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PSICOTERAPIA COM IDOSOS

ROSELI LAGE DE OLIVEIRA


ANA PAULA JUSTO

OBJETIVOS
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

▪ classificar o impacto do envelhecimento populacional no contexto da saúde;


▪ descrever as principais teorias psicológicas do envelhecimento e identificar as diferentes
dimensões do envelhecer;
▪ listar as principais demandas psicológicas do idoso no contexto da saúde e da saúde mental;
▪ identificar as principais modalidades de intervenção em psicoterapia com pessoas idosas e
os desafios da atuação com esse público;
▪ ordenar as principais intervenções psicoterápicas com o idoso, baseadas em evidências.

ESQUEMA CONCEITUAL
INTRODUÇÃO
Assista aqui a vídeo aula do capítulo.
Assista aqui

O momento atual tem apresentado um movimento crescente de publicações sobre psicoterapia com
pacientes idosos. Isso retrata o crescimento da população idosa no mundo e, de modo acelerado, no
Brasil. Com um contingente maior de pessoas idosas, novas problemáticas se impõem para o
atendimento psicológico desse público, como o cuidado de quem cuida desses idosos, as doenças
relacionadas ao envelhecimento e o aumento da prevalência de transtornos mentais a serem
diagnosticados e/ou tratados nessa fase da vida.
O profissional que deseja atuar nessa área necessita desenvolver habilidades técnicas e
comportamentais que lhe permitam compreender a problemática envolvida, bem como paciência,
disponibilidade e empatia. Considerando essa demanda, a American Psychological Association
(APA)1 apresenta algumas diretrizes fundamentais no atendimento desses pacientes. Essas e outras
questões são discutidas ao longo deste capítulo.

ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
O envelhecimento populacional no mundo é um processo irreversível. Uma revisão de 2019 indicou
que a estimativa da população mundial de idosos era de aproximadamente 1,05 bilhão de
habitantes.2 Em 2018, pôde-se observar uma igualdade de proporção entre pessoas com 65 anos de
idade ou mais e crianças com até 5 anos de idade. Estima-se que até 2050 o número de pessoas
idosas seja duas vezes maior do que o de crianças com até 5 anos de idade. Se essas projeções se
confirmarem, poderá atingir 1,5 bilhão, o que indica que uma em cada seis pessoas no mundo terá
mais de 65 anos de idade.3
No Brasil, conforme o Estatuto do Idoso, é considerada idosa a pessoa com 60 anos ou mais. 4 O
último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou uma população geral de
195 milhões de habitantes, com 21 milhões de idosos.5 Estimativas mais recentes sugeriram uma
população de aproximadamente 28 milhões de idosos em 2019, com projeções de 42 milhões em
2030 e 63,1 milhões em 2060.6
Essa transição tem sido determinada por alguns processos principais:7
▪ diminuição das taxas de fecundidade;
▪ diminuição da mortalidade infantil;
▪ aumento da esperança de vida ao nascer;
▪ migração dos jovens para outras regiões em busca de trabalho, o que contribui para o
crescimento da população idosa em alguns locais.
No que diz respeito à esperança de vida ao nascer, as pessoas tendem a viver cada vez mais. Em
2018, o IBGE estimou uma média nacional de 78,62 anos; no entanto, em 2060, pode chegar a 82,75
anos. As mulheres tendem a viver mais que os homens, uma média de 81,96 contra 74,94 anos em
2018, podendo atingir 85,85 contra 79,53, respectivamente, em 2060.6
No Brasil, o crescimento acelerado da população idosa, aliado a mais anos de vida, traz também
consequências associadas às relações interpessoais, mais especificamente, às relações afetivas. Em
um estudo realizado por Linhares e Vianna,8 no período de 2002–2011, os autores observaram um
aumento de 136% nas dissoluções conjugais, seja por divórcios ou separações. Esse percentual de
crescimento foi maior que o da população idosa nesse mesmo período. As taxas de recasamento
foram de 72,7%, com maior prevalência entre os homens (81,7%). Entre as principais razões para as
dissoluções estão preocupação com filhos e familiares, síndrome do ninho vazio e aposentadoria e
maior tempo de convivência, ou seja, maior desgaste na relação conjugal pelo tempo de
relacionamento.9
Esse fenômeno foi favorecido pelas mudanças culturais que ocorreram nas últimas décadas,
responsáveis por promover um novo significado para o casamento e o divórcio, e pela maior
aceitabilidade do processo de divórcio, inclusive entre os idosos. Dessa forma, o divórcio tem sido
mais comum que a viuvez, sendo que as taxas de recasamento são maiores entre os divorciados, se
comparado aos viúvos.8
O término do relacionamento traz consequências importantes para as pessoas em diferentes
momentos da vida, no entanto, na velhice, esse impacto atinge de forma específica tanto o idoso
quanto seus familiares. Há um luto a ser elaborado pela dissolução conjugal, pelos anos vividos,
expectativas criadas e agora frustradas. Com a ausência do apoio do cônjuge, os idosos tendem a
buscar mais o auxílio dos filhos e a exigir mais deles.8
O envelhecimento gera maiores dificuldades e, em alguns casos, limitações importantes. Contudo,
antes da separação, esses idosos tinham um ao outro para se apoiar, agora, os filhos e netos precisam
cuidar dos dois separadamente. Essa nova dinâmica familiar pode causar maior desgaste nas relações
interpessoais, além de enfraquecer os vínculos intergeracionais.10

O envelhecimento populacional no Brasil impõe muitos desafios, tanto em termos de políticas


públicas quanto de estudos e pesquisas na área. A psicoterapia com os idosos ainda apresenta muitas
indagações quanto ao manejo clínico desses pacientes, suas principais demandas e a assistência
necessária aos familiares e cuidadores. Essas e outras questões importantes são foco de reflexão ao
longo deste capítulo.

Diante desse fenômeno mundial, a ONU tem discutido propostas que visam desenvolver áreas
prioritárias do Plano de Ação Internacional de Madrid para o Envelhecimento (MIPAA), acordado em
2002, com ações direcionadas para as pessoas idosas e seu desenvolvimento, para a promoção da
saúde e bem-estar na velhice, e para a criação de um ambiente de vida propício e favorável para o
idoso.11
A psicoterapia com pacientes idosos vem ao encontro de atender a área de promoção da saúde e
bem-estar na velhice. No entanto, os estudos nessa área ainda são incipientes, principalmente no
contexto clínico nacional.12 Tendo isso em vista, surge a necessidade de desenvolver e/ou ampliar
pesquisas, baseadas em evidências, que vislumbrem estratégias de psicodiagnóstico e intervenção
eficazes para esse público, possibilitando compreender as especificidades do atendimento ao
paciente idoso e a possíveis necessidades de adaptações em seu processo.

ATIVIDADES

1. O fenômeno da transição demográfica observado nos últimos anos no Brasil é caracterizado


pelo(a)

A) aumento da fecundidade em mulheres.


B) aumento da mortalidade infantil.
C) maior esperança de vida ao nascer.
D) redução da expectativa de vida.
Confira aqui a resposta

2. As taxas de recasamento entre os idosos foram de 72,7%, com maior prevalência entre os
homens, com percentual de

A) 75,4%.
B) 77,6%.
C) 81,7%.
D) 88,5%.
Confira aqui a resposta

3. Sobre o processo de transição demográfica, assinale V (verdadeiro) ou F (falso)


As mulheres tendem a viver menos do que os homens.
Estima-se que em 2030 a população idosa no Brasil irá dobrar.
A transição demográfica no Brasil está associada a baixa fecundidade das mulheres.
No Brasil, o aumento da população idosa tem ocorrido de forma gradual nos últimos anos, em
relação a outros países.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — F — V — F
B) V — F — F — V
C) F — V — V — F
D) F — V — F — F
Confira aqui a resposta

4. Sobre o envelhecimento populacional no Brasil, observe afirmativas.

I. Aumento no número de separações e divórcios de casais idosos.


II. Síndrome do ninho vazio.
III. Maior desgaste nas relações familiares associados à maior dependência do idoso.
IV. No Brasil, o idoso é a pessoa com 65 anos ou mais.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a III e a IV.
C) Apenas a I, a II e a III.
D) Apenas a II a III e a IV.
Confira aqui a resposta

5. Em 2018, o IBGE estimou uma média nacional de 78,62 anos, no entanto, em 2060, pode
chegar a
A) 76,69 anos.
B) 78,71 anos.
C) 80,73 anos.
D) 82,75 anos.
Confira aqui a resposta

DIMENSÕES DO ENVELHECIMENTO
O envelhecimento é considerado complexo, pois envolve diferentes processos e é influenciado por
diversos fatores, ou seja, é multifatorial. Dessa forma, ainda nos dias atuais, não são conhecidas todas
as especificidades do processo de envelhecimento, sendo particularmente difícil determinar quais
alterações podem efetivamente ser consideradas uma consequência do envelhecimento, seja pelo
critério de tempo (já que nem todas as funções do organismo são alteradas com a passagem do
tempo) ou pelo critério de efeitos deletérios, uma vez que algumas alterações não proporcionam
efeitos nocivos.13
Existem fatores individuais, como a genética e os hábitos de vida, que podem explicar a variabilidade
dos padrões de envelhecimento, visto que pessoas com a mesma idade cronológica podem
apresentar idades fisiológicas diferentes.13
Na tentativa de elucidar a definição de envelhecimento, Strehler13 estabelece alguns critérios para
definir quais alterações nas estruturas fisiológicas e nas suas funções podem ser consideradas como
parte do processo de envelhecimento. Para tanto, é necessário que as modificações: 13
▪ reduzam a funcionalidade da pessoa — efeito deletério;
▪ evoluam de forma gradual e progressiva ao longo da passagem dos anos;
▪ sejam determinadas por fatores intrínsecos, ou seja, não deve ser o resultado de um
componente ambiental modificável;
▪ sejam semelhantes a todos os membros de uma dada espécie — universalidade.
Embora esses critérios apresentem uma lógica, na prática, sua aplicabilidade torna-se complicada,
uma vez que ainda é difícil separar a influência dos fatores ambientais dos fatores individuais, no
processo de envelhecimento, já que eles se sobrepõem ou se complementam. Essa dinâmica
evidencia como é complexo estabelecer definições operacionais simples para conceituar os
mecanismos biológicos do envelhecimento.13
Diante dessa complexidade, cabe ao psicólogo que atua com pessoas idosas conhecer os principais
aspectos do envelhecimento. Na dimensão biológica, o sistema nervoso central (SNC) está
diretamente vinculado com o processo de envelhecimento, sendo que seu comprometimento,
quando ocorre, representa algo preocupante, já que é responsável pela
▪ vida de relação ou somática — funções que relacionam o organismo com o meio ambiente);
▪ vida vegetativa ou visceral — funções biológicas internas; controle das vísceras.
Algumas células nervosas (neurônios, células de apoio e gliais) estão submetidas a danos ao longo do
envelhecimento, seja devido a fatores intrínsecos (genético, gênero, circulatório, metabólico, radicais
livres etc.) e/ou extrínsecos (ambiente, sedentarismo, tabagismo, uso de drogas ilícitas, radiações
etc.). Esses danos são observados no transcorrer do envelhecimento, de forma gradual e progressiva,
e, por serem mais discretos, não afetam a vida de relação, sendo considerados saudáveis
(senescência). No entanto, quando esses prejuízos são mais intensos e comprometem funções
nobres, como a memória, seu impacto na vida relacional é acentuado e são considerados patológicos
(senilidade).
A partir desses danos na célula nervosa, o envelhecimento cerebral é caracterizado por alterações
▪ morfofuncionais — atrofia, diminuição do peso e volume, redução no número de neurônios);
▪ neuroquímicas — neurotransmissores;
▪ fisiológicas — visão, audição, cognição e comportamento, pressão arterial, função pulmonar,
renal, imunológica e densidade óssea.
Conforme Papaléo Netto,14 o envelhecimento normal é aquele em que há alterações cognitivas,
sociais e fisiológicas esperadas para essa fase da vida. O envelhecimento bem-sucedido ocorre
quando o idoso consegue ter maior adaptabilidade às situações, ou seja, possui melhor
funcionalidade que outras pessoas da mesma faixa etária.

No Quadro 1, podem ser observadas as alterações esperadas ou não no processo de envelhecimento,


em suas dimensões básicas.
PA: pressão arterial; AVC: acidente vascular cerebral; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica. //
Fonte: Adaptado de Freitas e Py (2013).15

Em tempos contemporâneos, novos desafios se impõem, pois, com a redução no número de filhos e,
muitas vezes, com os familiares morando longe uns dos outros, aumentou a dificuldade em relação à
atenção e ao cuidado necessário à pessoa idosa. A parentalidade mais tardia também fez as pessoas
lidarem com o desafio de cuidar de seus filhos ainda pequenos, ao mesmo tempo em que cuidam dos
pais idosos e debilitados.

Lidar com perdas e ganhos nessa fase da vida é um equilíbrio de forças que envolve resiliência, uma
vez que enfrentar tantas mudanças em diversas áreas da vida, que tendem a se agravar ou ampliar
ao longo do tempo, requer processos de adaptação. No entanto, quando esse processo não
transcorre de forma favorável, pode levar a alterações de humor.

