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Instituto Superior Mutasa

Licenciatura em Psicologia Social e do Trabalho

Cadeira de Psicologia de Desenvolvimento

Tema: Vida Adulta Tardia

Discente:

 Juvenal Mabombo

Turma: B

Período: Pós-laboral

Docente

____________________________________

Maputo, Setembro de 2023


Índice

1. Introdução ....................................................................................................................... 1

1.1. Objectivos de Pesquisa ................................................................................................ 1

1.1.1. Objectivo Geral........................................................................................................ 1

1.1.2. Objectivo especifico ................................................................................................ 1

2. VIDA ADULTA TARDIA ............................................................................................. 2

2.1. DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA VIDA ADULTA TARDIA ............. 3

2.2. Teoria e Pesquisa sobre o desenvolvimento da Personalidade ................................... 3

2.3. Erik Erikson: Questões e Tarefas Normativas ............................................................ 3

2.4. O Modelo dos Cinco factores: Traços de Personalidade na Velhice .......................... 4

3. O Bem-estar na vida adulta tardia ................................................................................... 5

3.1. Enfrentamento (Coping) e Saúde Mental .................................................................... 5

3.2. Modelos de envelhecimento “bem-sucedido” ou “ideal” ........................................... 7

4. Conclusão...................................................................................................................... 10

5. Referencias Bibliográficas ............................................................................................ 11

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1. INTRODUÇÃO

A vida adulta tardia, também conhecida como terceira idade ou senescência, é uma fase da
vida marcada por mudanças significativas tanto físicas quanto psicológicas. Geralmente, é
associada à idade avançada, embora não haja um consenso estrito sobre o início dessa fase, que
pode variar de acordo com aspectos culturais, sociais e até individuais.

Nesse estágio, as pessoas frequentemente enfrentam desafios como aposentadoria, perda de


entes queridos, mudanças na saúde física e mental, além de adaptações a novos papéis sociais
e mudanças no ambiente familiar e social. É uma época em que experiências acumuladas ao
longo da vida, tanto boas quanto desafiadoras, podem influenciar a maneira como os indivíduos
percebem e lidam com as transições e adversidades.

Além disso, a vida adulta tardia pode ser caracterizada por uma busca por significado, propósito
e realização pessoal. Muitas pessoas encontram nessa fase oportunidades para explorar
hobbies, se envolver em atividades sociais, compartilhar sabedoria e conhecimento, e buscar
novas formas de contribuir para a sociedade.

Questões de saúde, como doenças crônicas, mobilidade reduzida e declínio cognitivo, também
podem se tornar mais proeminentes. No entanto, é importante ressaltar que o envelhecimento
não é homogêneo, e indivíduos podem ter experiências bastante diversas nessa fase da vida.

A sociedade contemporânea está cada vez mais consciente da importância de criar ambientes
inclusivos e de oferecer suporte para que os idosos desfrutem de uma vida adulta tardia mais
plena e satisfatória, estimulando a participação ativa, o acesso a cuidados de saúde adequados
e a promoção de oportunidades para um envelhecimento com dignidade e qualidade de vida.

1.1.OBJECTIVOS DE PESQUISA
1.1.1. Objectivo Geral
 Debruçar sobre a vida Adulta Tardia.

1.1.2. Objectivo especifico

 Descrever desenvolvimento psicossocial na vida adulta tardia;


 Ilustrar os aspectos básicos sobre a vida adulta tardia; e,
 Analisar sobre o Bem-Estar na vida tardia Adulta.

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2. VIDA ADULTA TARDIA

Para Papalia e Feldman (2013), a velhice é caracterizada como Vida Adulta Tardia,
compreendendo as idades acima de 65 anos, induzindo ao declínio físico do organismo e
carregando elementos que atribuem novos papéis na sociedade e novas etapas no
desenvolvimento psicossocial. Com a mudança da pirâmide demográfica e acesso a
possibilidades de melhores condições de vida, a população de pessoas que chegam a velhice
aumentou significativamente.

