Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DOI: 10.54751/revistafoco.v16n7-037
Recebido em: 13 de Junho de 2023
Aceito em: 12 de Julho de 2023
RESUMO
A invisibilidade social é o atributo de não ser visível perante o outro. No caso das
pessoas LGBTQIA+ consiste, principalmente, no fato desses indivíduos não obterem
reconhecimento social e, consequentemente, serem colocados/as/es em situações de
marginalização social. Em razão disso, o citado grupo se depara com percalços de
desafios ao longo de sua jornada, como em fragilidades e precariedades na qualidade
de atendimento e tratamento no setor da saúde. Dito isto, esse projeto teve como
objetivo analisar se a invisibilidade social da população LGBTQIA+ atinge a capacitação
e qualidade de atendimento dos profissionais e futuros profissionais do campo da saúde.
Tratou-se de um estudo transversal observacional quantitativo composto por um
questionário enviado por aplicativo de mensagens (WhatsApp) a profissionais e
estudantes da área da saúde. Foram incluídos, no estudo, 292 participantes, onde cerca
de 90% afirmaram que acreditam que os profissionais da saúde estão preparados para
atender adequadamente essa população. Porém, cerca de 32% já presenciaram atos
de preconceito ou tratamento diferenciado devido à identidade de gênero e/ou
orientação sexual de um paciente. Além disso, 92,9% entendem que as pessoas
1
Graduanda em Medicina. Universidade São Judas Tadeu (USJT). R. São Paulo, 328, Jardim São Francisco, Cubatão -
SP, CEP: 11500-020. E-mail: analuizabha@gmail.com
2
Mestranda em Ciências do Envelhecimento pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências do
Envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu (PGCE - USJT). Rua Taquari, até 799/800, Mooca – SP,
CEP: 03166-000. E-mail: psidandaradomingues@gmail.com
3
Graduanda em Medicina da Universidade São Judas Tadeu (USJT). R. São Paulo, 328, Jardim São Francisco, Cubatão
- SP, CEP: 11500-020. E-mail: gicaalveslouren@gmail.com
4
Doutora em Ciências. Programa Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências do Envelhecimento da Universidade São
Judas Tadeu (PGCE - USJT). Rua Taquari, até 799/800, Mooca – SP, CEP: 03166-000.
E-mail: priscila.longo@saojudas.br
ABSTRACT
Social invisibility is the attribute of not being visible to others and, in the case of
LGBTQIA+ people, it consists mainly in the fact that these people do not obtain social
recognition, consequently, this population is placed in a condition of social
marginalization. This population is placed on the margins of society and, consequently,
in a situation of fragility and lower quality of healthcare and treatment by the healthcare
sector. This project aimed to analyze if the social invisibility of the LGBTQIA+ population
affects the training and quality of healthcare of professionals and future health
professionals. This is a quantitative observational cross-sectional study composed by a
questionnaire sent via text messaging application (WhatsApp) to health professionals
and students. A total of 292 participants were included in the study. About 90% of the
participants stated that they believe that healthcare professionals are prepared to
adequately attend to this population. However, about 32% have already witnessed acts
of prejudice or different treatment due to a patient's gender identity or sexual orientation.
In addition 92. 9% believe that LGBTQIA+ people face difficulties in accessing
healthcare. From the data obtained, it is clear the necessity to create and implement
LGBTQIA+ public health policies, and to train students and health professionals.
RESUMEN
La invisibilidad social es el atributo de no ser visible para los demás y, en el caso de las
personas LGBTQIA+, consiste principalmente en que estas personas no obtienen
reconocimiento social, en consecuencia, se coloca esta población en una situación de
marginación social. Esta población se encuentra al margen de la sociedad y, en
consecuencia, en una situación de fragilidad y menor calidad de atención y tratamiento
en el sector salud. Este proyecto tiene como objetivo analizar si la invisibilidad social de
la población LGBTQIA+ afecta a la formación y calidad asistencial de los profesionales
y futuros profesionales sanitarios. Se trata de un estudio transversal observacional
cuantitativo que consiste en un cuestionario enviado a través de una aplicación de
mensajería (WhatsApp) a profesionales de la salud y estudiantes. Un total de 292
participantes fueron incluidos en el estudio. Cerca del 90% de los participantes
manifestaron que creen que los profesionales de la salud están preparados para atender
adecuadamente a esta población.Sin embargo, cerca del 32% ya han sido testigos de
actos de prejuicio o trato diferenciado por la identidad de género o orientación sexual de
algún paciente. Además 92,9% cree que las personas LGBTQIA+ enfrentan dificultades
para acceder a la atención médica. De los datos obtenidos, se desprende la necesidad
de crear e implementar políticas de salud pública LGBTQIA+, y de capacitar a
estudiantes y profesionales de la salud.