ATIVIDADES

6. Sobre o conceito de senilidade, observe as afirmativas.

I. Comprometimento no SNC quando atinge a vida de relação.


II. Comprometimento no SNC quando afeta a vida vegetativa/visceral.
III. Comprometimento da memória.
IV. Comprometimentos intensos que afetam a função de órgãos nobres.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a III e a IV.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II a III e a IV.
Confira aqui a resposta

7. O que vem a ser senilidade e senescência?

Confira aqui a resposta

TEORIAS PSICOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO


A Psicologia do Envelhecimento foi construída a partir da influência dos paradigmas mecanicista,
organicista e dialético,16 aliado ao paradigma de curso de vida.

PARADIGMA MECANICISTA
O paradigma mecanicista não considera a ocorrência de processos de desenvolvimento na vida adulta
e na velhice. Na visão mecanicista, o indivíduo apenas reage aos estímulos externos, desconsiderando
a influência dos processos cognitivos. Esse paradigma contribuiu de forma ímpar para que
experimentos fossem realizados com pessoas mais velhas.17

Foram os estudos sobre aprendizagem, comportamento e tempo de reação que permitiram concluir
que o fator idade contribui para a diminuição das habilidades.17

Aliado a isso, estudos psicométricos realizados durante a Primeira Guerra Mundial identificaram que
os indivíduos tinham pior desempenho após os 30 anos de idade, fortalecendo a noção de que o
desenvolvimento é interrompido na adolescência.17

PARADIGMA ORGANICISTA
O paradigma organicista adota teorias psicológicas que abordam o desenvolvimento por estágios,
inclusive na vida adulta e na velhice. Nessa perspectiva, o desenvolvimento ocorre de forma
sucessiva, por meio de estágios, desencadeado por características intrínsecas, mas também por
fatores sociais, históricos e culturais.17
A teoria evolucionista de Darwin teve um papel importante para a difusão das teorias
desenvolvimentistas na década de 1920. Um importante teórico do desenvolvimento foi Erik Erikson,
o primeiro a considerar que o desenvolvimento ocorre ao longo de toda a vida. Essa teoria concebe
o indivíduo como sendo completamente capaz para se desenvolver desde o nascimento, cabendo ao
ambiente sociocultural proporcionar possibilidades para isso. Esse processo se dá por crises
psicossociais e tarefas evolutivas, divididas em oito fases ou idades:17
▪ fase bebê — confiança versus desconfiança;
▪ infância inicial — autonomia versus infância e dúvida;
▪ idade do brinquedo — iniciativa versus culpa;
▪ idade escolar — trabalho versus inferioridade;
▪ adolescência — identidade versus difusão da identidade;
▪ idade adulta — intimidade versus isolamento;
▪ maturidade — geratividade versus estagnação;
▪ velhice — integridade do ego versus desespero.

PARADIGMA DIALÉTICO
O paradigma dialético descreve o desenvolvimento como um processo constante de mudança e
contradição. De acordo com Riegel,17 nesse paradigma, o desenvolvimento ocorre durante toda a
vida, podendo ser influenciado por fatores de natureza:
▪ inato–biológica;
▪ individual–psicológica;
▪ cultural–psicológica;
▪ natural–ecológica.
Esses fatores terão maior ou menor influência, de acordo com a idade, a fase da vida, se são fatores
individuais ou coletivos, esperados ou não. Desse modo, o desenvolvimento é considerado normal
na medida em que essas fontes estão em sincronia.17
Torna-se possível visualizar esse processo dinâmico ao considerar uma pessoa que tenha passado
por uma crise de natureza psicossocial, como o desemprego. Esse evento terá um impacto de duração
variável, seja este positivo ou não, contudo, a experiência desse indivíduo não será a mesma após
esse evento, pois isso se integrará ao processo de enfrentamento gerado, ao desenvolvimento de
habilidades e novas estratégias adaptativas, ou não, como o desenvolvimento de novos papéis que
tem como desfecho uma nova síntese, ou seja, um novo período de desenvolvimento normal. 17

Ao contrário da visão organicista, a dialética não considera o desenvolvimento de forma linear, mas
sim como fruto de força de tensões constantes que o determinam. Essa visão teve forte influência
para o desenvolvimento do paradigma do curso da vida e contribuiu para o desenvolvimento de
pesquisas interdisciplinares e longitudinais sobre o processo de envelhecimento. 17

PARADIGMA DO CURSO DA VIDA


O paradigma do curso da vida se estabelece por processos simbólicos expressos em normas etárias,
de gênero e na interação com os eventos de transição. Para essa perspectiva, a interação social e a
socialização são elementos centrais, sendo que o indivíduo e o ambiente social interagem
mutuamente, de modo a construir o desenvolvimento individual e os de coorte (de uma determinada
cultura ou sociedade, em um determinado tempo). É a sociedade que constrói as trajetórias
individuais do desenvolvimento, na medida em que ela dita as normas sociais aceitas em diferentes
faixas etárias e, com isso, torna-se natural e esperado que os indivíduos se comportem assim.17
Os eventos de transição de vida, como a menopausa, são elementos de interesse para esse
paradigma, pois ao mesmo tempo em que eles promovem certa instabilidade, também geram
possibilidades de mudanças adaptativas.17
O paradigma de desenvolvimento ao longo de toda a vida, conhecido por life-span, considera o
desenvolvimento e o envelhecimento como fruto dos seguintes aspectos:17
▪ mudanças graduadas por idade — são previsíveis e de natureza genético-biológica, como
em cada época ou tempo, diferentes normas sociais sobre maternidade ou casamento
são estabelecidas, conforme a idade e o gênero, bem como a aposentadoria pode não
significar mais o término de uma carreira profissional;
▪ mudanças graduadas pela história — são mudanças psicossociais que sofrem a influência
do meio social e dos processos de socialização, como as guerras, as epidemias e o
terrorismo;
▪ as mudanças não são normativas, influenciadas tanto pelo meio social quanto biológico,
que não atingem a todas as pessoas do mesmo grupo social ou etário, sendo assim, são
mudanças que ocorrem sem previsibilidade e tendem a acarretar um grande impacto por
interromperem o curso normal do desenvolvimento.

O paradigma de desenvolvimento ao longo de toda a vida aponta novas perspectivas teóricas e


metodológicas para a compreensão do fenômeno do envelhecimento, sendo esta a corrente da
psicologia do envelhecimento dominante no Brasil. Ele contribuiu para o desenvolvimento de estudos
longitudinais e de coorte, considerando o tempo individual e o tempo histórico aliados às trajetórias
do desenvolvimento. Uma outra contribuição importante foi a possibilidade de fomentar a busca por
uma compreensão dialética entre as influências genético–biológicas, socioculturais, individuais–
psicológicas e ecológicas.17

ATIVIDADES

8. A Psicologia do Envelhecimento teve como pressupostos alguns paradigmas vinculados às


teorias do desenvolvimento, como o mecanicista, organicista e o dialético. Com base nesses
modelos, observe as afirmativas.

I. O modelo mecanicista acredita que o desenvolvimento ocorre de forma sucessiva e por meio
de estágios, não tendo qualquer influência os estímulos externos.
II. O modelo organicista acredita que a pessoa se desenvolve até o início da vida adulta.
III. O modelo dialético acredita que o desenvolvimento ocorre por meio de aspectos intrínsecos,
mas também é influenciado por fatores sociais.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a III.
D) Apenas a II e a III.
Confira aqui a resposta

9. Considera-se o paradigma de desenvolvimento ao longo de toda a vida (life-span) como a


corrente dominante na psicologia do desenvolvimento para a compreensão do fenômeno do
envelhecimento. Com base no que foi exposto, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
As mudanças são graduadas pela história — sofrem a influência do meio social e dos processos
de socialização.
As mudanças são graduadas por idade — são previsíveis. Em cada época ou tempo, diferentes
normas sociais são impostas.
As mudanças são graduadas por gênero — conforme o gênero, atitudes e valores são
diferentes ao longo do desenvolvimento.
As mudanças não são normativas, não ocorrem igualmente às pessoas do mesmo grupo social
ou etário.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — V — F — V
B) V — F — V — V
C) F — V — F — V
D) F — V — F — F
Confira aqui a resposta

10. Fortalecendo a noção de que o desenvolvimento é interrompido na adolescência, estudos


psicométricos realizados durante a Primeira Guerra Mundial identificaram que os indivíduos
tinham pior desempenho após os

A) 30 anos.
B) 35 anos.
C) 40 anos.
D) 45 anos.
Confira aqui a resposta

11. A teoria evolucionista de Darwin teve um papel importante para a difusão das teorias
desenvolvimentistas na década de 1920. Um importante teórico do desenvolvimento foi Erik
Erikson. Ele concebe o indivíduo como completamente capaz para se desenvolver desde o
nascimento, cabendo ao ambiente sociocultural proporcionar possibilidades para isso. Esse
processo se dá por crises psicossociais e tarefas evolutivas, divididas em oito fases ou idades.
Diante do exposto, correlacione as fases apresentadas com suas respectivas características.

1 Fase bebê Iniciativa versus culpa


2 Idade do brinquedo Trabalho versus inferioridade
3 Idade escolar Intimidade versus isolamento
4 Idade adulta Confiança versus desconfiança

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 4 — 1 — 2 — 3
B) 1 — 2 — 3 — 4
C) 3 — 4 — 1 — 2
D) 2 — 3 — 4 — 1
Confira aqui a resposta
ENVELHECIMENTO NO CONTEXTO DA SAÚDE
Diante do envelhecimento da população, em 2006, o Ministério da Saúde (MS) lançou a Política
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, por meio da Portaria GM/MS nº 2.528, que estabelece como
principais diretrizes:18
▪ a atenção integral e integrada à saúde;
▪ o envelhecimento ativo e saudável;
▪ o fortalecimento do controle social — maior participação do cidadão na gestão pública;
▪ o incentivo a estudos e pesquisas.

A expressão envelhecimento ativo refere-se ao processo de otimização do acesso de idosos às


oportunidades, envolvendo cuidados referentes à saúde, participação na sociedade e segurança para,
assim, melhorar a qualidade de vida da população em processo de envelhecimento, além de permitir
que o idoso utilize o seu potencial em todas as dimensões da saúde: física, social, mental e de bem-
estar geral.19

Considerando essas diretrizes, a atuação do psicólogo com a população idosa pode ocorrer em
diferentes contextos e níveis de complexidade de atenção à saúde, como:20
▪ nível primário — também denominado de atenção básica, tem por objetivo a promoção e
prevenção em saúde, com foco em ações de educação, psicoeducação, orientação e
detecção precoce de patologias. Essas ações são realizadas no contexto da atenção
básica e compreende a assistência oferecida nas Unidades Básicas de Saúde (UBS),
ambulatórios, programa de saúde da família, centros de convivência, centros dia, clínicas
médicas e de profissionais da saúde. As ações de promoção da saúde também podem
ser realizadas em espaços comunitários, como escolas, igrejas, centros comunitários e
por equipes multiprofissionais, compostas por médico, psicólogo, assistente social,
enfermeiro, odontólogo, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta
ocupacional e nutricionista;
▪ nível secundário — também denominado de média complexidade, objetiva a avaliação e o
diagnóstico preciso, o tratamento e a reabilitação de patologias já instaladas. As ações
são desenvolvidas em centros especializados de atendimento, como ambulatórios de
especialidades, centros de referência especializados, atendimento domiciliar, ambulatório
de geriatria e/ou gerontologia, unidades de pronto atendimento e hospital geral; nesse
nível, as ações em saúde são realizadas por profissionais especializados, como os
gerontólogos, em suas diversas áreas básicas de formação (enfermeiros, fisioterapeutas,
psicólogos etc.);
▪ nível terciário — também denominado de alta complexidade, oferece assistência de maior
complexidade e alto custo tanto em relação aos recursos humanos quanto tecnológicos
altamente especializados;20 considerando o paciente idoso, o objetivo é o tratamento e a
reabilitação. Alguns exemplos de procedimentos são quimioterapia, Alguns exemplos de
procedimentos são quimioterapia, diálise, cirurgia bariátrica, transplante, cuidados
paliativos, etc. Para atender à diretriz de integralidade, uma das premissas básicas no
Sistema Único de Saúde (SUS), o psicólogo integra a equipe multiprofissional21 e
demanda, muitas vezes, de especialidades e/ou subespecialidades, como clínica,
hospitalar, gerontologia, tanatologia e outras.
Dentro desse contexto de assistência, a atuação do psicólogo nos diferentes níveis de atenção à
saúde do idoso passa por mudanças em relação ao perfil do paciente atendido. No contexto brasileiro,
a transição demográfica vem sendo acompanhada pela transição epidemiológica, dessa forma, ao
mesmo tempo em que as doenças transmissíveis deixaram de ser fatais, as doenças crônicas não
transmissíveis (DCNTs) passaram a ocupar o seu lugar em prevalência, tornando-se condições
crônicas que acompanham o idoso ao longo do seu envelhecimento. Desse modo, o foco deixou de
ser exclusivamente no tratamento medicamentoso e passou a ser multidisciplinar, levando, inclusive,
a repensar os hábitos de vida da população.21
A transição epidemiológica, acompanhada pela transição demográfica, acena para a inclusão efetiva
dos idosos em programas de promoção, prevenção e tratamento das doenças. Acredita-se que, com
o aumento do nível educacional dos idosos, possa-se gerar maior reivindicação pela sua inclusão em
programas multiprofissionais. Outro grande desafio, nesse cenário, será o de manter, o máximo
possível, ações direcionadas à manutenção e desenvolvimento da autonomia e independência
funcional do idoso.21 A perspectiva de atenção integral à saúde,18 impulsiona a atuação do psicólogo,
que passa a ter um papel mais ativo na promoção, na prevenção, no tratamento e na reabilitação
dessas doenças.
As DCNTs podem ser classificadas em quatro grandes grupos:22,23
▪ circulatórias, como hipertensão arterial sistêmica (HAS);
▪ neoplasias;
▪ respiratórias crônicas — como enfisema pulmonar;
▪ diabetes melito.
As DCNTs são multideterminadas e estão associadas a fatores de risco comuns modificáveis, como
o tabagismo, o uso de álcool, a inatividade física, a alimentação não saudável e a obesidade.22,23 Essas
doenças, por estarem associadas ao estilo de vida, necessitam de tratamento com foco na mudança
de comportamento, o que torna a atuação do psicólogo primordial. Deve-se considerar que a
psicoterapia de um paciente idoso, no que se refere a essas mudanças, pode se tornar ainda mais
desafiadora, uma vez que muitos desses hábitos encontram-se instalados há décadas.
Em termos epidemiológicos, o estudo de Simieli e colaboradores,22 realizado com idosos em uma
UBS, identificou a HAS como a patologia mais frequente (77,71%), seguida de osteoartrose (38,04%)
e diabetes melito (36,95%). Esses dados confirmam a alta prevalência das DCNTs na população idosa.
Além de atuar na mudança comportamental necessária ao tratamento e reabilitação das DCNTs, o
psicólogo, no contexto da saúde, também atua no suporte aos pacientes que enfrentam os
estressores decorrentes do diagnóstico, do tratamento e das limitações de diferentes doenças. Vale
destacar que a doença em si representa um grupo significativo de estressores na vida do indivíduo.
Alves,24 em um estudo com idosos, avaliou o nível de estresse, qualidade de vida e fontes estressoras,
e identificou que as principais fontes de estresse dessa população eram, entre outros fatores,
preocupações referentes:
▪ à necessidade de depender de outras pessoas e/ou morar com familiares;
▪ à possibilidade de desenvolver uma doença grave ou ver pessoas queridas adoecendo;
▪ à própria morte;
▪ à viuvez
ou à perda de pessoas próximas;
▪ à manutenção das atividades diárias, como ir a bancos, supermercados e feiras;
▪ às limitações decorrentes do envelhecimento, como visão e audição.

