fenômeno complexo e um
tanto raro que mostra relativa estabilidade ou ligeiro crescimento em
determinados indivíduos (Staudinger & Baltes, 1996; Staudinger, Smith,
& Baltes, 1992). Diversos fatores, incluindo personalidade, experiência
de vida e tendências à autorreflexão (Westrate & Glück, 2017; Wink &
Staudinger, 2016; Shedlock & Cornelius, 2003), afetam a propensão a ser
sábio.
verificador
você é capaz de...
Comparar várias abordagens ao estudo da sabedoria?
Discutir as descobertas de Baltes sobre a sabedoria?
resumo e palavras-chave
A velhice hoje
Esforços para combater o idadismo estão tendo progresso
graças à visibilidade de um número cada vez maior de
adultos idosos saudáveis e ativos.
A proporção de pessoas idosas entre populações de todo o
mundo é maior do que antes e acredita-se que continuará
crescendo. Pessoas acima dos 80 são o grupo de idade que
cresce mais rápido.
Embora os efeitos do envelhecimento primário talvez
escapem ao controle das pessoas, é possível evitar os
efeitos do envelhecimento secundário.
Especialistas no estudo do envelhecimento algumas vezes se
referem às pessoas da faixa entre 65 e 74 anos como idosos
jovens, aos de 75 ou mais como idosos idosos, e aos acima
de 85 anos como idosos mais velhos. Entretanto, esses
termos talvez sejam mais úteis quando usados para se
referirem à idade funcional.
idadismo (497)
envelhecimento primário (500)
envelhecimento secundário (500)
atividades da vida diária (AVDs) (500)
idade funcional (500)
gerontologia (500)
geriatria (500)
DESENVOLVIMENTO FÍSICO
Longevidade e envelhecimento
A expectativa de vida aumentou sensivelmente. Quanto mais
as pessoas vivem, mais querem viver.
Em geral, a expectativa de vida é maior em países
desenvolvidos do que nos países em desenvolvimento, entre
hispânicos e norte-americanos brancos do que entre afro-
americanos, e entre as mulheres quando comparadas com
os homens.
Ganhos recentes na expectativa de vida surgiram em grande
parte para reduzir as taxas de mortalidade por doenças que
afetam as pessoas mais idosas. Futuros grandes progressos
na expectativa de vida talvez dependam dos cientistas
aprenderem a modificar os processos básicos do
envelhecimento.
As teorias do envelhecimento biológico abrangem duas
categorias: teorias de programação genética e de taxas
variáveis, ou teorias dos erros.
A pesquisa sobre prolongamento do tempo de vida por meio
da manipulação genética ou restrição calórica tem desafiado
a ideia de limite biológico para o ciclo de vida.
expectativa de vida (500)
longevidade (500)
tempo de vida (500)
senescência (502)
teorias de programação genética (502)
limite de Hayflick (503)
teorias de taxas variáveis (503)
radicais livres (504)
curvas de sobrevivência (504)
Mudanças físicas
Mudanças nos órgãos e sistemas são altamente variáveis. A
maioria dos sistemas corporais continua a funcionar muito
bem, mas a capacidade de reserva declina.
Embora o cérebro mude com a idade, as mudanças em geral
são modestas. Envolvem perda de volume e peso e uma
diminuição na velocidade das respostas. Entretanto, o
cérebro pode gerar novos neurônios, mudar o modo como
processa informações e construir novas conexões na velhice.
Problemas visuais e auditivos talvez interfiram na vida diária,
mas em geral podem ser corrigidos. Danos irreversíveis
podem resultar de glaucoma ou degeneração macular
relacionada à idade. Perdas de paladar e olfato podem levar
à má nutrição. O treinamento pode melhorar o tempo de
reação, equilíbrio e força muscular. Adultos idosos tendem a
ser suscetíveis a acidentes e quedas.
Pessoas mais velhas tendem a dormir menos e a sonhar
menos que antes, mas a insônia crônica pode ser uma
indicação de depressão.
Muitos adultos mais velhos permanecem sexualmente ativos.
capacidade de reserva (507)
catarata (509)
degeneração macular relacionada à idade (509)
glaucoma (509)
adequação funcional (510)
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Aspectos do desenvolvimento cognitivo
Adultos mais velhos têm um desempenho melhor na parte
verbal da Escala Wechsler de Inteligência Adulta.
O Estudo Longitudinal de Seattle descobriu que o
funcionamento cognitivo na vida adulta tardia é altamente
variável. Poucas pessoas declinam em todas ou na maior
parte das áreas, e muitas melhoram em algumas. A hipótese
do engajamento procura explicar as diferenças.
Adultos mais velhos resolvem problemas práticos com mais
eficácia se estes tiverem relevância emocional para eles.
Uma diminuição generalizada no funcionamento do sistema
nervoso central pode afetar a velocidade do processamento
de informação.
A inteligência pode ser um preditor de longevidade.
As memórias sensorial, semântica e de procedimento
parecem tão eficientes nos adultos idosos quanto em adultos
mais jovens. A capacidade da memória de trabalho e da
memória episódica geralmente é menos eficiente.
Adultos mais velhos têm mais problemas em recuperar
palavras oralmente e em soletrar do que adultos jovens. A
complexidade gramatical e o conteúdo da fala declinam.
Alterações neurológicas e problemas de codificação,
armazenamento e recuperação podem ser responsáveis por
grande parte do declínio da memória funcional em adultos
idosos. Entretanto, o cérebro pode compensar alguns
declínios relacionados à idade.
De acordo com os estudos de Baltes, a sabedoria não está
relacionada à idade.
Escala Wechsler de Inteligência Adulta (520)
memória sensorial (522)
memória de trabalho (522)
memória episódica (522)
memória semântica (523)
memória de procedimento (523)