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produziram. Por exemplo, falamos em aprendizagem quando observamos uma criança
falar "mamãe" na presença de sua mãe. Em várias situações anteriores, observamos essa
criança falar "mam" e ser beijada e acariciada por sua mãe, que diz em seguida "parabéns!
você sabe falar “mamãe"; situações como esta nos permite descrever o comportamento
da criança e as condições de estímulos nas quais este comportamento ocorreu. Segundo
Skinner (1945), reforçamentos consistentes de respostas verbais na presença de estímu
los pressupõem a ação desses estímulos sobre o comportamento do falante e da comu
nidade reforçadora.
Parece ser problemática a situação de respostas verbais aos estímulos privados,
mas essas respostas são adquiridas e mantidas por reforçamentos apropriados baseados
em eventos públicos. Dessa forma, a comunidade verbal ensina uma criança a falar “meu
joelho dói”, por exemplo, logo após uma queda que produz escoriações no joelho. Assim,
a linguagem dos eventos privados está ancorada nas práticas públicas da comunidade
verbal, e o tratamento do comportamento verbal em termos de relações funcionais entre
respostas verbais e estímulos proporciona ao analista do comportamento uma alternativa
para enunciar relações comportamentais que pode ser o que estamos chamando aqui de
"tradução" desses termos psicológicos para a linguagem analítico-comportamental.
Neste momento, passo a tratar do termo motivação para falamos dessa possibilida
de de tradução.
1. Motivação
2.que trabalha para aumentar o valor dos reforçadores (privação)" (Millenson, 1967,
p. 366, citado em da Cunha, 1985, p.12).
Preocupado, também, com a linguagem, ou seja, com a forma de enunciar rela
ções funcionais que envolvem interações do indivíduo com o ambiente, Michael (1982,
1993) retomou o conceito de operação estabelecedora, a partir de Keller e Schoenfeld
(1950) para definir motivação em uma linguagem analítico-comportamental. Michael in
cluiu “um tipo de variável motivacional aprendida que não foi explicitamente tratada por
Skinner, 1938, 1953; Keller e Schoenfeld, 1950 e Millenson, 1967“. (da Cunha, 1995).
Essa foi uma das grandes contribuições de Michael para a análise do comportamento,
estabelecendo um novo instrumento conceituai e metodológico, caracterizado como ope
rações estabelecedoras condicionais, especialmente as do tipo transitivas que tem sido
utilizadas para, efetivamente, tratarmos o conceito de motivação nessa linguagem.
Para tanto, Michael (1993) defirie uma operação estabelecedora (EO) como uma
variável ambiental e em função de seus dois efeitos denominados de: a) Efeito Estabelecedor
do Reforço e b) Efeito Evocativo. O efeito estabelecedor é caracterizado por, momentane
amente, alterar a efetividade reforçadora de algum objeto evento ou estimulo; e o efeito
evocativo é caracterizado por, momentaneamente, alterar a freqüência de um tipo de com
portamento que tem sido reforçado por aquele objeto, evento ou estímulo.
Michael (1993) também propõe que as operações estabelecedoras sejam classifi
cadas em duas categorias: a) operações estabelecedoras incondicionais (UEOs) que são
de origem filogenética e variam de espécie para espécie, e b) operações estabelecedoras
condicionais (CEOs) que têm origem ontogenética e, portanto, relacionadas com a histó
ria de cada organismo. Esses dois tipos de operações estabelecedoras são diferenciados
a partir do efeito estabelecedor do reforço, pois este pode ser inato ou aprendido, caracte
rizando uma operação estabelecedora incodicional ou condicional, respectivamente. Quanto
ao efeito evocativo, este é geralmente aprendido em ambos os tipos de EOs (UEOs e
CEOs). Por exemplo, privação de água é um exemplo de UEO: água torna-se mais efetiva
como forma de reforçamento para muitos mamíferos como resultado da privação de água
sem nenhuma história de aprendizagem, mas o repertório comportamental para adquirir
água é aprendido por esses organismos.
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No que concerne às operações estabelecedoras condicionais, elas tôm recebido
uma atenção maior dos pesquisadores na tarefa da demonstração empírica desse concei
to motivacional e ainda foram classificadas por Michael (1993) em três tipos:
1)operaçào estabelecedora condicional substituta - refere-se a uma relação simples,
envolvendo uma correlação temporal de um evento, previamente neutro, que sis
tematicamente antecede uma UEO ou uma CEO, resultando que deste
emparelhamento, aqueíe evento adquire a característica motivacional da UEO ou
da CEO com a qual fora emparelhado:
2 )operação estabelecedora condicional reflexiva - refere-se a uma relação mais com
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B ibliografia
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