O envelhecimento pode se constituir um período de vulnerabilidade e favorece a manifestação e/ou


o agravamento de processos psicológicos.

Diversas são as demandas que o psicólogo pode se deparar no contexto da saúde. Em um estudo
realizado por Rosa, Patrício, Silvério e Rumel,25 os autores buscaram identificar os motivos pelos
quais os idosos procuraram por atendimento em um ambulatório de uma UBS. As principais queixas
identificadas foram as dores crônicas, o medo e a solidão.

O psicólogo que deseja atuar com pacientes idosos pode se deparar com múltiplas queixas, como
baixa adesão a tratamentos (medicamentosos ou não), efeitos colaterais, múltiplos tratamentos,
necessidades de exames e consultas, dificuldade em aceitar uma condição crônica, o próprio
envelhecimento e suas possíveis limitações, medo da morte ou de perder a autonomia e
independência e a insônia. O excesso de demandas vinculadas à saúde pode dificultar ou
sobrecarregar o processo de enfrentamento, e o que inicialmente são problemas de saúde pode levar
ao desenvolvimento de um quadro de ansiedade e/ou depressão.

Desse modo, faz-se necessário que o profissional realize uma avaliação cuidadosa da demanda do
idoso e direcione a intervenção conforme o nível de complexidade em que ele se encontra — ações
de promoção, prevenção, tratamento e de reabilitação da saúde.

ATIVIDADES

12. Descreva ao que a literatura está se referindo ao utilizar a expressão “envelhecimento ativo”.

Confira aqui a resposta

13. Visando o atendimento integral e integrado ao idoso, a atuação do psicólogo pode ocorrer
em três níveis de complexidade de atenção à saúde. Correlacione as colunas de cada nível
com a descrição correspondente.

1 Nível primário Objetiva a avaliação e o


2 Nível secundário diagnóstico preciso, o
3 Nível terciário tratamento e a reabilitação
de patologias já instaladas.
Busca realizar o tratamento e
reabilitar o idoso.
Visa a promoção e prevenção
em saúde, com foco em
ações de educação,
psicoeducação, orientação
e detecção precoce de
patologias.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 2 — 1 — 3
B) 1 — 2 — 3
C) 3 — 2 — 1
D) 1 — 3 — 2
Confira aqui a resposta

14. Em termos epidemiológicos, o estudo realizado com idosos em uma UBS identificou a HAS
como a patologia mais frequente, com percentual de

A) 71,19%.
B) 73,47%.
C) 75,58%.
D) 77,71%.
Confira aqui a resposta

ENVELHECIMENTO NO CONTEXTO DA SAÚDE MENTAL


No contexto da saúde mental, o psicólogo poderá se deparar com idosos que possuem uma
psicopatologia, seja esta desenvolvida no final da adolescência ou início da vida adulta, como nos
casos de transtorno bipolar, esquizofrenia, ou mesmo de transtorno da personalidade, ou no
transcorrer do processo de envelhecimento, frente às diversas mudanças características dessa etapa
da vida, como nos quadros de transtorno depressivo, ansioso ou demencial.
Independentemente da cronicidade do problema, o psicólogo necessita ter conhecimento
especializado sobre psicopatologia e a plasticidade dos transtornos nessa fase da vida,26 assim como
as principais abordagens de tratamento, baseadas em evidências, para atuar com esses casos
clínicos.1
Quanto à prevalência dos transtornos mentais, o estudo realizado por Reynolds e
colaboradores,27 com 12 mil idosos americanos, identificou, entre os transtornos mais prevalentes os
de:
▪ ansiedade — 11,04%;
▪ humor — 6,8%;
▪ uso de substâncias — 3,8%.
Outro dado interessante foi a prevalência dos transtornos da personalidade (14,5%), o que ressalta
a importância e a necessidade das práticas baseadas em evidência para o tratamento efetivo desses
idosos, uma vez que esses quadros clínicos podem impactar na saúde mental, na saúde física e no
funcionamento geral do paciente, bem como nas relações interpessoais que ele estabelece com seus
familiares, profissionais da saúde e cuidadores.
A ansiedade no idoso pode surgir como um transtorno primário ou associada à outras condições
clínicas, como doenças respiratórias, endócrinas ou cardiovasculares28, e pode ser facilmente
confundida com o envelhecimento, pois os idosos tendem a relatar mais sintomas físicos, o que
dificulta a identificação correta do problema.29

Estudos mostram que os quadros de ansiedade, quando em comorbidade com a depressão, tendem
a apresentar pior resposta terapêutica e prognóstico, com maior probabilidade de ideação suicida.28

O idoso com um quadro depressivo pode manifestar:30


▪ mais sintomas de ansiedade e irritabilidade;
▪ maior prejuízo quanto à memória, à concentração e ao sono;
▪ retardo psicomotor;
▪ alto nível de desesperança e desinteresse pela vida.
O idoso com um quadro depressivo também tende a ter queixas mais somáticas que cognitivas,
comparado com pacientes mais jovens, sendo vistos como poliqueixosos. 28,29
Quando de início tardio, a depressão no idoso tende a estar mais relacionada com o desenvolvimento
de um quadro demencial, devido à contribuição da história familiar. 28 Queixas relacionadas à
memória são frequentes entre os idosos, mas, quando associadas a um transtorno de ansiedade ou
depressivo, estas podem ser ainda mais marcantes.
Nessa fase da vida, ao enfrentar diversas mudanças e adaptações, sejam elas físicas, familiares,
profissionais ou sociais, os idosos podem desenvolver um quadro de estresse. O estresse em nível
excessivo e/ou por um período prolongado, acarreta a diminuição do hipocampo, a cerca de 10 a
20% do seu tamanho habitual, o que pode levar a outras condições neuroendócrinas e até aumentar
a vulnerabilidade à depressão.31
O nível de estresse e a qualidade de vida de pessoas idosas, que residiam em instituições de longa
permanência para idosos (ILPs), que participavam da Universidade Aberta da Terceira Idade (UNATI)
e que eram ativos em um grupo religioso, foram avaliados e comparados por Alves. 24 Os resultados
indicaram que quase 50% dos idosos apresentavam algum nível de estresse, sendo que 33,5%
estavam na segunda fase do estresse, a de resistência. Comparativamente, o grupo que estava na
ILPI apresentou maior frequência de estresse (55%), em relação ao grupo da UNATI (40%) e os ativos
em atividades religiosas (25%).
Outra condição muito comum é o transtorno neurocognitivo maior (TNM) do subtipo de doença de
Alzheimer, caracterizado por alterações na memória, na linguagem e na aprendizagem, que tendem
a se agravar ao longo do processo da doença.32 Sua prevalência em estudos brasileiros está em 7,6%,
tendo a baixa escolaridade e renda como fatores que podem influenciar o desenvolvimento de
quadros demenciais.33 Em um estudo recente realizado com idosos longevos (aqueles com 80 anos
ou mais), cerca de 85% apresentavam declínio cognitivo, reforçando a importância de ações
preventivas na modificação de fatores de risco, como a mudança de hábitos de vida, por exemplo. 34

O TNM desencadeia prejuízos importantes ao paciente e a seus familiares, com necessidade de


cuidados especiais e a presença de um cuidador.
Os transtornos da personalidade podem ter uma prevalência estimada de 10% entre os idosos,
contudo, poucos são os estudos encontrados. Em um artigo de revisão, Mattar e Khan35 mencionam
que o sofrimento que o transtorno causa aos pacientes e o prejuízo ao seu funcionamento, aliado ao
risco autoinfringido, reforça a necessidade de mais estudos na área. Muitas vezes, torna-se difícil
discriminar se o prejuízo no funcionamento é devido ao transtorno em si ou ao processo de
envelhecimento.

A apresentação clínica pode ser um pouco diferente do que no adulto, pois os idosos tendem a ter
comportamentos menos dramáticos, agressivos e impulsivos. Recomenda-se que a avaliação seja
cuidadosa, com um olhar atento à história de vida do idoso, visto a inter-relação do comportamento
do indivíduo com seus traços de personalidade, eventos de vida e estressores relacionados às
mudanças fisiológicas decorrentes do envelhecimento.

Quando houver comorbidade com depressão, há um impacto negativo no tratamento do humor, e as


comorbidades devem ser primariamente tratadas. O tratamento psicológico traz benefícios ao
paciente e melhora o seu funcionamento, podendo ser realizado em diversas modalidades, como a
psicoterapia cognitivo-comportamental, terapia comportamental dialética, terapia de suporte, terapia
psicodinâmica e terapia familiar.

As demandas psicológicas foram avaliadas por Sousa e colaboradores,36 em um serviço de clínica


escola de psicologia. Os autores identificaram que entre os principais motivos de busca por
atendimento entre idosos estão: tristeza, choro frequente, solidão, depressão, ansiedade, estresse,
isolamento, sobrecarga, esquecimento e ideação suicida. Outro estudo avaliou o perfil dos idosos em
um ambulatório de saúde mental e identificou que os principais problemas estavam relacionados a
depressão, ansiedade, relacionamentos e queixas somáticas.37

O psicoterapeuta precisa dar uma atenção especial à demanda apresentada pelo paciente idoso, às
peculiaridades dessa fase da vida, além do cuidado no processo de avaliação, principalmente para
não minimizar as queixas recebidas. Nesse contexto, não é incomum os familiares acreditarem que
um maior isolamento, ou mesmo quietude, fazem parte do envelhecimento normal, sendo que pode
haver um risco de suicídio e um quadro de depressão instalado.

O atendimento psicológico aos idosos necessita do profissional uma escuta atenta, observando as
queixas, a presença de possíveis comorbidades, risco de suicídio e a necessidade de adaptações para
a intervenção propriamente dita, assim, sua prática deve ser respaldada por intervenções baseadas
em evidências.

ATIVIDADES

15. Assinale a alternativa correta em relação aos problemas de saúde mental no idoso.

A) Os transtornos prevalentes são os transtornos da personalidade, seguidos pelos


transtornos de ansiedade, transtornos depressivos e os transtornos por uso de substâncias.
B) Os transtornos prevalentes no idoso são os transtornos alimentares, os transtornos
somáticos e a depressão, pois sabe-se que os idosos tendem a ser poliqueixosos.
C) Quando a depressão surge no idoso mais tardiamente, demonstra que ele não
desenvolveu resiliência ao longo da vida para lidar com as perdas e limitações.
D) Os quadros de ansiedade no idoso, quando comórbidos com depressão, tendem a
apresentar melhor prognóstico e uma resposta terapêutica maior.
Confira aqui a resposta

16. Descreva as principais demandas psicológicas no contexto da saúde mental no idoso.

Confira aqui a resposta

17. Assinale a alternativa correta no que se refere aos transtornos de personalidade em idosos.

A) Têm uma prevalência estimada em 15% entre os idosos.