A qualidade de vida na velhice está intrinsecamente ligada a alegria na vida, amor e amizade,
além da importância de um envelhecimento com saúde que dependerá de características
econômicas e, primordialmente, às políticas públicas que possibilitem autonomia, exercícios
físicos, bons relacionamentos e bem estar psicológico. (IRIGARAY; TRENTINI, 2009).

Entretanto, nota-se que a realidade da maioria dos idosos é uma sucessão de doenças,
diminuição da capacidade funcional, ao abandono e a perdas significativas em todas as esferas
da vida (COSTA, 2013). É comum o idoso enfrentar mudanças emocionais decorrentes de
separações, isolamento e dores corporais. Em muitos casos eles estão desamparados para lidar
com esses problemas, o que pode incitar o sentimento de solidão (SANTOS; SILVA, 2009).

Segundo Gomes, Loureiro e Alves (2012) ao longo de toda a vida as pessoas criam laços
afetivos que se tornam a base de sua felicidade, e com a velhice muitos desses laços são
perdidos, muitas vezes pela própria morte de cônjuges, familiares, amigos. A própria
antecipação do seu fim, geralmente intensificada com essas perdas remetem, comumente a
sentimentos intensos de solidão e angústia. A solidão é uma experiência subjetiva que, de uma
perspectiva sociológica, é produto de uma sociedade que celebra o individualismo (COSTA,
2013).

A experiência da solidão está relacionada com a qualidade das interações sociais e dos laços
afetivos que os sujeitos possuem. As queixas desse sentimento são alusivas à vínculos poucos
satisfatórios que não suprimem a necessidade de contato e de apoio (FONSECA, 2015). A
disponibilidade de apoio emocional e a construção de laços positivos é imprescindível para a
manutenção da saúde, além de auxiliar na satisfação de vida em face dos traumas e estresses
dessa etapa.

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Pesquisas de Hawkley e Cacioppo (2007 apud PAPALIA; FELDMAN, 2013) apontam que a
solidão e o isolamento social podem acelerar o declínio físico e cognitivo, além de constituir
um fator de risco para a mortalidade, doenças crônicas, transtornos de ansiedade e depressão.

Azeredo e Afonso (2016) definem a solidão como um afeto penoso e angustiante, e que a não
compreensão e validação dessas vivências pode propiciar o surgimento de uma depressão com
manifestações atípicas, que passa despercebida. A solidão está associada a doenças físicas e
psíquicas e pode ser um fator de risco alto para suicídio.

Leandro-França e Murta (2014) ratificaram que estudos sobre prevenção e promoção da saúde
mental para idosos são escassos e reiteram a importância desses programas voltadas a qualidade
de vida na velhice. Ademais, demonstram que já existe algum caminho trilhado nessa direção,
com a invenção de práticas benéficas como a Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI)
que possibilita uma maior inclusão do idoso.

2.1.DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA VIDA ADULTA TARDIA

Quando começa a “velhice”? Isso depende para quem você pergunta. Para pessoas com
menos de 30 anos, certamente começa um pouco antes dos 60. No entanto, quanto mais velho
o indivíduo, mais tarde ele ou ela projetará a velhice – aos 75 anos, somente 35% das pessoas
consideram-se velhas. (Pew Research Center, 2009ª).

2.2.Teoria e Pesquisa sobre o desenvolvimento da Personalidade

Cada vez mais se reconhece que a vida adulta tardia é um tempo de crescimento potencial.
Alguns teóricos passaram a ver a vida adulta tardia como um estágio de desenvolvimento com
suas próprias questões e tarefas especiais. É um período em que as pessoas podem reavaliar
suas vidas, concluir o que ficou pendente e decidir como melhor canalizar suas energias e
passar os dias, meses ou anos que lhes restam. O “crescimento na velhice” é possível; e muitos
idosos que se sentem saudáveis, competentes e no controle de suas vidas vivenciam essa
última fase da vida de modo positivo.

2.3. Erik Erikson: Questões e Tarefas Normativas

De acordo com os teóricos dos estágios normativos, o crescimento depende da execução das
tarefas psicológicas de cada fase da vida de modo emocionalmente sadio.