1. Introdução
Atualmente, as discussões sobre diversidade, gênero e sexualidade estão
em disputas em diversos setores da sociedade. Indivíduos possuem
características únicas, mas tambem há aquelas que são comuns a toda a
humanidade (JESUS, 2012), como a a sexualidade que abrange sexo,
orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução, sendo influenciada
por um conjunto de fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos,
políticos, culturais, jurídicos, históricos, religiosos e espirituais (OMS, 2015).
Partirndo disso, tem-se que a orientação sexual diz respeito à atração sexual,
romântica e/ou afetiva que uma pessoa sente por outra, sendo os principais
tipos: a heterossexualidade, a homossexualidade, a bissexualidade, a
pansexualidade e a assexualidade.
Já a identidade de gênero, relaciona-se a como o indivíduo se reconhece,
se autopercebe e como a sociedade irá identificá-lo dentro de um gênero e/ou,
em alguns casos, fora ou transitando por ele. Isto posto, têm-se a cisgeneridade
e a transgeneridade, sendo a última composta por agentes trans binários e não
binários. Quando dispõe de atores cisgêneros, aponta-se para aqueles e aquelas
que se identificam com o gênero designado ao nascimento ao longo de sua vida.
Já os transgêneros/as/es, são os que não se identificam com o gênero designado
ao nascimento e que, em razão disso, necessitam passar por um processo de
transição (CIASCA, HERCOWITZ & JUNIOR, 2021).
A violência contra a população LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais, Queers, Intersexuais e Assexuais) se estende por
vários séculos. Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, experimentos
eram realizados em homossexuais com objetivos de reversão da orientação
sexual (CAMPOS & ALVES, 2015). Nesse cenário, o Brasil ocupa a posição de
país onde mais pessoas LGBTQIA+ são assassinadas no mundo (ANTRA,
2023). De acordo com o relatório de pesquisa do Grupo Gay da Bahia, ocorreram
276 homicídios e 24 suicídios de pessoas LGBT+ no país em 2021 (MOTT &
OLIVEIRA, 2022).
O termo invisibilidade social, apresentado na psicologia, em 1963, por
Edward Clifford, refere-se a um cenário onde o indivíduo não é visto como um
2. Metodologia
Tratou-se de um estudo quantitativo transversal observacional composto
por um questionário enviado por aplicativo de mensagens (WhatsApp) à
profissionais e estudantes da área da saúde. O estudo possui o CAAE
59827922.6.0000.0089 e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade São Judas Tadeu (Número do Parecer: 5.498.621).
Após aceitar participar do estudo por assinatura online do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), os participante acessaram o
questionário, composto por questões para identificação dos mesmos, assim
como sua área de trabalho/estudo, percepções sobre o público LGBTQIA+,
conhecimento sobre o tema e, ainda, formas de atendimento à esse público. Os
que não responderam a todas as questões foram excluídos. Por fim, o
questionário foi respondido por 300 estudantes e profissionais da área da saúde
das mais diferentes áreas sem limite de idade e destes, 18 foram excluídos e
282 foram incluídos no presente estudo.
3. Resultados e Discussão
As coletas dos dados foram realizadas entre os meses de julho e agosto
de 2022. A maior parte dos respondentes (n=189, 67,02%) identificaram-se
como pertencentes ao gênero feminino. Já 92 participantes identificaram-se
como do gênero masculino (32,62%?), tendo apenas uma pessoa que se
declarou agênero.
A maioria (n=224, 79,43%) afirmou possuir entre 18 e 25 anos de idade e
16,6% (n=47) afirmaram possuir de 26 a 40 anos de idade, enquanto apenas 11
participantes (3,9%) declararam possuir entre 41 e 60 anos. Ademais, 270
respondentes (95,74%) declararam-se estudantes da área da saúde, e 12
(4,25%?) responderam ser profissionais da saúde.
Quando perguntado aos participantes se eles sabiam o significado de
cada uma das letras da sigla LGBTQIA+, 248 (n=87,9%) afirmaram que sim.
Grande parte dos integrantes da pesquisa (n=255, 90,42%) anunciaram acreditar
que os profissionais da saúde estão preparados para atender pacientes
LGBTQIA+ sem colocá-los em situações constrangedoras. Entretanto, quando
4. Conclusão
Os resultados obtidos nesse estudo reforçam a necessidade do
desenvolvimento de mais pesquisas em relação à saúde da população
LGBTQIA+, da criação e implantação das políticas públicas de saúde voltadas e
focadas nas agendas desta comunidade, e da capacitação dos estudantes e
profissionais da área da saúde. Essas ações podem produzir marcadores de
saúde que possibilitem a construção de dados epidemiológicos para essa
população e que estratégias sejam tomadas para melhorar a qualidade de vida
e o atendimento desse público.
REFERENCIAS