B) Devido à baixa prevalência, autores afirmam que não há necessidade de mais estudos
sobre esses transtornos em idosos.
C) A avaliação deve ser cuidadosa, com um olhar atento à história de vida do idoso, visto a
inter-relação do comportamento do indivíduo com seus traços de personalidade, eventos de
vida e estressores relacionados às mudanças fisiológicas decorrentes do envelhecimento.
D) A apresentação clínica dos transtornos da personalidade em idosos é muito semelhante
a dos adultos.
Confira aqui a resposta

18. Um estudo recente realizado com idosos longevos (com 80 anos ou mais) identificou que
essa população apresentava declínio cognitivo de cerca de

A) 55%.
B) 65%.
C) 75%.
D) 85%.
Confira aqui a resposta

PSICOTERAPIA COM IDOSOS — PRÁTICA BASEADA


EM EVIDÊNCIAS EM PSICOLOGIA
De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (CFP), psicoterapia é a prática do psicólogo por se
constituir, técnica e conceitualmente, um processo científico de compreensão, análise e intervenção,
que se realiza através da aplicação sistematizada e controlada de métodos e técnicas psicológicas
reconhecidos pela ciência, pela prática e pela ética profissional, promovendo a saúde mental e
propiciando condições para o enfrentamento de conflitos e/ou transtornos psíquicos de indivíduos
ou grupos.38

A partir dessa definição, é possível compreender a abrangência da atuação do psicólogo em


diferentes contextos e com populações diversas, uma vez que abarca inúmeras modalidades da
prática psicológica, não se restringindo unicamente ao contexto clínico tradicional, como é
popularmente disseminado.
Essa definição também aponta a importância e a necessidade de se identificar qual a melhor prática,
para qual contexto ou problema e para quem utilizar. A partir de uma força-tarefa da APA, discussões
foram realizadas sobre a prática baseada em evidências em psicologia (PBEP).

A PBEP foi definida como o processo pelo qual o profissional faz a tomada de decisão de qual prática
utilizar, tendo em vista três critérios centrais, com o mesmo nível de importância para cada um deles:
evidências científicas da prática escolhida, o conhecimento e domínio teórico/técnico do profissional
para o seu uso, e as preferências do paciente conforme suas características pessoais, culturais e
domínio dos riscos e benefícios de sua escolha.39

A PBEP pode ser realizada em cinco etapas:40


▪ primeira etapa — é colhido o máximo de informações possíveis do cliente para averiguar
qual o melhor tratamento disponível e se ele pode beneficiá-lo, visto suas especificidades,
como idade, diagnóstico, comorbidades, contexto de vida e limitações. O profissional
deve, também, avaliar a necessidade de possíveis ajustes e adaptações para adequar o
modelo de intervenção às peculiaridades do caso. Ainda, nessa etapa, o profissional
analisa quais recursos terapêuticos ele disponibiliza e para quais sintomas-alvo do cliente
são terapeuticamente efetivos. Por fim, o terapeuta deve considerar se há necessidade de
modificações nas práticas adotadas ao longo do tratamento, tendo como meta principal
proporcionar o alívio do sofrimento no menor tempo e custo possíveis;
▪ segunda etapa — com base no levantamento inicial, faz-se uma busca das evidências
empíricas que focam a prática da atuação. Salienta-se a importância de pesquisas
cientificamente rigorosas, como os ensaios clínicos randomizados, considerados “padrão
ouro” para o reconhecimento de PBEP;
▪ terceira etapa — após essas evidências iniciais, o profissional deve ser capaz de identificar
se essa PBEP é aplicável ao caso potencial e, em caso positivo, como fazê-la. Essa análise
crítica das evidências empíricas compõe a terceira etapa, levando a tomada de decisão
para a intervenção. Esse momento requer que o profissional detenha um conhecimento
mínimo em metodologia de pesquisa, auxiliando-o a discriminar os estudos com maior
rigor científico;
▪ quarta etapa — envolve a implementação das práticas de evidências identificadas,
resguardando os aspectos intrínsecos de cada cliente, bem como as suas preferências.
Para tanto, o modelo de intervenção a ser utilizado precisa ser explicado a ele, para que
este possa escolher se quer ou não entrar em contato com os benefícios e efeitos
colaterais do tratamento proposto, garantindo a ele o respeito à autonomia;
▪ quinta etapa— os resultados da intervenção são avaliados de forma contínua e em conjunto
com o cliente. Sempre que possível, estes deverão ser compartilhados no momento
adequado.
Infelizmente, ainda são poucos os estudos que buscaram avaliar as evidências das práticas
psicoterápicas para a população idosa, poucos são os estudos experimentais, sendo que as revisões
sistemáticas apresentam critérios indefinidos e/ou metodologia sem rigor científico, o que dificulta
sua replicabilidade.12 Esse cenário retrata a distância que há entre a prática psicológica e a produção
de conhecimento científico, sendo este um campo fértil para estudos, visto que o envelhecimento
populacional traz muitas indagações quanto à prática psicológica direcionada às necessidades dessa
demanda cada vez maior.
O tratamento psicológico aplicado ao idoso carrega, ao longo de sua história, uma descrença em sua
efetividade, e a escassez de publicações científicas nessa área tem dificultado a mudança dessa
crença. Na tentativa de desconstruir essa visão e orientar os profissionais da psicologia para o
tratamento, a APA constituiu uma força-tarefa para desenvolver diretrizes básicas no atendimento
psicológico às pessoas idosas.1 As recomendações das diretrizes contemplam seis grandes áreas:1
▪ primeira área — orienta em relação à necessidade de conhecimento especializado para
desmistificar concepções inadequadas quanto à inacessibilidade do paciente idoso ao
tratamento psicológico. Nesse contexto, o profissional deve estar atento aos seus
próprios estigmas e preconceitos em relação ao idoso e ao envelhecimento;
▪ segunda área — ressalta a necessidade de conhecimentos específicos sobre o
desenvolvimento humano, a velhice, as variáveis ambientais e as psicológicas que
interferem nesse processo e que podem afetar a saúde psicológica do idoso;
▪ terceira área — salienta a importância de buscar informações especializadas sobre as
psicopatologias e os fatores intervenientes, bem como as mudanças cognitivas e
funcionais que podem ocorrer nessa fase da vida, levando a alterações na plasticidade
dos transtornos;
▪ quarta área — considera o aspecto da avaliação do idoso como uma diretriz essencial para
um psicodiagnóstico claro e específico que possibilite uma intervenção efetiva. Para isso,
o profissional deve buscar teorias e técnicas que fundamentem o processo de avaliação,
especificamente, direcionado ao paciente idoso. Eles devem ser validados e padronizados
para o uso nessa população, seja cultural, social e/ou psicometricamente;
▪ quinta área — contempla a prestação de serviços ao idoso. O foco aqui será em intervenções
psicoterapêuticas, baseadas em evidência, tanto para a família, quanto para o paciente,
além da consultoria às equipes de saúde e instituições. Ressalta-se a necessidade de
atentar às peculiaridades dessa fase da vida, fazendo adaptações nos procedimentos
interventivos sempre que necessárias, tendo em vista possíveis limitações cognitivas,
sensório-motoras etc. As intervenções são destinadas a todos os níveis de atenção à
saúde que, por meio da interdisciplinaridade, atingem a atenção integral à saúde. Vale
lembrar que essa também é uma diretriz priorizada pelo MS no Plano Nacional de Atenção
à Saúde da Pessoa Idosa;17
▪ sexta área — indica o treinamento especializado como fundamental para os profissionais
que desejam atuar com os idosos, tendo as supervisões, treinamentos e os cursos como
recursos para o desenvolvimento de conhecimento teórico-técnico sobre políticas
públicas de saúde, legislações, recursos em saúde e o desenvolvimento de habilidades
específicas para a prática com o paciente idoso.
Além das habilidades técnicas, algumas habilidades comportamentais são fundamentais para o
profissional que deseja atuar com pacientes idosos. Um cuidado essencial é no sentido de não
infantilizar o idoso, nem desqualificar seus recursos preservados, de modo a subestimar e/ou
desrespeitar a autonomia e independência do idoso.41 A atuação com pacientes idosos impõe o
desafio ao psicoterapeuta de, muitas vezes, lidar com quadros crônicos e com transtornos instalados
há um longo tempo. Portanto, torna-se fundamental que o profissional desenvolva paciência,
flexibilidade, tolerância e respeito à história do paciente, valorizando suas reminiscências e
auxiliando-o a ressignificar sua história de vida.26
Diante do exposto até aqui, é possível compreender a transição demográfica e epidemiológica que
vem ocorrendo nas últimas décadas, alertando para a necessidade da formação de profissionais
especializados para o atendimento do paciente idoso. Nesse contexto, compreender as dimensões
do envelhecimento, as teorias psicológicas que embasam a percepção dessa fase da vida, o
envelhecimento no contexto da saúde e da saúde mental, a PBEP e as diretrizes da APA1 para o
atendimento psicológico de pessoas idosas, possibilitou o aprimoramento de informações
imprescindíveis para o raciocínio clínico e a intervenção em psicoterapia com pacientes idosos.

ADAPTAÇÕES PARA A INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA COM


PACIENTES IDOSOS
Um aspecto central no atendimento psicológico de pacientes idosos é a necessidade de adaptações
para a intervenção. Alguns desses ajustes são:42–45
▪ atentar para possíveis prejuízos nos órgãos dos sentidos — falar mais devagar, olhando para
o idoso, buscando gesticular bem as palavras, adequar o tom de voz, minimizando
dificuldades auditivas;
▪ estar atento ao uso de materiais psicoeducativos impressos e/ou instrumentos de
avaliação. Estes devem ter uma fonte de tamanho maior e clara, com cor forte e visível,
considerando possíveis prejuízos visuais;
▪ os objetivos terapêuticos devem ser claros e específicos, se possível imediatos, de curto e
médio prazos, para que o idoso vá se sentindo reforçado com as metas propostas
alcançadas;
▪o contrato precisa ser claro, objetivo, mas que traga certa flexibilidade, pois pode haver
intercorrências por problemas de saúde e estas devem ser consideradas;
▪ os aspectos e conteúdos a serem abordados precisam ser apresentados de forma mais
lenta e gradual, visto a menor velocidade no processamento das informações;
▪ ainda considerando os prejuízos cognitivos naturais dessa fase da vida, os conteúdos
devem ser repetidos, sumarizados e, sempre que possível, trabalhados de forma
multissensorial — ver, ouvir e fazer;
▪ em relação ao formato da intervenção, também é importante certo nível de flexibilidade, pois,
dependendo das dificuldades ou do quadro clínico do idoso, o tempo de sessão pode
necessitar ser menor, ou mesmo pode ser necessário algumas interrupções, como a
parada para o uso de medicações, para a ingestão de alimentos ou a deambulação
motora, devido a dores intensas etc. Outra possibilidade de intervenção é o uso de
recursos online para aqueles idosos que possuem uma dificuldade maior em estar
presente nas sessões frequentemente;
▪ quanto ao local da intervenção, este também pode requerer adequações conforme as
necessidades do paciente, podendo ser domiciliar, em ILPI, no curso de internações
hospitalares etc.

O psicólogo deve estar atento às peculiaridades de cada idoso e, sempre que possível e necessário,
fazer pequenas adaptações para que a intervenção possa ser efetiva e contribua para a diminuição
do sofrimento do paciente.

MODALIDADES DE INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA


Diversas podem ser as modalidades de intervenção psicológica com o paciente idoso, como a
psicoterapia individual, em grupo, psicoeducacional, familiar, de casal, bem como a orientação aos
familiares e cuidadores de idosos.

PSICOTERAPIA INDIVIDUAL

A psicoterapia individual é uma modalidade de intervenção muito indicada para os idosos que têm
dificuldades para se expressarem perante outras pessoas, ou que possuem uma demanda na qual se
sentem constrangidos em comunicar para outras pessoas, como:
▪ problemas com os filhos;
▪ dificuldades conjugais;
▪ questões relacionadas à violência.
Ela permite que as intervenções sejam direcionadas, especificamente, às necessidades de cada
paciente. Entretanto, diante do isolamento e da solidão, ela pode não ser tão indicada, na medida em
que não promove, inicialmente, a socialização com outros idosos e, assim, disponibiliza poucos
reforçadores sociais.26

PSICOTERAPIA EM GRUPO

A psicoterapia em grupo tem sido uma modalidade muito indicada para tratar idosos com depressão,
principalmente por proporcionar o sentimento de pertença ao grupo e alívio diante de outras pessoas
que possuem experiências semelhantes, também promove o aumento dos reforçadores sociais e das
estratégias de enfrentamento, seja para situações atuais ou mesmo futuras, e o desenvolvimento de
repertório de habilidades sociais.