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Para Erikson, a conquista culminante da vida adulta tardia é o senso de integridade do ego, ou
integridade do self, conquista fundamentada na reflexão sobre a própria vida. No oitavo e
último estágio do ciclo de vida, integridade do ego versus desespero, os adultos mais velhos
têm de avaliar e aceitar suas vidas para poderem aceitar a morte.
As pessoas bem-sucedidas nesta tarefa final de integração adquirem o entendimento do
significado de suas vidas dentro da ordem social mais ampla. A virtude que pode se
desenvolver nessa etapa é a sabedoria, um “interesse informado e imparcial pela vida em si
diante da morte” (Erikson, 1985, p. 61).
Embora a integridade deva superar o desespero para que essa etapa seja resolvida com êxito,
Erikson afirmava que algum desespero é inevitável. As pessoas têm necessidade de se
lamentar – não apenas pelas próprias desventuras e oportunidades perdidas, mas pela
vulnerabilidade e transitoriedade da condição humana.

2.4. O Modelo dos Cinco factores: Traços de Personalidade na Velhice

A personalidade sofre mudança na terceira idade? A resposta pode depender em parte do modo
como a estabilidade e a mudança são medidas.
 Medindo estabilidade e mudança na vida adulta tardia:
Segundo o modelo dos cinco fatores e as pesquisas que lhe dão suporte, é improvável que
pessoas hostis, em média, tornem-se muito mais amigáveis com a idade, a não ser que se
submetam a tratamento terapêutico; e pessoas otimistas provavelmente continuarão
esperançosas. Entretanto, estudos longitudinais e transversais que utilizaram uma versão
modificada desse modelo constataram uma mudança contínua na vida adulta tardia: com o
tempo, uma diminuição no neuroticismo (Allemand, 2007); aumentos em autoconfiança,
acolhimento caloroso e estabilidade emocional (Roberts e Mzoczek, 2008); e aumentos em
conscienciosidade acompanhados por declínios em vitalidade social (gregarismo) e abertura
para o novo (Roberts e Mzoczek, 2008).

 A personalidade como previsor de emotividade, saúde e bem-estar:


Em um estudo longitudinal que acompanhou quatro gerações por 23 anos, emoções negativas
autorrelatadas, tais como inquietude, tédio, infelicidade e depressão, diminuíram com a idade.
Ao mesmo tempo, a emotividade positiva – entusiasmo, interesse, orgulho e senso de
realização – tendeu a permanecer estável até a velhice e depois declinou apenas ligeiramente
e aos poucos (Charles, Reynolds e Gatz, 2001).

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Uma possível explicação para esse quadro de um modo geral positivo vem da teoria da
seletividade socioemocional: à medida que as pessoas envelhecem, elas tendem a procurar
atividades e outras pessoas que lhes proporcionem gratificação emocional. Além disso, a
grande habilidade dos adultos mais velhos de controlar suas emoções talvez explique por que
eles tendem a ser mais felizes e mais alegres do que adultos mais jovens, e a experimentar
emoções negativas com menor frequência e de modo mais fugaz (Blanchard-Fields, Stein e
Watson, 2004; Carstensen, 1999; Mroczek e Kolarz, 1998).
Pessoas com personalidade extrovertida (sociáveis e socialmente orientadas) tendem a
reportar altos níveis de emoção positiva inicialmente e estão mais propensas do que as outras
a manter sua positividade ao longo da vida (Charles et al., 2001; Isaacowitz e Smith, 2003).
Pessoas com personalidade neurótica (temperamentais, suscetíveis, ansiosas e inquietas)
tendem a reportar emoções negativas, e não positivas, e tendem a se tornar ainda menos
positivas à medida que envelhecem (Charles et al., 2001; Isaacowitz e Smith, 2003). O
neuroticismo é um previsor bem mais eficaz do estado de espírito e de transtornos do humor
do que variáveis como idade, condição de saúde, educação ou gênero (Siedlecki et al., 2008).
Diferentemente, constatou-se que a conscienciosidade, ou confiabilidade, prevê saúde e
mortalidade, muito provavelmente porque pessoas conscienciosas tendem a evitar
comportamentos de risco e a se envolver em atividades que promovem sua saúde (Martin,
Friedman e Schwartz, 2007).

3. O Bem-estar na vida adulta tardia

Adultos mais velhos em geral têm menos transtornos mentais e estão mais felizes e satisfeitos
com a vida que adultos mais jovens (Mroczek e Kolarz, 1998; Wykle e Musil, 1993; Yang,
2008). De fato, um estudo recente de 340 mil adultos mostrou que a felicidade está em alta
aos 18 anos, declina até a pessoa chegar aos 50 e depois tende a subir novamente até os 85
anos – nesse ponto alcançando níveis ainda mais altos do que na adolescência (Stone et al.,
2010).
Mais felicidade na velhice pode em parte refletir o valor de uma perspectiva madura, mas
também pode refletir a sobrevivência seletiva dos mais felizes.

3.1. Enfrentamento (Coping) e Saúde Mental

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Enfrentamento (coping) é o pensamento ou comportamento adaptativo que visa reduzir ou
aliviar o estresse resultante de condições prejudiciais, ameaçadoras ou difíceis.
 George Vaillant e as defesas adaptativas: O que contribui para uma saúde mental
positiva na velhice? O uso de defesas adaptativas maduras no enfrentamento de problemas em
fases anteriores da vida.
Vaillant (2000) observou que “Aqueles que, na velhice, apresentaram melhor adaptação
psicossocial foram os mesmos que, quando adultos jovens, haviam usado defesas adaptativas
maduras como altruísmo, humor, persistência (no sentido de não desanimar), antecipação (de
planos para o futuro) e sublimação (redirecionando emoções negativas para atividades
produtivas)”.
De acordo com Vaillant (2000), elas podem mudar a percepção das realidades que as pessoas
são incapazes de modificar. As defesas adaptativas podem ser inconscientes ou intuitivas.
 Modelo de avaliação cognitiva: No modelo de avaliação cognitiva (Lazarus e
Folkman, 1894), as pessoas escolhem conscientemente estratégias de enfrentamento com base
no modo como percebem e analisam uma situação. O enfrentamento inclui qualquer coisa que
um indivíduo pense ou faça para se adaptar ao estresse, independentemente de como isso
funcione. A escolha da estratégia mais adequada exige uma contínua reavaliação da relação
entre a pessoa e o ambiente.
 Estratégias de enfrentamento: focalizado no problema versus focalizado na emoção: O
enfrentamento focalizado no problema implica o uso de estratégias instrumentais, ou
orientadas para a ação, com o objetivo de eliminar, administrar ou mitigar uma condição
estressante. O enfrentamento focalizado na emoção é voltado para o “sentir-se melhor”,
administrando a resposta emocional a uma situação de estresse para aliviar seu impacto físico
ou psicológico. A pesquisa pôde distinguir dois tipos de enfrentamento focalizado na emoção:
proativo (confrontar ou expressar as emoções ou procurar apoio social) e passivo (evitação,
negação, supressão das emoções ou aceitação da situação como ela é).
 Diferenças de idade na escolha de estilos de enfrentamento: Adultos mais velhos tendem
a usar mais o enfrentamento focalizado na emoção do que as pessoas mais jovens
(Blanchard-Fields, 2007). O enfrentamento focalizado na emoção pode ser particularmente
útil para lidar com o que a psicoterapeuta Pauline Boss (2007) chama de perda ambígua.
Boss aplica esse termo a perdas não totalmente definidas ou que não tiveram um desfecho,
como a de um ente querido acometido pelo mal de Alzheimer ou a perda da terra natal, que
pode ser sentida até o fim da vida por imigrantes idosos. Nessas situações, a experiência

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pode ensinar as pessoas a aceitarem o que não podem mudar – lição, essa, muitas vezes
reforçada pela religião.
Os estilos de enfrentamento não estão relacionados apenas ao bem-estar emocional e
psicológico. De um modo geral, pessoas mais felizes são também mais saudáveis. E o modo
como a pessoa enfrenta as provações e atribulações da vida estão relacionadas a várias
consequências importantes para a saúde. Qual o motivo dessa relação? Pesquisas sugerem que
o enfrentamento adaptativo está relacionado à saúde por meio dos hormônios do estresse
(Carver, 2007).