Pode ser contraindicada quando o idoso tem problemas de comportamento que dificultam sua
interação social, como transtornos da personalidade, ou, ainda, quando apresenta questões
relacionadas a traumas infantis e tem dificuldade em comunicar tais experiências, muitas vezes por
vergonha.26
PSICOTERAPIA FAMILIAR
Diante de conflitos familiares, a psicoterapia familiar pode ser muito indicada para criar um canal de
comunicação junto à família e proporcionar a inserção do idoso como membro ativo dessa família.
Contudo, torna-se importante avaliar a dinâmica familiar, para que o idoso não seja exposto a mais
agressões nesse contexto.26

ORIENTAÇÃO AOS FAMILIARES E CUIDADORES DE IDOSOS


As orientações aos familiares e cuidadores são muito indicadas, pois possibilitam a compreensão da
problemática do idoso e o melhor manejo nas situações, de modo a promover maior autonomia e
independência a ele. Cabe ao psicólogo, também, orientar as equipes de saúde quanto ao
funcionamento do idoso, pois há casos em que os profissionais podem reforçar determinados
comportamentos inadequados e piorar ainda mais o quadro clínico.26

Cada uma dessas modalidades de psicoterapia apresenta benefícios e limitações, cabe ao profissional
avaliar a melhor proposta de intervenção, considerando as peculiaridades do caso, identificadas por
meio do processo de avaliação e psicodiagnóstico. Ao escolher a modalidade de intervenção, o
psicoterapeuta deve atentar às queixas referidas pelo idoso, bem como seu histórico anterior de
tratamento, se houver. Com isso, pode-se identificar se houve alguma modalidade de intervenção
prévia utilizada com essa pessoa e quais os benefícios que obteve anteriormente. O profissional
também deve considerar, baseado na complexidade de cada caso, quais PBEP são recomendadas.

POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS COM


IDOSOS
As intervenções psicológicas com pacientes idosos é um campo vasto, mas ainda carente de estudos.
Facchini e Gorayeb46 descrevem as principais intervenções do psicólogo com pacientes idosos no
ambiente hospitalar, enquanto Oliveira e Ferraretto26 relatam ações no âmbito da saúde mental, ao
discutir os objetivos da intervenção. Esses estudos, aliados à experiência das autoras, permitiu
compilar algumas das principais possibilidades de intervenção, sendo elas:
▪ fornecer informações — psicoeducar pacientes, familiares e cuidadores sobre o
envelhecimento, a doença, a psicopatologia e o funcionamento do idoso. Instrumentalizar
o idoso para que ele possa compreender o seu próprio funcionamento e, assim,
desenvolver meios para lidar com ele. Auxiliar o idoso a se adaptar às mudanças inerentes
ao processo de envelhecimento. Desmistificar estigmas e preconceitos, do próprio
paciente idoso e dos seus familiares e cuidadores, relacionados ao processo de
envelhecimento. Normalizar sintomas físicos e emocionais por meio da psicoeducação;
▪ facilitar a expressão de sentimentos — desenvolver e/ou aumentar a capacidade do idoso de
identificar seus próprios sentimentos, auxiliando-os a identificá-los e expressá-los de
forma funcional. Validar sentimentos. Desenvolver sentimentos de pertencimento e de
utilidade;
▪ estimular a funcionalidade — facilitar e aumentar a adesão ao tratamento medicamentoso,
farmacológico e não farmacológico. Proporcionar alívio dos sintomas ansiosos,
depressivos e das inseguranças que podem estar presentes. Aumentar o repertório de
estratégias de enfrentamento dos problemas, das incapacidades físicas e dos prejuízos
cognitivos. Desenvolver estratégias apropriadas de resolução de problemas e promover
autonomia e independência;
▪ abordar relacionamentos interpessoais — desenvolver e/ou aumentar o repertório de
habilidades sociais do idoso, promovendo melhor comunicação verbal e não verbal, maior
assertividade, relacionamentos afetivos mais prazerosos, maior número de reforçadores
e de interações sociais positivas;
▪ verificar a presença de suporte social — ensinar o idoso e/ou familiar e/ou o cuidador a
utilizar mais efetivamente os recursos da comunidade, estimulando e promovendo a
reinserção social do paciente;
▪ orientar familiares cuidadores — orientar e dar suporte aos familiares e cuidadores dos
idosos. Na orientação, buscar aumentar ou reduzir o efeito protetor da família;
▪ facilitar
o relacionamento com a equipe de saúde — orientar os profissionais da saúde, que
interagem com o paciente, para que conheçam o funcionamento do idoso e que possam
manter uma coerência nas ações adotadas pelos diversos membros da equipe;
▪ abordar aspectos relacionados à morte e ao luto — promover reflexões sobre finitude, auxiliá-
los a elaborar o luto frente às patologias crônicas, limitações físicas, perda de parentes
próximos, entre outros;
▪ promover o bem-estar do idoso e um envelhecimento saudável — aumentar a frequência das
atividades agradáveis e prazerosas, resgatando sonhos e desejos antigos que não
puderam ser realizados ao longo da vida. Melhorar a autoestima e o autocuidado,
promovendo o envelhecimento saudável.

A psicoterapia com pacientes idosos demanda do profissional um olhar abrangente, não apenas para
o idoso em si, mas também para os familiares e cuidadores.

ATIVIDADES

19. Assinale a alternativa que indica a modalidade de intervenção psicológica que melhor se
enquadra às demandas de uma paciente idosa com depressão e ansiedade social, vítima de
violência doméstica.

A) Psicoterapia familiar.
B) Psicoterapia em grupo.
C) Psicoterapia individual.
D) Grupo psicoeducacional.
Confira aqui a resposta

20. De acordo com as recomendações das diretrizes básicas do atendimento psicológico ao


idoso desenvolvidas pela APA, observe as afirmativas.
I. O psicólogo deve buscar conhecimento especializado para desmitificar os preconceitos e
estigmas em relação à inacessibilidade do idoso ao tratamento psicológico, tanto do idoso e
de seus familiares, quanto do próprio psicólogo.
II. O psicólogo deve buscar conhecimentos específicos sobre desenvolvimento humano, fatores
que possam influenciar a saúde mental do idoso e sobre psicopatologia para poder realizar
um psicodiagnóstico específico.
III. Embora o paciente idoso apresente peculiaridades, o processo de avaliação e intervenção
psicológica deve seguir os mesmos procedimentos adotados com adultos de diferentes
idades, não necessitando de ajustes ou adaptações.
IV. A avaliação psicológica, bem fundamentada em teorias e técnicas especialmente
direcionadas para pacientes idosos, é que possibilita a realização de uma intervenção efetiva.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a III e a IV.
C) Apenas a I, a II e a III.
D) Apenas a I, a II e a IV.
Confira aqui a resposta

21. A PBEP foi definida como o processo pelo qual o profissional faz a tomada de decisão de
qual prática utilizar, tendo em vista três critérios centrais, com o mesmo nível de importância
para cada um deles e pode ser realizada em cinco etapas. Diante do exposto, assinale a
afirmativa que apresenta a informação correta sobre essas etapas da PBEP.

A) Na primeira etapa, faz-se uma busca das evidências empíricas que focam a prática da
atuação.
B) Na segunda e terceira etapas, é colhido o máximo de informações possíveis do cliente
para averiguar qual o melhor tratamento disponível e se esse pode beneficiá-lo.
C) Na quarta etapa, é realizada análise crítica das evidências empíricas.
D) Na quinta etapa, os resultados da intervenção são avaliados de forma contínua e em
conjunto com o cliente.
Confira aqui a resposta

22. Sobre as adaptações necessárias que o profissional deve atentar no atendimento psicológico
de pacientes idosos, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
Falar mais devagar, olhando para o idoso, buscando gesticular bem as palavras, adequar o tom
de voz, minimizando dificuldades auditivas.
Os objetivos terapêuticos devem ser claros e específicos de médio e longo prazos.
O local da intervenção deve ser no consultório do profissional.
Os conteúdos devem ser repetidos, sumarizados e, sempre que possível, trabalhados de forma
multissensorial.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.


A) V — F — V — V
B) V — F — V — F
C) V — F — F — V
D) F — V — V — F
Confira aqui a resposta

CUIDAR DE QUEM CUIDA


O cuidador é a pessoa que se disponibiliza a cuidar de alguém que necessita de auxílio. Pode ser um
familiar ou pessoa próxima do idoso (cuidador informal) ou um profissional treinado e contratado
para esse fim (cuidador formal). A tarefa do cuidador é auxiliar a pessoa enferma a realizar somente
aquilo que ela não possa fazer. Para exercer essa função, espera-se que essa pessoa tenha
características especiais, como a capacidade de doação, solidariedade e amor ao próximo. 47
De acordo com Roberto e Jarrot,48 cuidar de pessoas idosas é uma tarefa evolutiva e normativa na
vida de muitos adultos e idosos; contudo, embora seja um evento natural e esperado, muitas vezes,
a tarefa do cuidado é vista como um evento crítico de longa duração.

Em famílias com menor renda, uma pessoa tende a assumir esse cuidado, geralmente uma mulher.
Os cuidadores familiares podem experimentar sentimentos ambíguos, ao mesmo tempo em que
desejam cuidar bem e promover saúde ao idoso frágil, sentem-se cansados, estressados e
insatisfeitos por observarem repercussões negativas desse novo papel social na sua vida,
comprometendo as áreas social, afetiva, profissional e familiar.49

A tarefa do cuidar pode ser árdua e complexa, podendo despertar diversas emoções, como raiva,
tristeza, frustração, culpa, entre tantas outras. Desse modo, é fundamental que o cuidador consiga
observar as emoções despertadas pela função do cuidar, para, assim, compreender e aceitar que nem
sempre o idoso colabora com seu trabalho, como nos momentos em que se recusa a se alimentar ou
a tomar banho. Essa compreensão tende a reduzir o estresse do cuidador, já que este torna-se mais
preparado para lidar com as demandas específicas do idoso, com expectativas mais realistas em
relação ao processo do cuidar, já que percebe que as resistências manifestadas não são
comportamentos intencionais.47
O nível de doação e complexidade vinculado ao processo do cuidar, principalmente de uma pessoa
idosa, aumenta a probabilidade de o cuidador se sentir sobrecarregado, além de torná-lo mais
suscetível ao desenvolvimento de problemas, como fadiga crônica, estresse e depressão, com
possível impacto nos âmbitos familiar, conjugal, social e profissional.47
Algumas orientações de autocuidado podem proporcionar alívio ao cuidador, como: 47
▪ desenvolver uma rede de suporte e apoio com outros membros da família e/ou na
comunidade;
▪ reservar um momento diário para cuidar de si;
▪ fazer atividade física ou mesmo uma atividade de lazer;
▪ relaxar;
▪ aprender atividades novas ou sobre algum tema que lhe traga curiosidade;
▪ manter pessoas próximas;
▪ pedir ajuda sempre que necessário.
Em um estudo realizado por Kobayasi e colaboradores,50 os autores avaliaram cuidadores de 94
idosos e identificaram um predomínio do sexo feminino, geralmente filhas que residem com os pais
idosos. Observaram também uma relação direta entre o nível de dependência do idoso assistido, a
ausência de uma rede de suporte social e a presença de sobrecarga do cuidador. Quanto menor a
rede de apoio e maior o nível de dependência, maior será a sobrecarga do cuidador. Isso suscita a
importância de um olhar atento ao idoso e à sua família pelos profissionais da saúde,
independentemente do nível de complexidade de atenção à saúde.
Para lidar com o estresse, recomenda-se que os cuidadores façam parte de grupos de autoajuda, bem
como grupos psicoeducacionais, de orientação e aconselhamento, mais amplos, que permitam ao
cuidador reconhecer suas dificuldades e desenvolver estratégias de enfrentamento para facilitar o
cuidado e para melhorar o próprio autocuidado. Aliado a isso, recomenda-se a inserção social dos
cuidadores nos recursos da comunidade e o desenvolvimento de políticas públicas que facilitem a
tarefa do cuidado,51 visto que, com o envelhecimento populacional, essa será uma realidade cada vez
mais presente nas famílias brasileiras.
Lopes e Cachioni52 realizaram uma revisão sistemática sobre os efeitos das intervenções
psicoeducacionais direcionadas aos cuidadores de idosos com demência e observaram que essas
intervenções contribuíram de forma significativa para a melhoria do bem-estar do cuidador (37%),
seguido por diminuição dos pensamentos disfuncionais e maior quantidade de estratégias de
enfrentamento (30% cada). Os resultados apontam, ainda, para um aumento do conhecimento sobre
recursos e serviços disponíveis, das habilidades e da autoeficácia do cuidador. As abordagens mais
citadas nos estudos foram:
▪ cognitivo-comportamental;
▪ técnicas de resolução de problemas e de gerenciamento do estresse;
▪ apoio emocional;
▪ regulação das emoções.

Cabe salientar a importância de mais estudos que busquem padronizar as intervenções


psicoeducacionais em termos de estrutura, conteúdo, duração, abordagem, entre outros.