Que tipo de enfrentamento você tende a usar mais: focalizado no problema ou focalizado
na emoção? Que tipo seus pais usam mais? E seus avós? Em quais situações cada tipo de
enfrentamento parece ser mais eficaz?

 A religião ou a espiritualidade afetam a saúde e o bem-estar? A religião torna-se cada


vez mais importante para muitas pessoas à medida que elas envelhecem. A religião parece ter
um papel determinante de apoio para muitos idosos. Possíveis explicações incluem o apoio
social, o encorajamento a levar estilos de vida saudáveis, a percepção de uma medida de
controle sobre a vida por meio da oração, a criação de estados emocionais positivos, a redução
do estresse e a fé em Deus como forma de interpretação dos infortúnios (Seybold e Hill, 2001).

3.2. Modelos de envelhecimento “bem-sucedido” ou “ideal”

Uma recente análise da literatura sugere que aproximadamente um terço dos adultos com mais
de 60 anos é bem-sucedido ao envelhecer (Depp e Jeste, 2009).

Vários estudos identificaram três componentes principais do envelhecimento bem-sucedido:


(1) anulação da doença ou de incapacidade relacionada à doença, (2) manutenção elevada das
funções psicológica e cognitiva e (3) engajamento constante e ativo em atividades sociais e
produtivas (atividades, pagas ou não, criadoras de valor social). Os idosos bem-sucedidos
tendem a ter apoio social, emocional e material, o que contribui para a saúde mental; e enquanto
permanecem ativos e produtivos não se consideram velhos (Rowe e Kahn, 1997).

Vejamos algumas teorias e pesquisas clássicas e actuais sobre o envelhecer bem.


 Teoria do desengajamento versus teoria da atividade: De acordo com a teoria do
desengajamento, envelhecer geralmente comporta uma redução gradual no envolvimento

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social e maior preocupação consigo mesmo. De acordo com a teoria da atividade, quanto
mais ativos permanecem os idosos, melhor envelhecem.
A teoria do desengajamento foi uma das primeiras teorias influentes da gerontologia. Seus
proponentes (Cumming e Henry, 1961) entendiam o desengajamento como uma condição
universal do envelhecimento. Eles defendiam que a decadência do funcionamento físico e a
consciência da proximidade da morte resultam numa gradual e inevitável suspensão dos
papéis sociais (trabalhador, cônjuge, pai ou mãe); e, como a sociedade deixa de providenciar
papéis úteis para os adultos da terceira idade, o desengajamento é mútuo. Acredita-se que o
desengajamento deve ser acompanhado pela introspecção e apaziguamento das emoções. No
entanto, depois de mais de cinco décadas, a teoria do desengajamento tem recebido pouco
apoio da pesquisa independente e “quase desapareceu da literatura empírica” (Achenbaum e
Bengtson, 1994, p. 756).
A teoria da atividade, em oposição à teoria do desengajamento, associa a atividade com a
satisfação de viver. De acordo com essa teoria, nós somos o que fazemos (Moody, 2009).
Como as atividades tendem a ser vinculadas a papéis e a conexões sociais, quanto mais ativos
permanecermos nesses papéis, mais satisfeitos provavelmente estaremos. As pessoas que
envelhecem bem mantêm o máximo possível de atividades e encontram substitutos para os
papéis perdidos (Neugarten, Havighurst e Tobin, 1968).
No entanto, a teoria da atividade, como originalmente estruturada, é considerada hoje em dia
muito simplista.
Uma versão mais elaborada da teoria da atividade propõe que a frequência e a intimidade
social das atividades são importantes para a satisfação de viver (Lemon, Bengtson e Peterson,
1972). Em diversos estudos, tanto o número de atividades em que os idosos se engajaram
quanto a frequência com que nelas se engajaram estavam positivamente relacionados ao bem-
estar e permitiam previsões quanto à saúde psíquica, estado funcional e cognitivo, incidência
do mal de Alzheimer e sobrevivência.
 Teoria da Continuidade: A teoria da continuidade, proposta pelo gerontologista
Robert Atchley (1989), enfatiza a necessidade das pessoas manterem uma conexão entre o
passado e o presente. Nessa perspectiva, a atividade é importante não por si mesma, mas à
medida que representa a continuação de um estilo de vida e ajuda os adultos mais velhos a
manter um autoconceito semelhante ao longo do tempo.
 O papel da produtividade: Alguns pesquisadores concentram-se na atividade produtiva,
quer seja remunerada ou não, como a chave para envelhecer bem. Em um estudo, tanto o
número de atividades produtivas quanto o tempo despendido nessas atividades estavam