ATIVIDADES

23. Sobre os cuidadores de pessoas idosas, observe as afirmativas sobre a tarefa de cuidar.

I. Ela é natural, evolutiva e normativa.


II. A tarefa de cuidar é árdua, complexa e crítica, geralmente de curta duração.
III. Ela é capaz de despertar emoções ambivalentes, como raiva e tristeza.
IV. A tarefa de cuidar é estressante e cansativa.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a III e a IV.
C) Apenas a I, a II e a III.
D) Apenas a I, a III e a IV.
Confira aqui a resposta

M., 73 anos, viúva, sem filhos, mora sozinha, filha caçula de 11 irmãos, aposentada, católica
praticante, nascida em uma cidade do interior do estado de São Paulo, mora na cidade de São Paulo
há cerca de 58 anos. Atualmente, reside em um flat e passa o dia todo sozinha. Não possui atividades
externas, visita a irmã esporadicamente e quando ela está disponível. Não faz atividade física, não
fuma e não bebe.

RAZÃO DA BUSCA POR PSICOTERAPIA


A paciente procurou psicoterapia, por insistência da enteada, pois estava muito triste, desanimada e
sem perspectivas após a morte do esposo, com 96 anos, ocorrida há 10 meses, vítima de um processo
longo de doença, mais especificamente, de câncer. Na ocasião, apresentava sintomas de depressão,
como diminuição do padrão de sono, dormia de quatro a cinco horas e acordava várias vezes durante
a noite. Sentia-se muito triste, sozinha, insegura, “sem rumo”, com medo de não conseguir viver só.

Houve um aumento de apetite que desencadeou um ganho de cinco quilos, sentia-se desanimada,
sem vontade de sair de casa e de visitar sua família no interior, algo que antes fazia sempre com muita
motivação. Questiona se ainda valeria a pena viver sem o marido, sentia-se culpada por não ter
conseguido dormir com ele algumas noites no hospital, devido às dores no quadril.
Durante o processo de avaliação, foi aplicada a Escala de Depressão Geriátrica (GDS),53 e M. pontuou
13 afirmações, das 15 apresentadas. Esse resultado sugere sintomas importantes de depressão, que
demandam uma atenção clínico-terapêutica.

M. demonstrava dificuldade em lidar com a viuvez e as mudanças decorrentes dela, como


▪ o afastamento dos enteados e netos;
▪ a mudança de residência, de bairro;
▪ as alterações na rotina diária;
▪ as alterações referentes às novas atribuições e responsabilidades.

Referiu ter dificuldade em aceitar, não apenas a morte do marido após 20 anos de convivência, mas
também a perda da vida que tinha com ele. Ele resolvia todas as questões burocráticas, como banco,
pagamento de contas, entre outros. Atualmente, sente-se muito só, perdida, com medo de não
conseguir gerenciar sozinha a sua vida.

Relatou sentir falta das viagens e da companhia do marido, bem como de seus conselhos. Houve uma
redução significativa da sua qualidade de vida, pois deixou de ter momentos agradáveis e prazerosos
de lazer e de convivência com os familiares do marido. Contou ser muito difícil retomar a rotina sem
a presença dele.
De acordo com seu relato, parece que M. recebeu uma boa assistência da enteada, que a auxiliou no
processo de procura por um local para morar e durante a mudança, no entanto, recentemente, já não
a vê com a mesma frequência de antes. Além de ter perdido o marido, se distanciou da casa em que
teve boas recordações e da enteada com quem tinha uma ligação mais próxima. Em contrapartida,
percebe que foi melhor a mudança de casa, pois tudo a fazia se lembrar do marido.

Ainda nas sessões iniciais, expressou que tinha a impressão de que as pessoas já não se importam
mais com ela. Sentia-se rejeitada pela enteada, nutrindo por ela muita mágoa. Acreditava que a
enteada não queria mais a proximidade dela, uma vez que M. se via como não fazendo mais parte da
família. Antes tinham uma relação muito próxima e harmoniosa, considerava-a como uma melhor
amiga. De acordo com o seu relato, parece que M. esperava a atenção e a aproximação das pessoas,
mas nada fazia para que isso ocorresse.

Outra queixa que mencionou foi o fato de começar a apresentar crises de ansiedade diante de
situações novas, como providenciar documentos para o imposto de renda, alugar um novo local para
morar e ir às consultas médicas sozinha. Sua ansiedade vinha acompanhada por sudorese, dores de
estômago, suspiros profundos, tremor “por dentro”, medo de que algo pior pudesse acontecer.

M. mantém um padrão de preocupação constante e excessivo, ora com a saúde, pois antecipa que
pode estar com câncer devido a um problema de intestino preso, ora com atividades rotineiras,
referente aos preparativos de viagens, a preparação para exame ou um procedimento médico,
mesmo que não invasivo, a compra ou aluguel de imóveis e com o seu testamento.

Mais recentemente, apresentou preocupações com suas diretivas antecipadas de vontade, ou seja,
com desejos vinculados à ocasião da sua morte, como funeral, forma de sepultamento, divisão de
bens, garantia de amparo financeiro a sua sobrinha e irmã que moram no interior, entre outros. Alega
que tais preocupações são decorrentes do fato de não ter ninguém em sua sucessão e por necessitar
deixar tudo organizado para não dar trabalho à família.
Diante do padrão recorrente de preocupação, foi aplicado o Inventário de Ansiedade Geriátrico
(IAG),54 sendo que M. assinalou 12 afirmações, das 20 apresentadas, o que sugere sintomas
importantes de ansiedade, mais especificamente de preocupação, que necessita de maior
investigação e possível intervenção clínica. Também apresenta dificuldade em aceitar algumas
limitações do próprio envelhecimento, como:
▪ respeitar seu próprio ritmo em novas viagens;
▪ dificuldade para deambular;
▪ aceitar o auxílio de uma bengala.

M. tem um problema importante no quadril que a limita em sua rotina diária, diminuindo sua
autonomia e independência. Teme a necessidade de uma cirurgia, pois por ser uma pessoa só, não
teria ninguém que pudesse ajudá-la no pós-operatório. Aliado a isso, M. mantém crenças
autolimitantes, como sentir-se velha e acreditar que agora não será capaz de fazer as coisas sozinha:
— Eu não sei viver sozinha. Eu tenho que ter um homem do meu lado para me sentir segura (sic).
M. sentia-se insegura em relação às amizades, temia que algumas pessoas se aproximassem dela
apenas por interesse. Para compreender melhor seu padrão de pensamento, foi aplicado o
Questionário de Crenças Irracionais (QCI),55 sendo que, das 12 crenças indicadas, 5 foram assinaladas
e estavam relacionadas à dependência, à necessidade de apoio, à aprovação e ao controle.

Associado a esse padrão cognitivo, M. também apresentava dificuldade em se posicionar, dizer não
e reivindicar seus direitos. Desse modo, tendia a se sentir abusada e frustrada. Em outros momentos,
mantinha um padrão de fuga e evitação — recusava convites de festas dos familiares do marido, ao
acionar o medo da rejeição e o abandono. Interpretava que as pessoas não gostavam dela, assim,
continuava se afastando, confirmando ainda mais suas crenças distorcidas. Referiu também ter alguns
esquecimentos, mas não os considerava graves, pois lembrava de fatos, datas e nomes com clareza.
Mantinha um bom funcionamento nas atividades básicas e instrumentais da vida diária.

HISTÓRIA DE VIDA
Quanto à sua história de vida, M. é a filha caçula de uma prole de 11 irmãos. Contou que, tendo
tantos irmãos, sua mãe tinha pouco tempo para dar atenção a ela, com isso, uma de suas irmãs (J.)
passou a ser considerada uma mãe para ela, por quem desenvolveu um grande carinho e afinidade.
Após a morte dessa irmã, outra irmã mais velha passou a assumir esse lugar e ter seu carinho especial,
sua irmã Me.

Relatou que aos 18 anos, veio para a cidade de São Paulo para estudar e trabalhar, vindo morar com
a irmã Me. Desde então, passou a trabalhar durante o dia e a estudar à noite. Com cerca de 35 anos,
teve seu primeiro relacionamento amoroso. Ele era mais velho e desquitado, portanto, não se
casaram. Na ocasião, ele havia perdido um filho com atrofia muscular, motivo pelo qual não queria
ter mais filhos e não o tiveram. Viveram juntos por 12 anos, quando ele foi diagnosticado com um
câncer com metástase, vindo a falecer um mês após o diagnóstico. Na ocasião, o marido tinha 60 e
ela 47 anos.

Alguns anos antes da morte do seu primeiro marido, com 40 anos, M. sofreu um acidente
automobilístico grave, teve um traumatismo craniencefálico e entrou em coma. Após retornar às
atividades, sentiu que ficou com algumas sequelas cognitivas, sua memória não voltou a ser como
antes. Gostava de cantar com a irmã e de pintar quadros, mas após o acidente, não conseguiu mais
fazer essas atividades.

Acredita ter perdido a coordenação motora fina, embora não tenha feito nenhuma tentativa após o
acidente. Conta que, nessa ocasião, teve várias perdas, como o falecimento do pai no ano anterior
ao acidente, o diagnóstico de câncer do marido, pouco depois de se reabilitar do acidente, chegando
a afetar as cordas vocais, laringe, pulmão e cérebro. O marido sempre se mostrou muito saudável,
vindo a falecer um mês após o diagnóstico de câncer, o que foi muito difícil e doloroso para ela.

Após a primeira viuvez, M. ficou sozinha por seis anos. No início, sentia muito a falta do marido, mas,
algum tempo depois, passou a sentir vontade de ter alguém ao seu lado. Conheceu o segundo marido
em um cruzeiro. Ele havia ficado recentemente viúvo e estava deprimido. Ficou com o segundo
marido por 20 anos, até ele vir a falecer recentemente. Tinham um ótimo relacionamento, o amava
muito, eram amigos, confidentes, companheiros. Viajaram pelo mundo juntos. Não teve filhos com
ele.
A paciente teve um câncer de mama há 11 anos e, na ocasião, fez cirurgia e quimioterapia, vindo a
se recuperar completamente. Recentemente, após ter acompanhado o problema de saúde da irmã
Me., que resultou em uma cirurgia no intestino para a retirada de um tumor, M. ficou muito
preocupada, pois, em virtude de ter constipação, passou a acreditar que também poderia estar com
câncer, o que causou muita preocupação e ansiedade.

PROBLEMAS DE SAÚDE
Em relação aos seus problemas de saúde, M. referiu possuir:
▪ artrose na cabeça do fêmur direito, o que prejudica sua locomoção;
▪ obesidade grau I, o que contribui com a piora de suas dores nas pernas e dificulta ainda mais
sua locomoção;
▪ hipotireoidismo, com consequente aumento de peso e queda de cabelo, embora medicada;
▪ pólipo na tireoide,
levando à preocupação excessiva de ter um câncer;
▪ quedas frequentes, frente à perda do equilíbrio.

No decorrer da primeira entrevista, M. apresentava uma boa aparência pessoal, com o humor mais
lábil, choro fácil, principalmente ao relatar sobre sua história de vida e o falecimento do marido.
Apresentava sintomas depressivos e ansiosos importantes. Diante dos sinais e sintomas presentes,
levantou-se a hipótese de transtorno depressivo maior e transtorno de ansiedade generalizada.

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Após avaliação psicológica, pode-se identificar os fatores:
▪ predisponentes — pode-se considerar a primeira viuvez, não possuir filhos, solidão,
antecedentes familiares de câncer (mãe, irmã mais velha, primeiro marido) e um episódio
anterior de câncer de mama;
▪ precipitantes — pode-se eleger a morte do segundo marido, a mudança de casa, a obesidade,
a osteoartrose no quadril e a possibilidade de cirurgia;
▪ mantenedores e perpetuadores do problema — pode-se considerar o medo da rejeição e do
abandono, problemas de saúde importantes que contribuem para o agravo das
preocupações, isolamento social, baixo repertório de habilidades sociais e a redução
significativa de reforçadores sociais. Além disso, o padrão de crenças irracionais de M.
contribuía para a manutenção do quadro, como acreditar que “todo ser humano necessita
de outras pessoas, maiores ou mais fortes do que elas próprias para se apoiarem”, “É
extremamente necessário para um ser humano ser aprovado por todos em tudo o que faz”, “É
horrível quando as coisas não são exatamente do jeito que gostaríamos que fossem” (sic).

Para compor a avaliação, foi fundamental identificar os pontos fortes e recursos da paciente, de modo
a contribuir com o planejamento das intervenções. M. é uma mulher determinada, passou por muitos
momentos difíceis ao longo da vida, mas mantém uma grande vontade de viver. Possui uma boa rede
de apoio por parte da família do marido, seus enteados e netos. Mantém bom relacionamento com
uma irmã mais velha, que mora próximo a ela e que a tem apoiado muito nesse momento difícil.
Em contrapartida, algumas dificuldades podem se apresentar, como limitações e obstáculos ao
tratamento, a dificuldade em ser assertiva, não consegue dizer não para as solicitações da família e,
por vezes, sente-se abusada. Apresenta baixo repertório de habilidades sociais, tende a se
desqualificar, a ver-se como inferior aos outros, mantêm crenças autolimitantes que dificultam o
processo de enfrentamento, além do problema no quadril, que compromete sua autonomia e
independência, reforçando seu isolamento social.