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relacionados ao bem-estar subjetivo e a sentimentos de felicidade (Baker et al., 2005). Um
estudo longitudinal detectou que as atividades sociais e produtivas (como visitar a família,
manter a casa em ordem e jardinagem) tinham relação com a felicidade autoavaliada, com o
melhor funcionamento físico e uma chance menor de vir a morrer seis anos depois. É possível
que qualquer atividade regular que expresse e intensifique qualquer aspecto do self possa
contribuir para o envelhecimento bem-sucedido (Herzog et al., 1998).
 Otimização seletiva com compensação: De acordo com Baltes e colaboradores (Baltes,
1997), o envelhecimento bem-sucedido envolve optimização seletiva com compensação
(OSC). Esse modelo descreve estratégias que possibilitam às pessoas adaptar-se ao equilíbrio
mutável do crescimento e declínio ao longo da vida. Na velhice, os recursos são cada vez mais
dirigidos para a manutenção da saúde e a administração de perdas (Baltes e Smith; Jopp e
Smith, 2006). Na vida adulta tardia, a OSC pode capacitar adultos a poupar recursos
selecionando um número menor de atividades ou metas mais significativas para concentrar
seus esforços; otimizar, ou aproveitar ao máximo, os recursos de que dispõem para atingir
suas metas; e compensar as perdas mobilizando recursos com formas alternativas de atingir
suas metas, como, por exemplo, usar aparelhos para compensar a perda da audição (Baltes,
1997; Baltes e Smith, 2004; Jopp e Smith, 2006; Lang, Rieckman e Baltes, 2002).
As mesmas estratégias de administração da vida são aplicadas ao desenvolvimento
psicossocial. De acordo com a teoria da seletividade socioemocional de Cartensen (1991,
1995, 1996), os adultos mais velhos tornam-se mais seletivos quanto a contatos sociais,
restringindo-os aos amigos e familiares que melhor correspondam às suas necessidades
correntes de satisfação emocional.
A discussão sobre envelhecimento bem-sucedido ou ideal e o que contribui para o bem-estar
na velhice está longe de ser conclusiva e talvez nunca o seja. Uma coisa é certa: as pessoas
são muito diferentes quanto ao modo como podem viver, vivem – e querem viver – nos anos
mais avançados da vida.

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4. Conclusão

Ao considerar o fenômeno do envelhecimento e sua relação com a solidão, fica evidente a


necessidade de esforços da família, das equipes e da própria sociedade para ofertar condições
dignas e humanizadas. Reduzir preconceitos, acolher, ressocializar e manter vínculos afetivos
e sociais propiciam a valorização do sujeito idoso e a diminuição do seu isolamento. É
fundamental o cuidado integral através da articulação de políticas de atenção em rede; saúde,
assistência social, previdência social e direitos humanos.

Destaca-se aqui, a emergência de um olhar acerca da subjectividade do idoso, no sentido de


desenvolver políticas voltadas a saúde mental, visando minimizar o sofrimento psíquico
e transtornos mentais como a depressão, possibilitando uma qualidade de vida que reconquiste
de sua cidadania.

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5. Referencias Bibliográficas
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D. FONSECA, Doralice M. Abandono e Solidão na Terceira Idade: O Caso de São
Vicente. Monografia (Grau de Licenciatura em Sociologia) - Universidade do
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