METAS TERAPÊUTICAS
Diante das queixas apresentadas, do processo de avaliação e do raciocínio clínico, pode-se
estabelecer algumas metas terapêuticas:
▪ auxiliar a paciente a aceitar a morte do marido e retomar a própria vida;
▪ educar em relação aos transtornos e ao seu funcionamento;
▪ diminuir
o sofrimento decorrente dos sintomas depressivos e ansiosos;
▪ desenvolver um repertório socialmente habilidoso;
▪ aumentar sua assertividade, levando-a a se apropriar de seus próprios direitos,
resguardando o direito dos outros;
▪ fortalecer a autoestima e a autoeficácia;
▪ ampliar sua rede de suporte social, aumentando seus reforçadores;
▪ auxiliar a paciente a encontrar um novo sentido em sua vida;
▪ desenvolver maior autonomia e independência, tanto quanto possível;
▪ discutir sobre a finitude;
▪ ressignificar suas vivências.

No que se refere às melhores PBEPs para esse caso, uma abordagem mais breve e focal é mais
indicada, tendo em vista ser uma paciente idosa e pelo risco do agravamento dos problemas de saúde
frente à comorbidade de ansiedade e depressão. Também é necessário que o tratamento possa
contribuir com a redução do sofrimento, aumentando sua autonomia e independência.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC), aliada ao tratamento farmacológico, apresenta bons
resultados no tratamento da depressão e da ansiedade no idoso.56

A relação terapêutica teve um papel fundamental no tratamento psicológico dessa idosa. Buscou-se
investir em uma escuta atenta, baseada no acolhimento, empatia e compaixão. Essa relação calorosa
e com foco nas necessidades emocionais da paciente contribuiu para que esta mantivesse uma boa
adesão à psicoterapia e se comprometesse com o tratamento. Essa relação também possibilitou que
a terapeuta pudesse se tornar um modelo de expressão socialmente habilidoso.

DESENVOLVIMENTO DA INTERVENÇÃO
O processo de intervenção foi desenvolvido, gradualmente, atentando-se às adaptações necessárias
para a psicoterapia com pacientes idosos. Inicialmente, pôde-se oferecer informações à M.,
utilizando-se do procedimento de psicoeducação para orientá-la quanto a envelhecimento,
ansiedade, depressão e abordagem de tratamento, por meio de biblioterapia, com a indicação de
leitura de capítulos de livro, como A conquista da felicidade, de Albert Ellis e sobre assertividade, “Bem,
até agora ninguém havia reclamado”.
A partir dessas leituras, buscou-se estimular o processo de aprendizagem do padrão assertivo de
comportamento, para que, assim, ela pudesse focar em seu próprio objetivo nas situações que
vivenciava, em vez de atender unicamente ao objetivo das outras pessoas.

Entre as intervenções utilizadas para a condução desse caso, utilizou-se de técnicas para o controle
da ansiedade, como as de respiração diafragmática, relaxamento muscular progressivo e relaxamento
passivo.
O desenvolvimento de repertório social e da assertividade foi desenvolvido com psicoeducação, com
a lista de direitos humanos básicos, com o treino assertivo e, posteriormente, com o treino de
habilidades sociais propriamente dito. Para um repertório mais socialmente habilidoso, utilizou-se
de role play, buscando treinar, no contexto terapêutico, o que, como e quando falar, colocando limites
às pessoas e às situações.

Com o objetivo de flexibilizar as crenças autolimitantes e crenças irracionais autodemandantes,


optou-se pelo automonitoramento de pensamentos, com o registro A–B–C, como pode ser
observado no Quadro 2. A partir do conteúdo cognitivo apresentado, buscou-se reestruturar seus
pensamentos por meio
▪ das estratégias de busca de evidências;
▪ da rotulação das distorções;
▪ do debate lógico, empírico, funcional e amigável;
▪ da descatastrofização;
▪ do continuum cognitivo.

QUADRO 1

EXEMPLOS DE AUTOMONITORAMENTO DOS PENSAMENTOS

A — EVENTOS B — PENSAMENTOS, C — CONSEQUÊNCIAS


ATIVANTES CRENÇAS

Sobrinha trocou o “Sabendo que ela é minha Sente-se:


dinheiro da viagem só herdeira, ela deveria me tratar ▪ triste;
para a mãe e não para melhor.” ▪ chateada;
ela. “Poxa, ela já está vendo, ▪ decepcionada;
custava ver para mim ▪ magoada.
também?” Deixa de responder às mensagens da
“Agora eu já não tenho mais o sobrinha e discute com a irmã por
X (marido).” causa do comportamento da sobrinha.
Tenho que me convencer que
agora sou sozinha e pronto.”
“Ela (sobrinha) não
corresponde muito às minhas
expectativas, ela é minha
herdeira.”
“Ela tinha que corresponder.”

Sobrinha não a procura “Se ela se importasse comigo, Sente-se:


(ligar, se comunicar) ela me procuraria.” ▪ chateada;
“Se eu fosse importante para ▪ decepcionada;
ela, ela falaria comigo.” ▪ frustrada;
“Ela é minha sobrinha, se ela ▪ triste.
gosta, ela tinha que ligar.” Afasta-se da sobrinha, chora, deixa de
“Se vou deixar meu ir ao almoço com a enteada.
testamento para ela, ela tem
que fazer por merecer.”

// Fonte: Elaborado pelas autoras.

Pode-se observar, com os registros de M., que ela mantém a expectativa de que, ao colocar a sobrinha
como principal beneficiária em seu testamento, esta passe a se preocupar mais com ela e cuide mais
dela. Entretanto, o modo como ela interpretava as atitudes da sobrinha, a fazia reagir de tal forma
que contribuía ainda mais para o afastamento da sobrinha, além de aumentar o seu isolamento social
e fortalecer suas crenças de não se sentir amada e querida. As crenças irracionais e distorções
cognitivas do tipo “tudo ou nada” eram muito presentes e foram sendo disputadas ao longo do
processo terapêutico.

Tendo em vista as queixas cognitivas e as dificuldades em relação às tarefas do cotidiano, que


possivelmente foram agravadas com a depressão e a ansiedade, foram implementadas algumas
estratégias de organização e planejamento das atividades do cotidiano e o uso de recursos externos,
como agenda, alarmes em celular, bilhetes na porta da geladeira, entre outros. Foi recomendado o
registro de todas as tarefas a serem realizadas, acompanhado pelo processo de priorização das
atividades, delimitação do tempo para executar cada tarefa, estabelecimento de prazo final para o
término das atividades, principalmente para organizá-la em relação aos pagamentos, compromissos,
agendamentos de exames e consultas, entre outras.

Com o objetivo de auxiliar a paciente a ativar seu comportamento por meio de um processo gradual,
foi-se introduzindo tarefas de domínio e prazer, fazendo a prescrição de tarefas ao longo da semana.
Essas estratégias facilitam o idoso a se organizar em sua rotina semanal e, mesmo com um quadro de
depressão instalado, facilita a execução de atividades, sem precisar planejar o que e quando fazer,
uma vez que as tarefas já estão prescritas.

Desse modo, foi-se introduzindo tarefas, como início de fisioterapia, hidroterapia, participação em
grupo de voluntariado na igreja, almoço semanal com a enteada, manicure etc. A prescrição das
atividades auxiliou na diminuição dos sintomas depressivos, do isolamento social e melhora da
qualidade de vida.

Aos poucos, M. foi se sentindo mais autoconfiante, conseguindo realizar suas próprias atividades,
como resolver questões relacionadas ao Imposto de Renda e os preparativos para viagem, que
anteriormente eram questões resolvidas unicamente pelo marido.
Visando a melhora da saúde e da qualidade de vida, passou a acompanhar com uma nutricionista,
para diminuir os fatores de risco, como a obesidade, para evitar o agravamento de DCNTs. Para o
tratamento da ansiedade e da preocupação excessiva, foi introduzido, ainda, a exposição, de forma
programada, e em contingências aversivas, aos pensamentos excessivos diários (ao excesso de
preocupação). Buscou-se, também, introduzir a paciente à prática de Mindfulness, iniciando com a
psicoeducação dos benefícios e resultados esperados, bem como sua importância ao tratamento de
quadros de ansiedade no idoso.57 Iniciou-se com a prática informal de Mindfulness no cotidiano,
depois passou-se para a prática formal, com a implementação do programa de oito semanas.

Em relação às preocupações com a saúde, houve a necessidade de realizar a cirurgia no quadril.


Frente a isso, foi utilizada a técnica resolução de problemas para que M. desenvolvesse estratégias
para ter o suporte adequado no período pós-operatório. Por meio da exposição imaginada e da
reestruturação cognitiva, foi abordado o seu medo da anestesia, pois temia ter crises de ansiedade,
pensamentos que lhe pedissem para se jogar da janela e medo de perder o controle. Nesse sentido,
foi treinada a dissociar seus pensamentos de si mesma, “pensamentos são só pensamentos”.
No pós-operatório, conseguiu contar com o auxílio de uma ILPI nos primeiros dias e, posteriormente,
com cuidadores no ambiente natural. Como não gosta de ficar sem fazer nada, buscou lidar com esse
período estressante fazendo atividades agradáveis e prazerosas, como crochê, palavras cruzadas e
jogos eletrônicos no tablet.

Na fase final do tratamento, a terapeuta teve um papel especial em auxiliar a paciente a refletir e
registrar, com as pessoas competentes, suas diretivas antecipadas de vontade, ou melhor, o seu
testamento vital. Além da preocupação com a parte burocrática, como bens, conta bancária e outros,
ela também se preocupava com os preparativos da sua morte, como a forma de sepultamento e a
doação de bens que para ela tinham uma grande estima afetiva, como um anel que ganhou da mãe
quando fez 15 anos de idade.

Desse modo, pode-se observar, até aqui, que a intervenção com pacientes idosos demanda um olhar
atento às queixas e questões trazidas por eles que, muitas vezes, ultrapassam queixas emocionais ou
psicológicas, mas que, por serem de ordem prática e tão fundamentais, afetam diretamente sua saúde
física e mental e, consequentemente, sua qualidade de vida.

MELHORIAS OBSERVADAS NA PACIENTE


Diversos foram os benefícios observados ao final do tratamento. M. iniciou um trabalho voluntário
em um grupo de senhoras na igreja, montando enxoval para bebês recém-nascidos que não possuíam
condições. Além de se sentir útil com essa ação, ampliou sua rede de contatos sociais. Passou a
receber visitas das colaboradoras do grupo de voluntariado da igreja, após o seu convite. Começou a
sair mais e a cultivar as relações. Voltou a fazer crochê, mantinha de lã para os bisnetos (do marido),
que há muitos anos não fazia.

Dois meses após o início do tratamento, M. fez a sua primeira viagem depois do falecimento do
marido. Diante dessa exposição, foi possível capacitá-la para a resolução de problemas frente às
dificuldades, proporcionando o aumento do senso de autoeficácia. Passou a controlar as próprias
despesas e a gerenciar seus investimentos, bem como a administrar o imóvel próprio locado. Houve
um aumento da autoconfiança e autoeficácia, aprendeu a pedir ajuda, quando necessário, em vez de
esperar que as pessoas se oferecessem, ou melhor, que adivinhassem suas necessidades (leitura
mental).

Houve uma melhora importante da tristeza, apatia, isolamento e evitação, passou a investir nas
relações interpessoais, sem esperar nada em troca — “poupança emocional”, termo utilizado durante
as sessões para o investimento nas relações. Voltou a fazer viagens, inclusive algumas internacionais,
que não se achava capaz pela dificuldade com outros idiomas.

A dor e a tristeza frente à perda do marido transformaram-se em saudade. Nas avaliações finais,
houve uma melhora importante nas avaliações objetivas: GDS 1/15, IAG 2/20 e QCI 2/12. Outro
ganho importante foi a perda de oito quilos, reduzindo alguns fatores de risco para DCNTs e a cirurgia
do quadril, que melhorou sua deambulação e aumentou sua autonomia e independência. Passou a
ter compromissos quase todos os finais de semana.

Este exemplo clínico retrata que a psicoterapia com pacientes idosos requer múltiplas intervenções
e algumas adaptações, quando necessárias. Em especial, a relação terapêutica tem papel fundamental
no tratamento do idoso, possibilitando maior confiança à pessoa do terapeuta e melhor adesão às
intervenções propostas.

ATIVIDADES

24. Com relação ao caso de M., descreva quais foram as principais limitações e obstáculos ao
tratamento.

Confira aqui a resposta

25. Sobre as metas terapêuticas definidas para a paciente apresentada no exemplo clínico,
observe as afirmativas.

I. Auxiliar a paciente a aceitar a morte do marido e retomar a própria vida.


II. Ampliar sua rede de suporte social, aumentando seus reforçadores.
III. Eliminar o sofrimento decorrente dos sintomas depressivos e ansiosos.
IV. Esquecer suas vivências.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a III e a IV.
C) Apenas a I, a II e a III.
D) Apenas a II a III e a IV.
Confira aqui a resposta

CONCLUSÃO
A psicoterapia com pacientes idosos é uma área em expansão, tendo em vista o envelhecimento da
população. Como fase do desenvolvimento humano, o envelhecimento é considerado um processo
complexo, principalmente por ser influenciado por fatores biológicos, sociais e psicológicos. Com
isso, vê-se a necessidade de mais pesquisas na área que busquem investigar quais práticas
psicológicas trazem melhores resultados, para quais problemas e/ou circunstâncias.

O atendimento aos idosos pode se tornar uma experiência ímpar à pessoa do terapeuta, pelas ricas
histórias e vivências de seus pacientes. A relação terapêutica tem um papel essencial na intervenção,
no entanto, o profissional precisa estar atento às peculiaridades dessa fase da vida e a possíveis
limitações, se houverem, para adaptar os procedimentos utilizados ao longo da intervenção. A
psicoterapia com pacientes idosos pode contribuir para a melhora do funcionamento, das relações
interpessoais e da qualidade de vida do idoso, colaborando para manter, o máximo possível, sua
autonomia e independência.

ATIVIDADES: RESPOSTAS
Atividade 1 // Resposta: C
Comentário: Os fatores da transição demográfica foram a diminuição da mortalidade infantil, o
aumento da expectativa de vida, a maior esperança de vida ao nascer e a diminuição da fecundidade
em mulheres.
Atividade 2 // Resposta: C
Comentário: As taxas de recasamento foram de 72,7%, com maior prevalência entre os homens, com
percentual de 81,7%.
Atividade 3 // Resposta: C
Comentário: As mulheres tendem a viver mais que os homens. O envelhecimento populacional no
Brasil tem ocorrido de forma acelerada nas últimas décadas.
Atividade 4 // Resposta: C
Comentário: No Brasil, conforme o Estatuto do Idoso, considera-se uma pessoa idosa aquela com
idade igual ou superior a 60 anos.
Atividade 5 // Resposta: D
Comentário: Em 2018, o IBGE estimou uma média nacional de 78,62 anos, no entanto, em 2060,
pode chegar a 82,75 anos.
Atividade 6 // Resposta: C
Comentário: A senilidade representa alterações patológicas que comprometem de forma significativa
a funcionalidade do idoso, como aquelas vinculadas à vida relacional (relaciona o organismo com o
ambiente) à perda de memória e a danos em órgãos nobres, como o cérebro.
Atividade 7
Resposta: Espera-se que o leitor responda que o processo de senescência é quando há mudanças no
envelhecimento, consideradas saudáveis, pois ocorrem de forma gradual e progressiva, são discretas
e não afetam a vida relacional. O processo de senilidade ocorre quando esses prejuízos são mais
intensos e considerados patológicos, pois comprometem funções nobres como o cérebro, afetam a
memória e trazem impacto na vida relacional do idoso, ou seja, funções em que há relação entre o
indivíduo e o ambiente.
Atividade 8 // Resposta: C
Comentário: O paradigma mecanicista considera que as pessoas reagem aos eventos externos. O
paradigma organicista considera que o desenvolvimento ocorre por estágios, inclusive na vida adulta
e na velhice. O paradigma dialético considera que o desenvolvimento ocorre durante toda a vida do
indivíduo, sendo influenciado por fatores de natureza inato–biológica, individual–psicológica,
cultural–psicológica e natural–ecológica.
Atividade 9 // Resposta: A
Comentário: O paradigma de desenvolvimento ao longo de toda a vida considera o desenvolvimento
e o envelhecimento como fruto das mudanças graduadas por idade, pela história e as mudanças que
não são normativas.
Atividade 10 // Resposta: A
Comentário: Fortalecendo a noção de que o desenvolvimento é interrompido na adolescência,
estudos psicométricos realizados durante a Primeira Guerra Mundial identificaram que os indivíduos
tinham pior desempenho após os 30 anos.
Atividade 11 // Resposta: D
Comentário: Esse processo se dá por crises psicossociais e tarefas evolutivas, divididas em oito fases
ou idades, são elas fase bebê — confiança versus desconfiança; infância inicial —
autonomia versus infância e dúvida; idade do brinquedo — iniciativa versus culpa; idade escolar —
trabalho versus inferioridade; adolescência — identidade versus difusão da identidade; idade adulta —
intimidade versus isolamento; maturidade — geratividade versus estagnação; velhice — integridade
do ego versus desespero.
Atividade 12
Resposta: O envelhecimento ativo permite que o idoso utilize seu potencial em todas as dimensões
da saúde, como o físico, social e mental, na medida em que busca otimizar o acesso do idoso aos
recursos da comunidade, à saúde, à segurança, entre outros, levando a uma melhor qualidade de vida
dessa população.
Atividade 13 // Resposta: A
Comentário: A correlação correta é a seguinte: nível primário — também denominado de atenção
básica, tem por objetivo a promoção e prevenção em saúde, com foco em ações de educação,
psicoeducação, orientação e detecção precoce de patologias. Essas ações são realizadas no contexto
da atenção básica e compreende a assistência oferecida nas UBSs, ambulatórios, programa de saúde
da família, centros de convivência, centros dia, clínicas médicas e de profissionais da saúde. As ações
de promoção da saúde também podem ser realizadas em espaços comunitários, como escolas, igrejas,
centros comunitários e por equipes multiprofissionais compostas por médico, psicólogo, assistente
social, enfermeiro, odontólogo, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional
e nutricionista; nível secundário — também denominado de média complexidade, objetiva a avaliação
e o diagnóstico preciso, o tratamento e a reabilitação de patologias já instaladas. As ações são
desenvolvidas em centros especializados de atendimento, como ambulatórios de especialidades,
centros de referência especializados, atendimento domiciliar, ambulatório de geriatria e/ou
gerontologia, unidades de pronto atendimento e hospital geral. Nesse nível, as ações em saúde são
realizadas por profissionais especializados, como os gerontólogos em suas diversas áreas básicas de
formação (enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos etc.); nível terciário — também denominado de
alta complexidade, oferece assistência de maior complexidade e alto custo tanto em relação aos
recursos humanos quanto tecnológicos altamente especializados; considerando o paciente idoso, o
objetivo é o tratamento e a reabilitação. Alguns exemplos de procedimentos são quimioterapia,
diálise, cirurgia bariátrica, transplante, cuidados paliativos, etc. Para atender à diretriz de
integralidade, uma das premissas básicas no SUS, o psicólogo integra a equipe multiprofissional e
demanda, muitas vezes, de especialidades e/ou subespecialidades, como clínica, hospitalar,
gerontologia, tanatologia e outras.
Atividade 14 // Resposta: D
Comentário: Em termos epidemiológicos, o estudo realizado com idosos em uma UBS, identificou a
HAS como a patologia mais frequente, com percentual de 77,71%.
Atividade 15 // Resposta: A
Comentário: Conhecer a plasticidade dos transtornos mentais no idoso é essencial para a formação
do psicólogo que deseja atuar com pacientes idosos. Os quadros de saúde mental prevalentes no
idoso são os transtornos depressivos, de ansiedade, da personalidade e os por uso de substâncias. A
depressão, quando surge mais tardiamente no idoso, há grande probabilidade de estar relacionada
com a abertura de um quadro demencial. Quando a depressão surge em comorbidade de um
transtorno de ansiedade, há pior prognóstico e resposta terapêutica e maior risco de ideação suicida.
Atividade 16
Resposta: Entre os principais motivos de busca por atendimento psicológico entre idosos estão a
tristeza, o choro frequente, a solidão, a depressão, a ansiedade, o estresse, o isolamento social,
esquecimentos e ideação suicida.
Atividade 17 // Resposta: C
Comentário: Os transtornos da personalidade podem ter uma prevalência estimada de 10% entre os
idosos, contudo, poucos são os estudos encontrados. Em artigo de revisão, Mattar e Khan
mencionam que o sofrimento que o transtorno causa aos pacientes e o prejuízo ao seu
funcionamento, aliado ao risco autoinfringido, reforça a necessidade de mais estudos na área. Muitas
vezes, torna-se difícil discriminar se o prejuízo no funcionamento é devido ao transtorno em si ou ao
processo de envelhecimento. A apresentação clínica pode ser um pouco diferente do que no adulto,
uma vez que os idosos tendem a ter comportamentos menos dramáticos, agressivos e impulsivos.
Atividade 18 // Resposta: D
Comentário: Em um estudo recente realizado com idosos longevos (aqueles com 80 anos ou mais),
cerca de 85% apresentavam declínio cognitivo.
Atividade 19 // Resposta: C
Comentário: Embora as pessoas com diagnóstico de depressão possam se beneficiar da psicoterapia
em grupo, principalmente por esta favorecer o processo de socialização, no caso de uma idosa com
ansiedade social e vítima de violência doméstica, a psicoterapia individual é mais indicada. A
dificuldade de se expressar em público, associada ao constrangimento de ter vivido experiências de
violência doméstica, não permitiria o melhor aproveitamento de um processo de psicoterapia em
grupo.
Atividade 20 // Resposta: C
Comentário: Cabe ao psicólogo atentar às peculiaridades do envelhecimento, fazendo adaptações
nos procedimentos interventivos sempre que necessárias, tendo em vista possíveis limitações
cognitivas, sensório-motoras etc.
Atividade 21 // Resposta: D
Comentário: Na primeira etapa, é colhido o máximo de informações possíveis do cliente para
averiguar qual o melhor tratamento disponível e se esse pode beneficiá-lo, visto suas especificidades,
como idade, diagnóstico, comorbidades, contexto de vida e limitações. O profissional deve, também,
avaliar a necessidade de possíveis ajustes e adaptações para adequar o modelo de intervenção às
peculiaridades do caso. Ainda nessa etapa, o profissional analisa quais os recursos terapêuticos ele
disponibiliza e para quais sintomas alvo do cliente são terapeuticamente efetivos. Por fim, o terapeuta
deve considerar se há necessidade de modificações nas práticas adotadas ao longo do tratamento,
tendo como meta principal proporcionar o alívio do sofrimento no menor tempo e custo possíveis.
Na segunda etapa, com base no levantamento inicial, faz-se uma busca das evidências empíricas que
focam a prática da atuação. Salienta-se a importância de pesquisas cientificamente rigorosas, como
os ensaios clínicos randomizados, considerados “padrão-ouro” para o reconhecimento de PBEP; e,
na terceira etapa, após essas evidências iniciais, o profissional deve ser capaz de identificar se essa
PBEP é aplicável ao caso potencial e, em caso positivo, como fazê-la. Essa análise crítica das
evidências empíricas compõe a terceira etapa, levando à tomada de decisão para a intervenção. Esse
momento requer que o profissional detenha um conhecimento mínimo em metodologia de pesquisa,
auxiliando-o a discriminar os estudos com maior rigor científico. A quarta etapa envolve a
implementação das práticas de evidências identificadas, resguardando os aspectos intrínsecos de
cada cliente, bem como as suas preferências. Para tanto, o modelo de intervenção a ser utilizado
precisa ser explicado a ele, para que este possa escolher se quer ou não entrar em contato com os
benefícios e efeitos colaterais do tratamento proposto, garantindo a ele o respeito à autonomia.
Atividade 22 // Resposta: C
Comentário: Os objetivos terapêuticos devem ser claros e específicos, se possível imediatos, de curto
e médio prazos, para que o idoso vá se sentindo reforçado com as metas propostas alcançadas.
Quanto ao local da intervenção, este também pode requerer adequações conforme as necessidades
do paciente, podendo ser domiciliar, em ILPI, no curso de internações hospitalares etc.
Atividade 23 // Resposta: D
Comentário: Embora seja considerada uma atividade natural, evolutiva, normativa e esperada no
contexto familiar, a tarefa de cuidar de um parente idoso é árdua, complexa, estressante, capaz de
despertar diversas emoções negativas e, na maioria das vezes, se estende por um longo período.
Atividade 24
Resposta: Conforme apresentado no caso clínico, pode-se observar que o baixo nível de
assertividade e padrão de autossacrifício de M. levaram-na a sentir-se abusada frequentemente pela
família. Tende a se desqualificar e se subjugar, vendo-se como inferior às outras pessoas. Aliado a
isso, mantém crenças autolimitantes, que dificultam o seu processo de enfrentamento. Tendo em
vista seus problemas de saúde, tais aspectos a limitam ainda mais em relação à sua autonomia e
independência, o que fortalece seu isolamento social.
Atividade 25 // Resposta: A
Comentário: Diante das queixas apresentadas, do processo de avaliação e do raciocínio clínico, pode-
se estabelecer algumas metas terapêuticas: auxiliar a paciente a aceitar a morte do marido e retomar
a própria vida; educar em relação aos transtornos e ao seu funcionamento; diminuir o sofrimento
decorrente dos sintomas depressivos e ansiosos; desenvolver um repertório socialmente habilidoso;
aumentar sua assertividade, levando-a a se apropriar de seus próprios direitos, resguardando o direito
dos outros; fortalecer a autoestima e autoeficácia; ampliar sua rede de suporte social, aumentando
seus reforçadores; auxiliar a paciente a encontrar um novo sentido em sua vida; desenvolver maior
autonomia e independência, tanto quanto possível; discutir sobre a finitude; ressignificar suas
vivências.

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COMO CITAR A VERSÃO IMPRESSA DESTE DOCUMENTO

Oliveira, R. L., & Justo, A. P. (2021). Psicoterapia com idosos. In Sociedade Brasileira de Psicologia,
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